academia brasileira de letras encontro de … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral...

89
ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE UNIFICAÇAO ORTOGRAFICA DA LÍNGUA PORTUGUESA Rio de Janeiro, 6 a 12 de maio de 1986

Upload: lamtruc

Post on 13-Dec-2018

246 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS

ENCONTRO DE UNIFICAÇAO

ORTOGRAFICA DA LÍNGUA

PORTUGUESA

Rio de Janeiro, 6 a 12 de maio de 1986

Page 2: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

EHCONTRO DE UNi l." ICAÇÃO ORTOGRÁFICA DA LiHGiJA J'OctTUGU E3A, HO RIO DE J AHEIRO, HA ACADE'.-riA BRASILEIRA DE LETRAS, DE

6 A 12 DE MAIO DE 1986

COHTEÚDO'

1 ) Carta do Presidente da Acaàe ,tia Brasileira de Letras a) ao l'rTini u tro t1 e Estado d:3.s Re18Ç Ões Ex ter i ores u) no T.i i nistro t1e Esté:!do da Educação c) ao T.1irüstro de Estado da Cultura

) , ,

2 !1e1ator i o elo Secretario-Geral do Encontro

fl..n ex o 1: Comunicado final do Encontro ,

ern versa o ortogra-fica brasileira

Anexo 2: Comunicaà.o fina,l do Encontro - , -em versa o ortogra-

fica jJortutsuesa final

, Anex o 3: Comunicado do Encontro em versa o ortoe;ra-

ficn proposta - Anex o 4: "Bases ua ortoBrafia simplificada acord:1das e~

1945, renegociadas e!D. 1975 e consolidadas em 1~86" ,

_•'\.nexo 4A: copia fac-similar das "Bases" acima referidas, autenticadas pelos chefes de delegações e por , deleeadoa, como texto _que faça fe

~~exo 5: sobre a criação do Conselho Internacional da , Lineua Portuguesa, com o projeto proposto pela cleleeação de Portugal

fJ1exo 6: moção sobre o estudo da l{neua latina

A~1 exo 7: moção sobre Guiné-Bis sau e bons of{cios do dele­eauo de Cabo Verde

~~exo 8: moç ão sobre os obser~a~ores da Gàliza e da Uni­iio r ,a tina

Anexo 9: f a c- s i mile de mensagem do Ministro interino das Relaç õe s Ext eriores sobre textos diplomáticos " -a sessao de encerramento do Encontro

3) Anex ar 10: T .~ensa~ern do Pre sdiente da Acadernia Bra sileira d e Le t ra s, acadê:nico Austregésilo de Athayde, . ,

obre a revlst a Heptalogo

4) Anex o J 1: l.i ensage:n do Fresi d ente da RepÚblica l" edera t i v a , elo Bre1si 1, doutor Jose Sa rney, aos d el eea llos ao E!1con tro, ao ensejo da s essão de enc er r a "'1 en to

, ·.

Page 3: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

-

Rio de Janeiro , 24 de maio de 1986

Excelentíssimo Senhor ' Doutor Roberto de Abreu Sodré

Ministro de Estado das Relações Exteriores

Ministério das Relações Exteriores

BrasÍlia - DF

Senhor Ministro de Estado

O Encontro de Unificação Ortográfica da Língua Portuguesa, que

transcorreu na sede da Academia Brasileira de Letras de 6 a 12 de

maio findante, com a presença de delegados de Angola , Cabo Verde, Mo

çambique , Portugal , .São Tomé e Príncipe , e Brasil , terminou com a

consecuç ão do seu objetivo primacial - a unanimidade na recomendação

de que os paÍses de língua oficial portuguesa adotassem as bases ne ­

le aprovadas para a unificação da ortografia em âmbito universalista ,

graças a uma legislação nacional em cada um dos sete paÍses em tudo

igual à dos seis outros paÍses.

2 . Tenho a honra, deste modo , de remeter a Vossa Excelência , em

an exo, o relatÓrio a mim dirigido pelo acadêmico AntÔnio Houaiss , a

quem couberam ,. os en cargos de secretário-geral do Encontro e negocia

dor da posição brasile ira.

3. Ressalt o a importância que reveste certas partes prospectivas

desse relatÓrio , como sugestão para a mensagem e r espect ivo proj eto

de lei que o Executivo deverá - como se propÔs pela voz do prÓprio

Senhor Presidente da RepÚblica - enviar ao Leg islativo. A idéia sub

jacente é que , se aprovada na brevidade possÍvel a legislação em

ausa , a editoração brasileira disporá de tempo suficiente para a­

daptar-se a ela , visto que esta vigerá a partir de lº de janeiro de

1988 , oferecendo , assim , perÍodo de graça para que o trânsit o se fa ' . "" . . ça com o r:ilnlmo de onus soe 1.a2s e rn.a teriais . De outro lado , a san-

çao brasile ira estimulará a dos paÍse s irr~ãos em lÍngua , de rr..odo

que seja preservada a-garantia de coEc omitância na vigência futura

da lei .

Page 4: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

' 4 . Escusa dizer a Vossa Exce lência que a Academi a Brasileira de

Let r a s vê tamb ém com alto inter e sse a per spect iva de que o Bras i l

aprov e a criação do Conselho Internac ional da LÍngua Portuguesa ,

par a o qu a l é também ofer ec ida , no r e latór i o, uma suge stão de pro­

jeto de l e i .

Aproveito a oportunidade para r enovar a Vossa Excelênc ia , Se

nhor Ministro de Est a do , os protestos da minha mai s alt a estima e

distinta consideração . I

___./ ._l~_ - ~ -- ·----.. .'- ·-. Austregésilo de Athayde

Presidente

Page 5: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

Rio Je J aneir·), 23 de maio de 1986

Ex c e len t{s si•no Senhor Acddê·nico Auétreg~silo de Athayde Presilente da Acade~ia Brasileira de Letras E:n mão

Sen~wr Presidente,

Tenho a h •.>nra de submeter à consideração de Vossa

F.xcelência o reL.1tÓrio do Encontro de Unificação Ortográ­

fic~ da L{ngu~ Portueuesa, realizado de 6 a 12 de maio fin­

dwlte, na seJe da Acade~ia Brasileira de Letras, con a pre­

seuça das delee;ações de An~ola, Cabo Verde, Moçambique, P~· .... T , p , . tugal, Sao orne e r1nc1pe, e Brasil - a convite do Governo

brasileiro e sob o patrocÍnio dos Minist~rios das Relaç5ea

&~teriores, da Educação e da Cultura.

2. As deleeações - A ausência da delegação de Guin~-Bis-

sau Jerivou de força maior, conexa com atraso nos meios de

tr.:.msporte, vi ~~to que o Governo daq Ltele pa{s não sÓ aceitou - , o convite, senao flUe tarnbem nomeou seu :representante na

pessoa do i:lrofe ~>sor Paulo Pereira.

2.1 ~ delegada de Angola foi a professora Maria Lu!sa

Dolbetl1 e Costa; o Jeleg~do de Cabo Verde, o embàixador

0orsino An tôn.io Fortes, tendo eo•no co-deleea do o pro fes-

::;or ··'anuel 7eie;a; o delee; ·.d.o de "Joç ur!tbir1ue, o profes:;or

, 1 d .... 'n' · LLü s :!'i li l'e Pereira, e o de egudo e 3ao T·)me e r r1nc1 pe,

o escritor Albertina Ho:ae 11 d•JD :Janlo<1 '3equelra Dru.::; ~tnça.

A delegaç~o de F J rtugal foi inteerada pelo professor lia­

nuel Jacirito !:une::;, chefe, presidente d~ Academia das

Ci0nci ;.L:; de Lisbo ll, o professor LuÍs Filir'e Lindley Cin­

tra, voz da deleeaç5o, o professor Jo~o Malaca Castelei-. , - , ro, voz suvlente e responsavel ,elas questoes tecnicas,

. a fH'ofe :> sora T-.iuri3. de Lourdes Belchior Ponte8, a profen-

sora ~·aria íie J ena da .Rocha Pereira, o professor Arn~rico

C.)S t •J Ramalho, o p-rofessor Fernar:.do Alves CristÓvão e o

dou Lor · ·!Úrio f1uartin Graça. A delegação do Brasil foi

in r.et:,r:lda :pelo acadêmico Aus tregésilo de Athayde, chefe ·,

Page 6: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

presidente da Academia Brasileira de Letras, pelo embaixJ­

dor José Olympio Ra'che de Almeida, pelo signatário, pelo

professor Francisco de Assis Balthar Peixoto de Vasconce­

los, professor Adriano da Gama Kury, acadêmico Abgar Re­

naul t, acadê;n.ico José HonÓrio Rodrigues, acadêmico Eduar­

do Portella e professor Celso Ferreira da Cunha. loTo ti v o .. ;

de -..rária na tu.rez<..t fizeram que sÓ Vossa Excelência, o em-,.. . , , .

bél i xador Rache de Almeida e o acade:m. co Jose IIonor1o R o-, , '

drigues , alem do sienato.rio, pude asern comparecer a s ses-

sões solenes e de trabalho do Encor1tro.

2.2 O TTi!listério d .JS Relações E-..{teriores designo u o chP. ­

fe do EscritÓrio Regional do Rio de Janeiro ( ~rerio) , em­

baixador LaelSàares, e o secretário José Carlos de AraÚjo

Leitio, para darem assiétência ao signat~rio, na qualidade

de secretário-eeral do Encontro, o que igualmente foi fei~

to pelo Ministério da Educaçio, nas pessoas do professor

Aurélio Wander Chaves Bastos, doutor José Humberto l'.Tencles ,

Barbisa e jornaligta Paulo Jorge Buarque, e pelo Ministerio

da Cultura, nas pessoas do acadêrrico Américo Jacobina La­

cornbe e professor Mário Camarinha da Silva. Escusa dizer

que sem o zelo e competência dos colaboradores aci rna norae­

ados o Encontro nio teria logrado o bom êxito que conse~niu.

2.3 Permito-me pÔr e·n relevo a presença do f,"1nistro inte­

rino Jas Relações Exteriores, embaixador Paulo Tarso Flecha

de Lima, na sessã ~ ) inaugural, ouj a alocução foi ex tremurnen­

te pertinente à natureza do :Encontro.

3. Os convites- Fique registrado, com efeito, que os

resultados do evento foram previs{veis, graças à circuns­

tância de que as delegações estrangeiras foram muito bem

informadas dos objetivos que colimava o !:ncontro. Q sig­

natário, por delegação do Governo brasileiro, teve a opor-.... , .

t •. 1rüdade de levu r·, pessoalmente, a docu aentaçao neces ~1<.1 r1a

aos debates a Angola, em Luanda, a 1'i!oçambiqu.e, ern 1'1!aputo,

a Cabo Verde, na Pr~ia , e a Por~ugàl , em Lisboa, havendo

na Última capital citada tido entendimentos com os repre-, , ,., , , .

sentantes diplomaticos de Guine-Bissau e Sao Tome e Pr1n-

Page 7: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

cipe, visto lhe ter sido imposs{vel i~ a esses pa{ses, pe­

l o tempo escasso d e que dispunha.

4. Trans curso dos trabalhos - Os trabalhos do Encontro

transcorreram en clima de absoluta harmonia, pela aceitaçio

de dois princ{pios: reconheceu-se que a l{ngua portugues a

t inha esta tu to Jc l{ngua de cultura, não p adendo, ipso .f:..t.cto,

exi s tir c o ~o t ul aob o pressuposto de que havia apenas dois

f ocos ortoé1Ji c os e orto:t:ôni c os da l{ngua, a saber, o ei ~-::1

Lisboa-Coimbra, de u•n lado, e o Rio de Janeiro, de ou t ro,

p ressupo s to que · subjazia nas negociüçÕes de 1943 e quere-,

dundaram em malogro de que a l1ne;ua pagava o preç o, corn ter , .

duas ortoerafias oficiais, anomalia un1ca no mundo e que

criava para os seus usuários prejuÍzos de várias natureza s,

econ5rnica, cultural, diplomática, pol{tica, editorial. O

Encontro, ao contrário, instaurava de imediato a convicção

ue que a prática culta da l{ngua tinha um sem-nÚmero de fo­

cos culturalizados na extensão do universo de expressão por­

tu guesa, não se poJendo, em princ{pio, optar preferentemen­

te pelos padrÕes de Lisboa, Porto, Coimbra, Gui~arães, Faro,

em face do cearense, baiano, capixaba, gaÚcho, ou maputen­

se, luandens e, praiano, bissauense, santomense. Como d ec~­

r~ncia, a unificação leveria fazer-se sob UTI segundo prin-, , .

cipio, o de q Lte a ortografia so poder1a ser efetiva ·:!ente co-,

·nurn se se de s pojasse de todos os caracteres topicos ou lo-

calistas (por mais que presuntivumente perfeitos), a fim

de não haver lllUrcas constr'-ln~edoraa de qualquer locàlismo

sobre a universalidade. Aceitos- convictamente- como o , ( d t, . 1" , , foram esses dois princ1pios re u 1ve1s, . a 1as, a um so,

o da conceituação de l{ngua ue cultura), os trabalhor.~ ~: u_(. ,_

~•t.:~JU.e ntes, embo r a intensos, foram fecundos.

4.1 Ao cabo, fora·n fixadas as bases ortográficas t.mani­

mcmente aprovadas pelos negociadores, nu ·1 protocolo ~on­

si sten te ele a) o co!nuni caclo dos trabalhos, em v e r são o r-, .

b) -tografica br:.i8ileira, o mesmo Cí.) rnunicado e:n versa o o r-

togrÚ Cicu po.rtlleuesa, c) eo~F.micado -o :ne sruo ern v ersao o r-, .

pro1•osta d) "Bases da ortografia simplifi-tograf1ca e as

cuJa \..lcordaJau em 1945, renegociadus em 1975 e consolida-

Page 8: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

)

da,.s em 1986". Ess e protocolo, no seu conjtmto de quatro

peça s , constitui osanexos 1 a 4 do presente relat6rio, a

que se seguem qu :J. tro moções (anexos 5 a 8), conjunturais,

mas expressiva s de outras cogitações do Encontro.

4.2 O Ministério da Educação propiciou um excelente ser­

viço de e ravação rnagnetofÔnica de todos os trabalhos verbais,

desde a sessuo inaugural, pas !:J ando pelas de ser viço, até a

sessão de encerra~ento. Das matrizes dessas gravações se - , , fizeram sete coleçoes, para cada u•a dos pa~ses de l~ngua

oficial portuguesa. Furte de cada coleção já foi entregue

às delegações, cabendo ao Itamaraty dar seus bons oficios

para que todo o docu·!lentário chegue aos Governos em causa.

5. Ação legiferante - Os delegados, no comunicado que in-,

traduz o protocolo, pedem aos Governos de seus pa~ses que

enviclem todos os esforços no sentido de aprovarem, cada um,

legislação nacional que respeite a dos seis outros paises,

concordando que, como .E_acta sunt servanda, as bas es orto­

gráficas pro postas sejam aceitas ern sua integralidade, pois

não haver á co:no emendar na orde!·a interna algo que se propÕe - • A • ser supranacional como expres sao s ·.1perior da conven~encu1

nucional. Des s e modo, parecen ser subsidies ne cess~rios - . , p::u u a redaçao du le~ ern cada pa~s os seguintes element os;

pensados e:n fw1ção das caracteristicas legiferantes br usi. -

1 e i r =o1 s:

1) ::1ensagem elo Pre s i dente da RepÚblica ao f orler TJe­

gi s la ti vo, referendada pelos três T·hriistros de Estudo em

causa, propondo a aprovação do projeto de lei: os subsi­

dies para essa mens agem se acha 'n tanto neste relatÓrio

quanto, esse 11cialmente, no comunicado inicial conj llil to

do protocolo (anexo 1);

2) projeto de lei com artigo que disporá q 1te a or-, , ,

to~rafia ofici a l do pa1s se regera pelas bases ortoe r afi-

ca ~-3 a provadas no fucon tro (anexo 4) ;

3) '-:1 r ti ~o que disporá que, uma vez aprovadas, as ba­

s es não se, ·ão alteradas sem conbord~ncia prévia dos Gover­

nos que ti verem aderido e aprovado as bases e:u causa, pr o­

ce.Jendo-se, · s e neceG s ário, a um encontro de c enal de a tu.u-

Page 9: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

lt zação orto~ráfica unificada;

4) arti co q~e dispor~ que a vig~ncia da lei começa r~

a partir de 1º de janeiro de 1988, se tamb~m antes dessa da~

ta o Governo portugu~s, pelo menos, j~ a tiver sancionado

e·rt tudo coincidentemente;

5) artigo que disporá que qualquer pais que tenha a / / , ' l1ngua portuguesa como sua l1ngua oficial podera aderir a

ortografia consolidada e ~n 1986 em qualquer ~poca, pas san:'l.o

a partir ua adesão a ser parte solidária das injunçÕes do

artigo a que se refere o ntÍ rne t'O ( J) supra;

6) artigo pelo qual as Acadernias encarregadas da ela­

boraç~o de U i'l vocabulário o1·toerÚfico da l{ng~a portuguesa

- norninalllente, a Acadenia lrasileira de T1etras e a Ac.lde­

mia dds Ci ~ 11ci :w d.e Lisboa - busque ~n edi t~-lo, em texto Úni­

co, o mdis tardar até 1989, consignando as variantes nacio-, - ,

n:li s i!l'Ol•I'ií1:> e, e :~l elliçoes subseqllentes, as dos l'aises que

allerirem às base::; na forma do disposto no artigo (5) sLmr·a.

6. ~ão legiferante conexa - no curso dos debates, v~rias

qu9stões relativas ao estatuto da l{ne;ua portuguesa como

l{n8ua de cultura foram aflorados: a questão da normalizu­

ção da nornene!latura gramatical, a f im de que os textos de

consulta (dicionários, certos livros did~ticos e afins)

pos san t er curso em todos os pa{ses de lineua oficial por­

t ur;ue :Ja; a ~run : : cendente questão da terminologia c i en ti fj­

ca e t~cnica, cuja padronização ~ de i mportgncia primaci-

al para as rela~Ões econ6micas, comerciais, industriais,

t , . . t /f . - t / d 1 , ecnH: :J s e c1en··1 1cas nao apenas en re os pa1ses e 1n-- ,

cllla portueuesa, senao que tamberu ou sobretuuo ctH' a co-,

:~mrütlJ. Je inte r nacional, para ernparelhamento da tecnica e

da ciência de r onta corn as pontas da t~cnica e ciência

no mundo; reco :nendações tendentes à unificação terruino-, . t f , log1 c a in terna, se r:tpre que, por sua na ureza, o r pas!:n-

vel de uma :polticn lingU.{stica comum, e questõea outras

de s sa natureza.

G .1 Nesse s en tido, o EncontrO" tornou conheci ·nen to de

Ll! !.!U :pro 1' 08 ta uo Governo português no sentido ele ser

cri :::1do urn Con ~1 elh o Internacional da L{neua Port uG•..tef:la

.r;

Page 10: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

oujo teor vai em anexo ao anexo 5 do presente. Em resu-

mo, o Conselho proposto visa estudar e preconizar medilas

de politica lingU.(stica comum aos pa{seo de l{ngua oficial

portuguesa, mc.dic.las sempre ad referendum dos Governos que

integrarem o Conselho. Um projeto Je lei que correspondesse

a tais objetivos deveria conter os seguintes dispositivos,

pelo menos:

1) artigo que disporá que o Legislativo autoriza o

Executivo a negociar e acordar as bases de um Conselho In­

ternacional da L{ngua PortuGuesa com. um ou mais paÍses que ,

tenham co•n.o lineua oficial a portuguesa; ,

2) a~tigo que disporá que o mandato do Conselho ser a

o Je estudar, pesquisar e articular - diretamente ou por

especialistas interpostos medilas de polÍtica lingaisti­

ca comum, uc.l referendum dos poderes nacionais de cada pais

em causa;

3) artigo que disporá explicitamente que, dentre ou-

tros objetivos, o Conselho , ,

do vocabula r io ortoGrafico

ferirá a lei que regulará

deverá encarregar-se da execução ,

da l1ngua portuguesa a que se re-

a ortografia da l{ngua, be~ corno

de quaisquer vocabulários comuns, assim como a consolida','ão , , , • ,I

do vocabulario cient1fico e tecn1co da l1ngua portuguesa,

aJ.e •n:üs de quaisquer temas e a s suntos que pos :;am ser, den­

tro da lingua comum de cultura, . objeto de convenções nacio­

nal ou internacionalmente Úteis e possÍveis, sempre ad ~­

ferendwn de cada Governo nacional em causa;

4) artigo que disporá sobre a estrutura e funciona­

mento do Conselho, que ficará delegada à negociação p8.ri­

tária entre as partes, de tal modo C].Ue a :·representação

brasileira terilla na chefia um membro da Academia Brasilei­

ra de Letras, a fim de preservar e garantir a essa ins­

tituição sua missão de defensora e ilustradora da l[ngua

portugQesa no Bra~il.

1. Perspectivas- Se certos critérios de defesa de suu

utilidade e n eceYsidade não forem compreendidos, a unifica-- , - , 1 çao da ortodrufia da l1ngua portuguesa nao sera loaru r n com

o en t endi :nen to geral desejável. Dentre esses cri tériOfl, é

se:n11 re impor tunte que se ressaltem os seguintes:

Page 11: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

1) o fato de que se trata de unificação orLo8rÚfic f.l

e jamais unificação lingü{stica ou que outra noção a re­

cubra, o que é be~ realçado no comunicado inicial do pro­

tocolo;

2) o fato de que não caberá aos legisladores emendar

as Bases acordadas, pois qualquer emenda nacional~ente ad­

m.i tida por urna das partes comprometerá a adoção do to ,Jo em

âmbito geral e internacional da l{ngua portu8uesa;

3) o fato de que qualquer insufici~ncia de pormenor

das Bases UlJrovudas nafJ neeociuçõe~.:; recém-terminadas pode­

rá ser corrigida de fu"turo, com a aquiesc~ncia das partes,

pois a ~ei ortográfica preverá sua prÓpria atualização de­

cenalmen te.;

4) o fato de que qualquer alternativa para a propos­

ta atual significar~ novas negociaç5es futuras que, na pers­

pectiva presente, serão cada vez mais dificeis e onerosas,

pois os investi !nentos sociais já realizados (li ~v'Tos, in­

teresses criados, editoração, tradição, inércia) tenderão

a ser cada vez ~ais impeditivos da desejável racionaliza­

çã::> em plano internacional, pois muito breve a demoerafia

interessada ter~ duplicados os seus contingentes e, prova­

vel :nente , multiplicado a expressão dos intei!esses criados

localistas. Parece que procede explicar que a wüfo ·tTd ~:t ­

;<:ío eleve ter !'l"t.od dn t'lc :..>·..)bre n rcrfeição - possi-rel ou ,

ideal -, que mutca sera comprometida definitivamente pe-

la unificação prévia, que traz em si a regra da perfcc­

ti~ilidacle por ela mesma prevista.

Aprovei t:J a oportunidade para renov:;r a V o soa Ex­

celência, Senhor Presidente , os protestos da .:ninha mais

alta estima e distinta consideração. ~/1

~ /~ (Antônio Houaiss) . ,

Delegado do Brasil e secret~-rio-geral do Encontro de Uni­ficação Ortográfica da Lin~1a

Fortuc;u.esa

Page 12: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

......... ---- PROTOCOLO DO ENCONTRO DE UNIFICAÇÃO ORTOGRÁ­

FICA DA LÍNGUA PORTUGUESA, RIO DE JANEIRO,

DE 6 A 12 DE MAIO DE 1986

(versão textual brasileira)

' 1. Os delegados de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique ,·

Portugal e São Tomé e PrÍncipe aceitas e reconheci-

das como boas as suas credenciais para as negociações deste En

contra de Unificação Ortográfica da LÍngua Portuguesa, realiza

do no Rio de Janeiro, na sede da Academia Brasileira de Letras,

de 6 a 12 de maio de 1986, a convite do Governo brasileiro

fazem lavrar o presente t_exto, que consubstancia suas razões e

recomendações o

1.1 Registram, de inÍcio, o fato de que o Governo da Guine­

Bissau não só aceitou, o convite do Governo brasileiro, mas tam

bém designou seu delegado, que por circunstâncias alheias à sua

vontade não pÔde chegar a tempo para as negociações.Dos resulta

dos destas e do material documental produzido, dar-se-á conta '

ao Governo da Guiné-Bissau, havendo o plenipotenciário de Cabo

Verde aquiescido ao pedido que lhe fizeram as demais delegações

de pÔr seus bons ofÍcios no sentido de levá-los ao ·conhecimento

das Autoridades da Guiné-Bissau.

2. Antecedentes - Ressaltam, de inÍcio, o fato de que, '

nos tempo s modernos, desde fins do século XIX, vem sen

do buscada a simplificação e racionalização da ortografia portu

guesa , sempre com ânimo unitário, isto é, de molde que o padrão

que fosse atingido servisse para todo o âmbito geográfico c so ­

cial da lÍngua. Reconhecem, porém, que alguns equÍvocos pudnralil

surgir entre as posiçÕes brasileira e portuguesa na 1natéria , do

que proveio , a partir de 1945, o estado de coisas presente.

2.1 Esse estado de coisas é claro nos seguintes traços : pri

meiro, o português é a Única lÍngua de cultura no rmmdo

moderno com duas ortugrafias oficiais , com . ' preJulzo para os

seus usuário s e respec tivas sociedades;segundo, ambas ãs ort o -

grafias têm marcas tÓ_Picas ou localistas, em função de pronún -

cias cultas mas ·de limitada aceitação prática e teÓrica por par

te de grandes contigentes de utentes da lÍngua.

2.2 Em 1945 , um acord o ortográfic o foi ncgochtdo cnLre a

Academia d~s Ciêncins de Lisboa e a Aca domiR Brasjlvira

de Letras, que se fez lei o.ctográfica r;m Portugal e não fo i

honrado pelo Legislativo brasiJ.e iro, por mot ivo s então al ~Dn-

Page 13: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

2 .

usuários brasileiros. Em conseqüência, o Governo brasileiro,en

tão, teve de resignar-se à rejeição pelo Legislativo do veto 1

com que queria salvar o acordo de 1945 , passando a oficial o . '

padrão ortográfico que antecedentemente, em 1943 , a Academia 1

Brasileira de Letras adotara por iniciativa unilateral .

