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Centro de Convenções Ulysses Guimarães Brasília/DF 16, 17 e 18 de abril de 2013 ACESSO À INFORMAÇÃO PÚBLICA, RESPONSABILIDADE ESTENDIDA E NOVOS DESAFIOS À LUZ DO MODELO DE GOVERNANÇA DEMOCRÁTICA Maria Coeli Simões Pires Mila Batista Leite Corrêa da Costa Caio Barros Cordeiro

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Centro de Convenções Ulysses Guimarães Brasília/DF – 16, 17 e 18 de abril de 2013

ACESSO À INFORMAÇÃO PÚBLICA, RESPONSABILIDADE ESTENDIDA E NOVOS

DESAFIOS À LUZ DO MODELO DE GOVERNANÇA DEMOCRÁTICA

Maria Coeli Simões Pires Mila Batista Leite Corrêa da Costa

Caio Barros Cordeiro

2

Painel 27/102 Transparência nos Estados

ACESSO À INFORMAÇÃO PÚBLICA, RESPONSABILIDADE ESTENDIDA E NOVOS DESAFIOS À LUZ DO MODELO DE

GOVERNANÇA DEMOCRÁTICA

Maria Coeli Simões Pires Mila Batista Leite Corrêa da Costa

Caio Barros Cordeiro

RESUMO O pano de fundo de análise do tema “Acesso à Informação Pública” é o contexto democrático, que ressignifica conceitos e a arquitetura do Estado e da Administração Pública. Novos alicerces da relação Estado-sociedade são construídos a partir da noção de adequabilidade, decorrência de transformações da sociedade hipercomplexa e da necessidade de compreensão da realidade social. O acesso à informação pública deve ser compreendido como resultado do amadurecimento da teorização sobre governança democrática e de demandas da própria sociedade orientadas pelo ideal emancipatório por direitos geracionais complexos, fruto, portanto, de um projeto de cidadania que avançou muito, mas que desafia formas de consolidação de um modelo bilateral ou plurilateral negociado sustentado na ideia de responsabilidade estendida. O artigo procurará demonstrar, nesse diapasão – cunhado como pesquisa teórica de vertente qualitativa –, que a gestão transparente da informação pública é parte de um processo longo e paulatino de procedimentalização da autonomia do cidadão, para torná-lo, pelo veio da responsabilidade estendida, sujeito capaz de equalizar escolhas/resultados sustentáveis. Palavras-chave: Acesso à Informação; Democracia; Responsabilidade Estendida.

3

1 INTRODUÇÃO

Para um regime democrático, o estar em transformação é seu estado natural: a democracia é dinâmica [...].

1

O pano de fundo de análise do tema “Acesso à Informação Pública” é o

contexto democrático, que ressignifica conceitos e reestrutura a arquitetura do

Estado e da Administração Pública. Novos alicerces de relação Estado-sociedade

são construídos a partir da noção de adequabilidade, decorrência de transformações

da sociedade hipercomplexa e da necessidade de compreensão da realidade social.

A ideia de democracia é pautada por rupturas e continuidades

necessárias, e, no caso brasileiro, abrigada pela tessitura aberta do texto

constitucional de 1988, arregimentada a partir de mutações e sedimentações do

ideário social e de ressignificações estruturantes dos papéis desempenhados pelo

Estado, pela sociedade e pelo Direito.

O afloramento de novas significações da relação Estado-sociedade e de

nova conformação do Direito, orientado para a substituição da premissa de

estabilidade jurídica – entendida como aplicação de regramentos fechados, central

na estruturação da concepção clássica do Direito – pela noção de adequabilidade,

decorre de profundas transformações da sociedade hipercomplexa e da

incapacidade do Direito para responder, por si só, “às demandas do pluralismo de

regulação, fundamentação e compreensão da realidade social em toda a sua

densidade, extensão e profundidade” 2 e exige postura ativa do aplicador.

Nessa linha, no bojo da cambiância do próprio Direito, o conteúdo do

direito de acesso à informação necessita ser densificado, à luz desses novos

pressupostos, delineados sob a égide da transformação do quadro democrático e

das subjacências da realidade social, rompendo com a lógica de neutralidade em

relação ao fenômeno social, a despeito da vocação, inerente ao Direito, para a

permanência.3

1 BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia. São Paulo: Paz e Terra, 1992, p. 19.

2 PIRES, Maria Coeli Simões. Direito adquirido e ordem pública: segurança jurídica e transformação

democrática. Belo Horizonte: Del Rey, 2005, p. 2. 3 PIRES, Maria Coeli Simões. Direito adquirido e ordem pública: segurança jurídica e transformação

democrática. Belo Horizonte: Del Rey, 2005.

4

Faz-se necessário, no contexto pós-moderno, que a Administração

Pública estimule o controle das políticas públicas a partir da informação, tanto no

sistema social como no campo científico e tecnológico, “ambos umbilicalmente

atados ao sistema econômico, para proteger e assegurar os direitos fundamentais

dos cidadãos”,4 mas, fundamentalmente, que o direito de acesso à informação seja

ressignificado para atender ao interesse público, compreendido pelo veio

constitucional e pela perspectiva da razoabilidade.

O acesso à informação pública deve ser compreendido como resultado do

amadurecimento da teorização sobre governança democrática e de demandas da

própria sociedade orientadas pelo ideal emancipatório por direitos geracionais

complexos, fruto, portanto, de um projeto de cidadania que avançou muito, mas que

desafia formas de consolidação de um modelo bilateral ou plurilateral negociado

sustentado na ideia de responsabilidade estendida.

O artigo procurará demonstrar, nesse diapasão – cunhado como pesquisa

teórica de vertente qualitativa –, que a gestão transparente da informação pública é

parte de um processo longo e paulatino de procedimentalização da autonomia do

cidadão, para torná-lo, pela vertente da responsabilidade estendida, sujeito capaz de

equalizar escolhas/resultados sustentáveis.

