ação de indenização por danos morais e materiais-fábio monteiro de outros

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    EXCELENTSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO____ JUIZADO ESPECIAL CVEL DA COMARCA DE ARACAJU/SE

    FBIO MONTEIRO SILVA, brasileiro, casado, inscrito no Registro Geral de n 1124469 SSP/AL e portadoro do CPF n 843.091.724-15, bacharel em direito, e SHIRLEY MICHELLE SILVA SARMENTO, brasileira, casada, inscrita no Registro Geral de n 1204925 SSP/SE e portadora do CPF n 925.549.544-53, mdica, todos residentes e domiciliados na Rua Engenheiro Marcondes Ferraz, Ed. Residencial Luiz Conceio, Ap. 201, Bairro Jardins, CEP: 49.041-090, nesta capital, por conduto de seu representante legal, que a esta subscreve, constitudo mediante procurao em anexo (DOC. 01), e com endereo para intimaes na Rua Desembargador Jos Sotero, n 119, Treze de Julho, CEP: 49020-110, na cidade de Aracaju, no Estado de Sergipe, vem, mui respeitosamente, perante V. Exa., propor:

    AO DE INDENIZAO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS

    em face da GOL LINHAS AREAS, pessoa jurdica de direito privado, constituda sob a forma e sociedade annima, inscrita no CNPJ/MF sob o n.06.164.253/0001-87, com filial situada na Avenida Senador Julio Leite, n 36, Aeroporto de Aracaju, Aracaju SE, CEP: 49037-580, consubstanciado nas razes de fato e de direito a seguir expostos:

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    01 - DOS FATOS

    O ser humano um conjunto de sonhos, expectativas, ideais e realizaes contnuas.

    Por tal fato, o mesmo encontra-se sempre alerta para no perder oportunidades mpares de realizar tais sonhos.

    Esse o enredo do caso em tela, contudo, com um final desastroso, graas ao pouco caso e falta de respeito para o consumidor, da conduta da requerida.

    Os autores, desde o ano passado, idealizavam realizar uma viagem em famlia nas frias escolares de suas filhas menores, Giovanna Isabelle Sarmento Monteiro e Giulia Rene Sarmento Monteiro. (DOC. 02)

    Em decorrncia de tal fato, planejaram minuciosamente uma viagem para conhecer a famosa cidade de Curitiba/PR. Era sonho das meninas conhecer um local frio e esse foi o destino escolhido.

    Em 27 de Abril de 2013 contrataram o servio areo da empresa GOL, ora requerida, adquiririndo passagens areas, de ida e volta, para a cidade de Curitiba/PR, para toda famlia (DOC. 03)

    A ida seria em 04 de Junho de 2013, s 16:15, no vo G3-1097, com embarque no Aeroporto Internacional de Salvador Deputado Lus Eduardo Magalhes, escala em Belo Horizonte/MG, e chegada no Aeroporto Internacional Afonso Pena em Curitiba/PR, no mesmo dia s 20:04.

    J o retorno seria no dia 08 de Junho de 2013, no vo G3-1449, com embarque no Aeroporto Internacional Afonso Pena, s 17:55, fazendo escala no Rio de Janeiro (Galeo), chegando s 22:22 no Aeroporto Internacional de Salvador.

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    Para tal contratao serviram-se do sistema de mlhas oferecido pela Requerida. Foram utilizadas 48 mil milhas smiles.(DOC. 04)

    Friso que, destas, 5 mil milhas foram adquiridas no site da SMILES no valor de R$ 275,00 (duzentos e setenta e cinco reais), e foram pago o valor de R$ 172,56 (cento e setenta e dois reais e cinqenta e seis centavos) referentes s taxas de embarque. (DOC. 05)

    Sendo assim, em 04/06/2013, tendo em vista que o vo saia de Salvador, os autores foram de Aracaju/SE at Salvador/BA de carro. (DOC. 06)

    Chegando ao destino, s 15h15min, deixaram o carro guardado no Estacionamento Well Park, estacionamento situado no aeroporto de Salvador. (DOC. 07)

    s 15h35min, todos j encontravam-se com as bagagens despachadas, bem como com os tickets de viagem em mos, dirigindo-se, de imediato, para o porto 04, conforme indicava nos tickets da empresa area, para o vo com partida programada para 16:15 (DOC. 03). A to sonhada viagem iria se realizar.

    Ocorre, Nobre Julgador, que, infelizmente, a partir desse momento, foram surpreendidos com o sonho se transformando em pesadelo, por atos exclusivos da empresa requerida. Explano:

    Por volta das 15h40min, os requerentes chegaram ao porto 04, esperando, desta feita, o anuncio do embarque.

    Todavia, aps esperarem por um bom tempo e diante do avano do horrio, em nenhum momento o vo mesmo fora anunciado.

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    Sem entenderem o motivo de tamanha demora, s 16:20, os autores dirigiram-se at uma atendente da empresa GOL, visando obter alguma informao.

    Acontece que, foram surpreendidos com a informao de que o vo j tinha partido, e que os nomes dos mesmos haviam sido chamados por 3 (trs) vezes no sistema de som do aeroporto.