2.3 Desde então, periodicamente, as duas Academias, por ini

ciativa de alguns de seus membros , buscaram negociar a

unificação ortográfica sempre almejada mas nunca conseguida .

Não obstante , um grande p~sso em frente foi dado quando o Go­

verno brasileiro, em dezembro de 1971, sancionou lei que sim­

plificava fortemente o uso dos diacríticos na sua ortografia ,

o que acarretou uma sensÍvel diminuição nas diferenças que se ­

paravam as regras e práticas ortográficas entre o Brasil e Por

tugal, revelando , ao mesmo tempo , que as possibilidades de uni

ficação não eram tão remotas como se chegou num dado momento a

presumir.

2 . 4 A partir de 1971, membros das duas Academias, sem manda

to oficial mas com benévola aquiescência das suas Ca­

sas , negociaram a aproximação , que atingiu seu ponto de concor

dância em 1975, quando as bases do acordo de 1945 foram recon­

sideradas a novas luzes e novos critérios . Esse acordo de 1945

renegociado em 1975 e subscrito pelos presidentes da Academia '

das Ciências de Lisboa e da Academià Brasileira de Letras nao

foi , contudo, transformado em lei, tanto no Brasil como em Por

tugal, pois circunstâncias adversas , de vária ordem, não permi

tiram uma consideração pÚblica da matéria . Na medida em que se

adiou a retomada da questão em nível legiferante, ficou paten­

te que , com a emergência de cinco novos paÍses soberanos de

lÍngua oficial portuguesa , os esforços para a unificação ~

na o

podiam ser reconsiderados sem a audiência dos Governos desses

cinco paÍses soberanos. i rmãos em lÍngua e culturas . Eis os

fundamentos do convite brasileiro para o presente Encontro e

da aceitação de participação dos Go'ven1os nele representados .

J. As n egociações Transcorre1am e las em ambiente har­

mÔnico e produtivo , o que permitiu um debate aprofru1da

Page 14: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

3· -

do dos temas e problemas, com a participação de todos os delegá

·· dos. A confiança mútua que logo se manifestou permitiu também 1

que cada delegação antecipasse o ~ue podia presumir viessem a

ser os percalços que os resultados das negociações iriam enfren·

tar, considerada a circunstância de que qualquer inovação em ma

téria ortográfica provoca de inÍcio reações contrárias. Mas, ao

cabo, todas as delegações concordaram quanto ao fato de que as

novas bases ortográficas não só possibilitam a unificação orto­

gráfica da lÍngua portuguesa objetivo primacial do Encontro

-, senão que também representam um avanç o na racionalidade do 1·

sistema ortográfico da lÍngua.

3.1 Registre-se, sobre as negociações, a posição generosa

das delegações africanas: consignaram elas, pela voz de

cada um dos seus representantes, a luta que seus povos vêm em

preendendo contra o subdesenvolvimento e pela afirmação da so­

berania nacional; consignaram sua concordância de princÍpio

com a unificação, de modo que a lei a esse respeito seja apro­

vada na brevidade possível pelos dois paÍses que de longa data

vêm estudando essa matéria; consignaram que a vigência da no­

va lei ortográfica comum não deve depender da ratificação dos

governos africanos, dado o fato de que, na linha de priorida -

des, tal ratificação talvez possa tardar, já que as novas ba­

ses deverão ser objeto de debate nacional, graças ao que se po

derá aprofundar a consciência da lÍngua portuguesa como lÍngua

oficial, para o que muito contribuirá a criação de comissões '

nacionais a isso destinadas. Pediram, destarte, que lhes fica~

se aberta a possibilidade de aderir à nova ortografia a qual -

quer tempo, sem condicionamentos que eventualmente pudessem

ocasionar adiamentos na vigência da lei. As delegaçõe~ de Por­

tugal e do Brasil agradeceram .. a generosa posição de Angola , Ca

bo Verde, Mo ç ambique, São Tomé e Príncipe .

4. PrincÍpios fundamentais unificadores - Os desacordos

quanto a pormenores de ambas as ortografias derivavam ,

pelo menos para alguns , de dois pressupostos : o de que havia 1

duas normas consideradas padrÕes ortoépicos, respectivamente 1

em Li s boa-Coi1nbra e no Rio de Janeiro; seria em admissão pont o

Page 15: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

4.

de Feferência para definir certos aspectos ortográficos - o que

acarretava controvérsias e dualidade s - ; e o de que, .mercê da

ortografira, podiam insinuar-se principias ortofÔnicos ou ortoé

picos à luz daquelas duas normas , 'coisa que tendia a separar

mais ostensivamente os dois padrÕes em causa .

4.1 O longo interregno de vigência das duas ortografias ~

na o

foi , porém, estéril, pois apontou o caminho da unifica -

ção . Passou-se a compreender que uma grande lingua de cultura

como a portuguesa, falada por mais de 170 milhÕes de pessoas , 1

não podia subsistir com apenas dois focos ortofÔnicos de pronún

cia, devendo; ao contrário , aceitar a tese de que padrÕes cul -

tos prÓprios existiam e existem em todo o Ambit o geográfico dos

sete paises . Em decorrência , a ortografia que servisse a todos '

os seus padrÕes cultos deveria abandonar a representação de

quantos traços tÓpicos- ou localistas tivessem tido as duas orto

grafias oficiais .

4 . 2 Impunha-se , porém , deixar bem claro que não se trataria ,

com a unificação ortográfica, de lograr nem a unificação

nem muito menos a uniformização dos fatos lingüisticos represen

tados ortograficamente . Destarte, os fatos fonético , morfolÓgi­

cos , fonolÓgicos , sintácticos e lexicais que fossem diferenciais

deveriam ser graficamente diferenciados exibindo a rica di-

versidade de língua , geográfica e socialmente considerada , di­

versidade que lhe permite exprimir os infinitos matizes verba is

e mentais dos seus utentes , segundo os fins que persigam na co­

municação dos seus pensamentos, sentimentos e emoções .

4 . 3 Na prática , ~sse ideal de estabelecimento de uma ortogra

fia supratÓpica, supranacional, supra-regional,' postula­

va os seguintes critérios: primeiro, reconhecer que na · prÓpria

histÓria grafemática da lingua existiam certos hábitos que deve . -riam ser convalidados, ainda que contrariassem teorias , dita ra

cionalistas , que, para "facili tare.m" o aprendizado de uma l:Ín­

gua de cultura como é a portuguesa (que exige - não. pela sua or

tografia - ano s continuas de intensos estudos, tal como o r~orrc

com qualquer grande língua de cultura), propÕem sistemas f echa-

Page 16: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

5 .

dos biunÍvocos entre a fon emática e a grafemática; s egundo, a &ni

tir que quaisquer. traços restritos a áreas cultas não unive r sais

na língua não deveriam receber representação na ortografia unifi

cada, liberando o usuário culto d~ subordinação ao que não lhe . fosse prÓprio; terc eiro, simplificar, quanto possível, mais ain- ·

da, o sistema ortográfico, em tudo quanto partisse de compara­

ções lex icais ou v erbais fora de contexto, pois as duas ortog ra­

fias oficiais ora vigentes pagam p e sado preço a essa preocupa -

ção, criando a ssim uma rede de notações que podem ser c onsidera­

das parasitárias, se aferidas contex tualmente. (Cumpre r e s saltar,

em v erdade, que a mbiguidades contextuais que possam ser dir imidas

pela acentuação gráfica são de tão baixa ocorrência que quase são

fantasiosas ou casos limites). O mero abandono dessa preocupação•

torna possível que a ac entuação gráfica da língua, de e x tremamen­

te complexa que chegou a ser, passe a ter caracteres muito sim

ples - é bem v e rdade que, eventualmente, a custo de objeções.

4.4 Objeções,de fato, há, sempre que se inova em matéria orto-

gráfica - eis uma lição de todos os tempos. Na situa ção

presente da língua portuguesa, porém, vale a pena ousar. A nossa

lÍngua é, já agora, uma das mais faladas e escritas do mundo, que

atingem uma centena ap enas dentre dez mil línguas ora faladas, e~

tre á g raf as e esc ritas. Sua unidade como língua de cultu ra e stá '

s endo, porém, prejudicada, para mal de seus utentes, com as duas

ortografias, na economia, na editoração, na diplomacia, nas rela­

ções int ernacionais, nas relações cultu rais - exigindo de cada um

dos sete paíse s sob e r anos que a têm como língua oficial esforços

nacion a is qu e pode r iam ser fort emente mais f ecundos se a barr e ira

ortográfic a não crias se obstáculos aos s e te paÍ se s em causa

sem r eferir em particul a r outra s comunida de s que t êm na l Í ngua

portuguesa seu v ernáculo ou sua lÍngua de cul tura de comunicação

un i v e r sali s t a . Desse modo, c onseguir a uni f i cação ortogiáfica p o­

de p arecer a os meno s avi sados coisa de somenos , mas é obra de im­

portânc ia perdu rante para a cultura de expressão p or t ugue sa c o -

mum . Este é um at o p ol Ítico e d iplomátic o que fi cará no tempo.

5. Conces sÕe s rec Í procas No c ote jo da s duas or tografins ,

tomaram-se como b a s e de d i scussão, a ofi c ial brasileira e

Page 17: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

6.

a ofi~ial portuguesa , renegociadas em 1975, sobre as bases do

acordo de 1945. As delegações porém, deram um passo em frente na

questão da acentuação gráfica e cuja coerência se faz graças à ' aceitação do princ Ípio de que devem sobrepor-se, à lÓgica do sis.

tema obtido pela comparações lexicais isoladas, as evidências

inequÍvocas no contexto lingüÍstico. Houve traços de ambas a s or

tografias que foram excluÍdos do novo sistema sem implicarem o

abandono do padrão lingüÍstico do usuário . Ao proscreverem-se as

consoantes ditas mudas cujo valor era, de fato, diacrÍtico, por

assinalarem o timbre aberto da vogal que as precedia, não se im­

poe ao leitor, escritor ou locutor o abandono, se for o caso, do

timbre aberto : apenas se considera a questão como a que ocorre '

quando se grafam pregar ' predicar •, padeiro e afins . Isso ~

na o

importa , porém , em unificar aspeto/aspecto , que serão opciona is'

por parte do escritor (se não pronuncia ou se pronuncia o ~ em

questão), do mesmo modo -que, por exemplo , excecional/excepcional,

consoant e não se pronuncie ou se pronuncie o E· ·Acentuar carre­

teis, por exemplo , era constranger a pronúncia de um sem-número'

de locutores que, com toda a legitimidade , não pronunciam o diton

go segundo a feição por que é grafado : carreteis , porém, não imp~

dirá que o leitor o pronuncie com os valores vocálicos a que este

ja habituado no s eu padrão culto.

5.1 Mercê de concessÕes recÍprocas desse tipo e do princÍpio 1

da simplificação por inequivocidade contextual , logra-se uma orto

grafia simplificada comum à expressão da língua portuguesa escri­

ta que , contudo , respeita as variantes morfolÓgicas e l exi cai s e

afins nacionais, r egionais, tÓpicas e até idioletais - traços es­

tes que , contudo , longe de comprometerem a superior unidade s da 1

lÍngua , lhe conferem inúmeras virtudes plásticas para correspond~

r em aos matizes mentais e verbais dos seus utentes .

6 . Recomendações As delegações recomendam vivamente ao s '

Governos de Angola , Brasil , Cabo Verde , Guiné-Bissau , 1\to­

çambique , Portugal e são Tomé e PrÍncipe que adotem as "Bases d.a

ortografia simplificada acordadas em 1945 , rcnegociadas em 1975 e

consolidadas em 1986". como o seu sist ema nacional de ortografia ,

sistema nacional que , em tudo igual em cada um dos sete países , '

será ipso fact o o sistema cm;;wn dos mesmo s.

Page 18: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

7.

6.1 Recomendam, também, que cada Governo decida quanto ao '

modus faciendi da ação legiferante, e que, tornadas lei -·

nacional as "Bases referidas, cada Governo comunique o fato aos

seis outros. '

6.2 Recomendam, ainda, que a vigência da lei se torne efeti-

va a partir do dia l de janeiro de 1988, com sua ratifi­

caçao pelos Governos brasileiro e português. Fica aberta a rati­

ficação a qualquer tempo dos Governos africanos , nos termos refe

ridos no nº 3 supra .

6.3 ,

Recomendam, ademais, que os sete palses editem conjunta-

mente um vocabulário ortográfico da língua portuguesa, 1

com r egistro das variantes ou peculiaridades lexicais nac i onais

de cada um, comprometendo-se a não proceder a quaisquer modifica

ções ou aperfe içoamentos do sistema ortográfico unificado sem au -

diência e concordância recÍproca e comum , o que deverá cada dez ~

anos ser aprovado por novo Encontro, convocado por outro que nao

o Governo que convocou o anterior. As delegações propuseram que

o prÓximo encont ro seja por convocação do Governo português.

6.4 Recomendam,por fim, que cada paÍs estude desde já as pos . , .

sibilidades de credenciar um organlsmo proprlo para dia-

logar com os outros seis sobre os problemas da língua.

7. Este protocolo apresenta-se na seguinte forma: a) este '

comunicado na versão ortográfica vigente no Brasil , b)

este comunicado na versão ortográfica vigente em Portugal e no s

paÍse s africanos de lÍngua oficial portuguesa, c) este comunica­

do na versão ortográfica unificada proposta como futura l e i e d)

a s "Base s da ortografia simplificada acordadas em 1945,, r enego -

ciadas em 197 5 e consolidadas .em 1986", obviamente na ortogr afia

pr oposta como futura l e i dos sete paÍses . Desse text o conjun t o,

tiram-se sete vias fac similare s, todas ela s assinadas pelos che

fes de delegação e pelos demais membros das mesmas , valendo to­

das elas c omo originais .

Rio de Janeiro, 12 de maio de 1986

Na Academia Brasileira de Letras

Page 19: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

8 .

por Angola :

por Moçambique :

por Portu al : ·

por são Tomé e Príncipe : -

./.

Page 20: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

..- I '" V€ R. 5-11--o ~Lt b4

Jf-€ v( DAM ~ ~~~~ úr1<-R t ~~j PROTOCOLO 00 ENCONTRO DE UNIFICA O ORTOGR~FI l < .. !> ... 'g t

DA LfNGUA PORTUGUESA

'

RIO DE JANEIRO, DE 6 A 12 DE MAIO DE 1986

1. As delegeç~es de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Po!:,

tugal e são Tomé e Pr!ncipe.- aceitas e reconhecidas como boas as suas creden­

ciais para as negociaçÕes deste Encontro de Unificação Ortográfica da L{ngua Po!:,

tuguese, realizado no Aio de Janeiro, na sede da Academia Brasileira de Letras,

de 6 a 12 de Meio de 1986, a convite do Governo brasileiro - fazan lavrar o pre­

sente texto, que consubstancie as suas raz~es e recomendaçÕes.

1.1 Aegistam, de in!cio, o · facto da que o Governo da Guiná-Bis-

eau não a~ aceitou o convite do Governo brasileiro, mas tamb~ designou seu del!

gado, que por circunstâncias alheias à sua vontade não p;da chegar. a t empo para

as negociaçÕes. Dos resultados destes a do material documental produzido, d~se-• # •

-a conta ao Governo da Guine-Bissau, havendo o plenipotenciario de Cabo Verde a-

quiescido ao pedido Que lha fizeram as demais delegaç~es de p~r seus bons of!cios

no sentido de levá-los ao conhecimento das autoridades de Guiné-Bissau.

2. Antecedentes - Ressaltam, de in!cio, o facto de qu~, nos t~

pos modernos, desde fins do s~culo XIX, vem sendo buscada e simplificação e ra -

cionalização da ortografia portuguesa , sempre com ânimo unitário, isto é, de ma l -.., A #

de que o padrao que fosse atingido servisse pare todo o ambito geografico e so-

cial da l{ngua. Reconhecem, porém, que alguns equ!vocos puderam surgir entre as

posiçÕes brasileira e portuguesa na matéria , do que proveio , a partir da 19451 o

estado de coisas presente .

2.1 • Esse ostado de coisas e c aro nos seguintes traços: primBiro,

-o portugu~s é a ~nica l{ngua de cultura no mundo moderno com duas' ortografias o­

ficiais, com pre juÍzo para os seus usu~rios e r espectivas sociudades ; ~eg u~do,a!

bas as ortografias t~m mar8os t~pices ou localistas 1 en funç;o ds pron~r1cias cul

Page 21: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

tas mas de limitada aceitação prática e teÓrica por parte de grenqks contingen­

' tes de utentes da lÍngua.

2.2 Em 1945, um acordo ortogr~fico foi negociado entra a Acede-

mia das Ci~ncias de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras, que se fez lei or­

tográfica em Portugal e não foi honrado pelo Legislativo brasileiro, por motivos #

então alegados de que algumas de suas bases eram constrangedoras para os usuarios

brasileiros. Em consequ~ncia, o Governo brasileiro, então, teve de resignar-se à rejeição pAla Legislativo do veto com que queria salvar o acordo de 1945, pass~

... . , do a oficial o padrao ortografico que antecedentemente, em 1943, a Academia Bra-

sileira de L~tras adaptare por iniciativa unilateral,

2.3 Desde então, periodicamente, as duas Academias, por iniciati

va de alguns de seus membros, buscaram negociar a unificação ortográfica s empre

almejada mas nunca conseguida. Não obstante, um grande passo em frente foi dado

quando o Governo brasileiro, em Dezembro de 1971 1 sancionou lei que simplificava

fortemente o uso dos diacr!ticos na sua ortografia, o que acarretou uma s ens !vel ... , " diminuiçao nas diferenças que separavam as regras e praticas ortograficas entre

o Brasil e Portugal, revelando, ao mesmo tempo, que as possibilidades de unifica

ção não eram tão remotas como se chegou num dado momento a presumir.

A partir de 1971, membros das duas Academias, sem mandato o-

ficial mas com benévola aquiesc~ncia'das suas Casas, negociaram a ~proximação,

que atingiu seu ponto de concord~ncia em 1975, quando as bases do acordo de 1945

foram reconsideradas a novas luzes e novos crit~rios. Esse acordo de 19a5 reneg~

ciado em 1975 e subscrito pelos presidentes da Academia das Ci~ncias de Lisboa e

da Academia Grasileira de Letras não foi, contudo,tranfôrnuldo em lei, tonto no

Brasil como em Portugal, pois circunst~ncias adversas, de' vária ordEJn, não perm!_

tiram t~a consideração p~blica da mat~ria. Na medida em que se adiou a retomada

da questão em nfvel legiferante, ficou patente que, com a emergência de cinco no

vos pa{!l es sol.wronos de lfngua oficial portuguesa, os esforços para a unificaç ão . ... nao podiam ser r econsiderados sem a aud~ncia dos Governos desses cinco pa!ses so

beranos irmoos em lÍngua e culturas. Eis os fundamentos do convit~ bras ileiro p~

ra o presente Encontro e da aceitação de participação dos Governos nele represe~

t a dos.

Page 22: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

3. As negociaç~es - Transcorreram elas em ambiente harmo

' produtivo, o que permitiu um debate aprofundado dos temas e problemas, ,com a P~

ticipaçÕo de todos os delegados. A confiança mÚtua que logo se manifestou permi­

tiu tamb~m que cada delegação antecipasse o que podia presumir viessem a ser os

percalços que os resultados das negociaçÕes iriam enfrentar, considerada a cir -

cunstância de que qualquer inovação em mat~ria ortogr~fica provoca de in!cio reac

ç~es contr~rias. Mas, no cabo, todas as delegaçÕes concordaram quanto ao facto

de que as novas bases , .. , .. t 'fi ortograftcas nao so possibilitam a unificaçao or ogra ca

da 1!ngua portuguesa - objectivo primacial do Encontro -, senão que também repr~

sentam um avanço na racionalidade do sistema ortogr~fico da l{ngua.

3.1 ... ..

Registe-se, sobre as negociaçoes, a posiçao generosa das de-

legaçÕes africanas: consignaram elas, pela voz de cada um dos seus representan

tes, a luta que seus povos v~ empreendendo contra o subdesenvolvimento e pela a

firmação e salvaguarda da soberania

princÍpio com a unificeç~, de modo

,. nacional; consignaram sua concordancia de

que a lei a esse respeito seja aprovada com

a brevidade possfvel pelos dois paÍses que de longa data vêm estudando essa mat! A # . N

ria; consignaram que a vigencia da nova lei ortografica comum neo deve depender

da ratificação dos governos africanos, dado o facto de que, na linha de priorid!

des, tal ratificação talvez possa tardar, j~ que as novas bases deverão ser ob -

j t d db , ,. ! ec o e e ate nacional, graças ao que se podere aprofundar a consciencia da 1 n

gua portuguesa como l!ngua oficial, para o que muito contribuirá a criaçã" de c.e_

missÕes nacionais a isso destinadas. Pediram, destarte, que lhes ficasse aber ta

a possibilidade de aderir à nova ortografia a qualquer tempo, sem condicionamen­

tos que eventualmente pudessem ocasionar adiamentos na vig~ncia da lei. As dele-.. gaçoes de Portugal e do Brasil agradeceram a generosa posição de Angola, Cabo

Verde, Moçembique e São Tom~ e PrÍncipe.

a. Princ!pios fundamentais unificadores - Os desacordos quanto

-a pormenores de ambas as ortogra fias derivavam , pelo menos para alguns, de dois

pressupostos: o rle que havia duas normas considerados padrÕes orto~picos, res-

Page 23: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

11ec ti vomcn te em Lisboa - Coimbra e no Rio de Janeiro e o de

s-iJa n.dmiGsilo ponto de referêhc ia para definir certos aspectos

cos - o· que acarretava controvérsias e dualidades-; e o de que,

ortografia , podiam insinuar-se princÍpios ortofÓnicos

J.uz d:=tqueln.s duas normas, coisa que tendia a separar mais ostensi '

os uois padrÕes em causa . ~ ,

4.l O longo interregno de vigência das duas ortografias nao foi,porem,

a

estéril, pois apontou o caminho da unificação. Passou-se a compreender

~ue uma grand e lÍngua de cultura, como a portuguesa, falada por mais de

170 milhÕes ue pessoas, não podia subsistir com apenas dois focos orto -

fÓnicos de pronúncia , devendo , ao contrário, aceitar-se a tese de que

, ,. 'f' d t I pn.drÕes cultos proprios existem no ambito geogra 1co os se e pa1ses .

decorrência, a ortografia que servisse a todos os seus padrÕes cultos de

veria abandonar a representação de quantos traços tÓpicos ou localistas

tivessem tido as duas ortografias oficiais.

4.2 Impunha-se , porém , deixar bem claro que não se trataria , com a unifi

cação ortográfica, de lograr nem a unificação nem muito menos a uniformiza

ção dos factos linguÍsticos representados ortografic~1ente. Destarte ,os

factos fonéticos, fonolÓgicos, morfolÓgicos, sintácticos e lexicais que

fossem diferenciais deviam ser graficamente diferenciados exibindo a ri-

ca diversidade da lÍngua, geográfica e socialmente considerada, diversida­

de que lhe permitie exprimir os infinitos matizes verbais e mentais dos

seus utentes, segundo os fins que persigam na comunicação dos seus pensa­

mentos , sentimentos e emoções .

4.3 Na prática , esse ideal de estabelecimento de uma ortografia suprató­

pica , supranacional , supra-regional , postulava os seguintes critérios:pri

meiro, reconhecer que na prÓpria histÓria grafemática da lÍngua existiam ,

certos habitas que deveriam ser convalidados, ainda que contraria ssem teo

rias, ditas racionalistas, que, para "facilitarem" o aprendizado de uma

lÍngua de cultura c orno é a portuguesa ( que exige - não pela sua ortogra-

fia - anos contínuos de intensos estudos, tal como ocorre com qualquer

gra11de lÍngua de cultura), propÕem sistemas fechados bi1mÍvo_cos entre a f o

n emátic a e a gra femática;

tritos ,

a area s cultas

segundo, admitir

na o universais na

que quaisquer tra ços res­

lÍngua não deveri am receber

r epresenta ção na orto gr a fia unificada~ li bér811do o usuário c-ulto da us-

Page 24: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

bordinação ao que não lhe fosse pr~prio; terceiro, simplificar, quant

mais ainda, o sistema ortográfico, em tudo quanto partisse ' cais ou verbais fora de contexto, pois as duas ortografias oficiais ora v~gentes

- criando assim uma rede de notsç~es que p_o pagam pesado preço a essa preocupaçao 1

dem ser consideradas parasitárias, se aferidas contextualmente. Cumpre ressaltar

en verdade, que ambiguidades contextuais, que possam ser diminuidas pela acentu~

ção gráfica, são de tão baixa ocorr~ncia que quase são fantasiosas ou casos li-

mites.

4.4

gráfica

Objecç~es, de facto, há, sempre que se inova em mat~ria ort2

eis uma lição de todos os tempos. Na situação presente da l{ngua port~ ,. ! # # d i guosa, porem, vale a pena ousar. A nossa 1 ngua e~ ja agora, uma as ma s fala-

dos e escritas do mundo, que atingem uma centena apenas dentre dez mil l!nguas

ora faladas, entre ágrafas e escritas. Sua unidade como l{ngua de cultura está

sendo, por~m 1 prejudicada, para mal de seus utentes, com · as duas ortografias,na

economia, na editoração, ·na diplomacia, nas relaçÕes internacionais, nes relaçÕes

culturais - exigindo de cada um dos sete pa!ses soberanos que a t~m como l!ngua

oficiai =es1forços nacionais que poderiam ser fortemente mais fecundos se a barrei

ra ortográfica não criasse obstáculos aos sete pa!ses em causa - san referir em

particular outras comunidades que têm na l!ngua portuguesa seu vernáculo ou sua

1 , . -1ngua da cultura do comun1caçao universalista. Desse modo, conseguir a unifica-.. , #

çao ortografica pode parecer aos menos avisados coisa de somenos, mas e obra de

importância perduront:e para a cultura de expressão portuguesa comum. Este ~ um

l t , • ~

BC O rol1tico A diplomatico QUO f1cara no tempo,

5. ... ,

Concessoes rec1procas - No cotejo das duas ortografias, to-

maram-se como base de discussão a oficial brasileira e a oficial portuguesa, re­

negociadas em 1975, sobre as bases do acordo de 1945, As delegaç~es, por~, de­

ram um passo em frente na questão da acentuação gráfica, cuja coer~ncia se faz

graças à aceitação do princ!pio de que devem sobrepor-se, à lÓgica do sistema

obtido pelos comparaçÕes lexicais isoladas, as evid~ncias inequ!vocas no contex­

to lingufstico. Houve traços de ambas as ortmgra fi as que forem e;clufdos do novo

Page 25: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

· sistema sem implicarem o abandono do padrão lingu!stico do usuário. Ao P

verem-se as consoantes dites mudes c~jo valor era, de facto, diecr!tico

sinal orem o timbre aberto da vogal que as precedia, não se impÕe A.O

ter ou locutor o abandono, se for o caso, do tifll bre aberto: apenes se considera

o Questão corno a que ocorre quando se grafam pregar "predicar", ~adeirq e afins.

