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BACALHAU de PARIS ACADEMIA ABP CELEBROU 20 ANOS NO CONSULADO DE PORTUGAL EM PARIS 13 DURVAL MARQUES ATÉ SEMPRE, ETERNO COMPADRE 28 27 JOANESBURGO: SAIBA TUDO SOBRE O CONGRESSO DOS 50 ANOS DAS ACADEMIAS EDIÇÃO N.º 8 - 2º SEMESTRE 2018 FERNANDO LOPES DESPEDE-SE DA DIREÇÃO DA ABP 20

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BACALHAU de PARISACADEMIA

ABP CELEBROU 20 ANOS NO CONSULADO DE PORTUGAL EM PARIS

13 DURVAL MARQUESATÉ SEMPRE, ETERNO COMPADRE

2827JOANESBURGO: SAIBA TUDO SOBRE O CONGRESSO DOS 50 ANOS DAS ACADEMIAS

EDIÇÃO N.º 8 - 2º SEMESTRE 2018

FERNANDO LOPES DESPEDE-SE DA DIREÇÃO DA ABP

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HINO DAS ACADEMIAS DO BACALHAUVERSO I

Temos por símbolo o badaloQue toca repenicandoQuando alguém quiser falarPõe-se o badalo a tocarFicando o resto caladoTambém temos a gravataC'um bacalhau estampadoSe és amigo de verdadeE quiseres ser compadreCom ela és condecorado

REFRÃO

Caminhamos confiantesSomos todos tripulantesDa mesma nauQue é vista com simpatiaE se chama AcademiaDo BacalhauVamos compadres, comadresQ'esta nossa AcademiaJá tem raízesLevamos a nau ao portoPara dar algum confortoAos infelizes

VERSO II

E quando nos reunimosNum jantar de amizadeTomamos a ocasiãoDe fazer algum tostãoPara dar a caridadeE a meio do repastoVai acima e vai abaixoÉ um acto bem distintoBrindamos com vinho tintoO gavião de penachoREPETE O REFRÃOSOLO DE GUITARRAREPETE O REFRÃO

CONTATOS Pode entrar em contato com a Academia do Bacalhau de Paris aqui:

9, rue Saint-Florentin, 75008 Paris

www.bacalhau.fr

(0033) 7 81 19 57 10

www.facebook.com/academiabacalhauparis

Twitter: @abacalhauparis

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ÍNDICE14

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19. Novos Compadres20. Entrevista: Fernando Lopes 23. Depoimentos24. Congresso28. Durval Marques36. Outras Academias

40. Joana Lopes Pereira42. Patronato São José43. Comadres levam roupa e alento a hospitais45. Agradecimento a ABP46. Entrevista: Tenente Coronel José Fernandes

48. Depoimentos: António Moniz49. Depoimentos: António Fernandes 51. Depoimentos: Clotilde Lopes

53. Página Histórica 57. Fado da Severa58. Júlio Resende59. Breves

ACADEMIAS DO BACALHAU

SOLIDARIEDADE

COMPADRES E COMADRES

RECEITA

CULTURA

62. A seca do bacalhau em Portugal64. Receita : Lascas de bacalhau confitado com arroz de farinheira e grelos66. Passatempos 66. Ficha Técnica66. Agradecimentos

64

05. Editorial

07. Jantares13. Eventos: 20 Anos da ABP14. Eventos: 7º torneio de golfe ABP16. Eventos: ABP passeou na região de Lisboa

ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

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5ACADEMIAS DO BACALHAU

EDITORIAL

Meio século de vida

O movimento das Academias do Bacalhau nasceu há 50 anos. Em 2018, no ano de comemoração de meio século de vida, tivemos a tristeza de perder os dois últimos fundadores do nosso movimento. Por isso, o Congresso realizado de 17 a 21 de outubro, em Joanesburgo, foi nomeado “Congresso Durval Marques”, em honra do mentor do movimento das Academias do Bacalhau.Todos nós gostaríamos de ter visto presentes as 60 Academias espalhadas pelo o mundo inteiro. Ainda assim, isto não foi possível. Os motivos para as ausências das diferentes Academias são diversos mas, sem dúvida, a ausência mais notada por todos os congressistas foi a do nosso amigo compadre Durval Marques que, e das suas sábias palavras para dar o tom para o futuro das Academias.Naturalmente, faço votos para respeitar e garantir as ideias matrizes dos quatro primeiros compadres que deram nascimento a um movimento reconhecido como um dos mais importante da diáspora portuguesa.Este Congresso mostrou a quem não conhecia o peso da Academia-Mãe, onde o grande número de compadres tudo faz para dignificar o nosso movimento. Os mais jovens deram as suas opiniões, as comadres também mostraram o papel ativo que desenvolvem e, claro, os compadres mais antigos ficaram orgulhosos de ver que do impossível se fez uma realidade.

O momento com mais emoção foi sem dúvida a apresentação da nova Academia do Bacalhau de Kinshasa. Apesar de as normas ditarem que fosse a Academia do Bacalhau de Luanda a apadrinhar esta nova tertúlia, a apresentação da Academia Madrinha de Lisboa convenceu todos os presentes e o Presidente da Academia do Bacalhau de Luanda deu o seu aval, num belo gesto de amizade. O nosso grande Compadre Cesar Pina mostrou a quem podia duvidar que o próximo Congresso já está pronto a receber em grande número os compadres do mundo inteiro na cidade invicta do Porto, em 2019. Paris promete tudo realizar para estar bem representada.Depois destes três dias bem preenchidos, o grupo de Paris deu rumo à Cidade do Cabo para conhecer uma das mais belas cidades do mundo. Mas Paris é Paris e tivemos que regressar para continuar a lutar no dia-a-dia.

FERNANDO LOPESPRESIDENTE DA ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

“A ausência mais notada por todos os congressistas foi a do nosso amigo compadre Durval Marques”

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7ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

JANTARES Gala de verão patrocinada a 100%

A gala de verão, que a ABP realiza todos os anos antes de os compadres e comadres partirem para férias, foi realizada a 22 de junho de 2018 e, desta vez, contou com o patrocínio da Império, do Banco BCP e da SMA BTP, SMA VIE. O evento teve lugar na sede desta última empresa, em Paris.A receber as centenas de convivas, estavam representantes de todas as empresas patrocinadoras, nomeadamente Monsieur Bernasconi, Presidente da Império, Vitalino d’Ascenção, Diretor-Geral da Império França, Hubert Rodarie, Presidente Delegado da direção da SMA VIE, e Jean-Philippe Diehl, Presidente do Banco BCP.A noite começou com um cocktail rico em iguarias acompanhadas de champanhe e vinho tinto produzido pelo grupo SMA. Após a chegada de quase todos os compadres, os convivas sentaram-se à mesa numa sala panorâmica com vista para Paris. O Presidente da ABP, compadre Fernando Lopes, explicou brevemente que durante um jantar da Academia é obrigatório nomear

um carrasco. O habitual carrasco, compadre Manuel Moreira, explicou o papel deste bem como os três pilares de uma Academia do Bacalhau: amizade, solidariedade e portugalidade, reiterando que este último ponto não significa o fechar-se na sua própria comunidade mas sim promover as coisas positivas de Portugal e dos países de língua portuguesa.Seguiram-se os discursos de boas-vindas dos patrocinadores, que elogiaram todo o trabalho que a ABP realiza diariamente, indicando que a associação é uma referência em França.Depois de um momento de silêncio em memória de Durval Marques, falecido no mês anterior, Fernando Lopes voltou a tomar da palavra para explicar que as doações da ABP excederam os 100.000€ em 2017 mas que a associação serve apenas como uma ponte entre os doadores e as pessoas ajudadas.

Foram ainda discutidos dois outros temas: o imenso trabalho e toda a dedicação dos compadres Mário e Paula de Sousa para ajudar o Patronato de São José de Vilar de Nantes; e Maria Leonor Ribeiro Tavares, campeã em salto com vara em Portugal, que procura patrocinadores para participar nas melhores condições nos próximos Jogos Olímpicos.Depois dos discursos, seguiram-se os pratos, num ambiente agradável, com a presença da Compagnie des Rêves Lucides, que cantou cante Alentejano, reconhecido como Património Imaterial da UNESCO. A noite serviu ainda para a ABP entregar um diploma ao compadre Victor Ferreira que, desde 1997, aguardava para receber este reconhecimento. Para fechar a noite, foi servido um bolo de aniversário de maneira a celebrar os 20 anos da ABP.

As doações da ABP excederam os 100.000€ em 2017 mas que a associação serve apenas como uma ponte entre os doadores e as pessoas ajudadas

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8 ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

Primeiro jantar depois do verão

A 7 de setembro, a Academia do Bacalhau de Paris voltou à atividade regular depois da habitual interrupção durante os meses de verão. Para o reencontro, o lugar escolhido foi o restaurante “Les Jardins de Montesson”, onde estiverem presentes 65 compadres e comadres.Entre os presentes, destaque para Rui Soares, diretor da Caixa Geral de Depósitos em França, de partida para Portugal. Durante os seus seis anos em terras gaulesas, Soares não só apoiou ativamente a ABP, como se tornou também um compadre de pleno direito. Destaque ainda para a presença de Vitalino d’Ascensão, diretor da Império França, a quem foram dirigidos sentidos agradecimentos pela disponibilidade da empresa em patrocinar inteiramente a gala de verão da ABP, no final de junho. Depois de um aperitivo, o presidente da Academia abriu oficialmente a tertúlia, nomeando para carrasco da noite o compadre José Vasques e para animador de serviço o compadre Filipe Alves. A noite foi prosseguindo, em ambiente de agradável convívio, enquanto os pratos, deliciosamente preparados pelo cozinheiro Raul e sua equipa, iam sendo servidos. Pastéis de bacalhau com feijão frade, bacalhau à Jardin de Montesson e salada de frutas foram as iguarias da noite.

Para além do convívio, a noite serviu também para falar de alguns temas ou atualizar os presentes sobre as atividades da ABP, nomeadamente: a entrega de uma viatura adaptada à jovem Joana Lopes Pereira, a visita às casas reconstruídas após os incêndios em Portugal com o apoio da ABP, a viagem da Academia a Lisboa no início de agosto, os 20 anos da ABP (realizados no mês de setembro), a deslocação ao Congresso Mundial das Academias do Bacalhau, as quotas da ABP ou as próximas eleições para a presidência da associação, a realizar em fevereiro do próximo ano.

No fim da noite, o carrasco fez com que os compadres e comadres tivessem que puxar das carteiras para pagar umas multas – ora por desrespeitarem as regras do convívio, ora por as respeitarem demais! A noite terminou com o hino das Academias do Bacalhau cantado em uníssono pelos convivas.

A noite serviu também para falar de alguns temas ou atualizar os presentes sobre as atividades da ABP

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A Queijaria Nacional é uma marca que representa a tradição e os costumes culinarios portugueses.

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10 ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

ABP festejou República Portuguesa

No dia do 108º aniversário da Implantação da República Portuguesa, a Academia do Bacalhau de Paris festejou a ocasião nas imediações da Place de la République, em Paris. Cerca de 95 convivas deslocaram-se ao Cercle Conan Doyle, sendo recebidos à entrada com uma mesa de Black Jack, onde lhes foi ensinado o jogo – naturalmente, sem dinheiro envolvido.

A noite ficou marcada pela intervenção do compadre deputado Carlos Gonçalves, que explicou aos presentes como começou a República Portuguesa e qual a sua importância, lembrando ainda que Portugal foi o terceiro país da Europa a estabelecer um regime republicano. O deputado apelou aos compadres para que continuem a acreditar nos valores da República que, de resto, como considerou, são bastante próximos daqueles defendidos pela Academia do Bacalhau. Depois do discurso de Carlos Gonçalves, todos os presentes se puseram de pé e, após

o apelo do Presidente da ABP, Fernando Lopes, cantaram o hino português em uníssono. Na segunda parte do evento, mais uma convidada de destaque: Rosa Mota, campeã de atletismo portuguesa, que se encontrava na cidade para participar na Corrida Solidária da Santa Casa da Misericórdia de Paris. Todos os presentes se levantaram, numa ovação que durou alguns minutos, numa bela homenagem à atleta portuguesa. A noite serviu também para se abordar alguns assuntos da agenda da ABP, como a deslocação ao Congresso Mundial das Academias do Bacalhau (em outubro,

em Joanesburgo) e próxima edição da Roupa Sem Fronteiras (30 novembro a 2 dezembro). Foi ainda evocada a necessidade de os compadres e comadres manterem as quotas a dia, até porque em fevereiro do próximo ano decorrerão as eleições para a presidência da ABP e apenas membros com quotas pagas poderão votar. Nota menos positiva apenas para a confeção do jantar, com o bacalhau demasiado salgado. Mas os aperitivos e o champanhe final compensaram o prato principal. A noite terminou como habitualmente, com alguns compadres que se foram deixando ficar, em clima de agradável conversa.

Na segunda parte do evento, mais uma convidada de destaque: Rosa Mota, campeã de atletismo portuguesa

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11ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

ABP comemorou o Magusto

O mês de novembro e o São Martinho bateram à porta da ABP. No dia 9, as castanhas e o vinho novo foram propostos às compadres e compadres - mais isto só aconteceu no fim do convívio daquela noite de sexta-feira.O encontro estava marcado para o restaurante “A Cumeada”, em Champigny-sur-Marne, nas instalações de Fernando Cândido, um empresário que tudo fez para distribuir um pouco de Portugal em terras gaulesas: no início dos anos 60, já vendia produtos (alimentos e bebidas) que ele próprio importava de Portugal. Este homem conhecia os cantos todos da região parisiense onde viviam portugueses e, pouco a pouco, com sacrifício e força de vontade, criou um império em França.Há pouco mais de um ano, Fernando Cândido apostou novamente na portugalidade, criando um restaurante com salas muito bem decoradas e uma ementa de grande qualidade - só faltava uma sala ampla para receber casamentos, ou grandes grupos. Mas essa sala chegou e foi com a Academia do Bacalhau de Paris que teve a honra de a estrear. Antes de começar o jantar, os membros da ABP Júnior puseram à venda os bolinhos cozinhados a véspera da tertúlia em casa da comadre Clotilde Lopes, que os acompanhou

na preparação e na cozedura dos mesmos no forno a lenha, como antigamente. O sucesso foi de tal modo que, em menos 15 minutos, os 150 bolinhos estavam todos vendidos e, se mais houvesse, mais se vendiam.Como já tem acontecido em muitos encontros da ABP, foi servido um buffet de entradas e aperitivos à discrição aos presentes, que puderam provar um grande número de pratos tradicionais portugueses acompanhados de bebidas variadas.

Um momento de convívio muito agradável permitiu aos compadres trocarem opiniões sobre os acontecimentos da atualidade, como o centenário do fim da Primeira Guerra Mundial, a 11 de novembro, com a presença do Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo De Sousa. Não se pode

esquecer todos os filhos da nação que deram a vida para defender a liberdade, sete mil dos quais faleceram a 9 de abril de 1918, em La Lys, no norte de França, dia que marcou para sempre a nossa história. Depois deste momento, os 120 compadres sentaram-se para usufruir de um bacalhau à lagareiro divinal. Só as concertinas tocando modas tradicionais obrigaram alguns compadres a cantar e mesmo a dançar para ajudar à digestão, tal eram a quantidade e qualidade.Os discursos contaram as maravilhas vistas na África do Sul e a deslocação de Paris ao Congresso que homenageou o compadre Durval Marques.Uma nota de agradecimento ainda para o compadre Mapril Baptista, que nos ajudou para oferecer e legalizar o carro adaptado a Joana Lopes Pereira, jovem deficiente residente em Portugal. Por fim, fim agradeceu-se também ao compadre Mário Martins que, pela sexta vez transporta a custo zero as roupas, sapatos e brinquedos para Portugal no âmbito da iniciativa Roupa Sem Fronteiras. Este ano serão Viana do Castelo e Cabeceira de Bastos a usufruir dos nos donativos.Antes de fechar a tertúlia, os compadres e comadres juntaram-se num grande coro para cantar a Marcha das Academias.

Os membros da ABP Júnior puseram à venda os bolinhos cozinhados na véspera da tertúlia em casa da comadre Clotilde Lopes

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13ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

partilha e discussão, e foi exibida uma galeria de fotos da história das Academias que permitiu rever ou dar a conhecer algumas das pessoas que compõem a história da associação.