2 ACESSO À INFORMAÇÃO E O CONTEXTO DEMOCRÁTICO: NOVAS DIMENSÕES DE ACCOUNTABILITY E TRANSPARÊNCIA

Estado Democrático de Direito: “modelo estruturado, fundamentalmente, na conformação de uma vontade geral, conciliadora da vontade do indivíduo e da vontade do Estado.

5

O Estado Democrático de Direito, para além de primar pela proteção de

direitos individuais e sociais, possibilitou a semeadura de novas concepções de

direitos e novas modelagens de interação Estado, Direito e sociedade, em face da

4

GUERRA, Sérgio. Discricionariedade e reflexividade: uma nova teoria sobre as escolhas administrativistas, 2008, p.22. 5 PIRES, Maria Coeli Simões; COSTA, Mila Batista Leite Corrêa da. Estado Democrático. In:

CASTRO, Carmem Lúcia Freitas de; GONTIJO, Cynthia Rúbia Braga; AMABILE, Antônio Eduardo de Noronha (org.). Dicionário de Políticas Públicas. Barbacena: Editora da Universidade do Estado de Minas Gerais, 2012, p. 172. Disponível em: http://pt.calameo.com/read/0016339049620b36a7dac.

5

complexa trama societária que questiona a categorização clássica das esferas, em

prol de releituras de categorias sociais, jurídicas e políticas.6

Norberto Bobbio realça, entretanto, com densidade, a existência de

“paradoxos” da democracia, dificuldades objetivas “para uma correta aplicação do

método democrático exatamente nas sociedades em que continua a crescer a

exigência de democracia”,7 constatadas pari passu às transformações sofridas pelo

Estado pós-moderno, como menciona Jacques Chevallier, flutuando entre o

“primado atribuído ao indivíduo e a necessidade de criação de uma ordem coletiva”.8

Nessa linha, no cerne do debate democrático, ganha importância o tema

referente ao direito à informação pública, demandando sopesamento de princípios e

de constatações factuais inerentes a cada recorte de realidade proposto: a gestão

transparente da informação deve ser analisada como engrenagem de um processo

compartilhado e concertado de procedimentalização da autonomia do cidadão.

A legitimidade democrática exige a consolidação de uma relação

Estado/sociedade transparente, mas necessita ser densificada no bojo do processo

de aprimoramento da arquitetura institucional estatal e, fundamentalmente, de

aprofundamento conceitual e normativo da concepção de accountability, o que tem

reforçado, portanto, a demanda por transparência para democratização do

relacionamento estatal/societal: “o conceito de transparência, por conseguinte, tem

se tornado uma espécie de lugar comum na política contemporânea, estando

presente no discurso político como uma verdade irrefutável”.9

Por ter uma ampla abrangência nas pesquisas empíricas, falta ao conceito de accountability um tratamento normativo mais acurado, com a finalidade de resgatar uma perspectiva conceitual que dê conta dos problemas propriamente políticos das sociedades democráticas.

10

6 PIRES, Maria Coeli Simões; COSTA, Mila Batista Leite C.; Estado Democrático. In: CASTRO,

Carmem Lúcia Freitas de; GONTIJO, Cynthia Rúbia Braga; AMABILE, Antônio Eduardo de Noronha (org.). Dicionário de Políticas Públicas. Barbacena: Editora da Universidade do Estado de Minas Gerais, 2012, p. 172. Disponível em: http://pt.calameo.com/read/0016339049620b36a7dac. 7 BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia. São Paulo: Paz e Terra, 1992, p. 97.

8 CHEVALLIER, Jacques. O Estado pós-moderno. Tradução Marçal Justen Filho. Belo Horizonte:

Editora Fórum, 2009, p. 15. 9 FILGUEIRAS, Fernando. Além da Transparência: Accountability e Política da Publicidade, Lua

Nova, São Paulo, 84, p.65-94, 2011, p. 66. 10

FILGUEIRAS, Fernando. Além da Transparência: Accountability e Política da Publicidade, Lua Nova, São Paulo, 84, p.65-94, 2011, p. 71.

6

O fortalecimento de uma ideia substantiva de democracia, nos termos de

Fernando Filgueiras, deve perpassar uma discussão normativa de accountability,

com vistas à “operacionalização de seu conceito tanto no plano das instituições

políticas quanto das práticas dos cidadãos”, 11 demandando a constituição de uma

esfera pública que dê voz aos múltiplos públicos, “para além dos sistemas

hegemônicos de comunicação social. Do ponto de vista dos cidadãos, o conceito

deve estar relacionado a processos discursivos de formação da opinião e da

vontade pública”.12

O Estado, com efeito, não pode ser concebido como entidade monolítica

executora de um projeto invariável, mas necessita ser percebido como um sistema

em fluxo permanente, um espaço de interlocução sobre o qual repercutem,

diferentemente, princípios, normas, filosofias e valores, bem assim as próprias

necessidades e contradições da sociedade. 13 A dinâmica de relacionamento

Estado/sociedade tangencia o novo desafio que se vislumbra, no escopo

democrático, para a criação de uma metodologia que incorpore a diferença e a

dimensão da responsabilidade estendida,14 com vistas à dosagem mais equilibrada

para a reestruturação institucional em prol da coletividade.

Nessa linha, a constitucionalização do direito de acesso à informação e o

debate acerca da normatização do conceito de accountability são pressupostos do

Estado Democrático de Direito, inserto no contexto democrático pós-moderno,

pautado por um novo método interpretativo baseado em critérios de racionalidade do

próprio Direito, necessitando, contudo, de sustentação em um modelo bilateral ou

plurilateral negociado baseado na ideia de responsabilidade estendida.

11

FILGUEIRAS, Fernando. Além da Transparência: Accountability e Política da Publicidade, Lua Nova, São Paulo, 84, p.65-94, 2011, p.91. 12

FILGUEIRAS, Fernando. Além da Transparência: Accountability e Política da Publicidade, Lua Nova, São Paulo, 84, p.65-94, 2011, p.91-92. 13

PIRES, Maria Coeli Simões. Concepção, Financiamento e Execução de Políticas Públicas no Estado Democrático de Direito. Revista do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte, v. 39, n. 2, p. 141-192, abr.-jun. 2001. 14

PIRES, Maria Coeli Simões. Transparência e responsabilidade na gestão pública. Revista do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte, ano XXIX, v.81, n. 4, p.60-74, out./Nov./dez/ 2011.