Isso não i mporta, por~m, em unificar espeto/aspecto, que serão opcionais por PB!,

te do escritor (se não pronuncia ou se pronuncia oS em questão), do mesmo modo

que, por exemplo, excecional/excepcional, consoante não se pronuncie o E• Acen-, , ,

tuar correteis, por exemplo, era constranger a pronuncia de um sem-numero de lo-

cutores que, .com toda a legitimidade, não pronunciam o ditongo s egundo a feição , ~ """ , i por que e grafado: cnrreteis , porem, nao impedira que o leitor o pronunc e com

os valores vocálicos a que esteja habituado no seu padrão culto.

5.1 ... ... { , .

Merce de concessoes rec procas desse tipo e do princ1p1o da

simplificação por inequivocidade contextual, logra-se uma ortografia simplifica--

' ... f da comum a expressao da l1ngua portuguesa escrita que, contudo, r·espeita as va-

riantes morfol~gices e lexicais e afins nacionais, regionais, t~picas e at~ idi2

lectais - traços estes que, longe de comprometerem a superior unidade da l!ngua,

lhe conferem in~meras virtudes plásticas para correspondsrsm aos matizes mentais

s verbais dos seus utentes.

6. RecomendaçÕes - As delegaçÕes recomendam vivamente aos Gover

A 1 , .. •

nos de ngo a, Brasil, Cabo Verde, Guine-Bissau, Moçambique, Portugal 8 Sao Tome

8 Prfncipe que adaptem as "Bas es da ortografia simplificada acordadas em 1945,

r enegociadas em 1975 e consolidadas em 1986" como o seu sist ema nacional de orto­

grafia, sistema nacional que, em tudo iguàl em cada um dos sete pa!ses, s erá i pso

fac to o sistema comum dos mesmos.

6.1 ,

Recomendam, t ambem , que cada Governo decida quanto ao modus

f aciondi ....

da acçao legiferante; e que, to rnadas lei nacional as "Bases" re f eri-

~ das, cada Governo comun ique o facto aos s eis outros.

6.2 Recomendam , ainda, que a vig; ncia da lei s e t orn e ef ectiva

a partir de 1 de J aneiro de 1988 com a sua r atifi cação pel os Governos brasileiro

Page 26: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

7.

e portugu~s, ficando aberta a ratificação a qualquer tempo dos Governos af

nos nos tormos referidos no no 3 supra • .. . f 6.3 Recomendam, ademais, que os sete pa1ses

um vocabulário ortográfico da l{ngua portuguesa, com registo das variantes ou p~

culiaridodes lexicais nacionais de cada um, comprometendo-se a não proceder a #

quaisquer modificaçÕes ou aperfeiçoamentos do sistema ortografico unificado sem .... " f , audiencie e concordancia rec1proca e comum, o que devera cada dez anos ser apro-

vado por novo Encontro, convocado por outro que nã~ o Governo que convocou o an-H # N

terior. /\s delegoçoe.s propuseram que o proximo encontro seja por convocaçao do ....

Governo portugues.

6.4 Recomenda-ao, por fim, Que cada pa{s estude desde já a poss!

bilidade de credenciar um organimmo prÓprio para dialogar com os outros seis so­

bre os problemas da lfngua.

7. Este protocolo apresenta-se na seguinte forma: a) este comu-

nicodo na versão ortográfica vigente no Brasil, b) este comunicado . na versão or­

tográfica vigente em Portugal e nos palses africanos de rfngua oficial portugue­

sa, c) este comunicado na versão ortográfica unificada proposta corno futura lei

e d) as "Bases da ortografia simplificada acordadas em 1945, renegociadas 011 1975

e consolidadas em 1986", obviamente na ortografia proposta como futura lei dos

sete paÍses. Desse texto conjunto, tiram-se sete vias fac-similares, todas elas

assinadas pelos chefes de delegação.

Rio de Janeiro, 12 de Maio de 1986

Na Academia Brasileira de Letras

por Angola:

pelo Brasil :

Page 27: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

·' por Cabo Verde:

pela Guiné-aissau:

por Mt;Jçambique:

por Portugal:

por São Tom~ e

Page 28: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

1.

FF0TOCOLO DO SHCOHTRO DE UNIFICAÇÃO OR:rOGRAFICA DA LIHGUA PORTUGUESA , RIO DE JANEIRO, DE 6 A 12 DE MAIO

DE 1986 (versão textual unificada)

' Os deleBados de Angola, Cabo Verde, Moçambique, Portu-

gal, são Tomé e Príncipe e Brasil- aceitas e reconhe­

cidas como boas as suas credenciais para as negociações deste En-

contra de Unificação Ortografica da Lineua Portuguesa, realizado

no Rio de Janeiro, na sede da Academia Brasileira de Letras, de

6 a 12 de maio de 1986, a-convite do Governo brasileiro- fazem

lavrar o presente texto, que consubstancia suas razões e recomen­

dações.

1.1 Registram, de inicio, o fato de que o Governo de Guiné­

Bissau não sÓ aceitou o convite do Governo brasileiro, mas tumbem

' designou seu delegado, que, por circunstancias alheias a sQa von-

tade, ·não pÔde chegar a tempo para as negociações. Dos resultados

destas e do material documental produzido, dar-se-l conta ao Gover­

no de Guiné-Bissau, havendo o plenipotenciário de Cabo Verde aquies­

cido ao pedido que lhe fizeram as dêmais delegações de por os seus

bons oficios no sentido de levá-los ao conheci:oento das Atltoridades

de Guiné-Bissau.

2. Antecedentes - Ressaltam de inicio o fato de que, n (JS tem-

pos modernos, desde fins do seculo XIX, vem sendo buscada a simplifi­

cação e racionalização da ortografia portuguesa , sempre com animo que unitario , isto é, de molde que o padrão/fos se atingido servisse para

todo o ambito geografico e social da língua. Reconhecem, porem, que

alguns equívocos puderam surgir entre as posiçÕes brasileira e portu­

guesa na materia, do que proveio , a partir de 1945, o estudo de coi­

sas presente .

2~1 Esse estado de coi s as é'claro nos seguintes traç~s : primei-

ro, 9 português é· .a uni ca lineua de cultura no mundo moderno com duas

ortogr afias oficiais, com prejuízo para os seus usuarios e -respecti ­

vas soei edao es ; ~,; cgu11do, ambas as ortografias têm I'larcas topi c as ou

localü:d.as, em função de pront ncias cultas ma s de lirhi tada ncei tação

pratica e teorica por parte de grandes contjneentes de utentes da ljn-

5Ua•

Page 29: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

2.2 Em 1945, um acordo ortografico foi negociado entre a

Academia das Ciencias de Lisboa e a Academia Brasileira de Le­

tras, que se fez lei ottoerafica em Portueal e não foi honrado

pelo Legislativo brasileiro, por moti~os então alegados de que

algumas de suas bases eram constrangedoras para os usuarios bra­

sileiros. Em consequencia, o Governo brasileiró, então, teve

de resignar-se à rejeição pelo Legislativo do veto com que que­

ria salvar o acordo de 1945, passando a ODicial o padrão orto­

grafico que antecedentemente, em 1943, a Academia Brasileira de

Letras adotara por iniciativa unilateral.

2.3 Desde 'então, periodicamente, as duas Academias, por

iniciativa de alguns de seus membros, buscaram negociar a uni­

ficação ortografiaa sempre almejada mas nunca conseguida. Não

obstante, um grande passo em frente foi dado quando o Governo

brasileiro~ em dezembro de 1971, sancionou lei que simplifica­

va fortemente o uso dos diacríticos na sua ortografia, o que

acarretou uma sensível diminuição nas diferenças · que separavam

as regras e praticas ortografiaas entre o Brasil e Portugal,

revelando, ao mesmo tempo, que as possiblidades de unificação

não eram tão remotas corno se chegou num dado momento a pre-

swnir.

2.4 A partir de 1971, membros das duas Academias, sem man­

dato oficial mas com benevola aquiescencia das suas Casas, nego­

ciaram a aproximação, que atingiu o seu ponto de concordancia em

1975, quando as base s do acordo de 1945 foram reconsideradas a

novas lu1~es e novo s criterios. Esse acordo de 1945 rev.egociado

em 1975 e subscrito pelos presidente s da Academia das Ciencias

de Lisboa e Acade mia Brasileira de Letras não foi, contudo, trans­

formado em lei, tanto no Brasil como em I?ortugal, pois circw1s­

Lanci ;l s adversas , de varia ordem ; não permitiram uma cons~deração

publica da rnateria . na medida em que se adiou a reto mada da ques­

tão em nível legiferant~, ficou patente que, com a emergencia de

cinco novos países soberanos de língua oficial portuguesa, os es­

forços para a unificação não podiam er reconsiderados sem a au­

diencia dos Governos desses cinco paises soberanos de língua ofi­

cial portueuesa irmãos em língua e culturas. Eis os fundAmentos

J.'.'

Page 30: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

do convi te brasileiro para o presente Encontro e da aceitação de . participação dos Governos nele representados .

3. As neeociações Transcorreram elas em a·nbien te harmo­

nico e produtivo, o que permitiu Ulll debate aprofundado dos ternas

e problemas, com a participação de todos os delegados. A confi­

ança mutua que logo se manifestou permitiu tarnbem que cada dele­

gação antecipasse o que podia presumir viessem a ser os percal­

ços que os resultados das negociaç ões iriam enfrentar, conside­

rada a circunstancia de que quãlquer inovação em materia ortogra­

fica provoca de inicio reaçÕes contrarias. Mas, ao cabo, todas

as delegações concordaram quanto ao fato de - que as novas bases

ortograficas não sÓ possiblitam a unificação ortoerafica da lin­

gua portuguesa - objetivo primacial do Encontro -, senão que

tambem representam um avanço na racionalidade do sistema orto­

grafico da lingua.

3.1 Registre-se, sobre as negociações, a posição generosa

das delegações africanas: consignaram elas, pela voz de cada um

dos seus representantes, a luta que os seus povos vêm empreenden­

do Cüntra o subdesenvolvimento e pela afirmação da soberania na­

cional; consignaram sua concordancia de principio co rn a unificação,

de ~odo que a lei a esse respeito seja aprovada na brevidade pos­

sível pelos dois paises que de longa data vêm estudando essa ma­

teria; consignaram que a vigencia da nova lei ortografica comQm

não deve depender da ra~ificação dos Aovernos africanos, dado o

f ato de que, na li~1a de prioridades , tal ratificação talvez pos­

sa tardar, jJ que as novas bases deverão ser o~jeto de debate na­

cional, graças ao que se poderá aprofundar a cfunsciencia da lins ua ,

portuguesa co mo lingua oficial, para o que mui to con tri b u.ira a

criação de co rtissÕes nacionai s a isso destinadas . Pedriam, des-.. . '

tarte, qu e lh es ficasse aberta a possiblidade de aderir a-nov a

ortogra.ffa a q_ualquer t empo, sem condicionamentos que even tual-. .

ment e pudessem ocasionar adiamentos na vigéncia da lei. As de­

legações de Fortugal · e do Brasil agradeceram a generosa posição

de Angola, Cabo Verde , :.1oçarnbique e São Tomé e Principe .

4. Fri:1ciuios fw-dar::1eutais unificadores - Os desacordos

Page 31: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

quanto.a pormenores de ambas as ortografias derivavam, pelo ~enos

para alguns, de dois pressupostos: o de que havia duas normas con­

sideradas padrÕes ortoepicos, respetivamente em Lisboa-Coimbra e ' no Rio de Janeiro, e de que seria a sua admissão ponto de refe-

rencia para definir certos aspectos ortograficos - o que acarre­

tava controversias e dualidades -; e o de que, merc~ da .: ortogra­

fia, podiam insinuar-se princípios ortofonicos ou ortoepicas à

luz daquelas duas nonuas, coisa ~1ue tendia a separar mais osten­

sivamente os dois padrÕes em causa.

4.1 O longo interregno de vigencia das duas ortografias não

foi, porem, esteril, pois apontou o caminho da unificação. Pas sou­

-se a comJlreender que urna grande língua de cultura, corno a portu­

guesa, falada por mais de 170 milhÕes de pessoas, não podia sub­

sistir com apenas dois focos ortofonicos de pronuncia, devendo,

ao cuntrario, aceitar a tese de que padrÕes cultos proprios exis­

tiam e existem em todo o ambito geoerafico dos sete paises. Em

decorrer1cia, a orto~rafia que servisse a todos os séus padrõe s

cultos deveria abandonar a repre!Jentação de quantos traços t oi •i­

cos ou localistas tivessem tido as duas ortografias oficiais.

Na pratica, esse ideal de estabeleci mento de uma orto-

grafia supratorica, supranacional, suprarregional, postulava os

seguintes criterios: primeiro, reconhecer que na propria historia

grnfematica da l íngua existiam certos habitas que deveriom ser

convalidados, ainda que contrariassem teorias, dita s racionalis­

tas, que, para "facilitarem" o aprendizado de u ma lingua de cul­

tura co mo é a portuguesa (que exige - não pela sua ortogra fia -

anos continuas de intenso s estudos, tal co r!lO ocorre co rn qualquer

grande língua de cultu ra), propÕem siste~a s fechados biunivocos

entre a fo ne matica e a grafemati ca; segw1do, admitir que 'quais­

quer traços restritos a areas cul.tas não universais na li neua

não dev eriam receter representação na ortografia Wlificarta, li­

berando o usuario culto da subordinação ao que não lhe fosse

proprio; terceiro, si mplificar, quanto possível, mais ainda , o

siste:na ortografico, ern tudo q u.anto partisse de co mparaç Ões le­

xicai s ou verb~is fora de contexto, pois as duas ortoarafiss

oficiais ora vigentes pagam pesado preço a essa preo cupação,

criando assim uma rede de notaç ões que podem ser considerada s

Page 32: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

. ' parasitari<3s, se aferidas contextualmente. (Cumpre ressaltar,

em w-erdude , que éllilbiguidaues contextuais que possam ser dirimi­

das pela acentuação grafica são de tão baixa ocorrencia que qua­

se' são fantasiosas ou casos limites). o mero abandono der-;sa

preocupação torna possível que a acentuação grafica da língua,

de extremamente complexa que chegou a ser, passe a ter caracte­

res muito simples- ~bem verdade que, eventualmente, a custo

de objeçÕes.

4.4 Objeções, de fato, há, sempre que se inova em 1nateria

ortografica, eis uma~_ lição 'de todos os tempos. Na situação pre­

sente da lingua·portuguesa, porem, vale a pena ousar. A nosss

língua ~' já agora, wna das mais faladas e escritas do mundo, que

atingeTI uma centena apenas dentre dez mil línguas ora faladas,

entre agra:flas e escritas. Sua unidade como língua de cultura es­

tá sendo, porem, prejudic?da, para mal dos seus utentes, com as

duas ortografias, na economia, na editoração, na diplomacia, nas

relaçÕes internacionais - exigindo de cada um dos sete países so­

beranos que a têm como língua oficial esforços nacionais que pode­

riam ser forte ~nente mais fecundos se a · barreira ortografica não

criasse obstac1üos aos sete países em causa -~ sem referir em

particular outras comunidades que têm na língua portuguesa seu

vernaculo ou sua língua de cultura de comunicação universalista.

Desse modo, conseguir a unificação ortografica pode parecer aos

menos avisado coisa de somenos, mas é obra de importancia perdu-- , rante para a cultura de expressao portuguesa comum. Este e um ' , ato político e diplomatico que ficara no tempo.

5. Concessões reciprocas - No cotejo das duas ortografias,

tomaram-se,como base de discussão, a oficial brasileira e a ofici­

al portuguesa, renegociadas em 1975, sobre as bases do acordo de

1945. As delegações, porem, deram um pa sso em frente na ~uestão

da acentuação grafica e cuja coe rencia se faz graças à aceitação

do pr i nci pio de q~e deve~ sobrepor-se, ~ logica do sistema olJtido

pelas ·- c orn parações lexic J. is isol adas,. as evidencias inequ{vocél.s no

contexto linguistico. Houve traços de ambas as ortogra fi as que

foram excluí dos de no vo s i s tema s em i mplicarem o abandono do

/

•"

Page 33: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

. padrão linguistico do usuario. As proscreverem-se as consoantes . ditas mudas cujo valor era, de fato, diacrítico, por assinalarem

o timbre aberto da voeal que as precedia, não se impÕe ao leitor,

locutor ou escritor, se for o caso,~ abandono do timbre aberto :

apenas se considera a questão como a que ocorre quando se gra fam

Eregnr 'predicar•, padeiro e afins. Isso não i !nporta, porem, em

unificar aspeto/aspecto, que serão opcionais por parte do escrj­

tor (::>e nno 1 ronvnci a ou se pronuncia o E._ ern questão), do mesmo

modo que, por exemplo, excecional/excepcional, consoante não se

pronuncie ou se pronuncie o ~· Acentuar carretéis, por exemplo,

era constranger a pronuncia de um sem nwnero de locutores que,

com toda a legitimidade, não pronunciam o ditongo segundo a fei-

. ção por que era grafado: carreteis, porem, não impedirá que o lei­

tor p · pronuúcie com os valores vocalicos ~que esteja habituado .no

seu padrão culto.

5.1 Mercê de concessões reciprocas desse tipo e do princi-

pio da simplificação por inequivocidade contextual, logra-se u rna

ortografia simplificada comum à expressão da língua portug~esa

escrita que, contudo, respeita as variantes morfologicas e lexi­

cais e afins nacionais, regionais, topicas e até idioletais -

traços estes que, contudo, longe de comprometerem a superior

unidade da lingua, lhe conferem inurneras virtudes plasticas para

corresponderem aos matizes mentais e verbais dos seus utentes.

6. RecomendaçÕes - As delegaçÕes recomendam vivamente ~os

Governos de 1~ngola , Brasil, Cabo Verde, Guiné-Dis:Jau, Moça rnbirl tW ,

Portugal e são Tomé e Frincipe que adotem as ''Bases da orto~rnfia

si •nplificada acordadas em 1945, renegocindas ern 1975 e consolidn:la s

em 1986" como o sistema nacional de ortografia, sistema nacional

que, em tudo igual em cada um dos sete países , será ipso facto

o sistema comum dos mesmos .

6.1 Rec'Jmendam, tarhbem, que cada Governo decida quanto ao

modus fac_iendi da ação legiferante, e. que, tornadas lei nacional

as "Bases" referidas, caua Governo comunique o fato aos seis ou­

tros.

6.2 Recomendam, ainda , que a vigcncia da lei se to r ne efc-

Page 34: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

tiva a purtir de 1 de janeiro de 1988, com a s11a ratificação Jle­

los Governos brasileiro e portugu~s. Fica aberta a ratificaç~o

a qualquer tempo dos Governos africanos, nos termos referidos no

n2 3 supra. '

6.3 Rücomendam, ademais, que os séte países editem conjun-

tamente um vocabulario ortografico da língua portuguesa , com re­

gistro das variantes e peculiaridades 1exicais nacionais de cada

um, compro1netendo-se a não proceder a quaisquer modificações ou

aperfeiçoamentos do sistema ortografico unificado sem audiencia ,

e conoordancia reciproca e comum, o que devera cada dez anos ser

aprovado por novo Encontro, convocado por outro que não o Governo

que convocou o anterior. As delegações propuseram que o p~oximo

Encontro seja convocado pelo Governo portugu~s .

6.4 Recomendam , por_fim, que cad~ pais estude desde j~ as

possibilidades de credenciar um organismo proprio para dialogar

com os outros seis ~obredos,p~oblemas da língua.

7. Este protocolo apresenta-sé na seguinte foram: a) este

comunic~do na vérsão ortografica vigente no Brasil, b) este comuni­

cado na versão ortografica vigente em Portueal e nos p~isese afri­

canos, c) este comunicado na versão ortografica unificada proposta

co ·no fut11ra lei e d) as ''Bases da ortogrufia simplificada aconJad:Je

em 1945, renegociadas em 1975 e consoli!dadas em 1986", obvia ;~tente

na ortografia proposta como futura lei dos sete países . Desse texto

conjunto, tiram-se sete vias .ffacsimilares, todas elaas assinadas

pelos chefes das delegações, · valendo todas elas corno originais.

poi' Aneola

pelo Brasil

!<; ~. Cab(.' Ver de

.ror ~ .Taç a~· bique

por Portueal

'-'

Page 35: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

I Bases Analíticas da Ortografia Simplificada

da Lingua Portuguesa de 1945, renegociadas

em 1975 e consolida das em 1986.

Base I

Das letras k , w e ~

O ~~ o w e o ~ mantêm-se nos vocabulos derivados erudita­

mente de nomes proprios estrangeiros que se escrevam com essas le­

tras: frankliniano, kantismo, darwinismo, wagneriano, byroniano ,

taylorista. Tais letras são licitas em siglas , símbolos , abrevia­

ções e mesmo palavras adotadas como unidades de medida de curso in­

ter nacional .

Base II

Dos derivados de nomes estrangeíro s

Em congruencia com a base anterior, mantêm-se nos voca-

los derivados eruditamente de nomes proprios estrangeiros , não tole

rando substituição, quaisquer combinações graficas não peculiare s à

nossa e s crita que figurem nesses nomes: comtista, de Comte; garret ­

tiano, de Garrett; jef fersonia, de Je f ferson; mülleriano, de MÜl­

ler; shakespeariano, de Shakespeare .

Os vocabularios autorizados registrarão grafias alternati­

vas admi siveis, em casos de divulgação de certas palavras d e tal

tipo de origem (a exemplo de fucsia/fuchsia e derivados , uganvi ­

lia/buganvilea/bougainvillea) .

Base III

Do h inicial

O h inicial emprega-se: lg) por força da etimologia: ha­

~ helice, hera, hoje, hora, humano; 2Q) em virtude de tradição

graficamutto longa, com origem no proprio latim e com paralelo em

linguas romanicas: humor; 32) em virtude de adoção convencional:

hã ?, hem?, hum!. Admite-se, contudo, a sua supressao, apesar da

Page 36: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

. '

etimologia, quando ela está inteiramente consagrada pelo uso: ~'

em vez de herva; e, portanto, ervaçal, ervanario, ervoso ( em con­

traste com herbaceo, herbanario, herboso, formas de origem erudi

ta).

Se um h inicial passa a interior , por via de composição,

e o elemento em que figura se aglutina ao precedente , suprime-se :

anarmonic o, biebdomadario, desarmonia, desumano , exaurir , inabil ,

lobisomem, reabilitar, reaver, transumar. Igualmente se suprime nas

formas do verbo haver que entram, com pronomes intercalados, em

conjugação de futuro e de condicional: amá-lo-ei , amá- o-ia, dir­

se-á, dir-se-ia, falar-nos-emos, falar-nos-Íamos, juntar-se-lhe-ão,

juntar-se-lhe-iam.

Base IV

Do h em finais de ori em he raica

Os digramas finai s de origem hebraica ch, ~ e th c ns er-

vam-se íntegros, em formas onomasticas da tradição biblica, uan-

do soam (ch =c , = ~ = f, th = t) e o uso não aconselha a s a su

bstituição: Baruch, Loth, N.bloch, Ziph. Se, porem, qualquer de sses

di gramas, em formas do mesmo tipo, é invariavelmente mudo, elimina-, ,

-se: Jose, Nazare, em vez de Joseph, Nazareth; e se algum deles, por

orça do uso, permite adaptação ·, substitui-se , rece endo uma adiç ão

vocalica: Judite, em vez de Judith.

Base V

Da homofonia de certas conso antes

Dada a homofonia existente entre certas consoantes, tor

na-se necessário diferenciar os seus empregos graficos, que funda

mentalmente se regulam pela etimologia e pela historia das pala­

vras. É certo que a variedade das condições em que se fi~am na es­

crita as consoantes homofonas nem sempre permite facil diferencia-deve -

ção de todos os casos em que se/empregar uma consoante e daqueles

em que, diversamente, se deve empregar outra, ou outras, do mesmo

som; mas é indispensavel, apesar dis.so, ter presente a noção teori-

ca dos varies tipos de consoantes homofonas e fixar praticamente,

até onde for possível, os seus usos graficos, que nos casos espe-

Page 37: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

ciais ou dificultosos a pratica do ~dioma e a consulta do vocabula­

rio ou dó dicionario irão ensinando.

Nesta conformidade, importa notar, principalmente, os se­

guintes casos:

1º) Distinção entre ch ex: achar , archote , bucha, capa­

cho, capucho, chrunar, chave, Chico, chiste, chorar, colchão, colche­

te, endecha, estrebuchar, facho, ficha, flecha, · frincha, gancho, in­

char, macho, mancha, murchar, nicho, pachorra, pecha, pechincha, ~­

nacho, rachar, sachar, tacho; ameixa, anexim, baixel, baixo, bexi -

Eê t bruxa, coaxar, coxia, d~buxo, deixar, eixo, elixir, enxofre,

faixa, feixe, madeixa , mexer, oxalá, praxe, puxar, rouxinol, uxt e

(interjeição), vexar, xadrez, xarope, xenofobia, xerife, xícara.

2º) Distinção entre g palatal e j_: adagio, alfageme, ~ 1.

algebra, algema, algeroz, Algés, algibebe, algibeira, algido,

almargem, Alvorge , Argel , Bajé , estrangeiro , falange, fer1~ •em, fri •

gir, gelosia, gengiva, gergelim, geringonça, Gibraltar, ginete , gin ­

~ girafa, giria, herege , relogio, sege, Tanger, virgem; adjetivo,

ajeitar, ajeru (nome de planta indiana e de uma especie de papa

gaio ), canjerê, canjica, enjeitar, granjear, hoje, intrujice, jeco­

ral, jejum, jeira, jeito, jelala, Jeová, jenipapo, jequiri, jequiti _

bá, Jeremias, JericÓ, jerimum, Jeronimo, Jesus, jiboia, jiquipanga,

jiauirÓ, jiguitaia, jirau, jiriti, jitirana, laranjeira, lo jista,

l\1ajé, majestade, majesto so, manjerico, manjerona, rrru.cujê, pa jé, pe­

gajento, rejeitar, ·sujeito, trejeito.

