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1 CIDADE, Abril de 2008

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Notícias do interior do estado do Rio de Janeiro, Cabo Frio, Búzios

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Abril, 2008 Número 24

www.revistacidade.com.br

Capa: Praia do Centro - Araruama/RJFoto de Flávio Pettinichi

CAPA

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Praia do Centro (Ararauma//RJ)

De olho no PetróleoRegião investe em qualifi cação de profi ssionais para o setor

PANORAMA ....................................................9

ATERRO SAI DO PAPELPrimeiro contrato para uso do Aterro Sanitário da região é assinado ............13

Uma dor de cabeça chamada CORRFA .......................................15

$upersalário$Salários pagos na ALERJ viram tema de discussão na Justiça .......................................20

Ângela Barroso............................................23

Pajelança em Cabo FrioPajé Sapaim visita Cabo Frio ..........................24

O sonho se tornou realidadeCristiane Oliveira conversa com o velejador Robert Scheidt, durante a Sailling Week, realizada em Búzios, no feriado de Páscoa ....25

HOLOFOTE .....................................................26

ESPORTE-CABEÇAClube do Xadrez de Cabo Frio já tem 80 sócios e luta para conseguir uma sede para abrigar os afi cionados pelo esporte .................................42

Resgate da memória .................................45

Livros .............................................................47

Resumo .........................................................49Caos na política

Canal Campos - Macaé

Prefeito e vereadores não entendem sobre Boletim Ofi cial, em Arraial do Cabo

SOS ARARUAMA

Uma história ambiental triste, mas que ainda pode ter um fi nal feliz.

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ENTREVISTA

Niete Martinez

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R o b e r t o W i d e r

arioca, 62 anos, o desembargador Roberto Wider formou-se em direito pela Universidade Católica de Petrópolis, em 1967. Cinco anos depois, tornou-se Promotor de Justiça e, logo depois, foi aprovado no concurso para juiz do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Pós-graduado em Direito do Consumo pela Universidade de Coimbra, em 2002, concluiu o mestrado em Direito Civil na mesma universidade.

Casado, pai de quatro fi lhos, Roberto Wider assumiu a presidência do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro defendendo a bandeira da impugnação das candidaturas de políticos com histórico de envolvimento em irregularidades.

C É preciso ter em mente que a atividade política desperta paixões e rivalidades. Por isso cada caso terá de ser analisado individualmente

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TRE/

RJ

DESEMBARGADOR ROBERTO WIDERPresidente do TRE/RJ

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R o b e r t o W i d e rENTREVISTA

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Existe alguma diferença substancial na Legislação para as Eleições de 2008?

Em linhas gerais, não. O que existe por parte do TRE do Rio de Janeiro é uma disposi-ção ainda maior para agir com rigor em busca de eleições limpas e transparentes.

Os postulantes que foram cassados pelo TRE, por causa de irregularidades nas eleições de 2006, poderão voltar a registrar suas candidaturas?

Na eleição deste ano, os juízes eleitorais foram orientados a levar em consideração a vida pregressa dos postulantes para avaliar se eles ostentam condições de moralidade para o exercício da função pública. Obviamente cada caso será analisado individualmente e com ampla oportunidade de defesa, mas o juízes levaram em conta, certamente, condenações e cassações no âmbito da própria Justiça Eleitoral na hora de homologar ou não uma candidatura.

Vereadores que perderam seus mandatos por infi delidade partidária podem se candidatar novamente em 2008?

Essa é uma situação diversa. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou – e o Superior Tribunal Federal (STF), a nosso ver de forma admirável, confi rmou – que o mandato pertence ao partido e não ao parla-mentar, de forma que a mudança de legenda sem a devida justifi cativa implicava a perda do mandato. Isso, porém, não se reveste de ares de condenação do parlamentar – nós até evitamos usar a expressão “infi el” ou “infi delidade”. Ter perdido o mandato por troca injustifi cada de legenda não é, por si só, ato desabonador da conduta do político, de forma que, na nossa avaliação, ele pode postular novamente uma candidatura sem problemas.

Como o TRE pretende fi scalizar para que as regras sejam cumpridas? Será disponibilizado algum mecanismo que a população possa acionar para ajudar na fi scalização?

A participação popular na fi scalização é de suma importância para que tenhamos eleições limpas por dentro e por fora. Como o pleito de 2008 é municipal, a primeira instância é a Justiça Eleitoral do município. Assim, a população deve encaminhar suas denúncias à Zona Eleitoral de sua cidade – ou, no caso dos municípios maiores, à Zona Eleitoral responsável pela fi scalização. Existe também um telefone de atendimento do TRE-RJ: (21) 3513-8145 e 2524-8443.

Na Região dos Lagos já começamos a sentir a presença da Justiça Eleitoral. Todos os adesivos foram retirados dos carros, e até mesmo um programa de rádio foi retirado do ar. Existe alguma orientação no sentido de apertar a fi scalização este ano?

Sim. Pela lei, toda propaganda eleitoral é proibida antes das convenções partidárias, em julho, pois até lá não existem candidaturas.

Nós percebemos, porém, que estava havendo um abuso na chamada promoção pessoal, aquele tipo de propaganda na qual o cidadão procura divulgar seu nome sua imagem junto à comunidade, seja saudando uma escola de samba, seja parabenizando pelo Dia das Mães etc. Ora, ninguém gasta dinheiro com propaganda sem um interesse. O que esses pretensos futuros candidatos querem é usar o poder econômico para sair na frente e levar vantagem sobre aqueles que, cumprindo a lei, só fazem campanha a partir das convenções. Assim, os juízes eleitorais foram orientados a serem rigorosos na repressão a essa autêntica propaganda eleitoral extemporânea.

Um candidato que tenha uma condenação transitada e julgada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), poderá ter seu registro homologado pelo TRE?

Se a condenação for por uma irregulari-dade insanável e não couber mais nenhum recurso a esta, o candidato vai estar inelegível, segundo o artigo 1º, inciso 1, letra G da Lei

Complementar 64/90, que versa serem inele-gíveis para qualquer cargo “os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se a questão houver sido ou estiver sendo submetida à apreciação do Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 5 (cinco) anos seguintes, contados a partir da data da decisão”. Como dissemos, a vida pregressa do candidato vai ser levada em conta na hora da candidatura ser homologada.

Candidatos a prefeito que tiveram suas contas anteriores rejeitadas pelas Câmaras de Vereadores de seus municípios poderão voltar a se candidatar para o mesmo cargo?

Esse caso cai na mesma situação anterior. Se a irregularidade for insanável e não couber mais nenhum recurso, a pessoa fi ca inelegível. É preciso porém, ter em mente que a atividade política desperta paixões e rivalidades. Por isso cada caso terá de ser analisado indivi-dualmente.

Existem casos de candidatos com muitos processos e até mesmo condenações, cujas apelações, pela morosidade dos processos, ainda correm na Justiça. Como o TRE vai analisar esses casos? A candidatura poderá ser aceita?

Vou dar o exemplo. Para fazer um concur-so público visando o cargo mais humilde da

administração, o cidadão precisa apresentar certidões mostrando que ele não tem conde-nações, mesmo que em primeira instância, nem responde a processos criminais. Como é possível que o mesmo não seja exigido para o indivíduo ser prefeito, vereador, deputado, etc? Alguém contrataria uma pessoa com 20 condenações em primeira instância por homi-cídio ou mais de 70 processos por improbidade administrativa? Veja o que aconteceu em 2006. Cinco candidatos a deputado federal tiveram suas candidaturas rejeitadas pelo TRE-RJ, com base no artigo 14 da Constituição, por não ostentarem vida pregressa compatível com a moralidade necessária ao exercício da função pública. Na época algumas pessoas disseram que aquela decisão cairia facilmente no TSE porque nenhum deles tinha condenação tran-sitada em julgado, ou seja, sem possibilidade de recurso. Só que o debate no TSE não foi fácil, não. No fi nal após um empate de três a três, o voto de Minerva decidiu manter a inter-pretação anterior. Eu, que estava em Brasília acompanhando esse julgamento, voltei para o Rio, convoquei as emissoras de TV e mandei o seguinte recado ao eleitor: a Justiça Eleitoral fez a sua parte; agora é com vocês. Resultado? Nenhum dos cinco conseguiu se eleger. Para este ano, como eu disse, orientamos os juízes a adotar o mesmo entendimento, e temos a esperança de que, desta vez, o TSE decida a nosso favor. Em 2006, um dos votos mais veementes pelo critério da moralidade foi do ministro Ayres Brito, que vai ser o próximo presidente do TSE.

Haverá mais rigor com relação à exposição/promoção pessoal dos candidatos? Como o TRE vai agir diante dessa questão? O que está proibido? Uma prefeitura poderá continuar usando em sua comunicação o seu slogan de governo, por exemplo?

Como eu disse, qualquer espécie de propa-ganda eleitoral está proibida até as convenções partidárias, em julho. Os juízes eleitorais estão orientados a agir com rigor contra a chamada promoção pessoal. Claro que o objetivo da Justiça Eleitoral não é agir como inquisidora, não é sair perseguindo. Foram feitas reuni-ões com os diretórios partidários de todos os municípios do Estado do Rio de forma a conscientizar os partidos a orientarem seus fi liados contra o abuso da promoção pessoal. Quando uma denúncia chega à Zona Eleitoral, o juiz notifi ca o candidato para que retire a propaganda em 48 horas. Quem não obedecer estará sujeito a multas que podem chegar a R$ 53 mil. Quanto à questão da propaganda institucional de prefeituras, nós compreen-demos que ela é necessária, mas não pode se converter em instrumento de promoção eleitoral. Não é admissível, por exemplo, que o prefeito use na propaganda institucional da Prefeitura o seu slogan de campanha ou as cores e símbolos de seu partido.

Ter perdido o mandato por troca injustifi cada de legenda não é, por si só, ato desabonador da conduta do político, de forma que, na nossa avaliação, ele pode postular novamente uma candidatura sem problemas.

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R o b e r t o W i d e rENTREVISTA

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As regras das TVs abertas são as mesmas das TVs fechadas (A cabo)?

Segundo resolução do TSE, tanto para os canais de televisão por assinatura sob a res-ponsabilidade do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, das assembléias legilativas, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou das câmaras municipais, quanto para as emissoras de televisão que operam em VHF e UHF, valem as mesmas regras da TV aberta e das rádios. Aí também se incluem os sites que veiculam material dessas emissoras e as rádios comunitárias.

Como o TRE pretende coibir o abuso do poder econômico nas Eleições de 2008? Os chamados Programas Sociais estão sob controle?

O abuso do poder econômico é coibido na fi scalização da propaganda. Por exemplo, mesmo no período em que ela é legal, estão vetados os outdoors, pois eles constituem uma mídia muito cara, o que acaba benefi ciando os candidatos com maior disponibilidade fi nanceira. No caso dos chamados projetos sociais, o ideal seria que eles não fossem ne-cessários, que o Poder Público prestasse todos os serviços necessários à população. Mas, infelizmente, sabemos que isso não acontece e que os chamados centros sociais acabam prestando um atendimento que não pode ser interrompido. Isso, porém, não justifi ca tais centros serem usados como comitê eleitoral ou peça de propaganda política extemporânea.

Estamos orientando os responsáveis por tais centros que continuem, sim, a prestar serviços, mas sem camisetas como nomes de preten-sos candidatos ou faixas que caracterizem abuso de promoção pessoal e propaganda antecipada.

Que medidas o TRE pretende tomar para disciplinar a tradicional “boca-de-urna”?

No dia das eleições a Justiça Eleitoral terá, como sempre, equipes de fi scalização para coibir essa prática. Além disso, os presidentes das sessões eleitorais e os mesários têm autori-dade para solicitar às forças de segurança que reprimam o abuso de propaganda nos locais de votação.

O TRE dispõe de equipes de fi scalização sufi cientes para atender às necessidades das Eleições em 2008?

Além de contar com equipes próprias, a Justiça Eleitoral faz convênios com ou-tras instâncias do Poder Público de forma a garantir o pessoal para atender a todas as

necessidades para a realização de um pleito limpo e seguro.Nos municípios que não têm sede de TV aberta, a propaganda poderá ser exibida nas TVs fechadas?

Independentemente de receber o sinal da TV aberta, as emissoras são obrigadas a trans-mitir a propaganda eleitoral, sejam os canais de responsabilidades das casas legislativas nas TVs por assinatura, sejam os canais que operam em VHF e UHF.As TVs abertas, com cobertura regional, exibirão propaganda de toda a sua área de cobertura ou apenas do município que tem a concessão?

A Resolução 22.718 do TSE prevê a possibilidade de reserva de 10% do tempo de propaganda gratuita para divulgação de candidatos dos municípios sem emissora de TV própria. A decisão fi ca a critério do TRE, mediante provocação, ou seja, requerimento da maioria dos diretórios regionais dos parti-dos políticos. É o que determina o artigo 29: “Nos municípios em que não haja emissora de televisão, os órgãos regionais de direção da maioria dos partidos políticos participantes do pleito poderão requerer, até o dia 6 de julho de 2008, ao Tribunal Regional Eleitoral que reserve dez por cento do tempo destinado à propaganda eleitoral gratuita para divulgação, em rede, da propaganda dos candidatos desses municípios, pelas emissoras geradoras que os atingem.

Para as emissoras de televisãoque operam em VHF e UHF, valem as mesmas regras da TV aberta e das rádios. Aí também se incluem os sites e as rádios comunitárias.

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P a n o r a m a

S A Ú D E

Conferência GLBT em Cabo Frio

Região em alerta com dengue

M E I O A M B I E N T E

C O M P O R T A M E N T O

A epidemia de dengue que ataca a cidade do Rio de Janeiro já atinge a Região dos Lagos. No dia 21 de março foi confi rmado o primeiro caso da doença do tipo hemorrágica no ano, em São Pedro da Aldeia. O adolescente Adriel Libini Lima Martins, de 14 anos, havia sido transferido um dia antes para o hospital Plantadores de Cana, em Campos dos Goytacazes. Outra suspeita de dengue hemorrágica recaiu sobre Alessandra Loyola Brandão, de 34 anos, que estava internada no Hospital das Missões da cidade aldeense.

A nova secretária de Saúde em São Pedro da Aldeia, Maria Márcia Fontes, assumiu a pasta na mesma semana da confi rmação do caso. Ela afi rmou que a dengue está entrando na cidade através dos turistas do Rio de Janeiro.

“Há um surto de dengue na cidade do Rio, e logo depois do Carnaval percebemos um grande aumento nos focos de dengue em São Pedro. Agora acendeu o sinal vermelho com esse caso do tipo hemorrágica”, declarou ela.

A secretária alegou que é difícil controlar a incidência do mosquito aedes aegypti, que transmite a doença.

“Estamos trabalhando com a possibilidade de que os mosquitos tenham picado turistas infectados e transmitido a doença à parte da população. A Vigilância Sanitária está trabalhando nos locais em que a dengue foi regis-trada, para exterminar os focos. Mas é muito difícil controlar totalmente a incidência do mosquito”, admitiu Márcia. Tomás Baggio

O governa-dor Sérgio Ca-bral Filho está fazendo história. Além de ser o único governan-te a por na pauta de suas ações a causa dos gays e lésbicas, nome-ando para isso o ativista Cláudio Nascimento, do grupo Arco-íris, quer também ampliar a organização deste grupo para além da capital.

Para isso, a Secretaria de Direitos Humanos, comandada por Benedita da Silva, organizou, em cada região do Rio de Janeiro, a Conferência Regio-nal GLBT, que culminou na Conferência Estadual, ocorrida no fi m de março.

Em Cabo Frio, os grupos Cabo Free e Iguais, comandados respectivamente por Cláudio Lemos e Renata Cristiane, organizaram o encontro que aconteceu no dia 7 de março no Teatro Municipal, apoiado também pelo simpatizante governo local.

15 propostas em defesa dos gays foram retiradas da Conferência em Cabo Frio, e uma nova entidade no município vizinho, a Búzios Free, foi criada. A Conferência Nacional GLBT vai acontecer entre 6 e 8 de junho. Renato Silveira

Uma unidade do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) começa a ser construída em Quissamã. A sede da instituição será erguida em parte do terreno onde já está instalada a Fundação Municipal de Cultural e Lazer, à margem da Aveni-da Amílcar Pereira da Silva, no bairro Carmo.