    Em ato continuo, foram orientados a pegar as bagagens, as quais j haviam sido retiradas do avio, bem como a ir at a loja da empresa para resolver o problema e verificar a possibilidade de embarque em um prximo vo.

    Ao chegarem loja, os autores foram informados pelo funcionrio que em decorrncia das passagens terem sido compradas com o uso de milhas, o mesmo no poderia resolver qualquer problema, dando, desta feita, como soluo, a compra de novas passagens de ida naquele momento.

    Inconformados com a soluo apontada pela empresa, de imediato, os autores questionaram se no haveria outra soluo, sendo, desta feita, apenas fornecido um pedao de papel com os nmeros do SAC SMILES e GOL.

    Em decorrncia do ocorrido, os autores tentaram resolver o problema mediante contato via internet, por meio do chat de paginas da SMILE, bem como posteriormente mantiveram contato via telefone fixo com a GOL e a SMILES, contudo, a resposta obtida fora a mesma.

    Cumpre salientar, neste momento, que as passagens de ida sugeridas pela Requerida sairiam, em mdia, pelo valor de R$ 3.100,00 (trs mil e cem reais), valor que no dispunham os Autores.

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    Ainda foram informados que existia uma remota possibilidade de que ao se pagar uma multa de R$ 100,00 (cem reais) por pessoa, as milhas do vo de volta poderiam ser recreditadas posteriormente na conta smiles, contudo, no havia mais a possibilidade de se comprar novas passagens naquele momento com as referidas milhas.

    Friso que at a presente data, a empresa no abriu qualquer possibilidade para o possvel pagamento desta multa e a volta das milhas do vo de volta, apesar das inmeras tentativas dos autores.

    Nobre Julgador, apesar do desgaste mental e fsico, principalmente das duas crianas, os autores tentaram resolver a situao junto empresa at um pouco depois das 20 horas, todavia, sem qualquer xito.

    Neste sentido, cumpre destacar que em momento algum, a empresa fora solidria ou ofereceu qualquer tipo de ajuda, mesmo vendo que existiam 2 (duas) crianas, em prantos, por no acreditarem que a viagem, h tanto planejada, no iria se realizar, bem como por passarem diversas horas desconfortveis no aeroporto.

    Em decorrncia do exposto acima, bem como tendo em vista que j era tarde para deslocar-se de carro para Aracaju, os autores procuraram um hotel para se hospedar, conseguindo, desta feita, vaga no hotel IBIS, o que custou aos mesmos o quantum de R$ 251,40 (duzentos e cinquenta e um reais e quarenta centavos) (DOC 08), retornando no dia seguinte para Aracaju, sem a realizao do sonho.

    A viagem foi perdida e no se conformando com esse fato, posteriormente, foram enviados e-mails, conforme pode ser observado nos documentos acostados, para funcionrios da Infraero, o Sr. Gutenberg e a Sra.

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    Mariana, solicitando a cpia dos registros de chamados dos passageiros GOL, do dia 04/06 no interstcio das 15:35 at s 16:20, visto que, como de conhecimento de todos, o procedimento para que uma empresa area chame os clientes, que no se encontram no porto de embarque, que a mesma solicita a Infraero e a Infraero registra o pedido na Cia. Area, realizando, em ato continuo, o procedimento via sistema de som do aeroporto. (DOC. 09)

    Frise-se que foram enviados os e-mails, visando esclarecer se realmente houve os 3 ( trs) chamados no sistema de som do aeroporto, como disse a funcionria da Requeida, para justificar o no embarque dos Autores, apesar dos mesmos, como dito, ter feito o check in e permanecido esperando a chamada para o vo, no horrio programado, durante todo o tempo.

    Ocorre que, para confirmao dos mesmos, e diferente do que a empresa havia alegado, no houve nenhum registro da GOL solicitando a Infraero para que se anunciassem os nomes dos autores no sistema de som daquele aeroporto. (DOC. 10)

    Visto isso, Excelncia, evidente a total negligncia e ausncia de responsabilidade por parte da empresa Requerida, visto que falhou na prestao de um servio, pago, bem como no ofereceram qualquer suporte aos clientes.

    Comentando com os amigos a mal fadada situao, a explicao que ouviram foi a de que isso aconteceu por eles terem comprado as passagens com milhas. Isso, se verdade, torna ainda mais absurda a situao. Ou seja, os mesmos agiram com falta de respeito no trato com os seus usurios numa situao desta natureza.

    Nobre Magistrado, no estamos falando de um mero contratempo, mas sim de um descaso com os passageiros, que adquiriram

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    passagens areas, e cumpriram com suas obrigaes como clientes, e so destratados e humilhados da forma acima explanada.

    patente que empresa reclamada quebrou a relao de confiana existente no contrato de transporte, ao alocar clientes em vo, e, apesar dos mesmos encontrarem-se no local de embarque no momento previsto, no realizaram a viagem.