32) Distinção entre as sibilantes surdas s, ss, c, x ex:

ansia, a~cen&ão aspersão, cansar , conversão, esconso, farsa, gan-•·

so, imenso, mansão, mansarda, manso, pretensão, remanso, seara, se-

da, Seia, sertã, Sernancelhe, serralheiro, Singapura, Sintra, sisa,

tarso, terso, valsa; abadessa, acossar, amassar, arremessar, Assei­

ceira, asseio, atravessar, benesse, Cassilda, codesso (identicamen­

te, Codessal ou Codassal, Codesseda, Codessoso, etc.), crasso, de­

vassar, dossel, egresso, endossar, escasso, fosso; gesso, molosso,

mossa, obsessão, pessego, possesso, remessa, sobresselente, sosse-

gar; ~· acervo, alicerce, cebola, cereal, Cernache, cetim, Cin­

fães, Escocia, Wacedo, obcecar, percevejo; açafate, açorda, açucar,

almaço, atenção, berço ·; Buçaco, caçanje, caçula, caraça, dançar,

Page 38: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

..

Eça, enguiço, Goncalves, insercão, linguica, macadã, Macão, rnacar, . -Nocambigue, Mocamedes, Moncao, muçulmano, murca, negaca, pança, ~-

~. guiçaba, guiçama, guiçamba, Seica (grafia que pretere as erron~

as Ceiça e Ceissa), Seiçal, Suiça, terço; auxilio, r~ximiliano, ~zxi

mino, maximo, proximo. A proposito deve observar-se:

a) Em principio de palavra nunca se emprega x• que se subs

t itui i nvariavelmente por s: safio, s apato, sumagre, em vez da anti

gas escritas çafio, çapato, çumagre.

b) Quandoum pre f i xo s e junta a um elemento que come çava ou

trora por ~. não reaparece esta l etr a: mant êm-se o ~, que, encontran

do-se ent r e vogais, s e dobr a: assaloiado, de s aloio (ant. çaloio) , -e nao açalo i ado.

42) Distinção entres de fim de si l aba, inici al ou i nteri

or, ~ x e z identicos : ade s trar , Calis t o , es cusar , e sdruxu r,- rw -~-=-~..::;.;;.:: - ' --

tar , esplanada , e s nl endido, espremer, esquisito, est ender, Estremaàu­

r a , Estremoz, i nesgotavel ; extensão, explicar , extraordinar i o , in~­

tric avel , i nexperto, s extante , textil; c apazmente, infeli zmente , _yg,­

lo zment e . De acordo com esta distinção , convem notar dois c asos:

a) Em f inal de s ilaba que não sej a final de palavra, o x = s muda para~ sempr e que está pr ece dido de i ou u: justapor, just ali­

near , mis to, sistino (cf . Capela Sistina), Sis o , em ve z de juxta­

por, juxt alinear, mixto, s ixtino, Sixto.

b) SÓ nos a dverbi os em mente se admite z = s em f i na l de

sí l aba s eguida de outra. De contrario, o ~toma sempre o lugar do z:

Bi sc a ia, e nao Bizc a i a.

5º) Di s tinção entre s f inal de pa l avra ex e z identiéos:

aguarrás, aliás, anis, após, atrás, at r avés, Avis, Brás, Dinis, Gar­

cês, gás, Gerês, Inês, .íris, Jesus, jus, lapis, Luis, pa~s, portu -

guês, QueirÓs, guia, retrós, revés, Tomás, Valdês; · calix,.Felix, fe­

nix, flux; assaz, arroz, avestruz, dez, diz, fez _(substantivo e for­

ma do verbo fazer), fiz; Forjaz, Galaaz, giz, jaez, matiz, petiz,

queluz, Romariz, (Arcos de) Valdevez, Vaz. A proposito, deve obser-. , . .. . -

var-se que e ~nadm~ss~ vel z final e qui valente a ~ em palavra nao ox.i

tona: Cadis e não Cadiz.

Page 39: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

62) Distinção entre as sibilantes sonoras interiores ~' ,!

e z: acêso, analisar, anestesia, artesão, ~. asilo, Baltasar, be­

souro, besuntar, blusa, brasa, brasão, Brasil, brisa, (Marco de) Ca­

naveses, coliseu, defesa, duquesa, Elisa, empresa, Ermesinde, Espo­

sende, frenesi ou frenesim, frisar, guisa, improviso, jusante, liso,

lousa, Lousã, Luso (nome de lugar, homonimo de Luso, nome mitologi­

co), :Matosinhos, Meneses , Narciso, Nisa, Obsequio, ousar, pesquisa,

portuguesa , presa, raso , represa, .~sende , sacerdotisa,

Sousa, surpresa, tisana , transe , transito, vaso~ exalar,

sesimbra,

exemplo,

exibir, exorbitar, exuberante , inexato, inexoravel; abalizado , alfa~

zema, Arcozelo, · autorizar, ~. azedo, azo , azorrague , baliza, ba­

zar, beleza, buzina, buzio, co mezinho, deslizar , deslize , Ezequiel ,

fu zileiro, Galiza, guizo, helenizar, l ambuzar, lezíria, ~buzinho,pro

eza, s a zao, urze, vazar, Veneza, Vizela, Vouzela.

Base VI

Das se qu encias conson~cas (I)

O ~ gutural da s s equencias i nteriores -cc- (segundo ~ sibi

lante), -~-e -ct-, e o~ da s sequencias interiores -~- (~ sibilan

te), -~- e -P!-, ora se eliminam, ora se conservam.

Assim:

lº) Eliminam- se nos casos em que são invariavelmen te mudos

nas pronuncias cultas da lingua: aflição, aflito, dicionario, absor­

çao, cativo, ação, acionar, ator, afetivo, coletivo, diretor, ado­

çao, adotar, batizar, ato, exato, Egito, otimo, etc.

22) Conservam-se nos casos em que sao invariavelm nte pro­

feridos nas pr'onuncias cultas da língua: compacto, convicção, convic­

to, ficção, fricção, friccionar, pacto, pictural, adepto , apto , dip­

tico, erupção, inepto, eucalipto, nupcias, rapto, etc.

3º) Conservam-se ou eliminam-se, facultativamen~e, quando ,

so se proferem numa pro~uncia culta, quer geral, 'quer restrit amente,

ou então quando oscilam entre a prolação e o emudecimento: facto e

fato, cacto e cato, caracteres e caràteres, peremptorio e perento-,.... - . . .,

. rio, aspecto e aspeto, ceptro e cetro, cons~çao e con~çao,corrup-

to e corruto, sumptuoso e suntuoso, dicção e . dição, sector e setor,

etc.

Page 40: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

42) Quando, nas sequencias interiores-~-,

-mpt:,se eliminar o E• de acordo com o ' determinado nos

-~- e

paragrafoe

L

precedentes, o m passa a n, escrevendo-se, respectivamente, -nc-,

-n~- e -nt-: assumptivel e assuntivel, assumpção e assunção, peremp­

torio e perentorio, sumptuoso e suntuoso, etc.

Base VII

Das sequencias consonanticae (II)

Além do c gutural dasse~uencias interiores -cc-, -~- e

-ct-, e do E das sequencias interiores -~- , -~- e -gi- , elimi-

nam-se ou conservam-se consoantes varias de outras sequencias, sem­

pre que são invariavelmente mudas ou invariavelmente proferi das em

quaisquer pronuncias cultas da lingua portuguesa. As mesmas consoan

tes, porem, conservam-se ou eliminam-se, facultativament e, uando

só se proferem em alguma pr onuncia culta da lingua, quer gera quer

rest r itamente, ou então quando oscilam entre a prolação e o emu deci

mento.

Assim:

12) Eliminam-se: o c da sequencia - cd-, em ane dota e res­

petivos derivados e compostos, assim como em sinedogue; o g da se­

quencia -~~. em Emidio e Madalena; o g da sequencia -~-, em au-

mentar, aumento, f leuma, fleumatico; o g da s equencia - em as-

sinatura, Inacio, Inês, sinal, etc .; o m da sequencia -~-, em con­

denar, dano, ginasio, onibus, solene, ~; o R da sequencia ini­

cial -ps-, em salmo e salmodia, assim como nos derivados dest as pa­

l avras; o ~da sequencia -~-, em exangue e nas palavra s em q e es­

tá se5~ido de outra consoante : expuição, extipulaceo, extipulado ; o

~ da sequencia de origem grega phth, sob a forma de f, em anoteg­

~' ditongo, tisico, tisiologia, etc.; o th da sequenoia de origem

grega -~-, sob a forma de t, em ~' asmatico, etc.

22) Conservam-se: o g da sequencia -~-, em apotegma, ·diã

fragma, fragmento, segmento; o B da sequencia -~-, em Agnelo, ~­

nato, designar, : significar, etc.; o ph da sequencia de origem gre­

ga phth, sob a forma de f , tal oomo:o th seguinte, sob a forma de t,

em afta, difteria, ftartico, ftiriase, ftorico, oftalmologia, etc.;

Page 41: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

o th da sequencia da origem grega thm, sob a forma de !, em logari­

tmo·•-· r itmo, etc.

32) Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente: o b da

sequencia -bd-, em subdito (ou sudito); o b da sequencia -bt--' em

subtil (ou sutil) e seus derivados; o B da sequencia -~-, em amíg­

dala, amigdalacea , amigdalar , amigdalato, amigdalit e, amigdaloide,

amigdalopatia , amigdalotomia , amigdalectómia (ou amidala , amidala­

~' amidalar , amidalato, amidalite , amidaloide, amidalopatia , ami­

dalotomia , amidalectomia ); o ~da sequencia -~-, em amnistia, am-

nistiar , indemne, indemnidade, indemnizar , omnimodo, omniPotente , ornnisciente ( ou anistia , anistiar, indene, indenidade , indenizar ,

onimodo, oniPotente , onisciente ); o th da sequencia de origem gre­

ga -thm- , sob a forma de t, em aritmetica e aritmetic o (ou arimeti­

c a e arimetico ).

Base VIII

De consoantes finais

As consoantes finai s b, ~' d, ~e t mantêm-se , quer se­

j am mudas, quer proferidas, nas formas onomasticas em que o uso as

consagrou, nomeadamente antroponimos e toponimos da tradição bíbli­

ca: Jacob, Job, Moab , Isaac; David, Gad; Gog, Magog; Bensabat, Jo­

s a at .

Integram-se tambem nesta norma : o antro onimo Ci d , em

que o d é sempre pronunciado; os toponimos Madrid e Valhadolid, em

que o d ora é pronunciado, ora não; e o toponimo Calecut ou Calicut,

em que o t se encontra nas mesmas condiçÕes .

Nada impede, entretanto, que dos antroponimos em

sejam usados sem a consoante final JÓ, Davi e Jacó .

:Base IX

Das vogais atonas

apreço

O emprego do e e do i, assim como do o e do ~' em sílaba

atona, regula-se fundamentalmente pe~a etimologia e por particulari

dades da histeria das palavras. Assim se estabelecem variadíssimas

grafias:

a) com e e i: ameaça, amealhar, antecipar, arrepiar, bal-

Page 42: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

..

near, boreal, campeão, cardeal (prelado, ave, planta; diferente de

cardial • = "relativo à c ardia"), Ceará, · co de a, enseada, enteado,

Floreal, janeanes, lendea, Leonardo, Leonel, Leonor, Leopoldo, Leo

~~ linear , meão, melhor , nomear, peanha, quase (em vez de guasi),

real, semear , semelhante, varzea; ameixial , Ameixieira , amial, ami

eiro, arrieiro , artilharia , capitania, cordial (adjetivo e subtan-

tivo), corriola, cranio, criar, diante , diminuir , Dinis ,

gial , Filinto, Filipe (e identicamente · Filipa, Filipinas,

ferre-

etc. ) ,

freixial, giesta , Idanha, igual, imiscuir-se, inigualavel, lam­

pião , limiar , lundar , lumieiro, patio, pior, tigela, tijolo , Vimi-

eiro , Vimioso; .

b) com o e u: abolir, Alpendorada, assolar , borboleta,

cobiça, consoada, consoar , costume , di sc olo, embolo, engolir, ~­

to a , esbaforir-se , esbo~~~. farandola, femoral, Freixoeira, gi-

r andola, goela, iocoso, magoa , nevoa , no oa, obolo, ascoa , Pas-

coal , Pascoela , polir, Tiodolfo, tavoa , tavoada , tavola, tombola,

veio (substantivo e forma do verbo vir); ~' aluvião, arcuense ,

assumir, bulir, camandulas, curtir, curtume, embutir, entupir, fe­

ID1lT , fistula, glandula, ingua , jucundo, legua, Luanda, l ucubração,

lugar, mrrngual , J~uel , mingua, Nicaragua, pontual , regua, tabua ,

tabuada , tabuleta , tregua, vitualha.

Sendo muito variadas as condiçÕes etimologicas e fo neti­

coistoricas em que se fixam graficamente e e i ou o e ~ em s ílaba

atona, é evidente que só a consulta dos vocabularios ou diciona­

rios pode indicar, muitas vezes, se deve empregar-se e ou i, se o

ou u. Há, todavia, alguns c asos em que o uso dessas vogais

ser facilmente sistematizado. Convem fixar os seguintes:

pode

1º) Escrevam-se com e, e não com i, antes da sílaba toni - -ca, os substantivos e adjetivos que procedem de substant~vos termi

nados em eio e eia, ou com eles estão em relação direta. Assim se - -- . regulam: aldeão, aldeola, aldeota, por aldeia; ~eal, areeiro, are­

ento, Areosa, por areia; aveal, por aveia; baleal, por baleia; ca­

deado, por cadeia; candeeiro, por candeia; centeeira e centeeiro,

por centeio; colmeal e colmeeiro, por colmeia; carreada, correame,

por correia.

2Q) Escrevem-se igualmente com~' antes de vogal ou di-

Page 43: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

..

tongo ~a sílaba tonica, os derivados de palavras que terminam em e . acentua do (o qual pode representar um antigo hiato: ea e ~ ): ~-

l eão, galeota, ga l eote, de galé; guineense, de Guiné; poleame e~-. ,

l eelro, de EO l e.

32) Escrevem-se com i, e não com e, antes da sílaba toni­

ca, os ad j etivos e substantivos derivados em que entram os sufixos

mistos de formação vernacula ~ e iense , os quàis são o resultado

da combinação dos sufixos ano e ense com um i de origem analogica

(baseado em palavras onde ~ e ense estão precedidos de i perten -

cente ao tema: horaciano, italiano, duriense , flaviense , etc . )' aço -

riano, c aboverdiano, camoniano , goisiano ( "relativo a Damião de

_ Gois") , sofocliano, siniense ("de Sines"), torriense ("de Torres"),

acri ano ("de Acre").

42) Uniformizam-se com as ter minações io e i a (atot.as , em

vez de eo e ~' os substantivos que constituem variações, obtidas

por ampliação, de outros substantivos terminados em vogal: cumi o

(popular), de cume; hastia, de haste; restia, do antigo r este; ve s-- - -

5º) Os verbos em ear podem distinguir-se pratic amente

grande numero de vezes, dos verbos em ~. quer pela formação , quer

pela c onjugação e formação ao mesmo tempo . Estão no primeiro c aso

todos os verbos que se prendem a substantivos em eio ou eia (se ·am

formados em português ou venham já do latim ) ; assim se regulam: al­

~. por aldeia; alhear , por alheio ; ~' por ceia; encadear , por

cadeia , pear, por ~' e tc . Estão no segundo caso todos os verbos

que têm normalmente flexões rizotonicas em eio, eias, etc., desde

que não se liguem a subtantivos com as terminações atonas ia ou i o

(c omo ansiar ou odiar) : clarear , delinear , devanear , falsear , ~­

jear, guerrear, hastear , nomear , semear , etc.

62) Não é licito o emprego dou final atono em palavras

de origem latina. Escre~e-se, por isso: ~' em ·vez de motu ( por

exemplo, na expressão de moto proprio); tribo, em vez de tribu.

72) Os verbos em~ distinguem-se praticamente dos ver­

bos em~ pela sua conjugação nas formas rizotonicas, que têm sem­

pre o na sílaba acentuada: abençoar, com ~, como abençoo, abençoas,

Page 44: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

etc.; destoar, com~' como destoo, destoas, etc.

Base X

De perguntar e derivados

O verbo perguntar não admite na escrita corrente a mudan-,

ça da sílaba per em pre : preguntar . E o mesmo se da, por conseguin

te, com quaisquer palavras dele formadas: pergunta , perguntador , per­

guntante , Eerguntão, reperguntar, e não Eregunta, preguntador , pre­

guntante , preguntão , repreguntar .

Base XI

De querer e derivados

Consideram-se normais na escrita corrente as formas: ~e~

e re uer, dos verbos auerer e requerer, em vez de ere e :!_' e_g 'ere :

-ele quer, ele o quer, ela requer, ela o requer, quer dizer, e n w

ele quere, ele o quere , ela requere, ela o requere, ouere dj~er. São

legitimas, ent retanto , as formas com e final, quando se comb 'nam com

o pronome enc l itico o ou qualquer das suas flexões: quere-o, quere-

~' requere-a, requere-as.

A forma auer transmite a sua grafia à conjução a que deu

origem e mantem-na, alem disso, em todas as palavras compost as e lo­

cuções em que figura : quer ••• guer; malmegue ; onde quer gue , guem

guer que .

Base XII

Das nasais

Na representação das vogais nasais devem observar-se, alem

de outros suficientemente conhecidos, os seguintes preceitos :

12) Quando uma vogal nasal tem outra vogal de~is dela, a

nasalidade é expressa pelo til: ãatá, desealmado, earcado·, lÜa (anti

go e dialectal), ua (an~igo e dialectal).

22) Quando uma vogal nasal ocorre em fim de palavra, repr~

senta-se a nasalidade pelo til, se essa vogal é de timbre ~; por ~' ,

se possui qualquer outro timbre e termina a palavra; e por n, se e

de timbre diverso de a e está seguida de !!_: afã, grã, lã, orfã; ela-

Page 45: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

rim, tom, vacum; flautins, semitons, zunzuns.

32) Os vocabulos terminados em ã transmitem esta represen­

tação do a nasal aos adverbios em mente que deles se formem, as­

sim como a derivados em que entrem sufixos precedidos do infixo z:

cristãmente, irmãmente, sãmente; lãzudo, maçãzita, maçãzinha, manhã­

zinha , romãzeira.

Em complemento dos preceitos de representação das ogais

nasais , importa notar que nas combinações dos prefixos in ( t a1lt o o

que exprime interioridade como o que exprime negação) e ~ (diferen­

te do elemento .en, .r esultante da preposição em: enfim, engucmto ) com

elementos começauos por m ou g, não se admitem, quanto à escrita nor

mal , as sequencias mm e gg, as quais se reduzem, respectivamente, a

~e a n: imergir, inovação, inato (quer no sentido de "congenit o",

quer no de "não nascido"), e não i rr ergir, i nnovação, i nnato ; "­

cer, emoldurar , enegrecer, enobrecer, e não ernmagrecer, e r..:rno ãurar ,

ennegrecer, ennobrecer . Em coerencia com o disposto, grafar-se-á co-

no sco.

Base XIII

Dos ditongos

I - Os ditongos orais, que em parte tanto podem ser toni­

c os como atonos, distribuem-se por dois grupos grafic os principais ,

consoante a subjuntiva soe i ou~: ai, ei, oi, iu, ui; au, eu, ou:

braçais , caixote, deveis, eirado, farneis, farneizinhos, goivo, BQ!­var , lençois , lençoizinhos, tafuis, uivar; cacau, cacaueiro, deu,

endeusar, ilheu, ilheuzito, mediu , passou, regougar. Admitem-se, to­

davia, excepcionalmente , à parte destes dois grupos, os ditongos ae

(=âi ou ai) e ao ( =âu ou au): o primeiro, representado nos antropon~

mos Caetano e Caetana, assim como nos respectivos derivados e campos

tos (caetaninha, etc); o segundo, representado nas conbinações da

preposição a com as formas masculinas do artigo_ ou pronome demonstra

tivo o: ou sejam ao e aos.

Cumpre fixar, a proposito'dos ditongos orais, os seguintes

preceitos particulares:

12) É o ditongo ui, e não a sequencia vocalica ue, que oe

Page 46: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

emprega nas formas de 2a. e )a. pessoas do singular do presente do . indic a tivo e igualmente na de 2a. pe ssoa do singular do impera ti-

vo dos verbos em uir: constituis, influi, retribui. Harmonizam- s e ,

porúLnto, essas fo rmas com todos os c asos de ditongo ui d& sílaba fi

nal ou fim d e palavra ( azuis, fui , Guardafui '. · e t c.); e ficam assim , em paralelo graficofonetic o com as f o rmas de 2a. e 3a . pessoa do sin

gular do imperativo dos verbo s em air e em oer: atrais , cai, mais , re

mo i , ~·

2º)É Oditongo u~ que representa sempre, em palavra s de

origem latina , a união de um u a um i atono seguinte . Não dive rgem,

portru1to, formas como fluido de formas como gratuito. E isso não im­

pede que nos derivados de formas daquele tipo as vogai s u e i se se

parem: fluidico, fluidez (~ ) .

3º) Alem dos ditongos orais pr opriamente ditos , o s quais - .,

sao todos decrescentes, admite-se, como e sabido, a e xistenc ia de di

tangos crescentes. Podem considerar-se no numero deles os encontros

vocalicos postonicos , tais o que se representam grafic amente por

ea, eo , ia , ie , oa, ~' ue, uo : aurea, aureo, colonia, especie , exí ­

mio, maeoa , mingua , tenue, tríduo.

rr· - Os ditongos nasais , que na sua maioria tanto podem ser

tonicos c omo atonos, pertencem graficamente a dois tipos f undamen

tais: ditongos constituídos por vogal com til e subjuntiva vocalica ;

ditongos constituídos por vogal e consoante nasal , tendo esta o va­

lor de ressonancia. Eis a indicação de uns e outros:

1º ) Os ditongos constituídos por vogal com til e subjunt i

va vocali c a são quatro, considerando-se apenas a linguagem normal

contemporanea : ãe (usado em voc abulos oxitonos e derivados ), ãi , ã o e

Õe (usados em v oc abu l os a noxito no s e derivados). Exemplo: c ães , Gui-

marãe s , mãe , mãezinha ; cãibas, cãibeiro,càibra, z ã i bo; mão, mão z i-

nha, não, quão (não gu am ), sotão, sotão zinho, tão (não tãm); Camões,

ora çÕe s , ora çÕe z inhas , võe, repÕes. Ao lado de tais ditongos pode,

ainda, colocar-se o ditongo ui, que se apresenta sem o til n a s for­

mas muito e mui, por obediencia à tradição.

22) Os ditongos grafados por vogal e consoante nas a l equi­

valente a ~onancia são dois: -ª!!! e ~~ Divergem, porem, nos seus em

\ l..

Page 47: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

pregos:

a) am (sempre atono) só se emprega em flexões verbais on­

de nunca é licito substitui-lo por ~: ~' deviam, escreveram, ~-

seram ;

b) ~ (tonic o ou atono) emprega-se em palavras de catego­

rias morfologicas diversas , incluindo flexões verbais, e pode apre­

sentar variantes graficas , determinadas pela posição, pela acentua

çao ou simultaneamente pela posição e pela acentuação : bem, Bembom

(toponimo), Bemposta, cem, .devem, nem , quem, sem, tem , virgem, Ben­

canta, Benfeito , Benfica, benquisto , bens, enfim, enquanto, homenzar ­

rão, homenzin..ho , nuvenzinha , tens, virgens ; amem (variação de amen),

armazem, convem, mantem, ninguem, norem, Santarem, tambem; A

convem,

mantêm, têm (3as . pessoas do plural); armazens, desdens, convens, re

tens, Be l e nzada , vintenzinho .

Base XIV

Da acentuação grafica

O sistema de acentuação grafica da língua portuguesa obe­

cerá às seguintes disposiçÕes:

lQ) O acento grave ('), segundo o modelo das formas ' a e

a s, result tes da con raçao da preposição ~ com a s flexões femini­

nas do artigo definido ou pronome demonstrativos a e ~' notará as

contrações da preposição ~ com o ~ inicial das formas pronominais de

monstrativas aquele, aquela, aqueles , aquelas, aquilo, aque l outro, a­

queloutras, àquele, àquela, àqueles, àquelas, àqueloutro, àquelou­

tra, àqueleoutros , àqueloutras.

22) O acento agudo (')notará as vogais~' e e o abertas - , ,

seguidas ou nao de s de vocg~~~os agudos ou oxitonos: ~\ pas, ~,

pés, E.Ci, pós, rajá, r ajás ,/êdés, enxó, enxós; notará tambem, facuJ­perfeiio

preteri te/ do , ,

tativarnente, as formas louvamos, amamos e conexas _do

indicativo da primeira conjugação em contraste com as formas

mos, amamos e conexas do presente do. indicativo.

32) O acento circunflexo (A) notará:

louva-

Page 48: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

..

, a) as pa l avras agudas ou oxitonas terminadas nas vogais e

e o fechadas seguidas ou não de s: vê, vês, mercê, mercês, rô, rês,

robô, robÔs ;

b) as fo rmas da terceira pessoa do plural do presente do

indicativo dos verbos ter e vir, têm e vêm, e dos seus compostos

contêm , convêm, mantêm , provêm, etc., em contras te com as do singu

lar tem,~, contem, mnntem, provem, etc .; em relação com o dispo~

to , lembre-se que às formas do singular lê, vê, crê, r elê , revê ,

descrê, etc., opÕem-s e leem, creem, releem, reveem, descreem, etc.,

do plural;

c) a flexão pÔde do preterito perfeito do verbo poder em

contraste com a flexão pode do presente do indicativo do mesmo ver­

bo , be~ como os substantivos fÔrma e fÔrmas, em contraste com for­

ma e formas, fle xõ es do verbo fo r mar e t ~~bem substantivos .

4º) Em c aso s de ambiguidade contextual que possa s8 r des ­

feita pela acentuação grafica , fica facul tativo o uso do acento pa­

ra dirimi-la. Não há por exemplo, ambiguidade contextual em '' fabri­

cas o que quiseres com fabricas cibernetizadas", nem em "é preciso

po r tento no que se faz, por amor dos outros".