Um buffet de charcutaria, queijos e bolos portugueses foi servido para acompanhar os diversos Gaviões de Penachos e uma tarde

EVENTOS

Os três presidentes da ABP presentes e o Cônsul de Portugal partilharam a faca que serviu para cortar o bolo de aniversário

20 anos da ABP celebrados no Consulado

Mais de 80 comadres e compadres reuniram-se no Consulado Geral de Portugal em Paris a 10 de junho de 2018, para celebrar os 50 anos das Academias do Bacalhau e os 20 anos da ABP.Foi também prestada uma vibrante homenagem a Durval Marques, o membro fundador das Academias do Bacalhau, em Joanesburgo, que tinha falecido no final de maio. O presidente da ABP, Fernando Lopes, pediu a todos os presentes que fizessem um minuto de silêncio, durante o qual não meditassem sobre a tristeza da morte do último membro fundador das Academias, mas sim na memória de todos os bons momentos, todos os sorrisos que ele compartilhou com todos nós, assim como sobre o legado imenso que nos deixa. Fernando Lopes lembrou que devemos agora respeitá-lo e transmitir à próxima geração os três pilares das Academias do Bacalhau (amizade, solidariedade e portugalidade).Após um longo momento de silêncio, o presidente solicitou a cada um que olhasse para quem estava ao seu lado e brindasse com essa pessoa, de maneira a não esquecer que os valores das Academias do Bacalhau não são palavras vãs.Seguiu-se um breve discurso do presidente da ABP e algumas palavras do cônsul de Portugal em Paris, António Albuquerque Moniz. Privilegiou-se um momento de

muito agradável, onde alguns compadres tentaram até cantar canções folclóricas portuguesas.No final deste momento de convívio, os três presidentes da ABP presentes e o Cônsul de Portugal partilharam a faca que serviu para cortar o bolo de aniversário. O hino das Academias foi vigorosamente cantado antes de todos os presentes, a uma só voz, interpretarem o hino de Portugal com muita emoção. Assim terminou o dia 10 de junho de 2018, dia de Portugal, de Camões, das comunidades portuguesas no estrangeiro, dos 50 anos de Academias, dos 20 anos da ABP e da homenagem ao Presidente Honorário de todos Academias do Bacalhau do mundo, que nos deixou cedo demais.

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14 ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

7º torneio de golfe ABP

A 30 de junho de 2018, a Academia do Bacalhaud e Paris realizou mais um evento que pôs em evidência a amizade: o torneio de golfe anual da nossa ABP. De manhã cedinho, compareceram mais de 100 golfistas no belo campo do Coudray Monceaux (91). Uns compadres, outros não, de várias nacionalidades, todos prontos a competir e a passar momentos agradáveis.O sol agraciou-nos com a sua presença, tal como o simpático jogador internacional de golfe, Filipe Lima. No buraco um, foi oferecido um pequeno-almoço aos jogadores, no buraco nove os convivas comeram bifanas oferecidas e confecionadas por Francelina Jorge e, no final, todos puderam degustar um sumptuoso cocktail – tudo contribuiu para o sucesso do evento.

Muitos dos nossos compadres ficaram bem classificados mas a equipa de Olívia Jorge e Mário Jorge ficou mais à frente e ganhou ganharam a taça “Especial Academia do Bacalhau de Paris”, que foi criada este ano e que ficará com eles até ao próximo torneio. Quem ganhará a taça no próximo ano?No final, o discurso do Presidente Fernando Lopes sobre a portugalidade e a amizade entre portugueses e franceses foi muito aplaudido por todos os presentes.

O sol agraciou-nos com a sua presença, tal como o simpático jogador internacional de golfe, Filipe Lima.

Por Francelina Jorge

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16 ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

ABP passeou na região de Lisboa em agosto

Depois da região do Douro em 2017, a Academia do Bacalhau de Paris organizou mais uma viagem a Portugal no mês de agosto, desta feita tendo como destino a capital portuguesa e a região do Sado. O encontro foi marcado para o dia 5, ao fim da tarde, num hotel perto da Praça do Comércio e do Museu da Cerveja. Depois de um jantar partilhado pelos 34 comadres e compadres presentes, outros 12 se juntaram ao grupo logo na manhã do dia seguinte para, juntos, começaram a descoberta da região do Sado com as explicações de um guia privado. Em Setúbal, o grupo deliciou-se com um almoço composto pela especialidade típica da região: chocos fritos. Seguiu-se depois uma visita a Vila Fresca de Azeitão, mais precisamente à casa São Simão Arte, uma pequena fábrica de azulejos decorativos. O dono, o senhor Carlos Filipe, homem apaixonado pela arte, explicou aos presentes como usar a técnica e todos puderam dar largas à sua criatividade, pintando o seu próprio azulejo. Depois desta experiência, com o autocarro à disposição, o grupo iniciou um passeio de descoberta da serra de Arrábida, para admirar as verdejantes paisagens da região. Ao fim da tarde, os compadres e comadres deslocaram-se às caves dos vinhos José Maria da Fonseca, para uma visita com provas e compras de vinhos da região, entre os quais o famoso Moscatel de Setúbal. Seguiu-se depois um jantar na Quinta do Lumarinho, pertencente a Maria José Ventura, irmã do compadre da ABP, José Ventura. Tanto o jantar como a animação foram oferecidos pela anfitriã a todos os presentes.O dia seguinte, 7 de agosto, começou com um passeio de descoberta de Lisboa, guiado pelo senhor Luís, um guia apaixonado por histórias da história, que levou compadres e comadres à descoberta dos bairros mais emblemáticos da cidade de Lisboa, como o Bairro Alto, Alfama ou Chiado. Todo o percurso foi acompanhado por lendas e contos, contados pelo guia.A viagem terminou com um passeio de barco catamaran pelas águas do Tejo, para ver Lisboa a partir do rio, terminando em frente à Praça do Império, mais precisamente junto ao Padrão dos Descobrimentos.

Com Luís Gonçalves

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17ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

Seguiu-se depois um jantar na Quinta do Lumarinho, pertencente a Maria José Ventura ...um passeio de descoberta de Lisboa,

guiado pelo senhor Luís, um guia apaixonado por histórias da história

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19ACADEMIAS DO BACALHAU

NOVOS COMPADRES

O Victor Ferreira (da Safranée) e a Academia do Bacalhau de Paris têm uma história de amor e de reconhecimento que nenhum diploma pode alterar. Para regularizar esta situação excecional, basta um Presidente e um padrinho de exceção.No início, só existia “um punhado” de amigos que se encontrava para confraternizar à volta de um prato de bacalhau e que se transformou no chamado grupo embrionário da formação da Academia do Bacalhau de Paris. Só encontrei vestígios da minha participação nesse grupo neste desenho que serviu para o menu do jantar de 31 de outubro de 1997, durante o qual se falou da oficialização da Academia de Paris, apadrinhada pela Academia de Lisboa. Foi de uma forma natural que me tornei compadre sem que nenhum Presidente ou membro me tenha apadrinhado nem me tivesse sido

Victor Ferreira22 / 6 / 2018Padrinho: José António Costa

dado o diploma.Fui sempre tratado como um compadre e a maioria dos membros consideraram que faço parte da família. Foram-me oferecidas gravatas (desde que existem) por três Presidentes, foram realizadas dezenas de jantares, dos quais dois marcaram a minha relação com a Academia: o da oficialização em 1998 e o último, dois dias antes do fecho do meu restaurante.Tomei a iniciativa de anunciar durante um jantar no restaurante “O Madeira” que gostava de ter como padrinho o compadre José Costa por ter sido o primeiro cliente português que eu encontrei no meu restaurante, La Safranée.A minha presença não é uma nova adesão, mas confirmação da minha dedicação à nossa Academia.Um sentido Gavião de Penacho!

O filho pródigo volta à casa de onde nunca saiu

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ENTREVISTA

Assumiu o cargo de Presidente da Academia do Bacalhau de Paris em fevereiro de 2017, eleito por unanimidade, e depois de já ter desempenhado funções como vice-presidente em direções anteriores. Em dois anos, Fernando Lopes trabalhou ativamente para o desenvolvimento da ABP, mantendo o legado que lhe havia sido deixado mas procurando sempre ter em conta o futuro e o progresso da Academia. Prova disso são algumas das inovações do seu mandato, como a criação da ABP Júnior e a renovação total do site da associação. Também o lado solidário se manteve sempre presente, atingindo records de donativos e cumprindo os pilares das Academias do Bacalhau.Com o aproximar do fim do mandato, e em jeito de balanço, falámos com o Presidente cessante, que decidiu não se recandidatar porque “a ABP não pertence a ninguém, é de todos nós”.

No início do seu mandato, disse que ambicionava ser o pior presidente da

história da ABP. Cumpriu o seu objetivo?Desta vez espero ter mentido, mais deixo o veredicto ao critério das comadres e

compadres. Claro que nunca foi uma vontade da minha parte respeitar esta promessa e fico feliz de ver membros da direção com um envolvimento tão grande na ABP, em tempo e em qualidade.

Durante o seu mandato, a ABP subiu consideravelmente os montantes dos donativos oferecidos. Como foi conseguido este aumento?Nunca foi e espero que nunca venha a ser um objetivo da ABP aumentar os montantes dos donativos. Se estes atingiram um valor tão

elevado foi, em parte, devido à catástrofe dos incêndios da região de Leiria e ao caso de compadres que pediram a ABP que ajudasse um jovem (Romain Decogne) que, depois de um AVC, ficou completamente deficiente e sem meios para viver em casa dos pais. Os amigos e familiares juntaram-se à ABP para uma causa bem definida, que permitiu doar 50.000€.

Cumpriu o seu mandato mas decidiu não se recandidatar. Porquê?A minha vontade é permitir a outros compadres e comadres poderem liderar a nossa ABP, porque ela não pertence a ninguém, é de nós todos. E a mudança de presidente pode ser algo benéfico para dar força a uma Academia. Se não for o caso, a história e os antigos presidentes permitirão salvaguardar os valores essenciais e impedir a destruição de tantos esforços.

Deixou alguma coisa por fazer que gostasse de ter conseguido durante o seu mandato?Trabalhei para avançar com o projeto de uma sede para a ABP, mas sozinho não foi fácil.

A minha vontade é permitir a outros compadres e comadres poderem liderar a nossa ABP, porque ela não pertence a ninguém, é de nós todos.

Fernando Lopes Presidente cessante da ABP

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21ACADEMIAS DO BACALHAU

Pedi a alguns compadres para me ajudarem mas, na realidade e não tive ofertas. É difícil encontrar o local ideal e, por isso, quando nos reuniremos para a Assembleia Geral em fevereiro de 2019, será pedido aos presentes uma opinião sobre este ponto, como a área ideal, se se deve comprar ou arrendar, por exemplo.

O que é que o surpreendeu mais durante a sua presidência da ABP?O carinho que me deram e a força transmitida pelas pessoas que participaram ativamente na ABP. O outro ponto foi o reconhecimento das entidades oficiais, e espero que seja só o início de uma grande história.

O que lhe deu mais prazer no cumprimento deste cargo?Trabalhar ainda mais para quem precisa. Quando assumimos o encargo de Presidente, temos que dar o exemplo e demostrar que

nada é impossível quando acreditamos nos sonhos.E ainda a concretização de dois projetos: a criação da Academia Júnior, com eventos realizados pelos os nossos jovens, esperando que mais jovens venham a integrar a nossa ABP; e a criação do Conselho Social, com seis comadres que conseguiram oficializar o reconhecimento da ABP na instituição dos Hospitais de Paris. Todas as quintas-feiras elas marcam presença e visitam doentes. Esta colaboração vai ser alargada a mais dois hospitais em 2019.

Qual acha que é a ideia mais errada que as pessoas têm em relação ao cargo de presidente de uma associação como a ABP?Que tudo e fácil e que tudo acontece sem esforços. A ABP é uma estrutura de grande respeito e, como tal, temos que ter a consciência que um único erro pode transformar-se em catástrofe; o cargo de presidente é uma pressão enorme.

A ABP é uma das Academias mais reputadas no seio do movimento e é, sem dúvida, uma instituição com uma excelente reputação na comunidade portuguesa em França e mesmo na sociedade francesa. A que acha que se deve este facto?A maior força da ABP é a sua história, vários presidentes que, um após outro, sempre se esforçaram para cumprir com as promessas;

nunca se deve dar esperança se não temos a certeza de alcançar o objetivo. Também a vontade de ser reconhecidos não só pela as instituições portuguesas mas também pelas francesas, e mesmo apresentar o movimento das Academias a outros movimentos, como foi o caso de uma palestra no Rotary Club, por exemplo.

Como vê o futuro do movimento das Academias do Bacalhau?Com uma grande fé. Claro que esta mudança de geração não será fácil, e o falecimento do mentor das Academias, o compadre Presidente Honorário de todas as Academias, Durval Marques, não ajuda. Mas tenho a certeza que os nossos jovens vão dar valor a esta nobre causa e, de uma maneira talvez um pouco diferente, darão continuidade ao ADN das Academias e dos seus antepassados.

Com base na sua experiência, quer deixar um conselho à próxima direção da ABP?Claro... Não tentem mudar tudo e, se alguma dúvida aparecer, peçam conselhos. Também fiz muitas vezes apelo aos antigos presidentes e a outros compadres para ter a certeza que a minha decisão era a correta.Um outro conselho: dirigam a ABP com o vosso coração e tudo se tornará mais fácil, e não se esqueçam de dar valor a todos as compadres e compadres - a TODOS.

A maior força da ABP é a sua história, vários presidentes que, um após outro, sempre se esforçaram para cumprir as promessas.

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DEPOIMENTOSManuel Soares, vice-presidenteDesempenhado e aplicado nestes dois anos de mandato, o nosso compadre presidente Fernando Lopes soube manter e dar continuidade às bases da nossa organização: portugalidade, amizade e solidariedade.O seu empenho na organização das tertúlias e todos os eventos que ocorreram fizeram com que a nossa Academia continue com a chama bem acesa. Temos que agradecer e ter todos orgulho do trabalho que foi elaborado.Para o nosso Presidente um forte abraço de amizade e de parabéns!

Paula de Sousa, tesoureiraJá se passaram dois anos! O tempo passa rápido, parece que foi ontem que começámos o nosso mandato.No início, estabeleci um objetivo que foi o de dar o meu melhor para que a tesouraria e a contabilidade da ABP fossem postas no bom caminho e assim se mantivessem. Chegados ao fim do mandato, sinto-me feliz por ter colaborado com os meus compadres e amigos da direção nesta aventura. Manter este ritmo durante dois anos, somando a Academia à minha vida profissional, sem esquecer a minha vida pessoal, é algo intenso - mas está feito e olho para o trabalho que alcançámos com orgulho. Espero poder continuar a ver a Academia neste bom caminho ao longo de muitos anos.

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Congresso Durval Marques assinalou 50 anos das Academias do Bacalhau

CONGRESSOO 47º Congresso Mundial das Academias do Bacalhau decorreu na cidade que deu origem ao maior movimento associativo da diáspora: Joanesburgo. Foi ali que se deslocaram cerca de 450 compadres e comadres de todo o mundo para, em conjunto, celebrar os valores da amizade, portugalidade e solidariedade. O evento decorreu de 18 a 21 de outubro mas compadres de algumas tertúlias aproveitaram a deslocação à África do Sul para conhecer mais do país – foi o caso de Paris.O Congresso contou com a participação do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, que, na companhia do embaixador de Portugal na África do Sul, Manuel Carvalho, e do cônsul-geral de Portugal em Joanesburgo, Francisco-Xavier de Meireles, entregou no sábado, no jantar de gala, a medalha de Mérito das Comunidades Portuguesas, no grau ouro, a José Manuel Contente, que a República Portuguesa concedeu como “testemunho e apreço e reconhecimento”.A reunião de trabalhos do Congresso decorreu na manhã de sábado, 20 de outubro, no centro de conferências do casino Emperors Palace, e começou com um minuto de silêncio em homenagem ao falecido Compadre Presidente Honorário de Todas as Academias, Durval Marques e a todos os compadres e comadres que faleceram ao longo do último ano.