    No se pode admitir que os usurios da via area sejam sujeitos a este tipo de conduta, largados prpria sorte, friso que SEM QUALQUER EXPLICAO PLAUSIVEL.

    Ademais, deve-se destacar que, alm dos transtornos j sofridos, tendo em vista a perda do vo, os autores perderam o pagamento da 1 diria no Hotel Dan Inn, em Curitiba, realizada por via depsito bancrio, que perfez o valor de R$ 210,00 (duzentos e dez reais). (DOC. 11)

    Ante o exposto, tal situao alm de causar danos no mbito material, tendo em vista a leso do patrimnio, causou srios abalos emocionais aos autores, expondo-os ao estresse, cansao, cujo sofrimento interno imensurvel face aos aborrecimentos, desgostos, dissabores, perturbaes, contrariedades, mal estar, depreciao da auto estima, todo um leque de sensaes desagradveis sofridos por eles e principalmente p suas filhas.

    02 - DO DIREITO

    2.1 - DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA REQUERIDA

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    Saliente-se, inicialmente, que o transportador areo um concessionrio de servio pblico, como previsto no art. 37, 6 da Constituio Federal.

    Assim, mesmo que decorra de contrato, a sua responsabilidade ser objetiva, no cabendo argir culpa ou dolo para ensej-la. Confira-se:

    Art.37 - 6. As pessoas jurdicas de direito pblico e as de direito privado prestadores de servios pblicos respondero pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsvel nos casos de dolo e culpa.

    O Cdigo de Defesa do Consumidor trata no seu art. 14, caput, da responsabilidade objetiva do fornecedor de servios, o qual responder, independentemente da existncia de culpa, pela reparao dos danos causados aos consumidores em decorrncia de erros inerentes prestao dos servios. A saber:

    Art. 14, caput, CDC: O fornecedor de servios responde, independentemente da existncia de culpa, pela reparao dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos prestao dos servios, bem como por informaes insuficientes ou inadequadas sobre sua fruio e risco.

    1 - O servio defeituoso quando no fornece a segurana que o consumidor dele pode esperar, levando-se em considerao as circunstncias relevantes, entre as quais:

    I o modo de seu fornecimento;

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    II os resultados e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

    III a poca em que foi fornecido;

    O art. 927, pargrafo nico, do Cdigo Civil refora a existncia da culpa objetiva no presente caso, vez que prevalece na regente matria a proteo aos consumidores.

    Art.927 - Aquele que, por ato ilcito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repar-lo.

    Pargrafo nico Haver obrigao de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco de outrem.

    Pela linha do CDC, assegurado ao consumidor o direito ao ressarcimento, toda vez que caracterizado o dano, seja patrimonial ou moral, em razo de defeitos na prestao de servios.

    No presente caso, observamos completo desrespeito aos clientes, posto que, os mesmos foram impedidos de realizar o roteiro da viagem anteriormente programada, em decorrncia da completa desorganizao por parte da requerida, o que acarretou enormes constrangimentos e desconforto aos Requerentes.

    Sobre o tema, segue orientao extrada do texto de EDUARDO ARRUDA ALVIM e FLVIO CHEIM JORGE:

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    "Desta forma, a responsabilidade civil ser sempre objetiva. E em qualquer hiptese de ressarcimento de dano decorrente de relao de consumo, o consumidor no necessitar provar a culpa do fornecedor, mas to-somente o defeito, o dano e o nexo causal entre ambos" (Eduardo Arruda Alvim e Flvio Cheim Jorge, A Responsabilidade Civil no Cdigo de Proteo e Defesa do Consumidor e o Transporte Areo, in Revista de Direito do Consumidor, n. 19, p. 12). (grifado)

    O Ilustrssimo Douto Magistrado Campos Amaral, em sua breve explanao em caso anlogo, categrico ao afirmar que:

    "... o simples atraso no VO, de per si, j caracteriza a prestao de servio como inadequada, posto que o contrato de transporte de resultado, sendo irrelevante a demonstrao dos DANOS suportados pelos passageiros (arts. 14 e 20 do CDC). Ao descumprir as normas que regulam o transporte areo de passageiros em razo de seus prprios interesses, origina-se a responsabilidade civil da companhia area em indenizar o incmodo causado ao seu passageiro. A obrigao de indenizar das companhias areas objetiva, pois se trata de companhia concessionria de servio pblico de transporte areo ( 6, art. 37, CF), tanto no que tange aos DANOS patrimoniais, quanto aos DANOS MORAIS." (TJDF - AC 20000150003805 - 3 T. Cv. - Rel. Des. Campos Amaral - DJU 17.05.2000 - p. 30 - ementa parcial). (grifo nosso)

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    Atenta-se tambm, baseado na regra do art.14, caput, CDC, que a Requerida deveria ter mais cautela quanto ao tratamento que dado aos clientes em casos como esse, no sendo admissvel simplesmente ignor-los sem assistncia.

    Portanto, tal fato no se perpetuar com a atuao por parte do Poder Judicirio, como forma de evitar casos semelhantes de prejuzos a demais consumidores.

