aÇÃo civil pÚblica de ressarcimento por danos ao ... · proteÇÃo ao patrimÔnio pÚblico e...
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1ª PROMOT0RIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE MARINGÁ PROTEÇÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO E JUIZADO ESPECIAL CÍVEL - Av. Herval, 171 - sobreloja - Centro - Maringá - PR - CEP: 87.013-230 - fone/fax: (0xx44) 3226-0484 ____________________________________________________________________
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ _ VARA
CÍVEL DA COMARCA DE MARINGÁ.
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ ,
por seus promotores de justiça signatários, no uso de suas atribuições junto à
PROMOTORIA ESPECIAL DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO DA COMARCA DE
MARINGÁ, com fulcro no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal, 25, inciso
IV, letras "a" e "b", da Lei 8.625/93, e artigos 1º e 5º, da Lei 7.347/85, e 17, da
Lei 8.429/92, respeitosamente, vêm propor a
AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE RESSARCIMENTO POR DANOS AO ERÁRIO E DE RESPONSABILIDADE POR
ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA contra:
1. ANÍSIO MOSTESCHIO JUNIOR , brasileiro, casado,
ex-serventuário da Justiça Estadual, residente e domiciliado na cidade de
Paiçandu, na Avenida Ivaí, nº 1090, fone 44-32441513 e 44-9972-6460), e
devidamente inscrito no CPF/MF sob nº 515.643.359-68;
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2. ANÍSIO MONTESCHIO, brasileiro, casado, notário da
Justiça Estadual, residente e domiciliado na cidade de Paiçandu, na Avenida
Ivaí, nº 1090, fone 44- 3244-1513 e devidamente inscrito no CPF/MF sob nº
107.557.649-00, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:
________________1. DOS FATOS E ANTECEDENTES:
O autor, em data de 14 de março do ano de 2005,
instaurou Inquérito Civil Público (autos n° 03/2005 ), visando apurar eventuais
irregularidades no recolhimento do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis
(ITBI) do Município de Paiçandu, em face do teor do ofício nº 095, datado de
14 de março de 2005, firmado por Moacyr José de Oliveira, Prefeito Municipal
da cidade de Paiçandu (fls. 06).
Com efeito, referido ofício, noticia que o Município de
Paiçandu possui somente uma máquina autenticadora para recebimento de
todos os tributos municipais (cf. fls.06 e 646), a qual emite dígitos com
espaçamento e em seu final uma sigla “RC001”. Entretanto, alega que em
diligência junto à Secretaria Municipal da Fazenda, identificou inúmeras guias
de Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), onde as autenticações
não tem espaçamento e são finalizadas com uma sigla “DCM 001”.
Para comprovar essa assertiva, apresentou as guias de
ITBIs em nome dos contribuintes Pedro Gomes da Silva, Pedro Buzo, Odete
de Almeida Oliveira, João Batista de Oliveira, Vanderley Paulo de Almeida,
Claudiomiro Oler, José Domingos da Silva, Maria Madalena Camilo Carreno,
Isaias Bispo dos Santos, José Silvério de Carvalho, Maria da Penha da
Conceição, Antônio Jacinto de Oliveira, Valdice Alves da Silva, Fabiano
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Ferreira de Lima, Edson Eujácio da Silva, Nilton Xavier dos Santos, Eliza
Campanholi e dezenas de Outros, os quais haviam adquiridos imóveis através
de escrituras públicas lavradas no Tabelionato Monteschio, localizados na
cidade de Paiçandu, sendo certo que os valores nelas expressadas não foram
recolhidas ao erário e de conseqüência haviam indícios de crime contra
patrimônio público (ver docs. de fls. 07/118).
O autor, dentre as inúmeras diligências, oficiou o Cartório
de Registro de Imóveis desta Comarca (1º Ofício), para que remetesse cópia
de todas as escrituras públicas registradas no referido Ofício, bem como
fossem acompanhadas das respectivas guias de ITBIs, lavradas pelo
Tabelionato Anísio Monteschio, desde o ano de 1990, no que foi prontamente
atendido e resultando nos documentos dos autos anexos (anexo 01 ao anexo
47) do incluso procedimento investigatório civil (fls. 02/8374).
Esses documentos, sendo submetidos à auditoria do
Ministério Público, apurou-se que 2.119 (duas mil e cento e dezenove) guias
de ITBIs, emitidas pelo Município de Paiçandu, haviam sido falsamente
autenticadas, no período de 1997 a 2005, ou seja, em todas elas continham
inserções de autenticações sem espaçamento e finalizadas com a sigla “DCM
001”.
Confira o quadro abaixo:
ANO QUANTIDADE VALOR
HISTÓRICO
VALOR
ATUALIZADO
1997 01 40,00 121,50
1998 01 40,00 111,68
1999 23 2.014,75 4.698,45
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2000 207 18.609,73 39.968,45
2001 465 58.603,85 111.520,46
2002 624 103.425,51 166.495,87
2003 336 62.512,22 80.075,71
2004 429 99.721,54 112.827,56
2005 14 3.693,00 3.871,27
ILEGÍVEL 19 2.444,00 4.936,12
TOTAL 2.164 351.185,00 524.629,41
O autor, para comprovar a irregularidade acima,
encaminhou exemplares das guias de ITBIs aos peritos da Polícia Científica
desta cidade (Hélio Marineli Franco e Piermarini Justus), os quais confirmaram
que elas não procediam da única máquina existente no Município de Paiçandu.
Portanto, confirmando que tratavam de autenticações falsas.
Eis os termos da referida conclusão:
“...as autenticações questionadas, consoante descri to em
laudo, não advém da máquina autenticadora encontrad a na Secretaria
Municipal da Fazenda de Paiçandu, de acordo com a e xposição de
elementos divergentes levada a efeito no presente l audo.” (fls.
387/388)
Os peritos, diante dos estudos realizados, chegaram a
precisar a marca da máquina que estava realizando as falsas autenticações,
em face da similaridade dos caracteres encontrados:
“Comparações realizadas mediante padrão de
autenticação de microimpressora da marca “BEMATECH” ,
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encontrada em loja de assistência técnica da cidade de Maringá,
revelam a perfeita compatibilidade dos aspectos for mais com as
impressões questionadas, deduzindo-se daí que tais impressões
podem ser procedentes de equipamentos da referida m arca.” (fls. 388)
Na seqüência, o autor colheu declarações de Orlando
Campanholli, o qual alegou que acompanhou a venda de um imóvel realizada
por Santina Sivirkas de Souza aos seus filhos José Carlos Campanholi e
Outros, sendo que a escritura pública havia sido lavrada no Cartório
Monsteschio na cidade de Paiçandu. Confirmou que o titular do Cartório Anísio
Monteschio havia acertado o preço de R$ 1.120,00 (um mil cento e vinte reais),
incluindo os valores referentes ao ITBI de R$ 330.00 (trezentos e trinta reais).
Esses valores foram entregues ao titular do Cartório Anísio Monteschio, em
duas parcelas, sendo a primeira de R$ 520,00 (quinhentos e vinte reais) e a
segunda no valor de R$ 600,00 (seiscentos reais).
“...que assim fazendo dirigiu-se a uma sala reserva da do
aludido Cartório e combinou o preço de R$ 1.120,00 (um mil cento e
vinte reais), sendo que naquele momento deveria pag ar a importância
de R$ 600,00 (seiscentos reais) e quando recebesse a escritura
devidamente registrada pagaria a importância de R$ 520,00
(quinhentos e vinte reais); que o Doutor Anísio Mon teschio inclusive
lhe deu um cartão no qual escreveu os valores que o declarante tinha
que pagar pelos serviços do Cartório, que ora exibe e deixa para
comprovar a sua assertiva; que o declarante pagou o s valores acima
conforme o combinado em moeda corrente do País; que essa
escritura lhe foi entregue aproximadamente quinta-f eira da semana
próxima passada (10.03.05) e nesta oportunidade tam bém foi paga a
importância final de R$ 520,00 (quinhentos e vinte reais); que pode
confirmar que o ITBI estava incluído nas importânci as acima
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mencionadas (...) que o declarante não sabe quem providenciou este
recolhimento; que acredita que esse valor do ITBI f oi recolhido por
funcionário do próprio Cartório de Anísio Montéschi o; que também
confirma que tanto o primeiro valor (R$ 600,00), co mo o segundo (R$
520,00) foram pagos diretamente a pessoa de Anísio Monteschio
(titular do Cartório) e também confirma que recebeu a escritura das
mãos do referido titular...” (fls. 119/120).
Como se vê, o Cartório Monteschio, através de seu titular,
responsabilizou-se em recolher o valor referente ao ITBI. Todavia, esse valor
não foi recolhido aos cofres do Município de Paiçandu, embora a guia de ITBI
nº 1784, datada de 14 de janeiro de 2005, tivesse sido apresentada pelo
Cartório Monsteschio como efetivamente paga e contendo autenticação
mecânica da sigla “PMP00335#28JAN05# 3330,00DCM 001”.