A palavra foi depois dada ao compadre Manuel de Carvalho, embaixador de Portugal na África do Sul, para que este abrisse oficialmente a sessão de trabalhos. Pela ordem de agenda, os presidentes das

várias tertúlias intervieram. Apresentaram o seu relatório de atividades os presidentes e representantes das Academias do Bacalhau de Durban, Pietermaritzburg, Luanda, Bruxelas, Paris, Bordéus, Lyon, Luxemburgo, Mbabane, Nova Jersey, Porto, Cidade do Cabo, Minho, Ilha Faial, Long Island, Pretoria, Maputo, Namíbia, Lisboa, Manzini, Beira em Moçambique, Viseu, Costa do Estoril, Nelspruit e, por fim, da Academia de Joanesburgo.Tomou ainda da palavra a comadre Carol Marques, esposa do compadre Durval, declarou, emocionada “muitos me vieram já dizer que sentem muito a falta dele, porque o Durval era uma pessoa apaziguadora. Continuem a lembrar o Durval com carinho”, acrescentando “ A Academia começou com

450 compadres e comadres de todo o mundo celebraram os valores da amizade, portugalidade e solidariedade

uma “brincadeira” em torno de uma mesa com quatro amigos. Ninguém sabia que iria tomar as proporções que tem hoje. Estou aqui a honrar a memória dele e espero que a Academia cresça mais e se torne cada vez maior. Desejo a todos as maiores felicidades, somos todos uma grande família, sinto-me em família, acolhida aqui por vós, recebida com tanto carinho e com tanta preocupação. Obrigada.” O compadre Manuel Coelho, presidente da Academia da Namíbia, propôs o título de comadre honorária de todas as Academias do Bacalhau à comadre Carol Marques, algo que foi aceite e aplaudido de pé.Depois, na agenda de trabalhos, foram levadas a discussão propostas das várias tertúlias.

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Propostas debatidas em Congresso:

Criar uma rede social onde se encontram as Academias, cada tertúlia com duas pastas, uma pública e outra privada. Esta medida tem a finalidade de proporcionar uma maior proximidade e troca de informações. Proposta aprovada. Oficialização da Academia do Bacalhau de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo. Proposta aprovada (ver artigo na secção “Academias do Bacalhau). O compadre Francisco Aquilino Pereira informou de que a Academia do Bacalhau da Ilha Terceira foi nomeada como instituição de utilidade pública, dizendo que em, Portugal, está aberto o precedente e que se outras tertúlias quiserem utilizar a Academia da Terceira como exemplo e argumento, podem fazê-lo e ele está disponível para ajudar. Por fim, o último ponto da agenda foi o nome do Congresso, que ficou estipulado como “Congresso Compadre Presidente Honorário Durval Marques”.

À noite, teve lugar o habitual jantar de gala dos Congressos, onde se comemorou os 50 anos das Academias

Antes da reunião de presidentes, no dia 18, quinta-feira, o Congresso foi aberto com um jantar de boas-vindas com entretenimento africano. No dia seguinte, os participantes foram divididos em dois grupos, com o primeiro a visitar a Lesedi Cultural Village e o segundo, composto pelos presidentes das tertúlias, a fazer uma visita ao Lar Rainha Santa Isabel. À noite, todos os convivas se reuniram num jantar em conjunto com artistas jovens da comunidade. No dia seguinte de manhã, os participantes dividiram-se novamente em dois grupos: o primeiro visitou a cidade de Joanesburgo e o segundo deu início à sessão de trabalhos. À noite, teve lugar o habitual jantar de gala dos Congressos, onde se comemorou os 50 anos das Academias. No dia da despedida, a Academia-Mãe proporcionou um passeio de autocarro pela cidade, seguido de uma deslocação a Pretória, onde se realizou o almoço de encerramento do Congresso.

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Paris estendeu programaO grupo de compadres e comadres de Paris que participou no Congresso aproveitou a deslocação a África para fazer um percurso turístico mais completo. O encontro estava marcado no aeroporto Charles de Gaulle, às 17h30, do dia 14 de outubro. Todos os compadres estavam no ponto de encontro à hora marcada e esse respeito pela organização fez-se sentir ao longo de todo o passeio.

Depois de um voo com escala no Quénia, o grupo chegou ao primeiro destino: Maputo, em Moçambique. Aí, os compadres e comadres de Paris encontraram-se com o presidente da Academia do Bacalhau de Maputo, que partilhou uma bebida com o grupo e explicou o apoio da Academia moçambicana à Casa do Gaiato.No dia seguinte, os compadres e comadres parisienses rumaram à África do Sul, nomeadamente ao Kruger Park, uma das reservas animais mais famosas do mundo. A chegar ao hotel, a surpresa foi geral: havia zebras e macacos – algo que o grupo já tinha visto mas no jardim zoológico, atrás de grades. Desde logo, perceberam que iam ver algo de mágico.

O guia do Kruger Park iniciou a visita dizendo que não seria certo que conseguissem ver os “Big Five” – os cinco mamíferos de grande porte mais difíceis de serem caçados pelo Homem – elefante, rinoceronte, leão, leopardo e búfalo. Mas qual não foi o entusiasmo do grupo quando, logo após 400m, se deparou com um leopardo a

O grupo de compadres e comadres de Paris que participou no Congresso aproveitou a deslocação a África para fazer um percurso turístico mais completo

caçar! E este foi apenas o início de dois dias em que puderam ver os cinco animais, mais que uma vez. Para terminar o safari, fizeram um churrasco no meio da selva, apanhando depois o avião para Joanesburgo. Durante os dias que a comitiva parisiense passou em Joanesburgo, teve oportunidade de visitar uma fábrica de cerveja, alguns bairros da cidade e ver familiares que

Qual não foi o entusiasmo do grupo quando, logo após 400m, se deparou com um leopardo a caçar!

residem no país. Os compadres e comadres de Paris juntaram-se depois ao programa oficial do Congresso durante quatro dias, no fim dos quais estenderam ainda um pouco a estadia no país, para visita a Cidade do Cabo, onde puderam verificar, com emoção, que até naquela ponta do mundo, os portugueses deixaram a sua marca.

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Até sempre, eterno compadreO compadre Durval Marques deixou-nos a 25 de maio de 2018. Faleceu no Porto, onde residia com a família, e o último adeus foi feito no dia 29, na Igreja Matriz de Paços de Brandão, de onde era natural. Mas, na verdade, o compadre Durval Marques não nos deixou. Porque o legado que construiu continua a viver nas 59 Academias do Bacalhau, nos milhares de compadres em quatro continentes e nas obras filantrópicas que impulsionou ao longo de toda a sua vida. O compadre Durval Marques não nos deixou porque o compadre Durval Marques é imortal. Nasceu a 14 de outubro de 1933, em casa dos pais, em Paços de Brandão. Estudou na Escola Primária local e depois ingressou na Escola Académica do Porto, de onde guardou sempre as melhores memórias. O ensino superior, fê-lo na Faculdade de Economia da Universidade do Porto, onde se embrenhou na vida académica e se tornou membro do Orfeão Universitário do Porto.

Contava com fervor a história de como, durante o seu tempo no Orfeão, o grupo conseguiu representar o país internacionalmente, uma honra que até então cabia apenas à Universidade de Coimbra. E foi precisamente numa dessas viagens,

a Angola, que Durval pisou pela primeira vez o solo africano e imediatamente se apaixonou. Mas regressou a Portugal, completou os estudos e, já a trabalhar, recebeu uma proposta de emprego em Luanda. Aceitou. Deixou o pai e o irmão e qualquer

Durval achou que iria para a África do Sul durante uns meses. Passaram-se quarenta anos.

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possibilidade que o pai acalentasse de, um dia, ver Durval juntar-se ao negócio de família, uma fábrica de papel.Durval rumou a Angola e por lá ficou cerca de dois anos, até que lhe solicitaram que se deslocasse à África do Sul para fazer um estudo de viabilidade para a abertura de um novo banco, que mais tarde seria o Bank of Lisbon and South Africa Limited. Durval achou que iria para a África do Sul durante uns meses. Passaram-se quarenta anos. Desenvolveu uma carreira de excelência no Bank of Lisbon e tornou-se o mais jovem CEO de um banco na África do Sul. Por motivos profissionais, estava presente regularmente nos eventos da comunidade portuguesa naquele país e, aos poucos, foi estabelecendo uma extensa rede de contatos e reconhecimento por parte da comunidade. Mas a ligação aos outros não era uma questão de trabalho para Durval, que estava sempre disponível para conhecer e dar-se a conhecer, para fazer novos amigos, que lhe enchiam a casa e a vida.

Foi num dos muitos eventos a que ia na África do Sul que conheceu a mulher que lhe roubou o coração, Carol. Casaram-se uns anos mais tarde e tiveram duas filhas, Nicole e Ivana.Durval manteve sempre uma atividade intensa a nível associativo. Foi presidente do Lusitano Futebol Clube, administrador da rádio e televisão portuguesas na África do Sul, presidente do Luso South Africa Benefit Trust, representante da Associação Empresarial Portuguesa e membro do Institute of Directors in Southern Africa. Mas a expressão maior do seu legado associativo foi, sem dúvida, a Academia do Bacalhau. Em 1968, pouco depois da sua chegada à África do Sul, reuniu-se com três amigos - Rui Pericão, Ivo Cordeiro e José Ataíde – para um jantar realizado no hotel Moulin Rouge, em

Hillbrow. Foi o primeiro jantar da Academia do Bacalhau que, na altura, tinha apenas a ambição de ser um grupo de amigos portugueses reunidos com o objetivo de melhorar a imagem dos portugueses naquele país e de contribuir para o bem-estar da comunidade. Teve um sucesso tal que, a 10 de junho desse ano, a Academia do Bacalhau realizou o seu primeiro jantar oficial, comemorando também, pela primeira vez, o Dia de Portugal na África do Sul.O que o compadre Durval Marques não sabia quando teve a ideia de convidar uns amigos para um jantar é que, com esse simples gesto, estaria a criar as bases daquele que se tornaria o maior movimento associativo da diáspora portuguesa. Cerca de um ano depois, criou-se a segunda Academia do Bacalhau, em Durban e, nesse mesmo mês, foi também inaugurada a primeira Academia fora da África do Sul –

E na sua pacatez e com um sorriso simpático, ia distribuindo abraços e palavras de sabedoria sobre este movimento que era um dos maiores amores da sua vida.

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em Mbabane, na Suazilândia. O movimento continuou a espalhar-se, pela Europa, América do Sul, América do Norte e Oceânia. A 10 de março de 1997, outro marco importante na história das Academias: foi oficializada a tertúlia de Caracas, na Venezuela, a primeira na América do Sul. O movimento das Academias chegaria a América do Norte no ano seguinte quando foi oficializada a Academia do Bacalhau de Toronto. Nesse mesmo ano, foi oficializada também a Academia do Bacalhau de Paris, a primeira na Europa fora de Portugal. O movimento alcançou quatro continentes com a abertura da Academia do Bacalhau de Perth, a 5 de março de 2011.Cada vez que era inaugurada uma nova Academia do Bacalhau, o compadre Durval Marques tentava estar presente. Sempre que podia, viajava para os Congressos anuais também. Mesmo com o avançar da idade, só não marcava presença se a saúde não lhe permitisse mesmo. E em cada evento em que estava, sentia-se entre amigos. Porque, no fundo, a Academia do Bacalhau é mesmo isso, um grande grupo de amigos. E na sua pacatez e com um sorriso simpático, ia distribuindo abraços e palavras de sabedoria sobre este movimento que era um dos maiores amores da sua vida. Para muitos, o compadre Durval Marques era a personificação dos valores das Academias do Bacalhau. Mas ele não queria os holofotes sobre si. “Não sou eu, somos todos nós, é o grupo”, dizia sempre.

Como reconhecimento pelo seu extenso e impactante legado na Academia de Joanesburgo, Durval Marques foi nomeado “Compadre Honorário de Todas as Academias”. A decisão sobre esta nomeação foi feita no XIV Congresso Mundial, em Manzini, na Suazilândia. Aproveitando o facto de Durval não estar presente nos trabalhos da manhã por compromissos profissionais, os compadres reunidos apresentaram a proposta e aprovaram-na, comunicando ao compadre fundador o seu novo estatuto quando ele chegou ao Congresso, da parte da tarde.

Mas para o compadre Durval, o reconhecimento dos seus feitos não tinha grande importância. O que o fazia vibrar era a possibilidade de ajudar quem mais precisava. Será impossível calcular o número de vidas que tocou e que ajudou a melhorar ao longo dos seus 84 anos, ao longo de uma vida inteira ao serviço dos outros. E mesmo depois de deixar este mundo, a sua filantropia continua a fazer-se sentir: deixou um último apelo a todas as Academias – que não enviassem coroas de flores para o seu funeral mas que direcionassem esses fundos para a Academia-Mãe, de maneira a ajudar os residentes do Lar de Idosos Rainha Santa Isabel, em Joanesburgo, instituição que ajudou a criar e que lhe era extremamente querida.O compadre Durval Marques passou uma vida inteira a fazer o bem. Aos compadres e comadres resta agora uma tarefa: honrar o seu legado. E porque ele quereria ouvir de todos nós estas palavras com toda a força, aqui ficam: Um Gavião de Penacho, caro compadre Durval! Até sempre.

O reconhecimento dos seus feitos não tinha grande importância. O que o fazia vibrar era a possibilidade de ajudar quem mais precisava.

Deixou um último apelo a todas as Academias – que não enviassem coroas de flores para o seu funeral mas que direcionassem esses fundos para a Academia-Mãe.

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DEPOIMENTOSCarol Marques, esposa

Ao nosso querido Durval

Há dias, estando eu na estação de metro do Saldanha, em Lisboa, li a seguinte frase do nosso grande artista e escritor, Almada Negreiros: “As pessoas que eu mais admiro são aqueles que nunca se esquecem”. Esta tão simples frase de apenas uma dúzia de palavras tocou-me profundamente e pela primeira vez, senti e percebi o significado delas.Sim! Senti uma profunda tristeza e enorme saudade do nosso querido Durval.Por vezes pecamos, ao não dar o devido valor à pessoa com quem vivemos, convivemos e amamos. Agora que ele já cá não está, sentimos a dor da solidão, do abandono, da falta da ternura da sua presença, do seu pensamento bem estruturado e das suas palavras de sabedoria. Estivemos casados durante quarenta e três anos e meio, temos duas filhas que muito amamos, a Nicole e a Ivana. Não há dia que passe que não se faça uma referência ao Pai. Sentimos a sua falta em tudo o que fazemos ou dizemos, das mais pequenas às maiores questões, decisões e até pensamentos, ele está sempre presente. O que é que o pai diria? O que é que o pai faria? Permanece e permanecerá sempre nas nossas vidas e em todas as circunstâncias, assim como a tremenda saudade que as três sentimos.Por respeito e admiração das obras e conceito das Academias do Bacalhau, fiz questão de estar presente nas celebrações do 50º Aniversário e 47º Congresso Mundial das Academias. Foi uma excelente decisão! Adorei regressar à minha terra natal. Adorei rever e conviver com amigos de longa data e, sobretudo, adorei o facto de poder presenciar as palavras de carinho, respeito e admiração que muitas pessoas ainda nutrem pelo nosso tão querido Durval.Fi-lo pelo Durval! Porque sabia o quanto ele amava, sentia e vivia o espírito de grande amizade entre Comadres e Compadres das Academias, que tem o propósito de unir as pessoas para ajudar os mais desfavorecidos e ao mesmo tempo enaltecer o nome de

Portugal através dos seus emigrantes espalhados pelo mundo fora. Tanto que ele desejava estar presente nestas celebrações dos 50 anos para poder assistir e comemorar o maior movimento da diáspora portuguesa, a Academia do Bacalhau, a “menina” dos seus olhos. Infelizmente não tinha que ser, porque como diz o velho ditado português, “O homem põe, e Deus dispõe”…Aproveito esta oportunidade para agradecer as lindas mensagens de pesar, testemunhos, tributos e homenagens vindas das

Academias, dos compadres e comadres, de amigos e família. Foi uma grande honra saber que a Assembleia da República aprovou um voto de pesar pelo seu falecimento. Que a sua alma descanse na paz de Deus.Em memória de Durval Marques, apelo que as Academias do Bacalhau continuem a crescer e “que nunca se acabem”. Um bem-haja a todos e muito, muito obrigada!Carol