Construído pela administração municipal, o prédio ocupará uma área total de 9.833,78 m2, e terá três blocos distintos, interligados por hall e corredores, num total de 2.122,91 m2.

O prédio será, posteriormente, equipado e aparelhado pelo governo federal, que assumirá a administração e manutenção do mesmo. De acordo com o secretário Municipal de Obras e Urbanis-mo, Francisco Siqueira Júnior, a obra iniciada em janeiro deverá estar pronta em cerca de 180 dias, permitindo que as aulas possam começar já no se-gundo semestre.

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A rede de idiomas Yázigi lançou no dia 11, nas depen-dências do Solar da Impe-ratriz, Jardim Botânico, na cidade do Rio de Janeiro, a Campanha de Cidadania “Y Ikatu Xingu”, em parceria com o “ISA” – Instituto Sócio-Ambiental e o “Y Ikatu Xingu”. Na oca-sião, todos os franqueados da cidade do Rio de Janeiro e do interior, assim como várias autoridades convidadas, assistiram a palestra da Professora Doutora Neide Esterci.

A campanha tem como objetivo o plantio de mudas e sementes na região do Rio Xingu. Essas mudas e sementes serão adquiridas através de cotas, com valores doados por empresas e pessoas da comunidade. Cada cota possibilita o plantio de 1 arvore mais coleta e plantio de 100 sementes além de gerar trabalho e renda provenientes dessas atividades. Cada cota tem o valor de R$ 6,00 (Seis reais) e poderá ser adquirida através do Yázigi Internexus.

A estratégia da campanha é desenvolvida pelas escolas Yazigi espalha-das pelo Brasil, convidando parceiros importantes que contribuam para um aumento de visibilidade e conseqüente adesão por parte da comunidade local, no sentido de causar um impacto positivo e elevar os patamares de consciência e compromisso com a qualidade de vida do planeta.

As adesões para a compra de cotas podem ser feitas através da Escola Yázigi em Cabo Frio, situada na Rua Silva Jardim, 73, Centro, telefone (22) 2643128, ou pelo site www.yikatuxingu.org.br.

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Rede Yázigi lança campanha ambiental

E D U C A Ç Ã O

Alicerces do Cefet já estão sendo erguidos em Quissamã

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10 CIDADE, Abril de 2008

UMA DAS CIDADES com natureza mais exuberante do estado do Rio de Janeiro, Arraial do Cabo, localizada na Região dos Lagos, sofre com o abandono. Desemprego (acentuado pela falência da Companhia Nacional de Álcalis e pela diminuição do pescado), favelização, invasões de terra, degradação ambiental e escândalos na política. Esta é a primeira de uma série de reportagens que vai mostrar o caos em que vive a população local.

revisão do Plano Diretor de Arraial do Cabo, feita no ano passado, é o motivo da mais nova polêmica que

envolve os políticos da cidade. A Lei de Uso e Ocupação do Solo, foi publicada no dia 30 de março de 2007, na edição núme-ro 15 do Boletim Informativo da Câmara Municipal. Mas, após denúncia do prefeito Henrique Melman (PDT), surgiu a edição 16, do dia 15 de junho de 2007 (até então desconhecida), com artigos modifi cados.

As mudanças estão no quadro que informa as regras para a construção civil em áreas nobres, como a Praia Grande. Na edição 16, ítens que eram proibidos pas-saram a ser permitidos, como a construção de imóveis “unifamiliar” e “bifamiliar” nas Zonas de Conservação da Vida Silvestre I, II e III.

Caos napolítica

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O prefeito acusou o vereador Almir dos Santos Teixeira (PR) de ordenar a publi-cação de uma “edição falsa” do Boletim Informativo.

“O senhor Almir Teixeira publicou essa edição falsa no jornal do meu ex-chefe de gabinete para benefi ciar construtores. Se você procurar, não vai encontrar em lugar nenhum. Com muito custo eu consegui um exemplar. É um comportamento típico desse vereador. Ele tem uma casa que não é dele, um carro que não é dele, caminhões que também não são dele. É um verdadeiro “laranjal”, atacou Melman.

Na versão do prefeito, ele teria tomado conhecimento da edição 16 no começo des-te ano, em uma reunião com o presidente da Câmara, vereador Walter Félix Cardoso Júnior (PDT), o Piolho, e o representante de uma construtora.

“O representante da construtora estava

querendo fazer um empreendimento com características que a lei não permite. Então ele pegou essa edição 16, que a gente não conhecia, e disse que estava embasado na lei. Assim soubemos da existência desse Boletim”, contou o chefe do Executivo.

O vereador Piolho confi rma a versão. Ele disse que abriu sindicância interna, sob responsabilidade do procurador André Luiz Pedro André, para apurar o caso.

“Procurei saber como a publicação foi feita e o diretor do jornal disse que foi a pedido do vereador Almir Teixeira, que é presidente da Comissão de Constituição e Justiça e costuma encaminhar as leis para publicação. Mas essa edição 16 não tem validade alguma”, alegou o presidente.

O vereador Almir Teixeira desmente as acusações. Segundo ele, o prefeito quis “jogar cortina de fumaça” para desviar o foco da opinião pública do processo de cas-

Tomás Baggio

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11CIDADE, Abril de 2008

Centro de Arraial do CaboDisputas políticas atrasam o desenvolvimento da cidade.

Prefeito Henrique Melnam“O senhor Almir Teixeira publicou essa edição falsa no jornal do meu ex-chefe de gabinete para benefi ciar construtores”

sação contra ele, que voltou após dois anos à Câmara e foi rejeitado há dois meses.

“O prefeito está fazendo esse alvoroço só pra desviar as atenções do processo de cassação dele. Porque os vereadores que eram da comissão que pediu a cassação dele (há dois anos) agora são aliados do governo e pediram pelo arquivamento do processo. Ele jogou uma cortina de fumaça mas isso não vai colar”, garante Almir.

O vereador assume que pediu a publica-ção da edição 16 do Boletim Informativo, mas afi rma que foi uma decisão de “todos os vereadores” e sentenciou: “o Boletim não tem nada de falso”.

“Quando o Plano Diretor foi aprovado, os vereadores fi zeram 64 emendas em ple-nário. Na primeira publicação foi tudo cer-tinho. Trinta dias depois, fomos alertados por uma pessoa que havia erro de digitação em três itens. No quadro geral, esses itens eram autorizados, mas no quadro informa-tivo faltou um ‘P’ de ‘pode’. Outras coisas também foram modifi cadas. Uma vírgula

em um trecho e a palavra ‘contigos’, que estavam faltando, foram acrescentados”, explicou.

Segundo ele, a publicação de uma errata não seria sufi ciente.

“Se saísse só uma errata na outra edição não ia servir. Por isso os nove vereadores decidiram, em reunião, pela publicação de uma nova edição com as mudanças. Foram duas mil edições do Boletim número 15, e duas mil do 16 para ter o mesmo impacto”, completou Almir.

“Se tivesse alguma coisa a esconder, seria só substituir as páginas e isso passaria tranqüilamente. Mas não é o caso. Não tenho nada a esconder”.

Alguns parlamentares contestam a versão de Almir. Os vereadores Ângelo de Macedo Alves, o Shogum (PDT), Davi Dutra de Oliveira (PR), Carla Celeste (PTN), Reginaldo Mendes Leite (PT) e o presidente Júnior Piolho afi rmam catego-ricamente que a tal reunião nunca existiu, e que desconheciam a edição número 16. O vereador Cristiano da Silva Pimentel, o Cristiano DJ (PDT), não foi localizado pela reportagem.

A mesma versão de Almir é contada, no entanto, pelo vereador Rômulo Leonardo

Vereador Walter Félix Cardoso Júnior, o PiolhoPresidente da Câmara“Essa edição 16 não tem validade alguma”

Vereador Almir Teixeira“O prefeito está fazendo esse alvoroço só pra desviar as atenções do processo de cassação dele”

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Plácido da Costa, o Léo (PR). Já o vereador Eduardo Andrade da Rocha (PDT), líder do governo, disse que sabia da publicação, mas não confi rmou a existência da reunião com os demais. “Me estranha o fato do presidente dizer que não sabia. O que fi -zemos foi um incremento em benefício da construção civil, pois consideramos que esta é a saída para Arraial do Cabo. Mas não posso afi rmar quem sabia e quem não sabia”, declarou ele, que é mais conhecido como Dudu.

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Jornal se defendeO jornal responsável pelas publicações

ofi ciais da Câmara, “A Shama dos Lagos”, foi fundado pelo ex-chefe de Gabinete do governo Melman, Manoel Félix da Costa, pai do vereador Rômulo Leonardo Plácido da Costa (PR). Quando Félix entrou para o governo, no primeiro mandato de Mel-man, passou o jornal para o nome de seu fi llho Léo. Ao se eleger vereador no pleito seguinte, Léo deixou o jornal para o irmão do meio, Ruliano Plácido da Costa, que posteriormente assumiu cargo no gabinete do prefeito, passando o jornal para o irmão mais novo, Rodrigo Plácido da Costa, dono da publicação até hoje. Até Félix deixar o governo, o jornal era responsável, também, pelas publicações ofi ciais da Prefeitura de Arraial do Cabo. O ex-aliado de Melman não quis comentar a declaração do prefeito, alegando que não tem envolvimento jurídi-co com o jornal. O diretor Rodrigo Plácido afi rmou que seguiu o trâmite comum para as publicações ofi ciais.

“O vereador sempre nos traz o disque-te, nós colocamos o material na página e mandamos para a gráfi ca. Não temos co-nhecimento do conteúdo. Dessa vez foi a mesma coisa. O presidente da Câmara nos enviou documento isentando o jornal de qualquer responsabilidade pelo conteúdo”, afi rmou Rodrigo.

Obras podem ser canceladasA Prefeitura de Arraial do Cabo emitiu

“Certidão de Enquadramento” para dois empreendimentos que, segundo o prefeito Melman, foram aprovados na Secretaria

Na edição 16, itens que eram proibidos passaram a ser permitidos, como a construção de imóveis “unifamiliar” e “bifamiliar” nas Zonas de Conservação da Vida Silvestre I, II e III.

municipal de Obras com base na edição 16. Um deles seria construído pela empresa Mascate de Arraial do Cabo Empreendi-mentos Imobiliários, cujo proprietário é o empresário da construção Fuad Diuana Za-charias. Melman garantiu que a licença da obra pode ser anulada se as características não se adeqüarem à edição 15 do Boletim Informativo.

“Eles pegaram essa edição 16 e levaram na Secretaria de Obras para aprovar o pro-jeto. Agora estamos fazendo levantamento para ver todos os projetos de construção que foram benefi ciados pela falsifi cação do documento”, declarou Melman.

Investigação em fase fi nalO caso está sendo investigado pelo

promotor de Justiça Murilo Bustamante. Ele já ouviu o depoimento do vereador Almir Teixeira e disse que está na fase fi nal dos trabalhos.

“Estamos comparando a primeira pu-blicação com a segunda para saber porque as mudanças foram feitas. Como a lei teve muitas emendas, estamos analisando se essas emendas correspondem à vontade popular, pois na elaboração do projeto, pela Secretaria de Meio Ambiente, diversas audiências públicas foram feitas, e durante a realização das emendas, não”, explicou Murilo.

“Se for comprovada alguma irregulari-dade, o que cabe a mim é que o responsável seja processado por improbidade adminis-trativa. O passo seguinte seria encaminhar o processo ao promotor da Comarca de Arraial do Cabo, para a abertura de um processo criminal. A lei é muito grande, mas espero concluir os trabalhos até o fi nal de março”, completou o promotor de Justiça.

Até o fechamento dessa edição, a inves-tigação não havia sido concluída.

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13CIDADE, Abril de 2008

Paulo Lobo não escondia a satisfação pelo seu pioneirismo dentre as cidades da Região, e durante a entrevista, fez questão de destacar sua coragem em enfrentar o assunto, que já havia virado piada nas ruas (afi nal de contas, com o aterro, boa parte do lixo da região vai ser lançado em São Pedro).

“São Pedro da Aldeia sai na frente na questão do meio ambiente, e assume o ônus de ser a cidade que recebe o aterro sanitário. Nenhum outro município, até por questões físicas, aceitou o empreendimento, e nós tivemos essa coragem”, festejou.

A cidade tirou algumas vantagens disso. Além de pagar um preço inferior aos demais municípios (R$ 41 por tone-lada, enquanto o resto vai pagar R$ 51), a Dois Arcos assumiu o compromisso de revitalizar toda a área onde funciona o atual Lixão.

“Vamos também realizar na cidade um trabalho de educação ambiental, e plane-jamos, em breve, iniciar a reciclagem de parte dos resíduos. Mas a primeira tarefa é resgatar todo aquele terreno onde hoje

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ATERRO SAI DO PAPELe até a última edição da CIDADE (“Tudo como antes”, páginas 10 e 11), o Aterro Sanitário construído no

bairro do Alecrim, em São Pedro da Aldeia, continuava vazio, em frente ao enorme Lixão daquela cidade, a realidade mudou de lá para cá. Além de São Pedro da Aldeia, que anunciou o início da utilização do espaço com pompa e circunstância numa entrevista coletiva com o prefeito Paulo Lobo, boa parte do primeiro escalão de seu governo, e representantes da empresa Dois Arcos, responsável pelo empreendimento, Cabo Frio também entrou no esquema logo após o feriado da Semana Santa e também já lança seus resíduos sólidos por lá.

São Pedro da Aldeia sai na frente na questão do meio ambiente

O diretor da Dois Arcos Ernani Klinger no ato da assinatura do primeiro contrato da empresa. Ao fundo o vice-prefeito Edmilson Bittencourt e o prefeito Paulo Lobo de São Pedro da Aldeia

é o Lixão, que agora está defi nitivamente desativado”, contou Ernani Klinger, diretor da empresa.

As negociações da empresa com outros municípios ainda anda devagar. De acordo com Ernani Klinger, além de São Pedro, Cabo Frio e Iguaba Grande, e mais recen-temente, Casimiro de Abreu, se mostraram interessados no assunto. Com os demais, nenhuma conversa sequer.

No final do último mês, Cabo Frio iniciou os trabalhos no Aterro Sanitário. Segundo o presidente da Secaf, Vicente Sofi ettini, todo o lixo produzido na cida-de passará a ser lançado lá, aliviando o Lixão de Baia Formosa, que, no entanto, continuará a ser utilizado pelo município de Armação dos Búzios.

Em Iguaba Grande, o processo promete ser mais lento. De acordo com o Secretá-rio de Meio Ambiente Waldemir Pereira, somente em maio o município deverá começar a utilizar o Aterro. Mas apenas o lixo orgânico será lançado no local, já que a cidade começou a reciclar seus resíduos sólidos.