    2.2 DA NO APLICABILIDADE DO CDIGO BRASILEIRO DA AERONUTICA. INCIDNCIA DA LEGISLAO CONSUMEIRISTA - PRECEDENTES

    O Cdigo Brasileiro da Aeronutica no tem aplicao no caso em questo, em virtude do surgimento do Cdigo de Defesa do Consumidor.

    Todas as disposies presentes no cdigo da aeronutica no se aplicam ao caso em questo.

    O Superior Tribunal de Justia j pacificou entendimento quanto ao tem,

    vide:

    CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO - CONTRATO DE TRANSPORTE AREO DE PASSAGEIROS - ATRASO - DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL - DANO MORAL - SMULA 7/STJ - APLICAO DO CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR EM DETRIMENTO DA CONVENO DE VARSVIA - VALOR INDENIZATRIO - RAZOABILIDADE.

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    I - Esta Superior Corte j pacificou o entendimento de que no se aplica, a casos em que h constrangimento provocado por erro de servio, a Conveno de Varsvia, e sim o Cdigo de Defesa do Consumidor, que traz em seu bojo a orientao constitucional de que o dano moral amplamente indenizvel.

    II - A concluso do Tribunal de origem, acerca do dano moral sofrido pelos Agravados, em razo do atraso do vo em mais de onze horas, no pode ser afastada nesta instncia, por depender do reexame do quadro ftico-probatrio (Smula 7/STJ).

    III - Tendo em vista a jurisprudncia desta Corte a respeito do tema e as circunstncias da causa, deve ser mantido o quantum indenizatrio, diante de sua razoabilidade, em R$ 3.000,00 (trs mil reais).

    Agravo regimental improvido. (AgRg no Ag 903969 / RJ , Relator: Ministro Sidnei Beneti, Data de Julgamento: 09/12/2008, DJe 03/02/2009). (grifo nosso)

    Hodiernamente, inconteste a natureza da relao jurdico-material que se estabelece entre as partes, qual seja, relao jurdica de consumo. A aplicabilidade, portanto, das disposies do Cdigo de Defesa do Consumidor para o caso concreto, inevitvel.

    Composto por normas de ordem pblica, o CDC adota como regra a responsabilidade objetiva dispensando, assim, a comprovao da culpa para atribuir ao fornecedor a responsabilidade pelo dano, bastando a presena da ao ou omisso, o dano e o nexo causal entre ambos.

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    Veja-se, a propsito, o que diz a norma contida no artigo 14 do referido diploma legal, j transcrito anteriormente.

    Assim, diante da evidente relao de causa e efeito que se formou e ficou demonstrada nos autos, surge o dever de indenizar independentemente da apurao de culpa.

    2.3 DO INEXPLICVEL CERCEAMENTO DO DIREITO DOS AUTORES

    Est fartamente provado que os autores haviam chegado com antecedncia nas dependncias do aeroporto.

    Mais do que isso, os mesmos estavam no local correto e vista dos funcionrios da Requerida.

    CONTUDO, CONFORME FORA EXPOSTO, OS MESMOS FORAM IMPEDIDOS DE VIAJAR, EM DECORRNCIA DE NEGLIGNCIA DA REQUERIDA, EMPRESA ESSA QUE CONFORME CONTEUDO COMPROBATRIO ACOSTADO, NO PRESTOU O SERVIO CONTRATADO, NO SE SABENDO AT HOJE A RAZO. AT PORQUE A DESCULPA UTILIZADA PELA REQUERIDA, FOI CHAMADO OS NOMES DOS AUTORES PELO AUTOFALANTE DA INFRAERO, O E-MAIL COLACIONADO NO DOC. 10 DISMENTE TAL ACERTIVA.

    Assim, os mesmos encontram-se resguardados na boa-f esperada e garantida pelo Cdigo Civil nos termos do artigo 422 CC:

    Art. 422. Os contratantes so obrigados a guardar, assim na concluso do contrato, como em sua execuo, os princpios de probidade e boa-f. (Grifo Nosso)

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    Reiteramos que em todo o tempo era de PLENA CINCIA da empresa que os consumidores estavam nas dependncias do aeroporto visto que OS MESMOS J HAVIAM DESPACHADO AS MALAS E FEITO O CHECK IN!

    Mais do que isso, a prestao do servio j havia sido iniciada. V-se o artigo 233 da lei 7.565/86:

    Art. 233. A execuo do contrato de transporte areo de passageiro compreende as operaes de embarque e desembarque, alm das efetuadas a bordo da aeronave.

    Ou seja, o fato dos mesmos j com as malas despachadas e enfrente ao porto de embarque, prova a interrupo da prestao de servio J INICIADA E CONSCIENTE.

    Observe Excelncia que o princpio contido no artigo 186, do Cdigo Civil, resguarda perfeitamente o caso:

    "Art. 186. Aquele que, por ao ou omisso voluntria, negligncia, ou imprudncia, violar direito, ou causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilcito.

    Em outras palavras, o direito indenizao surge sempre que o prejuzo resulte da atuao do agente, voluntria ou no. Contudo, fato provado que tal leso existiu!