O autor também colheu declarações dos funcionários do
Cartório, em especial dos réus Anisío Monteschio Junior (escrevente do
Cartório) e de Anisio Monteschio (Notário titular do Cartório), os quais
confirmaram que efetivamente recebiam os valores de ITBIs das pessoas que
procuravam os serviços do Cartório para lavrarem escrituras públicas de venda
e compra de imóveis da cidade de Paiçandu. O primeiro réu (Anísio Junior),
inclusive confirmou que recolhia os valores de ITBIs, entregando-os ao
funcionário da Prefeitura Municipal de Paiçandu Ronaldo de Oliveira,
atualmente Secretário da Fazenda do referido Município:
“...que certa feita o declarante procurou Ronaldo d e
Oliveira para lhe pedir se haveria possibilidade de baixar a avaliação
de alguns imóveis em decorrência de escrituras públ icas que
estavam sendo lavradas no Cartório Monteschio; que então em
resposta Ronaldo de Oliveira lhe disse que haveria a tal possibilidade
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e ai pediu que as guias doravante fossem entregues a sua pessoa
inclusive com os valores a serem recolhidos; que a partir de então o
declarante quando necessita de recolher valores ref erentes as guias
de ITBI, sempre procura entregá-las em mãos ao Rona ldo de
Oliveira...”
Ainda confirmou que havia perguntado ao funcionário
Ronaldo de Oliveira se o mecanismo de entregar as guias de ITBIs não lhe
poderia trazer problemas, ao que lhe foi respondido que em razão do cargo
que ocupava não haveria qualquer desconfiança:
“...que certa feita o declarante perguntou a Ronald o se
esse mecanismo não poderia dar problema ao que resp ondeu
dizendo “EI OLHA COM QUEM VOCE ESTA MEXENDO”; que c omo tal
pessoa era o Secretário Municipal da Fazenda e ocup ava um cargo de
confiança na Prefeitura Municipal não via qualquer problema na
continuidade de lhe entregar as guias de ITBI...”
Ocorre que, o autor colheu as declarações do funcionário
Ronaldo de Oliveira, processou acareação entre sua pessoa e o réu Anísio
Junior, auditou todas as suas contas bancárias, não constatando qualquer
registro de desvio dos valores de ITBI para as suas contas bancárias.
Todavia, a auditoria do Ministério Público, verificando as
contas bancárias do réu Anísio Monteschio Junior, encontrou depósitos de
valores idênticos aos valores das ITBIs repassados ao Cartório Monteschio.
Confira relatório apresentado (fls.430/435):
“Em análise dos extratos bancários constantes nos a utos
e em confrontação dos valores das guias de recolhim entos de ITBI,
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constatou-se que, em alguns casos existiam depósito s em valores
idênticos ao de algumas guias de recolhimento, que pela proximidade
das datas, pode configurar que tais valores não for am recolhidos aos
cofres da municipalidade. São os seguintes os valor es de depósitos
compatíveis com os valores das guias de ITBIs:
a. Depósito realizado na conta corrente n º 36.075-9,
Banco do Brasil, de titularidade do Sr. Anísio Mons techio Junior, no
valor de R$ 200,00, na data de 04/01/2000 (folha 8378), compatível
com a guia de recolhimento nº 689/99, com autentica ção datada de
30/12/2000 (folha 243-Anexo 02).
b. Depósito realizado na conta corrente n º 36.075-9,
Banco do Brasil, de titularidade do Sr. Anísio Mons techio Junior, no
valor de R$ 780,00,00, na data de 16/02/2000 (folha 8379), compatível
com a guia de recolhimento nº 032/2000, com autenti cação datada de
10/02/2000 (folha 367-Anexo 02).
c. Depósito realizado na conta corrente n º 36.075-9,
Banco do Brasil, de titularidade do Sr. Anísio Mons techio Junior, no
valor de R$ 100,00, na data de 18/07/2000 (folha 8385), compatível
com a guia de recolhimento n º 367/2000, com autent icação datada de
11/07/2000 (folha 1027-Anexo 06).
d. Depósito realizado na conta corrente n º 36.075-9,
Banco do Brasil, de titularidade do Sr. Anísio Mons techio Junior, no
valor de R$ 130,00, na data de 28/05/2002 (folha 8411), compatível
com a guia de recolhimento nº 209/2002, com autenti cação datada de
20/5/2002 (folha 3727-Anexo 19).
e. Depósito realizado na conta corrente n º 36.075-9,
Banco do Brasil, de titularidade do Sr. Anísio Mons techio Junior, no
valor de R$ 500,00, na data de 23/07/2002 (folha 8413), compatível
com a guia de recolhimento nº 346/2002, com autenti cação datada de
10/07/2002 (folha 3983-Anexo 20)
f. Depósito realizado na conta corrente n º 36.075-9,
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Banco do Brasil, de titularidade do Sr. Anísio Mons techio Junior, no
valor de R$ 600,00, na data de 12/02/2004 (folha 8432), compatível
com a guia de recolhimento nº 881/2004, com autenti cação datada de
02/02/2004 (folha 6826-Anexo 35)
g. Depósito realizado na conta corrente n. 10.888-8 , Banco
do Estado do Paraná, de titularidade do Sr. Anísio Monteschio Junior,
no valor de R$ 1.000,00, na data de 10.05.2000 (fls . 8902), compatível
com o somatório das seguintes guias de recolhimento :
Nº Guia de ITBI Valor Data Folha Anexo
82/2000 80,00 02/05/2000 465 03 90/2000 60,00 02/05/2000 481 03 111/2000 60,00 02/05/2000 519 03 178/2000 20,00 02/05/2000 640 04 198/2000 80,00 02/05/2000 674 04 211/2000 300,00 02/05/2000 690 04 204/2000 80,00 02/05/2000 690 04 217/2000 40,00 02/05/2000 706 04 221/2000 280,00 02/05/2000 716 04 TOTAL 1.000,00
O réu Anísio Monteschio (Notário Titular do Cartório)
confirma que na maioria das vezes as guias de ITBIs eram recolhidas no
Município de Paiçandu, através de seu filho Anísio Monteschio Junior:
“...que pode dizer que na maioria das vezes essas g uias de
ITBIs eram viabilizadas pelo seu filho Anísio Monte chio Junior, que
se dirigia à Prefeitura Municipal de Paiçandu para processar os
recolhimentos dos valores; que os clientes do Cartó rio deixavam os
valores correspondentes a essas guias e assim eram viabilizados os
recolhimentos dos ITBI...” (fls. 238/239).
O funcionário que prestou trinta cinco anos no Cartório
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Monteschio - Armando Aparecido Gandolfi -, confirmou perante o Ministério
Público e ao Juízo da Vara de Registros Públicos desta Comarca, que as
falsas autenticações de ITBIs eram objeto de comentários entres os demais
funcionários do Cartório:
“...Certa vez, Marcos Antônio comentou que gostaria de
comunicar ao titular do cartório, Sr. Anísio, sobre o que vinha
acontecendo, mas tinha receio de fazê-lo e de que e sse senhor
“tivesse algum mal súbito”... ” (fls.425/427)
Mais adiante confirma que:
“...quando foi intimado pelo Ministério Público a
novamente ser inquirido, por volta do dia 30 de mai o último, recebeu
um telefonema de Anisinho, oferecendo-lhe um advoga do para
acompanhá-lo; que Anisio filho sugeriu que o depoen te “precisaria de
um advogado para defendê-lo; não aceitou a oferta, porque se vê na
condição de testemunha; além disso, Anisinho disse ao depoente que
depois de ser ouvido, deveria procurá-lo e relatar- lhe o que havia
dito...” (fls. 651/652 e versos).
Como se constata, restou confirmado que o réu Anisio
Monteschio Junior, a pedido de seu genitor e titular do Cartório Anísio
Monteschio, saía do referido Cartório com a incumbência de recolher os
valores de ITBIs na Prefeitura Municipal e regressava com as guias
devidamente autenticadas, sempre constando as siglas mecânicas “PMP + n°
de registro do ato + sigla “#“ + valor (sem sifrão) + dia + mês + ano da
operação abreviado + sigla “#” + valor recolhido + a sigla DCM + 001 ”, não
conferindo com os padrões da única maquina registradora do Município de
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Paiçandu e também não se confirmando até então a versão da participação do
funcionário Ronaldo de Oliveira acima mencionado.
Esse mecanismo, no período de 1997 até 2005, importou
em conhecer um dano ao patrimônio público de R$ 524.629,41 (quinhentos e
vinte quatro mil, seiscentos vinte nove reais e quarenta um centavos),
devidamente corrigida até agosto deste ano, consoante se vê pela planilha nº
12, elaborado pela referida auditoria do Ministério Público (fls. 1.008/1062).