Renato Silveira

Prefeito Paulo Lobo

S

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14 CIDADE, Abril de 2008

C a r t a s

www.revistacidade.com.brAbril, 2008

Publicação Mensal NSMartinez Editora MECNPJ: 08.409.118/0001-80

Redação e AdministraçãoPraia das Palmeiras, nº 22 Palmeiras – Cabo Frio – RJCEP: 28.912-015 [email protected]

Diretora ResponsávelNiete [email protected]

ReportagensJoice TrindadeJuliana VieiraLoisa MavignierMartinho SantaféRenato SilveiraRoberta VitorinoTomás BaggioVanessa Campos

Fotografi aCésar ValenteFlávio PettinichiPapiPressTatiana Grynberg

ColunistasÂngela BarrosoDanuza LimaOctávio Perelló

Produção Gráfi caAlexandre da [email protected]

ImpressãoEdiouro Gráfi ca e Editora S.A

DistribuiçãoSaquarema, Araruama, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Búzios, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Quissamã, Carapebus, Campos, Macaé, Niterói, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

Cartas para o EditorPraia das Palmeiras, 22 - Palmeiras, Cabo Frio/RJ - Cep: 28.912-015E-mail:[email protected]

CARA DEPUTADA CIDINHA CAMPOS,Leitora assídua da revista “CIDADE”, adorei a entrevista que a senhora concedeu e, que foi publicada nas páginas números 5, 6 e 8, da edição de nº 21. Como sempre a considerei uma mulher séria, batalhadora e destemida, que sempre lutou pelas coisas corretas e honestas, não perdi a oportunidade para, mais uma vez, conhecer suas opiniões. No entanto, deputada, discor-do totalmente de sua resposta a pergunta, transcrita da folha 08 “A senhora acha que a corrupção é um mal incurável na políti-ca”, quando a senhora respondeu:”Não. Eu acho que é uma visão errada dizer que a corrupção é na política. Não é não. Se não houvesse empresário corrupto não haveria deputado corrupto.”Então pergunto: A senhora já aceitou ser cor-rompida? Acredito, de verdade, que não! Por quê? Porque tenho certeza que a sua formação moral não lhe permite assim proceder. E as nossas empresas estatais? São administradas por quem? Por grandes empresários que buscam o seu próprio enriquecimento, ou por indivíduos ligados politicamente aos nossos governantes? Tomando como exemplo, dentre muitos outros, o “Mensalão”, pergunto: Onde está a participação maior - dos empresários ou dos políticos na distribuição desses recur-sos? E os cartões de crédito, que vêm sendo utilizados de forma tão vergonhosa? E como se ainda não bastasse a caracterização de uso tão vergonhoso, ainda temos de engolir os nossos deputados e senadores brigando para montar uma CPI, todos eles buscando exclu-sivamente, resultados políticos e deixando à margem o primeiro objetivo, a primeira verdadeira obrigação, que seria a de apurar

as irregularidades e castigar todo aquele que usou indevidamente os recursos públicos, ou seja, o dinheiro do povo, o nosso suado dinhei-ro, tenha sido ele um simples servente ou, até mesmo, o presidente da República.Diante de todos esses fatos que ouvimos e le-mos na mídia diariamente - digo que, não são os empresários que corrompem os políticos. Corruptores e corrompidos, empresários e/ou políticos, ou quem quer que seja, já trazem do berço uma personalidade fraca, indecisa e su-bordinada à falta de princípios éticos. Sejam empresários, políticos, profi ssionais liberais, ou lá quem seja, somente corrompem e são corrompidos aqueles que são portadores de desvios morais, personalidade fraca, aqueles que já trazem impregnados em si a desonesti-dade, o desrespeito aos indivíduos e as insti-tuições, sejam elas públicas ou privadas. Não acredito que nenhum dos políticos de carreira existentes neste país, em todos os níveis, não tenham, em alguma oportunidade, recebido uma proposta desonesta para realizar alguma ação imprópria. No entanto, ainda são muitos os que aí estão lutando honestamente para fazer dos seus municípios, seus estados e do nosso país, instituições sérias, honestas e incorruptíveis. Como diz o velho ditado “A ocasião não mostra o ladrão, revela-o”O meu abraço e respeito, Cristiane Oliveira (Empresária e Cidadã Buziana)

SOU ESTUDANTE DO COLÉGIO PEDRO II no Rio e preciso adquirir números antigos da revista para fazer um trabalho sobre sal para o colégio. Juliana Barros da Silva (Rio de Janeiro/RJ)

MERECE DESTAQUE E ELOGIOS A ação do MP e da Feema, que botaram no chão uma casa, em Búzios, na Ponta do Pai Vitório, construída em topo de morro “com autorização da prefeitura”, como alegou o proprietário. Ficamos pensando se isso será verdade. A prefeitura deixou construir naque-le lugar? Não seriam criminosos a esse ponto. Ou seriam? Se não são criminosos, por que razão não apareceu ninguém da Secretaria de Meio Ambiente ou Planejamneto para ajudar na demolição? Achamos muito estranha a ausência do poder municipal, que deveria ser o primeiro a ajudar a preservar o patrimônio natural da cidade! Evilásio Miranda (Rio de Janeiro/RJ)

MORO EM CONTAGEM E CONHECI a revista City Cidade em Cabo Frio, onde sempre passo as férias na casa de uma tia. Adorei as matérias e principalmente as fotos chocantes desse lugar lindo!! Martha Cristiane Moraes (Contagem / MG)

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Danuza Lima é [email protected]

N U T R I Ç Ã O

Constipação intestinal, intestino preso ou prisão de ventre

DANUZA LIMA é [email protected]

.O.R.R.F.A., estas seis le tras vêm tirando o sono de muita gente. Aqui no

Estado do Rio, esta dor de cabeça chamada CORRFA está atingindo, principalmente, mili-tares já aposentados que vêem mensalmente valores sendo descontados em seus contra-cheques e destinados à sigla.

CORRFA quer dizer Clube dos Oriundos da Reserva e Reformados das Forças Ar-madas e há cerca de 20 anos está presente no contra-cheque do policial militar aposentado Lúcio Evangelista de Oliveira, morador de Cabo Frio.

Ele não se lembra quando exata-mente os descontos, que hoje são de R$ 15,50, começaram a ser cobrados em seu contra-cheque mas ainda possui um do ano de 1984 onde mostra que o desconto já era feito.

“Me lembro que ofereceram isso dentro do Batalhão em que eu traba-lhava. Nunca usufrui ou recebi uma correspondência de lá, só fui descobrir a verdade no mês passado quando mostrei os descontos a minha neta e pedi para ela procurar saber se tinha algum direito”, contou Lúcio.

O que a neta dele descobriu foi só o começo de uma história cheia de per-guntas sem respostas. A primeira delas foi: que benefício o CORRFA oferece aos seus associados? Justamente aí Lú-cio Evangelista foi surpreendido com a revelação que o CORRFA havia falido em 2002.

Daí surgiu uma nova pergunta: por que o valor continua sendo descontado até hoje se o Clube faliu em 2002? Mais uma pergunta sem resposta.

Atendendo na Av. Presidente Vargas, uma das mais movimentadas do Rio de Janeiro, o CORRFA não esclarece para onde o dinheiro está indo. Foi a esta conclusão que o aposentado chegou ao receber uma resposta da carta que havia enviado para o Clube.

O Governo do Estado do Rio, através de sua assessoria de imprensa, foi pro-curado para falar sobre o valor que vem sendo descontado nos contra-cheques

Uma dor de cabeça chamada CORRFA

de alguns de seus aposentados, porém não houve retorno até o fechamento desta edição.

Outros Casos Envolvendo a CORRFA

Há alguns anos uma operação da Polícia Federal, que envolveu 50 homens no Rio, prendeu o então presidente do CORRFA. A empresa, na época, era acusada de usar o nome das Forças Armadas para oferecer fi nanciamento para casa própria e aplicar golpes em clientes. Em anúncios, o Clube prometia fi nanciamento rápido para compra da casa própria.

Em 2003 o jornal Correio Brazilien-se, do Distrito Federal, também publicou reportagem sobre o CORRFA. A matéria dizia que “cerca de seis mil servidores federais têm de R$ 15 mil a R$ 25 mil a receber, por conta da liquidação extra-judicial (termo usado pelo CORRFA e que signifi ca falência) pela cual passou o CORRFA em 2002”.

Quem se sentir vítima do CORRFA pode tomar a mesma atitude de Lúcio Evangelista e solicitar junto ao seu órgão de origem o cancelamento do desconto. No caso dele, que é aposen-tado do Governo do Estado do Rio de Janeiro, o pedido foi feito no Protocolo da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão situado na Av. Erasmo Braga, nº 118, Centro do Rio de Janeiro. “Pode parecer pouco dinheiro, mas se colocar na ponta do lápis não é”, calcula Lúcio, que já teve aproximadamente R$ 3 mil descontados de seu salário.

E c o n o m i a

Papi

pres

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Juliana Vieira

LÚCIO EVANGELISTA DE OLIVEIRA Pode parecer pouco dinheiro, mas se colocar na ponta do lápis não é

Casicamente, fala-se em constipação intestinal quando os padrões dos movimentos intestinais mudam. A

freqüência da evacuação pode diminuir ou se tornar difícil e dolorosa.

25% da população sofrem de cons-tipação. Mulheres grávidas têm maior tendência a serem constipadas, e devem prestar muita atenção na composição da medicação que tomam.

Os sintomas mais comuns são: cãi-bras estomacais, sensação de inchaço e distensão abdominal.

Alguns fatores podem provocar a constipação como a falta de atividade física e sedentarismo, ingestão insufi -ciente de líquidos, alimentação pobre em fi bras, Síndrome do Cólon Irritável, câncer do cólon ou do reto, alto nível de cálcio no sangue e alguns medicamentos. No entanto, algumas pessoas sofrem de constipação crônica, sem causa deter-minada.

Seguir uma alimentação saudável, rica em fi bras, diminuir a ingestão de pães, bolos, doces, leite e derivados, beber bastante líquido, fazer atividade física regularmente pode ser a melhor solução.

Aumente o consumo de grãos e ce-reais integrais, pão integral, trigo para quibe, germe de trigo tostado, torrada integral, pão preto, aveia em fl ocos, bo-lachas com fi bras, feijão, lentilha, ervi-lha, soja, grão-de-bico, mamão, abacate, uva, kiwi, maçã com casca, laranja com bagaço, maracujá com sementes, frutas secas, coco, nozes, castanha-de-caju, amendoim torrado com casca, azeitona, verduras de folhas e verduras com talo.

Receita do coquetel laxativo:½ mamão papaya sem sementes (reser-

var as sementes); 1 laranja com bagaço e sem sementes;4 ameixas pretas secas sem caroço (já de

molho de véspera em ½ copo de água);2 colheres (sopa) farelo de trigo ou

aveia;½ copo iogurte desnatado;½ copo água gelada;Bater todos os ingredientes no liquidifi -

cador e tomar em jejum com as sementes de mamão (sem mastigar). Consumir uma vez por dia.

B

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canal Campos-Macaé, segundo maior do mundo, só perdendo para o de Suez, deixou boas recordações para

os antigos moradores de Campos. Sau-doso, o garçom Milton Soares Viegas, de 72 anos, lembrou emocionado do período que passeava pelas margens do canal no

“PASSEAVA E ME DIVERTIA muito no entorno do canal, na época em que ele não era mais navegável, porém limpo. Crianças, jovens e adultos fi cavam encantadas diante dele. A garotada brincava, os jovens namoravam, faziam piqueniques e os recém-casados tiravam fotos para o álbum de casamento no jardim que fi cava às suas margens.” Milton Soares Viegas

Canal Campos - Macaé

Francisco Isabel

Milton Soares Viegasobserva com saudades o canal que já foi símbolo de progresso e prosperidade para a cidade de Campos

famoso espaço conhecido como Jardim de Alah.

Ele se recorda que fazia questão de ir todos os fi nais de semana apreciar o canal. “Achava tudo muito bonito e fi cava ima-ginando como era feito o transporte pelo canal. Infelizmente, o “Campos-Macaé” não teve mais utilidade e hoje, onde foi o Jardim de Alah, estão pontos como o

parque Alberto Sampaio e a ponte Rosinha Garotinho, lugares bem diferentes do pas-sado. O parque, por exemplo, causa medo e insegurança aos de precisam passar por lá. Nada é como antigamente”, lamentou.

Hoje, em um estado bem diferente de 1843, ano em que começou a ser cons-truído, o canal que corta a área central da cidade de Campos e deixou de ser navegá-

C a m p o s d o s G o y t a c a z e s

Joice Trindade

O

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vel em 1861, é alvo de preocupação para moradores, ambientalistas e historiadores que assistem à sua degradação ambiental.

Com cerca de 100 quilômetros de extensão, o canal Campos-Macaé fi cou na história. Feito por mãos de escravos, atravessa os municípios de Quissamã, Carapebus e Macaé, onde é chamado de canal Macaé-Campos.

ProblemasPreocupação dos ambientalistas, a via

é motivo de muitas discussões. O ambien-talista e presidente da Ong Centro Norte Fluminense de Preservação da Natureza, Augusto Soffiati disse que a entidade, fundada em Campos em 1977, é contra o projeto de cobertura do canal. “Não nos conformamos com a situação do canal, que recebe esgoto da área central de Campos e lixo. A proposta de sua cobertura é levan-tada por algumas autoridades, no entanto, vamos continuar levantando a bandeira contra esta medida”, esclareceu.

PapiPress

Canal assoreado atravessa a área urbana de Quissamã

Nos bairros o canal recebe esgoto e lixo

Anto

nio

Leud

o Soffi ati afi rma que, se isso acontecer, será caracterizada a situação de “varrer toda a sujeira para debaixo do tapete”. “Ao longo dos anos o canal Campos-Macaé sofreu transformações. Ele já foi navegá-vel, posteriormente recebeu processo de renaturalização com a ligação com o rio Paraíba do Sul”, explicou.

Ele apontou que o local apresentava fauna e fl ora diversifi cadas, todavia, sa-lientou que o crescimento desordenado de Campos prejudicou o canal. “Ecologica-mente, o desenvolvimento da área central de Campos não contribuiu com o canal, que quando chega a Quissamã apresenta riqueza ambiental”, destacou, frisando que, ao passar pela Restinga de Jurubatiba, o canal fi ca em melhores condições.

RevitalizaçãoA Ong Centro Norte Fluminense de

Preservação da Natureza propôs ao Plano Diretor do município e a revitalização integral do canal. “O objetivo do Centro é

canal fi ca estreio na periferia da cidade de Campos

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Fatos marcantes fizeram parte da trajetória do canal, enquanto navegável. Esta é a defi nição da historiadora Sylvia Paes. Ela destaca que tudo co-meçou em 1837, e que o canal foi uma das mais importantes obras do imperador D.Pedro II no Estado, e até os tempos atuais é considerada uma das grandes obras da engenharia brasileira do século 19.

A historiadora explicou que quando o Governo Imperial enviou o engenheiro Dellegard à região Norte Fluminense para estudo técnico da viabilidade de um porto de escoamento da pro-dução regional, “ele foi a Ata-fona e não gostou, seu relatório apontou que fosse construído um canal que ligasse o rio Paraíba do Sul ao Porto de Imbetiba, em São Pedro, hoje Macaé”, contou.

Antes da construção do canal, o porto de São João da Barra era utilizado para escoamento da produção. Construído entre 1843 e 1861 pelos escravos, o canal tinha como funções o escoamento da produção de Quissamã e Carapebus até o porto de Macaé, mas também servia para o trans-porte de pessoas e drenagem dos pontos

alagados da região, expandindo os setores da cana-de-açúcar e criação de gado.

Um dos fatos mais marcantes da his-tória do canal aconteceu em 1847, quando o imperador esteve no local vistoriando as obras pessoalmente. De acordo com a história, Julião Ribeiro de Castro cedeu gratuitamente todo o terreno para a aber-tura da via. Dezoito anos depois do início

das obras, o canal tornou-se navegável. Segundo a historiadora, em 19 de

fevereiro de 1872 o canal começou a ser usado como via de transporte para Macaé. A primeira viagem foi em fevereiro deste mesmo ano com onze passageiros. No entanto, com o funcionamento da estrada de Ferro Macaé-Campos, o canal perdeu a utilidade até que, em 1882, o Governo Pro-

SILVANA CASTROSecretária de Planejamento da Prefeitura de Campos Reurbanização das margens

AUGUSTO SOFFIATICentro Norte Fluminense de Preservação da Natureza A pior solução é a cobertura da área

que o canal volte a ser navegável, inclusi-ve para o eco-turismo. A pior solução é a cobertura da área”, assegurou.

O projeto de retorno da navegabilidade ainda está distante de acontecer, mas a secretária de Planejamento da Prefeitura de Campos, Silvana Castro, informou que a aparência das adjacências do canal deve melhorar. Ela ressaltou que a prefeitura tem o projeto de reurbanização das margens, com a recuperação das calçadas e ciclovias, além de nova iluminação para propiciar mais conforto e segurança aos pedestres e ciclistas, que percorrem a área entre o Mercado Municipal até as proximidades da Avenida Vinte e Oito de Março.

No passado a parte interna do canal era freqüentada por usuários de drogas e jovens cheirando cola, o que ocasionava temor aos que circulavam pelas calçadas adjacentes, principalmente nas proximida-des da Rodoviária Roberto Silveira.