Base "XV

Dos hifen em compostas e locuções

1º) Os compostos formados por elementos -que nao apresen-

tam concordancia interna grafam-se aglutinadamente: madrenerola (ma

dr~perolas), madressi lva (madressilvas), pontapé (nontanés), sula­

fricano (sulafricanos), norteamericano (norteamericanos), portoale-

grense (portoalegrenses), sãotomense (sãotomenses), pontalimense

(pontalimenses), matogrossense (matogrossenses ), espiritossantense

(espiritossantenses), audiovisual (audiovisuais), lusobrasileiro

(luso brasileiros), luso africano (lusoafricanos ), ·afrolusõbrasileiro

(afrolusobrasileiros), eirassol (girassois), contagota (contago­

tas), fincapé (fincapés), guardachuva (guardachuvas), paraquedista

(paraguedistas), malmequer (malmequeres), bemequer (bemequeres),

Tiradentes, etc.

22) Todos os outros compostos, reais ou aparentes, cujos

Page 49: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

"

elementos 'constituintes apresentem concordancia interna ou estejam

ligados por preposição, artigo ou qualquer outra forma, assim co­

mo as locuções de qualquer especie, grafar-se-ão sem aglutinação e

sem hifen : (nisso compreendido os toponimos do tipo Quebra Frasc os,

Passa Quatro, Abre Crunpo, etc.); medico cirurgião (_m_e_d_i_c_o_s ___ c_i_rur __ -

giÕes ), arcebispo bispo (arc eoispos bispos), rainha claudia (rai­

nhas claudias ), alcaide mor (alcaides mores ), amor perfeito (amore s

perfeitos ), gqarda noturno (guardas noturnos), primeiro ministro

(primeiros ministros ), azul escuro (azuis escuros); Grã Bretanha,

Grã Pará, Porto Al egre , Belo Horizonte , Castelo Branc o, etc.; ag..la

de colonia, cor de rosa , sala de ~antar , A dos Francos ( toponirno),

Figueira da Foz , Freixo de Espada à Cinta, América do Sul ,

Plínio o Antigo, Entre os Rios, Três Rios , Trás os Montes, , " , ,

mais

Q.Ue perfe ito, etc.; ao deu s dara, a gueima roupa, por da ca ,..,_ ue-

la na lha, etc.; cada um, ele proprio, nós mesmos, quem quer ale se­

jg, etc. ; em cima, por certo, aba ixo de, a fim de, ao pas s o gue, lo

go que, etco

3º·) Emprega-se o hifen nos vocabulos terminados por sufi­

xos de origem tupi que representam formas adjetivas, como a çu, ~­

~' mirim , quando o primeiro elemento acaba em vogal acentuada gra­

fic amente ou quando a pronuncia exige a distinção grafica dos dois

elementos: amoré-guaçu, anajá-mirim, andá-açu, capim-açu, Ceará-T-5. ­

rim, etc.

4º) É proscrito o emprego do hífen nas ligações d prepo­

siçao de às formas monossilabicas do presente do indicativo do ver­

bo haver,tipo hei de, hás de, etc.

52) Emprega-se o hífen para ligar duas ou mais palavras

que ocasionalmente se combinam, formando, não propriamente vocabu

los, mas encadeamentos vocabulares (tipo a divisa Liberdade-Igualda

de-Fraternidade, a ponte Rio-Niteroi, o percurso Lisboa-Qoimbra-Por

to, a ligação Angola-N.bçambigue, e bem assim naá combinaçÕes hiato­

ricas ou ocasionais de ~oponimos, , tipo Austria-Hungria, Alsacia-Lo­

~' An6ola-Brasil, Toguio-Rio de Janeiro, etc.).

6Q) Emprega-se o hífen na tmese da conjugação portuguesa

(tipo amá-lo-ei, enviar-lhe-emos, etc.), e na enclise (tipo amá-lo,

\ S

Page 50: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

partir-lhe, dá-se, etc.). ·

Base XVI

Do hífen na prefixação

Na prefi~,não se emprega o hífen, salvo quando se

trate dos prefixos ~' ex (no sentido de cessamento do estado an­

terior), vice, vizo, alem, recem, aquem ou prefixos que têm acento

grafico proprio (como pÓs, pré, prÓ). A exemplificação a seguir é

ilustrat iva.

1) contraPartida, contraalmirante, contraarmonico, contras

se~ha , extraforte, extraaxilar, extraumano, extraterritorial, ex -

trarre éSlJ.lrunentar , extras secular, infraaxilar, infraepatico, infrarre-

nal, infranormal , inframe dio, infrassom, intraatomico, intrarra-

.dial, j nt rae:Qatico, intraocular , intrarraQ.uidiano, intr·P>S~-'~~~n t ar, ~ o..

nuDraDotente , su~rfiXjJar, supraepatico,suprarrenal, sup~G'- s ivel

ultraveloz,. ultrau.mano, ultraocular, ultraoceanico, ultrarro!I!antico,

ultrassom, autoeducação, autorretrato , autossugestão, neoescolasti­

co, neoelenico, neorrepublicano, neossocialista, prototipo, protoa­

rico, protoistorico, protorromantico, protossulfureto, pseudoaposto­

~, pseudorreyelacão, pseudossabio, antiigienico, antiiberico, ant i­

imperialista, antirre ligioso, antissemi ta, arauiiperbole, arauiirr.1an

dade, arquirrabino, arquissecular, semiinterno, semirre ta , s e mis ~ el­

vagem, semilatente , entreistorico, anteistorico, entreostil, sobreu­

mano, hiperumano, hipersensível, interelenico, interresistente, supe

romem, superrequintado, abrogar, adrenalt obrepticio, absoluto, adja

cente, obc ecado, subibliotecario, subepatico., subrogar, sobrada, so­

brojar, subtenente, subdelegado~ submarino, circuncisão, circunavega ­

cão, circumurado, correspondencia, coonestacão, coautoria, codiale -

to, coerdeiro, copropr!etario, maldizente, malguistq, malquerença (a i

par de ~.gueren~a), malcriação (a par k.!!Í ·a;iação), malaventurado ,

malumorado, Sªlri.ma.ªo,malamada, pamasti te, pamplegia, pampsiquismo , panenteismo, panafricano, panamericano, panelenico, paniconografia,

benquisto, benfazer, benquerente, benquerer, benvindo, bemaventuran­

~' sotocapitão, sotomestre;

2) sem-cerimonia, sem-numero, sem-razão, ex-diretor, ex-di

tador, ex-correligionario, ex-primeiro ministro, vice-almirante, vi-

Page 51: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

..

ce-consul, vice-primeiro ministro, vizo-rei, vizo-reinado, vizo-rei­

~' alem-atlanticidade, alem-mar, aquem-fronteiras, pÓs-glaciario,

pÓs-socratico~ pré-historico, pré-socratico, prÓ-britanico, prÓ-ger­

manofilia, recem-casado, recem.lnaugurado.

Os vocabularios autorizados elucidarão os raros casos em

que haja necessidade de esclarecer a silabação, como em abrogar (ab/

ro/gar), bemaventurado (bem/a/ven/tu/ra/do) e afins.

Base XVII

Do apostrofo

12) Quando usadas aglutinadamente com artigos, demonstra­

tivos, pronomes, adverbios iniciados por vogal, as preposiçÕes de e

reduzidas a de n, não são seguidas de apostrofo: do, da, das,de -- - -- ----la, deles, destes , dalguns, dantes, etc ., no, nas, ne~tcs, -~ BUns ,

nalguem, etc., preservando-se , nãor~vendo aglutinação, o uso àQ S for

mas de o, de as , de ela, de e3tes, de ele s, de alguns, de c! ücs , etc: o, em o, em a, em as, em eles , em estes, em alguns , em alguem , e t c.

2Q) Faz-se o uso do apostofo para cindir graficamente uma

contração ou aglutinação : d'Os Lusíadas, d'Os Sertões, n'Os Lusi~­

das, n'Os Sertões, etc. (mas não em ocorrencias do tipo i mportancia

atribuída a A neliguia, referencia a Os Sertões, etc.).

3º) Pode cindir-se por meio de apostrofo uma cont r aç -o ou

aglutinação para realçar com maiuscula inicial entidades transcen -

dentes -tipo d'Ele, pel 'O, n'Aouele gue é a Vida (mas sem apostrofo

em a O, a A, a Aquela, a Aquele , etco).

4º) Usar-se-á do apostrofo nas aglutinações com de ou em

e a contração ~' reduzidas a d ou ~' com a vogal inicial de nomes

substantivos ou adjetivos do tipo d'alho, d'agua, d'amorosos senti -. mentos, n'agua, n'alma, etc., que alternam, se não aglutinadas, com

de alho, de agua, da agua, de amorosos sentimentos, na alma, etc.

5º) Em aglutinações antigas, é facultado usar o apostrofo

em casos de tipo Sant'Ana, Sant'Iago, Pedr'Alv.ares, etc., ou Santana

ou Santa Ana, Santiago ou São Tiago, Pedralvares ou Pedro Alvares,

etc.

Page 52: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

·'

..

Base X'ITII

Das minusculas e maiusculas (I)

12) A letra rninuscula inicial é usada:

a ) ordinariamente, em todos os vocabulos da língua nos

usos correntes;

b) nos nomes dos dias, meses, estaçÕes do ano, nos biblio­

nimo s ( apÓs o primeiro elemento, que é com maiuscula, os demais voca

bulos dos biblionimos podem ser escritos com rninuscula, salvo nos na

me s proprios neles contidos, tudo em grifo; A Ilustre Casa d e Rami ­

~ ou A ilustre casa de Ramire~, nos usos de fulano, sicrano, bel­

trano ; nos pontos cardeais (mas não em suas abreviações ); nos ~ioni

mo s (senhor doutor Joaquim da Silva, bacharel Mario Abrantes, santa

Filomena , o c a rdeal Bembo); nos nomes de disciplinas , de

de cursos;

cadeiras ,

c) opcionalmente, as minusculas iniciais podem ser s ubsti­

tuídas pelas maiusculas, nos hagionimos, nos nomes de di sciplinas ,

cadeiras , cursos .

2º) A letra maiuscula inicial é usada:

a) ordinariamente , nos antroponimos ou toponimos, reais ou

fictícios, nos nomes de seres antropomorfizados, nos intitula tivos

institucionais (Instituto de Pensões e Aposentadorias da Previdenc ia

Social) , nos nomes de festas e festividades, nos títulos de period~

cos (O Primeiro de Janeiro, O Estado de São Paulo ou S. Paulo , que

. \ retêm o grifo), nos pontos cardeais ou equivalentes qu::tndo emprega -

dos absolutamente (Nordeste, por nordeste do Bra sil, lorte , por nor­

te do Brasil, Meio Dia, pelo sul da França ou de outros países, Oci­

dente , por ocidente europeu, Oriente, por oriente asiatico);

b) em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais ou

nacionalmente reguladas com maiusculas, iniciais ou mediais

nais ou o todo em vers~l;

ou fi- .

c) opcionalmente, em palavras usadas reverencialmente, au­

licamente ou hierarquicamente, em inicio de versos, em categoriza­

ções de logradouros publicas (~ou Rua da Liberdade, largo ou Lar

go dos LeÕes},de templos (igreja ou Igreja do Bonfim, templo ou Tem-

Page 53: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

plo do Apostola do Positivista), de edifícios (palacio ou Palac io da

Cult ura, e difício ou Edifício Azevedo CUnha).

Ba se XIX

Da s minuscula s e mai uscula s ( I I)

As disposiçÕes s obre os usos das minusculas e maiusculas

não obstam a que obras espe c ializadas observem regras proprias , pro ­

vindas de normalizações espec ific a s ( termino logias antropologic a ,

geologica, bibliologica , botanica, zoologica , etco) pro manadas de

entidades cientificas ou normalizadoras reconhecidas internacional-

mente .

Base XX

Da divisão silabica

A divisão silabica, que em regra se faz pela soletração (a­

ba-de, bru-ma, ca-cho, lha-no, ma-lha, ma-nha, ma-xi-mo, o-xi-do,

ro-xo, tme-se), e na qual , por isso, se não tem de atender aos ele­

mentos contitutivos dos vocabulos segundo a etimologia ( bi-oP-yÔ ,

de-sa-pa-re-cer, di-su-ri-co, e-xa-ni-me, i-na-bil , o-bo-val, su-bo­

cu-lar, su-pe-ra-ci-do) , obedece a varias preceitos particulares , que

rigoros amente cumpre seguir, quando se tem de fazer em fim de linha ,

mediante o emprego do hifen, a partição de uma palavra:

1º) são indivisíveis no interior de palavra, tal como ini-

cialmente, e formam, portanto, sílaba para a frente, as sucessoes

de duas consoantes que constituem grupos perfeitos, ou sejam em ~ou

d: ab-//legação, ad- 1/ligar, sub//lunar , etc. , em vez de a-//1 lega­

ção, a//dligar, su/lblunar, etc . ; aquelas sucessões em que a primei ­

ra consoante é uma labial , uma gutural , uma dental ou uma labioden­

tal e a segunda um 1 ou um r: a -1/?l uç ã o, c e l e //Prar , du-1/plicação,

re-1/pr i mir; a-l/c lamar, de-l/ereto, de-1/glutição, re-I/grado; ~

tletico, c a te-1/dra, pe rime-//tro; a-//fluir, a-1/fricano, ne-1/vro-

se.

2º) São divisíveis no interior de palavra as sucessoes de

duas consoantes que não constituem propriamente grupos e igua l mente

as sucessões de uma ressonancia nasal e uma consoante: ab-//dicar~

Page 54: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

Ed-//ga~, op-1/tar, sub-l/por; ab-1/soluto, ad-1/jetivo, af//ta,

bet-//sarnita, ob-//viar; des-1/cer, dis-1/ciplina, flores-1/cer,

nas-1/cer, res-//cisão; ac-1/ne, ad-1/miravel, Daf-1/ne, diafrag-/(

ma, drac-1/IDa, et-1/nico, rit-1/rno, sub-l/mete~; am-1/nesico, inte -

ram-1/nense; bir-1/reme, cor-l/roer, pror-//rogar; as-l/segurar, bis­

l/secular, sos-1/segar; bissex-1/to, contex-//to, ex-l/citar; atroz­

l/mente, c a paz-l/mente, infeliz"//rnente; am-/)Pição, desen-1/ga nar ,

en-/Lxame, ma n-1/chu, n~n-1/lio, marim-1/bondo, dig-//nida e, Ag-JL

nelo, a g-1/nostico, etc .

3º) As sucessoes de mais de duas consoantes ou de uma res

sonancia nasal e duas ou mais consoantes são divisíveis por um de

dóis me ios: se nelas entra um dos grupos que são indivisíveis de

a c ordo c om o preceito 1º), es se grupo forma sílaba p a r a diru1 t e , fi­

c ando a con soante ou consoantes qu e o p r ec e dem ligad s à si. ~ba a n­

terior; se nelas não entra nenhum de s s es grupos, a divisão dá-s e sem­

pre an t es da ultima consoante. Exemplos: cam-1/PraLa, ec - 1/tlinse,

em-//blerna, ex-1/plicar, in-//cluir, ins-1/crição, sub - 1/cre ver,

trans-//gredir, abs-/Ltenção, ar-1/tropode, disp-1/neia, i n t e rs-1/te­

lar, larnb-1/dacisrno, sols-//ticial, tungs-1/tenio.

4º) As vogais consecutivas que não pertencem a ditongos d~

c r esc ent e s ( a s que pertencem a ditontos de ste tipo nunca s e se param:

ai-1/roso, cadei-//ra, insti-1/tui, ora-1/Ção, s acris-1/tãcs, tra­

ves-1/sões) podem, se a primeira delas não é u precedido de g ou ~,

me smo que sejam iguais, separar-se na escrita: ala-1/ude, are-/las,

c -1/a peba, co-//ordenar, do-//er, flu-1/idez, perdo-//a s, o-//os.

O mesmo se aplica aos casos de contiguidade de ditongos, iguais ou

diferentes, ou de ditongos e vogais: cai-l/as, cai-/leis, ensai~//

Q§, flu-1/iu. ·

5º) Os diagramas ~e ~' em que o ~se não pronuncia,

nunca se separam da vogal ou ditongo imediato (ne-//gue, ne-1/guei;

pe-/J9ue, Ee-//guei), do mesmo modo que as combinações ~e ~ em

que o ~ se pronuncia: a-//gua, ambi-//guo, averi-//gueis; longin-//

quos, lo-1/quaz, guais-1/quer.

6º) Quando se tem de partir uma palavra composta ou u!na

combinação de palavras em que há um hifen, ou mais, e a partição

Page 55: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

coincide co :n o final de um dos elementos ou membros, pode, por cla­

reza grafi ca, repetir-se o hifen no inicio da linha imediata: ex-/L . -al!crcs. , scrP.nÚ-ú'-1 os-emos ou serená-los-/L-emos, vi c e-// almiran~

te.

Base XXI

Dos pontos de interrogação e exclamação

O pouto de interrogQ.ção e o pont o de exclamação apenas

se em1'regam nas suas formas normais (? e ~).

Base XXII

Das assinaturas e firmas

Para ressalva de direitos, cada qual poderá manter a

éscrita que, por costQ~e, adote na assinatura do seu nome .

Com o mesmo fim, pode manter-se a grafia original de

uai s qu er f i r ma s comerciai s, n omes de sociedades, marcas, e t c .

Base XXIII

Rec omenda- s e que os t oponimos d e línguas es t rans ei ra s

se s ubstituam, t anto quanto pos sível, por f ormas vernaculas,

quan do estas sejam anti gas e ainda vivas em português ou quan­

do entrem, ou poss am entrar, no uso corrente. Exemplo: l~.n~,

substituído por Antuerpia ; Cherbourg, por Cherbur~ ; Garonne,

' po r Gar ona; Geneve , por Genebr~; Jutland , por Jutlandia; Mi a-

no, 1-'or Milão; T,TU.nch en , por Wlunique; Tor ino , por Turim ; Zt\.r icl ,

por Zuri oue, etc .

Rio de J~~eiro, 12 de maio de 1986

ENCONTRO DA UlHFICAÇÃO O:rtTOGR.i\FI CA

DA LINGUA PORTUGUE SA, NO RIO DE JA­

NEIRO , NA ACADW~IA BRASILEIRA DE

LETRAS

4

Page 56: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

Bases Analíticas da Ortografia Simplificacla

ela Lingua Portuguesa (!';!!. 194 5;

. l' ' Bas e I

Das letras k; w e ~ ~~~,(r'~/-lt\ _c. J~ O k , o ~ e o ~ mrn1têm-se nos vocabulos derivados eru

ditamente de nomes proprio s estrangeiros que se escrevam com •

essas letras : fra:nJcliniruw, kantismo, darwinismo , , ~~aeleri:-.?no , j_ ,.., ~rr:-c---~ ./);

~~oniano , taylorista . Tais levras sao licitas7 simbolos,abr~

viações e mesmo palavras adotadas como UJ1idades de medi da de

curso internacional.

Base lí Dos derivados de nmnes estrangeiros

Em congru encia com a base anterior; mantêm-se nos vo

cabulos derivados eruditament e de nomes proprios estrangeiros ,

não tolerando substituição , quaisquer cmnbinaç Ões graficas não

peculi:1.res à nossa escrita que figurem nesses nomes : s:_S2_n~~ r>t~,

de Comte ; garrettiru:~; de Garrett; _jefferso:nia, de Jeffcrsull; ·

~~~_l-leriano, de ]Víll~ler ; _§bakespeariano_;

r\*)~ il-:;- fi11 e 1 \__ ----------- --- Bas e III

Do h il1~Jal

de Shakespeare . ---"""""-------·-

O h inicial emprega-- se : lº) por força da e tinolo{~ia :

l1av_er , br:::J::ic~ , .!}_r::_ra , ! ~<2)~, hora, 1 1.11nang_; 2 º) em vi1·tucle ele i..ra . djção gr<l _fica muito longa, oom origem no p··oprio Jatirn. e com

'· lJR.ralc1o em ljilguas r oruo.nict1.d l l!~Ho__.~l 30) em -virtnJo -Je ar1 o

ção convencional : l1Ü._J._; hem ?t f.~L.t~ _ _L. Ad.mile-f3o , rC'ntw1o , a ...

GUa supressão , a11euar da · etlJ!lologi.o.; qunndo ela eGtá :intei t·a

mente cml!3agracla pelo uso : erva 1 etn VP.Z de herv~1; e, porlrtttlâ . .,

e1:v_0-_ç_al , ervmwrj._Q , 1.: rv? ::> o ( em CvllLraute cem ~1erbuce~, 1h · : ·_ l :_ ·_ ·;:_~

-~~'i__g_ , I_~~::_1·bo~o. 1 fonn::1s ele orjgc>Hl arud i t:n ).

·~

a jnle1·iDr , pu.r vin J.e

Ç'~ln , C O l'l.CJill'llGO t ~ Jii íllW fi.t;lU'Cl OU flt: l ttl.i1Pl c~- 0 l'l't•rr;(l t; lll; •', : :n-

Page 57: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

{.b (~t .v\ 1\.c

M·H·f;.M~~ 2

pr~~-se: anar1nonico, biebdomadario, desarmonia, desumano,e xau

rir, iriabil, lobisomem, reabilitar, reaver, transwnar. Igualmen - - -. ' te se suprime nas formas do vorbo haver. que en ·tram,

Ines i.ntercalaclos, em conjugn9Ões de futuro e de condicional:

runá-lo-ei, amá-lo-ia, dir-se-á, dir-se-ia, falar-nos- emos,

lar-1ws-!amos, jun tar-se-lhe-ão, juntar- se-lh:~:J .. - (---C' - _"':; __ Base IV

~~~.Tio ~ ~ l?'~ finais de origem hebraica ~-- · ·

finais de or i gem h ebr aica ch, ph e yh Y' Os digramas conservam-se i n tegras, em f onnas onomastica s da t radição b i bli-

ca , qU.:l1ldO soam (ch = ~t ;e.!l =f, t h "'"_!) e O U S O não aCOllBC~}lla

a sua substituição : Baruch, Loth , Moloch , .~· Se,poreru , qual­

que r desses digrawas; em fonnas do mesmo tipo , é in varia v r l 1neu

te mudo , elimina-se: José , Nazaré,.em vez de Joseph, IlazarL~th ; e

se algwn dele s , por força do uso, permite adaptação , subslilui-

-se , recebendo wna adição vocálica : Judite, em vez de Judith .

Base V Da homofonia de certas conso/,antes

'--

Dada a homofonia existent e entre certas consoantes ,

torna-se necessário diferenciar os seus emprego s graficos , que

fund alllentalment c se regulam pela etimologia e pela hist:;oria elas

palavras. É cerlo que a variodnl1o dus condiçÕes em q_u.c se fi:{am

na escrita as consoantes homofoílns n'um sempre ponnile facil cli ­

f ercmc iação de todos os casos om quo se deve elllprRgar uma canso

ante e daqueles em que , diversamente, se deve empregar out:;ra , ou

outras , do mesmo som; mas é indispensavel, apesar tliss o, le r "' presente a noçao teorica dos va rias tipos de c m1soantes homofo-

nas e fixar prat i cament e, até onde f or pos sivel, os sóus u:Jo s

grafi c os, q_ue nos casos especia is ou diiicultosos a p-1a.tica do

Idioma e a consulta do vocabulario ou do dicionario irão ensi-

nando.

Nesta confor midade,· importa notar, principallllente, ··o's

s eguintes casos:

1º) Dist i nção entrG oh e x: achar, archote, bucha,ca-- .J •

Page 58: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

... ' ..

. , r ~~ .'C ç:

. .. ~~ ;;H.(r<J!&l;!i:~ 3'.

facho, ficha, flecha, frincha ~d colchete, endecha, estrebuchar,

gancho'. inchar, macho, mancha, murchar, nicho, pachorra,

pechincha, penacho, rachar, sachar, tacho; ameixa, anexim, bai

' xel, baixo, bexiea, bruxa, coaxar,coxia, debuxo, deixar,

elixir, en x ofre, faixa, feixe, madeixa, mexer, oxalá, Jn·a;.~rJ ,~­

xar, rouxinol , uxte (interjeição), vexar, xadr~~ , xarope , zcno-t I ',.----:7\

fobia, xerife , xícara . ~- -- --- ---- -~

2º ) Dist i nção entre g_ palatal e ~: adagio,alfageme,

\ \

r algebra, algema, algeroz , Algés, algibebe; algibeira, ale ido, .

(P/l.u.Jargem , Alvorg_e, Argel , Bajé , estrangeiro, falange, ferrugem,

)/ / / frigir, gelosia, gengiva, gergelim ; geringonça , Gibral~a~, g_~­

nete, ginja ; _&irafa, giria t ~, relo{3'io, sege, 2.'an5cr, vir-

ge1n ; ad~etivo, ajeitar, ajerq (nome de planta indiana e de

especi e de papagaio), ca.njerê , canjica, enje i tar, granjear,

_je , jJltru.jice , jecoral , jejum , jeir9; , jeito, _jelala , Jeová ,

uma

ho ­

_je -

nil~Jo , _j equiri , ~e qui ti b ' t ~·emluo 1 J Bri o Ó i .J.l eriwwn , J eronimo,

Jesus , jiboia , jiqu~, .J.:!::Ju.i:ró, ~irtuilio.in , jirnu , Jiriti ,

_jitirana , laranjeira , lojiE:JG~t NILl JÓ; l!lUj!oatado, ~~lcstoso, ~­

_jeri c~ , manjerona , mucujê, E§:.Ji , pesajent o_, rejeitar , sujeit o ,

trejeito.