7

2.1 A Condição Democrática Pós-Moderna: Ampliação de Direitos e Responsabilidade Estendida

As relações sociais no bojo da pós-modernidade são caracterizadas pela

multiplicidade de sistemas de significação, representação cultural e antagonismos

sociais, movidas pela mudança permanente e estimuladas pelo movimento

globalizatório.15 Imersa nesse contexto, a relação imbricada Estado/sociedade tem

sofrido mutações a partir do desalojamento e da acomodação, noções que

compõem o pano de fundo da pós-modernidade, sendo seus elementos constitutivos

remodelados à luz de nova configuração jurídica, política e social. Para mensurar

tais mutações, os “esquemas do pensamento tradicional não são suficientes: é

necessário se esforçar para construir novas ferramentas, forjar outros instrumentos

de análise; e a concepção tradicional de Estado deve ser reavaliada”.16

A complexidade, a flexibilidade e a demanda por redesenhos

institucionais tornaram-se pedra de toque de ressignificações relevantes no seio do

processo de transformação na reestruturação do papel e do modus operandi da

atuação estatal/societal, bem como na teorização e práxis do próprio Direito pós-

moderno.

Nessa linha, a tessitura constitucional assume papel de relevo na

ressignificação de institutos, premissas e conceitos do Direito pós-moderno e de

reformulações da arquitetura institucional do Estado: “A premissa básica [...] é a de

que as feições jurídicas da Administração Pública [...] estão alicerçadas na [...]

Constituição, entendida em sua dimensão material de estatuto básico de direitos

fundamentais e da democracia”.17

A Constituição é um texto normativo, dotado de regras e princípios

basilares que almeja permanência e estabilidade jurídico-social, não sendo “um

15

Vide COSTA, Mila Batista Leite Corrêa da. Tutela e efetividade dos direitos trabalhistas no procedimento licitatório: esteios de sustentabilidade e ressignificação. 270 f. Dissertação (Mestrado em Direito) – Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Direito, Programa de Pós-graduação em Direito, 2012, Belo Horizonte. 16

CHEVALLIER, Jacques. O Estado pós-moderno. Tradução Marçal Justen Filho. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2009. 17

BINENBOJM, Gustavo. Uma teoria do direito administrativo: direitos fundamentais, democracia e constitucionalização. 2.ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p. 26.

8

simples ideário”,18 consolidando os direitos fundamentais, no entedimento de Gilmar

Mendes, como elementos fundamentais da ordem normativa objetiva, “base do

ordenamento jurídico de um Estado de Direito democrático”.19

Na sua concepção tradicional, os direitos fundamentais são direitos de defesa (Abwehrrechte), destinados a proteger determinadas posições subjetivas contra a intervenção do Poder Público, seja pelo (a) não-impedimento da prática de determinado ato, seja pela (b) não-intervenção em situações subjetivas ou pela não-eliminação de posições jurídicas. [...] Tal como observado por Hesse, a garantia de liberdade do indivíduo que os direitos fundamentais pretendem assegurar somente é exitosa no contexto de uma sociedade livre. Por outro lado, uma sociedade livre pressupõe a liberdade dos indivíduos e cidadãos, aptos a decidir sobre as questões de seu interesse e responsáveis pelas questões centrais de interesse da comunidade. Essas características condicionam e tipificam, segundo Hesse, a estrutura e a função dos direitos fundamentais. Eles asseguram não apenas direitos subjetivos, mas também os princípios objetivos da ordem constitucional e democrática.

20

O raciocínio jurídico e a própria percepção acerca da relação

Estado/sociedade necessitam imbuir-se, contudo, para além dos ditames

constitucionais, de elementos de realidade que permeiam a tessitura constitucional e

seus vetores de democracia, para apreender o que está além da ordem e o que a

legitima cotidianamente.21

As Constituições, segundo Eros Grau, são mitificadas, e a busca de sua

efetividade formal e material e de sua eficácia tornou-se utopia: “Ela própria, a

Constituição, é tomada como uma nova utopia” 22, tornando-se apartada da realidade

– “Direitos, de todos, a uma participação igual nas prestações estatais, segundo a

medida das capacidades existentes”.23

18

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Eficácia das normas constitucionais e direitos sociais. São Paulo: Malheiros, 2009, p.11. 19

MENDES, Gilmar Ferreira. Os Direitos Fundamentais e seus múltiplos significados na ordem constitucional. Revista Jurídica Virtual, Brasília, vol. 2, n. 13, junho/1999. 20

MENDES, Gilmar Ferreira. Os Direitos Fundamentais e seus múltiplos significados na ordem constitucional. Revista Jurídica Virtual, Brasília, vol. 2, n. 13, junho/1999. 21

COSTA, Mila Batista Leite Corrêa da . Anthropology and Law: Dialogue for Otherness. In: 25th IVR World Congress: Law, Science and Technology (070), 2012, Frankfurt am Main. Paper Series No. 070 / 2012. Series A. Methodology, Logics, Hermeneutics, Linguistics, Law and Finance. Frankfurt am Main: Goethe-Univ., 2012, p. 1-14. 22

GRAU, Eros. Realismo e Utopia Constitucional. In: ROCHA, Fernando Luiz Ximenes; MORAES, Filomeno (coord.). Direito Constitucional Contemporâneo: estudos em homenagem ao professor Paulo Bonavides. Belo Horizonte: Del Rey, 2005, p.121. 23

GRAU, Eros. Realismo e Utopia Constitucional. In: ROCHA, Fernando Luiz Ximenes; MORAES, Filomeno (coord.). Direito Constitucional Contemporâneo: estudos em homenagem ao professor Paulo Bonavides. Belo Horizonte: Del Rey, 2005, p.123.