    Tem-se comprado que o ato ilcito descrito constitui um procedimento concretizado em desacordo com a ordem legal.

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    Vemos ainda que a responsabilidade contratual do transportador areo, por danos ocorridos durante a execuo do contrato de transporte, est regulada pela Lei n 7.565, de 19 de dezembro de 1986.

    Os artigos 257, 260, 262, 269 e 277 estabelecem os limites da indenizao.

    O art. 247 dispe ser nula qualquer clusula tendente a exonerar de responsabilidade o transportador ou a estabelecer limite de indenizao inferior ao previsto.

    Se o evento se der por dolo ou culpa grave do transportador ou seus prepostos, no se aplicam os limites de indenizao previstos na referida Lei (conforme art. 248).

    2.4 - DOS DANOS MORAIS

    A nossa legislao ptria vasta em substratos legais a amparar a pretenso do autor.

    Urge salientar, que defeso pelo Cdigo de Defesa do Consumidor a proteo aos direitos dos requerentes nas relaes de consumo, na qualidade de prestao de servio, conforme o art. 3, 2 do respectivo instituto.

    O artigo 14 do Cdigo do Consumidor, ao tratar do defeito no servio, dispeque o fornecedor de servios responde, independentemente da existncia de culpa pela reparao dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos prestao dos servios, bem como por informaes insuficientes ou inadequadas sobre sua fruio e riscos.

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    No mesmo sentido, assim dispe o artigo 6 do CDC:

    Art.6. So direitos bsicos do consumidor:

    Omissis ...

    VI- a efetiva preveno e reparao de danos patrimoniais e morais, individuais coletivos ou difusos;

    Omissis ...

    VIII- a facilitao da defesa de seus direitos, inclusive com a inverso do nus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critrio do juiz, for verossmil a alegao ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinrias de experincias.

    A Constituio Federal dispe de forma a no suscitar controvrsias pretenso do autor, in verbis:

    Art.5. omissis ...

    V- assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alm da indenizao por dano material, moral ou imagem;

    Omissis ...

    X- so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao;

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    O fundamento legal para a reparabilidade dos danos morais pode ser tambm, encontrado no art.186 do Cdigo Civil de 2002, j transcrito acima:

    Trata-se, Excelncia, de um dano moral puro, haja vista ser impossvel comprovar o sofrimento, a angstia e o vexame pelos quais passaram os autores, por se tratar de um abalo de propores imensurveis e de foro ntimo. Sobre o assunto, entendido por nossas cortes de justia, a devida indenizao:

    O dano moral no estimvel por critrios de dinheiro. Sua indenizao esteio para conforto ao ofendido, que no tem honra paga, mas sim uma responsabilidade ao seu desalento. (TJSP-5 C. Ap. Rel. Silveira Neto - j. 29.10.92 JTL LEX 142/04).

    No mesmo sentido, assim se posiciona a smula 37 do STJ, a qual pedimos vnia para transcrever:

    O dano moral alcana prevalentemente valores ideais, no apenas a dor fsica que geralmente o acompanha nem se descaracteriza quando simultaneamente ocorrem danos patrimoniais, que podem at consistir numa decorrncia, de sorte que as duas modalidades se cumulam e tem incidncias autnomas.

    Mutatis mutandis, vejamos ainda a melhor jurisprudncia que assim vem se consolidando:

    DANO MORAL PURO. CARACTERIZAO Sobrevindo, em razo de ato ilcito, perturbao nas relaes psquicas, na tranqilidade, nos sentimentos e nos afetos de uma

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    pessoa, configura-se o dano moral passvel de indenizao (RESP. 8768, Rel. Min. Barros Monteiro, Fonte Revista do Superior Tribunal de Justia Braslia, 4, (34): 215-481, junho de 1992, p. 285).

    O mestre Aguiar Dias, em sua festejada obra Da Responsabilidade Civil, assim se posiciona:

    O dano moral na penosa sensao da ofensa, da humilhao perante terceiros, na dor sofrida, enfim, nos efeitos puramente psquicos experimentados pela vtima do dano, em conseqncia deste, seja provocada pela recordao do defeito ou de leso, quando no tenha deixado resduo mais concreto seja pela atividade da repugnncia ou da reao ao ridculo tomada pelas pessoas que o defrontam.

    O dano moral, no caso, facilmente perceptvel, pois dvida no h de que, em face do ocorrido, os postulantes viram-se numa situao, no mnimo, incmoda e constrangedora. O nexo causal entre a conduta do requerido e o dano moral experimentado pelo autor tambm visvel.

    Portanto, todos os requisitos exigidos para a reparao do dano moral esto presentes.

    Ou seja, est o nexo de causalidade existente entre a atitude do demandado e o evento danoso que atingiu os autores, por conseguinte, a existncia dos Danos Morais pleiteados.

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    2.5 - DO QUANTUM INDENIZATRIO

    Ressalte-se a importncia fundamental na quantificao do dano sofrido pelos autores, uma vez que a satisfao do dano moral visa, alm de atenuar o sofrimento injusto, prevenir ofensas futuras, fazendo com que o ofensor no deseje repetir tal comportamento; e servir de exemplo, para que to pouco se queira imit-lo.