3º) Distb1ção entre a s sibilante s surdas s, ss , ~' ~'

e ): : a:ns ia, ascensão , aspersão, cansar , conversão, ~sconso, far­

sa , e;anso, imenso , mansão; mansarda; mans o, pretensão, l 'C!!ICUJ s o

seara , .!?e da , Se ia, sertã ; Se rnanc e lhe, serralheiro, Singo.pura ,

Sint ra , sisa , tarso, terso; valsa ; abadessa , acossar, _0-J J ~ssr.J.~,

arrewessar , Asseiceira , asse io; atravcss3.r 1 bencsse , ~.:_1ssi.lc1n ,

codesso ( identicamente , Cod cssal ou Codassal, Cod(~_s scà:=i, _g_odesso­

s o, etc.), crasso, de assar, dossel; ~res.~, _endossar, c:se~~so,

fosso, ~sso , molO.§.?..Q_ , mossa , ob sessão, ,P_P~e_go, ~se~J80 , _r:_ewes­

sa , sobresselente , sossegar ; acem , acei~o, alicerce; cebo~a , ~e­

real, Cernache, cetim , C:l.:nfãe s; EscÓcia; J,íacedo, obc-e·car , JJcrc e-. -

vc_jo; açaf'ate , açorda, açucar·, almaço; atmJção; b erço; Duçaco ,_ •

caçélnj e, caçula 1 caraça, dBJ~çar, Eça; en"S'J.iço, "Gonçalves, in_:.3_:! r­

ção_, linguiça, maçada, Mação, maça..E,, Tl1oçambique , Illoçamedcs, T-111-lJ.-

"' çao, muçull~::.l~, murça, nega~, 12ança, ~' quiçab~, _gyiç2} : "~8. ,_

quiçamb8., Se iça (grafia que pretere as er-rÕneas C e iça e _ç~_i :::~1_},

Sci::al_, ~niça, ter~; auxilio, Ma ximilia_nc, r.1ax:Lnil1o, III3~·~ i1no,

Page 59: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

proxiJno. A proposi-to deve observ::tr-se: . . a) em princlpio de palavra nunca se

subst::!.. tu:j.. invariaveJnen-te por .§_: safio; eapa to' sumagre, e-n

das antigas escritas çafio, çepatof _ç_umagre.

b) Quando um prefixo se junta a um elemento que come-...,

çava outrora por ç., nao reaparece esta letra: mantem-se o ~,que, -encon·trando-se en·tre vogais~ se dobrat

(ant. çaloio) , e não açaloiado .

asealoilado, de saloio) -:;_ J

r .. .. I ·., . ....__----. ·- • l _ __:---· ~ ~ /

4º) DiGcinção entr·e 8 tio fim do oilaba, inicial ou in

tcrior, e x e z :Ldentic os t . nc1o _ti_b·nr 1 dalis bo, e acusar, e suruxu­

lo, e sgotar, esplanada, ~lendido, espremer, esquisito, Cf:?Len­

der, Estremad'ura, Estremoz, inesgotavel; extensão, explicar, ex­

traordinario, inextricavel; inexperto; sextante; textil; capaz -

men ~~'

f t ._>nvem )~v/~--

infelizmente , velozmente, De acordo com esta distinção;

notar dois casos :

a) Em final de sílaba que não sej a final de palavra; o

x = s muda para s sempre que está precedido de i ou u: justa

~or , justalinear , misto, sistino (cf. ~ Sistina); Sis t o; em

vez de juxtapor, juxtalinear; mi xt o1 sixtino, Sixto.

b) SÓ nos adverbios em mente se admit e z =s em final·

t tJI • t de sílaba seguida de outra . De con rarlo; o s ·orna sempre o lu-

gar do z: Biscaia, e não Bizcaia.

5º) Distinção entre s final de palavra e x e z :·identi­

cos: ~arrás, aliás, ani s; após, atrás, através, Avis, Brás,Di=

nis , Garcês, gás;Gerês , Inês, -!:is; Jesus; )ius; 1~; Lui§...t.

;paj_~, portuguê s, QlleirÓs; quis i retrós; revé s; Toll!.ás; Valdês; ca­

li~ Felix , feni~ ~lux ; ~ssaz, ~~' ~~truz , dez, di~, fez

( substantitro e fonna do verbo fazer), fiz, Forjaz, Galaaz, giz,

jaez, matiz , petiz, Que luz, Roma~l (Arcos de) Valdevez, Vaz. A

proposito, deve observar-se que é i:nadmissivel z final'equivalen

te a s em palavra não oxi tona : '. Co.dis e não Cadiz.

,.., 6Q) Distinç8.o entre as sibilantes sonoras interiores -~'

x e z: aceso, analisar, anestesia,. artesão; asa, asilo, _Baltasar, . . ., besouro , besuntar, blusa, brasa; brasã_~, Brasil, brisa, (r.t1.rco ·

. . .

de) Cnnaveses, coliseu; defesa; dunuesa• Elisa; empresa, Ennesin-. .

de, EEEosende, frenesi ou fr~sim; frisar, guisa, iU1proviso, ju-

I

Page 60: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

Q_~\t,"a.._ , \. r llL ,11 1- Cl f!: f:.'?f..o-':.~·:.J_,Vl-~ U:. H~·t ~ . . /\0~~ .

' ' ~ru1te, liso, lousa, Lousã t t-uso (nome de lugar; h~~oríimo de Lu'-..._ )

so, nome . mitologico), :Matosinlto ~l Menesea• Narciso, Nisa, obse­

quio , ousar, pesquisa , p ortuguesa,. presai rasot represa, Resen­

de, sacerdotisa , Sesimbra; SousaJ surpresat ·bisana; transe,

trru1sito , vaso ; exalar 2 exemplo; exibir ; exorbitar; exuberante

inexato 2 inexoravel ; abalizado, alfazema , Arcozelo; autoriza

azar , azedo, az o, azorraguet baliza , bazar , beleza, buzina , bu­

zio, comezinho, deslizar , desli ze, Ezequiel ; fuzileiro, Galiza;

~o, helenizar , lambuzari leziria;

~, vazar , Veneza~ · Vi zela 1 Vouzela.

\o ; Lr(\ . ~

). ' ' Base VI ,.-- --·--

Das sequenoias oonsonantioas (I)

O c gutural das sequenoias interiores -cc - ( segw1d o c

sibilante) , -~-e -ct- , e o J2 das ~equências interiores-~-(~

sibilante ), -EX- e-Et-! ora se eliminam' ora se conser~am .

Assim :

lº) Eliminam-se nos casos em que sã_o invariavelmente

mudos nas pronuncias cultas çla lingua: aflição~ aflito, dicion2.­

rio, absorção, cativo , ~; acionar ; ator , .~fetivo , coletivo ;

diretor; adoção , adotar ; : ba-bizar ;:- ato; exato ; Egito; otimo, et c~

2º) Conservam-s e nos casos em que são invariaveunen te

proferidos nas prom.mcias cul-tas da lingua : compacto, convicção ,

convicto, ficção , fricção , fric~ionar; ;pacto; ;pictural , adq)to ,

a~ diptico , erupção, b1epto; eucal~to , ~cias , ~ to, etc . . 3º) Conservam-se ou eliminam-se; facultativamente .,quau

do ,

so sé proferem numa pronuncia culta , quer geral , quer restri-

tamente , ou então quando oscilam entre a prolação e o emudec iJnen

t o: fact o e fato , cact o e cato, caracteres e carateres, JJCrt·mptÓ­

rio e _:perentorio, aspect o e aspeto, ~tro e cetro, co}lswupçã~ e

c onsw1ção, corrupto e corruto, ·. ~ e suntuoso , citcção c tli­

_ção, sector e setor, .êtc.

4:º) Quando, nas scqu.ouo~as in-teriores -~-, ~- .: . e

-mpt- , se elimb1ar o E,, de aoorüo ·com o determinado nos paraera­

fos precedentos , o m passa a g; ooorevendo-se, reopoctivamcnte,·.

--nc-, -~- e - nt-: ~SSWEJ?Livol, e ~owülvel, e.sowapç iio e assu.n.:.:. . .

- - ------ ·' - ~";,.., o nO"l'C>l1Í:()T'i () ~ 8Ul1JD"btoso 8 stmtnooo, etc.

Page 61: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

/ /

,

. .. ·;Base VII

Das seq~encias consonanticas

Além do c gutural das sequencias interiores -cc-, ' -~ e -ct-, e do E das sequencias interiores -~-, -EX-

eliminam-se ou conservam-se consoantes varias de outras

cias , sempre que são invariavelmente mudas o:u invariavellJlente

proferidas~ em quaisql,lBr proriunqias. · QW tas da . lin&'"U.à por.l.ú@.J.,X;o;j. As

mesmas consoantes , porem , conservam-se ou eliminam-se, faculta -

tivament e, quando sÓ se proferem em alguma pronuncia culta da

língua , quer geral ,' quer ~estribarnen -te t ou então (quando oscilam

] ___ ---_:-: ,_::~_i_~ prolação e o emudecimen·b o. ~ /

AssinL:

lº) Eliminam-se : o .9.. da sequencia -cd-; em anedota e

r espectivos derivados e compostos; assim:como em sinedoque ; o

g da sequenc ia -~-; em Emidio e Madalena; o g_ da s equencia

~gm- 7 em aumentar, aurrient o; fl euma, fleumatico; o g_ da sequen­

cia -~; em assinatura; Inaoiof Inês; sinalt etc~; o m da se ­

quencia -mn- , em condenar ; dano, sinasior onibus; solene; son o;

o E da sequen-cia inicial )28-t em sa.l_rno : e salmodia ; assim como

nos derivados desta s palavraS J o ~ da sequenoia -~-; em exan-I

~ e nas palavras em que esta seguido de outra consoante : ex-

puição , extipulaceo, extipuladoj o ph da sequencia de origem

grega ]2hth, sob a forma de f; em ~otegma; ditongo, tisico,ti­

siologia , etc.; o th da sequenoia de origem grega -thmT, sob a

forma de t, em asm§:, _§-~matic o, etc .

2º) Conservam-se: o g da seguencia -~T em apoLcgma ,

di§lfragma ; fra~ento, segmento; o g_ da sequencia -gn- , em !Y3_­

nelo , cognato , designar, ~ificfr, etc~ ; o _Eh da sequencia. ç..e,

de origem grega phth, sob a forma"-f , tal como o th seguinte ,

s ob a forma de t, em afta ; difteria , ftartic o; ftiricLse , fto ­

~ic o, oftalmologia, etc.; o rbh da sequencia de ori8em ·ercea

tlun , sob a forma de !' em logaritmo; ritmo; etc . .

3º) Conservam-se ou eliÍninam-se; facult a l;ivamente

o b da sequencia -bd-; em subdi to· : (pu sudi to); o b da sequ·en-- - . ... -cia -bt-, em subtil (ou su1_~1) .e seus derivados; o e. da scquen

c ia -~- ~ em amígdala 1 amigda.lac eB:; amigu.al ar; am~~l<_:~-la to, alll i€1-

/

Page 62: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

. . ' ' .

l (' I(_ '(_ lt/\ ./ '- . / r/ ' • ' / '---"'-' . ,(), . i'f:-1~ ~/1. ' -.; ""-7

\ ;\ \\ 7: ' ~< / / .. · ~

· dal~·te , ---- amigdaloide , amigdalopatia; amigdalotomia ,"amigdalccto-

mia (ou amidala , amidalacea , amidalar, amidalato, amidalite ;

amidaloide , amidalopatia , amidalotomia, amidalectomia ); o m da

sequencia ~' em anmistia , arnni s tiar, indemne, indemnidade ,

indenmi zar , onmimodo, 9mrlipotent e ' omnisciente (ou anis tia , anis ­

tiar, i11dene , indenida de , indenizar , oni...!Jndo, onipotente , onis­

cien t e); O th da sequencia de prigem grega -thm-, sob a fO illla de " - - -

t, em aritmetica e ari tme tic o (ou a rimetica e a rime t i co ).

Base VIII

De c ons oant es" f inais

I ~--- _/_

.../

( ..... ·- ------·2)- --_ __ ...,.- -· - ;;}--

- c. - - ,

As c ons oant e s f inais b' ~' d; g e t mantêm-se , quer

sejam mudas , quer proferidas, na s forma s onomas t i cas em que o

uso as consagrou , nomeadament e antroponim.os e t oponimo s da t:tadi -çao bíblica : Jacob, Job, Moab ; Isa a c; Davi d; Ga d ; Gog , I.JagQg.;

Ben saba t , J osafat .

Int egram-se t amb em nesta norma : o antroponimo Cid , em ,

que o d e sempre pr onuncia do; os t oponimos Madri d e Valhadolid;

em que o d or a é pronunciado• or a _n ã.o; e o toponimo Calecut ou

Ca licut , em que o t se encon t ra nas meswas condiçÕe s.

Na da impe de , entretanto, que do s antroponimo s em a pre -' , ço sejam u sado s sem a consoante final J o · Davü·e Jaco. -- ' --

Ba s e IX

Das vogai s atonas

O empreg o do ~ e do i; as sim como do o e do u, em sila

ba a tona , r egul a-s e fundamentalment e pe la · etimologia e por J)arti

cularida de s da l1istoria das palavras. As~im s e estabel ecem varia

diss~nas grafia s :

a ) com e e i : ameaça, BJnealhar' ant ecipar ; :-tr:r~iar , ~

balnear , boreal , camp e~o , ... ca rdea l (prelado, ave ; planta ; difer en

te de cardial = 11 rela·~ivo à cardia11) ~ Ceará1 C.odea , ~nseada , ~n=

teado, J!'loreal , : j an eanes , lendea , Leonardo, Leonel, Leonor , .J.Jcc ­

J2oldo , Leote , linear , meão, ,. melhor ~ nomear; peanha ; quase (em _

v e z de qua si ), ~~e~l , s emear ; semelhante; varzea ; ameixial , [une i­

xiei r a , amial , amie iro, arrieiro, artiJJ1aria ; capitania , conlial

(àd.iotivo e sub s t antivo), corriola , crBJlio; criar, dian t e , L1lmi-- ---

Page 63: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

.. ' '

.. nui~,-Dinis, .ferregial, Filinto' Filipe (e

Filipinas, etc. )1

freixià.l' gie sta, I~anha, igual;

Íll iBUalavel, · l ampião, limiar; Lumiár, lumieiro ;.

g e l a, tijolo, Vimie i ro; Vimioso;

patio;1 pior, ti

),

b) com o e u: abolir; Alpendorada ,. a s solar, bor boleta,

cobiça, consoada, c on s oar; costume, di scoloi embolo, eneolir I , . ' . I

epístola , esbaforir -se, esboroa r, farandola; f emoral, Freixoei-

ra , girru1dola , goela, jocosoj magoa, nevoa, no doa; obolo, Pas-

r ~ coa , Pascoal , Fascoela ; po~ir, Rodolfo; tavoa ; tavoac1a, tavola ,

~·,-::otombola , veio (substantivo e f onna do ver bo vir); agua, aluvião,

' / arcuense , assuinir, bulir, cBJnandulas, ourt irJ curtmne, embutir ,

entupir , femur , fist;ula , glandu1a , ineuB;,, jucundo, legua , Luan­

d§;, lucubração , luear, mang:ual ; Ma.nuel; mingua , Jhcaragua , E_on­

tual, regua, tabua, tabuadat tauuleta; tret:>UB:I vitualba .

Sendo muit o _variadas as condiçÕes etimologicas e foneti

éo~istoricas em que se fixam graficamente e e i ou o e u em sila --ba atona, é evidente que só a consulta dos vocabularios ou dicio-

narios pode i11dicar , muitas vezes; se deve empregar-se ~ ou i, se

o ou u. Há, todavia , alguns casos em que o uso dessas vog~is pode

ser facilmente sistematizado~ Convem fixar os seguintes :

lº) Escrevem-se com~; e não com i1 antes da sílaba to­

nica, os substantivos e adjetivos que procedem de subetan!:;ivos

terminados em eio e eia; ou com eles estão em relação direta . ,,

Assim.se regulam : aldeão, aldeola , aldeota , por alc1eiaJ a r eal

areeiro, ?reento, Areosa, por are ia; ~1·~ por aveia; pa1ea~;_

por baleia; cadeado , por cadeia; candeeiro; por co.ndeia ; ceH!:;eei­

ra e c enteeiro , por centeio;_ colrneal e colmeeiro ; por colmeia;

carreada , correame, por correia .

2 º ) Escrevem-se igualmente com e · ante s de vogal ou di--' .. tongo da sílaba tonica; os de~i vados de palaV'l~a s que l;erminam em

~ac entuado (o qual pode represen t ar um antigo hia to: ea , ee ): e2. ­

l eão, galeot a, galeote; de galé; guineense, de Guiné; poleame e ,

EOleeiro, de pole.

3º) Escr evem-se com i; e não com~; ru1tes du síl a ba to­

Hi ca , os a djetivos e substantivos deri vados em que ent ram os s uf i

x os mist os de fo rmação ve rnacula i ano e -i en s e, os qua is sao o

Page 64: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

. . ' '

'r" 1/ ~ , \~ \

;tt.!-f,t'.J_pJ;~\;~'-\yf~, ' . . .._ / .

resultado da combinação dos sufixos ano e ense com ú.m i de ori,--

gem analogica (baseado em palavras onde ano e ense estão prece­

didos de ' i pertencente ao tema: horaciano, italiano, duri ense,

' flaviense, etc. ) l açoriano:, r db.boverdiano; camoniano; goisiano

("relativo a Damião de Oois"), sofocliano; ~~r::.(Í~~~~""-'-'-'"-(;;;~

\~; siniense (!'.de Sines"); torriense · ("do~ ) · ·~~

tenninaçÕes -·io e ia--(a t on:;}

b. Torres"), acriano ("de Aore").

4º) Un i formi zam-se dom as

em v ez de eo e ea, os substantivos que Ç)onstituem vari ações

r r• ob t ida s por ampliaç ão' de .outros substantivos t erminados em vo­

~0 '/~gal : cumio (popul a r), de cume; hastia ; de haste; re st i a; do an-

tigo reste; vestia, de veste.

5º) Os verbo s em ear podem distinguir -se praticamente;

grande numero de veze s, dos verbo s em iar, quer pela formaçãoj

quer pela conjugação ~ formação ao mesmo tempo. Estão no prime i-. .

ro caso todos os verbos ~ue se prendem a substantivos em ei o ou

eia (sejam fo rmado s em portug~ês ou venham já do latim ); assim ·

se r egulam: aldear , por a ldeia ; alhear• por alheio; cear, por

c eia ; encadear , por cadeia, pear, por ,Eeia; etc . Estão no segun­

do caso todos os verbos que têm normalmente fl exõe s rizotonicas

em eio , eias , etc., desde que não se liguem a substantivos çom

a s termb1açÕes atonas ia ou i o (como ansiar ou odiar ): ~larear;

delinear , devanear , falsear , granjear ; guerrear ; bas tear , n ornear1

semear , etc.

6 º) Não é li c i t o o emprego do u fb1al u tono em pala -

vras de origem latina . Escreve-se ; por isso: mot o, em vez de mo ­

tu (por exemplo, na expressão ele moto pro~io); trib~; em vez :de

tribu .

7º) Os verbo s em oar distinguem-se prat i camente dos

verb os em uar pela sua con jug.ação nas fo rma s rizoton i-e a s, que

t êm sempre o na s i l aba acentuada: abençoar, com ~; COL'lO a lwnçoo,

abençoa s, etc.; des·t.oar, com~. ; como destoot destoa si etc.

Ba se X

De pergru1tar e derivados I .. !

O verbo ~1tar não adini te na escrita corrente a mu­

dança da silnba ~ cru~: pre©:m t ar. E o me smo se dá, por con

Page 65: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

. ' I ~~~~~l~;)tC . ,((.I{.J&~~'\0} . . . .;

: ; ' ~e~:~ te; com quaisquer jl.ila vr~a de la formadas I p~~~ ;~ ~ "-: .

gUJl tador, l'ergUJÜ ante , perguntao, 1 r e p erB:"? tar:, e na o !'regun ~ ·

pregW1tador, preguntBJ1te, pregunlioo, . repregw1tar~

Base XI

De ;querer ·:_1.: e derivados 1

Consideram-s e normais na escrita corrente as fo rmas

quer e requer-, dos verbos querer e requerer; em vez de quere e

requere : ele quer; ele o quer, ela requer; ela o requer, quer ·

1 ~dizer, e não ele quere, ele a · ~que re, ela requere; ela o .requere;

~~ dizer. são legitimas, entretanto, as formas com e final // - . quando se combinam com o pronome enclitic o ~ ou qualquer das

suas _flexões: quere-o , quere-os' requere-a ; requere-as .

A forma quer transmite a sua grafia à ·colijunção a

_que deu origem e mantam-na; alem disso, em todas as palavras ~

compostas e locuções em que figura : quer ... quer; mlmeauer ' ~ ·

onde que r que, quem quer que .

Base XII Das nasai s

Na representação das vogais nasai s devem observar-se;

alem de outros suficientemente conhecidos, os seguintes precei­

tos :

la, a

liia

lº) Quando uma vogal nasal tem outra vogal depois de -

nusalidade. é expressa pelo til: ãatá; desealmado, _ __._

(a.ntigo e dialectal ), Üa (antigo e d~alectal) ~

2º) Quando uma vogal nasal ocorre em fim de pal~vra,

c~~:<,_, ih -4!::..:.:.:...~J::_~;-..:.~~..=;c l<tb~c;tt·(;-;":c-;-- ~:-íi1;Lf'B:.U r e pre senta-s e .'a na sal i­

dade pelo til; se essa vogal é de t imbre ~; po1~ m, se ·_possu.i

qua lquer outro timbre e termina a palavra; e por n, se· é c.1c tim

bre diverso de a e es~tá seguida de s: afã; grã, f. n~!f'&Lt}~\Yl~bie::::~

. lã, orfã, .. 8ã!'~~'?Z_~,~~~@~~t~ ,~~j~~lii.{Ç' ~i{~JJW~~;: ~~-~b::J-~~~~.W:J 1 ciarlin, tomJ vacwn; flautiJ_?.s, I-

!oJellli tOll8 7 ZU11ZW1S ,

3º) Os vocabulos terminados em ã tran Dtui tem Cf3ta re-

. ' . ..

Page 66: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

. . ' ' ', - .. prese~taçao do a nasal aos adverbios em mente .. mem, assim como a derivados em que entrem sufixos precedidos do

infixoO z: cristãmente, irmãmente, s ãmente; l~zudo]maç::2ãzit. '~-maçãzinha , manhãzinha, romãzeira. ' '

'---::::;;::::;t=<:.::: '--~ ....,

Em complemento dos preceitos de representaçao das vo

gais nasais , u1porta notar que nas combinações dos prefixos in

(tanto o que exprime interioridade como o que exprime negação)

e en (diferent e do elemento en, resultante da preposição en1

enfim , enquanto) com elementos começados por!!! ou n, não se a d

mitem , quanto à escriba normal, as sequencia s mm e nn, as

quais se reduzem, respectivamente, a m e a n: imergir, inova

ção, i11o.t o (quer n o sentido de "congeni to"~ quer no de "não

Lfi/?lascido"), e não immergir, innovação; innat o; emagrecer, ernol ­

) ;/~ durar, enegrecer , enobrecer) e não emae;recer i ernmoldurar, erme-~ ,

grecer~ ennobrecer~ Em coerencia com· o disposto, grafar-se-a '

conosco.

Base XIII Dos ditongos

I: - Os ditongos orais, que em parte tanto podem ser loni ­

cos como atonos , distribuem-se por dois grupos g,raficos prillci-.Ql_; m ;_ ~, ,eu ,;

pais , consoant e a subjuntiva soe i ou u: ai , &;/iu , ou : bra-

çais , caixote , deveis , eirado; farneis; farneizinhos , goivo,

goivar , lençois, lençoizinhos; tafuis, uivar; cacau, cacauei­

ro , , deu , endeusar, ilheu, ilheuzito, ~ediu , passou, reg~~gar ._

Admitem-se, todavia , excepcj onalmen·be , à parte destes dois gru­

pos, os ditongos ae (=âi ou ai) _G Eio (=âu ou au ): o :primeiro,

representado nos ru1troponimo s Cae ·tano e Cae ·tana; assim con1 o no s - ' respectivos derivados e compos·bos (oaetan;lnha , r.õl-oo1tctEú1(Yjetc li ..-.~~~·

o segundo, representaclo nas combinações da preposição a com as : ' ~

form:1 ·3 masculinas do artigo ou pronome demonstrativo E_;" ou se -

j am ao e aos .

Ctunpre fixa~, a proposito _dos g~tongos orais, os se

(SU:intes preceitos particulares:

1º) É o ditongo ui' e não .a sequencia vocalica ue,qu~

s e emprega nas formas de 2a~ e )a. pessoas do singular do pre -

oente do indicativo e igualmente na de 2a . pes ooa do sint:;ular ..

/}

Page 67: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

I ... '' '

1\

.. . do imperativo dos verbos em uir: cons~ituis, influ~·etrlbui. -... Harmonizam-se , portanto, essas formas com todos os casos de di­

tongo ui de sílaba final ou fim de palavra (azuis , fui , c; uarda-' fui, Rui , etc. ) ; e ficam assim em paralelo :_gl'âtidofouctü.: o com

as formas de 2a.

bos em air e em t . i . . . . ) ~ e 3a. pessoa do singular do imperativo uo~ ver-

oer: a rals , ~' sal ; mol s, remol , sol . . -- ~'

. .------/ ·-- ~ 2º) É o ditongo ui que representa sempre; em pa lavras

de orlgem lat ina, a união de um u a um i atono s eguinte . não di­

v ergem, port anto, fo rmas como fluido de fo rmas como gratuito . E

isso não imp ede que 11os derivados de fo rmas daquele tipo a s vo­

ga is u e i se separem: fluidico, flu idez (u-i). --.::r-

. ·) .~ 3º) Al em dos ditongoo or ais propriamente ditos, os

V / /quai s são todo s decresc ent es, admi t e- se; como é s abido, a exls -/'

tencia de ditongo s crescente s. Podem consider a r - se no nwnero de-

les os encontros vocálicos postonicos, tais os que se r epresen -

tarn grafic amente por ea ; eo, ia ; ie , oa , ua ; u e 1 u o: aurea , au­

re o 1 co l onia , esnecie , exímio, magoa t minguat tenue; triduo.

l t ~ Os di tangos nasais, qu e na sua ma i oria tanto podem ser

t onico s como atono s, pertencem graficament e a dois t ipos f1u1da ­

mentai s: ditongo s c ons tituídos por vogal com til e subjunt iva '·

vocalica; ditongo s con s tituído s por vogal e c onsoante nasal;t en

do esta o valor de ressonancia . Eis a indicação de un s e outro s:

1º) Os ditongo s constituído s por vogal com til e sub­

j untiva vocalica são q_uat ro, considerando-se apenas a l inguagem

normo.:L Cf)nt eJnpornnea : , ã e (usad o . ~m vocabvJ_os o,>çi+\)~os e deriva-8 l ~ usau~ em voca~oà anoxl ·Gono s e Qçrlva~os ,/

dos ),/ão e Õe. Exemplos: cãe s; Gui marãe s; mãe; mãezinha; cãi =-bas, cãibeir o, cã ibra, zãibo; mão, mãozinl1a, não, guão ( não

~) , s otão, s otãozinho; tão (não tam ) ; . Camõe s; or açÕ e s, ora

çÕezinhas, p õe, r epÕes . Ao l a do de t a is ditongos pod~ 1 ainda ,co

locar-se O ditongo Ui, que s e repr esenta s em O til l l ::ÍS fo rmas'

muito e mui , por obediencia à t radição.