9

A força normativa da Constituição escrita perece quando ela já não corresponde à natureza singular do presente. Opera-se a frustração material da finalidade de seus textos que estejam em conflito com a realidade e eles se transformam em obstáculo ao pleno desenvolvimento das forças sociais.

24

Considerado o pano de fundo esboçado, portanto, um dos desafios do

Estado contemporâneo é a criação de novas modelagens de governança,

conciliando garantia de direitos constitucionalmente tutelados, segurança jurídica,

legalidade e pressupostos fáticos para a construção de respostas satisfatórias às

demandas da sociedade. A ideia de resgate de legitimidade democrática perpassa a

teoria jurídico-política pós-moderna e demanda costura concertada de princípios,

normas, pressupostos do ordenamento jurídico e elementos de realidade que

concedem amparo ao texto constitucional.

O constituinte derivado, por meio da Emenda Constitucional n. 19, de 04

de junho de 2008, à Constituição da República de 1988, incluiu, no art. 37,

expressamente, dentre os princípios que devem ser observados pela Administração

Pública, a eficiência, entendido como parâmetro de atuação do Administrador, nos

limites legalmente estabelecidos, e, para além, como norteador de ações

administrativas geradoras de resultados socialmente compartilhados. 25 A

Constituição Mineira de 1989, por seu turno, prevê, no rol de princípios do art. 13, a

razoabilidade, entendida como exigência de proporcionalidade a ser aferida diante

de cada caso concreto26, como instrumento viabilizador da própria eficiência.

Nessa perspectiva, a arquitetura institucional estatal está condicionada

por princípios e pressupostos constitucionalmente estabelecidos pela ordem

normativa concebida em 1988, dentre eles a cidadania, a dignidade da pessoa

humana, o pluralismo político 27 e a transparência, sendo o direito de acesso à

informação pública corolário relevante do ideário jurídico almejado após o longo

período de ausência de democracia no Brasil.

24

GRAU, Eros. Realismo e Utopia Constitucional. In: ROCHA, Fernando Luiz Ximenes; MORAES, Filomeno (coord.). Direito Constitucional Contemporâneo: estudos em homenagem ao professor Paulo Bonavides. Belo Horizonte: Del Rey, 2005, p.123. 25

PIRES, Maria Coeli Simões; COSTA, Mila Batista Leite C.; CORDEIRO, Caio B.; CARDOSO, José Luiz F. Conferência de Serviços: Reflexões e perspectivas para a construção de um novo instrumento de governança democrática. In: V Congresso Consad de Gestão Pública, 2012, Brasília. Anais... Brasília: Conselho Nacional de Secretários de Estado da Administração, 2012. 26

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 27

ANASTASIA, Antonio Augusto Junho. Desafios do Direito Administrativo. Jornal Hoje em dia, Belo Horizonte, 05 dez. 2011, 1º caderno.

10

A transparência consolida-se, nesse contexto, como contramedida à

desconfiança estrutural subjacente à cambiância pós-moderna, e como resposta às

demandas por accountability para a democratização do Estado e, nesse veio, deve

ser sopesada pela adoção do princípio da razoabilidade: “princípio meio, ou seja,

instrumental de outros princípios”28, centrado em um “juízo de moderação que deve

ser observado nos processos de positivação de normas jurídicas de relativização de

direitos e/ou garantias fundamentais, bem como nos processos e atos de aplicação-

interpretação dessas normas”.29

Em Portugal, por exemplo, a Lei n. 46, de 24 de agosto de 2007, que

regula o acesso aos documentos administrativos e a sua reutilização, estabelece

princípios norteadores – publicidade, transparência, igualdade, justiça e

imparcialidade –, além de critérios e restrições de acesso, nos termos da legislação

vigente no país, a documentos que contenham informações cujo conhecimento seja

avaliado como potencial causador de dano à segurança interna e externa do Estado

ou que envolvam matérias em segredo de justiça; a documentos administrativos

preparatórios de uma decisão ou constantes de processos não concluídos; além de

ser permitido o acesso aos inquéritos e sindicâncias somente após o decurso do

prazo para eventual procedimento disciplinar. A lei portuguesa regula ainda a forma

de acesso à informação, os encargos pela reprodução da documentação requisitada

pelo cidadão, o preparo, quando exigível, para garantia das taxas devidas e, quando

for caso, encargos de remessa, estabelecendo normas tendentes a inibir o uso

ilegítimo da informação.

Os instrumentos de promoção da transparência devem permitir a

diminuição da opacidade das instituições públicas, prestigiando sempre a boa-fé. O

Estado, como comunidade política, é pressuposto de ordem, coesão social e

representação do interesse coletivo, necessário à mantença da própria sociedade e,

assim, o ordenamento jurídico e seus mecanismos de aplicação necessitam ser

significados à luz de vetores axiológicos inerentes ao paradigma democrático,

convergindo para o sistema de direitos fundamentais, para a tessitura constitucional

28

OLIVEIRA, Márcio Luís de. A Constituição Juridicamente Adequada: transformações do constitucionalismo e atualização principiológica dos direitos, garantias e deveres fundamentais. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2013, p. 323. 29

OLIVEIRA, Márcio Luís de. A Constituição Juridicamente Adequada: transformações do constitucionalismo e atualização principiológica dos direitos, garantias e deveres fundamentais. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2013, p. 323.

11

costurada à realidade e, essencialmente, para a tutela do interesse público,

compreendido e densificado a partir do amálgama de necessidades da

Administração Pública e da coletividade.

Um sistema de transparência é, em verdade, “uma função de pedagogia

cultural, de formação humana e cultivo do espírito político, [...] um professar

constante da verdade republicana.30 Um processo aberto de formação da vontade

pública, conforme salienta Fernando Filgueiras, “exige a presença de um sistema de

direitos que assegure uma reciprocidade do discurso público”, 31 demanda

“capacidade de compromisso moral dos cidadãos com o bem público, fazendo com

que a responsabilidade seja constitutiva de práticas públicas de cidadania e de

composição da força das instituições políticas”.