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José Contente, Presidente da Academia-Mãe

Academias do Bacalhau: Compadre Durval Marques ao leme do movimento

Com ainda tenra idade, Durval Marques, que havia deixado a sua terra natal de Paços de Brandão e a sua cidade do Porto onde se licenciou em Economia, criou aqui na cidade de Joanesburgo, para onde tinha sido destacado como Administrador-Delegado do Banco de Lisboa e África do Sul, conjuntamente com um grupo de amigos, um movimento que assumiu e codirigiu fazendo dele a sua paixão e orgulho.Como Presidente da Academia fundadora do movimento, posição que ocupou logo no terceiro ano da sua existência e onde se manteve por seis anos (de 1970 a 1976) e mais tarde novamente por mais seis anos (de 1979 a 1984), Durval Marques promoveu e desenvolveu o nome do movimento (Academias do Bacalhau), a sua amizade, a sua portugalidade e a sua solidariedade ao ponto deste ser reconhecido por todos, autoridades e cidadãos, como a sala de visitas e a força motriz da comunidade conjuntamente com as associações e clubes que naquela altura proliferavam na África do Sul.Foi durante as suas presidências que o movimento associativo da comunidade ganhou dimensão, tendo sido patrocinadas atividades culturais e de divulgação da língua e celebrações do Dia de Portugal.Como homem forte no seio da comunidade, e com o apoio do Banco de Lisboa onde era administrador, Durval Marques dinamizou

as relações comerciais entre a África do Sul e Portugal, tornando-se no anfitrião de todas as missões empresariais que na altura se deslocavam a Joanesburgo, facilitando o contato entre os empresários dos dois países, especialmente os da comunidade portuguesa.A viver em Portugal desde 2005, era sua intenção deslocar-se pela última vez à sua querida África do Sul para presidir, como compadre Presidente Honorário de todas as Academias do mundo, às celebrações das bodas de ouro e à realização em conjunto do 47º Congresso Mundial do movimento das Academias do Bacalhau.Quis o destino e a infelicidade que esta sua última viagem não se viesse a realizar e, por ter sofrido uma queda na sua residência onde tinha regressado depois de umas curtas férias no Algarve, o compadre Durval Marques deixou-nos mais pobres, vindo a falecer no final de maio.Como legado, o compadre Durval Marques deixa-nos a sua participação na fundação deste movimento de portugalidade, de amizade e de solidariedade das Academias do Bacalhau, movimento hoje composto por 59 tertúlias espalhadas por todo o mundo e do qual foi proclamado Presidente Honorário.A sua memória foi recordada com a projeção que lhe é devida no Congresso de outubro, nesta cidade de Joanesburgo, onde tudo começou.

Paulo Pisco, Deputado do PS

O compadre Durval Marques foi e sempre será uma referência incontornável das comunidades portuguesas no mundo, por ser o principal rosto na criação das Academias do Bacalhau, que consigo tiveram início na África do Sul e, aos poucos, ano após ano, se expandiram para todos os continentes, contando atualmente com 59 Academias.Guardo do compadre Durval a imagem de uma pessoa simples, afável e acessível, serena, mas sempre com a determinação de acompanhar os momentos mais relevantes das Academias, o seu bebé, que nunca deixou de cuidar. Foi sobretudo em Paris que o vi, em diversos jantares onde nos cruzámos. Era um privilégio estar com ele, dotado de uma personalidade agradável e simpática, simples, mas ao mesmo tempo a marcar uma presença forte. Teve uma vida cheia e um percurso rico em experiências, essencialmente ligadas a África, nomeadamente a Angola e África do Sul, onde viveu mais de 40 anos. O seu maior legado é, efetivamente, a criação da Academia do Bacalhau, pelo perfil solidário que adquiriu e a expansão que teve no mundo.Com efeito, as Academias do Bacalhau constituem a maior rede associativa portuguesa no mundo, que regularmente junta um grupo de fiéis, onde rapidamente se fazem amigos, com o propósito de agirem solidariamente e, ao mesmo tempo, de confraternizarem. Como o primeiro jantar oficial que se realizou foi para assinalar o Dia de Portugal, em 1968, o valor da Portugalidade está também presente. Criou-se assim uma organização global assente na solidariedade, amizade e na portugalidade, valores tão caros a todas as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. E o compadre Durval Marques esteve na origem deste movimento que já ajudou tantos milhares de pessoas. A sua importância era de tal forma reconhecida, que foi nomeado “Compadre Honorário de todas as Academias” e a Assembleia da República aprovou um voto de pesar pelo seu falecimento. Mais do que uma grande referência das nossas comunidades, era um amigo de todos os portugueses espalhados pelo mundo. Um Gavião de Penacho pelo Compadre Durval Marques!

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33ACADEMIAS DO BACALHAU

Carlos Alberto Gonçalves, deputado do PSD

Há textos que nunca gostamos de escrever. São aqueles em nos referimos a amigos ou a pessoas que nos marcaram na nossa vida e que infelizmente nos deixaram, como é neste caso, o compadre Durval Marques.Também é um exercício difícil escrever um texto sobre alguém que foi uma referência para as comunidades Portuguesas espalhadas pelo mundo e cuja vida se associa a uma das maiores instituições da Diáspora Portuguesa, a rede das Academias do Bacalhau.O compadre Durval Marques foi um dos fundadores e impulsionadores de uma instituição que nasceu na África do Sul e que se estendeu, posteriormente, a vários continentes e ao nosso país.Durval Marques ficará sempre ligado a esta família das nossas Academias, uma família que se projeta neste mundo global e que assenta numa premissa fundamental que é a portugalidade e que, no fundo, traduz a forma de estar dos portugueses que residem no estrangeiro.Para além de ter tido a visão do interesse para Portugal na expansão geográfica das Academias, Durval Marques foi sempre alguém que soube agregar e federar os portugueses em todos os cantos do mundo para esta causa das “gentes do bacalhau”.Foi também o amigo com o qual mantive muitas conversas sobre a situação de

Portugal, sobre o mundo das comunidades e sobretudo na permanente luta da aproximação das gentes da emigração com o seu país de origem.Para mim, Durval Marques é uma referência a quem as Academias do Bacalhau, as comunidades portuguesas e Portugal, muito devem.Por tudo isto, era difícil escrever este texto porque foi difícil encontrar as palavras certas para qualificar o trabalho e a obra de Durval Marques.O seu nome ficará para sempre ligado à história das Academias, à história das comunidades portuguesas e à história de Portugal.Para ele um “Gavião de Penacho”!

Carlos Ferreira, ex-presidente da ABP

Entrou na minha vida com um mal-entendido. A Academia do Bacalhau de Paris estava a organizar o Congresso Mundial das Academias em 2010 e, de maneira a reduzir custos, ficou decidido que o compadre Durval Marques ficaria alojado em casa de um dos compadres de Paris quando ali se deslocasse para o evento. Fui eu o privilegiado. Eu esperava-o só a ele. Ele pensou que ia ficar num apartamento vago de um compadre. Qual não foi o nosso espanto – de ambos - quando ele apareceu em minha casa, acompanhado da esposa Carol e das filhas, Nicole e Ivana, com as malas, pronto para passar ali uma semana.O embaraço inicial rapidamente deu lugar à simpatia e à empatia. Com a sua gentileza sempre presente e com a simplicidade que sempre tinha entre amigos, o compadre Durval entrou assim na minha vida: quase por acaso, mas com um impacto tremendo. Fomos partilhando ideias, conhecendo-nos melhor e este encontro fortuito acabaria por modificar radicalmente a minha maneira de encarar o que é ser uma pessoa melhor.A semana que o Durval e a família passaram em minha casa foi uma dádiva que Deus me deu. Depois destes dias, decidi que deixaria de ser um simples compadre seguidor para passar a ser promotor da verdadeira filosofia da Academia. Depois dessa semana, mantivemos sempre o contato. Visitei-o regularmente na sua casa do Porto, tal como ele me visitou a mim e à minha família em Paris. Mas, sobretudo, víamo-nos no Algarve, no mês de agosto, quando ambos passávamos férias ali.Nestes dias saudosos passados em Vilamoura, trocávamos ideias sobre como fazer o bem, como dar com uma mão sem a outra saber, como estruturar o movimento das suas queridas Academias. Mas estes dias também eram feitos de grandes momentos de convívio, nos quais se juntavam a nós amigos, compadres de Paris e de todo o mundo.Era um desconhecido quando chegou a minha casa em outubro de 2010. Mas assim, quase de repente, tornou-se um amigo, um irmão e, de certo modo, um pai para mim e para a minha família. Ficará para sempre no nosso coração – no meu, no da minha esposa Lucie e no dos nossos filhos, Nicolas e Alexandra. Um Gavião de Penacho, meu querido amigo.

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34 ACADEMIAS DO BACALHAU

Desafiado para escrever umas palavras sobre o meu amigo e compadre Durval Marques é algo que muito me honra mas que também uma tarefa dura que me entristece profundamente e que tanto me dói.O meu compadre Durval Marques foi, é e será um amigo de quase 30 anos, com os últimos desses anos ainda mais próximos e intensos, partilhando as nossas vidas e a vida das “suas” Academias do Bacalhau.A saudade que sinto de não receber mais o seu telefonema a dizer-me que estava na “capital do império” para podermos partilhar a mesa e uma cavaqueira onde o tema principal era sempre a sua Academia do Bacalhau, que sempre amou de corpo e alma, ou para nos presentear com a sua presença na nossa ABL, mesmo com sacrifício da sua saúde já algo débil.A saudade que sinto daquele seu sorriso de menino quando me confidenciava o seu gosto por estar entre os seus compadres e as suas comadres de Lisboa.Durval escolheu sempre acreditar no bem e nunca desistiu, excepto quando devia ter ido receber o prémio da AHRESP “Portugueses lá fora”, que foi atribuído às Academias do Bacalhau, dando-me a honra de o acompanhar. Aí, o meu Compadre Durval deixou-me sozinho naquele palco imenso, que tanto me custou a percorrer, numa solidão incrível. Eu não tinha mais o meu compadre Durval, muitas vezes a âncora onde me apoiava e recolhia. Eu perdi um amigo único!Hoje Durval Ferreira Marques é a minha/nossa Estrela que nos guiará e, se bem olharmos, é aquela Estrela que brilha com um “sorriso de menino”. Até sempre meu compadre amigo.

Fernando Lopes, Presidente da ABP

Amigo, nunca estarás ausente.Confesso que não era a pessoa que mais convivia com o compadre Durval, e claro que chamar amigo não será a palavra certa mas, sendo assim, como posso definir a nossa relação?Tive o prazer de conhecer o compadre Durval Marques e a sua esposa, a comadre Carol, pela primeira vez em 2010. Foi-me apresentado pelo meu padrinho, o compadre Carlos Ferreira e, poucos minutos depois de uma conversa sobre o que é a Portugalidade, tanto um como o outro sorrimos: não concordávamos em tudo mas ambos entendemos que a realidade era justamente a soma das nossas ideias.Desta conversa guardei um momento forte, aquele em que concordámos sobre o pilar da portugalidade e sobre a transmissão dos valores aos mais novos. Claro que podemos tentar passar a ideia que tudo o que diz respeito a Portugal é o melhor do mundo, mesmo que não seja verdade. Mas esse bairrismo traduz-se na vontade de continuar a defender Portugal com uma convicção sem limites. Claro que só quem levou aquela vacina muito especial, que alguns privilegiados receberam, pode entender tudo o representa ser compadres ou compadres de pleno direito: não é um

diploma que se exibe na parede, é muito mais - é uma maneira de viver a vida.Este momento com o compadre Durval foi um dos mais engraçados que tive com ele, e hoje posso-vos que até estava de acordo com todas as ideias de (e penso que ele com as minhas), mas sabíamos que, para avançar, temos sempre que ser um pouco provocadores para obrigar o nosso interlocutor a argumentar as suas ideias sem as impor e, até, deixando pensar no fim da conversa que a ideia afinal não era nossa mas do outro. Este é um dos pontos que ficará marcado na minha memória: depois das nossas conversas, ficava sempre com uma ideia forte que até pensava que era minha mas que, na realidade, tinha sido o compadre Durval que me tinha mostrado.O que importa é que, sempre que seja uma das nossas ideias, tenhamos a convicção de estar no caminho certo, lutando para alcançar a nossa meta. Obrigado, compadre Durval, por nos ter mostrado a todos as nossas melhores facetas e transmitido que sempre seremos muito mais fortes todos juntos se o caminho for o mesmo para todos.Durval, um abraço e obrigado por me ter deixado acreditar que podia ser seu amigo.

Mário Nunes, Presidente da Academia do Bacalhau de Lisboa

Durval Marques, o meu compadre e amigo

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36 ACADEMIAS DO BACALHAU

Academia do Bacalhau da Ilha Terceira é de “utilidade pública”

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Com compadre Jorge Belerique, ABIT

O Governo Regional dos Açores conferiu à Academia do Bacalhau da Ilha Terceira a distinção especial de “Pessoa Coletiva de Utilidade Pública”.Esta atribuição foi proferida por despacho de Sua Exa. o Sr. Presidente do Governo Regional dos Açores, Dr. Vasco Ilídio Alves Cordeiro, datado de 1 de junho de 2018, ao abrigo do disposto no artigo 3.º do Decreto-Lei n.º460/77, de 7 de novembro, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º 391/2007, de 13 de dezembro, e do artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 52/80, de 26 de março, conjugados com o preceituado no n.º 4 do artigo 5.º do Decreto Regulamentar Regional n.º 9/2016/A, de 21 de Novembro e foi entregue por sua Exa. o Sr. Vice-Presidente do Governo Regional dos Açores Dr. Sérgio Humberto Rocha de Ávila.Naquele despacho, publicado a 18 do mesmo mês e ano, no Jornal Oficial dos Açores, II Série, n.º 115, é dado como justificação para tal distinção o reconhecimento que “A Academia do Bacalhau da Ilha Terceira tem desenvolvido algumas ações de solidariedade com algum relevo social…”, “a ação meritória (desta) no seio dos seus associados e da comunidade em geral…” e ainda o fato de que “tem cooperado com a Administração Pública Regional, e tem atuado com consciência da sua Utilidade Pública, demonstrando que se dedica ao bem estar da comunidade onde se encontra inserida”.Esta distinção acarreta obrigações, proporciona direitos e regalias, sendo também, e não menos importante, um instrumento de valorização da Academia. “Enche-nos a todos, comadres e compadres da Academia do Bacalhau da Ilha Terceira, de um imenso orgulho. É o reconhecimento de que “a brincar”, como é nosso apanágio, temos feito coisas muito sérias, prestando relevantes serviços à comunidade onde estamos inseridos, suprindo, não raras vezes, o papel do próprio Estado. É, ao mesmo tempo, o reconhecimento e a confirmação do nosso papel muito efetivo nesta sociedade de que fazemos parte, que carinhosamente nos acolhe e embala, neste torrão que nos dá o nome e que brotou das entranhas do Atlântico, algures entre o velho continente e o novo mundo. É ainda o reconhecimento reconfortante de que valeu

a pena trilhar este longo percurso feito de inclusão e identificação plena com os valores que estiveram na génese deste grande movimento das Academias do Bacalhau.”, escreveu o compadre Jorge Belerique, por ocasião da distinção.

De todos os apoios concedidos pela Academia do Bacalhau da Ilha Terceira, assume claramente plano de muito destaque a doação de ambulâncias à Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Angra do Heroísmo e à Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários da Praia da Vitória, bem como a doação de 10 cadeiras de rodas e 10 camas articuladas à Liga dos Amigos dos Doentes dos Açores, aquando da realização 46.º Congresso Mundial das Academias do Bacalhau, que ocorreu em outubro 2017 na ilha Terceira.Aqui chegados, o mérito é de todos os que ao longo destes 15 anos tiveram a honra e o privilégio de poder ostentar as insígnias da nossa Academias nas nossas sessões de trabalho, e até daqueles que não chegando a comadre ou compadre nos honraram com a sua presença”, escreveu o compadre terceirense.

Esta distinção acarreta obrigações, proporciona direitos e regalias, sendo também, e não menos importante, um instrumento de valorização da Academia.