    A reparao do dano moral detm um duplo aspecto, constituindo-se por meio de um carter compensatrio, para confortar a vtima, e de um carter punitivo, cujo objetivo, em suma, impor uma penalidade exemplar ao ofensor, consistindo esta na diminuio de seu patrimnio material e na transferncia da quantia para o patrimnio da vtima.

    A exemplaridade normalmente contida nas regras de punio consiste na TEORIA DO DESESTMULO, segundo a qual deve estar inserida no mbito da indenizao quantia significativa o bastante, de modo a conscientizar o ofensor de que no deve persistir no comportamento lesivo.

    Necessrio se faz buscar na Doutrina e na Jurisprudncia ptria os parmetros em que se deve orientar o Magistrado, ao enfrentar a tarefa de quantificar a indenizao por dano moral.

    Isto posto, conclui-se que necessrio uma indenizao sob a justificativa de que, deve ser levado em conta um sancionamento do ofensor, como meio de se punir ou desestimular o ato ilcito, assim como a funo compensatria reparao do dano moral.

    No obstante dos fatos, trago a lume julgados em casos semelhantes

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    RESPONSABILIDADE CIVIL. TRANSPORTE AREO.Cancelamento de vo na hora do embarque - Prestao de servio inadequada - Responsabilidade objetiva - Condenao da empresa area ao pagamento dos danos morais, em razo dos transtornos suportados pelos autores, decorrentes do cancelamento do vo e da mudana de itinerrio - Falha na prestao do servio - Valor indenizatrio fixado em R$ 10.375,00, para cada autor - Ao julgada parcialmente procedente - Recurso parcialmente provido. (TJSP Apelao n 72781354500 37 Cm. Rel. Desembargador MRIO DE OLIVEIRA j. 11.2.2009.) (grifado)

    RESPONSABILIDADE CIVIL. TRANSPORTE AREO.Vo nacional - Desvio de itinerrio e atraso no vo - Prestao de servio inadequada - Condenao da empresa area ao pagamento dos danos morais, pelos inconvenientes causados autora - Incidncia do Cdigo de Defesa do Consumidor - Fixao do valor indenizatrio em R$ 9.300,00 Recurso parcialmente provido. (AC N 7.323.675-8, da Comarc a de LEME, Trigsima Stima Cmara de Direito Privado do Tribunal de Justia de So Paulo,Rel. MARIO DE OLIVEIRA, 19 de agosto de 2009.) (grifado)

    Apresento tambm abaixo o acrdo integral do Recurso inominado interposto contra uma deciso do 4 Juizado Especial Cvel da Comarca de Aracaju, em ao de caso semelhante:

    Relatora Dra. Cla Monteiro Alves Schlingmann

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    CDC ATRASO EM VOO PERDA DA CONEXO DEMORA DA EMPRESA EM PROVIDENCIAR ACOMODAO AO PASSAGEIRO- GASTOS COM A ALIMENTAO- RETORNO CIDADE DE DESTINO POR MEIO DE NIBUS- DESCASO COM O PASSAGEIRO- AUSNCIA DE EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE DA EMPRESA - ALTERAO DA MALHA AREA FATO INTERNO DANO MATERIAL E EXTRAPATRIMONIAL CONFIGURADOS DEVER DE INDENIZAR VALOR RAZOVEL E PROPORCIONAL SENTENA CONFIRMADA PELOS PRPRIOS FUNDAMENTOS RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. A C R D O Vistos, relatados e discutidos estes autos. Acordam os Juzes de Direito integrantes da Turma Recursal dos Juizados Especiais do Estado de Sergipe, unanimidade, em conhecer do recurso interposto, por cabvel e tempestivo para lhe NEGAR PROVIMENTO, nos termos do voto da Relatora e condenar o recorrente a pagamento de custas e honorrios advocatcios arbitrados em 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenao.

    V O T O

    O(a) Senhor(a) Juiz(a) Cla Monteiro Alves Schlingmann:

    Trata-se de recurso interposto pela GOL Linhas Areas S.A. visando reforma da deciso que a condenou ao pagamento de indenizao por dano material e moral decorrente do atraso em voo, o que resultou em seu retorno ao destino de origem por meio de nibus, aps dezenove horas do horrio previamente contratado.2-Alega a ilegitimidade passiva, inexistncia de danos