2º) Os ditongos grafad~s por vogal e consoa11tc 11 :l ~:rtl

CLJ..Ui \' i.1lente a re ssonancia são dois : am e em. Divergem, pun.' m..J :

nos s eus empregos :

a) am ( sempre a-tono) s ó ue emprega em flexõc s vr~rb[ti!:)

oncle lltUlCa é li c i ~o substitui-lo ror -no : amam , cl c v i um·, cr;• •J'CVC- '

Page 68: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

# •• •

•• ~~~·~~'

, ./ .· b) em (tonico ou atono) emprega-se em palavras de ca~

tegorias morfologicas diversas; incluindo flexões verbais, e po

de apr~sentar variantes gra~icas~ determinadas pela posição; P~

la acentuação ou simultaneamente pela posição e pela acentuação:

bem, Bembom (toponimo), Bemposta; cem; devem; nem; quem, sem, ·

tem, virgem; Bencanta; Benfeito; Benfica; benquisto' bens, en­

finÍ, enquant o, homenzarrão, homenzinho; nuvenzinha, tens, vir­

~ens; amem (variação de amen), a rmazem; convem~ mantem, nin~;

porem , Santar em, tambem; convêm, mantêm~ têm (3as. pessoas do

Belenzada, vinten-plural) ; annazens, de s dens, convens, retens,

zinl10 . - ~- 1-:'J ) ~---

~ \ · -~:- ~

Base XIV

Da acentuação gráfica

O sistema de

obedecerá às seguintes

acentuaç ~o grafica

disposições:

a língua port uguesa

1º) o acento grave (~), segundo o modelo das fonJJa s ·

à e às, resultru1tes da contraç ão da preposição~ com a s fle --xoe s femininas do artigo definido. ou pronome demon strativo~· a

e as, notará a s contrações da preposição a com o a inicial das

formas pronominais demonstra ti v a s aquele~ aquela ; _aqueles, uque­

~~~ ' ~guilo, aqueloutro , aqueloutra ; aqueloutros; aquelou~r2s :

' ' ' ' ' ' ' aquele , aquela , aquele s; aquelas ; aquilo; ~ueloutro; aquelou-

tra, àqueloutros , àqueloutras~

2º) O acent o agudo( '. ) , notara as vogais a; ~ e o

abertas seguidas ou não de s de vocabulo s agudos ou oxitonos :

~' }Jás , ci, ;eés , .EÉ_ , pó s, raj_~; rajás, caféj cafés; enxó, en-, , I , • ,

xo s; notara tambem1 facultatlvamente; a s.formas louvamos, ama-- ·- ·. - -lllos e conexas do preterito perfeito do indicativo da primeira

conjugação em contraste com as . fo rmas louvamos; amamos· e c one-

xa s do presente do indicativo •

.3º) o acentô circunflexo ('") notará:

a) as palavras agudas ou."oxitonas terminadas nas vo~

gai s e c o fechadas seguidas ou não . de s:

cês, ! Ô, rôs, ·robô, robôs;

A "" A

~~ ~; rnerce, l!ler-

b) as formas da t erceira pcc:su!::l. do plural do presc~n-

te do indicativo dos verbos ter e vir. +~m o ,..

"trO•-n · o

I • • .

I

.. '

Page 69: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

:)~ \\) ~/ 1'-;;, ff·tri ~t_:;_7f:v~~h~ • • ·t.._ ~· Jlt-Mt. ~ ~,/) tL. ~o.Jtu\. ~v-~ I ~t ,~,hj '' COillpOs tos contêm, convêm,"'ruantêm, provem . etc .:rem relação C:Oill , 1 ___ _.... -----'- ---. ___..... ) ··, \

o disposto, lembre-se que às formas do singular lê, vê, crê, ' · ·,,\~ \CC . • • • .6'

relê, revê, descrê-1, etc. J opÕE:m-se leem, creem; releem, reve cm ..J\

de screemj etc. 1 do plural; ' c r a flexão pÔde do preterito perfeito do verbo )JO-

der em contraste com a flexão E ode f,ft.MJe-J..

do mesmo ver-do,...indicativo

bo, bem como os substantivos fÔrma e fÔrmas, em contraste com

fonna e formas, flexÕes do verbo formar e tambem substantivos.

4º) Em casos de ambiguidade contextual que possa ser

desfeita pela acentuação gra;fica, fica facultativo o uso de . acento para dirimi-la. Não há, por exemplo; amb~{guidade contex

. . . ~

tual em "fabr.i cas o que quiseres com fabricas cibernetizadas" ; , .

nem em "e preclso por t.r....nt o no qUe se faz ,

Base TI

~ pc.~:~~ compostas );. )'Q~~

-Os composto s formados por elementos que nao apresen-

tam concordáncia interna grafam-se aglutinadamente: madrepero­

la( madreperolas), madressi lva ( madressilva.~), pontapé (ponta -/'Vt4~0..~~ t.-1'~ \ ~-tT-~ ) ,J

pés ), sulafricano (sulafricanos);JTIIT·~oalegrense por oalegren-~ ' .

~) 1 sãot o_m~nse ( s ãot omenses); pon~alimens e (;eonta.limenses )_ ;

[-\.Sf?j~~~?Ü?fll~JyY.S1@E-!>&'?z~ ; matogrossenoe (matogrossen - .

_se s ), espiri tossantense ( espiritossantenses); audiovisual (au­

~Jioyisuais), lusob_rasileiro (lusobrasileiros ), lu o_?_::t_frican~

Q~soafricanos ); afrolusobrasi l eiro (afrolusobrasileiros ), c:i­Fassol (girassois), contago t a ' (contagotas ); fincapé (fincapéslL

B_L.tarclachuva (guardachuvas) 1 paraquedista (paraquedistas ); mal:-.:._

meque r (malmequere s), b emequer ( bemequeres )~ Tiradentes; etc .

2º) Todos os outros compostos; reais ou aparentes; cujos

el ementos constituintes apresentem concordancia interna ou es-·. -tejam ligados por preposição, artigo ou qualquer ou.tra.forma ; . .

assim como as locuçõo.s de qualquer .especie, grafar-se-ão sem

a~J.uti.no.ção e sem hifen: (nisso compreendidos os · toponimos elo tipo Q_u.'] .~l·a Frascos, Passa Quatro;· Abre Camp o, etc.): "j.

:.1' \ ' .. . ..

rnedico cirt~El~ (medicos cirurgioe~) 'lr"'G"".·FO arc.:ebi ::J po k'J.'~ I ----~ -

(bi~cebispos), x·a:Ln.ha claudia (rainha s claudias), al r: ai-

dc; mo r ( a lcaiues mores), amor perfc;ito (amores perfeitos), 1 '

Page 70: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

'o

.. gu"arda noturno (guardas noturnos); primeiro ministro (primeir

ministros ), azul escuro (azuis escuros)l Grã Bretanha,Grão ParáJ

Porto Alegre, Belo Horizonte, Castelo Branco;

~~ etc.;agua de colonia; cor de rosa1 · sala de jan­

tar , A dos Francos (toponimo); Figueira da Foz1 Freixo de Espa-

• o

da à Cinta, .América do Sul; e to. ; Plinio o .Antigo; Entre os ' o ••

Rios, Três Rios , Trás os Monte s, mai s que perfeito ; etc.; ao

deus dará , à queima roup~ por dá cá aquela palha, etc.; cada

por

ele pronrio , nós mesmos ; quem quer que seja; etc.; em cima;

certo, abaixo de, a fim de; ~asso que; logo ~e, etc . : / \ ----C"~

~~~~-3º) En1prega-se o hifen nos vocabulos ierminados por sufi-

de origem tupi que representam formas ad jetivas; como açu 7

guaç u, mirim , quando o primeiro elemento acaba em vogal acentua ..

da graficamente ou quan o a pronuncia exige a distinção grafica .

dos doi s elemento s: amoré-guaçu, anajá-mirim; andá-açu,~_§J)-~m __ - ·

açu , Ceará-n1irim, etc.

4 º) t proscri t o o emprego do hífen nas ligaç~es da prepo si

ção _de às formas monossilabicas do presente do indicativo do. r

verbo haver , tipo hei . de , hás de; et c! -.

5º ) Em1Jrega-s e o hifen para ligar duas ou mais palavras ·

que ocasionalmente s e combinam• formandol nã o propriamente voca .

bula s , mas encadeamentos vocabulare s (tipo a divisa Liberdade -

Jgualdo.de-Fraternidade, a ponto Rio-Niteroi l o percurso Lisb oa ­

Co imbra_=._Porto, a ligação A:ngola-Moç ambiq~; e bem assim 1ms com

binaç ões hist6ricas ou ocasionais de top~niruo s ( tipo ~us~J·i_a_ -_

Hungr~a , .Alsacia-Lorena; .An~ola-Brasil; o Toquio --Rio de J ane iro i_ .

etc . ) • . : ' I

~-~---u. a Lr . , . o

6º)~ t mese da conjugaç~o portuguesa (tipo ama-lo-el; en-

viar-1JlC-erno~ etc .); e na enclise (tipo amá-lo; p~r tlr-lhe JÁ~~

etc.).

Base XVI Do hifen na prefixação

Na prefixação; não se emprega o hifen, salvo quru1do

se trate dos prefixos ~}!!; e~ (no sentido de ce ssamento do esta

do anterior ), vice, vizo, alem; ~~; aquem ou prefixos que ·

têm ~cent o grafic o proprio (como pÓs, pré_; ErÓ) ~ A exc!nplifica-

Page 71: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

... •'

- ~ -r.;,~·· ' çao a seguir filust raJ!"ô& fatoot

•· 1) contrapartida , contraalmirante; contraannonico,

contrassenha , extraforte, extraa~ilar, extraumano, extraterri­

torial , extrarregulamentar, extrassecular, infraaxilar, infrae­

patico , infrarrenal , infranonaal; infrBJnedio; infrassom , in -

traatomic o, intrarradial , intraepatico; intraocular, Ílltrarra­

quidiano , intro.ssee;mentarf suprapotente , supraaxilar , supraepa-

tico, suprarrenal , suprassensi.vel , ultraveloz; ultraumano , ul: ()

traocular , ultraoceanico; ultrarromantio o, ultrassom, autoedu~.,...-9 cação,autorretrato, autossugestão, neoescolastico, neoelenicor .-----

neorrepublicm1o , neossocialis·ta, prototipoj procoarico, pro-

/ ~ tois torico, ·.pro torromantico, protossulfureto, pseucloapos tolo 1

sV ~/~pseudorrevelação , pseudossabio 1 antiigienic o; antiiberico, an-

~ tiirnperialista, antirreligio so antissemita1 arquiiperbole,~

qu i irmandade, a rquirrabino, arquissecular, semii11terno, semir­

reta , semisselvagem , -_semilatent e, · entreistorico; anteistorico;

entreostil , sobreumano, hiperv~ano; ?ipersensivel; Ílltereleni­

co, interresistente, superomem, supe r reQuintado; abrogar,aclre ­

nal, obre e p:tic i o, absoluto , .~dj a c ent e, obcecado , subi blioteca­

rio , subepatico, subrogar; sobrada, sobro jar; subtenent e, sub­

delegado, submarino , submarirlho, circQncisão; circUilaveeação t

c i rcu.murado, correspon enc j a, coonestação, coaul; oria, 'c ·ocTI~~

l eto, coerdeiro , coproprietário, maldiz ente~ malquisto , malque­

re~ (a par de m~!~uerença ); malcriação(a par de má~riac~~ malaventurado, malumorado, mal amado; mal amada; pan1asti te , nam­

plegia , pampsiquismo, panenteismo; _panafric ano, .E§_l_Iamerica..I_lQ ;

panelenico , p;:m"iconografia ; b enquisto, benfazer, benaueren te· - - -------- -b enquerer, benvii1do, bemavenGurança; so:tocapi tão , ~o t omes Lre ·

2-) selil-cerimonia , sem-nWllero ;. sem-razão , _ex-dire tor_i

ex-ditador, ex-correligionario, ex-primeirof.tlinis Lr9, .(J:f'':{C;f") G:&~~~ vicc-aJJnil'ffilte , vice-consul, vice-prirn~Ziro(~in-i8tro 7 vi=

zo-rei , vizo-reinado , vizo-reinar, alem-atlanticidade-, aleJ!l-mrrr;

aquem-fron te iras, p'Ós-glaciari~. pÓs-socra ti co, pré-his turic o

pré --::oc ràtico, prÓ-britan:ic o; prÓ-germanofilia; recem-caoauo,

reccm-jnaugurado.

Os vocabulariosnutorizados elucidarão os rGros caoos

em fl.U.c haja neccosicladc de esclarecer a silabaçüo, COlHO ,.,11 a b­Mt/ __ .., _ , ,__ ___ · '~'-·~~-/+,/,,,..,, "'~~ri'''1-

Page 72: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

,

·Base XVII

Do apostrofo

4 lº) Quando u sadas aglutili~ente com artigos, demonstra

tivos, pronomes, adverbios iniciados por vogal, as preposiçÕes

de e em, r edu zida s a d e g, não são seguidas de apostrofo;P do ,

da, da s, dela, deles, deste s, dalguns, dantes, etc.,no, nas, ~

neste s, nalguns, nalguem 1

etc. P, pr e servando - se, e:;::t não havendo

aglutinaç ão, o uso das fo rmas de o, de as; de ela, de e s t e s, ~

eles , de alguns, de ant es; etc., em o, em a; em a s, em el.es, em

este s, em alguns, em alguem,e t c. ) .- - --Q ~ .---= -~---- .:-- ·

2Q) ;Faz-se uso do apo s trof o pa ra c indir gr-afic amente

uma contração ou aglutinação: d 10s Lusíadas, d 10s Sertões; n 'Os

Lusiadas , n ' Os Ser t ões , etc. (mas não em ocorrencias do tipo im­

nor~mlcia atribuída a A Reliquia , referencia a Os Sertões, etc.)~

3º) Pode cind_ir-se por mei o de apostrofo uma con L raç ão

ou aglutinação para realçar c om maiÚscula inicial entidades tran s

cenden tes tipo d 1Ele, pel ' O, n'Aqu ele que é a Vida (mas sem

apostrofo em a O, a A, a Aquela , a Aquele ) et c . ).

4º) Usar-se~á do apostrofo nas aglutinações com de ou

em e a contração na , reduzidas a d ou n 1 com a vogal inicial de . J..õ~-

nowe s subs to.ntivos ou adj et ~vo sr., -. tipo d •amo1·o · os ;.;•·· l -----

-~e11LimentosL n'agua, n 1alma .letc ., que a lternam , se nao agln!;ina -

das, c om de alho, de agua , da agnat de amorosos sentirnen~os , .I1§

l n13-,et c .

5º ) Em aglutinações antigas, é facultado usar o apostrQ

f o em casos do tipo Sant'.Ana , Sant 1 Iago , Pedl"'Alvares , et c.J ou . ·

San~ana ou Sant..'::_Ana , Santiago ou São Tiag_2 Ped.ralvares ou Pedro·:.

Base XVIII

Das mint}_ sculas·· e maiusculas · (I)

1º) A letra ·minÚscula inicial é usada:

a) ordinariamente, em todos os vocabulos da língua ilos

usos correntes; 0~r:;..., ~~

b) nos nome s dos dia s; nlGse s, ~~.-.!1.':_ ' ' · -j.o,i.d(-t~Oa/ \

nos biblion~~~-? (a pÓo o primeiro elemento; que é c om r ·n. iu ocula;

, ,, , -' _ J · - - -- -~ --- -- - - ~- -, ... ...: J .. ... _ . ... . .. , •••~"'"'"r-,n,,

Page 73: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

/ .... /~~ { ~- H. i:r~- o

A 1 ~~ ~~ k_ ·~~/uA IN_ ~ L~~ ~ ~ IZ~ ., ;; la, salvo nos nomes prop;ioa nelo contidos, tudo em grifo:~e . .,.

usos de fulano, sicrano, beltrano; nos pontos cardeais (mas não

em suas abreviações); nos axion~uos (senhor doutor JoaquDn ua

Silva, bacharel Mario Abran-tes, s•anta Filomena, o cardeal Bcmbo);

nos nomes de disciplinas, de cadeiras, de cursos;

c) opcionalmente, as minusculas iniciais podem s er subs ~

tituidas pela s maiu sculas, nos hagion im4&es, nos nomes de di sci -I 1

plinas, cade i r a s, cursos. j __ ,

/

·.--~J /

2~) A l etra maiuscula inicial é usa da:. __r--:-:--

:à) ordinariamente, nos ~ antroponim~ ou t oponim~, reais ou· 'f i ct í c i os, n os nomes de seres antropomor fi zados, .~ '\~

~ · ~ · no s intitula tivo s inst i tucionais ( Instituto de Pensões e Aposen t a-1'"'-9") r~~ -;rz-p"'-'1 -l. tdl4:\ ... ;;:;t;J~ 1

4orias da Previdencia Social), ~o s titula s de pe i odic os (O Pri ~

~eiro de Janeiro, O Estado de são ou S. Paulo, que retêm o grifo),

no s pontos cardeai s ou_ equ iv-alente s quando empregados absolutamen ­

te (Norde ste , por nordeste do Brasil , Norte , por norte ào 1?rnsil ,

I.Ie io Dia , pelo sul da Franç a ou de outros pa i ses t Ociã.ente , por

oc id ent e europeu , Or iente, por oriente asiatico);

b ) em siglas, símbolos ou ~~...:.--~ abreviaturas.~~

:inten1acionais ou nacionalment e reguladas com maiuscillas , jniciai s

ou me diai s ou finais ou o t odo em versal;

c) opcionalmente, em palavras usadas reverenci a] 111 0n t;e ,

aulicauJente ou hierarqüicamente, em inicio de verso s, em c a tcgor i ­ou Rua

zações de logradouros publicas (rua;da Liberdade, la~g~u Largo I , I

dos_3eÕes ), de templos (~rej a 01..( Igreja do Bonfim , tewulo ou Te r .... -

plo do ~ostolado Positivista), de edifício s (;?alaci o ou FaJ 0:ci o A­

da Cultura , edifício ou Edi f í c i o Azevedo Cunha).

Base XIX

Das minus cula s e maiusculas (II) '•

As disposiçÕ~ s s obre os usos das minusculas e· ma i nscul a s

n a o obstam a que obra~· especializadas observem regras proprias,

provb1da s de normalizações especificas (termb1ologias antropologt-. (./ .... ,

ca, geologica, bibliologica, botw1ica, zoologi~ etc.) promanada s l

de t"ntidades cientificas ou norrualizador aa reconhecidas internao-lo

11 a U i JL~nt e.

r r· I

Page 74: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

...

... • :.

Base XX . •

Da divisão silabica

' A divisão silabica, que em regra se faz pela soletr

(a-ba-de, bru-ma, ca-cho, lha-no, ma-lha , ma-nha, ma-xi-ruo,o-xi­

do, ro-xo, tme-se), e na qual, por isso, . se não tem de atender

aos elementos constitutivos dos voc abulos segundo a etlinologia

(bi-sa-vô, de-sa-pa-re-cer, di- su-ri-co, e-xa-rod-nB , i -na-bil, o -

bÇ-val, su-bo-cu-lar, su-pe-ra-ci-do), obedece a vários preceitos ~,

fáT~~lràlt:H'J, que rigoros.amente cumpre seguir, quando se tem de fa-

zer em fim de linha, mediante o emprego do hífen, a .p~rtiç~

uma palavra: : ~___..--' ,_

\ . _ lº) são indivisíveis no interior de palavra , tal como · I \["-- _::--

inicialmente, e formam , port~Dto , sílaba para a frent~ 1 as suces-

sões de duas consoante s que constit!m perfeitos

(com exceção apenas de varias compostos cujos prefixos tenninam

em b ou d: ab-1/legaç ão, .~A:i/lig_ar, sub-//llmar , etc . , em vez

de a-1/blegacão, a-1/dligar, su-1/blunar, etc.) aquelas sucessõe s

em que a pr~neira consoante é uma labial , uma gutural , uma dental

ou u~a labiodental e a s egunda um l ou um r : ~-//blução , cele-/1

brar, du-1/plicação , re-1/primir ; a-l/clama~ , de-l/eret o, de-/1-_

glutição , re-I/grado; a-//tletico , cate-1/Jra, perime-// tro ; a:li_

fluir , a-//fricm1o, ne-//vrose .

2Q) São divisiveis nO interior de palavra as SUC08SÕes

de du ns consoantes que não constituem propriamente erupos c igu2.l

ruen te as sucessões de uma ressonancia nasal e lllllél conooOJJ Lt~ : a~

dicar, Ed-//gar , op-//tar , sub-//por; ab-1/soluto , ad-1/.ic~ivo

af-1/ta , bet -1/samita , ob-1/viar; cles-1/cer , dis~fcipliJn , flo ­

res-1/cer , nas-//cer, res-1/cisão; ac-1/ne , ad-/lwil·avel, lluf-L/­

ne, 9-iafrag-[Lma , drac-//rua , · et-//nico, rit-//woJ. sub-//mcter ;

am~ésico, illteram-//ncnse; . bir-//reme, c_or-1/roer ,." ,_pror-_LLro.:­

gar; us-1/sesurar, bis-l/secular, sos-//segar ; bissex.:.fj~o, con­

t ex-.LLto, ex-l/citar i atroz-l/mente, capaz-//rnente, infeliz-// ·-_

E_~cn te.; run-1/biçtí.o , tle seu-/ / ganar, en-1/xame , man-//clm , l ):.in-ü __

li o' lil3.rim-//bondo' dig-//nidado , ~-1/nelo ' ars-//nos ti co' .. c te.

3º) As sucessÕes do muia de duas consoantes ou de uma "" ressmWJ1cia nasal e duas ou mala consoantes oao tlivisivei '1 t'n r ,,'1

n n rl oi 9 meios : se nelas cn tra tun dos grupos que ~ :-to inc1i v i .; i .. \' i u

Page 75: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

· ) .\.J ) }J) ; c1 j l.l ~ Y ' ~01/\ 0

JJ.lv · M, H f0,di>~ " • de a c o r do com o preceito "12 ) , e e e e grupo f oru!fi' s ilaba par~ ·· d~~ ."\:

ficáliclo a consoan-te ou consoan-tes que o precedem ligadas à sílaba

.. :::::·o~t:: ::l:~t:: :::::;:::.::8.::.:::.:~.: :Q.:~::"::::;r ~--y~, .~\f~ · ' , d'., L§~.:z; · · ···"'.:··+~~ Exemplosnts.:.~-·' >~í -:~:=' ·' 9'!' 5'-:-.l{ ca.m-Ü·

braia, ec:._//tliJ!1se : , em-//blema, ex-//plicar, in-1/cluir, in s-// '

crição , subs-//crever 7 trans-1/gredir , abs~//tenção, ar-1/V.~pode,

disp-//neia , inters-//telar, lamo 7 1 / dacismo, sols-//ticial, tungs­' .~ 1/ t enio . /--::c--=-=-.. u

G ~ _,., > 4º) As vogais consecutivas que não pertencem a ditongos

decrescentes (as que pertencem a ditongos deste tipo nunca se sepa

ram : ai-//roso 7 cadei-1/ra, insti-//tui, ora-1/ção, sacrio-1/tães ,

traves-//sões )podem, se a primeira delas não é u precedido de g ~

ou q, e mesmo que sejam iguais, separar-se na escrita: ala-1/ude ,

~re-//a s, ca-1/apeba , co-//ordenar, .do-/ler, flu-1/i de z, E~rd~­

as vo-//os . O mesmo se aplica aos caso s de contiguidade de di ton­

gos, i&uais ou diferente s, ou de clitongos e vogais : cai-//0. [3 2 , c ~ i-=

/leis, ensâi-1/os, flu-1/iu.

5º ) Os digramas~ e qu, em ~

que o u se nao proJ ll111C ia ,

nunca se separam da v ogal ou ditongo imediat o (ne-1/gue , ne~//gue i;

ve-1/que , pe-1/quei ), do mesmo modo que as combinações~ e quem

que o u se pronm1cia: a-1/gua, ambi-/guo , averi-1/gueis; l on~_L/

quos , lo-1/qua z, quais-l/quer.

6Q) Quando se tem de partir uma palavra composta ou tur1a

c ombinação de palavras em que há mn hífen, ou mais, e a pa rtição. ·. '

coincide com o final de um dos elementos ou membros, pode, por ela

reza grafica , repetir-se o hifen no inicio da lDlila Dl1edi a ta : ~x-/L

-alferes, serená-1/..!..los-emos . ou serená-los-/l-emos, vice-//- almir2...71-

te.

Base XXI

Dos pontos de h1terrogação e exclamação

O ponto de interrogação e o ponto de exclamação apenas '

se emp1·eGam nas suas formas normais ( ? e 1 ) •

:Base XXII

Das assDmturas e finna s

Page 76: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

I

( '

I

/ /

. . ' • • .. .. Para ressalva · de direitos, cada qual

c'ri ta que, por costume, adote . nã a ·ssinatura do seu nome.

Com o me smo fim, pode manter-se a grafia orig b1al de

qua i squer fi rmas comerciais, nomes de sociedades, marcas, etc •.

Bas e XXIII r . . ~· --- ~-··.