Pasme, Excelência, a referida auditoria confirmou a
existência de várias guias de ITBI com mesmo número de autenticação, na
mesma data e com contribuintes diferentes. Ora, como se sabe, as máquinas
autenticadoras, possuem uma seqüência cronológica de numeração!
Confira o relatório nesse sentido:
“...Elaborou-se o levantamento de todas as guias de ITBI,
acostadas nos Autos de Inquérito Civil nº 003/2005, através da
realização de planilhas contendo: Nome do contribui nte, nº da guia
de ITBI, data de sua emissão, data de sua autentica ção, número da
autenticação, sigla constante no final da autentica ção e símbolo
inserido na autenticação (#/$) (Planilha 01) , resultando nas seguintes
observações;
1.Foram constadas várias guias de ITBI com o mesmo
número de autenticação, na mesma data e com contrib uintes
diferentes, podendo configurar que estas tenham sid o feitas de forma
irregular, visto que a máquina registradora possui uma seqüência
lógica de autenticação, não sendo possível ter mais que uma
autenticação no mesmo dia com ao mesmo número. Esta s guias de
ITBI estão relacionadas na Planilha 02 , anexa a este relatório” (fls.
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431).
A auditoria também detectou autenticações de guias de
ITBIs efetivadas nos dias de sábado e domingo. Vejamos:
“02) Em análise dos documentos (ITBIs) enviados
pela Prefeitura Municipal de Paiçandu, através do o fício nº 03/2005 e
também daquelas já constantes nos Autos de Inquérit o Público nº
03/2005, constatou-se vários documentos de arrecada ção com data
de autenticação (recolhimento) em finais de semana (SABADO ou
DOMINGO).Causa estranheza tal procedimento, visto q ue a Prefeitura
de Paiçandu não tem expedientes nos referidos dias, podendo
configurar que os recursos referentes a tais guias não foram
recolhidos aos cofres da municipalidade. Os documen tos de
arrecadação de ITBIs com data de recolhimento em fi nais de semana
constante Autos nº 03/2005, encontram-se relacionad os no planilha
11 anexa a esse relatório.” (fls. 994 do ICP)
Assim, não restam as menores dúvidas de que o réu
Anísio Monteschio Junior, no período acima mencionado, utilizou-se de
expedientes escusos para o não recolhimento dos valores das guias de ITBIs
ao Município de Paiçandu.
Portanto, tem responsabilidade civil e criminal e via de
conseqüência cometeu de ato de improbidade administrativa, na medida em
que se tem a comprovação de enriquecimento ilícito, danos ao patrimônio
público e violação dos princípios da Administração Pública, tudo em face da
sua qualidade, à época, de vereador do Município de Paiçandu e de
funcionário público do foro extrajudicial, esta última consoante se vê pela
portaria 67/91, de 09.08.91 e 110/03, de 09.10.2003 (escrevente do Cartório).
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O ato de improbidade administrativa, pelo enriquecimento
ilícito é caracterizado pelo registro de valores em suas contas bancárias
conforme acima mencionado, eis que auferidos indevidamente em razão da
sua condição de funcionário público, sabendo que eram para pagamento de
ITBIs junto ao Município de Paiçandu, notadamente porque se tratavam de
valores desproporcionais a sua evolução patrimonial e renda e, finalmente por
restar comprovado a incorporação ao seu patrimônio de valores do acervo
patrimonial da referida municipalidade (art. 9º “caput” e incisos VII e XI, da Lei
Federal n. 8.429/92).
A conduta do réu Anisío Monteschio Junior, também
caracteriza ato de improbidade administrativa, na medida em que em não
recolhendo os valores a título de ITBI, ao Município de Paiçandu, por força das
escrituras públicas, lavradas no Cartório Monteschio, no período acima
mencionado, identificadas pela auditoria (fls. 530/594), causou lesão ao erário
público, na ordem de R$ 524.629,41 (quinhentos e vinte quatro mil, seiscentos
vinte nove reais e quarenta um centavos), devidamente corrigida até julho de
2005, notadamente pela sua ação negligente na arrecadação do referido
tributo ao Município, consoante se vê pelas disposições do art. 10, “caput” e
inciso X, da Lei Federal n. 8.42/92;
Finalmente, o réu Anísio Monteschio Junior, cometeu ato
de improbidade administrativa, na razão de que na condição de funcionário
público conforme acima mencionado, violou os deveres de legalidade,
honestidade, moralidade, e lealdade as instituições Estado do Paraná e
Município de Paiçandu, tanto pela sua condição de ser servidor público
estadual (escrevente da justiça estadual) e de servidor público municipal
(vereador).
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Consigne-se, ademais, a gravidade dos fatos, quando se
tem a confirmação, que Anísio Monteschio Junior, no período legislativo de
1997/2000 e 2001/2004, era vereador do Município de Paiçandu, tinha por
dever fiscalizar todos os atos da Administração Pública Municipal; primar pelo
respeito a legalidade, a moralidade, a transparência e primar pelo respeito às
instituições municipais, preferiu ignorar essa condição destacada na referida
municipalidade, que diga-se de passagem, confiada pelo Povo da
municipalidade, para se valer de expedientes escusos junto a terceiras
pessoas até então não identificada (acordo ou vínculo) para se beneficiar e
beneficiar o Cartório Monteschio.
Essa assertiva está comprovada pela declaração do réu
Anísio Junior ao autor desta demanda:
“...que o declarante ao atender os seus clientes já
estimava o valor do ITBI a ser pago, contando com a possibilidade da
redução do valor venal desse imóvel, já que mantinh a esse acordo ou
vinculo com a pessoa de Ronaldo de Oliveira; que de alguma forma o
Cartório Monteschio aumentou seu faturamento; que o declarante
exerceu dois mandatos sucessivos de vereador munici pal na cidade
de Paiçandu, entre os anos de 1997/2004...” (fls.143/144).
Em contrapartida, o titular da serventia Anísio Monteschio
olvidou as cautelas necessárias no exercício da delegação estatal ao eleger
mau o seu preposto (culpa in iligendo) e não manter a necessária e constante
supervisão na rotina de recolhimentos dos valores devidos ao erário municipal
(culpa in vigilando), o que lhe era exigível, posto que, além de responsável
tributário (art. 134, VI, do CTN), com sua incúria, lesou os adquirentes que
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confiaram no seu Cartório e nos seus serviços ao lhe entregarem o dinheiro
necessário para a quitação do ITBI e que nunca foi recolhido na Secretaria
Municipal de Fazenda, como esperado.
Assim, outra alternativa não resta ao autor desta
demanda, senão a de ajuizar a presente Ação Civil Pública para satisfação dos
pedidos ao final formulados, já que se nos afigura um instrumento até mais
contundente que eventuais sanções de natureza criminal, seara onde fatos da
natureza abaixo noticiada, via de regra, impunes, até mesmo pela
superveniência de prescrição, ou, ainda que acarretando eventual condenação,
concedendo-se aos envolvidos os inúmeros benefícios da legislação
processual penal em vigor.
_______________2. DO DIREITO APLICADO À ESPÉCIE:
Inicialmente, o Ministério Público fundamenta o seu
direito, trazendo a colação as disposições do art. 236 da Constituição Federal,
as quais descrevem que os serviços notariais e de registro são exercidos em
caracter privado, por delegação do Poder Público, sendo que suas atividades e
responsabilidades civil e criminal, inclusive a dos prepostos, são disciplinadas
por lei ordinária, com fiscalização do Poder Judiciário dos respectivos atos.
Confira:
“Art. 236. Os serviços notariais e de registros são
exercidos em caráter privado, por delegação do Pode r Público.
§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a
responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro
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e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de s eus atos pelo Poder
Judiciário.”
Atendendo a esse comando, a Lei Federal n. 8935, de 18
de novembro de 1994, estabelece a competência exclusiva dos tabeliães para
lavrarem escrituras públicas, inclusive as gestões e diligências necessárias
para o preparo dos demais atos notariais:
Art. 7º Aos tabeliães de notas compete com exclusiv idade:
I - lavrar escrituras e procurações, públicas;
(...)
Parágrafo único. É facultado aos tabeliães de notas
realizar todas as gestões e diligências necessárias ou convenientes
ao preparo dos atos notariais, requerendo o que cou ber, sem ônus
maiores que os emolumentos devidos pelo ato.
Essa Lei também consigna que os tabeliães podem
contratar escreventes, dentre eles escolhendo os seus substitutos, com
remuneração livremente ajustada, sendo que somente poderão praticar os atos
que notário autorizar:
“Art. 20. Os notários e os oficiais de registro pod erão, para
o desempenho de suas funções, contratar escreventes , dentre eles
escolhendo os substitutos, e auxiliares como empreg ados, com
remuneração livremente ajustada e sob o regime da l egislação do
trabalho.