A política da publicidade, portanto, toma a ideia de transparência como algo fundamental à sua consolidação. Mas a toma num sentido mais profundo: o de estabelecer um horizonte normativo para o conceito de accountability. Inscreve-o nos marcos do processo de publicidade de políticas e decisões do governo, que, por sua vez, é entendido como um problema da legitimação e tem como pano de fundo uma visão de cidadãos completos. A accountability, como princípio, não se limita a uma agência realizada exclusivamente nos órgãos de Estado, mas envolve uma concepção de responsabilidade moral que é capaz de consolidar outra via para a relação entre o Estado e a sociedade.

32

Um novo exercício de democracia, sem subterfúgios, demanda, portanto

ressignificação do conceito de cidadania; construção coletiva da ideia de

responsabilidade compartilhada, a partir do pressuposto de que a governança não

se esgota na estatalidade, necessitando incorporar a força da sociedade e de outros

atores participantes do projeto democrático; consciência da escassez de recursos,

conduzindo, de forma definitiva, as escolhas em termos de políticas públicas,

pautadas por um consenso responsável.

A responsabilidade estendida, nesse diapasão, é a equação de equilíbrio

entre escolhas e suas conseqüências no processo de efetivação da universalização

de direitos, transformando os cidadãos em sujeitos de suas próprias opções e por

elas responsáveis.

30

PIRES, Maria Coeli Simões. Transparência e responsabilidade na gestão pública. Revista do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte, ano XXIX, v.81, n. 4, p.60-74, out./Nov./dez/ 2011, p. 71. 31

FILGUEIRAS, Fernando. Além da Transparência: Accountability e Política da Publicidade, Lua Nova, São Paulo, 84, p.65-94, 2011, p.91-92. 32

FILGUEIRAS, Fernando. Além da Transparência: Accountability e Política da Publicidade, Lua Nova, São Paulo, 84, p.65-94, 2011, p.91-92.

12

Logo, o conceito de accountability não se refere apenas ao processo contábil de prestação de contas, mas também a um processo político e democrático de exercício da autoridade por parte dos cidadãos. Ou seja, uma discussão normativa do conceito deve dar conta de dois problemas fundamentais: 1. o fortalecimento de uma ideia substantiva de democracia, sendo a accountability compreendida como um princípio normativo; 2. a operação do conceito no plano das instituições políticas e das práticas dos cidadãos.

33

A transparência, portanto, necessita dar ênfase no valor da informação de

qualidade, na boa-fé e na disposição para a interlocução e o diálogo, com vistas à

valorização da autonomia dos participantes, tomando como sustentação as nuances

de identidade, a espacialização das necessidades e das privações e a

materialização da presença do Estado no processo de condução das políticas

públicas e da ação coletiva social e empreendedora.

3 TRANSPARÊNCIA: A REGULAMENTAÇÃO DE UM DIREITO CONSTITUCIONALMENTE PREVISTO

O direito à informação, tutelado, no cenário internacional, pela Declaração

Universal dos Direitos Humanos34, pelo Pacto Internacional sobre Direitos Civis e

Políticos35 e pela Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos,36 está previsto

33

FILGUEIRAS, Fernando. Além da Transparência: Accountability e Política da Publicidade, Lua Nova, São Paulo, 84, p.65-94, 2011, p.71. 34

Artigo XIX - Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Paris: Assembleia Geral da ONU, 1948. 35

Artigo 19. 1. ninguém poderá ser molestado por suas opiniões. 2. Toda pessoa terá direito à liberdade de expressão; esse direito incluirá a liberdade de procurar, receber e difundir informações e idéias de qualquer natureza, independentemente de considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, em forma impressa ou artística, ou por qualquer outro meio de sua escolha. 3. O exercício do direito previsto no parágrafo 2 do presente artigo implicará deveres e responsabilidades especiais. Conseqüentemente, poderá estar sujeito a certas restrições, que devem, entretanto, ser expressamente previstas em lei e que se façam necessárias para: a) assegurar o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas; b) proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde ou a moral públicas. BRASIL. Decreto n. 592, de 6 de julho de 1992. Atos Internacionais. Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos. Promulgação. Diário Oficial da União, Brasília, 7 jul. 1992. 36

Artigo 13 - Liberdade de pensamento e de expressão 1. Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento e de expressão. Esse direito inclui a liberdade de procurar, receber e difundir informações e idéias de qualquer natureza, sem considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma impressa ou artística, ou por qualquer meio de sua escolha.

13

na Constituição da República de 1988 e afigura-se como relevante dotação jurídica,

no contexto democrático pós-moderno, para a participação cidadã, necessitando ser

concebido em cadeia sustentável de conceito jurídico e de proteção de direitos.

Direitos do homem, democracia e paz são três momentos necessários do mesmo movimento histórico: sem direitos do homem reconhecidos e protegidos, não há democracia; sem democracia, não existem as condições mínimas para a solução pacífica dos conflitos.

37

Nos termos de Norberto Bobbio, a Declaração Universal dos Direitos

Humanos simboliza a manifestação cabal de que um “sistema de valores pode ser

considerado humanamente fundado e, portanto reconhecido: e essa prova é o

consenso geral acerca da sua validade”. 38 O direito de acesso à informação,

portanto, consagrado pela Declaração e pela Carta Constitucional brasileira, tornou-

se tema central da teoria política contemporânea no debate acerca da

democratização do Estado.

No Estado Democrático de Direito inaugurado pela Constituição da

República de 1988, o direito de acesso à informação ganhou status constitucional de

direito fundamental, ao ser disposto no inciso XXXIII, do art. 5º, in verbis:

todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.

39

2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeito à censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que devem ser expressamente previstas em lei e que se façam necessárias para assegurar: a) o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas; b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral públicas. 3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias e meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou particulares de papel de imprensa, de frequências radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na difusão de informação, nem por quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação e a circulação de idéias e opiniões. 4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura prévia, com o objetivo exclusivo de regular o acesso a eles, para proteção moral da infância e da adolescência, sem prejuízo do disposto no inciso 2. 5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência. BRASIL. Decreto n. 678, de 6 de novembro de 1992. Promulga a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de novembro de 1969. Diário Oficial da União, Brasília, 9 nov. 1992. 37

BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução de Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1992, p. 1. 38

BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução de Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1992, p. 26. 39

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da União, Brasília, 05 out. 1988.