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37ACADEMIAS DO BACALHAU

Rouen comemorou 5º aniversárioA Academia do Bacalhau de Rouen festejou cinco anos de existência a 16 de junho, no restaurante “La Bertelière”. O evento contou com compadres e comadres de Rouen, mas também de Paris, tertúlia madrinha de Rouen.A Academia do Bacalhau de Rouen foi oficializada em junho de 2013, com um evento no Navio-Escola Sagres. À data, tornou-se presidente da tertúlia o compadre José Stuart, tendo depois sido substituído por Joaquim Monteiro e, mais recentemente, por Marie-Hélène de Oliveira.O tema da noite de aniversário foi um dos pilares das Academias do Bacalhau: a solidariedade. O evento serviu para angariar fundos para uma causa que tem vindo a ser apoiada pelos compadres de Paris, Mário e Paula de Sousa. O casal está a tentar ajudar o Patronato de São José, em Vilar de Nantes, Chaves.

ABR lança petição

A 21 de setembro, a Academia do Bacalhau de Rouen realizou mais um dos seus jantares, desta vez em parceria com a Confrérie des Compagnons du Goustevin de Normandie, uma confraria que tem como objetivo promover vinhos de qualidade, sediada em Rouen.É precisamente nesta cidade onde, a cada quatro a seis anos, tem lugar a “Armada de Rouen”, um dos acontecimentos mais importantes no mundo marítimo, reunindo navios de todo o mundo. Em 2019, de 6 a 16 de junho, decorrerá mais um destes eventos. Assim, em modo de preparação para o evento, a Academia do Bacalhau de Rouen convidou para o seu jantar Patrick Herr, Presidente da associação “L’Armada de la Liberté”, organizadora da Armada. Herr aproveitou para apresentar aos convivas o programa do evento do próximo ano.

Uma vez que não é certa a presença de navios portugueses na “Armada de la Liberté 2019”, a Academia do Bacalhau de Rouen lançou uma petição pública para garantir que o Sagres II ou o Creola estarão presentes no evento. Para assinar a petição, pode aceder à página de internet change.org.

Lyon abre Academia às senhorasCom Lusojornal

A Academia do Bacalhau de Lyon oficializou a primeira comadre efetiva daquela tertúlia, Emília da Silva. A comadre foi apadrinhada no jantar de setembro e, logo ali, foi convidada para fazer parte da direção da Academia, o que se tornou efetivo no jantar seguinte, a 19 de outubro.

“Estou muito contente e também adiro completamente às ideias e às ações de ajuda e de solidariedade desta instituição” disse ao LusoJornal Emília da Silva, aquando do seu apadrinhamento. Para além da comadre, foram admitidos na ABL dois compadres nessa noite, Paulo Teixeira e Hélder Soares. Seguindo o ritual instaurado na Academia, os presentes foram informados sobre o que motivou estes novos compadres a integrarem a Academia do Bacalhau e o que estes esperam da associação.No decorrer do jantar, houve uma animação musical com o cantor convidado Pino, que interpretou canções internacionais, o que foi de gosto de todos os presentes.“Vamos fazer tudo o que nos seja possível para que nos nossos encontros haja sempre uma animação musical e cultural. São inovações que queremos dar à Academia do Bacalhau de Lyon, como também o de aceitarmos a presença de mulheres, dando lugar assim às futuras comadres”, disse o Presidente Américo Jesus.

“Estou muito contente e também adiro completamente às ideias e às ações de ajuda e de solidariedade desta instituição”

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38 ACADEMIAS DO BACALHAU

Lisboa: Academia Madrinha celebrou 30 anos

A 28 de setembro, a Academia do Bacalhau de Lisboa assinalou três décadas de existência com um jantar no já habitual Hotel Sana Metropolitan, na capital portuguesa. A ABL foi oficializada a 10 de setembro de 1988, tendo sido a primeira em Portugal continental. Desde então, tem-se assumido como uma das Academias mais ativas do mundo, tendo apadrinhado diversas tertúlias, entre as quais a de Paris.

No jantar de aniversário, o emocionado presidente Mário Nunes discursou perante uma sala cheia, lembrando os valores solidários das Academias. Nas palavras de Luísa Ramos, comadre da tertúlia lisboeta, “É gratificante perceber que a Academia de Lisboa entrega sempre às gentes desta nobre urbe um pouco do que consegue amealhar. À imagem da cigarra, trabalha para entregar o prémio do esforço deste conjunto a instituições que carecem de uma doação para sobreviver e ser!”. Para assinalar a data com a Academia de Lisboa, esteve presente no evento o Presidente da Academia do Bacalhau do Porto, César Gomes de Pina, que levou a assembleia ao rubro com o seu discurso. Neste jantar especial, a ABL acolheu no seu seio quatro novos compadres: Filipa Correia Vilas, Eládio Clímaco, Carmélia Carvalho e Carlos Paes Cabral. Em noite de festa, a animação foi levada a cabo pelo fadista João Roncero Guiomar e pelo jovem Pedro Teixeira.

No jantar de aniversário, o emocionado presidente Mário Nunes discursou perante uma sala cheia.

Oficializada 60ª Academia do BacalhauA Academia do Bacalhau de Kinshasa, na República Democrática do Congo, tornou-se a 60ª Academia do mundo, ao ser aprovada a sua oficialização no Congresso Mundial que decorreu em Joanesburgo, em outubro de 2018.A Academia de Kinshasa iniciou atividades há cerca de um ano e desde logo começou a ajudar financeiramente um projeto de crianças órfãs, muitas das quais se encontram sob o cuidado de uma congregação religiosa franciscana. ““Contamos com uma centena de ‘compadres’, que frequentam os nossos jantares e que nos ajudam nos leilões e nas oferendas e doações, dos quais utilizamos depois os fundos para ajudar uma congregação de freiras franciscanas da Nossa Senhora da Vitória, que cuidam de crianças órfãs e também abandonadas, e vamos continuar a ajudar no que podemos”, explicou ao Mundo Português o empresário Morado Miguel, que lidera aquela tertúlia.

A Academia congolesa, a primeira naquele país, irá marcar a data da oficialização em meados de 2019.No Congresso de Joanesburgo, a Academia de Luanda, que tem vindo a acompanhar a Academia de São Tomé e Príncipe retirou a proposta da candidatura a oficialização por esta não reunir ainda as condições descritas nas normas. A decisão de abrir uma tertúlia na capital espanhola, Madrid, foi adiada para o próximo ano, enquanto na cidade australiana de Sidney o movimento do bacalhau propõe-se oficializar a abertura de uma academia em 2020, ano em que deverá decorrer nos Estados Unidos o 49.º Congresso das Academias do Bacalhau.

A Academia congolesa, a primeira naquele país, irá marcar a data da oficialização em meados de 2019.

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40 SOLIDARIEDADE

ABP doou carrinha adaptada a Joana Lopes PereiraToda a gravidez de Cristina Rosa decorreu sem problemas. Era o segundo filho, uma menina, que viria a ter o nome de Joana Lopes Pereira. Mas, quando chegou a hora de Joana vir ao mundo, houve complicações: a bebé tinha o cordão umbilical enrolado à volta do pescoço e a falta de oxigenação do cérebro provocou lesões graves, extensas e permanentes. A recém-nascida passou um mês e meio no Hospital do Porto, a lutar pela vida – “esta menina é uma guerreira” diz, orgulhosamente, a mãe. E Joana venceu assim a primeira batalha que a vida lhe impôs. Mas não sem sequelas: ficou com um grau de incapacidade de 95%. É completamente dependente, não anda, tem problemas de equilíbrio e tem uma capacidade de comunicação limitada, por exemplo.Apesar das limitações, Joana anda na escola. Está numa unidade de ensino especial mas tem aulas conjuntamente com os colegas da turma de ensino regular. Todos os dias faz o percurso entre casa e a escola com a ajuda da mãe que, sendo a única pessoa responsável pela Joana, tem que a transportar sozinha da cadeira de rodas para a cadeira adaptada do carro. Se nos primeiros anos da Joana, isto não era um problema, o mesmo não se pode dizer agora, que a jovem tem 14 anos e 45 quilos.

Cristina começou a sentir que era demais para si e, tendo em conta os rendimentos limitados que aufere no supermercado onde trabalha, decidiu procurar ajuda: “Não gosto nada de pedir”, confessa. “Mas era pela minha filha”. E pelos filhos faz-se tudo. Cristina lembrou-se de falar com Luís Gonçalves, compadre da Academia do Bacalhau de Paris, que tinha conhecido três anos antes. Na altura, por intermédio do compadre, a ABP ajudou Cristina a comprar uma cadeira de rodas para a filha. Desta vez, o pedido era maior: Cristina precisava de uma carrinha adaptada, que lhe permitisse fazer entrar a filha no veículo sem sair da cadeira de rodas, através de uma rampa na parte de trás da carrinha.

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“”Esta menina é uma guerreira” diz, orgulhosamente, a mãe. E Joana venceu assim a primeira batalha que a vida lhe impôs.”

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41SOLIDARIEDADE

Mais uma vez, o compadre Luís Gonçalves levou o caso à consideração da ABP. E, mais uma vez, a Academia mobilizou-se de forma notória. Destinou-se que os fundos angariados no jantar de março de 2018, na Sala Vasco da Gama, serviriam para apoiar a causa da Joana. Quando Cristina recebeu uma chamada a informá-la do montante conseguido, não queria acreditar: quinze mil euros. Um valor que, combinado com o donativo da Les Dauphins, a empresa do compadre Mapril Batista especializada em veículos médicos, foi o suficiente para providenciar à mãe de Joana a carrinha de que ela e a filha tanto precisavam. A entrega da carrinha decorreu uns meses mais tarde, durante o verão, quando alguns compadres da ABP se deslocaram a Viana do Castelo, onde vive a família. O encontro teve lugar nas instalações das empresas dos compadres Manuel e Cristina Soares, num ambiente de amizade e solidariedade – como ditam os pilares das Academias do Bacalhau. Os compadres e comadres puderam conhecer um pouco melhor a Joana e ver a diferença que o seu donativo terá na vida daquela jovem. Presentes estiveram também o Presidente da Academia do Bacalhau do Minho, Benjamim Araújo, o Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, José Maria Costa, o vereador Luís Nobre e o

Presidente da Junta de Freguesia de Castelo do Neiva, Paulo Torres. A ABP, não só doou o veículo, como se comprometeu a suportar os custos do seguro durante dois anos. Por seu lado, a Academia do Minho disponibilizou-se a assumir os custos de manutenção durante o mesmo período. “Eu acho que a Joana ainda nem se apercebeu, só no dia-a-dia é que vai sentir a diferença”, diz Cristina Rosa. É que, apesar da entrega simbólica ter sido feita em julho, a burocracia portuguesa ainda não permitiu que a carrinha fosse, de facto, entregue à sua beneficiária.

Para esta mãe, os compadres e comadres da Academia do Bacalhau de Paris “são pessoas com um coração muito grande. Muitas vezes, a nossa sociedade só olha para o seu próprio umbigo, mas também há gente muito

solidária. Nunca vou esquecer este gesto da Academia do Bacalhau”.

Luís Gonçalves, compadre da ABPEsta doação fez a alegria de uma família, cuja vida será melhorada a partir de hoje. Parabéns aos compadres, comadres e benfeitores da Academia do Bacalhau de Paris que participaram no jantar do mês de março 2018, destinado à angariação de fundos para a aquisição deste veículo, com um valor de 15.000€! Este veículo tem mais que quatro rodas para a Cristina, mãe da Joana... tem também as rodas da esperança de uma vida mais facilitada. Em nome da Cristina, a todos e todas, obrigado!

Fernando Lopes, Presidente da ABPMais uma vez, ABP Man, o super-herói da felicidade, chegou a Viana do Castelo, oferecendo um carro a Cristina, mãe de Joana. Obrigado por me permitirem usar este lindo traje como presidente da nossa ABP. Obrigado pela vossa presença física e pelo vosso apoio incondicional nestas ocasiões.

“Quando Cristina recebeu uma chamada a informá-la do montante conseguido, não queria acreditar: quinze mil euros.”

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42 SOLIDARIEDADE

Compadres apadrinham Patronato de São JoséEsta não é uma história de solidariedade por parte da Academia do Bacalhau de Paris. Esta é a história de como os compadres e comadres da Academia põem em prática os valores por ela defendidos de forma intensa na sua vida. Mais precisamente, é a história de como Mário e Paula de Sousa não têm tido mãos a medir para apoiar o Patronato de São José, em Vilar de Nantes, Chaves.Originário da região, o casal português, residente em França, tomou conhecimento da existência do Patronato há já alguns anos, numa altura em que procurava uma instituição da zona que pudesse apoiar. Esta é uma associação que acolhe meninas institucionalizadas, sobretudo por negligência dos pais ou por incapacidade das famílias.

Desde então, o casal De Sousa tem feito tudo o que pode para ajudar. Depois de levarem o caso ao conhecimento da Academia do Bacalhau de Paris, em 2014, esta fez um donativo financeiro que permitiu que as meninas fizessem uma viagem ao Algarve, durante a qual muitas viram o mar pela

primeira vez. Mas ligação de amizade entre as duas instituições manteve-se e, em 2017, a ABP voltou a fazer um donativo, de 5.000€, que serviu para dar o impulso inicial a um projeto que o Patronato há muito ambicionava desenvolver: o de criar uma unidade de apoio à inserção profissional com alojamentos de autonomização para jovens, dando assim resposta a um problema com que a instituição se vinha a deparar: o da cessação de financiamento estatal assim que as meninas atingem a maioridade, deixando-as sem apoio numa altura em que, na maior parte dos casos, ainda se encontram a estudar.Mais uma vez, a Academia do Bacalhau de Paris interveio e, no jantar da Semana da Gastronomia, em março de 2018, o Presidente Fernando Lopes propôs que os compadres que assim o desejassem pudessem apadrinhar uma das meninas, doando um montante de 50€ mensais que as meninas, por sua vez, dariam ao Patronato, para a realização das obras. Cerca de 15 pessoas – na sua maioria compadres, mas também pessoas alheias e algumas empresas – aderiram à iniciativa. A onda de solidariedade estendeu-se também à Academia do Bacalhau de Rouen que, no jantar de junho angariou 800€, entregues aos compadres Mário e Paula de Sousa aquando do jantar de setembro daquela Academia. Mas os apoios não se ficam por aqui. A 17 de novembro, o casal De Sousa realizou um jantar de angariação de fundos, fora do âmbito da ABP, de maneira a potencializar o montante a doar ao Patronato. A vontade de

Mário e Paula é de ir realizando estes jantares esporadicamente, esperando atrair pessoas interessadas no bem-fazer e aumentar os fundos do Patronato para a construção da unidade de apoio à inserção profissional. Mas o casal tem desenvolvido outras iniciativas paralelas: o Grupo Desportivo de Chaves, atualmente a jogar na Primeira Liga portuguesa, comprometeu-se a que os jogadores vão visitar o Patronato e também a doar uma camisola para que se possa fazer um leilão que, naturalmente, angariará uma verba destinada à instituição. Além disso, no verão, Paula e Mário acolheram as meninas na Quinta de Sousa, perto da Vidago, para um dia bem passado, que as garotas pediram para repetir todos os anos. Com todas estas iniciativas, diz Paula de Sousa, “estamos a cerca de 30% do nosso objetivo. Contamos alcançá-lo na totalidade nos próximos três anos”. Se quiser ajudar o Patronato de São José ou apadrinhar uma das meninas, pode entrar em contato direto com os compadres Mário e Paula de Sousa ou falar com a ABP, através dos contatos habituais.