(...)
§ 3º Os escreventes poderão praticar somente os ato s que
o notário ou o oficial de registro autorizar.”
A aludida disposição prescreve que o gerenciamento
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administrativo da atividade notarial é responsabilidade exclusiva do respectivo
titular, inclusive no que diz respeito às normas e condições relativas à
atribuição e função dos prepostos de modo a obter a melhor qualidade na
prestação dos serviços:
“Art. 21. O gerenciamento administrativo e financei ro dos
serviços notariais e de registro é da responsabilid ade exclusiva do
respectivo titular, inclusive no que diz respeito à s despesas de
custeio, investimento e pessoal, cabendo-lhe estabe lecer normas,
condições e obrigações relativas à atribuição de fu nções e de
remuneração de seus prepostos de modo a obter a mel hor qualidade
na prestação dos serviços.
Como se vê, dentro dessa legalidade que o réu Anisio
Monteschio mantinha o seu filho e ora réu Anísio Monteschio Junior como
escrevente autorizado, o qual poderia praticar todos os atos do tabelião titular,
dentre eles realizar escrituras públicas de venda e compra, receber
emolumentos, reconhecer firmas e outros Todavia, incumbia-lhe a
responsabilidade pelos danos que o escrevente (também conhecido como
preposto) causassem a terceiros, ou seja nos atos próprios da serventia É o
que prescreve a Lei Ordinária acima citada:
“Art. 22. Os notários e oficiais de registro respon derão
pelos danos que eles e seus prepostos causem a terc eiros, na prática
de atos próprios da serventia, assegurado aos prime iros direito de
regresso no caso de dolo ou culpa dos prepostos.
Art. 23. A responsabilidade civil independe da crim inal.
Art. 24. A responsabilidade criminal será individua lizada,
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aplicando-se, no que couber, a legislação relativa aos crimes contra a
administração pública.
Parágrafo único. A individualização prevista no cap ut não
exime os notários e os oficiais de registro de sua responsabilidade
civil.”
Assim, os valores de ITBIs recolhidos dos adquirentes de
imóveis através das escrituras públicas lavradas no Cartório Monteschio e não
destinados aos cofres do Município de Paiçandu, conforme anteriormente e
exaustivamente narrados, era (e é) de inteira responsabilidade do titular Anísio
Monteschio. Ademais, lhe era exigido uma conduta de proceder de forma a
dignificar a função exercida tanto nas atividades profissionais como na vida
privada
Confira os termos da Lei Ordinária que regula o serviço
notário:
“Art. 30. São deveres dos notários e dos oficiais de
registro:
(...)
V - proceder de forma a dignificar a função exercid a, tanto
nas atividades profissionais como na vida privada;
As disposições do art. 134 e 135 do Código Tributário
Nacional, também se aplicam aos fatos em apreço:
“Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigênci a do
cumprimento da obrigação principal pelo contribuint e, respondem
solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas
omissões de que forem responsáveis:
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(...)
VI – Os tabeliães, escrivães e demais serventuários de
ofício, pelos tributos devidos sobre os atos pratic ados por eles, ou
perante eles, em razão do seu ofício.
Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos crédi tos
correspondentes a obrigações tributárias resultante s de atos
praticados com excesso de poderes ou infração de le i, contrato
social ou estatutos:
I – as pessoas referidas no artigo anterior;
II – os mandatários, prepostos e empregados”
O Código de Normas, em perfeita sintonia com as
disposições acima, preconiza que:
“10.1.10 – Os notários e registradores velarão para que
sejam pagos os tributos devidos sobre os atos prati cados por eles,
ou perante eles, em razão do seu ofício.”
Fica, portanto, comprovado que os réus tinham o dever
de executar o recolhimento dos tributos no órgão competente do Município de
Paiçandu (Secretaria Municipal da Fazenda) e não se valer de expedientes
escusos, irregulares e até criminosos como os praticados por Anisio Junior
anteriormente narrados.
O réu, Anisío Monteschio Junior, em razão dos fatos
acima, cometeu ato de improbidade administrativa - enriquecimento ilícito – isto
é caracterizado pelo registro de valores em suas contas bancárias, conforme
acima mencionado, notadamente porque se constatou que se tratavam de
valores que eram desproporcionais a evolução do patrimônio e renda e,
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finalmente porque havia incorporado os valores de ITBIs que eram do acervo
patrimonial da referida municipalidade, infringindo, portanto, as sanções do art.
9º “caput” e incisos VII e XI, da Lei Federal n. 8.429/92, que assim preconizam:
"Art. 9°. Constitui ato de improbidade administrati va
importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem
patrimonial indevida em razão do exercício de cargo , mandato,
função, emprego ou atividade nas entidades menciona das no art. 1°
desta lei, e notadamente:
(...)
VII – adquirir, para si, ou para outrem, no exercíc io de
mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer
natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou
renda do agente público;
(...)
XI – incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimô nio
bens, rendas, verbas, ou valores integrantes do ace rvo patrimonial
das entidades mencionadas no art. 1 º desta Lei.”
As condutas do referido réu também caracterizam atos de
improbidade administrativa, na medida em que em não recolhendo os valores
a título de ITBI ao Município de Paiçandu, por força das escrituras públicas,
conforme anteriormente mencionadas, causaram lesões ao erário público, na
ordem de R$ 524.629,41 (quinhentos e vinte quatro mil, seiscentos vinte nove
reais e quarenta um centavos), devidamente corrigida até julho de 2005,
notadamente quando agiu negligentemente na arrecadação do referido tributo
ao Município, preferindo incorporar ao seu patrimônio e/ou de terceiras
pessoas, incorrendo portanto nas sanções do art. 10, “caput” e inciso X, da Lei
Federal n. 8.42/92, que assim descreve:
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“Art. 10. Constitui ato de improbidade administrati va que
causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dol osa ou culposa,
que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento
ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades re feridas no art. 1 °
desta Lei, e notadamente:
(...)
X – agir negligentemente na arrecadação de tributo ou
renda, bem como no que diz respeito à conservação d o patrimônio
público.”
MARCELO FIGUEIREIDO, acentua que:
“ A conduta do agente é realçada. Qualquer ação ou
omissão, dolosa ou culposa, pode, em principio, con figurar ato de
improbidade lesivo ao erário. Como visto, de várias formas mas pode
o agente público causar a lesão: ocasionando perda patrimonial,
através de desvio, apropriação, malbaratamento ou d ilapidação de
haveres ou bens bens públicos. Pretende a lei evita r e coibir a lesão
ao erário. Eis a finalidade.” (Idem p. 81).
O réu Anísio Monteschio Junior, também infringiu as
disposições do art. 11 da Lei 8.429/92, eis que malferiu os princípios
norteadores da Administração Pública, porquanto por ação dolosa violou os
deveres de honestidade (ou seja, não recolhendo os valores que foram pagos ao
referido Cartório, para o Município de Paiçandu, a título de ITBI); legalidade
(inobservou as disposições legais acima) lealdade às instituições: Município de
Paiçandu e o Estado do Paraná (causando-lhe lesão ao cofre público do
referido Município), notadamente pela prática de ato visando fim proibido em
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lei, sujeitos às sanções ao final elencadas.
“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que
atenta contra os princípios da administração públi ca qualquer ação
ou omissão que viole os deveres de honestidade, imp arcialidade,
legalidade, e lealdade às instituições, e notadamen te:
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou re gulamento
ou diverso daquele previsto na regra de competência ;”
A lei 8429/92, ainda prescreve que:
" Art. 4º. Os agentes públicos de qualquer nível ou
hierarquia são obrigados a velar pela estrita obser vância dos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidad e e publicidade
no trato dos assuntos que lhe são afetos".
MARINO PAZZAGLINI FILHO, MÁRCIO FERNANDO
ELIAS ROSA e WALDO FAZZIO JÚNIOR, comentando a disposição legal
acima mencionada, asseguram que:
“Velar pela estrita observância não significa apena s
cumprir, mas também fazer cumprir. É o dever de zel o e obediência
aos princípios da Administração Pública, de cuja in observância
resultam as espécies de improbidade ditadas pelo ar t. 11, entre as
quais se amolda não apenas a conduta comissiva, mas também o que
é mais comum, a omissiva, ou seja, o incumprimento por parte do
agente público, dotado de competência administrativ a, do dever de
buscar a persecução para as venalidades de que tem ciência em
razão de suas funções. Tão ou mais censurável que a frontar uma
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norma é o silêncio sobre seu descumprimento, omissã o que contribui
para o esvaziamento dos princípios aludidos.” (Improbidade
administrativa: Aspectos Jurídicos da Defesa do Patrimônio Público.