Antonio Leudo

C a m p o s d o s G o y t a c a z e s

Antigo Mercado Municipal de Campos prosperou às margens do canal

Antonio LeHistória

SYLVIA PAES - Historiadora O canal foi um marco do progresso e contribuiu para o crescimento do estado do Rio de Janeiro

PARQUE SAMPAIO já foi ponto de atração e lazer para os moradores de Campos.Foto da década de 70

Antonio Leudo

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vincial julgou desnecessária a navegação fl uvial.

Em 1918, com as difi -culdades de transporte pela Estrada de Ferro Leopoldi-na, foi solicitado ao Gover-no Federal a reconstrução do canal, que foi iniciada em 1920 e concluída em 1992, sendo executados 14 quilômetros, com a obra do canal sendo margeada em toda extensão por uma estrada de rodagem de seis metros de largura e revesti-da de muralhas de pedra.

Também foram cons-truídas pontes de madeira permitindo a navegação e outras obras como o fe-chamento de uma doca nas proximidades do Mercado Municipal. “Como pode-mos destacar a construção do canal proporcionou de-senvolvimento da região e

foi uma obra de interesse nacional, sendo que muitos dos produtos eram exportados pelo porto de Macaé, principalmente o café, o maior gerador de divisas. O canal foi um marco do progresso e contribuiu para o crescimento do estado do Rio de Janeiro”, ressaltou. O canal é tombado pelo Instituto Estadual de Patrimônio Artístico Cultural (Inepac).

o Leudo

Antonio Leudo

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Canal virou valão no centro de Campos

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P o l í t i c a

o dia 13 de março de 1995 o então presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio

Cabral, anunciou a decisão de cortar e limitar os salários dos servidores ao dos deputados que na época era de R$ 9 mil. A novidade pegou muita gente de surpresa já que alguns salários passavam dos R$ 35 mil mensais.

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PALÁCIO TIRADENTES Rio de Janeiro

Juliana Vieira Anos depois uma decisão judicial trouxe o assunto de volta às discussões, só que uma coisa mudou: Sérgio Cabral agora é governador e se vê obrigado a pagar o que ele mesmo havia cortado há exatos 12 anos.

A batalha teve início quando os ser-vidores da ALERJ deram entrada em um mandado de segurança exigindo que a parte retirada, pelo então presidente da Assembléia, de seus salários fosse paga. O

processo foi julgado e a decisão anunciada na última semana de fevereiro: os servido-res conquistaram o direito de reaver o valor cortado dos seus pagamentos.

O cálculo já foi feito e o Governo do Estado do Rio de Janeiro terá que de-sembolsar entre R$ 300 e 400 milhões. Procurado por CIDADE o advogado que representa os servidores da Assembléia Le-gislativa do Rio, Norval Valério, afi rmou que “há muitas inverdades sendo ditas” e

SALÁRIOS pagos na ALERJ viram tema de discussão na Justiça. Quem tem razão nesta história?

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que estes servidores têm sim direito a este dinheiro.

Entenda como funcionava a ALERJ em 1995

Se na época o discurso de “caça aos ma-rajás” ajudou ao ex-presidente da ALERJ a ganhar o apoio da população, hoje nos faz entender que os chamados “supersalários” só existiram porque assim foi permitido pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.

É justo destacar que na ALERJ existem também os servidores que lá estão por terem sido aprovados em concurso públi-co, porém antes da Constituição de 1988 as pessoas que eram “convidadas” para trabalhar na ALERJ entravam lá como fun-cionários seletistas. Com a promulgação da nova Constituição as coisas começaram a mudar, mas não muito.

Até pouco tempo antes da Constituição entrar em vigor estes mesmos funcionários seletistas tiveram a opção de assumir um novo vínculo com a Assembléia Legisla-tiva e passaram a ser funcionários estatu-tários. Com o novo vínculo, o funcionário, que antes era seletista, perdia seu direito ao FGTS, mas em contrapartida ganhava a tão sonhada estabilidade.

Com o passar do tempo os próprios deputados criaram leis que possibilitavam as chamadas “incorporações”, elas fun-cionavam como uma espécie de prêmio. Vamos ao exemplo: um servidor que era nomeado como Chefe de Gabinete e conse-

Em 15 de março de 1995 os deputados que exerciam as funções de Presi-dente e de 1º Secretário da ALERJ baixaram um “Ato Conjunto”, impondo um chamado “teto remuneratório” máximo para os servidores do legislativo, no valor de R$ 9.600. Assim, quem estava recebendo acima do “teto”, in-clusive os servidores aposentados, tiveram os seus vencimentos e proventos bloqueados.

Em 12 de junho de 1995 o Sindicato dos Servidores (representando cerca de 200 servidores) e outros 107 servidores ativos e aposentados que foram atingidos pela medida, impetraram mandado de segurança contra o “Ato Conjunto”.

Em 11 de março de 1996 o Órgão Especial concedeu parcialmente a se-gurança, determinando o imediato restabelecimento de parte das quantias que foram bloqueadas de forma inconstitucional e ilegal. O restabelecimento nunca foi feito, apesar das inúmeras intimações dirigidas à ALERJ.

Em 1998 o Supremo Tribunal Federal autorizou o Estado a suspender os pa-gamentos até o fi nal da ação, para que o Estado não tivesse difi culdades em reaver os valores pagos na hipótese de obter êxito em algum dos inúmeros recursos interpostos, fato que não ocorreu.

Cronologia dos Fatos

guisse fi car alguns anos na mesma função passava a ter direito a “incorporar” aquela função em seu salário.

Em outros casos, onde aqueles que estavam em cargos bem maiores e disponi-bilizados apenas por alguns departamentos da ALERJ, era necessário que o servidor permanecesse apenas um ano no cargo para ter direito a incorporar. Tudo amparado em leis criadas e aprovadas pela própria As-sembléia Legislativa do Estado do Rio.

Foi justamente o fato dos servidores terem vencido na Justiça os chamados “direitos pessoais incorporados”, que colaborou para que a matemática resul-tasse nos já batizados de “supersalários”. Segundo Dr. Norval Valério, em 1995, quando a ALERJ estipulou um teto salarial para os servidores, apenas dois direitos dos funcionários fi caram fora deste teto: exatamente os direitos incorporados pelo exercício e também os adicionais por tem-po de serviço.

“Não foram só os servidores do Estado do Rio que garantiram no Judiciário tal direito, todos os servidores dos demais Estados da Federação ganharam ações idênticas”, afi rmou o advogado. “O Es-tado agora deve devolver o dinheiro aos seus verdadeiros donos, que são os meus clientes. Essa é a realidade e a verdade dos fatos. Tudo o mais são versões inverídicas criadas por quem não conhece os fatos como eles verdadeiramente ocorrem ou como ocorreram”, concluiu.

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22 CIDADE, Abril de 2008

Quantos servidores serão benefi ciados com o pagamento?

Cerca de 320 servidores ativos e aposentados, sendo que 75 deles, infelizmente, vieram a falecer durante a tramitação do processo.

Há alguma possibilidade do Estado recorrer da decisão?

Recurso contra a decisão de mérito do Mandado de Segurança não há mais possi-bilidades, pois ocorreu o trân-sito em julgado em dezembro de 2002, após a decisão fi nal do Supremo Tribunal Fede-ral que manteve a decisão favorável aos servidores. O Estado também recorreu no ano de 96 contra a decisão que mandava restabelecer os pagamentos imediatamente.

Estes supersalários não são resultado de uma série de ações que eram legalmente permitidas, segundo o Regimento Interno da ALERJ, como a incorporação de cargos?

Há muitas inverdades sendo ditas. Os servidores ganharam na Justiça o direito para que os chamados “direitos pessoais incorporados” não pudessem ser incluídos no chamado “teto” criado pela Direção da ALERJ. Não foram só os servidores do Estado do Rio de Janeiro que garantiram no Judiciário tal direito. Todos os servidores dos demais Estados da Federação ganharam ações idênticas. O Supremo Tribunal já havia decidido esta questão quando o Estado do Rio, teimosamente, bloqueou os vencimentos e proventos dos servidores, contrariando uma série de decisões do Supremo, inclusive a decisão tomada em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade.

Então era uma questão hierárquica?É até uma questão de justiça: não é justo o fato do servidor

que ingressa hoje no serviço público ter o direito de ganhar o mesmo salário de quem já deu tudo de si, por vários anos, para o Estado. São direitos constitucionalmente garantidos e não no Regimento Interno da ALERJ. Aliás, um dos fundamentos da decisão favorável aos servidores residiu exatamente nesse

P o l í t i c a

Marajás são servidores que não trabalhamO ADVOGADO DOS SERVIDORES DA ALERJ, DORVAL VALÉRIO, falou com exclusividade para CIDADE sobre as ações que condenaram o Estado do Rio ao pagamento dos atrasados aos funcionários que tiveram seus salários cortados em 1995.

ponto: um ato normativo do Presidente e do 1º Secretá-rio jamais poderia revogar, modifi car ou alterar direitos previstos em leis hierarqui-camente superiores.

Termos como “marajás” e “trem da alegria” são usados em referência a estas pessoas, porém elas foram efetivadas como servidores estatutários de maneira legal, não é isso?

As inverdades permane-cem. Marajás são servidores que não trabalham, mas que recebem do Estado por “apa-drinhamento político”. Não são servidores estatutários como os meus clientes. Se os meus clientes fossem “Marajás” eles não teriam os direitos pessoais que foram incorporados em seus patrimônios, e que foram indevidamente bloqueados pelo Estado. Já os chama-dos “Trens da Alegria” são medidas que visam à criação de novos cargos que ser-vem exclusivamente para dar emprego para pessoas

estranhas ao serviço público. Não são servidores estatutários como os meus clientes.

O senhor acha justo o pagamento dos salários atrasados destes servidores?

Não há dúvida alguma. Não são “atrasados”. São parcelas que foram retiradas indevidamente dos contracheques dos ser-vidores. O dinheiro nunca foi do Estado, mas dos servidores. Se o Estado inadvertidamente usou o dinheiro dos servidores, um dinheiro que sabia que não era dele, o Estado agiu erradamen-te. Desde 1998, ao analisar a prestação de contas do Estado, o Tribunal de Contas alertou que o Estado não estava guardando o dinheiro que teria de devolver aos servidores por conta do nosso processo. Todos sabiam que a derrota do Estado era uma questão de tempo. Onde está o dinheiro retirado dos contracheques dos servidores? O que fi zeram com tanto dinheiro? O Estado agora deve devolver o dinheiro aos seus verdadeiros donos, que são os meus clientes. Essa é a realidade e a verdade dos fatos.

Divulgação/Alerj

DORVAL VALÉRIOAdvogado dos servidores da ALERJ

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23CIDADE, Abril de 2008

Foi um sucesso retumbante a inauguração do Villa Rasa Marina Hotel Boutique & Spa Renata e Carlos Werneck receberam mil elogios dos amigos e convidados. Um luxo só!

Casal de peso e assíduos freqüentadores de Búzios, Lucia e Pedro Gross no corretíssimo coquetel de inauguração do Villa Rasa Marina Hotel.

Receita de sucesso a presença de Felipe Bronze como chef de cuisine da cadeia dos Hotéis Marina.

Inês e Cláudio Fischer fazendo mimo na fi lha Anna Luiza, diretora operacional do Grupo Hotéis Marina.

Margareth Menezes e Rudney Pinheiros eram só elogios à amiga Maria Ângela Hargreaves pelo trabalho de paisagismo no novo hotel da Rasa.

Casais pra lá de descolados e bonitos. Philipp e Fernanda, Pierre e Russa, ajudando a receber na Fazendinha.

Renata Rangel prestigiando o almoço, oferecido pela Juliana Naves a sua tia Maria Elvira Salles Ferreira no seu belíssimo apartamento de São Conrado no Rio de Janeiro.

Berbel Stellman e Paulo Burnier, Ana Maria e Carlos Eduardo Faria. Onde? Na Fazendinha saboreando um delicioso “leitão na brasa”.

Ângela Fragoso Pires, a Presidente Nacional do PMDB - Mulher, Maria Elvira Salles Ferreira, a vereadora Cristiane Brasil e Vera Walesca no concorrido almoço. O assunto entre todas as presentes: a mulher no mercado de trabalho e no mundo da política.

NGELABarrosoA

[email protected]

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24 CIDADE, Abril de 2008

abo Frio, cidade que teve seus índios exterminados em um holo-causto promovido pelo Império de

Portugal, com direito a guerra bacterio-lógica (roupas contaminadas pelos vírus da varíola) e tiros, recebeu, no último mês, a ilustre visita do Pajé Sapaim, da tribo Camaiurá, do Alto Xingu. Durante o tempo que esteve aqui, peregrinou por emissoras de rádio, TV, redações de jornais e revistas, sempre com o objetivo de divulgar sua cultura.

Sapaim fi cou famoso em todo o mun-do, quando, em 1985, foi convocado pelo presidente José Sarney e pelo cacique Raoni, da tribo Txucarramães, para curar o cientista e ecologista Augusto Ruschi, envenenado pelo sapo dendrobata, após uma experiência científi ca.

Lembrando o episódio da pajelança, Sapaim conta que o ritual realizado em parceria com Raoni, durou cerca de quatro dias, com muitos banhos de erva e massa-

Pajelança em Cabo Frio

PAJÉ SAPAIM em Cabo Frio O Espírito da Floresta me escolheu

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gens, que retiraram do corpo do cientista uma substância esverdeada e pegajosa.

“Aquilo era o veneno do sapo que começava a sair. Ele ainda viveu mais três anos depois do que aconteceu”, explicou num português muito bom para quem vive numa tribo isolada, praticante da língua tupi e com pouco contato com o homem branco.

Explicando a diferença entre caci-que e pajé (“cacique é como se fosse o Lula, e pajé é o médico, curandeiro”, disse), Sapaim conta que descobriu seus poderes quando tinha 10 anos de idade, através de um sonho, onde o Espírito da Floresta fumava um charuto e jogava fumaça em cima.

“Eu disse para meu pai que não queria ser pajé, mas ninguém escapa do destino. O Espírito da Floresta me escolheu”, afi rmou.

Sapaim, que continua viajando pelo Brasil divulgando sua cultura, acredita que o ser humano está doente, e que a energia do planeta não vai bem. A receita para a cura?

“Tocar a minha flauta. Se prestar atenção no som, a energia fi ca boa”, fi nalizou.

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Robert, faz exatamente um ano que você nos deu uma entrevista exclusiva falando sobre o seu sonho de ser o representante brasileiro na classe Star, nas Olimpíadas de Pequim. Hoje, o seu sonho se tornou realidade e você é o nosso representante, juntamente com seu proeiro - Bruno Prada. Nos conte a sua trajetória neste último ano, quando muitos ventos sopraram.

O ano de 2007 foi um ano de evo-lução, crescimento e aprendizado, na classe Star. Para mim foi muito impor-tante, principalmente pelas conquistas realizadas. Eu, que venho da classe Laser, com vários títulos, passei para a Star com uma carga grande de respon-sabilidade e consegui dar continuidade às conquistas e realizações importantes para a vela brasileira. Isso é muito bom e estimulante. Além de conquistarmos o título mundial em Cascais, classifi ca-mos o Brasil com o índice internacional para Pequim. Depois, participamos e vencemos também, a pré-olímpica na China. Em seguida, participamos da se-letiva desse ano, onde vencemos o Lars Grael e Alan Adler de maneira árdua e intensa. O caminho traçado e percorri-do foi muito bem elaborado e estamos confi antes na campanha para Pequim, porque corremos sempre na frente em todas as competições.

O sonho se tornou realidade

Qual a sua trajetória até chegar o dia de correr no mar amarelo de Qingdao?

O segundo evento mais importante des-se ano será o Mundial, que vai acontecer entre os dias 10 a 18 de abril, em Miami. Depois correremos ainda 3 competições na Europa, durante 40 dias. A SPA Regatta, em Medemblik/Holanda, o Europeu e a Semana de Kiel/Alemanha. Vamos fi car muito tempo fora competindo e muito pouco tempo no Brasil, menos de um mês. A nossa missão agora é a preparação física, o cuidado e a escolha do melhor equipamento, aperfeiçoar a nossa veleja-da para chegarmos na melhor forma em Qingdao/China.