---- c_: ' Dos t oponimos estrangeiros /

Recomenda-se q~e os toponimos de l inguas estrangeiras

se substiturun , tant o quanto possível, por formas vernaculas , quando

estas sejam antigas e ainda vivas em português ou quando entrem , ou

possam entrar·, no uso corrente. Exemplo: Anvers, substi tuiclo por

Antuerpia; Cherbourg, por Cherburgo, Garonne , por Garona ; Geneve,por

-~nebra ; Jutland, por J utlandia; Milano , por Milão ; 1\lrJ.nchcn, por

r,:w1ique ; Torino, por Turim; Z~rich, . por Zu.riouer.r etc . __ ....,___) '-

~ ~. ) } -Base_ II tem-U_ seguint e paragr<?-fo a mais :

f

·- Os vocabularios autorizados registrarão grafias alterna

tivas admissíveis, em casos de divulgação de certas

tFll r-.:.,2 tipo de or igem (a exemplo de fucsia/ fuchsia

palavras de)

e derivados ,

bugan vili_o/buganvilea/ bougainvillea). ~--·-------

,

---­Rio de Janeiro, 1 2 de maio de 1986

EnCONTRO DE UNIFICAÇÃO ORTOGRAFICA DA

LINGUA PORTUGUESA, NO RIO DE J ANEIRO;

NA AClillEMIA BRASILEIRA DE LETRAS~ -

~~~ (Antonio Houais~

!:>ecretario ·Geral 'ao Encontro

-- --~

Page 77: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

As delegações de Angola, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Brasil ao Encontro de Unificação Ortográfica da Líneua Portuguesa, realizado no Tiio de Janeiro, na Academia Brasileira B.e Letras, de 6 a 12 de IT~io de 1986, receberam da delegação de Portueal um projeto de criação de um Conselho Internacional da LÍn­gua Portuguesa, com~definição de objetivos, estrutura e métodos de trabalho, a fim de se aprofundarem os conhe­cimentos da lÍllbrua e das práticas lingüÍsticas nacionais e regionais, com benefÍcios recÍprocos comuns.

As delegações consideraram que convinha, preli­minarmente, submeter o pro jeto à consideração das Auto­ridades dos Governos em causa, para posterior retomada das discussões a esse respeito.

Ao ensejo, t a mbém foi ressaltada a conveniência de serem, tão ' logo q~~nto possível, criadas comissões nacionais naqueles países em que não as haja, destina­das ao diálogo, como futuras academais nacionais, com os organismos já existentes em alguns dos paÍses em causa.

,EOr Aneola (professora

.I?elo Brasil

Rio de Janeiro, 12 de maio de 1986

(aca dêmico Austregésilo de Athayde)

ragança

c -O S

Page 78: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

ACADEl\HA DAS CIÊNCIAS :DE LISBOA

R. Ac1demle du Ci~nclu, 19, 1200 lbboe

'

CONSELHO INTERNACIONAL DA L!NGUA PORTUGUESA

1. Um facto, estabelecido por lingúistas e experimentado, em muitas

circunstâncias, por portugueses e brasileiros sem especial prepara­

ção linguÍstica: uma certa tendência do português falado em Portugal

e do português falado no Brasil para se afastarem um do outro. ( A

prazo, o fen5merio incluiri, provavelmente, o português de Angola, de

Cabo Verde, da Guine-Bissau, de Moçambique e de são Tome e Príncipe).

2. Facto indesejivel. Porque não é do nosso interesse, nem do inte­

resse do Brasil, nem do interesse dos paÍses africanos de lÍngua ofl

cial portuguesa, que essa lÍngua se cinda ou estilhace. Isso repre­

sentaria um enfraquecimento, tanto nosso como do Brasil, como desses ... mesmos pa~ses, cultural e político. A potência do B~asil nao sera a

mesma com o idioma que aí se fale tambem falado na Europa (em Portu

gal) e na África (nos paÍses africanos de "expressão oficial port~

guesa") ou com um brasileiro, idioma de comunicação apenas adentro

das fronteiras do Brasil. Do mesmo modo, os cinco países de África

que adaptaram livremente, apÕs a independência, o português como sua

lÍngua oficial e como potencial f~ctor de unidade interna, seriam

gravemente prejudicados com qualquer cisão do português que levasse

i incomunicabilidade entre os falantes das varie~ades assim surgidas.

3. Hi quem considere inevitivel, a prazo de cem~ duzentos, quinhen­

tos anos, o aparecimento de uma lÍngua brasileira e, porventura,

quem ji preveja a um prazo maior, o surgimento das lÍnguas a ngolana

e moçambicana, ã semelhança do nascimento que ji se deu, e e irrever

sível (e motivo de orgulho para Portugal) das lÍnguas crioulas cab~

verdiana, guineense e santomens e (e dos crioulos portugueses da Ásia

e da s Caraíbas). Costuma recordar~se a este propÓsito o e~emplo da

transformação do latim nas lÍnguas ro mâ nicas, que.alias, se pode con

sid e rar rigoros am ente paralelo i transformação do português nas lin

guas crioulas ji citada s .

Page 79: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA

R. Acedemle du Cl6ncles' 19, 1200 Llsbo•

A analogia, .-

porem, nao constitui, como se sabe, um tipo de ra-

ciocínio sÕlido • . As condiçÕes apresentam-se hoje muito diferentes

das que levaram ã fragmentação lingulstica do Império Romano ou a

formação dos crioulos a partir dos descobrimentos marítimos dos se­

culos XV e XVI • Nada de isto se aplica, evidentemente, aos falantes

cultos de português em Ca~o Verde, na Guine-Bissau ou em são Tome e

PrÍncipe, . cuja comunicação com um brasileiro ou um portugues culto

não pÕe qualquer espêcie de problemas. Bastará lembrarmos as actuais

comunicaçÕes de massa, que encurtam distâncias e podem contribuir,

decisivamente, para o veicular das normas consideradas indispensá­

veis i unidade essencial da lÍngua portuguesa.

4. "Unidade da lÍngua". Não nos interpretem mal. Com esta expressao

nao queremos dizer mais do que a comunicação entre os utentes da lin

gua portuguesa.

Hoje, se um português culto fala com um brasileiro culto ou com

um africano culto, eles entendem-se perfeitamente. Não assim trat~n

do-se de um camponês de Trás-os-Montes e um caipira, um angolano dos

musseques de Luanda ou um moçambicano dos sub~rbios de Maputo. (Para

não falar da dificuldade ou impossibilidade de comunicação entre um

português ou um brasileiro, um angolano ou um moçambicano cultos e

um falante de qualquer l!ngua crioula de origem ~ortuguesa). A inc~

municação entre os falantes cultos, que pode vir a ser ma1or, e1s o

que julgamos do interesse de todos que falam português eliminar ou

diminuir.

De maneira nenhuma identificamos unidade com uniformidade. Ob­

viamente, tão diverso ê o real europeu do dos trÕpicos que ex1ge a

diversidade dos lexicos, assim como a diferente relação dos homens

com a Natureza e a Sociedade pede sem d~vida difer e ntes formas de

sintaxe.

Unidade pois na diversidade. Como Jorge Luís Borge$ disse, e

nôs não saberí amos dizer melhor: "Um ma tiz que seja b a stante discre

to para nao entorpecei; a circulação total do idio ma."

2 •

------------- -

Page 80: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

ACADEl\llA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA

R. Academia des Cl&ncle~ 19, 1200 Lbboe

5. Como consegui-lo?

Hâ fenômenos qua actuam, manifestamente, contra a unidade da lÍn

gua. Tais cÇ>mo:

1. A fixação oficial de ortografia diversas para as distintas va

riedades do português;

2. AlteraçÕes profundas na pronuncia dos falantes das variedades

cultas ;,ldoptadas como padrão (modelo ou "norma");

3. Introdução de neologismos diversos para designar os mesmos oh

jectos ou realidades, principalmente no domínio do vocabulário

cientÍfico e técnico.

Haveria que localizar e estudar esses fenômenos desagregadores -...

- mas so esses - lista aberta, para que pudesse ser actualizada a

todo o momento de novas descobertas e da evolução da lÍngua.

6. E, da posse das causas, preparar acçÕes destinadas a secã-las, ou

pelo menos a frenar os seus efeitos deletérios, do ponto de vista da

intercomunicação.

Por exemplo, em correspondência com os fenômenos desagregadores

em c~ma apontados.

1. A concretização de um novo acordo ortográfico com o Brasil,

que defini t ivamente unificasse a ortografia do português,

sem deixar no entanto de ter em conta e de respeitar aqueles

casos (por ex.: bras. fatorvport. facto; bras. fenômeno rv

port. fenômeno) em que a grafia diferente corresponde a uma

pronuncia diversa.

2. A promoção de uma campanha, em Portugal, no Brasil e nos pai

ses africanos de lÍngua oficial portuguesa - principalmente

no campo dos meios orais de comunicação de mass a (râdio, te

levisão, etc.) a favor de uma articulação ma is nítida dos

sons vocâlicos e consonânticos da nossa . lÍngua ~omum.

3. A criaç ã o de u~a Comissão internacional, em que houvesse re

presentantes qualific ados dos sete paÍses de lÍngua oficial

portuguesa e que tivesse c~mo objectivo fixar, de prefer~n-

3.

I,

Page 81: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

ACADEI\HA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA

R. Academia du Ciénclel, 19, 1200 llsboe

cia na memória de um computador, uma terminologia científica

e técnica comum, a propor aos interessados por meio de uma

ou vãrias publicaçÕes efectuadas em colaboração.

Da preparação das acçoes deste tipo deveria, a nosso ver, en­

carregar-se um orgão assessor dos Governos, a quem caberia depois,

naturalmente, a decisão de fazer executâ-las, o que, na maior parte

dos casos, se limitaria com certeza ã fixação de algumas normas, ao

mesmo tempo pelos Governos de Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guine-Bis

sau, Moçambique, Portugal e São Tome e Príncipe, acordados para o

efeito.

Temos consciência de que a eficâcia das acçoes linguistico - po­

lÍticas que preconizamos serâ sempre directamente proporcional à di

minuição do analfabetis~o e ao aumento do acesso ao ens1no. Porem.

o esforço escolar dos citados paÍses e os manifestos progressos por

eles jâ obtidos nas âreas da alfabetização e do ensino permitem-nos

fundado optimismo.

Não nos parece demais repetir. A defesa da imposição de algumas

normas para a manutenção e o reforço da unidade da lÍngua não e uma

atitude de rígidos normativistas. Normas - as indispensáveis ao in­

teresse comum da superior unidade do português. Mas fora delas - to

da a criatividade que o sistema permite e todas as diferenças que a

diversidade dos meios naturais e sociais gera e que constituem uma

riqueza, do ponto de vista do idioma, da cultura e do conhecimento.

7. Aquela detecção e estudo dos fenÕmenos desagregadores e a prepar~

ção de acçÕes com vista a contrariá-los pede, como jâ dissemos, um

organismo técnico, competente para tal trabalho, que poderia ter a

designação de Conselho Internacional da LÍngua Portuguesa. Deveriam,

em nosso entender, constituÍ-lo representantes dos se l e países de

lÍngua materna ou oficial portuguesa, acadêmicos ali on~e existem

Academias que jâ têm legalmente ' prerrogativas neste domlnio, li ngui~

tas, homens de ciência e tambem indÚstria, dada· a i mportância da fi

xa ção do vocabulári o científico e técnico numa tarefa desse gênero.

4 .

Page 82: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

ACADEl\ilA DAS CIÉNCIAS DE LISBOA

R. Acedemle dea Clên~ea, 19, 1200 Llsboe

PROPOSTA

Os representantes dos paÍses signatários do acordo de unificação

ortográfica da lÍngua portuguesa reunidos no Rio de Janeiro de 6

a 13 de Maio de 1986, constando e reafirmando o papel desempenh~

do pela lÍngua comum como forma de comunicação, cultura e ciência

aproximando .os povos e cu 1 t uras que ne 1 a se exprimem, propÕem aos

governos dos respectivos países :

1. Criar o "Conselho Internacional de LÍngua Portuguesa"(CILP),

integrado pelos países que falam a lÍngua portuguesa tanto

como lÍngua materna como oficial, para, através dele, prom~

verem o enriquecimento e defesa da lÍngua comum.

2. O CILP tem como orgãos prÓprios a Presidência, o Conselho

Geral e o Secretariado Executivo.

3. O Presidente serã designado ofici~lmente pelo país que re­

presenta, quando fÔr a sua vez de presidir ao Conselho, d~

vendo o seu nome ser dado a conhecer na reunião do Conselho

Geral anterior ã sua preseidência. São as suas atribuiçÕes:

a. Presidir e orientar os trabalhos do Conselho Internacio

nal, convocar e presidir quer ãs reuniÕes do Conselho

Geral, quer ãs do Conselho Executivo.

b. Elaborar um relatório anual de actividades.

4, Natureza, composição e atribuiç~es do Conselho Geral:

a. O Conselho Geral, de competência deliberativa, ê integr~

do pelos representantes dos sete paÍses lusÕfonos, um por ~

pa ~s.

. b. Compete-lhe permutar informaçÕes e experiências, definir

a política linguÍstica geral, preparar a real~zação dos

acordos ortográficos e de terminologia, bem como tomar ou

tras iniciafivas, de interesse para todas as partes.

c. As r e uni~es realizam-se, · rotativ amente, nos países signa-

5 •

Page 83: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA

' R. Acedemle du Cl&ncles, 19, 1200 Llsboe

tários, cabendo, cada ano, a

tiver então sediado.

présidência ao pais onde es-

d. O Conselho Geral reunirá ordinariamente uma vez por ano e

extraordinariamente sempre que seja convocado pelo seu Pr~

sidente, por iniciativa deste ou por solicitação da maioria

dos s e us membros.

5. Natureza, composição e atribuiçÕes do Secretariado Executivo:

a. Cada pais constituirá o seu Secretariado Executivo, basi­

cam e nte de 3 membros, para se ocupar das questoes a apre­

sentar ao Conselho Geral e para, no ano em que ao seu pais

couber a presidência, apoiar o Conselho Internacional.

b. Cada pais membro cust ea rá as suas prÕprias despesas no

Conselho Internacional, al~m de contribuir, proporciona!

mente, para as despesas comuns, tanto de funcionamento

como de eventuais publicaçÕes.

Rio de Janeiro, de Maio de 1986

ASSINATURAS

ANGOLA

BRASIL

CABO VERDE

GUINE-BISSAU ____________________________________ __

HO Ç A HB I QUE -------------------------------

POP-TUGAL

S. TOH~ E PRÍNCIPE

6 •

Page 84: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

..

4~C

As delegações de. Angola, Cabo Verde, Moçambique , Portugal, São Tomé e Príncipe, e Brasil ao Encontro de Uni­ficação Ortográfica da Língua Portuguesa, r~alizado no Rio de Janeiro, na Academia Brasil~ira de Letras, de 6 a 12 de maio de 1986, receberam a moção seguinte, subscrita pelos professores Américo Costa Ramalho e ~mria Helena da Rocha Pereira; a título pessoal : .

A simplificação ortob~áfica da lÍngua por­tuguesa - com a qual estamos de acordo - afastá­-la-á, pelo que diz respeito à escrita, das suas origens latinas e também da grafia de algu_rna.s das restantes lÍnguas de civili zação, como o inglês, o francês e o alemão.

Recomenda-se , por isso, a intensificação do estudo da lÍngua latina, importante para o conJ-Jcci­mento do significado originário e da evolução se jít-ln­tica dos vocábulos, e t ambém para a manutenção do espÍrito comum à lÍngua _:~;portuguesa nos diferentes paÍses onde é falada.

Rio de J aneiro, 9 de ma io de 1986

As delegações apreciaram os objetivos da ::.:;.~, ~--:. o c omo generoso s e procedentes, aceitaram-n:., ponderando que a intensificação desejada fosse considerada à luz da possi­bilidade s conjunturais e estruturais do desenvQlvimento de cada país em causa .

Rio de J ane iro, ·12 de maio de 1986

por Angola ).1 a..>t!'o. dJJko. J2D lkt& e ~

(professor :Manuel '\.Ja inJto Nune~l- ---

por São Tomé e Prínci e/ ~~ ~~ {J~ (professor Albertino Homem dos Santos Seque-·ira-B~ir=-­

pelo Brasil

(aca dêmico

gança)

"'·"'

Page 85: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

..

A~ 1-

As delegações de Angola, Moçambique, Portugal, '

São Tomé e Príncipe e Brasil - tendo em conta a circuns-

tância de que a ausência de ,.delegação de Guiné-Bissau

ao Encontro de Unificação Ortográfica da LÍngua Portu-

gu9sa, realizado no Rio de Janeiro, na Academia Bras i-

leira de Letras, de 6 a 12 de maio de 1986, foi por

motivos de força maior, considerada a aceitação pelo

Governo de Guiné-Bissau de se fazer representar no mes-

mo - solicitaram, antecipando-The seus agradecimentos,

ao embaixador Corsino Fortes, plenipotenciário de Cabo

Verde, seus bons ofÍcios no sentido de levar ao conhe­

cimento das Autoridades de Guiné-Bissau os resultados

do Encontro e o material documental nele produzido.

de 1986

por A!l.{;ola WP. (professora

or Port al (professor Manuel :ifnt

or São Tomé e Príncip\ _

..

Page 86: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

As c.lelegações de Angola\ Cabo Verde, Moçambiq_ue,

Portugal, São Tomé e Príncipe, e B1:asil ao Encontro

de Unificação Ortográfica da LÍngua Portuguesa, rea­

lizado no Rio de Janeiro, na Academia Brasileira de

Letras, de 6 a 12 de mai o de 1986, agradecem o assí­

duo comparecimento às suas sessões dos observadores

da Galiza, escritor José Luís Fontenla,professora

Adela Figueroa e p~ofessor Isaac Alonso Estravís,

em representação do professor Ernesto Guerra da Cal,

bem como do observador da União Latina, professora

Rogéria Cruz.

Rio de Janeiro, 12 de maio de 1986

por Angola tfcvv:o. MCJ i2olw& e_ W9. (professora Maria Luísa Dol.beth Costa

por Cabo Verde --?1\ ~~1&:)M10~ (embaixador Co~ino Fortes) ~

por Moçambique ;hu'~ XL~ :h.~n.l~~ (professor LUÍ Filipe Pereira)

~f.JJ~ (prof essor :Ma.n e

- , , .I por Sao Tome e Pr1ncipe

(professor Albertina Homem dos Santos Se­Bragança ,--

(acadêmico

--·-ó ~ ~~'~

de A thayde ) V elo Brasil

I,

I '-

Page 87: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

# "il:: i:"a,; ..... --... y-, --- - - ___ ,_ -,,--,, - - .. - -..____ - - - -....-______................_. ... ~ ... ·zt 231 Y RJPK

--------- --- - ---~~ ~~ 21102 K R.TFR ..J; 10/2030 UJ~ ZCZC XDF20870 1005 1122 STT/DF(058) t- 8 BRASILIA/DF

1010 .. "'o "' ­O"'

0:~ : ~

• c ~ .. :: ~ ~c

0: ~ <!}~

UJ= ...J; UJ~ ~-~

1110 .. ~ ~ 0 11> - o .. o. c "' "' -o

< .. ~~ <!c ('I~ ~

o; w::: ..J; w~

o . l- u

TELEGRAMA

RIODEJ ANEIRO/RJ ( 20000)

BR 61131 9MNRE BR

zczc DO MINISTERIO DAS RELACOES EXTERIORES BSB EM 09.05.86 (EPDS)

S)AC SCEE

EXCELENTISSIMO SENHOR DR. AUSTREGESILO DE ATHAYDE . ACADEHIA BRAS ILF: IRA DE LETRAS . RIO DE JANEIRO- RJ~

URGENTIS S IHO

ENCOU'PRO SOBRE UNIF ICACAO OR'l'OGRAFICA DA LINGUA POR'PUr:mESA NO RIO DE JANEIRO.

2856 DCC/ - AGRADECERIA A VOSSA EXCELENCIA MANIFESTAR AOS PARTICIPANTES DA REUNIAO SOBRE A UNIFICACAO ORTOGRAFICA DA LINGUA PORTUGIJES:\ O TNTF:RESSE DO GOVERNO BRASILEIRO EM DISCUTIR PROXIHA MENTE A POSSIBILIDADE DE UNIFORMIZAR OS TEXTOS EM PORTUGUES DE TRATAnOS POR ELES ASSINADOS OU DE OUTROS ATOS INTERNACIONAIS -AQUP.l.E S FIRMADOS SOB A E GIDE DAS NA COES UNIDAS, POR EXEMPLO . CASO HAJ~ HMA PRIMEIRA REACAO DE SIMPATIA AA IDEIA QUE SUB11ETO AA C0NS TDF!RACAO DE VOSSA EXCELENCTA, PODERIA SER EXPLORADA A P~S S TRILIDADE DE SER ESTABELECIDAS A FORMA E O TRATA~~NTO no .A.. ~c-nNTn COM A IMPORTANCIA QWUE MERECE. CORDIAIS SAUDACOES .

PAIJLO TARSO FLECHA DE LIMA MINISTRO DE F:STADO, INTERINO, DAS PELACOES EXTERIORES

ll~NN

STT RT•:P 2 1 2 31 Y RJ PK ')11 02 K RJFR

:r s: 0·0 LO mp m-4

m -o r >m (;)"TI cO m~ 0-u mJ> "':tl o> !JIJ>

mm ~C'l

o :r :;:: o o <-O m9 m-4

m -o r > m c;> "TI cO mZ

m o, mJ> -o ;o o> !ft>

mrn (') -tC:

c :r :;:: 00 L Cl mp m _,

rn -o r > rr (;) ,

c C - 7

Page 88: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

O rref~i t1 ente .la Acadcrnia Drus.il eira de Letras , acRdê­mi co Austree;és ilo de A Lhaytle , propÔs , na se~>são de cncerrc:t·1cn to do Encoutro de Unificação Orfográfica da L{ngua Fortueu~ ~ ;; , o lcmça rnento J.e um nnuár:~o , que s~ inti'Lularia He~~~1:.~~2.- c2.. mo a palavra clo3 se te pa1 ses de l.uJe lm oficial por tL~~uena - , cujo. d ireça t) caberia aos delee;:ldos pre:..;entes e, ade :nais , a U!!l

rerre ~• en tan I. e de Gu.iné-Bl ssau, ausen L e por rnoti vo r.2 circu11s tUIJ -

cio.is . O pt'i ·,:cdn' nÚ•1ero de HeptÚloe;o ::Jairja nos·inicio :J de ----- ,

1987, co •n ··1a leri al yro :'JlJziclo e·n cat)a u ·n dos sete palF;es em cau sa , a..J •.:: ··1ai s da docurnent ár:i o conex o com o Enco11 tro 'TJ.e ·-;·;Jo - c .:) ''L'JlÍl''l• l os , n!Ot;Ões , rrrellf-; a.zens e as "Daoes ela ortoe;r::t fi ::l si :rrJ lifi(~nd a (1.1 l{l!G ' .t ~ l portug Jesa ncol.'cladds em 1945 , rcnc­BOciau : .i ~> e·n 197 5 c; consolidadas em 1986" •

O n1C1 teri 'ü ~ :oli ci t :.1do t.nnt o :r.oderia ser de auLor~. · 1

it1l1ivirJual c o•·1o de Gutoria col P.giadn , doverin 'Ler o r; 8U8 , ori t;inai 8 olwt:; .H10H ao Rio a e .Janei ro a te 15 de dP.zcrnbro 110

. , -uno corrcn L e , v e rs::J.udo , se poss1 ve1 , u :na descriçao do e s ta-do soei al da l{nG ua portueuesa C '!l cada urnu das se te un.i rh.l­des tnci o na i s - co n nÚmero tl.e [a1anteo , perccn tuai H rel R ti-

' . ·' , . , , vos 1:1 d1ver.~ Gs l1ng u.a etn1cas , r3eu c urater de agrafa ou , , ,zrafica , o::; pt'oh1e 'J:~ s de ermino , de rnaeisterio , de rfde es-col:..~ l· , .1c •1!<.\L'.: Li..:,l r1iíltÍt;ico e, iJe:ü rnen te , OO! rl urna li ::;!.:i ·.:P."' ,

ClJ ·ll llC'f i lJiç3o~_; , .l e vocábu los de od.ee rn interna- ti110 h ~ ­cllnr ' f ortnur bicl1:.t ou filn ' .Para es1Jera e outenção .]e ul -- , ~o , r1ue pé.irece ti_ri co moça ·nbi canismo , ou maca ou mGka ' in-te n 8 0 (le b:t te cultural pÚblico livre' , t{pi co an,:;õlani smo - , pu1uvr:1s q_u.e nornal ·Jente sej aa integradas no acervo vlvo il os , fa1an tef:l o u cscri tores de 1ine >..la portugu e9a .

, A tira:._;e:u de IIept!:Ílo~Q- se de~tinaria a cir·c 11 1.ur nos sete pa1~~es- Al![!;Ola,r:abo Verd. e , Guine-Bis s au , T,1oçarnbi (FH:: ,

... , . , '1 .1 cl • Por Lu.s~ll , ' )aJ Tome e Príncipe , e Bt'a rn - , cu1 l nn o n !l.Cn-de'lia Br· ·1sjlei.ra de T·et1 ·ns de re ·neter · no repTe!:> ertL nate :w­tori :?.<:-!do p·n CédCl pa{s a cota-par te qye lhe fos :;; e at.d.bu{ i n .

11:io de .T:.tneiro , 12 de me~io de J9SG ..À • ., L__(,_ .. (l c --/L D cO é - ~ I k 'j ~ - ·~ --

'{A~trcgé s i/ ... 0 de 1\.tha/de ) · r-residente de Acade::lia Bro.silei a

de Letras

Page 89: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ENCONTRO DE … · quem couberam,. os encargos de secretário-geral do Encontro e negocia dor da posição brasileira. 3. Ressalto a importância que

. ' '

'

MENSAGEM DO EXJVIQ. SR. PRESIDENTE DA REPÚBLICA

(Lida na Sessão de Encerramento do Encontro

de Unificação Ortográfica da LÍngua Portuguesa)

Foi com grande satisfação que tomei conhecimento

do entendimento unânime a que chegaram os plenipotenciários

de Angola, Cabo Verde, Moçambique , Portugal e São Tomé e

PrÍncipe, reunidos com o do Brasil, visando à unificação

ortográfica da lÍngua portuguesa.

Retornando de recente viagem a Portugal e Cabo

Verde, tive a oportunidade de sentir, ao lado dos vínculos

histÓrico-culturais que unem nossos paÍses, a importância

da lÍngua comum para manter mais prÓximos nossos povos.

Assim , gostaria de ressaltar a magnitude do passo

que abre o caminho da unificação, sempre desejada. Bnpcnhar­

me-ei no sentido de, com a brevidade possÍvel, encaminh a r

mensae;em ao Congresso Nacional, a fim de tornar lei a~>

modificações que se fizerem necessárias à unificação orLo­

gráfica proposta .

Quero manifestar, finalmente, aos Senhores Dele ­

gados plenipotenciários os meus agradecimentos , em me u nome

pessoal e no do povo brasileiro, pela participação de cnda

um, reconhecendo no passo ora cumprido uma conquista a wni s

para a nossa histÓria coletiva e de cada uma de noqs a s

pátrias . José Sarney, presidente da RepÚblica Federa ti va

do Brasil .

, . Drao1 lia, 12 de maio da 1986

'· ..