São Paulo: Atlas, 1996. p.46)
A referida Lei, em seu art. 5º, também aduz que dar-se á
o integral ressarcimento do dano ocorrendo lesão ao patrimônio público:
“ Art. 5°. Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação
ou omissão, dolosa ou culposa do agente ou de terce iro, dar-se-á o
integral ressarcimento do dano.”
No pertinente a violação aos princípios da Administração
Pública, insta colacionar que o réu violou os princípios da legalidade,
moralidade e eficiência, previstos nas disposições do art. 37 “caput” da
Constituição Federal, a qual prevê:
“ Art. 37 A administração pública direta, indireta ou
fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados , do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos pri ncípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência,
também ao seguinte :
No dizer de Paulo Bonavides, "as regras vigem, os
princípios valem; o valor que neles se insere se ex prime em graus distintos. Os
princípios, enquanto valores fundamentais, governam a Constituição, o regímen,
a ordem jurídica. Não são apenas a lei, mas o Direi to em toda a sua extensão,
substancialidade, plenitude e abrangência " (“in” CURSO DE DIREITO
CONSTITUCIONAL, Malheiros, 5a. ed., 1994, p.260).
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Para CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, “in”
Curso de Direito Administrativo, Malheiros, 5ª ed. 1994, p. 451:
"Violar um princípio é muito mais grave que transgre dir
uma norma qualquer. A desatenção ao princípio impli ca ofensa não
apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o
sistema de comandos. É a mais grave forma de ilega lidade ou de
inconstitucionalidade, conforme o escalão do princí pio atingido,
porque representa insurgência contra todo o sistema , subversão de
seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço
lógico e corrosão de sua estrutura mestra. Isso por que, com ofendê-
lo, abatem-se as vigas que o sustêm e alui-se toda a estrutura nelas
esforçada"
Referidos princípios são reproduzidos na Constituição
Estadual (art. 27), não havendo razão para que o réu pudesse, à época dos
fatos, alegar ignorância ou qualquer outra circunstância para descumpri-lo.
No tocante ao princípio da legalidade desrespeitado pelo
réu, CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, em magistral lição diz:
"... o princípio da legalidade é o da completa submissão da
Administração às leis. Esta deve tão somente obedec ê-las, cumpri-
las, pô-las em prática. Daí que a atividade de todos os seus agentes ,
desde o que lhe ocupa a cúspide, isto é, o Presiden te da República,
até o mais modesto dos servidores, só pode ser a de dóceis,
reverentes, obsequiosos cumpridores das disposições gerais fixadas
pelo Poder Legislativo, pois esta é a posição que l hes compete no
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direito brasileiro" (ob. cit., p. 48).
Quer significar que, o ato de todo o servidor público; de
todo o agente público; deve ser realizado nos termos da Lei. Enquanto para o
particular o que não é proibido é permitido; ao administrador e à própria
Administração somente é permitido fazer o que a lei expressamente autoriza,
ou seja, o que não é permitido pela lei é proibido.
O sempre lembrado DIÓGENES GASPARINI, em seu
"Direito Administrativo", aponta que:
"O princípio da legalidade, resumido na proposição
suporta a lei que fizeste, significa estar a Admini stração Pública, em
toda a sua atividade, presa aos mandamentos da lei, deles não se
podendo afastar, sob pena de invalidade do ato e re sponsabilidade
de seu autor. Qualquer ação estatal, sem o correspo ndente calço
legal ou que exceda o âmbito demarcado pela lei, é injurídica e
expõe-se à anulação. Seu campo de ação, como se vê, é bem menor
do que o do particular. De fato, este pode fazer tu do o que a lei
permite, tudo o que a lei não proíbe; aquela só pod e fazer o que a lei
autoriza e, ainda assim, quando e como autoriza [Na seqüência
arremata dizendo] A este princípio também se submete o agente
público . Com efeito, o agente da Administração Pública est á preso à
lei e qualquer desvio de suas imposições pode nulif icar o ato e tornar
seu autor responsável, conforme o caso, disciplinar , civil e
criminalmente" (Direito Administrativo, 4a. ed. Saraiva, 1995, p. 6 -
riscamos).
Vislumbra, outrossim, ter o réu contrariado o princípio da
moralidade administrativa, princípio pelo qual, segundo DIÓGENES
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__________________ AÇÃO CIVIL PÚBLICA N ° 110 ___________________ pág. 26
GASPARINI "o ato e a atividade da Administração Pública devem obedecer não
só à lei mas a própria moral, porque nem tudo que é legal é honesto, conforme
afirmavam os romanos” . (“in” Direito Administrativo, 4ª ed. Saraiva, 1995, p. 7).
Referido autor, ainda comentando o princípio da
moralidade administrativa, ensina que:
"Para Hely Lopes Meirelles, apoiado em Manoel Olive ira
Franco Sobrinho, a moralidade administrativa está i ntimamente
ligada ao conceito de bom administrador.
Este é aquele que, usando de sua competência, deter mina-
se não só pelos preceitos legais vigentes mas també m pela moral
comum, propugnando pelo que for melhor e mais útil para o interesse
público. A importância desse princípio já foi ressa ltada pelo Tribunal
de Justiça de São Paulo (RDA 89/134), ao afirmar qu e a moralidade
administrativa e o interesse coletivo integram a le galidade do ato
administrativo" (ob. cit. p. 7)
Discorrendo sobre o tema, CELSO ANTÔNIO BANDEIRA
DE MELLO assevera que:
"... compreendem-se em seu âmbito, como é evidente, os
chamados princípios da lealdade e da boa-fé, tão op ortunamente
encarecidos pelo mestre espanhol Jesus Gonzales Per es em
monografia preciosa. Segundo os cânones da lealdade e boa-fé, a
Administração haverá de proceder em relação aos adm inistrados com
sinceridade e lhaneza, sendo-lhe interdito qualquer comportamento
astucioso, eivado de malícia, produzido de maneira a confundir,
dificultar ou minimizar o exercício de direitos por parte dos cidadãos"
(“in” CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO, 5ª ed., 1994,
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__________________ AÇÃO CIVIL PÚBLICA N ° 110 ___________________ pág. 27
Malheiros Editores, pp. 59/60).
MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO, citando Manoel de
Oliveira Franco Sobrinho, de modo mais radical enfatiza que:
"Mesmo os comportamentos ofensivos da moral comum
implicam ofensa ao princípio da moralidade administ rativa" (“in”
Direito Administrativo, 8a. ed., 1997, Atlas, p. 71)
E mais adiante sentencia:
"Em resumo, sempre que em matéria administrativa se
verificar que o comportamento da Administração ou d o administrado
que com ela se relaciona juridicamente, embora em c onsonância com
a lei, ofende a moral, os bons costumes, as regras de boa
administração, os princípios de justiça e de eqüida de, a idéia comum
de honestidade, estará havendo uma ofensa ao princí pio da
moralidade administrativa" (ob. cit. p. 71).
Como se vê o réu, ao inobservou as regras
constitucionais, malferiu os princípios de legalidade e moralidade
administrativa, merecendo, pois, as sanções pertinentes.
Finalmente, infringiu o princípio da eficiência, que na
avaliação de ALEXANDRE DE MORAIS1 :
“ O administrador público precisa ser eficiente , ou seja,
deve ser aquele que produz o efeito desejado, que d á bom resultado,
exercendo suas atividades sob o manto da igualdade de todos
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__________________ AÇÃO CIVIL PÚBLICA N ° 110 ___________________ pág. 28
perante a lei, velando pela objetividade e imparcia lidade.
Assim, o princípio da eficiência é aquele que impõe à
Administração Pública direta e indireta e a seus ag entes a
persecução do bem comum, por meio do exercício de s uas
competências de forma imparcial, neutra, transparen te, participativa,
eficaz, sem burocracia e sempre em busca da qualida de, primando
pela adoção dos critérios legais e morais necessári os para a melhor
utilização possível dos recursos públicos, de manei ra a evitar-se
desperdícios e garantir-se uma maior rentabilidade social. Note-se
que não se trata da consagração da tecnologia, muit o pelo contrário,
o princípio da eficiência dirige-se para a razão e fim maior do Estado,
a prestação dos serviços essenciais à população, vi sando a adoção
de todos os meios legais e morais possíveis para sa tisfação do bem
comum. ”
Resta claro e evidente a ocorrência de ato atentatório aos
princípios da legalidade, moralidade e eficiência, praticado pela réu, em face
do que dispõe a legislação pertinente (Lei Federal 8.429/92), bem como
violando os deveres de honestidade e lealdade a instituição Município de
Maringá, notadamente praticando ato visando fim proibido em lei e/ou diverso
daquele previsto na regra de competência, considerados atos de improbidade
administrativa.