Você se lembra que, em nossa primeira entrevista, falamos sobre o receio de muitas pessoas quanto à sua disputa contra o Torben Grael e Marcelo Ferreira e, o que isso iria signifi car para a vela brasileira? Como você viu a opção do Torben em ir velejar em outros mares?

O Torben, por ser um grande nome e grande ícone da vela brasileira, está no topo da pirâmide. Ele tendo optado por velejar fora do Brasil, na América´s Cup e na volta ao mundo, deu chances para a pirâmide mudar e a fi la andar e entrar novos velejadores em diferentes classes, como aconteceu comigo e com o Bruno, que entrou no meu lugar na Laser.

Eu sei que muita gente comenta que preferia ter o Torben na Star e eu na Laser,

porque duas medalhas já estariam garan-tidas para o Brasil, mas eu não me via mais na Laser. Essa decisão do Torben acabou sendo boa para todos nós e ele vai fazer bonito nessa volta ao mundo.

Como você vê o Bruno Fontes no seu lugar na Laser?

O Bruno tem tudo para surpreender. Ele veleja muito bem em todas as con-dições de vento. Ele amadureceu muito nos dois últimos anos e a tendência dele é evoluir nesses próximos meses. Ele já está andando entre os 10 primeiros em todas as competições e vai chegar tran-qüilo e bem preparado em Pequim.

Robert, com tantos compromissos e com a sua determinação e esforço para fazer bonito nas Olimpíadas, como fi ca a sua vida particular, família, amigos e namoro? E, quando é que você vem para Búzios somente para curtir uns dias de férias?

Quando passar as Olimpíadas eu vou me dedicar mais a minha vida particular, porque hoje eu realmente não tenho tem-po de levar uma relação, de pensar em casar, de fi car com minha família, porque eu nunca consigo parar em casa. Estou sempre treinando, viajando e competin-do, para atingir os meus atuais objetivos. Tudo tem o seu tempo! Búzios, com esse vento e essa raia maravilhosa, não dá para não pensar em velejar, mesmo estando somente de férias, sem o com-promisso de competir.

Cristiane Oliveira conversa com o velejador Robert Scheidt, durante a Sailling Week, realizada em Búzios, no feriado de Páscoa.

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Enseada das Palmeiras (Cabo Frio)Esgoto captado pelo sistema de Tomada em Seco (junto com as águas pluviais).Algas e resíduos sempre retornam à praia, depois de chuvas prolongadas.

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A LAGOA DE ARARUAMA, na Região dos Lagos, nasceu linda, pura e cristalina, predestinada a viver, por milênios, em harmonia com os nativos que habitam suas margens. A sociedade, no entanto, por desconhecimento ou omissão, manchou o seu destino, com uma overdose de dejetos condenando-a a ser a “Geni” da Costa do Sol, a personagem cantada por Chico Buarque de Hollanda: “Joga pedra na Geni, ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir...”. Uma história ambiental triste, que ainda pode ter um fi nal feliz.

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urante 30 anos, Saquarema, Araru-ama, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Arraial do Cabo e Cabo Frio despejaram seus dejetos e esgoto “in

natura” no maior ecossistema lagunar hipersalino (supersalgado) com espelho de água permanente do mundo. A resistência da Lagoa de Araruama, com 220 km² de superfície, parecia inesgotável. Era funda-mental fomentar o turismo, atrair gente e investimentos. Mas de 2002 para cá, a so-ciedade organizada se assustou com o que viu: peixes morrendo por asfi xia, a lagoa, antes verde azulada, agora suja, fedorenta, degradada por uma overdose de nutrientes, agonizava pedindo socorro, e decidiu re-agir. Sacudiu o Poder Público, pressionou os governos estadual e municipais, chamou à responsabilidade as concessionárias de distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto, Prolagos e Águas de Juturnaíba, e foi à luta.

Pressionadas, de 2005 para cá, as duas concessionárias já investiram mais de R$100 milhões em Estações de Tra-tamento de Esgoto (ETEs), elevatórias e outras medidas de saneamento para tentar salvar a Lagoa de Araruama da degradação total. Além de 10% de rede separativa de esgoto. Um trabalho planejado para evoluir em três fases, encabeçado pelo Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ), com participação dos Comitês de Bacia, Ongs, em consenso com as prefeituras, a intervenção do Ministério Público (MP) e da Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do estado do Rio de Janeiro (Agenersa).

As negociações avançaram em 2006 e 2007 e, este ano, começa a segunda fase de expansão da rede de coleta e tratamento de esgoto com previsão de investimentos de cerca de R$ 50 milhões até 2010. A partir daí, uma 3ª fase de obras está prevista até 2023, quando termina a concessão dada às empresas pelas prefeituras. Mas até lá muita água vai rolar debaixo da ponte, e esgoto “in natura” também.

Hoje, o esgoto produzido por 2/3 da população fi xa das cidades do entorno da lagoa, estimada em 300 mil pessoas, e que supera um milhão na alta temporada turís-

Mobilização social abranda agonia da Lagoa de Araruama

tica, já está sendo interceptado pelas ETEs. Incluindo os principais rios e canais. O que representa na média cerca de 500 litros por segundo de esgoto tratado. No pico do verão ou nos feriados prolongados, a ETE de Cabo Frio, por exemplo, município que mais gerou e ainda gera dejetos para a lagu-na, usa sua capacidade total e chega a tratar 400 litros por segundo. A primeira fase dos investimentos foram focados nos pontos urbanos mais densos como o Centro de Ara-ruama e de São Pedro, praias do Siqueira e das Palmeira em Cabo Frio, e outros.

Toneladas de matéria orgânicaEntretanto, 1/3 da população continua

produzindo esgoto “in natura”, o que equivale a toneladas e toneladas de ma-téria orgânica sem qualquer tratamento maltratando a Lagoa de Araruama. Esse percentual ainda assusta quem está pró-ximo desses pontos na lagoa, mas com a expansão da rede de coleta e tratamento nos próximos três anos, essas praias devem ter uma melhora visível, afi rmam os técnicos ambientais.

Pelo cronograma de expansão da rede de tratamento de esgoto, acordado a partir da assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) das concessionárias no Ministério Público e na Agência Regula-dora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (Agenersa), só a Prolagos, que atende os municípios de São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Iguaba Grande e Búzios, que não contribui com esgoto para a lagoa, deverá investir mais R$ 23 milhões na rede até 2010. Arraial do Cabo, tem uma ETE municipal.

O presidente da Prolagos, Felipe Mar condes Ferraz, espera que com os investimentos programados, a lagoa esteja completamente limpa em três anos.

“A região tem um desafi o, por causa da ciclotimia. Mas nós esperamos ser capazes de absorver o seu crescimento. Imagino que em 2010, esta região será um espelho para o resto do Brasil. Em três anos foram quase 60 milhões de investimentos. Aqui já é a região de maior investimento per capita em água e esgoto do Brasil”, afi rma.

Araruama, o distrito de Iguabinha e Sa quarema são atendidos pela Águas de Juturnaiba. Em 10 anos, segundo a supe-rintendência, a concessionária construiu nesses municípios quatro ETEs, incluin-do Silva Jardim . Em Araruama, a ETE de Ponte dos Leites, que trata 150 litros de esgoto por segundo, será ampliada para 200

litros/segundo, quando passará a atender as localidades de Hospício e Areal. Em Saquarema, as ETEs da concessionária já atendem as regiões de Porto da Roça, Centro e Itaúna. Nessa 2ª fase de inves-timentos, a empresa, que não informou o montante dos recursos disponibilizados na 1ª fase, trabalhará em ampliações da rede de captação nesses municípios.

A expectativa da diretoria do Consórcio Lagos São João é que nos próximos anos a cobertura da rede de coleta e tratamento chegue a 100% da população fi xa da re-gião. Nos investimentos previstos para a fase 2 serão contemplados bairros como Ogiva, Gamboa, Jacaré, Peró e Vinhateiro, em Cabo Frio; Ponta do Ambrósio, São João, Balneário e Praia Linda, em São Pe-dro; Patrulha Rodoviária e Vila Branca, em Iguaba; Hospício e Areal, em Araruama.

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Loisa Mavignier

D Banho liberado apesar da mudança na cor da água

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FELIPE MARCONDES FERRAZ Diretor Executivo da Prolagos Aqui já é a região de maior investimento per capita em água e esgoto do Brasil

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Águas negras na cidade de Araruama

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DragagensNo bloco de ações mais importantes

para a revitalização da lagoa, estão a dra-gagem, o desassoreamento e a abertura do Canal Itajuru de 30 para 240 metros, sob a ponte Wilson Mendes, na divisa de São Pedro da Aldeia e Cabo Frio. O Governo do Estado, via Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla), está injetando R$ 13,5 milhões na obra. Nesses recursos incluem-se o remanejamento da adutora de água de Bacaxá, que cruzava o canal, e da rede de alta tensão da Ampla. Ambas fi carão penduradas na ponte libe-rando a navegação para pequenos barcos no canal.

A maior fonte dos recursos para a obra de dragagem é o Fundo Estadual de Con-servação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (FECAM), e um percentual, veio da Agência Nacional de Águas (ANA). Do canal do Itajuru já foram retirados mais de 400 mil m³ de sedimentos. A meta é chegar a 600 mil m³ até julho e completar o proces-so para a renovação das águas na lagoa.

MonitoramentoA partir daí, entra em ação o programa

de monitoramento fi nanciado pelo Fundo Estadual de Recursos Hídricos do Comitê de Bacia Lagos São João, em convênio fi rmado entre a Serla e o CILSJ, no valor de R$ 88 mil. O pesquisador do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Mo-reira (IEAPM), Ricardo Coutinho,está interpretando os laudos pré-existentes das décadas de 70 e 80, quando a Lagoa de Araruama ainda era saudável, com dados coletados pelo consórcio a partir de 2002. Sua missão é encontrar explicações cien-tífi cas para os fenômenos que a lagoa vem atravessando ao longo dos anos, incluindo o monitoramento rotineiro.

Paralelamente, uma equipe da Univer-sidade Federal Fluminense (UFF), lidera-das pelos professores Renato Cordeiro e Marcelo Bernardes, durante nove meses, irá monitorar os efeitos do desassoreamen-to do canal Itajuru e da ampliação do vão sob a ponte, que permitirá a renovação das águas na lagoa. O trabalho inclui coletas de água, análise de sedimentos, análises de espécies de pescado e moluscos e medições de ondas e vazões.

A presidente da Serla-RJ, Marilene Ramos, explica que a poluição da Lagoa de Araruama é a mesma que afeta outros sistemas lagunares no Brasil. “Onde há

MARILENE RAMOSPresidente da Serla/RJ A mobilização social na região obrigou o Estado, as prefeituras e as concessionárias a se movimentar

concentração populacional e esgoto do-méstico urbano sem tratamentos os rios e lagoas estão poluídos. A diferença é que a Lagoa de Araruama está num processo de recuperação. A mobilização social na região obrigou o Estado, as prefeituras e as concessionárias a se movimentar. Hoje, o objetivo comum é despoluir aquele corpo hídrico”, diz ela, exaltando ainda a articulação interinstitucional do Consórcio Lagos São João e do corpo técnico dos Comitês de Bacia, que vêm fazendo com que os agentes públicos, privados e sociais da região pensassem em conjunto a solução de problemas e os interesses sócioambien-tais comuns aos municípios banhados pela Lagoa de Araruama.

De acordo com o secretário executivo do CILSJ e vice-presidente da Serla, Luiz Firmino Martins Pereira, os índices de fósforo e nitrogênio (esgoto) na lagoa já seriam 25% menores do que se registrava há quatro anos. Uma redução, confi rmada, pela volta dos peixes e camarões que ha-viam desaparecido e de espécies nobres, típicas do mar, que têm sido encontradas pelos pescadores na laguna.

Antes tarde do que nuncaInterferências num ecossistema deli-

cado como o da Lagoa de Araruama são sempre polêmicas. Geram choques de opiniões, pessimismo, indagações, contra-riam interesses políticos e econômicos, e

LUIZ FIRMINO MARTINS PEREIRA Secretário executivo do CILSJ e vice-presidente da Serla/RJ Índices de fósforo e nitrogênio 25% menores do que se registrava há quatro anos

Praias cobertas pelas ETEs apresentam melhoras visíveis

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ninguém assume a “mea culpa”. Mas num ponto, os biólogos, geólogos, engenheiros sanitaristas, ambientalistas e prefeitos concordam: “a lagoa tem salvação”. Se as medidas sanitárias, que embora tardias, não vão solucionar de todo o problema de poluição e do assoreamento, já que a população e os condomínios residenciais nos balneários regionais não param de crescer, ao menos vão estancar o processo de degradação ambiental.

Como resultado das ETEs, a qualidade da água em muitas praias já melhorou sensivelmente. Hoje já se pode ver mais de dois metros de transparência nas mar-gens de algumas delas, que voltaram a ser freqüentadas por banhistas em Araruama, São Pedro e Cabo Frio.

Mesmo assim, uma parcela da popula-ção ainda duvida da tão propagada revita-lização da lagoa. Especialmente as comu-nidades que convivem com as praias ainda poluídas por esgoto “in natura” e às vezes fedorentas em função da decomposição de algas. Já os pesquisadores entendem que as mutações, que assustaram os usuários, quando a lagoa fi cou marrom, fazem parte do ciclo de revitalização.

De acordo com o chefe do Departa-mento de Saneamento e Saúde Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente de Cabo Frio, Mureb de Azevedo Mureb, a pre-feitura está acompanhando a situação na lagoa por meio de um estudo encomendado ao Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), e com medições diárias de oxigênio na água. “As medidas de saneamento estão no caminho certo, mas precisam ser mais aceleradas. A lagoa é um ecossistema no limiar do seu supor-te”, alerta ele.

O presidente da Organização Ambien-tal para o Desenvolvimento Sustentável (OADS), Cláudio Michael Völcker, bió-logo marinho com mestrado em Ciências do Mar Oceanografi a Biológica, afi rma que as algas presentes na lagoa hoje não são nocivas. As mesmas algas, quando ainda são claras, é que podem ser perigosas.

Para Völcker, dentre os fatores contri-buintes para a degradação da Lagoa de Ara-ruama destacam-se a ação dos moageiros, que por décadas extrairam as conchas do fundo da lagoa para a produção de barrilha na Álcalis, retirando o seu fi ltro biológico; a ocupação desordenada das margens da lagoa, rios e canais incentivadas por políticos; o excesso de água e nutrientes que passou a ser despejada pela Prolagos e

Águas de Juturnaíba na laguna hipersalina, desequilibrando o ecossistema; falta de fi scalização das prefeituras nas empresas limpa fossa, que despejam dejetos nos ca-nais e na lagoa; e a falta de consciência da própria população que não constrói fossa, fi ltro e sumidouro, conectando a saída de dejetos direto na rede de águas pluviais.

Ele acredita que as ETEs aliadas à abertura do canal do Itajuru, farão com que a Lagoa de Araruama volte a ser a laguna marinha que era, antes do estrangulamen-to dos canais de ligação com o oceano Atlântico. “A lagoa é um animal que estava sufocado e está voltando a respirar. As ações de revitalização estão dando a ela uma sobrevida”, diz Völcker.

Na avaliação do engenheiro sanitarista e Diretor do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental de Cabo Frio, Márcio

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Beranger, apesar das ETEs, progressi-vamente mais esgoto está sendo lançado na lagoa, o que a torna a cada dia um sistema mais fragilizado. “O crescimento populacional não vai parar e isso é muito preocupante. O estado da lagoa ainda é delicado”, enfatiza.

Para os usuários, porém, as explicações científi cas ainda não convencem enquanto não virem a Lagoa de Araruama cristali-na de novo. Em Iguabinha, a moradora Clemilda Conceição, 75 anos, lamenta a poluição da água que impede sua família de desfrutar a praia em frente a sua casa. “Eles vêm do Rio e não podem aproveitar nada aqui. É uma sujeira medonha. Não tem condições para o banho. Para curtir praia tem de ir para Cabo Frio e Arraial”, diz, mostrando as águas escuras contras-tando com a areia.