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    morais e materiais, e pugna, subsidiariamente, pela reduo do valor da indenizao.3-A Teoria da Aparncia aplicvel no caso presente, pois o servio e a contratao de venda de passagem area foi feita diretamente entre a recorrente e o recorrido, conforme documentao apresentada, onde se v o nome da demandada, no havendo qualquer meno a VRG Linhas Areas, personagem que sequer consta na referida documentao.4-No pode alegar ilegitimidade passiva empresa que oferta aos seus clientes um produto ou servio, como sendo seu, com sua reconhecida marca e logotipo, inclusive recebendo o valor correspondente ao negcio, fazendo o consumidor acreditar estar com ela contratando.5-Merece acolhida o pedido de retificao do plo passivo desta demanda, haja vista os documentos acostados aos autos demonstram ser a empresa Gol Linhas Areas a holding controladora, devendo constar como parte r a VRG Linhas Areas S/A, que inclusive foi quem apresentou contestao e acostou aos autos carta de preposio.6- Restou incontroverso nos autos que houve chegada tardia cidade de Salvador e a perda do voo com destino a Aracaju. Somado a isso, constata-se que no foi disponibilizada o Demandante um outro vo, restando-lhe retornar de nibus ao seu destino, aps dezenove horas do horrio previamente contratado. Conforme bem asseverado pelo Juzo sentenciante, a alegao de que o atraso do voo decorreu da adequao da malha area, alm de no provada no caracteriza nenhuma das excludentes de responsabilidade, pois os problemas de malha no se constituem em caso fortuito ou fora maior.7- Os documentos

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    juntados pelo autor notas fiscais referentes alimentao demonstram cabalmente os danos materiais despendidos, no valor de R$ 22,69 (vinte e dois reais e sessenta e nove centavos), que devem ser ressarcidos. Resta devido tambm a restituio do valor de R$ 330,00 ( trezentos e trinta reais) concernente a passagem area do trecho Salvador- Aracaju que no foi utilizada pela autora, j que esta retornou a cidade de destino por meio de nibus.8- O dano que acomete ao passageiro, nos termos do julgado da lavra do Ministro Ruy Rosado de Aguiar, pode ser de natureza patrimonial ou extrapatrimonial, tendo sido este o reconhecido no caso dos autos (tribulaes, angstia e estado de ansiedade da oriundos), cuja existncia constatada pelo simples juzo de experincia, sem necessidade de produo de outra prova alm do fato do atraso. (REsp 257.100, DJ de 22/08/2000).9-Como observa Rui Stoco (Tratado de Responsabilidade civil, p. 324), constituem condies obrigatrias, dentre outras, o estabelecimento do dia, hora e local de partida e de chegada. Tratando-se de obrigao de resultado, com clusula de incolumidade, se o contrato no for cumprido nos termos estabelecidos, sem que ocorram aquelas causas de irresponsabilidade, obriga-se o transportador a compor os prejuzos suportados pelo passageiro contratante, sejam de ordem material ou moral.10- Caracterizado o dever de indenizar. Quanto indenizao, certo que esta deve ter um carter punitivo ao ofensor, com o fito de desestimular a reiterao da conduta lesiva, assim como compensatrio vtima, suficiente para lhe trazer um consolo, uma compensao pelo mal que lhe causaram. Contudo,

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    no deve servir como meio de ganho ou enriquecimento ilcito. 11- Tendo em conta os paradigmas colhidos de julgados de casos similares, bem como as variveis do caso concreto, o grau de culpa da empresa, o fato de no ter sido disponibilizado autora outro voo para a sua cidade de destino, estima-se razovel e compatvel com suas finalidades reparatria, manter o valor da indenizao em R$ 9.000,00 (nove mil reais).12- Consoante estabelece o art. 46 da Lei n 9.099/95, o julgamento em segunda instncia constar apenas da ata, com a indicao suficiente do processo, fundamentao sucinta e parte dispositiva. Se a sentena for confirmada pelos prprios fundamentos, a smula do julgamento servir de acrdo.13- No caso vertente, considerando que a sentena fustigada bem apreciou os fatos e aplicou corretamente o direito, subscreve esta relatora os seus fundamentos, chamando os colao como parte integrante deste voto, confirmando-a nos termos do artigo 46, segunda parte, da Lei 9.099/95, acima transcrito. Assim, VOTA por NEGAR PROVIMENTO ao recurso, bem como condenar o recorrente a pagamento de custas e honorrios advocatcios arbitrados em 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenao, devido ao zeloso trabalho do advogado. Aracaju, 31 de Agosto de 2011, Dra.Cla Monteiro Alves Schlingmann (grifado)

    Destarte, evidente a necessidade da fixao de indenizao justa, considerando toda a soma de transtornos sofridos pelos autores.

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    2.6 - DOS DANOS MATERIAIS

    Inicialmente, imperioso ressaltarmos que o dano material possuiu duas vertentes: lucros cessantes e danos emergentes.

    Lucros cessantes constitui a expresso utilizada para distinguir os lucros de que fomos privados, e que deveriam vir ao nosso patrimnio, em virtude de impedimento decorrente de fato ou ato no acontecido ou praticado por nossa vontade. S assim, os ganhos que eram certos ou prprios de nosso direito, que foram frustrados por ato alheio ou fato de outrem que devem ser reparados.

    Com isto se estabelece a existncia do dano material, saliente-se em real, sofrido pelos autores face s despesas com hospedagem no hotel IBIS em Salvador, bem como com o valor que havia sido depositado no tocante hospedagem na cidade de Curitiba, vez que perderam o vo por negligncia da Requerida, cujos documentos esto devidamente comprovados, devendo ser fixado os valores de R$ 251,40 (duzentos e cinqenta e um reais e quarenta centavos) e R$ 210,00 (duzentos e dez reais), com juros e correo desde o desembolso.