14

A institucionalização de instrumentos para garantia do direito de acesso à

informação pública representa o robustecimento da democratização do Estado e

uma tentativa de aprofundamento da accountability.

O constituinte originário, ao prever o direito de acesso à informação,

determinou que as condições e prazos de seu exercício deveriam ser previstos em

lei. Sob a ótica legislativa, no tocante à transparência, o processo que culminou na

promulgação da Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011, antecedeu-se, ainda

que de forma tímida, pelas iniciativas que resultaram nas versões consubstanciadas

na Lei n. 9.755, de 16 de dezembro de 1998 (Lei de Divulgação das Contas

Públicas), na Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de

Responsabilidade Fiscal,) e suas alterações posteriores, notadamente aquelas

trazidas pela Lei Complementar n. 131, de 27 de maio de 2009, e na Lei n. 11.111,

de 5 de maio de 2005, revogada pela Lei n. 12.527/2011.40

A Lei n. 12.527/2011, originada de debates no âmbito do Conselho de

Transparência Pública e Combate à Corrupção, órgão vinculado à Controladoria-

Geral da União, foi sancionada em 18 de novembro de 2011, e é conhecida como

Lei de Acesso à Informação Pública. Regulamenta os arts. 5º, XXXIII; 37 e 216 da

Constituição da República, com vistas à efetivação do direito de acesso pela via da

consolidação e definição de um marco regulatório sobre o acesso à informação

pública sob a guarda do Estado e do estabelecimento de procedimentos para

padronização de respostas da Administração Pública a pedidos de informação

formulados pelo cidadão, consagrando o acesso como regra e o sigilo como

exceção.41 A nova legislação aplica-se à Administração Direta e Indireta de todos os

Poderes e entes da Federação.

40

CANELA, Guilherme; NASCIMENTO, Solano. Acesso à informação e controle social das políticas públicas. Brasília: ANDI, 2009. Disponível em: http://www.acessoainformacao.gov.br/acessoainformacaogov/publicacoes/Acesso-a-informacao-e-controle-social-das-politicas-publicas.pdf

. Acesso em: 20 fev. 2013.

41 BRASIL. Acesso à Informação Pública: Uma introdução à Lei 12.527, de 18 de novembro de

2011 (Cartilha). Brasília: Controladoria-Geral da União, 2011.

15

3.1 A Implementação do Direito de Acesso à Informação em Minas Gerais: Choque de Gestão e o Decreto n. 45.969, de 25 de Maio de 2012

“A modernidade imprimiu nova modelagem ao complexo institucional da

Administração Pública”, 42 que assumiu sucessivas conformações em busca de

absorção dos apelos ínsitos às necessidades operacionais e materiais da função

administrativa. Nessa linha, a implantação do Estado em Rede, em Minas Gerais, na

“terceira geração do Choque de Gestão”, consolida o desenvolvimento de uma nova

arquitetura político-administrativa, à luz do paradigma democrático, com “ênfase nos

eixos da governança participativa e da Administração para a cidadania, buscando

rever seu próprio processo de autonomia e as bases de sua legitimidade”. 43

Após a implementação do “Choque de Gestão” (2003-2006), em que se realizou um ajuste fiscal no Estado, e da etapa do “Estado para Resultados” (2007-2010), na qual se consolidou a prática de acompanhamento dos projetos a partir de ferramentas voltadas para resultados, o Governo de Minas Gerais inicia a “Gestão para a Cidadania”, [...] dando cabo aos desafios de uma governança democrática.

44

No bojo do debate sobre “transparência”, diante da necessidade de

regulamentação da Lei de Acesso à Informação Pública, o Governador do Estado de

Minas Gerais publicou, em 25 de maio de 2012, o Decreto n 45.969, adaptando os

mecanismos internos já existentes no Estado às normas autoaplicáveis da legislação

federal.

Anteriormente à publicação da Lei n. 12.527/2011, o Governo de Minas

Gerais, em busca da possibilidade de participação qualificada da sociedade civil, já

havia consolidado diversos mecanismos com o objetivo de garantir ao cidadão o

direito de acesso à informação, dentre os quais se destaca a Política de

Atendimento ao Cidadão, criada pelo Decreto n. 45.743, de 26 de setembro de 2011.

Nesse sentido, desde 2008, a Secretaria do Estado de Planejamento e

Gestão de Minas Gerais – SEPLAG – vem estabelecendo diretrizes para acesso à

42

PIRES, Maria Coeli Simões; COSTA, Mila Batista Leite C.; Estado em Rede. In: CASTRO, Carmem Lúcia Freitas de; GONTIJO, Cynthia Rúbia Braga; AMABILE, Antônio Eduardo de Noronha (org.). Dicionário de Políticas Públicas. Barbacena: Editora da Universidade do Estado de Minas Gerais, 2012, p. 175. Disponível em: http://pt.calameo.com/read/0016339049620b36a7dac. 43

PIRES, Maria Coeli Simões; COSTA, Mila Batista Leite C.; Estado em Rede. In: CASTRO, Carmem Lúcia Freitas de; GONTIJO, Cynthia Rúbia Braga; AMABILE, Antônio Eduardo de Noronha (org.). Dicionário de Políticas Públicas. Barbacena: Editora da Universidade do Estado de Minas Gerais, 2012, p. 175. Disponível em: http://pt.calameo.com/read/0016339049620b36a7dac. 44

ANASTASIA, Antonio Augusto Junho. Desafios do Direito Administrativo. Jornal Hoje em dia, Belo Horizonte, 05 dez. 2011, 1º caderno.