Praia da Pontinha, em Araruama

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No estado do Rio de Janeiro ape-nas 60% do esgoto é recolhido pelas re-des e somente 25% recebe tratamento. Diante desse quadro preocupante para a saúde da população e do meio ambiente fluminense, o Go-

verno do Estado, planejava lançar em março o Pacto pelo Saneamento. A proposta da Secretaria Estadual do Ambiente fi xa como meta que em 10 anos o Estado deverá ter 80% de coleta e tratamento de esgoto.

Segundo a presidente da Fundação Superintendência Esta-dual de Rios e Lagoas (Serla), Marilene Ramos, o objetivo é unir esforços para conseguir investir em todo o estado R$ 600 milhões por ano em saneamento, o que equivale a um milhão de pessoas atendidas/ano com rede de coleta e tratamento de esgoto. A idéia é juntar esforços com os Comitês de Bacia, Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (Fecam), Conselho Estadual de Recursos Hidricos, e destinar uma parcela maior da arrecadação pelo uso água para fazer redes de coleta e tratamento de esgoto. Além de tentar atrair recursos federal e de organismos internacionais.

Na Região dos Lagos, o pacto contemplaria as áreas não previstas nos investimentos das concessionárias, como as de ocupação mais recente. Ou seja, saneamento estadual é a pa-lavra de ordem do momento. Os projetos são muitos, as cifras almejadas, altíssimas e as boas intenções, maiores ainda. À população fl uminense só resta torcer pra dar certo.

MUREB DE AZEVEDO MUREB biólogo A lagoa é um ecossistema no limiar do seu suporte

CLEMILDA CONCEIÇÃO Para curtir praia tem de ir para Cabo Frio e Arraial

CLÁUDIO MICHAEL VÖLCKER (OADS) A lagoa é um animal que estava sufocado e está voltando a respirar

MÁRCIO BERANGERengenheiro sanitarista O crescimento populacional não vai parar e isso é muito preocupante

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Pacto pelo Saneamento

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Centro de Araruama

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Os velejadores Carlos Afonso e Fernando Pinho pedem mais controle sanitário na lagoa

ezenas de velejadores fizeram um tributo à lagoa de Araruama durante a XVII Regata Transarauama, promo-

vida pelo Camping Clube do Brasil, com apoio da Base Aeronaval de São Pedro e Capitania dos Portos, em 15 de março. A jornada valeu pontuação para o campeona-to da Federação de Vela do Estado do Rio de Janeiro (Feverj). Ao navegar na lagoa, as equipes fl uminenses desfraldaram sim-bolicamente a bandeira pela recuperação da lagoa degradada.

A regata de 48 km, com percurso de Cabo Frio a Araruama, é realizada há 17 anos. Considerada pelos velejadores a se-gunda melhor raia do mundo para o esporte náutico, a laguna, no passado, já atraiu grandes campeonatos para a Região dos Lagos. A poluição crescente, no entanto, acabou afugentando os grandes eventos.

Há décadas os esportistas vêm alertan-do para o processo de poluição da Lagoa de Araruama. Em 1991, equipes de caia-que, no projeto Iraruama, detectaram 385 pontos de despejo de esgoto “in natura” na lagoa, incluindo canais, rios, canos e galerias de águas pluviais.

Quase 10 anos depois a Organização Ambiental para o Desenvolvimento Sus-tentável (OADS) realizou uma batimetria para medir a profundidade da lagoa e cons-tatou um nível alarmante de assoreamento ao compará-lo com estudos realizados 30 anos antes. Hoje, imagens de satélite comprovam: as agressões ambientais resultaram em 13 grandes espigões no leito da laguna. O que representa que, no futuro, se não houver ações efetivas de desassoreamento, em todo o seu curso, ela pode se dividir em pequenas lagoas, alerta o presidente da ong, Cláudio Michael Völcker.

O praticante de Hobbie Cat 14, arqui-teto e urbanista, Fernando Pinho, 46 anos, lembra que a Vela é um esporte que não

polui. Ele reconhece que já houve uma melhora na lagoa, mas pede mais severi-dade das autoridades no controle sanitário e na fi scalização da pesca predatória. “Eles estão tratando o esgoto, mas quando a meta chegar a 100%, a população também já do-brou. Será que as medidas vão acompanhar o crescimento populacional?”, questiona o velejador.

Tal como a lagoa, a regata Transararua-ma sobrevive graças ao empenho e ao amor pelo esporte dos velejadores que, ano após ano, desafi am a falta de apoio apenas pelo prazer de realizar a travessia.

Este ano não foi diferente e, por causa do mau tempo, a travessia ganhou mais um complicador. O velejador cabo-friense Augusto César Trindade Matos, conta que

o tempo não estava adequando e, segundo ele, a regata deveria ter sido adiada. César apontou, também, a falta de estrutura na organização do evento.

“Uma regata que você fi ca seis horas dentro d’áqua e quando chega, não tem nada, nem água para beber! Ano passado nós fi zemos uma vaquinha para fi zer uma sopa quando chegamos em Araruama. Este ano não tinha nada. É uma regata dura, e no fi nal dela tinha que ter uma compensação. Este ano nem cobertura tinha. Mal tinha lugar para se esconder da chuva o do vento. Nunca me senti tão desconfortável em toda a minha vida”, diz o velejador, acrescen-tando, porém que se o evento tivesse um pouco mais de organização “seria A regata, porque o percurso é lindo!”, fi naliza.

AUGUSTO CÉSAR TRINDADE MATOS, velejador Você fi ca seis horas dentro d’áqua e quando chega, não tem nada, nem água para beber!

Velejadores levantam bandeira pela recuperação da lagoa

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Crise de Identidade

Localizada na entrada da lagoa de Araruama, a praia das Palmeiras se vê dividida entre sua natural vocação para os esportes naúticos e o turismo de massa

construção de cinco quiosques na orla da enseada das Palmeiras, tra-dicional reduto de praticantes do

esporte da vela, trouxe para o local o fl uxo de turistas que querem fugir da agitação das praias marítimas, e desalojou os vele-jadores que habitualmente deixavam seus barcos na praia, obrigando-os a levar as embarcações para um terreno irregular e sujo, sem urbanização e sem garantias de que possam lá permanecer.

Se, por um lado, a nova estrutura da praia agradou aos novos frequentadores, por outro, trouxe mais problemas para a lagoa. O projeto de urbanização, que projetou a construção dos quiosques, não previu nenhum banheiro público.

Para alguns, isso nem sempre é pro-blema. “Tem a lagoa”, diz Igor Bruno Coutinho, morador de São Gonçalo e frequentador da praia.

Já para austríaca Helga Hudemann, moradora do bairro há 35 anos, a situação não é tão simples assim. “Hoje temos a orla bonita para caminhar, mas continua faltando o que já faltava: banheiro”, diz.

Helga conta que isso sempre foi um problema no local. “As mulherres vão para a água, os homems é mais fácil. O ideal seria colocar banheiros químicos, já que a prefeitura não permite construir banheiros com fossa nos quiosques, alegando que vai poluir a lagoa”, afi rma, dizendo que quem mais sofre com o problema “são os idosos e as crianças”.

Vela não é prioridadePedro Santa Rosa veleja há mais de

30 anos em Cabo Frio e diz que a estru-

PRAIA DAS PALMEIRASBanheiro é a lagoa

Barcos foram desalojados para dar lugar aos quiosques

PEDRO SANTA ROSA, velejador Estrutura zero!

HELGA HUDEMANN, moradora O ideal seria colocar banheiros químicos

Niete Martinez / Fotos PapipPress

tura para o esporte não existe na cidade.“O ideal seria ter o que tem em toda

parte onde eu velejo. Um lugar para guar-dar os barcos com rampas, água, energia, segurança. Aqui, quando dá vontade de fazer xixi é dentro da lagoa, infelizmente. Estou quebrando uma promessa feita há 20 anos, de nunca mais fazer xixi na lagoa, mas não tem jeito” diz.

Pedro afi rma que a enseada das Pal-meiras é ideal para a prática do esporte . “Para as crianças não tem lugar melhor”,

ressalta, dizendo que ensinou seus fi lhos a velejar no lugar.

Na avaliação do velejador, a enseada seria o melhor lugar para a instalção de uma guarderia ou quadra poliesportiva para atender aos velejadores, afi rmando que hoje a situação é bem difícil. “Aqui não tem lugar para guardar o material, a gente depende dos quiosqueiros, correndo risco de ter alguma coisa roubada. O material é caro, muita coisa é importada. Estrutura zero!”, conclui.

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38 CIDADE, Abril de 2008

São tantas as pessoas que merecem o Prêmio Nobel do reconhecimento, que é impossível não errar na esco-lha. Então, dedicamos este Perfume de Gente ao “Esquadrão do Bem” que são ofi cialmente as dignas repre-sentantes de todas as que trabalham unidas nestas nossas Obras Irmãs.Que neste “bissexto 2008, esse “Perfume de Gente” espalhe no ar o intenso a ro ma, que as caracteriza em sua incansável caminhada de Amor.

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Marina Massari

Perfume de Gente

em gente que tem cheiro de cravo e canela, perfume trazido de longe, das terras Indianas com direito a

travessias dos largos oceanos que nos unem e separam na mesma amálgama de lutas e tradições...

Ao lado delas, a gente encurta dis-tâncias pra alcançar com as mãos a fruta

no alto do galho, escala montanhas de pico bem alto e monta acam-pamento em ilha deserta com a certeza de que a paz está a nossa espera...

Ao lado des-sas pessoas dá pra atravessar um rio e ir buscar na ou-

tra margem “o projeto do sonho”, que a correnteza quase levou; dá pra enfrentar uma ida de alguém que se ama, porque sua presença nos dá o conforto para a espera da volta...

Ao lado dessas pessoas a gente eleva a força e a esperança em qual-quer embate que a vida nos imponha porque a forte presença delas, nos renova e ampara no momento em que só o amor é capaz de nos içar do fundo de um poço.

... Nas asas do vento, se espalha com alegria toda a gama de amor solidário e perfume de cravo e canela que nos lembra você – Liliam Campos – tudo isso e mais... Você...

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39CIDADE, Abril de 2008

G e n t eFotos: Tatiana Grynberg

De escolas. Assim pensa o engenheiro e professor Paulo Massa, titular da secretaria de Educação de Cabo Frio. Para acertar o passo com o défi ct de salas de aulas encontrado, o secretário põe em prática seus talentos de engenheiro, impondo um rítimo de construção de fazer inveja a qualquer empresa do ramo. Sua secretaria constrói 1,2 salas por semana, o que faz a extraordinária marca de 4,8 salas de aula/mês. Mas, a obra da Educação não fi ca apenas no concreto armado. As novas escolas estão aprelhadas com os mais modernos recursos e, sob sua batuta, a cidade ain-da ganhou uma unidade do Cefet e poderá ter, em breve, também o Colégio Pedro II.E as ações do secretário não se restringem apenas ao município de Cabo Frio. O engenheiro-professor ainda encontra tempo e disponiblidade de espírito para apoiar o complexo educacional da Fundação Bem Te Vi, em

Búzios, que atende a mais de 600 crianças carentes, no bairro da Rasa.

Educação também é construção

Encenação da Paixão de Cristo, em Cabo Frio, é um espetáculo bem cuidado e que atrai multidões todos os anos

Frederico Araújo, ou Fred, como é mais conhecido no meio teatral cabo-friense, assumiu o papel de Jesus Cristo na encenação da Via Sacra em Cabo Frio há quatro anos, desde que os organizadores do evento resolveram apostar no talento local, ao invés de contratar atores globais que atraiam um público totalmente diverso à tradição católica. Desde então, conserva o visual de cabelos longos e barba, para viver o que considera um dos papéis mais importantes de sua carreira.

POR JESUS

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40 CIDADE, Abril de 2008

T r a b a l h o

om o petróleo que não pára de brotar na Bacia de Campos, não são apenas as cidades localizadas nas Baixadas Lito-

râneas que acabam diretamente afetadas (ou melhor, benefi ciadas) pela exploração da Bacia e as novas descobertas que só fazem crescer os recursos provenientes dos royal-ties. Com a expansão do setor, os milhares de habitantes que vivem nestas cidades começam a ser “requisitados” a participar, cada vez mais, desta indústria milionária e a preocupação das empresas que atuam no setor passou a ser uma só: onde encontrar, na região, mão-de-obra qualifi cada para um segmento tão especializado?

Os dados sobre o setor são de dar água na boca e as cifras geradas pela exploração do petróleo têm atraído jovens que buscam espaço no mercado de trabalho. Prova disso é o curso de Engenharia de Petróleo e Gás que acaba de ser implantado no campus da Universidade Estácio de Sá, em Cabo Frio. Ainda com a primeira turma, o curso já tem 60 alunos matriculados, que começam a se aprofundar em Ciências Matemáticas, Física e Química, explicou o coordenador acadêmico da Universidade, professor Renato Silveira.

“A Indústria do Petróleo realmente exige profi ssionais de alta qualifi cação. Além disso, é um mercado altamente com-petitivo. Mas só o diploma não supre as necessidades do mercado. É preciso muito estudo”, ensina o coordenador que orienta os profissionais interessados na área a desenvolverem ainda bom conhecimento de vários idiomas. “Pelo menos, a língua inglesa e também acompanhar o que ocorre no mercado com grande atenção”.

De olho no PETRÓLEORegião investe em qualifi cação de profi ssionais para o setor

Universidade Estácio de Sá60 alunos na primeira turna de Engenharia de Petróleo

Entrada de um dos poços de produção de petróleo da FPSO Cidade do Rio de Janeiro

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erg

Vanessa Campos O professor, contudo, confi rma que a atratividade do curso para o vestibulando tem sido fantástica pela possibilidade de emprego (segundo pesquisa realizada pela própria Estácio, o mercado de petróleo oferece mais de 100 mil empregos anuais). Nas 20 unidades cariocas da Estácio em que a graduação de Engenharia de Petróleo e Gás e o de Tecnólogo em Petróleo e Gás (curso politécnico, com duração de 2 anos e meio) são ministrados, há mais de sete mil alunos matriculados, a maioria já atuando dentro do setor. Para o coordenador, não será difícil absorver a mão-de-obra que começa a ser formada na região. “Cabo Frio, Macaé e outras cidades do Estado do Rio de Janeiro são vocacionadas a ofere-cer recursos humanos para a indústria do petróleo”, profetiza.

Pólo de Itaboraí: investimentos de US$ 8,5 bilhões

Aliás, o que não faltam são investi-mentos programados para desenvolver e impulsionar ainda mais o mercado pe-trolífero no Brasil e no mundo. Segundo Silveira, a indústria do Petróleo no Brasil e no mundo movimenta um volume subs-tancial de recursos fi nanceiros. No Brasil, somente a Petrobrás pretende investir até 2012 um montante aproximado de US$ 112,4 bilhões já previstos no seu Plano de Negócios, sendo US$ 18,2 bilhões para de-senvolver a cadeia brasileira do gás natural, que inclui áreas de Exploração e Produção, Abastecimento e Internacional. Este mon-tante, somado a US$ 1 bilhão proveniente de parceiros, resulta no investimento total de US$ 19,2 bilhões. Somente a área de Gás e Energia investirá até 2012 um total de US$ 6,4 bilhões.

Deve-se salientar ainda, afi r-ma o professor, que o Pólo Pe-troquímico de Itaboraí investirá nos próximos anos um montante aproximado de US$ 8,5 bilhões.

Grande parte da mão de obra empregada na Petrobrás e em empresas terceirizadas da bacia é oriunda do Cefet CamposCésar Dias - Diretor do Cefet/Unidade Lagos

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Para atender a toda esta demanda do setor, a Estácio em Cabo Frio também já vem oferecendo, há 3 anos, o curso politécnico na área e desenvolvido em cinco períodos. A diferença entre os cursos é que, enquanto a graduação dá ao aluno uma base científi ca mais aprofundada, o tecnólogo qualifi ca para a atividade produtiva propriamente dita. Tanto que o currículo abrange toda a cadeia da Indústria do Petróleo, desde a exploração e perfuração, até o transporte e comercialização do mesmo.