Dentre os deveres do servidor público, ressai o dever de
probidade, que segundo Hely Lopes Meirelles "está constitucionalmente
integrado na conduta do administrador público, como elemento necessário à
legitimidade de seus atos" (ob. cit. p. 91)
Discorrendo sobre o dever de probidade, DÍOGENES
1 Direito Constitucional, 6ª ed., Atlas, 1999, p. 297-8.
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__________________ AÇÃO CIVIL PÚBLICA N ° 110 ___________________ pág. 29
GASPARINI pondera que:
"Esse dever impõe ao agente público o desempenho de
suas atribuições sob pautas que indicam atitudes re tas, leais, justas,
honestas, notas marcantes da integridade do caráter do homem. É
nesse sentido, do reto, do leal, do justo e do hone sto que deve
orientar o desempenho do cargo, função ou emprego junto ao Estado
ou entidade por ele criada, sob pena de ilegitimida de de suas ações
(ob. cit. p. 51).
Na lição do insigne administrativista,
"os atos de improbidade praticados por qualquer ag ente
público, servidor ou não, contra a Administração di reta, indireta ou
fundacional de qualquer dos poderes da União, dos E stados, do
Distrito Federal, dos Municípios, de empresa incorp orada ao
patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o
erário haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimônio
ou receita anual, serão punidos com base na Lei fed eral n° 8.429/92"
(ob. cit. p. 7).
No pertinente ao réu Anísio Monteschio, em face da
disposição do art. 134 e 135 do CTN, bem como das disposições do art. 5º da
Lei Federal n. 8.429/92, esta última assim prevê:
“Art. 5 º Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou
omissão, dolosa ou culposa, do agente ou terceiro, dar-se-á o integral
ressarcimento do dano.”
Como se sabe a lesão ao patrimônio público é
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__________________ AÇÃO CIVIL PÚBLICA N ° 110 ___________________ pág. 30
imprescritível. A Constituição Federal, em seu art. 37, parágrafo 5º assim
prevê:
“Art. 37. (...)
Parág. 5 º. A lei estabelecerá os prazos de prescrições para
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor o u não, que causem
prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas açõ es de
ressarcimento.”
Ademais é válido a disposição do Código Civil que
disciplina que:
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntár ia,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. ”
_____________________3. DO PEDIDO ATINENTE A ESPÉCIE:
Tendo o réu Anísio Monteschio Junior incorrido nos atos
de improbidade administrativa previstos nos artigos 9º, “caput” incisos VII e XI;
10 caput e 11 “caput”, inciso I, da Lei 8.429/92, sujeita-se à aplicação das
sanções previstas no artigo 12 da multifalada lei, cujo teor é o seguinte:
“ Art. 12. Independentemente das sanções penais, civi s e
administrativas, previstas na legislação específica , está o
responsável pelo ato de improbidade administrativa sujeito às
seguintes cominações:
I - na hipótese de art. 9 º, perda dos bens ou valores
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__________________ AÇÃO CIVIL PÚBLICA N ° 110 ___________________ pág. 31
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarciment o integral do
dano, quando houver, perda da função pública, suspe nsão dos
direitos políticos de 8 a 10 anos, pagamento de mul ta civil de até três
vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com
o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direita ou indiretamente, ainda que po r intermédio de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pel o prazo de 10 anos
II - na hipótese de art. 10, ressarcimento integral do dano,
perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente a o patrimônio, se
concorrer esta circunstância, perda da função públi ca, suspensão
dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagame nto de multa civil
de até duas vezes o valor do dano e proibição de co ntratar com o
poder público ou receber benefícios ou incentivos f iscais ou
creditícios, direita ou indiretamente, ainda que po r intermédio de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pel o prazo de cinco
anos
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integra l do dano,
se houver, perda da função pública, suspensão dos d ireitos políticos
de 3 (três) a 5 (cinco) anos, pagamento de multa ci vil de até 100 (cem
vezes) o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de
contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ai nda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio ma joritário, pelo
prazo de 3 (três) anos.
A aplicação das medidas preconizadas na lei se impõe. A
punição do agente público que viola deliberadamente os princípios basilares da
Administração Pública é absolutamente necessária e exemplar, ainda mais em
um momento que se busca o resgate da seriedade com o trato da coisa
pública, em que se objetiva a probidade no serviço público e a
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responsabilização dos funcionários descumpridores de seus deveres.
Como diria Leonardo da Vinci:
"Quem não pune o crime está
ordenando que se o cometa".
Demais disso, segundo o preceito contido no artigo 21,
inciso I, da Lei 8429/92, a aplicação das sanções previstas nesta Lei
independe da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público.
Basta, para tanto, a existência de DANO MORAL , de
ofensa aos PRINCÍPIOS constitucionais da ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
__________________ 4. DOS REQUERIMENTOS PRELIMINARES :
O Órgão do MINISTÉRIO PÚBLICO em face dos fatos
acima articulados requer, PRELIMINARMENTE:
4.1. seja oficiado o Presidente da Câmara Municipal da
cidade de Paiçandu, para que remeta:
- a relação das remunerações mensais percebidas pelo
réu Anísio Monsteschio Junior no período de 1997/2000 e 2001/2004, para o
fim de em sendo procedente a presente demanda, possibilitar o Juízo aplicar a
cominação prevista no art. 12, III, da Lei 8429/92;
- certidão do período em que o réu Anísio Monteschio
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__________________ AÇÃO CIVIL PÚBLICA N ° 110 ___________________ pág. 33
Junior foi vereador da referida municipalidade;
4.2. seja oficiado o Cartório Monteschio, para que remeta
a relação dos valores mensais percebido pelo réu Anísio Monsteschio Junior,
no período de 1997/2005;
4.3. seja notificado o MUNICÍPIO DE PAIÇANDU para,
nos termos do art. 17, § 3º, da Lei 8.429/92, na condição de pessoa jurídica
interessada, integrar a lide.
4.4. seja concedida "inaudita alterae pars" a
INDISPONIBILIDADE DOS BENS abaixo discriminados, de propriedade dos
réus ANÍSIO MONTESCHIO E ANÍSIO MONTESCHIO JUNIOR, eis que os
fatos acima e exaustivamente narrados, demonstram à saciedade que os
referidos réus, são responsáveis pelo não recolhimento dos valores de ITBIs
aos cofres do Município de Paiçandu, resultantes das escrituras públicas
lavradas no tabelionato Monteschio da cidade de Paiçandu, conduta que
causou prejuízo ao erário municipal na ordem de R$ 524.629,41 (quinhentos e
vinte quatro mil, seiscentos vinte nove reais e quarenta um centavos),
devidamente corrigida até julho de 2005, ou outro valor que se apurar no
decorrer desta demanda e/ou através de liquidação de sentença, e, finalmente,
pelo cometimento de atos de improbidade administrativa tanto por
enriquecimento ilícito, lesão ao erário e violação dos princípios da
Administração Pública (Art. 9º, 10 e 11, todos da Lei Federal 8429/92), por
parte do réu ANÍSIO MONTESCIO JUNIOR.
Daí, Excelência, decorre-se a razão do autor, com
atribuições de defesa do PATRIMÔNIO PÚBLICO, valer da presente ação para
invocar a prestação jurisdicional liminar.
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A indisponibilidade dos bens solicitada é necessária e tem
amparo no art. 7o e parágrafo único da Lei 8429/92, que visa assegurar a
futura execução de sentença na forma requerida no item seguinte.
A disposição mencionada consigna que:
"Art. 7 o. Quando o ato de improbidade causar lesão ao
patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícit o, caberá à
autoridade administrativa responsável pelo inquérit o representar ao
Ministério Público, para a indisponibilidade dos be ns do indiciado."
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refer e o
"caput" deste artigo recairá sobre bens que assegur em o integral
ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimo nial resultante
do enriquecimento ilícito."
Comentando a disposição citada, MARCELO
FIGUEIREDO assegura que:
"A disposição constante do art. 7º tem nítida feição
acautelatória, autoriza a indisponibilidade dos ben s do
indiciado.
A indisponibilidade é medida de cunho emergencial e
transitório. Sem dúvida, com ela, procura a lei ass egurar
condições para a garantia do futuro ressarcimento c ivil. O
dispositivo não exige prova cabal (muita vez inexis tente nessa
fase, como é de se supor), mas razoáveis elementos
configuradores da lesão, por isso a redação legal 'quando o ato
de improbidade causar lesão ao patrimônio'. Exige-s e, portanto,
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__________________ AÇÃO CIVIL PÚBLICA N ° 110 ___________________ pág. 35
s. m. j, não uma prova definitiva da lesão (já que estamos no
terreno preparatório), mas, ao contrário, razoáveis provas para
que o pedido de indisponibilidade tenha trânsito e seja
deferido." (“in” PROBIDADE ADMINISTRATIVA - Comentários à Lei
n° 8.429/92 e Legislação Complementar : São Paulo, Malheiros,
1995, p. 33-34).
O egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná,2
analisando fatos similares e em sede de Agravo de Instrumento entendeu que:
"AÇÃO CIVIL PÚBLICA - LIMINAR TORNANDO
INDISPONÍVEIS OS BENS DOS AGENTES PÚBLICOS - IMPUTA ÇÃO
DE ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, PREVISTO NO A RTIGO
10, XI, DA LEI 8.429/92 - TIPO LEGAL QUE, POR DEFIN IÇÃO
LEGISLATIVA, INCLUI-SE ENTRE OS QUE 'CAUSAM PREJUÍZ O AO
ERÁRIO' - MEDIDA DE GARANTIA QUE SE IMPÕE EM FAVOR DA
PESSOA JURÍDICA AFETADA, POR FORÇA DOS ARTIGOS 5 o E 7o
DA LEI MENCIONADA - 'PERICULUM IN MORA' E DO 'FUMU S BONI
IURIS' CONFIGURADOS - AGRAVO DE INSTRUMENTO NÃO PRO VIDO
- RECURSO IMPROCEDENTE.
'A liberação da verba pública sem estrita observânc ia das
normas pertinentes, previstas no art. 10,XI, da Lei no 8.429/92,
enquadra-se, pela própria lei, entre os atos de imp robidade
administrativa que causa prejuízo ao erário.
2 Acórdão no 11.228, julgamento unânime da 4a Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado
do Paraná, proferido no Agravo de Instrumento no 44900-3, oriundo da Comarca de Sertanópolis, Vara Única. Julgado em 13 de março de 1996 - Relator Juiz Airvaldo Stela Alves.
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__________________ AÇÃO CIVIL PÚBLICA N ° 110 ___________________ pág. 36
Ocorrendo, por disposição legal, lesão ao patrimôni o
público, por quebra do dever de probidade administr ativa, culposa ou
dolosa, impõe-se ao Juiz, a requerimento do Ministé rio Público,
providenciar medidas de garantia, adequadas e efica zes, para o
integral ressarcimento do dano em favor da pessoa j urídica afetada,
entre as quais se inclui a indisponibilidade de ben s dos agentes
públicos.
Para a concessão da liminar, nas ações movidas cont ra os
agentes públicos, por atos de improbidade administr ativa, com
fundamento nos casos mencionados nos artigos 9º e 1 0 da Lei
8.429/92, basta que o direito invocado seja plausív el, ('fumus boni
iuris'), porque a probabilidade do prejuízo ('peric ulum in mora') já
vem previsto na própria legislação incidente"
Portanto, requer seja deferido a indisponibilidade dos
bens dos réus abaixo nominados, LIMINARMENTE, consignando-se registro
e/ou averbação em todas as matrículas dos imóveis nos Cartórios competentes
dos Registros Imobiliários desta ou de outras cidades e Comarca, e também
junto ao DETRAN - PR a saber:
4.4.1. CINQÜENTA POR CENTO DAS PROPRIEDADES
IMÓVEIS DE ANISIO MONTESCHIO JUNIOR (POR SER CASADO):
� Data de terras sob n. 22, da quadra nº 31, com área de
250,04 metros quadrados, situada no Jardim Santa Luzia, da cidade
de Paiçandu, desta Comarca, com limites e confrontações descrita
na matrícula n. 10.233 do 1º CRI desta Comarca (doc. anexo);
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__________________ AÇÃO CIVIL PÚBLICA N ° 110 ___________________ pág. 37
� Parte Ideal data de terras sob n. 25, da quadra nº. 09,
com área de 2220,05 metros quadrados, situada no Parque
Industrial e Residencial Bela Vista, da cidade de Paiçandu, desta
Comarca, com limites e confrontações descrita na matrícula nº.
71.437 do 1º CRI desta Comarca (doc. anexo);
� Lote de terras sob nº 135, remanescente, com área de
terras de 29.954,41 metros quadrados, situada na Gleba Patrimônio
Paiçandu, da cidade de Paiçandu, desta Comarca, com limites e
confrontações descrita na matrícula nº. 66.170 do 1º CRI desta
Comarca (doc. anexo);
� Data de terras sob nº. 04, da quadra nº. 05, com área
de 250,02 metros quadrados, situada no Jardim Brasília, da cidade
de Paiçandu, desta Comarca, com limites e confrontações descrita
na matrícula nº. 28.929 do 1º CRI desta Comarca (doc. anexo);
� Parte ideal da data de terras sob nº. 11, da quadra nº.
20, com área de 257,64 metros quadrados, situada no Jardim Nova
Alvorada, 3ª Parte, da cidade de Paiçandu, desta Comarca, com
limites e confrontações descrita na matrícula nº. 11.131 do 1º CRI
desta Comarca (doc. anexo).
4.4.1. CINQUENTA POR CENTO (50%) DAS
PROPRIEDADES IMÓBILIÁRIAS DO RÉU ANÍSIO MONTESCHIO (POR
SER CASADO):
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__________________ AÇÃO CIVIL PÚBLICA N ° 110 ___________________ pág. 38
� Data de terras nº. 20, da quadra 06, da planta urbana
da cidade de Paiçandu, com 443,60 metros quadrados, com as
divisas e confrontações descritas na matrícula na transcrição nº.
9.806, do livro 3-J, fls. 128 do 1º CRI desta Comarca (doc. anexo);
� Data de terras nº. 18 e 19, da quadra 06, da planta
urbana da cidade de Paiçandu, com 1.054,35 metros quadrados,
com as divisas e confrontações descritas na transcrição nº. 6983, do
livro 3-H, fls. 08, do 1º CRI desta Comarca (doc. anexo);
� Data de terras sob nº. 01, da quadra nº. 06, com área
de 580,00 metros quadrados, situada na cidade de Paiçandu, desta
Comarca, com limites e confrontações descrita na matrícula nº
20.542 do 1º CRI desta Comarca (doc. anexo);
� Data de terras nº 288-B, parte do lote 288, com área de
3.347,16, situado na Gleba Patrimônio Paiçandu, com as divisas e
confrontações descritas na matrícula nº 13.944, do 1º CRI desta
Comarca (doc. anexo);
� Data de terras nº 02, da quadra 06, com área de
468,75, metros quadrados, da planta urbana da cidade de Paiçandu,
com as divisas e confrontações descritas na matrícula 24.441, do 1º
CRI desta Comarca (doc. anexo);
Ademais, sabe-se que ações desta natureza, em razão
da formulação dos pedidos abaixo e da qualidade das partes envolvidas,
certamente arrastarão ao longo dos anos, não só pela formalidade processual
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__________________ AÇÃO CIVIL PÚBLICA N ° 110 ___________________ pág. 39
a seguir, mas pela ultimação de recursos interpostos pelas partes, o que
acarretaria prejuízos irreparáveis ao erário público, caso não fosse concedida a
medida pleiteada.
Sabe-se, também, que em razão dos fatos os réus
certamente promoverão a retirada dos bens de seus nomes para que não
sejam alcançados pela presente ação e medida, sendo mais uma das razões
que se pede a tutela cautelar.
Portanto, presente os pressupostos do "periculum in
mora" e o "fumus boni iuri" (art. 4º da Lei 7.347/85), para a concessão da
medida, que, se deferida, urgentemente seja expedido os competentes
mandados, inclusive a viabilidade da via fax-símile.
_________________ 5. DOS REQUERIMENTOS FINAIS:
Diante do exposto, o Órgão do MINISTÉRIO PÚBLICO
DO ESTADO DO PARANÁ, com base nas disposições legais apontadas,
requer seja a presente ação autuada e em seguida ordenando a notificação do
réu ANÍSIO MONTESCHIO JUNIOR, preambularmente qualificados e
endereçados para, no prazo legal, querendo, oferecer sua manifestação escrita
a respeito dos fatos articulados na presente ação (art. 17, § 7° da Lei 8429/92)
e posteriormente recebida a presente atendendo-se os pleitos abaixo
especificados:
5.1. PELA CONDUTA QUE CAUSOU ENRIQUECIMENTO
ILÍCITO, PREVISTO NO ART. 9 º “CAPUT” E INCISOS VII E XI C.C ART. 12, INCISO
II, AMBOS DA LEI FEDERAL N° 8.429/92:
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__________________ AÇÃO CIVIL PÚBLICA N ° 110 ___________________ pág. 40
________________5.1.1. seja julgada procedente a presente Ação civil
Pública para reconhecer o cometimento do ato de improbidade administrativa,
previsto no art. 9º “caput” e incisos VII e XI, da Lei 8429/92, por parte do réu
ANÍSIO MONTESCHIO JUNIOR, anteriormente qualificado e endereçado, na
medida em que enriqueceu ilicitamente caracterizado pelo registro de valores
em suas contas bancárias conforme acima mencionado, eis que auferidos
indevidamente em razão da sua condição de funcionário público, sabendo que
eram para pagamento de ITBIs junto ao Município de Paiçandu, notadamente
porque se tratavam de valores desproporcionais a evolução do patrimônio e
renda e, finalmente por incorporar ao seu patrimônio valores do acervo
patrimonial da referida municipalidade, a ser apurado em liquidação de
sentença ou no decorrer da presente demanda, previsto no art. 9º “caput” e
incisos VII e XI, da Lei Federal n. 8.429/92 e de conseqüência condenando-os
às sanções previstas no art. 12, inciso I, da aludida Lei, a saber:
a) - perda dos bens e valores acrescidos ilicitamente ao
seu patrimônio, a ser apurado em liquidação de sentença ou no
decorrer da presente demanda;
b) perda da função pública, se ainda estiver exercendo;
c) - suspensão dos direitos políticos pelo prazo de dez
anos;
d) - pagamento da multa civil de até três vezes o valor do
acréscimo patrimonial;
e) - proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefício ou incentivo fiscal ou creditício, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos.