16

informação e à transparência em sítios institucionais, nos termos da Resolução

SEPLAG n. 40, de 18 de julho de 2008. Tornou-se obrigatória a existência de

ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o acesso à informação de forma

objetiva, transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão, possibilitando a

gravação de relatório em diversos formatos eletrônicos, de modo a facilitar a análise

da informação e possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos em

formatos abertos e estruturados.45

De modo similar, a reformulação da estrutura orgânica da Administração

Pública Estadual, promovida pela Lei Delegada n. 180, de 20 de janeiro de 2011,

balizou-se pela institucionalização do processo de prestação de informação ao

cidadão, culminando na criação, no âmbito da Controladoria-Geral do Estado, da

Subsecretaria da Informação Institucional e da Transparência, cuja principal meta é

a promoção do incremento da transparência pública, fomentando a participação da

sociedade civil e a prevenção e combate à corrupção e a malversação dos recursos

públicos.46

O Portal da Transparência 47 , gerenciado pela Controladoria-Geral do

Estado, foi lançado, em 2011, pelo Governo Estadual, ocupando posição de

destaque entre os portais dessa natureza em esferas público-administrativas do

país, sempre em constante aprimoramento. Desde sua criação, o portal viabiliza o

acesso à informação, contendo, entre outros itens, o registro das competências de

cada órgão ou entidade e a estrutura correspondente; endereços e telefones das

respectivas unidades e horários de atendimento ao público; dados gerais para

acompanhamento de programas e ações de órgãos e entidades; registros de

repasses ou transferências de recursos financeiros; registros de despesas; e

informações relativas a procedimentos licitatórios, com respectivos editais e

resultados, além de outros dados de relevo.48

45

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão. Disponível em: www.planejamento.mg.gov.br. Acesso em: 25 fev. 2013. 46

MINAS GERAIS. Lei Delegada n. 180, de 20 de janeiro de 2011. Dispõe sobre a estrutura orgânica da Administração Pública do poder executivo do estado de minas gerais e dá outras providências. Minas Gerais Diário do Executivo, Belo Horizonte, 20 jan. 2011. 47

MINAS GERAIS. Portal da Transparência do Estado de Minas Gerais. Disponível em: www.transparencia.mg.gov.br. Acesso em: 25 fev. 2013. 48

MINAS GERAIS. Controladoria-Geral do Estado de Minas Gerais. Disponível em: www.controladoriageral.mg.gov.br. Acesso em: 25 fev. 2013.

17

O objetivo da edição do Decreto n. 45.969/2012, com lastro na Lei de

Acesso à Informação Pública, foi o de dar corpo ao sistema de acesso à informação

no Estado, enfatizando o direito do cidadão de ter acesso à informação dos órgãos e

entidades do Poder Executivo estadual de maneira ágil, transparente, em linguagem

clara e de fácil compreensão, reprisando ser “dever do órgão ou entidade promover,

independentemente de requerimento, a divulgação, em local de fácil acesso, no

âmbito de sua competência, de informação geral de interesse coletivo por ele

produzida ou custodiada”.49

Conforme disposto no Decreto nº 45.969/2012, os sítios institucionais

conterão referências ao local e instruções que permitam ao interessado comunicar-

se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou entidade detentora do sítio, além

de tornar obrigatória a inserção de seção denominada “Transparência” no menu

principal, com texto padrão explicativo sobre a Lei n. 12.527/2011, redirecionando

para o Portal da Transparência.

Outra determinação do diploma é que os sítios institucionais mantenham

área de “Programas e Ações”, informando a lista daqueles que devam ser

executados pelos órgãos e entidades, conforme descrições dos instrumentos oficiais

de planejamento, indicando o nome do gerente responsável pelas ações; relatórios

sintéticos de monitoramento dos programas e ações; e instrumentos oficiais de

Planejamento e Orçamento do Governo do Estado de Minas Gerais, como o Plano

Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI), Plano Plurianual de Ação

Governamental (PPAG) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).

A gestão transparente da informação deve ser analisada como

engrenagem de um processo compartilhado de procedimentalização da autonomia

do cidadão, percebida, no âmbito do Estado, como instrumento de efetivação de

direitos. O acesso à informação, portanto, deve atender ao interesse público,

compreendido pelo veio constitucional e pela perspectiva da razoabilidade como

“resultante do conjunto dos interesses que os indivíduos pessoalmente têm quando

49

MINAS GERAIS. Decreto n. 45.969, de 24 de maio de 2012. Regulamenta o acesso à informação no âmbito do Poder Executivo. Minas Gerais Diário do Executivo, Belo Horizonte, 25 mai.2012.

18

considerados em sua qualidade de membros da Sociedade50 e pelo simples fato de

o serem”.51

3.1.1 Canais de Informação

O art. 12 do Decreto n. 45.969/2012, ao estabelecer os canais formais

para acesso do cidadão à informação, em Minas Gerais, dispôs que:

Art. 12. Para fins do disposto no art. 9º da Lei Federal nº 12.527, de 2011, os serviços de informação ao cidadão são oferecidos por meio dos instrumentos da Política de Atendimento ao Cidadão de que trata o Decreto nº 45.743, de 26 de setembro de 2011, em especial pelas Unidades de Atendimento Integrado – UAI’s, Linha de Informação do Governo do Estado de Minas Gerais – LigMinas - 155 e Portal da Transparência do Estado de Minas Gerais.

Nessa linha, nos termos da regulamentação da Lei n. 12.527/2011 e da

Política de Atendimento ao Cidadão, o direito de acesso à informação pública será

exercido, no Estado, por intermédio dos serviços de informação ao cidadão,

ofertados por três principais canais: Portal da Transparência, Linha de Informação

do Governo do Estado de Minas Gerais – LigMinas (155) e Unidades de

Atendimento Integrado (UAIs).

Conforme já asseverado, antes da publicação da Lei n. 12.527/2011, o

Estado de Minas Gerais já contava com o Decreto nº 45.743/2011, que dispõe sobre

a Política de Atendimento ao Cidadão: “com vistas à observância dos direitos

básicos do cidadão de obter informação adequada sobre os serviços públicos e de

manter-se protegido contra práticas abusivas ou ilegais impostas no fornecimento

desses serviços.”52

A criação da Política de Atendimento ao Cidadão permitiu a padronização

nos canais de atendimento existentes em Minas Gerais, representando significativo

passo para a modernização da Administração Pública estadual, assegurando o

direito do cidadão de acesso à informação.