Propôs que os compadres que assim o desejassem pudessem apadrinhar uma das meninas, doando um montante de 50€ mensais

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43SOLIDARIEDADE

Comadres levam roupa e alento a hospitais

“Muitas vezes, são pessoas com cultura, mas que têm a família longe e, não tendo companhia, acabam por se isolar”, diz Paula de Sousa a propósito dos utentes dos hospitais de Créteil a quem um grupo de sete comadres dá apoio todas as semanas. Às quintas-feiras, os dias são mais felizes para os doentes. Têm alguém que os ouve, que lhes dá um ombro amigo e que os entretém com conversa – uma simples conversa que, para estas pessoas ajuda a quebrar a rotina dos dias cinzentos e sempre iguais. A ideia já vinha a ser pensada há algum tempo, mas só no início de 2018 foi posta em prática. E depois das férias do verão, em setembro, as comadres receberam outro apelo dos hospitais: o de darem apoio também aos sem-abrigo que chegam às urgências. Meteram mãos à obra imediatamente e passaram a dar apoio de duas formas: por um lado, com bens materiais e, por outro, com ajuda emocional. Muitas vezes, estas pessoas não têm roupas

limpas e quentes e, por isso, as comadres disponibilizam algum vestuário a quem vai chegando às urgências. A roupa, essa, vem da iniciativa privada, do querer fazer o bem; de recolhas que as comadres vão fazendo quando e onde podem. E o apoio emocional, tal como no caso dos doentes internados, vem das conversas e do tempo que as comadres dão a quem precisa. “São pessoas que se sentem abandonadas pelas outras mas que, ainda assim, encontram forças para seguir em frente”, explica Paula de Sousa, uma das comadres que faz voluntariado nos hospitais. O reconhecimento do trabalho das comadres chega-lhes através dos sorrisos dos doentes que ajudam mas também por parte dos funcionários dos hospitais, que vendo o impacto da ação, reconhecem que “as pessoas sentem-se menos isoladas”, o que ajuda, senão à recuperação física, pelo menos ao conforto emocional.

Em setembro, as comadres receberam outro apelo dos hospitais: o de darem apoio também aos sem-abrigo que chegam às urgências

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45SOLIDARIEDADE

Agradecimento à ABP e seus compadresPor Marlene Galvão, Roupa Sem Fronteiras

Passados são já seis anos do início do projeto Roupa Sem Fronteiras, que nasceu de forma espontânea e natural aquando duma visita de alguns membros da ABP ao Minho. Tendo verificado in loco as necessidades e dificuldades da população mais carenciada desta região do país, não conseguiram ficar indiferentes… e ainda bem, pois assim nasceu este projeto que, juntamente com a ajuda financeira, em vales de compras, no Intermarché mais próximo, Fafe, tem sido uma mais valia para as famílias desfavorecidas desta região.É com profundo reconhecimento e um enorme sentimento de gratidão que, em nome do Banco de Voluntariado Local, CPCJ de Cabeceiras de Basto e de todas as 150 famílias que apoiamos vos dizemos MUITO OBRIGADO.OBRIGADO pelo imenso trabalho que têm a recolher as roupas;OBRIGADO pelo esforço de todos na enorme tarefa de embalá-las;OBRIGADO pela colaboração a todas as agências que aderiram a este projeto e recolheram as roupas;OBRIGADO à empresa transportadora e seus motoristas pelo empenho e dedicação em fazer chegar tudo a horas;OBRIGADO a todos que de uma forma direta ou indireta se envolveram e nos dedicaram algum do vosso tempo e, sobretudo, por ouvirem este chamamento SOS, sempre que precisamos.

OBRIGADO especialmente à Academia do Bacalhau de Paris por dar sentido verdadeiro à palavra “solidariedade”.“A gratidão é a memória do coração”, diz o

filósofo – E sim, estamos muito gratos por tudo que a Academia do Bacalhau de Paris tem vindo a fazer por nós. Para além das ligações institucionais que nos unem, fica o apreço pessoal, a partilha de experiências e a prova viva do cariz humanitário que uma organização como a ABP é capaz, fazendo a diferença nos projetos sociais e humanos que mobilizam pessoas e transformam vidas. O vosso trabalho é inspirador. Muito, muito obrigado. Nunca será demais repeti-lo.Esperamos continuar a contar convosco e fiquem certos que faremos sempre o melhor dentro do que nos é possível.Aquele brinde!

“A gratidão é a memória do coração”, diz o filósofo – E sim, estamos muito gratos por tudo que a Academia do Bacalhau de Paris tem vindo a fazer por nós.

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46 SOLIDARIEDADE

Entrevista: Tenente Coronel José Fernandes, Liga dos Bombeiros PortuguesesNa sequência dos terríveis incêndios que assolaram Portugal em 2017, a ABP fez um donativo às vítimas, tendo depois contado com a presença na Gala de Natal do Tenente Coronel José Fernandes, Comandante dos Bombeiros de Bragança e Vogal do Conselho Executivo da Liga dos Bombeiros Portugueses. Nesse mesmo jantar, a ABP deu novas provas do seu espírito de solidário, arrecadando cinco mil euros para o Fundo de Proteção Social do Bombeiro.

Qual é o objetivo do Fundo de Proteção Social do Bombeiro?A missão desse fundo é apoiar bombeiros e familiares carenciados, seja em estudos, tratamentos, ou nas mais diversas situações.

Os bombeiros recorrem a este fundo com frequência?Sim, é um instrumento essencial para minimizar várias situações de carência de bombeiros. Os bombeiros são oriundos do povo, maioritariamente do povo humilde, e arriscam as suas vidas em prol das vidas e dos haveres dos outros. Quantas vezes abdicam da família e dos amigos e vão para os quartéis para servir e salvar as vidas dos seus concidadãos. É isto o que é ser bombeiro, e quando se é bombeiro uma vez, é-se bombeiro para toda a vida. Há um espírito de missão e entreajuda, por isso é que são bombeiros voluntários. Isto é uma realidade única na Europa e no mundo. Só Portugal é que tem um sistema de proteção civil e de socorro baseado na sociedade civil, já há mais de 600 anos. Na altura, era para socorrer, sobretudo, os incêndios urbanos. Agora as casas já não ardem tanto, o flagelo são os fogos florestais. E os bombeiros são voluntários mas isso não quer dizer que não sejam profissionais naquilo que fazem.

O trabalho dos bombeiros voluntários não é

remunerado de forma nenhuma?Não. Por exemplo, na minha corporação, quando os bombeiros estão nos quartéis, é-lhes dado alimentação. E quando vão a incêndios florestais, o Estado compensa com 50€ por 24 horas o que, fazendo as contas, são cerca de 2€ por hora. É irrisório para o que se faz e o que se salva. Por isso, este fundo é essencial para socorrermos os bombeiros que mais precisam.

Como é que o fundo é financiando?Todos os donativos vão para esse fundo. Por exemplo, há uns anos o Governo de Timor-Leste fez um donativo de um milhão de dólares. E o nosso Governo também o financia.

Mas há sempre mais necessidades?Os recursos são sempre escassos. Nós temos a missão de repartir o que temos, muito ou pouco, por aqueles que mais necessitam. E é por isso que estamos muito gratos à Academia

do Bacalhau, aos seus representantes, e a todos os que contribuíram naquele jantar. Em boa hora se lembraram dos seus, dos bombeiros portugueses que passaram um ano dramático. Os portugueses são um povo maravilhoso. Apesar de sermos de um país pequeno, damos lições ao mundo. Desde os Descobrimentos, fomos nós que descobrimos o mundo. E somos um exemplo em todas as áreas. Temos um português a liderar um dos maiores bancos de Inglaterra, em França o Carlos Tavares é o CEO do grupo Peugeot-Citröen, temos um grupo de treinadores de futebol que dão cartas na Europa, temos o nosso Cristiano Ronaldo, o António Guterres, o Tolentino de Mendonça... tantos outros! E toda a gente anónima que, nos anos 60 e 70 emigrou e que tanto fizeram pelos países que os acolheram. Isto é de louvar, é o ADN dos portugueses. Por isso, deixo um imenso obrigado a todos os que nos têm dado o seu apoio.

Os portugueses são um povo maravilhoso. Apesar de sermos de um país pequeno, damos lições ao mundo

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48 COMPADRES E COMADRES

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António MonizCônsul Geral de Portugal em Paris

No passado dia 10 de junho de 2018, uma data especial e simbólica para todos nós – o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas – o Consulado-Geral de Portugal em Paris abriu as portas à Academia do Bacalhau.Nesta data, para além de celebrarmos o Dia de Portugal, celebrámos igualmente o vigésimo aniversário da Academia do Bacalhau de Paris e o quinquagésimo aniversário das Academias do Bacalhau em todo o mundo.Só posso agradecer à Academia do Bacalhau de Paris ter escolhido o Consulado em Paris para celebrar esta efeméride, uma vez que temos tido as portas sempre abertas para acolher e apoiar um grande número de associações portuguesas que ali frequentemente desenvolvem as suas atividades e organizam eventos, encontros, seminários, assembleias-gerais, etc.Gostaria de sublinhar as atividades filantrópicas da Academia do Bacalhau de Paris que é, provavelmente, neste momento a maior e mais relevante em todo o mundo: o programa Roupa sem Fronteiras, as ajudas muito significativas às vitimas dos incêndios em Portugal, os apoios aos mais desfavorecidos e aos deficientes, entre várias outras missões. São apoios e ajudas que fazem muita falta e que marcam a diferença: basta olhar para o sorriso dos seus destinatários para nos apercebermos da importância destes gestos de solidariedade. Sou também um compadre atento e verifico que ano após ano a Academia conta com orçamentos cada vez mais generosos que lhe permitem reforçar as suas atividades ligadas à caridade.

A união faz a força e a Academia do Bacalhau, que se rege pelos princípios da amizade, portugalidade e solidariedade, é atualmente muito respeitada e tem uma excelente imagem quer em Portugal quer em França, participando as autoridades francesas frequentemente nas suas atividades. Esta associação fomenta igualmente o espirito empreendedor e contribui para o investimento dos empresários da Diáspora em Portugal. Nos dias 13 a 15 de dezembro vai decorrer em Penafiel o III Encontro de Investidores da Diáspora, evento que reúne empresários de vários setores, representantes de câmaras de comércio e associações empresariais para atrair investimento em Portugal. Não tenho dúvidas de que, à semelhança do que tem acontecido nos anos anteriores, a Academia do Bacalhau de Paris vai assegurar uma representação importante assim demonstrando que se trata de um grupo de portugueses que continuam com Portugal no coração.Foi precisamente como prova de reconhecimento do Estado português relativamente à ação desenvolvida pela Academia do Bacalhau de Paris que Sua Excelência o Presidente da República tem condecorado os dirigentes máximos desta associação, que asseguram a sua representação e conduzem os seus desígnios.Desejo assim as maiores felicidades aos corpos dirigentes da Academia, aos seus membros e colaboradores e faço votos para que este movimento de solidariedade, que conta já com quase sessenta Academias em todo o mundo, se estenda a todos os cantos de França.

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49COMPADRES E COMADRES

O Congresso das AcademiasPor António Fernandes, ex-presidente da ABP

Este Congresso Mundial das Academias do Bacalhau, que decorreu em Joanesburgo e celebrou o 50º aniversário do nosso movimento, começou numa nota triste, com um minuto de silêncio numa homenagem ao nosso querido Presidente Honorário de Todas as Academias, o compadre Durval Marques.O compadre professor Durval Marques ensinou-nos tanto, dizendo-nos o que eram e o que devem ser as Academias do Bacalhau no futuro. Muitos, e em particular os compadres e comadres de Paris, não conheciam os valores deste compadre professor. Eu partilhei com ele bons momentos, sobretudo nos Congressos mas, mesmo fora deste âmbito, comunicávamos

por mensagens e telefone. As Academias perderam um grande compadre, um transmissor de riqueza a todos nós. Tive a oportunidade – eu, a minha esposa e alguns compadres de Paris – de lhe dizer um último adeus. E até nesse dia ele conseguiu ensinar-nos algo: que ninguém é eterno e que devemos sempre partilhar a paz. Para a comadre honorária Carol e para as suas filhas Nicole e Ivana, as nossas mais sinceras condolências. Em relação ao Congresso dos 50 anos das nossas Academias, eu diria que as Academias vão ser como o vinho: cada vez são melhores. Isto porque os seus fundadores deixaram os alicerces sobre os quais podemos continuar a melhorar as nossas instituições,

e os compadres e comadres atuais estão a trabalhar para manter o espírito do movimento.Os valores das Academias passarão sempre pelos Congressos, que definirão sempre os valores das Academias, assim como a Academia-Mãe será sempre mãe.Se eu pudesse fazer um pedido aos compadres e comadres seria que estejam presentes nas nossas tertúlias, que são sempre muito ricas. Não podemos julgar quando não sabemos o que lá se passa. Já assisti a tantas tertúlias em diversas Academias, e a tantos Congressos, e são todos diferentes.Os Congressos continuarão a ser realizados anualmente – assim foi votado pela grande maioria dos compadres e comadres. Está confirmado que os Congressos estão vivos e continuarão! Só votaram os presentes... os ausentes não contam... venham para criticar em direto. Os trabalhos dos Congressos são abertos a todos os presentes. Quero também falar da nossa viagem a Joanesburgo. Éramos poucos mas excelentes. Temos a agradecer ao Presidente Fernando Lopes e à comadre Clotilde pela perfeita organização. Os dois jovens, Melissa e Alexandre, que muito honraram o Congresso. Lucinda, Aires, Otília e António, até ao Porto para o próximo Congresso.O futuro das nossas instituições é nosso. Cada vez mais compadres e comadres aderem e o nosso movimento está cada vez mais forte. Não baixem os braços – cada vez mais gente precisa de nós!

Se eu pudesse fazer um pedido aos compadres e comadres seria que estejam presentes nas nossas tertúlias, que são sempre muito ricas

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51COMPADRES E COMADRES

Clotilde LopesA Academia tornou-se um membro da minha família

Tenho muito orgulho em fazer parte da Academia do Bacalhau de Paris, uma vez que a nossa tertúlia se alinha pelos valores basilares do movimento, nos quais acredito completamente: a portugalidade, a solidariedade e a amizade.Há cerca de um ano que, juntamente com outras cinco comadres, faço voluntariado no hospital Henri Mondor, em Créteil, visitando os doentes internados na ala geriátrica. A partir do próximo ano, começaremos também a visitar os pacientes internados na ala de neurocirurgia. Para mim, participar nesta ação é essencial, uma vez que representa precisamente aquilo que, no meu entender, deve ser a solidariedade. Encontrarmo-nos com alguém e dar um pouco do nosso tempo pode não parecer grande coisa... mas é. Para estas pessoas, faz uma diferença enorme. E eu estou num período da minha vida em que preciso de me sentir útil e contribuir para uma causa, preciso de fazer bem a outrem. E a Academia do Bacalhau é um excelente meio para pôr em prática este lado solidário, para fazer o bem à minha volta.

Para além do voluntariado no hospital, sou também bastante ativa noutras vertentes da Academia, ajudando o Presidente, meu marido, a preparar os jantares, as reuniões mensais, os encontros de verão e as deslocações aos congressos. Há dois anos que sou também bastante ativa na grande iniciativa que é a Roupa Sem Fronteiras – algo que não se restringe à triagem dos bens doados, mas que implica também um trabalho preparatório, de coordenação com os pontos de recolha e com os voluntários que trabalham nestes locais, bem como

com as associações que beneficiam dos donativos. Tudo isto revela algo evidente para quem conheça minimamente a Academia do Bacalhau de Paris: que é uma associação extremamente ativa, cheia de iniciativas e em desenvolvimento constante – o que me deixa muito feliz e, ao mesmo tempo, muito orgulhosa de poder contribuir para uma associação assim.No entanto, todo este investimento no bem fazer tem consequências: ao tomar muito do nosso tempo, acaba por impactar a vida familiar, que sofre com a nossa falta de

A Academia do Bacalhau de Paris é uma associação extremamente ativa, cheia de iniciativas e em desenvolvimento constante

disponibilidade e de energia.Mas, quando se acredita naquilo que se faz, tudo é possível. Ou quase tudo. Juntos, podemos sempre ir mais longe e fazer sempre mais – é a isto que se chama solidariedade e amizade. E a portugalidade está sempre presente também, na nossa forma de agir, e cada vez que fazemos de Portugal a nossa prioridade.Para mim, a Academia acabou por se tornar um membro da família, a quem dou muito do meu tempo e por quem faço tudo o que me é possível para a tornar sempre melhor.