Também de olho na indústria petrolífe-ra, o Cefet (unidade Lagos), que funcionará em Cabo Frio e tem o início das aulas previsto para o mês de agosto, incluiu vá-rios cursos que poderão impulsionar uma vaga de emprego no mercado de petróleo. Inicialmente, os cursos oferecidos serão de nível médio, mas estão previstos também cursos de nível superior (Pós-Graduação). A princípio, haverá vagas para Eletrome-cânica, Petróleo e Gás e Turismo/Hospe-dagem, este último também com foco no petróleo. “Os técnicos na área de Turismo podem atuar na Petrobrás e suas presta-doras de serviço, uma vez que os navios, os aeroportos e as plataformas necessitam desses profi ssionais, a bordo ou em terra, em serviços como recepção, gastronomia e hospedagem em geral”, explicou o diretor da Unidade Lagos e professor efetivo do Cefet-Campos, César Dias, acrescentando: “Grandes empresas como a Petrobrás tive-ram relevante peso na escolha dos cursos que serão ofertados”.

Para a implantação da Unidade, a Prefeitura Municipal de Cabo Frio cedeu uma área de 70 mil m² (na estrada Cabo Frio-Búzios), que passa por reforma e contará com 25 laboratórios, nove salas de aula, biblioteca, dois auditórios, quadras de esportes e etc, para a formação dos alunos. Segundo o diretor da Unidade, o Cefet em Cabo Frio visa a atender os municípios da meso-região das Baixadas Litorâneas, abrangendo um total de 11 cidades, de Casi-miro de Abreu até Maricá. Como a Unidade Lagos será um dos Campus do Sistema Cefet Campos, receberá todo o suporte jurídico, administrativo e pedagógico da-quele Centro Tecnológico. “Grande parte da mão de obra empregada na Petrobrás e em

MÁRCIA QUARESMA Há oportunidades para desenhistas, biólogos, pilotos de helicópteros

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empresas terceirizadas da bacia é oriunda do Cefet Campos que qualifi ca profi ssionais para atuarem nas variadas funções da área petrolífera”, destacou o professor.

“Na Trilha do Peregrino” quer levar o aluno da escola à plataforma

Uma parceria entre a secretaria de Es-tado de Educação e as empresas Anadarko e StatoilHydro (sócias na produção de pe-tróleo no Campo do Peregrino - a 80 km de Arraial - na Bacia de Campos e atuantes em diversos países) quer levar o maior número possível de alunos de escolas públicas da região ao mercado de petróleo e gás. Tra-ta-se do projeto “Na Trilha do Peregrino – da escola à plataforma”, que tem como público-alvo alunos da 7ª série do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio de escolas da área de abrangência do campo (que engloba os municípios de Cabo Frio, Arraial do Cabo e Búzios). Segundo Márcia Quaresma, coordenadora regional de Edu-cação do Estado das Baixadas Litorâneas I, o projeto surgiu após a escolha do nome do campo por mais de mil alunos de dez escolas públicas – oito estaduais e duas municipais - dos três municípios. “O interesse desses alunos no setor do petróleo foi tão grande, que surgiu a parceria com o objetivo de encaminhá-los ao mercado de trabalho”, destacou ela, explicando que o projeto benefi cia, atualmente, cem alunos dessas cidades, custeando inscrições para concur-sos (como vestibulares) e oferecendo-lhes aulas de reforço (30h semanais) no colégio Miguel Couto, em Cabo Frio, alimentação e material didático. A idéia, explica Márcia, é que o aluno se qualifi que para passar para qualquer Cefet ou universidade pública.

A seleção dos alunos – que contou com mais de 700 inscritos – privilegiou, essencialmente, aqueles que tivessem real aptidão para o ramo do petróleo. Os can-didatos passaram por testes psicológicos em janeiro e fevereiro e iniciaram as aulas em março. Como o projeto prevê três anos de parceria entre o Estado e as empresas, poderão ser beneficiados, pelo menos, mais duzentos alunos nos próximos anos. “Hoje, a maioria dos profi ssionais que se forma em curso técnicos e acadêmicos

nesta área, já saem empregados. É uma área em que sobram empregos por falta de qualifi cação. Há oportu-nidades para desenhistas, biólogos, pilotos de helicópteros”, acrescentou a coordenadora.

Cabo Frio, Macaé e outras cidades do Estado do Rio de Janeiro são vocacionadas a oferecer recursos humanos para a indústria do petróleoRenato Silveira - Estácio de Sá

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42 CIDADE, Abril de 2008

stima-se que no mundo inteiro 605 milhões de pessoas pratiquem Xadrez, um dos jogos mais antigos da huma-

nidade. Deste total, cerca de 7,5 milhões são fi liados a alguma federação ofi cial. Em Cabo Frio, não se sabe o número total de praticantes deste jogo, que é considerado ao mesmo tempo arte, esporte e lazer, mas o Clube do Xadrez, fundado há seis anos na cidade, e que se reúne semanalmente numa escola municipal no bairro Parque Burle (Américo Vespúcio), possui 82 sócios e quer se popularizar.

Os encontros acontecem no refeitório da escola todas as quartas-feiras, a partir das 19h, e lá, os atletas participam de competições internas que duram às vezes semanas, e cumprem obrigações simples, como pagar a mensalidade em dia e as taxas de inscrição dos torneios periódicos, além de jogar, é lógico.

EESSPPOORRTTE-E-CCAABBEEÇÇAAClube do Xadrez de Cabo Frio já tem 80 sócios e luta para conseguir uma sede para abrigar os afi cionados pelo esporte

Renato Silveira / Fotos Tatiana Grynberg O atual presidente do clube, Anderson Morgado conta que o grupo se reuniu pela primeira vez em 24 de março de 2001, numa lanchonete da cidade, apenas pelo prazer de jogar. Como os donos do esta-belecimento também gostavam de Xadrez, as reuniões passaram a acontecer de forma mais constante, até que a turma resolveu ofi cializar a farra semanal e transformar tudo num clube.

“De lá pra cá, muita coisa aconteceu. A situação jurídica da entidade só foi re-solvida em 2003, e em 2004, resolvemos alugar um espaço para a sede, mas fi cou inviável economicamente. Já passamos por diversos locais, até chegarmos aqui nesta escola, que conseguimos através de autorização da direção e da Secretaria de Educação”, explicou.

Há gente de todas as idades no Clube do Xadrez, e menores de 14 anos não pagam mensalidade. Segundo o tesoureiro do clube, Gerivaldo Alves, a taxa de inscrição

custa apenas R$ 5, e a mensalidade para atletas federado idem. Para os demais, R$ 10.

“Os associados também pagam as ins-crições nas competições, e o valor também varia”, diz o tesoureiro.

O Clube do Xadrez de Cabo Frio está fi liado à Federação Estadual de Xadrez do Estado do Rio de Janeiro (FEXERJ) desde 2004. No ano passado, a equipe local ter-minou a competição estadual em terceiro lugar na chamada classe C, e teve como destaque o atleta-mirim Rodrigo Porto, de apenas 14 anos, que foi considerado o melhor competidor de sua categoria.

“Existe uma pontuação, com regras bastante complicadas, que inserem um atle-ta em cada categoria. Assim, os melhores pontuados estão na classe A, os com um pouco menos na B e assim sucessivamen-te”, explicou Anderson.

E são nas competições locais que es-sas pontuações são defi nidas. No Clube

E s p o r t e

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43CIDADE, Abril de 2008

ESPORTE-CABEÇAdo Xadrez de Cabo Frio, há dois tipos de torneio: o “pensante” que tem a duração de 61 minutos e o “ping” que dura apenas 5 minutos. O primeiro conta pontos para o ranking.

“As pessoas ficam imaginando: vai terminar a partida sem acabar? Mas há toda uma técnica para se defi nir o vencedor de um jogo, mesmo que o rei ainda esteja de pé”, ensinou o vice-presidente Rodrigo Cardoso.

Todas as competições internas locais deságuam para o “grand finale” que acontece no fi nal do ano, geralmente em novembro, que são os três dias de compe-tição estadual.

Mas nem só de competições e torneios vive o Clube do Xadrez. Um dos projetos vislumbrados pela atual diretoria é o “Xa-drez nas Escolas”, cujo objetivo é difundir a prática deste jogo para o maior número de pessoas.

“O passo inicial já foi dado aqui na Américo Vespúcio, quando em contra-par-tida ao espaço cedido, promovemos uma ofi cina que culminou numa competição. A

O presidente do clube, Anderson Morgado (esquerda) com o vice, Rodrigo Cardoso Não temos ainda esse título (Utilidade Pública) porque precisamos de um alvará para funcionamento, mas ainda não temos nossa sede

Gerivaldo Alves, tesoureiro Inscrição custa apenas R$ 5, e a mensalidade para atletas federados idem. Para os demais, R$ 10

Clube funciona sempre às quartas-feiras à noite, no Colégio Américo Vespúcio

direção da escola fi cou tão empolgada que no pátio, as mesas têm tabuleiros pintados para o jogo”, festejou Anderson.

Embora o Clube do Xadrez seja uma associação legalizada, a falta de uma sede própria ainda impede que facilidades sejam aplicadas ao grupo, entre elas o título de utilidade pública, que permitiria o recebi-mento de verbas governamentais.

“Não temos ainda esse título porque precisamos de um alvará para funciona-mento, mas ainda não temos nossa sede. E para construí-la, dependeríamos de alguma verba”, brincou o presidente.

Anderson acredita que há muitos joga-dores de xadrez na cidade, que desconhe-cem ou têm pouco interesse no Clube, que realiza eleições para sua diretoria de dois em dois anos, com direito a apenas uma reeleição. Para esses, o presidente manda um recado:

“Estamos aqui com o objetivo de jogar xadrez. A turma que se reúne nas praças e bares pode vir somar conosco. É muito fácil chegar aqui e todos temos uma paixão em comum”, concluiu.

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R o b e r t o M o r a e s P e s s a n h aO P I N I Ã O

Roberto Moraes PessanhaEngenheiro, professor e ex-diretor geral do Cefet Campose-mail: [email protected]

em hora que passa uma sensação que a riqueza do petróleo

é algo maldito. Aliás, as riquezas minerais extra-tivistas têm esta fama. Onde elas brotam outras atividades econômicas tendem a perder espaço. A riqueza gerada com sua extração circula nas mãos de poucos que as protegem ferozmente, quaisquer que sejam os campos de batalha.

Em termos de gestão municipal, o que era para ser uma revolução sus-tentada por um orçamento crescido 40 vezes, de R$ 37 milhões em 1994, para R$ 1,5 bilhão em 2008, tornou-se um fi asco.

O 11 de março de Campos começou bem antes. Em 2003, quando a Ong Cidade 21 ao fi scalizar a execução or-çamentária já denunciava a contratação de 3.561 shows, num só ano. O fato levou, inclusive, o Ancelmo Gois, em sua coluna chamar o alcaide da época, de prefeito Canecão.

De lá para cá, a criatividade usada para operar os desvios de recursos, com superfaturamento nas compras e serviços, além da contratação desen-freada de pessoal chegou a patamares difíceis de acreditar. Em cinco anos as despesas de pessoal se multiplicaram por seis. Saíram de R$ 138 milhões em 2003, para R$ 820 milhões, agora em 2008. O inchaço dos números, sem igual nos mais de cinco mil municípios brasileiros, até hoje não são percebidos, como melhoria dos serviços públicos pelos campistas.

As obras de infra-estrutura têm es tado muito aquém das acumuladas demandas de um município com ex-tensão territorial, quatro vezes maior que a nossa capital. Elas têm sido in-sufi cientes, de baixa qualidade e com valores absurdamente altos, a ponto da reforma de uma praça custar mais que uma nova unidade do Cefet.

A disputa política pelo poder no

PETRÓLEOUma riqueza maldita?

município, calçada em dois pólos de mesma origem e métodos, gera a des-crença no cidadão que alimenta o de-sejo crescente de mudanças radicais de métodos, práticas e políticas públicas a serem implantadas no município.

O momento atual é complexo e certamente único na longa história de Campos. Cinco prefeitos em qua-tro anos, com interinidades, prova o contexto conturbado na gestão do município.

Em meio às incertezas quanto à gestão, ao futuro dos royalties e à disputa eleitoral de outubro, o pre-feito interino tem a responsabilidade de administrar as urgências, evitar o alastramento ainda maior da dengue, garantir o atendimento nos postos de saúde e hospitais, as aulas nas escolas, o recadastramento e o atendimento da Justiça do Trabalho que determinou a redução de 40% dos contratados, além de dar transparência nos atos legais das ordens de pagamento, da implantação dos pregões eletrônicos para compras e licitações, entre outras medidas mo-ralizadoras que a sociedade está a exi-gir. Enfi m, se a riqueza não é maldita, bendito sois vós que ainda acreditam em melhores dias, em nossos Campos dos Goytacazes.

T Vista aérea da cidade de Campos

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izem que o crime não compensa. Mas até essa verdade tida como absoluta pode ser relativa, principalmente

quando se trata de crimes contra a memória de nosso país. Nestes casos especiais, o Ins-tituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) entra em ação, pondo pra valer a lei das “medidas compensató-rias”, e utiliza o dinheiro obtido em multas aplicadas contra infratores em projetos que resgatam nosso passado.

E é em Cabo Frio que está sendo desen-volvido um projeto com verbas oriundas destas multas. Com o nome de “Memória Viva 1, Projetos Contadores de Causos”,

Papi

Pres

s

Resgate da memória

Nilza Conrado, Maria dos Anjos, Manoel Vieira, Penha Leite, Paula Bronstein e Carlota Lopes: a história contada em causos

Renato Silveira resgata parte da história desses municípios e envolve, além do IPHAN, estudantes das universidades Estácio de Sá e Ferlagos, além de pesquisadores e moradores antigos da região.

“A idéia é resgatar as histórias antigas da Região dos Lagos. As inscrições estão abertas até o dia 12 de abril, e o estudante interessado deve procurar um morador que saiba contar uma história local e o orien-tador de sua escolha. Haverá premiação para os três, e os vencedores farão parte de um curta-documentário”, explicou a his toriadora Penha Leite.

Cada universidade selecionará entre os inscritos os 20 melhores “causos”, e o júri fi nal selecionará os três vencedores, que receberão prêmios entre R$ 80 e R$ 500.

O outro projeto tem o nome de “Memó-ria Viva 2, O Futuro do Patrimônio”, e vai envolver estudantes de escolas municipais de Cabo Frio e São Pedro da Aldeia, com idade entre 10 e 14 anos, com o objetivo de

criar um cronograma de ensino que tenha como objetivo a preservação do patrimônio histórico.

Segundo Manoel Vieira, do IPHAN/Cabo Frio, os projetos surgiram através da idéia de uma funcionária terceirizada, que contou que uma vizinha, já idosa, tinha mui-tas histórias para contar, e que elas deviam ser gravadas. Daí, a coisa cresceu de propor-ção, chegando ao “Memória Viva 1 e 2”

“A gente começou a rascunhar o pro-jeto, e ele cresceu a ponto de percebermos que não havia estrutura interna para tocá-lo. Daí surgiu a idéia de levá-lo para um concurso universitário”, explicou.

Para Fernando Modesto, gerente acadê-mico do campus da Universidade Estácio de Sá em Cabo Frio, a participação da instituição nesse projeto é algo mais do que natural.

“Somos uma universidade com campus instalado em Cabo Frio e nada mais correto do que colocarmos os estudantes da região para pesquisarem sobre ela”, afi rmou.

A idéia é resgatar as histórias antigas da Região dos LagosPenha Leite, historiadora

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C u l t u r a

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Guardas da MemóriaA r t i g o

stava com a deliciosa responsabi-lidade de escrever algo para esta revista. Confesso que fi quei alguns

dias martelando em minha cabeça o que eu poderia escrever. Então deixei que o tempo e o meu dia a dia me empurrassem até o meu futuro texto. Não demorou muito e lá estava eu com dezenas de fi tas cassetes ouvindo depoimentos dos anti-gos moradores de Cabo Frio. Neste ins-tante me vieram à memória alguns anos atrás, quando acompanhando a equipe da Una Cultura do saudoso a mi go Marcio Werneck, me iniciei no saboroso caminho dos registros orais e fotográfi cos de Cabo Frio e de toda Região dos Lagos. Lá se vão um pouco mais de vinte anos.