50

Sociedade, segundo o autor, “entificada juridicamente no Estado”. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 29. ed. São Paulo: Malheiros, 2012, p.61. 51

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 29. ed. São Paulo: Malheiros, 2012, p.62. 52

MINAS GERAIS. Decreto n. 45.743, de 26 de setembro de 2011. Institui a Política de Atendimento ao Cidadão no âmbito da Administração Pública Estadual. Minas Gerais Diário do Executivo, Belo Horizonte, 27 set.2011.

19

A operacionalização do conceito de accountability e de gestão da

informação pública, no âmbito das políticas adotas no Estado, buscando incorporar

tanto o plano das instituições políticas quanto das práticas dos cidadãos, propiciou a

constituição de um espaço público de institucionalização da interlocução

Estado/sociedade para além dos meios convencionais, com vistas ao subsídio, do

ponto de vista dos cidadãos, de processos discursivos de formação da vontade

pública.

A regulamentação do direito de acesso à informação e o conseqüente

debate acerca da normatização do conceito de accountability, portanto, têm pautado

a atuação do Estado de Minas Gerais com vistas à construção de mecanismos

institucionalizados de diálogo, sustentado em critérios de racionalidade do próprio

Direito para a consolidação de um modelo bilateral ou plurilateral negociado

baseado na ideia de responsabilidade estendida.

4 CONCLUSÃO

A aprovação da Lei n.12.527/2011 – Lei de Acesso à Informação Pública

– e a regulamentação, a posteriori, no bojo de cada ente da federação, como

ocorrido, em Minas Gerais, com a edição do Decreto n. 45.969/2012, representa

relevante articulação em prol da consolidação do regime democrático brasileiro,

ampliando a participação cidadã, robustecendo o rol de instrumentos de controle da

gestão pública e erigindo elementos de estabilidade democrática – na consciência

individual e coletiva – no cotidiano da aplicação do Direito.

Novos alicerces de relação Estado-sociedade são repensados, no

contexto pós-moderno, a partir da noção de adequabilidade, reestruturando a

arquitetura do Estado e da Administração Pública. O Estado administrativo,

vinculado ao sistema funcional administrativo, assumiu sucessivas modelagens,

refletindo mutações de concepção política, normativa e principiológica.

De forma similar, à luz dos pressupostos consolidados pela contextura

pós-moderna democrática, o conteúdo do direito de acesso à informação necessita

ser densificado, delineado sob a égide da transformação do quadro democrático e

das subjacências da realidade social, rompendo com a lógica de neutralidade em

20

relação ao fenômeno social e buscando atender ao interesse público, compreendido

pela matriz da incorporação da principiologia constitucional, com ênfase no juízo de

moderação imposto pelo princípio da razoabilidade.

O acesso à informação pública é matéria de relevo no debate democrático

brasileiro e deve demonstrar necessária porosidade e abertura discursiva à práxis

cotidiana do cidadão, verdadeiro partícipe – e não mero adereço – do processo de

controle da atuação estatal, de forma a evitar abusos e a consolidar o avanço que a

regulamentação desse direito, constitucionalmente previsto, representou no

processo de evolução da gestão pública.

Nessa linha, buscou o Estado de Minas Gerais regulamentar o direito de

acesso à informação pública – por mecanismos outros, mas essencialmente, pela

edição do Decreto n. 45.969/2012 –, com vistas à tutela de direitos, robustecendo a

“Política de Atendimento ao Cidadão” e criando serviços de relevo como o “Portal da

Transparência”.

O tema é de fato complexo em virtude das implicações que comporta. Em

um cenário democrático pós-moderno, a interpretação de postulados e institutos

jurídicos que norteiam a relação estatal/societal deve ser significada pelo

constitucionalismo, mas, essencialmente, por configurações da realidade que regem

o próprio ordenamento jurídico. Um novo exercício de democracia necessita da

construção coletiva da ideia de responsabilidade compartilhada, a partir do

pressuposto de que a governança não se esgota na estatalidade: ao contrário,

robustece-se pela atuação confluente de outros atores participantes do projeto

democrático.

O acesso à informação pública necessita ser compreendido, portanto,

como resultado do amadurecimento da teorização sobre governança democrática e

de uma concepção de cidadania que avançou muito, mas que desafia meios de

incorporação, à imbricada relação Estado/sociedade, de esteios de responsabilidade

estendida e de razoabilidade, ancorada em limitações impostas pelo desenho da

realidade e conformada segundo a medida das capacidades existentes.

O exercício do direito de acesso à informação deve balizar-se pelo

princípio da boa-fé e por um juízo de moderação a ser observado nos processos de

positivação e de aplicação-interpretação da norma jurídica garantidora do acesso,

com vistas a evitar abusos e o desvirtuamento da teleologia do texto constitucional e

21

da vontade em essência do constituinte: atender aos anseios pós-modernos por

democratização da atuação estatal e tutelar o interesse público, entendido como

aquele que ampara a demanda do cidadão como parte de uma coletividade

engajada na construção de uma institucionalidade democrática e legítima.

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22

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AUTORIA

Maria Coeli Simões Pires – Mestre e Doutora em Direito. Professora Adjunta de Direito Administrativo da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Secretária de Estado da Casa Civil e de Relações Institucionais de Minas Gerais.

Endereço eletrônico: [email protected] Mila Batista Leite Corrêa da Costa – Bacharel e Mestre em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Pós-graduada em Direito Público e em Direito do Trabalho. Graduada em Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC/MG. Assessora do Gabinete da Secretaria de Estado de Casa Civil e de Relações Institucionais de Minas Gerais.

Endereço eletrônico: [email protected] Caio Barros Cordeiro – Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC/PR – e Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Especializado em Teoria Geral do Direito pela Academia Brasileira de Direito Constitucional – ABDCONST. Assessor-Chefe de Relacionamento Institucional da Secretaria de Estado de Casa Civil e de Relações Institucionais de Minas Gerais.

Endereço eletrônico: [email protected]