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53CULTURA

Eça de Queirós: um dos mais ilustres escritores portugueses foi Cônsul de Portugal em Paris

Por Carlos Pereira

Diretor do LusoJornal

Eça de Queirós foi certamente um dos mais ilustres Cônsules de Portugal em Paris, onde assumiu funções em 1888 e onde ficou durante 12 anos, até à sua morte em 1900, na casa onde residia, em Neuilly-sur-Seine.O Consulado Geral de Portugal em Paris é um dos mais antigos no mundo. Há referências ao Consulado em Paris que datam do ano 1760, como é o caso das cartas do Conde Aposentador-Mor sobre negócios do Cônsul de França.José Maria Eça de Queirós nasceu na Póvoa de Varzim em 1845, filho de um magistrado nascido no Rio de Janeiro, José Maria

Teixeira de Queiroz e de uma aristocrata de Monção, Carolina Augusta Pereira d’Eça. Mas os pais não eram ainda casados, por oposição do avô materno de Eça de Queirós e por isso a criança nasceu em casa de um parente, sem referência à mãe. O casal só contraiu matrimónio quatro dias depois do Coronel José Pereira de Eça, pai de Carolina, ter falecido.Eça de Queirós cresceu com os avós paternos na aldeia de Verdeminho, perto de Aveiro. Frequentou o colégio do Porto e depois a Universidade de Coimbra.Começou a publicar em Lisboa, na Gazeta de Portugal, quando se fixou na capital, em 1866, quando tinha apenas 21 anos, e mais tarde no Diário de Notícias. Publicou artigos até ao fim da vida, por vezes por necessidade financeira.Depois de entrar na carreira diplomática, em 1872 obtém o primeiro posto de Cônsul de Portugal em Havana, Cuba, seguindo-se Bristol e Newcastle, na Inglaterra e mais tarde Paris.

Antes de chegar a Paris, Eça de Queirós já tinha devorado a literatura francesa. Veio mesmo a França, propositadamente, para visitar Émile Zola, e dizem que a sua literatura é claramente influenciada por Flaubert, que admirava muito. Só que o próprio Émile Zola diz que o trabalho de Eça de Queirós “é

O Consulado Geral de Portugal em Paris é um dos mais antigos no mundo

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54 CULTURA

melhor” do que o de Flaubert. Em casa do pai ,convivia com Camilo Castelo Branco e em Coimbra foi amigo de Antero de Quental.O livro de Eça de Queirós “O Egito”, só editado em 1926, resultado de uma viagem que fez àquele país, em 1969, para “cobrir” jornalisticamente a inauguração do Canal de Suez, foi a primeira obra do autor. Em 1871 escreveu a novela policial “O Mistério da Estrada de Sintra”, com a colaboração do escritor Ramalho Ortigão e lançou o folheto mensal “As Farpas”, com sátiras direcionadas à sociedade portuguesa.O lançamento do romance “O Crime do Padre Amaro”, em 1875, e depois “A Tragédia da Rua das Flores”, “O Primo Basílio”, “Mandarim” e “Relíquia”, marcam o início do Realismo em Portugal. Todos estes livros foram publicados antes de chegar a Paris. No ano em que chegou à capital francesa, publicou “Os Maias” e depois seguiu-se um período fértil de escrita, ainda que não tenha voltado a ser publicado, por exemplo de “O Tesouro”, “Correspondência de Fradique Mendes”, “A Ilustre Casa de Ramires” ou ainda “202 Champs Elysées”.Quando Eça de Queirós chegou a Paris, moravam na capital francesa cerca de mil nacionais portugueses, como por exemplo Antero de Quental, António Nobre, Amadeu de Souza Cardoso ou Mário de Sá Carneiro. Era uma elite portuguesa que vinha a Paris para estudar, para se cruzar com outros artistas ou simplesmente para ser visto e viver uma vida de boémio.Quando chegou, Eça de Queirós viveu num apartamento no 5 rue Crevaux, entre a Avenue Foch e a Avenue Bugeaud, não muito longe da atual Embaixada de Portugal. Aliás, o antigo Embaixador de Portugal em França, Francisco Seixas da Costa, mandou

colocar uma placa neste edifício onde hoje é concierge uma portuguesa. Eça viveu neste edifício entre 1889, pouco tempo depois de ter chegado à capital francesa, até 1891, antes de se mudar para Neuilly.Quando Eça de Queirós chegou a Paris, o Consulado de Portugal estava situado no 16, Rue de Berri, entre a Avenue des Champs Elysées e o Boulevard Haussman, onde atualmente está o Hotel Califórnia. O diplomata-escritor veio substituir o antigo Cônsul - o Visconde Augusto de Faria - mas a mulher deste recusou sair das instalações do Consulado, criando situações caricatas.

Augusto de Faria foi revogado no seguimento da viagem da Rainha D. Amélia a Paris. A mulher do Rei de Portugal era francesa e não teria gostado da atitude do Cônsul de Portugal. Pouco tempo depois, recebeu ordens de regresso e foi nomeado Eça de Queirós para o substituir. A mulher do Visconde não gostou, achou que Eça de Queirós se candidatou ao posto contra o anterior diplomata e, num primeiro tempo, recusou sair da Chancelaria, provocando alguns escândalos que Eça de Queirós reportou a Lisboa.Alguns anos depois, Eça de Queirós mudou as instalações consulares portuguesas em

Paris para alguns edifícios mais longe, no 35 Rue de Berri, onde curiosamente hoje também está um outro hotel, o Champs Elysées Plaza.Quando se mudou para Neuilly-sur-Seine, dois anos depois de ter chegado a Paris, Eça de Queirós foi viver para uma casa situada no 32 Rue Charles Lafitte. A casa ainda hoje existe e é habitada pelo casal Mayer, atual proprietário, que a mostra com orgulho a quem a quer visitar, preservando a memória do escritor.Eça de Queirós morou ali com a mulher Emília de Castro, com quem casou alguns anos antes de chegar a Paris, quando já tinha 40 anos, e com quem teve 4 filhos: Maria e José Maria nasceram em Bristol antes da mudança para França, António nasceu em Paris e Alberto foi o único a ter nascido em Neuilly.Aliás, uma placa oferecida pelo Grémio Literário, descerrada pelo Presidente da República Jorge Sampaio, em 1996, por ocasião dos 150 anos do nascimento de Eça de Queirós, foi descerrada junto à porta da casa da Rue Charles Lafitte. No dia da inauguração da placa discursou Jorge Sampaio, mas também Nicolas Sarkozy, na altura jovem Maire de Neuilly-sur-Seine.Segundo Francisco Seixas da Costa, a casa foi frequentada por muitos amigos do escritor, como os portugueses Carlos Mayer, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins, Batalha Reis, António Nobre, Alberto de Oliveira, António Feijó, Carlos Lobo d’Ávila e os brasileiros barão do Rio Branco, Eduardo Prado, Magalhães de Azeredo, Joaquim Nabuco, Domício da Gama e Olavo Bilac.Em 1893, Eça de Queirós teve de deixar a casa da Rue Charles Lafitte, provavelmente por razões económicas, para se instalar

Eça de Queirós foi um dos raros escritores portugueses a conquistar fama internacional quando ainda era vivo

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55CULTURA

a alguns quarteirões dali, numa casa hoje demolida, onde viria a falecer a 16 de agosto de 1900, com apenas 55 anos. Em 1950, o então Embaixador Marcello Mathias mandou colocar uma placa de mármore na frontaria do edifício, oferecida pela Escola de Belas-Artes do Porto.

Eça de Queirós teria morrido de tuberculose visceral, como aliás morreram de tuberculose alguns dos seus ascendentes e mais tarde os irmãos Alberto, Carlos e Henriqueta. Tinha pouco mais de 1,70 m, era magro, fumava muito, apreciava a boa mesa e longas noitadas e diz-se que teria multiplicado as aventuras amorosas na capital francesa.Durante os 12 anos que passou em França, fez sucessivas curas termais para tentar resolver os problemas de que padecia:

“diarreia crónica sem sangue, com emagrecimento, nevralgias, febre e, por fim, edemas dos membros inferiores”.Em Paris foi seguido por um médico brasileiro, Melo Viana, e em maio de 1900 pediu o auxílio do famoso médico francês Bouchard. Este receitou-lhe um tratamento nas termas suíças de Glion-sur-Montreux, mas quando regressou da Suíça, vinha ainda mais debilitado, desesperado, e até afetado por problemas financeiros. Quando o Doutor Bouchard o voltou a consultar, pediu de urgência um soro salino isotónico ao Instituto Pasteur, mas o soro já não chegou a tempo. Morreu aos 55 anos e foi substituído no cargo de Cônsul de Portugal em Paris por Armando de Navarro.O corpo de Eça de Queirós foi transladado de França para Portugal, onde acabou por ter um funeral com honras de Estado. Foi sepultado no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, mas mais tarde foi levado para o cemitério de Santa Cruz do Douro, no concelho de Baião, perto da Casa de Tormes que tanto descreveu.Eça de Queirós foi um dos raros escritores portugueses a conquistar fama internacional quando ainda era vivo, sendo considerado o maior representante do Realismo em

Portugal. Uma boa parte da sua obra foi traduzida para francês, como é o caso de “A Relíquia” traduzida por Georges Readers e Fernand Sorlot, “Os Maias” traduzido por Paul Teyssier, “O Primo Basílio” traduzido por Lucette Petit, “202 Champs-Élysées” traduzido por Marie-Hélène Piwink, “A ilustre casa de Ramires” traduzido por Marie-Hélène Piwnik, “A tragédia da rua das flores” traduzido por Jorge Sedas Nunes e Dominique Bussillet, “O crime do Padre Amaro” traduzido por Jean Girodon ou “O Mistério da estrada de Sintra” traduzido por Simone Biberfeld, entre muitos outros. A sua obra foi traduzida para mais de 20 línguas diferentes.Em 2005, foi inaugurada na esplanada da Avenue Charles de Gaulle, em frente da igreja Saint Jean-Baptiste, um busto de Eça de Queirós, oferecido pela Câmara Municipal de Lisboa. A iniciativa partiu da Associação Cultural Portuguesa de Neuilly-sur-Seine e do então Embaixador de Portugal em Paris, António Monteiro.E em Paris, o antigo Cônsul Geral de Portugal Luís Ferraz, decidiu dar o nome de Eça de Queirós aos solões nobres do atual Consulado, na Rue Georges Berger.

Quando Eça de Queirós chegou a Paris, moravam na capital francesa cerca de mil nacionais portugueses

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57CULTURA

CULTURA“O Fado da Severa”Na Mouraria, cruzam-se dois mundos quando a noite cai. O dos marujos, dos rufiões, das mulheres de má vida, as tabernas enchem-se com os filhos enjeitados da cidade. À procura de consolo, de um regaço pago, de vinho e de fadistagem. Vão eles e os nobres, embuçados, em busca do fruto proibido. Longe do São Carlos, onde as damas e as joias são legítimas, dos palácios nas Laranjeiras, mergulham no mundo sórdido e apaixonante onde se canta e bate o fado. E ninguém o faz melhor do que Severa, filha de cigano e de meretriz. Do pai herda o tom de pele, o sangue quente; da mãe a profissão e as artes de prender os homens.

No livro “O Fado da Severa”, Maria João Lopo de Carvalho apresenta a sua própria versão da história de Severa. Uma história que nos conta o amor entre a cantora e o conde de Vimioso, nascida entre corridas de toiros, casas de má fama, recitais privados, num tom que nos remete para uma Lisboa feroz e verdadeira. Uma história onde brilham sempre a luz e as sombras dessa Lisboa e o indomável espírito de Severa: a cigana que inventou o fado, a mulher que vendeu o corpo - mas que nunca vendeu a alma.

No livro “O Fado da Severa”, Maria João Lopo de Carvalho apresenta a sua própria versão da história de Severa.

Severa, a prostituta que inventou o fado

Maria Severa Onofriana, a mítica cantora portuguesa considerada a fundadora do fado... dela se contam muitas histórias, umas verdadeiras, outras que se foram tornando lendas com o tempo.Nasceu em Lisboa, a 26 de julho de 1820, filha de Ana Gertrudes Severa e de Severo Manuel de Sousa, ela uma prostituta de Portalegre e ele um cigano de Santarém, ambos com residência na capital. Gertrudes Severa, conhecida como “A Barbuda” era uma célebre prostituta da Mouraria e a filha terá ingressado na mesma profissão muito cedo, depressa se distinguindo nesse meio, não só pela sua beleza exótica mas também pelo dom para cantar o Fado.Conta-se que percorria os bairros populares de Lisboa, e a sua voz animou as noites de muitas tertúlias bairristas. Tornou-se o ícone de primeira fadista pelos seus amores e pelos fados que cantava, tocava e dançava, no bairro da Mouraria.A popularidade de Severa resultou em larga parte da sua relação amorosa com o Conde de Vimioso, D. Francisco de Paula Portugal e Castro, que lhe proporcionou grande celebridade e permitiu a Severa um maior prestígio e número de oportunidades para se

exibir para um público de jovens oriundos da elite social e intelectual portuguesa.Severa faleceu muito jovem, com apenas 26 anos, a 30 de novembro de 1946, vítima de tuberculose e apoplexia.

Após a sua morte, foi tendo uma fama crescente, em parte devido às obras que se fizeram sobre ela, onde se destaca a novela “A Severa” de Júlio Dantas e o primeiro filme sonoro português, de Leitão de Barros, com o mesmo nome.

Conta-se que percorria os bairros populares de Lisboa, e a sua voz animou as noites de muitas tertúlias bairristas.

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58 CULTURA

Júlio Resende: fusão entre Homem e máquina

“Cinderela Cyborg” foi o nome que Júlio Resende, pianista, escolheu para o seu último álbum, aludindo à fusão entre o Homem e a máquina. A primeira faixa começa com um tique-taque, evocando as doze badaladas da Cinderella. Daí em diante, o piano vai-se fundindo com a música eletrónica, num casamento que o artista vê não como uma catástrofe mas como algo poético.Resende não pretende abordar o lado mais frio ligado à tecnologia mas sim sobre o que há de poético nesta fusão com a humanidade – um pacemaker, por exemplo, que o artista refere como a fusão perfeita entre Homem e máquina. Ou uma perna biónica. Ou a chegada do Homem à lua.

Este último caso é trazido ao ouvido do público na faixa “Let’s go to the moon again” onde, por cima do piano se vai ouvindo a voz de Neil Armstrong, o astronauta norte-americano que primeiro pisou a lua. “A lua sempre foi símbolo dos poetas e dos artistas, ao mesmo tempo que é um lugar tão inóspito que precisa de toda a tecnologia possível para ser alcançado. Mas para isso é preciso juntar o espírito da audácia e dos poetas, e tecnológico. A chegada à Lua é, para mim, uma combinação perfeita entre cinderella e cyborg”, declarou o pianista ao jornal Público.Este álbum rompe um pouco com o trabalho do pianista até aqui, mas

é algo com que Júlio Resende já vinha a experimentar há cerca de dez anos. De resto, o músico algarvio conta já com sete álbuns editados, num percurso que se inicia no Jazz, passa pelo Fado e pela Palavra, e chega recentemente ao pop-rock, numa procura contínua do lugar perfeito que nunca existe e que só assim lhe permite explorar mais e mais, conseguindo que essa insatisfação e irreverência permitam a quem o ouve, o contacto com novas descobertas.Nos últimos anos, Júlio Resende tem também estado sob os holofotes do grande público como líder da banda Alexander Search, que toca com Salvador Sobral, vencedor da Eurovisão em 2017.

A chegada à Lua é, para mim, uma combinação perfeita entre cinderella e cyborg

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59CULTURA

Aline Frazão: “Dentro da Chuva”

BREVES

Joana Vasconcelos expõe em Estrasburgo

Aline Frazão é angolana e já viveu em Lisboa e em Espanha. Mas o seu mais recente trabalho foi gravado no Brasil, de onde é natural a sua avó. “Dentro da Chuva” celebra as influências brasileiras da artista e a forte ligação que sente com aquela cidade. Tudo isto numa altura em que regressou à Luanda natal para aí fixar residência, depois de dez anos no estrangeiro.Este é o seu quarto álbum e assume um formato que a cantautora de 30 anos há muito queria explorar: o de voz e guitarra em conjunto, bastando-se uma à outra. “Num contexto de muita demanda, muito ruído, barulho, de certa forma esse olhar para dentro, esse despir da canção é uma mensagem importante. É um disco de menos elementos, de introspeção, de menos é mais”, revela.Composto por 11 temas que cruzam geografias, “Dentro da Chuva” conta com as colaborações do violoncelista Jaques Morelenbaum, da cantora e compositora baiana Luedji Luna, do percussionista Zero Telles, do músico Gabriel Muzak e do músico português João Pires (dos Cordel), com quem Aline partilha a autoria de uma das canções. Depois de um final de ano na estrada, Aline segue a promoção do álbum em 2019, com atuações na Alemanha e na Áustria.