    Da mesma forma, deve ser creditada em favor dos autores s 43 mil milhas smiles, das 48 mil utilizadas para compra das passagens, bem como R$ 275,00 (duzentos e setenta e cinco reais), das 5 mil milhas restantes, adquiridas no site da SMILES e R$ 172,56 (cento e setenta e dois reais e cinqenta e seis centavos), das taxas de embarque.

    Por fim, os autores tiveram que se deslocar at a cidade de Salvador e retornar no dia seguinte, tendo uma despesa de deslocamento com o veculo de cerca de R$ 232,37 (duzentos e trinta e dois reais e trinta e sete

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    centavos), considerando uma mdia de 650 km (ida e volta)1, a 8 km / 1 l de gasolina (R$ 2,86)

    Dano material aquele que acarreta uma perda pecuniria ao indivduo, v.g. por uma ao ou omisso, dolosa ou culposa, de um indivduo, em que o outro ter que diminuir o seu patrimnio para sanar os efeitos produzidos pela ao ou omisso (modalidade ativa). Outra hiptese aquela em que a pessoa deixa de auferir determinada vantagem pecuniria em razo da conduta danosa de outrem (modalidade passiva).

    Assim, merecem ser acolhidas as alegaes autorais com relao indenizao por danos materiais.

    2.7 DA RELAO DE CONSUMO APLICAO DO CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR INVERSO DO NUS DA PROVA

    A presente demanda pressupe uma habitual relao de consumo entre as partes. Deste modo, as lides existentes nesse tipo de relao so analisadas e instrudas sob a gide do Cdigo de Defesa do Consumidor, diploma que foi criado com o intuito de evitar abusos em tais relaes, reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor.

    importante ressaltar que, por serem os Requerentes parte hipossuficiente no mbito processual, apesar dos documentos comprobatrios trazidos em anexo, compete a Requerida comprovar a sua excluso do dever indenizatrio perante os fatos narrados, cabendo a inverso do nus da prova.

    1 https://maps.google.com.br/maps?hl=pt-BR

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    Neste aspecto, aduz o artigo 6, inciso VIII, do CD C:

    a facilitao da defesa de seus direitos, inclusive com a inverso do nus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critrio do juiz, for verossmil a alegao ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinrias de experincia;

    Ademais, o CDC, como todo o Ordenamento Jurdico, preza pela justia, de modo a acreditar que a reparao de danos seja uma punio cabvel ao ru, e a melhor maneira de amenizar o prejuzo da vtima. Desta forma, defende a efetiva preveno e reparao de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.(art.6, inciso VI, do CDC)

    Neste contexto, o ru responde independente da comprovao de sua culpa, pois, no mbito da relao de consumo, no necessrio haver perquirio subjetiva, haja vista que se trata de responsabilidade objetiva.

    A Constituio Federal de 1988, em seu art. 5, consagra a tutela do direito indenizao por dano material ou moral decorrente da violao de direitos fundamentais:

    Art. 5(...)

    V - assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alm da indenizao por dano material, moral ou imagem;

    O ato ilcito aquele praticado em desacordo com a norma jurdica destinada a proteger interesses alheios, violando direito subjetivo individual, causando

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    prejuzo a outrem e criando o dever de reparar tal leso. Sendo assim, o Cdigo Civil define o ato ilcito em seu art. 186, j transcrito.

    Dessa forma, resta evidente a necessidade de inverso do nus da prova.

    03 - DOS PEDIDOS

    Ex positis, requer:

    a) a citao do ru, na pessoa de seu Representante Legal com poderes para tal fim, para, querendo, contestar os termos da presente ao, sob pena de incidirem os efeitos da revelia;

    b) seja a Requerida condenada ao pagamento dos danos materiais sofridos pelos autores nos valores de R$ 1.141,33 (um mil, cento e quarenta e um reais e trinta e trs centavos), conforme explicitado no item 2.6, com juros e correo desde o desembolso;

    c) seja a Requerida condenada a creditar imediatamente em favor dos Autores s 43 mil milhas smiles, utilizadas para compra das passagens;

    d) seja o ru condenado ao pagamento dos danos morais sofridos pelos autores no valor a ser arbitrado por este juzo por todo o abalo moral decorrente da negligncia e desdia da Requerida.

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    e) a inverso do nus da prova, vez que flagrante a relao Consumerista entre as partes, com fulcro no art. 6., VIII, do CDC, caracterizando-se os Autores por hipossuficincia

    Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente documental e tudo o mais que se fizer necessrio.

    D-se a presente ao o valor de R$ 27.120,00 (vinte e sete mil, cento e vinte reais).

    Termos em que,

    Espera Deferimento.

    Aracaju-SE, 8 de agosto de 2013.

    Marcus Aurlio Almeida de Barros

    Advogado OAB/SE 97-B