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__________________ AÇÃO CIVIL PÚBLICA N ° 110 ___________________ pág. 41
5.2. - PELA CONDUTA QUE CAUSOU LESÃO AO ERÁRIO
PÚBLICO MUNICIPAL DE MARINGÁ PREVISTO NO ART. 10 “C APUT” C.C ART.
12, INCISO II, AMBOS DA LEI FEDERAL N° 8.429/92:
___________________5.2.1. Em não sendo conhecido o pedido
anteriormente formulado em desfavor do réu ANÍSIO MONTESCHIO JUNIOR
(ou seja, a condenação do réu pelo cometimento do ato de improbidade
administrativa previsto no art. 9º, “caput” e incisos VII e XI, c.c, artigo 12, I,
todos da Lei 8.429/92) o que não se acredita, em ordem sucessiva (art. 289 do
CPC), seja julgada procedente a presente Ação civil Pública para reconhecer o
cometimento do ato de improbidade administrativa, previsto no art. 10 “caput”
e inciso X, da Lei 8429/92, por parte do réu ANÍSIO MONTESCHIO JUNIOR,
anteriormente qualificados e endereçados, eis que por ação dolosa e/ou
culposa, na medida em que em não recolhendo os valores a título de ITBI, ao
Município de Paiçandu, por força das escrituras públicas, lavradas no Cartório
Monteschio, no período acima mencionado, identificadas pela auditoria (fls.),
causou lesão ao erário público, na ordem de R$ 524.629,41 (quinhentos e
vinte quatro mil, seiscentos vinte nove reais e quarenta um centavos),
devidamente corrigida até julho de 2005, notadamente agindo negligentemente
na arrecadação do referido tributo ao Município, consoante se vê pelas
disposições do art. 10, “caput” e inciso X, da Lei Federal n. 8.42/92 e de
conseqüência condenando-o às sanções previstas no art. 12, inciso II, da Lei
8429/92, a saber:
a) - perda da função pública, se ainda estiver exercendo:
b) - suspensão dos direitos políticos pelo prazo de oito
anos;
c) - pagamento da multa civil de até duas vezes o valor do
dano;
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__________________ AÇÃO CIVIL PÚBLICA N ° 110 ___________________ pág. 42
d) - proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefício ou incentivo fiscal ou creditício, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
seja sócio majoritário, pelo prazo de 05 anos.
e) solidariamente com Anísio Monteschio ao
ressarcimento integral do dano na ordem de R$ 524.629,41
(quinhentos e vinte quatro mil, seiscentos vinte nove reais e
quarenta um centavos), devidamente corrigida até julho de 2005, ou
outro valor que se apurar no decorrer da demanda e/ou em
liquidação de sentença, acrescidos de juros e correção monetária.
5.3. - PELAS CONDUTAS QUE MALFERIRAM OS
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E VIOLARAM OS
DEVERES DE HONESTIDADE, LEGALIDADE, LEALDADE A
INSTITUIÇÃO MUNICÍPIO DE PAIÇANDU, NOTADAMENTE PELA
PRÁTICA DE ATO VISANDO FIM PROIBIDO EM LEI PREVISTO NO
ART. 11, INCISO I C/C ART. 12, INCISO III, AMBOS DA LEI 8429/92:
_______________ 5.3.1 - Em não sendo conhecidos os pedidos anteriormente
formulados em desfavor dos réus (ou seja, a condenação da réus pelo
cometimento do ato de improbidade administrativa previstos art. 9º, “caput” e
incisos VII e XI. 10 “caput” e inciso X, c.c, artigo 12, I e II, todos da Lei
8.429/92) o que não se acredita, em ordem sucessiva (art. 289 do CPC), seja,
então, com as observações acima mencionadas, julgada procedente a
presente ação civil pública, para em reconhecendo as irregularidades e
ilegalidades acima e anteriormente narradas, seja, o referido réu condenado
pelas condutas que malferiram os princípios da Administração Pública (art. 37,
"caput" da CF), bem como pela violação dos deveres de honestidade,
legalidade e lealdade à Instituição Município de Paiçandu, notadamente, pela
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prática de ato visando fim proibido em lei, condenando-os as sanções do art.
12, inciso III, da mesma Lei 8429/92.
a) - perda da função pública, se ainda estiver exercendo:
b) - suspensão dos direitos políticos pelo prazo de 03
anos;
c) - pagamento da multa civil de até 100 vezes o valor da
remuneração percebida;
d) - proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
seja sócio majoritários, pelo prazo de 05 anos
e) – solidariamente com Anísio Monteschio ao
ressarcimento integral do dano na ordem de R$ 524.629,41
(quinhentos e vinte quatro mil, seiscentos vinte nove reais e
quarenta um centavos), devidamente corrigida até julho de 2005, ou
outro valor que se apurar no decorrer da demanda e/ou em
liquidação de sentença, acrescidos de juros e correção monetária.
5.4. – PELA CONDUTA SOLIDÁRIA DE ANÍSIO
MONTESCHIO DE RESSARCIMENTO DO VALOR INTEGRAL DO DA NO
AO MUNICÍPIO DE PAIÇANDU, PREVISTO NO ART. 5 º DA LEI 8429/92:
_________________Seja julgada procedente a presente ação civil pública,
para em reconhecendo as irregularidades e ilegalidades acima e anteriormente
narradas, cometidas pelo réu ANÍSIO MONTESCHIO, ou seja, na qualidade de
titular da serventia denominado “Cartório Monteschio”, olvidou as cautelas
necessárias no exercício da delegação estatal quando elegeu mau o seu
preposto Anísio Monteschio Junior (culpa in iligendo) e não manteve a
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necessária e constante supervisão na rotina de recolhimentos dos valores
devidos ao erário municipal (culpa in vigilando), o que lhe era exigível, posto
que, além de responsável tributário (art. 134, VI, do CTN), com sua incúria,
lesou os adquirentes que confiaram no seu Cartório e nos seus serviços ao lhe
entregarem o dinheiro necessário para a quitação do ITBI e que nunca foi
recolhido na Secretaria Municipal de Fazenda, como esperado (art. 5º, da Lei
Federal n. 8429/92), condenando-lhe a ressarcir os valores de R$ 524.629,41
(quinhentos e vinte quatro mil, seiscentos vinte nove reais e quarenta um
centavos), devidamente corrigida até julho de 2005, ou outro valor que se
apurar no decorrer da demanda e/ou em liquidação de sentença, mas corrigida
monetariamente, obrigação essa solidaria com o réu Anísio Monteschio Junior.
_________________5.5. Requer-se, outrossim:
5.5.1. a citação dos réus preambularmente qualificados e
endereçados, para, querendo, contestarem os termos da presente, sob pena
de revelia;
5.5.2. a produção de todos os tipos de provas em direito
admitidas, testemunhal, documental e pericial, esta última, se necessária, bem
como a juntada de documentos superveniente, na medida do contraditório;
5.5.3. requer seja tomado o depoimento pessoal dos réus;
5.5.4. a condenação dos réus nos ônus da sucumbência,
inclusive custas processuais;
5.5.5. a concessão de Justiça Gratuita;
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5.5.6. Requer mais, seja o titular da Promotoria de Defesa
do Patrimônio Publico junto a esta Comarca, intimado pessoalmente para
todos os atos e audiências a serem realizados no trâmite da presente ação.
Dá-se à causa, para fins de alçada, o valor de R$
524.629,41 (quinhentos e vinte quatro mil, seiscentos vinte nove reais e
quarenta um centavos), devidamente corrigida até julho de 2005.
Termos em que, com os inclusos documentos,
Pede e Espera Deferimento.
MARINGÁ-PR, 04 de agosto de 2.005.
José Aparecido da Cruz Maurício Kalache Promotor de Justiça Promotor de Justiça
DOCUMENTOS ANEXOS:
• INQUÉRITO CIVIL PÚBLICO N° 03/2005 (com seis volumes e cinqüenta anexos).