A artista plástica portuguesa Joana Vasconcelos tem patente uma exposição em nome individual no Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Estrasburgo, em França. A mostra, intitulada “I want to break free” inclui 24 obras, incluindo algumas das mais icónicas do início da sua carreira, como “Flores do Meu Desejo” (1996-2010), “Spot Me” (1999) e “Vista Interior” (2000).Também serão expostas as obras “Strangers in the Night” (2000), “Spin” (2001), “Airflow” (2001), “Una Dirección” (2003), bem como “Coração Independente Vermelho #1” (2008), “Betty Boop” (2010), da série “Sapatos”, e “Material Girl” (2015), da série “Valquírias”.Segundo o museu, “As obras têm em comum o facto de oferecerem aos visitantes uma oportunidade de olhar de forma diferente para o quotidiano como forma de o transcender, levando-os a um mundo alternativo, de jogo e encanto”.“I want to break free” abriu ao público no início de outubro e estará patente até 17 de fevereiro de 2019, enquadrada na programação do 20º aniversário da instituição. Joana Vasconcelos nasceu em Paris mas vive e trabalha em Lisboa. O reconhecimento internacional do seu trabalho deu-se com a participação na 51.ª Bienal de Veneza, em 2005, com a obra A Noiva (2001-05). Foi a primeira mulher e a mais jovem artista a expor no Palácio de Versalhes, em 2012.

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60 CULTURA

Luísa Sobral tem novo álbum

BREVES

Paula Rego expõe “Contos Cruéis” em Paris

A autora da canção “Amar pelos dois”, que venceu o Festival Eurovisão da Canção em 2017, tem um novo álbum. “Rosa” foi editado em novembro e é o primeiro trabalho que a artista edita depois da vitória do irmão, Salvador Sobral, na Eurovisão, com a música que ela escreveu. Ainda assim, “Amar pelos dois” não está incluída neste novo trabalho nem estará no álbum que Salvador Sobral editará em breve, nem em nenhum outro – uma decisão dos irmãos Sobral.“Rosa” foi produzido pelo catalão Raül Refree, que vê a voz como o principal instrumento. A voz da cantora surge acompanhada de melodias criadas com instrumentos de sopro e percussão clássica. Todas as músicas têm um fio condutor: «O disco é feito de histórias, algumas reais, outras menos. É um disco muito cru onde o mais importante são as letras e as melodias», diz Luísa. Segundo a mesma, Rosa foi criado de uma forma curiosa: «Gravámos uma grande parte do disco em direto, eu a cantar e os dois a tocar ao mesmo tempo».

A exposição “Os Contos Cruéis de Paula Rego”, da pintora portuguesa, está patente no Museu de l’Orangerie, em Paris, até 14 de janeiro. A mostra é um contributo para o reconhecimento da artista naquele país, onde ainda é pouco conhecida. Aquando da inauguração, Paula Rego declarou à Lusa que “é importante estar em Paris” e o filho – que a acompanhou - reiterou que “é muito importante estar em Paris porque França sempre foi um país muito difícil de entrar”, mas “agora, finalmente, com esta exposição vai mudar muito””. Para Cécile Debray, curadora da exposição, esta “é uma aposta porque, para mim, a Paula Rego é uma artista imensa que não tem o reconhecimento que ela merece em França. Eu sei que ela é muito conhecida em Portugal, um pouco em Londres, mas não o suficiente. Claro que, para mim, ela merece a notoriedade de uma Louise Bourgeois e penso que isso vai acabar por acontecer”. A mostra reúne 60 obras da artista portuguesa que remetem para o imaginário das histórias, muitas das quais foram contadas à artista em criança, em Portugal. “Trata dos meus bonecos, todos que eu fiz. É simplesmente isso. Mulheres, homens, bichos, muitos bichos, o porco, muita coisa. Vem da minha tia Ludgera que me contava histórias todos os dias. Era sempre a mesma história, mas ia continuando muitos dias, muitos dias. Era da dona Francisca que me contava as histórias quando eu era pequenina até eu adormecer…”. A influência vem ainda das histórias inglesas, país onde a artista reside há cinco décadas. Paula Rego é a primeira artista viva a ter uma exposição individual no Museu de l’Orangerie, em Paris.

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62 RECEITA

A Seca do Bacalhau em Portugal

POR VICTOR FERREIRA

Já aqui vos falei que não existe nenhuma espécie de peixe com o nome de “bacalhau” - este termo foi dado à técnica de salga e seca do peixe a que ficou associado.Sabemos que teriam sido os bascos os primeiros a utilizar esta técnica, secando o peixe depois de limpo e salgando-o ao sol sobre os rochedos.

A pesca errante (deriva) e a pesca sedentária

Os portugueses só praticavam a pesca sedentária, que consistia em fundearem (ancorarem) o barco num determinado sítio escolhido pelo comandante e ali ficarem até ao fim da campanha. O peixe era pescado pelas Dóris (pequenas barcas) e preparado e salgado a bordo, sendo levado para Portugal nas calas do próprio barco para aí se proceder à secagem. Os franceses possuíam uma frota composta de barcos para a pesca sedentária, como os portugueses, mas o peixe era transportado até à costa (Saint Pierre e Miquelon), onde era amanhado, salgado e seco.Para a pesca errante a que chamavam “do bacalhau verde”, praticada junto à costa, o barco derivava sobre as ondas e a corrente do mar. As linhas eram atiradas diretamente do barco e o bacalhau era descarregado na costa, amanhado e salgado, mas nunca exposto ao sol.Os barcos só para o transporte do peixe nunca participavam na pesca, levavam o pescado, salgado fresco ou salgado seco para as Antilhas Francesas e para França.

RECEITA

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63RECEITA

A French Shore (Costa Francesa)

Situada na costa a oeste da ilha da Terra-Nova, foi o tratado de Utrecht, que acorda a França o direito exclusivo de pescar e secar o bacalhau nesta parte da costa, o que levou os franceses a instalar os “havres” (cabanas) para a preparação, salga e seca do bacalhau.

Uma verdadeira indústria de seca do bacalhau

Em Portugal, nos anos 40, foi criada na Praia dos Lavadores (Canidelo, Vila Nova de Gaia), uma grande unidade industrial numa zona de cerca de quinze hectares, unicamente para a preparação e seca do bacalhau.Esta unidade, que muito contribuiu para a economia nacional e para o bem estar da população local, era composta por barracões para o armazenamento e por uma enorme estrutura com pilares em pedra (hoje ainda visíveis) ligados por redes de arame para nelas serem expostos os peixes ao sol.As mulheres eram as mais utilizadas na tarefa quotidiana de recolher os bacalhaus depois do sol e voltar a expô-los no dia seguinte.

Uma indústria em constante progresso

Nos anos 60, derivado à enorme expansão da indústria de preparação e seca do bacalhau, estas instalações, um pouco em decadência, foram modernizadas e criadas condições de funcionamento invejáveis para a época no nosso país.Para os cerca de mil empregados, maioritariamente mulheres  foi construído um refeitório com separação das salas homens/mulheres, creche, sala para  amamentar as crianças e dormitório para bebés, um posto médico e uma sala de enfermagem, sala de repouso, sala de jogos e  uma pequena piscina para uso interno.

Pouco se fala desta técnica que deu o nome ao fiel amigo, o bacalhau

Na época da seca ou secagem do bacalhau artesanal, a operação podia parecer, à partida, fácil de realizar mas, ao contrário do que parece, as coisas eram muito mais complexas e, em certas situações, muito complicadas.Vejamos: as instalações deviam estar em

sítios arejados e com um grau de humidade mínimo; os peixes eram expostos ao sol logo depois da bruma matinal e deviam recolher ao armazém quando o sol desaparecia; o bacalhau podia ser exposto em dias sem sol, mas nunca quando havia humidade.Todas as atividades ligadas à pesca do bacalhau são árduas e eram realizadas em condições muito precárias, em terra como no mar era uma vida próximo da escravidão, correndo-se, no mar, constantemente o risco de morte, acidente ou doença.

As novas tecnologias ao ser-viço da pesca e seca do baca-lhau

Em Portugal, já não se seca o bacalhau ao sol, o peixe chega congelado desde o local de pesca e depois é descongelado em tanques próprios.Passa por uma máquina que o abre, corta a cabeça e retira uma parte da espinha. Já com a forma final espalmada, é lavado e depois salgado; cinco dias depois volta-se o bacalhau e torna-se a salgar. Depois, é colocado em câmaras centrífugas que o secam como se estivesse ao sol. Nos países escandinavos ainda existem instalações para a seca do bacalhau ao sol.

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64 RECEITA

Lascas de bacalhau confitado, com arroz de farinheira e grelos

A receita do semestre, do jovem Chef Marcos Santos Por Victor Ferreira

Pela primeira vez desde o início da minha colaboração com a nossa revista, a receita não é da minha autoria. Pensei falar-vos de um jovem Chef ribatejano que me foi apresentado pelos compadres Nuno Cabeleira, José de Sousa e pelo Presidente da Academia do Bacalhau do Ribatejo, Rogério Vieira.O Chef Marcos confecionou esta receita de bacalhau e quis dedica-la à Academia do Bacalhau de Paris.

O Solar da Valada

É o jovem Chef Marcos Santos, de 30 anos de idade, que oficia neste espaço acolhedor e de boa mesa que fui descobrir para a Academia de Bacalhau de Paris.Natural de Torres Novas, filho de mãe alentejana e pai ribatejano, conversamos com o Chef Marcos acerca da razão que o levou a abraçar a arte culinária. Ficámos a saber que foi com os excelentes cozinhados  alentejanos que a sua mãe confecionava que foi crescendo e graças aos quais nasceu a vocação para abraçar a profissão.É um verdadeiro apaixonado pela cozinha alentejana e pelos seus sabores, mas não só. Depois de uma formação de base em alguns restaurantes da região (sala e cozinha), frequentou Universidade de Peniche na área da alimentação, onde adquiriu uma excelente formação que confirmaria a sua paixão pela arte culinária.O seu grande prazer é receber no seu restaurante os clientes e servir-lhes uma cozinha caseira mas inventiva, o que se traduz por transmitir às receitas tradicionais um toque personalizado, como podemos constatar no arroz de bacalhau (que nos confecionou) ao juntar-lhe os aromas da farinheira dando-lhe uma nota saborosa, agradável, subtil e refinada.O jovem Chef elabora todos os dias dois pratos diferentes de peixe e carne que são apresentados em pequenas frigideiras esmaltadas como antigamente nas casas senhoriais. Segundo o que nos disse, a dificuldade consiste a não ultrapassar o preço de base de 10€ (ao almoço) por pessoa, com a bebida incluída, o que segundo ele o obriga

a um exercício quotidiano de rentabilidade e que, para a sua clientela regional, está no limite do suportável. 

Não é uma azenha  que move o talento, é o açude que o impede de passar 

Quisemos saber se contava continuar para sempre neste tipo de prestação de autêntico malabarismo económico e que no nosso (modesto)   parecer  o impede de exprimir todo o seu talento culinário. Ficámos a saber que nos seus objetivos mora a esperançade que um dia possa dirigir um pequeno restaurante com uma cozinha mais elaborada e um serviço requintado, no qual  poderá abrir as portas à criatividade e aos valores da cozinha tradicional portuguesa.O Solar da Valada tem um serviço sem pretensão a cargo de Marco António, cuja jovialidade e simpatia nos transmite a sensação de estarmos em nossa casa.

Receita para 4 pessoas:1 lombo de bacalhau180g de arroz carolino 1 farinheira alentejana50g espinafres baby ou grelos100g de feijão branco3 dentes de alho1 folha de louro1 cebola 

O segredo desta deliciosa receita reside na forma de preparar o bacalhau (confitado) em azeite e o artista perfumado com a farinheira alentejana. Se não tiver grelos, pode usar os espinafres.No Solar da Valada pode também degustar os vinhos do Alveirão do nosso compadre Rogério Vieira.

Solar da ValadaEstrada Nacional 243Entre Torres Novas e Riacho

Bom apetite, até à próxima! 

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Já conhece o site da Academia do Bacalhau de Paris?

Na nossa página pode: Consultar a agenda de eventos ABP Reservar o seu lugar nos eventos ABP Ver fotografias dos eventos passados Conhecer as novidades da nossa associação Informar-se sobre a história das Academias do Bacalhau Consultar esta e outras revistas ABP Consultar as newsletters das Academias do Bacalhau

O site está disponível em Português e FrancêsSiga-nos também no Facebook, em www.facebook.com/academiabacalhauparis

www.bacalhau.fr

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66 PASSATEMPOS

Palavras Cruzadas

1

6

9

5

3

7

4

2

8

Across4 Membro de uma

Academia (feminino)

6 Cidade onde foi fundada a Academia-Mãe

8 Em 2010, esta cidade acolheu o Congresso Mundial das Academias do Bacalhau

9 A primeira Academia fora da África do Sul foi fundada neste país

Down1 Sala onde a ABP

costuma fazer o seu jantar de março

2 Apelido do compadre fundador e presidente honorário das Academias

3 Figura responsável por aplicar multas nos jantares das Academias

5 Há 60 no mundo 7 Cidade da Academia

oficializada em abril 2018

8 Cidade australiana onde existe uma Academia

Editora: Academia do Bacalhau de Paris 9, Rue Saint-Florentin 75008 Paris

Tel: 07 81 19 57 10Mail: [email protected]

Coordenação editorial: Diana Bernardo

Redação: Diana Bernardo 

Colaboradores: Academia do Bacalhau de Rouen, Jorge Belerique, José Contente, José Fernandes, António Fernandes, Carlos Ferreira, Victor Ferreira, Marlene Galvão, Carlos Gonçalves, Luís Gonçalves, Franceline Jorge, Clotilde Lopes, Fernando Lopes, Lusojornal, Carol Marques, António Moniz, Mário Nunes, Carlos Pereira, Paulo

Pisco, Cristina Rosa, Manuel Soares, Paula de Sousa.

Produção gráfica e paginação: Killbeek www.killbeek.com - [email protected]

Impressão e encadernação: Lisgráfica – Impressão e Artes Gráficas, S.A.

Periodicidade: Semestral

Tiragem: 3 mil exemplares Propriedade: Academia do Bacalhau de Paris

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

FICHA TÉCNICA AGRADECIMENTO

PASSATEMPOS PALAVRAS CRUZADAS

A direção editorial da revista Academia do Bacalhau de Paris gostaria de deixar um agradecimento a todos os que contribuíram para a realização de mais uma edição. A quem contribuiu com conteúdos, textos, informações ou fotografias: o vosso apoio é fundamental para tornar esta publicação o mais rica e diversa possível. Obrigado!Às empresas que fizeram comunicação publicitária na revista, viabilizando este projeto de um ponto de vista financeiro: bem-haja por acreditarem em nós!

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Puzzle 1 (Medium, difficulty rating 0.51)

Generated by http://www.opensky.ca/sudoku on Fri Aug 24 09:43:46 2018 GMT. Enjoy!HORIZONTAL4 Membro de uma Academia (feminino) 6 Cidade onde foi fundada a Academia-Mãe 8 Em 2010, esta cidade acolheu o Congresso Mundial das Academias do Bacalhau 9 A primeira Academia fora da África do Sul foi fundada neste país VERTICAL1 Sala onde a ABP costuma fazer o seu jantar de março

1. Academia2. Bordéus3. Perth4. Vasco da Gama5. Comadre

PALAVRAS CRUZADAS – SOLUÇÕES

6. Marques7. Joanesburgo8. Suazilândia9. Paris10. Carrasco

2 Apelido do compadre fundador e presidente honorário das Academias 3 Figura responsável por aplicar multas nos jantares das Academias 5 Há 60 no mundo 7 Cidade da Academia oficializada em abril 2018 8 Cidade australiana onde existe uma Academia

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