Fita no gravador e uma saudade tão imensa da-queles personagens me contagiaram: Dona Tina, Moisés Valentim, Chico Dedé, Oswaldina e Gentil Faria, Octa-cílio Ferreira e seus irmãos, Augustinho Mergulhão, Dona Lira Peroba, Dona Baby, Chico de Gino e tantas outras centenas de personagens cabo-frienses que nos ajudaram a registrar através de suas memórias a história contempo-rânea de nossa cidade. Quantos fatos surpreendentes e interessantes nos foram passados e que nos enriqueceram com a pura sabedoria popular. Quantos anos levamos garimpando esta cultura hoje adormecida pelos cantos da cidade, que correm o sério risco de cair no esque-cimento para sempre, nesta Cabo Frio que teima em crescer sem querer olhar o passado e ter responsabilidade com ele. Cabo Frio às vezes me parece uma ado-lescente rebelde sem causa, que acredita fi elmente que o passado realmente está fora do contexto.

Às vezes me pergunto: Quando os poucos multiplicadores de cultura popu-lar serão lembrados e valorizados nesta cidade praiana?

Há pouco mais de vinte anos passa-dos, Cabo Frio teve um grupo de pessoas que se preocupou em registrar para o futuro, que hoje nos chega, a história desta gente simples, que nos falaram de festas populares, dos tabus alimentares,

do lobisomem, dos carnavais, dos Liras e Jagunços, das parteiras, dos namoros, da Folia de Reis, da Folia do Divino, das brincadeiras de crianças, dos banhos de praia, das procissões de Nossa Senhora de Assunção, São Benedito, Nossa Se-nhora dos Navegantes, do secular Bairro da Passagem, do São Bento e do Itajuru e de sua Fonte, dos tipos populares como, Julião, Semana, Teteca, Otília, Eva bate-lão, Democa, Codorna e Joel Bananeira e tantos outros personagens e fatos que nos foram narrados, tudo registrado nas fi tas, nas fotos, nos objetos, nos apetrechos de pesca e nos textos que hoje estão nos ar-quivos da Una Cultural, no meu modesto arquivo e nas obras do saudoso Antonio de Gastão, que o folclorista Celinho

com tanto carinho e dedi-cação foi cuidadosamente juntando peça por peça e com sua prematura morte o acervo fi cou sob meus cui-dados e de Dolores Tavares e hoje este patrimônio da Arte Popular, talvez o

único que a cidade possua, faz parte do acervo cultural de Cabo Frio.

Quantas coisas foram acumuladas nestes anos todos. Mas e hoje que destino estas riquezas tiveram?

O acervo da Una Cultural encon-tra-se sob os cuidados de Penha Leite, guardado com todo zelo no sótão de sua casa no Bairro do São Bento, esperando com toda paciência do mundo (haja pa-ciência) que algum dia Cabo Frio acorde e comece a valorizar o seu patrimônio cultural, material e imaterial e, de uma vez por todas faça com que este acervo primoroso chegue ao conhecimento de todos os habitantes desta cidade.

A história seja ela oral, escrita, foto-gráfi ca ou material, em muito nos serve para enriquecermos intelectualmente. A história e as estórias não foram feitas para engordarem traças e cupins.

Estas relíquias de garimpo produzidas por mim e pela Una Cultural não podem simplesmente desaparecer aos olhos da comunidade cabo-friense, isto seria uma falta de respeito com o nosso passado, uma burrice imperdoável com o presente e um erro irreparável com o futuro.

EMeri Damaceno*

Quantos anos levamos garimpando esta cultura hoje adormecida pelos cantos da cidade

Meri Damaceno - Memorialista.E-mail: [email protected].

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47CIDADE, Abril de 2008

Livros

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Musicoterapeuta cabo-friense lança livro de Educação Musical

47CIDADE, Abril de 2008

Octávio Perelló

O musicoterapeuta, mestre em educa-ção musical e compositor cabo-frien-se José Henrique Nogueira acaba de lançar Educação Musical – Prá-ticas e refl exões: caminhos do fazer musical nas escolas do Rio de Janeiro dos anos 30 aos dias atuais (Booklink, 2008, 72 páginas). O lan-çamento foi em 24 de março no

Espaço Rio Carioca, em Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Tendo acumulado vasta experiência em musicoterapia clínica e na área musical, nos anos 90, José Henrique Nogueira implantou a música no Hospital Nise da Sil-

veira (antigo Hospital Psiquiátrico Pedro II), que abriga o Museu do Inconsciente. Aproveitando a oportunidade do lançamento deste novo título, a editora relançou O bebê e a música, também de autoria de José Henri-que Nogueira, com orelha escrita por ninguém menos do que Bia Bedran. Em sua trajetória, José Henrique lecionou durante dez anos a disciplina Música na Educação no curso de pedagogia da Universidade Católica de Petró-polis. Segundo Ermelinda A. Paz. Zanini, professora de percepção musical da UFRJ e livre-docente da UNIRIO, a obra de José Henrique Nogueira “denota a grande importância que o autor atribui à Educação Musical ativa, contribuindo sobremaneira para aprofundar os estudos de pedagogia musical”. Vale a pena conferir!

Entre lançamentos de livros, palestras, debates e recitais, a 18ª Semana Teixeira e Sousa rememorou a trajetória do es-critor nascido em Cabo Frio no século XIX, tema central de teses que reivindicam seu pioneirismo como romancista nacional. Entre outros destaques, o lança-mento de Diabetes: Inimigo Oculto, do jornalista, escritor e roteirista José Louzeiro, e História do Cavaquinho no Brasil, do maestro Ângelo Budega. Há duas décadas fomentando o debate e a cria-ção literária, esta edição fi cou devendo o concurso literário. Talvez uma boa oportunidade de repensar seus propósitos e relançá-lo com o que sempre faltou: um projeto editorial, a exemplo da Niterói Livros, que há seis anos vem publicando os autores premiados em concur-sos promovidos pela Prefeitura da cidade. Porém, uma chama se manteve, a de estimular a leitura. E isto é o que mais recomendamos.

Glórias que o preconceito não desfaz

Repórter e redator de O Globo, diretor revolucionário do JS por mais de vinte anos, Mário Filho teve importante atua-ção, nos anos de 1948 e 1949, no in-centivo à construção do Maracanã, que em setembro de 1966 fez jus ao homem ao ser batizado com o seu nome. Filho e pai de jornalistas e escritores, entre estes o monstro Nelson Rodrigues, Mario Filho nos legou aquele que é considerado um clássico da sociologia esportiva. Trata-se de O negro no futebol brasileiro (Mauad, 2003, 344 páginas), que nos reaviva a memória para a atuação de alguns dos primeiros craques negros e mulatos do futebol nacional. Nesta edi-ção um Caderno Especial traz a trajetória do autor, assinada pelo jornalista Mario Neto, e fotos destes personagens histó-ricos de nosso futebol, com seus perfi s assinados pelo historiador Gilberto Agos-tino, e, como se não bastasse, a capa é assinada pelo artista plástico Rebolo, ex-jogador de futebol que, como pintor traçou pioneiramente na arte brasileira uma cena de jogadores de futebol: um negro driblando o próprio Rebolo auto-retratado.

Um olhar de fora e visceralmente irmanado

Fruto da identidade cultural fron-teiriça, tendo um pé na África, a cabeça em Portugal e os sentimentos no Brasil, o angolano José Eduardo Agualusa lança mais um olhar reve-lador sobre uma Lusofonia que não quer calar-se em O dia em que Zumbi tomou o Rio (Gryphus, 2002, 296 páginas). Durante o processo de criação do livro o autor fez várias entrevistas em favelas ca-riocas. O resultado é uma história em que a guerra civil não-declarada entre o crime organizado e o restante da população carioca recebe um estranho ex-coronel do Ministério da Segurança de Estado de Angola, que trocou seu país pelo Brasil ao fugir das tormentas do amor e da memó-ria, e se empenha em preparar esse dia em que Zumbi, o mítico herói do Quilombo dos Palmares, voltou para tomar o Rio. Para completar a trama, um jornalista se lança na fervura dos morros cariocas em busca de respostas e perguntas que poucos se atrevem. Leitura bastante oportuna para os dias atuais.

18ª. Semana Teixeira e Sousa

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48 CIDADE, Abril de 2008

P o n t o d e V i s t a

ERNESTO LINDGREN é sociólogo

Brincalhões

á coisas que se en-tende e outras não. O que aconteceu em

Búzios dá pra entender. Construíram casas ao lon-go das praias, havendo becos entre algumas para a passagem de turistas e visitantes. É coisa de brin-calhões sendo previsível a escalada de confl itos.

Dá pra entender se alguém diz “Com o canal de 300 metros de largura embaixo da nova ponte em Cabo Frio, a mudança da água na lagoa de Araruama ocorrerá em um ano”. Não é proibido praticar “achologia”, mas quem a pratica é brincalhão.

Por considerar assunto de seguran-ça nacional, a Presidência da Repúbli-ca se nega a informar o que a fi lha do Lula comprou usando um cartão cor-porativo. Dá pra entender: não faltam brincalhões no governo, destacando-se os do movimento “Bolssa Nova”

Dá pra entender: expansão da base monetária americana, redução da taxa de juros, expansão do crédito, desvalo-rização do dólar, aumento do preço do barril de petróleo. Com um PIB de 15 trilhões de dólares os brincalhões usam moeda que se considera podre, mas que só eles podem imprimir. Compram ouro e platina ignorando o euro.

Mas há coisa que não dá pra en-tender. Paulo José de Queiroz Burle plantava coqueiros em sua fazenda no atual Bairro das Palmeiras, Cabo Frio e em 1949 criou o loteamento Jardim Mutapá. Beirando a lagoa havia a Praia da Mata da Figueira com 17 metros de largura e a Rua da Praia com 16. O terreno fi cava 20 a 30 centímetros acima do nível da lagoa. Um trecho da rua e da praia foi coberta por um aterro com 80 metros de largura e 400 de extensão e é evidente que a lagoa não recuou o que elevaria o nível do Oceano Atlântico provocando inun-dação na África! A água se infi ltra,

retornando ao limite natural. A maioria dos lotes foi aterrada e as casas cons-truídas a partir da metade de um lote na direção do fundo onde a elevação está um metro e meio acima do nível da lagoa. A água da chuva é fi ltrada no solo arenoso formando um lençol freático e em alguns lugares pode ser bombeada e tratada para uso em ba-nheiro e em piscina. Dispõe-se de mais de um metro de solo seco onde instalar fossa céptica para esgoto sanitário, fi ltros e sumidouros. A partir destes se instalam tubos de plástico perfurados acompanhando o declive do lote na direção da lagoa. Outros lotes foram aterrados, mas seus níveis fi caram 50 centímetros acima do da lagoa.

Recentemente outro aterro foi fei-to, sobre ele construída uma avenida, pressionando o antigo aterro e a água sob ele, fazendo-a afl orar. Não dá pra entender: não há, e provavelmente não será instalada, tubulação para coleta de esgoto sob a avenida e ignorando as condições do solo, brincalhões estão demolindo casas e em seus lugares construindo quatro, seis, quatorze casinholas, com fossas em 40 centí-metros de solo úmido. Não há espaço para fi ltros, sumidouros e em pouco tempo as casas se tornam inabitáveis. Um espanto!

HErnesto Lindgren

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49CIDADE, Abril de 2008

ALERJ tem novo corregedorO deputado Luiz Paulo (PSDB) foi eleito, no dia 12 de março último, o novo corregedor da Assembléia Legislativa do Rio (ALERJ). Eleito por quase unanimidade – 50 votos a favor e uma abstenção, do próprio – o tucano concorreu em chapa única para um mandato de um ano. O deputado Comte Bittencourt (PPS) foi eleito corregedor substituto com o mesmo placar.

Hugo Acero em MacaéDepois de ser apontada como a cidade mais violenta do Estado, de acordo com dados de pesquisa feita pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla), Macaé recebeu no dia 31 de Março, a visita do sociólogo e ex-secretário de segurança pública da Colômbia, Hugo Acero, um dos maiores especialistas do mundo em segurança pública.O ex-secretário veio a Macaé para ver de perto a situação do município que vem sofrendo com o aumento da criminalidade nos últimos anos. As ações de combate a violência feitas durante suas gestões como secretário, foram apresentadas em palestra no Hotel Comfort, na praia dos Cavaleiros.

PSDB e PV se unem no Rio O deputado estadual Luis Paulo Correa da Rocha (PSDB) será mesmo candidato a vice-prefeito do Rio de Janeiro na chapa que traz o deputado federal Fernando Gabeira (PV) como prefeito. A notícia acaba de ser dada pelo próprio Gabeira que veio à Alerj e se reuniu com Luis Paulo na sala da Liderança do PSDB.

Feira de Responsabilidade SocialNos dias 13, 14 e 15 de maio de 2008, das 14h às 21h, a revista VISÃO SOCIAL (www.visaosocial.net) e seus parceiros estarão realizando no Centro de Convenções Jornalista Roberto Marinho (Macaé Centro), na cidade de Macaé (RJ), a Feira e o Fórum de Responsabilidade Social Empresarial Bacia de Campos, envolvendo os municípios produtores

Martinho Santa Fé Editor da Revista Visão Social

Dia da ÁguaAlunos da rede pública de diversos municípios da Região dos Lagos particiaram de atividades de monitoramento das águas da lagoa de Araruama no Dia Mundial da Água.

Bacurau: beleza e renda com sementes do BrasilDuas vezes por semana, mulheres de Quissamã se encontram para fazer colares e brincos, onde são usadas combinações de materiais pouco usuais, como casca de coco e sementes de jubati, jarina e açaí. O projeto Bacurau Biojóias é uma vertente de trabalho que tem a produção associada ao turismo rural, desenvolvido no município e tem a fi nalidade de garantir uma renda complementar para as famílias envolvidas na produção. O objetivo é produzir em grande quantidade para fornecer para lojas e shoppings. Atualmente, o grupo tem a capacidade de produzir 2 mil peças por mês.

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Em 2008 mais cinco plataformas entrarão em produçãoA produção média de petróleo e gás da Petrobras em fevereiro, no Brasil, alcançou 2.129.420 barris de óleo equivalente por dia (boe), refl etindo um aumento de 2,3% sobre o volume produzido em fevereiro do ano passado. Em relação a janeiro de 2008, quando foram produzidos 2.117.499 boe/dia, houve um pequeno aumento (0,56%).Em 2008 mais cinco plataformas vão entrar em operação, acrescentando 500 mil barris à capacidade diária de produção da Petrobras: quatro na Bacia de Campos e uma no mar do Espírito Santo. Também no decorrer do ano as cinco plataformas que começaram a produzir em 2007 vão atingir suas capacidades máximas.Considerados os campos do Brasil e do exterior, a produção total de petróleo e gás natural da companhia atingiu, em fevereiro deste ano, a média diária de 2.351.883 barris de óleo equivalente. Esse resultado é 1,5% maior que a produção de fevereiro de 2007 e manteve estabilidade em relação ao volume total extraído em janeiro do corrente ano.

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Papi

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s de petróleo e gás do litoral fl uminense, tendo como tema “O Desafi o da Sustentabilidade”. Encontram-se em fase adiantada de negociações as participações de empresas petrolíferas, de prefeituras da região, das universidades UENF, UFRJ e Estácio de Sá. Também serão convidadas empresas e instituições como o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP), o Sistema Firjan, o Sebrae-RJ, entre outras. A organização da Feira está aberta a empresas e instituições interessadas em participar do evento. Contatos podem ser feitos através do e-mail [email protected] ou pelo telefone (22) 2772-2569.

R e s u m o

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50 CIDADE, Abril de 2008

FARNESEFarnesse de Andrade (1926-1996) nasceu em Araguari/MG e iniciou sua carrreira profi ssional como de-senhista e gravador. Mas, acabou desen-volvendo um universo único, com pinturas e a criação de objetos que compõem uma obra densa e ain-da inexplorada. Pre-miado muitas vezes, acabou praticamente esquecido.

Acervo particuardo empresário Rômulo Melo

Galeria

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