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4. GEOPOLÍTICA 2.4 Caracterização dos sistemas político-econômicos contemporâneos e suas áreas de influência e disputa. 2.9 Os conflitos geopolíticos recentes. 2.12 Cultura e espaço: conflitos étnicos/religiosos/lingüísticos atuais. A questão das nacionalidades. Questão das Nacionalidades Questão do Oriente Médio e Terrorismo Internacional América Latina e Haiti Questão das Nacionalidades O nacionalismo difundiu-se na Europa do século XIX, contestando os impérios multinacionais. As elites nacionalistas lideraram movimentos populares que lutavam pelo estabelecimento de Estados nacionais soberanos. Esses movimentos atingiram seu apogeu no fim da Primeira Guerra Mundial. Os tratados de paz redesenharam o mapa do Velho Mundo, produzindo uma "Europa das pátrias", no lugar da "Europa dos impérios" que desaparecia. Depois da Segunda Guerra Mundial, o nacionalismo transformou-se na bandeira dos movimentos anti-coloniais na Ásia e na África. Da Índia à Indochina e da Argélia às colônias portuguesas na África, os impérios europeus de além-mar sofreram a contestação dos povos que queriam se tornar nações soberanas. A descolonização gerou inúmeros novos Estados independentes, que ingressaram na ONU e conferiram caráter verdadeiramente mundial ao sistema internacional. Mas o nacionalismo não se esgotou. O encerramento da Guerra Fria e a dissolução dos regimes de partido único na Europa centro-oriental abriram caminho para uma nova onda de movimentos nacionalistas, que fragmentaram a Iugoslávia, dividiram a Tchecoslováquia e continuam a gerar tensões em toda a área da Comunidade de Estados Independentes. Os conflitos nacionais formam um dos elementos mais ativos do sistema internacional de Estados. Eles não se circunscrevem ao antigo bloco socialista europeu, mas pipocam também nas democracias ocidentais e no mundo muçulmano. A decomposição da antiga Iugoslávia e o conflito anglo-irlandês ilustram diferentes caminhos seguidos pelos movimentos nacionalistas. A Iugoslávia surgiu como um produto do nacionalismo Sérvio e da decomposição dos impérios que dominavam a região balcânica. No final da Primeira Guerra Mundial, a decomposição do império Turco-Otomano e do império Austro-Húngaro abriu caminho para a formação do Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, que mais tarde se tornaria a República da Iugoslávia. No novo Estado, a elite nacionalista sérvia exercia o poder sobre diversos grupos étnicos e religiosos. As tensões políticas que

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4. GEOPOLÍTICA2.4 Caracterização dos sistemas político-econômicos contemporâneos e suas áreas de influência e disputa. 2.9 Os conflitos geopolíticos recentes. 2.12 Cultura e espaço: conflitos étnicos/religiosos/lingüísticos atuais. A questão das nacionalidades.

Questão das NacionalidadesQuestão do Oriente Médio e Terrorismo InternacionalAmérica Latina e Haiti

Questão das Nacionalidades O nacionalismo difundiu-se na Europa do século XIX, contestando os impérios multinacionais. As

elites nacionalistas lideraram movimentos populares que lutavam pelo estabelecimento de Estados nacionais soberanos. Esses movimentos atingiram seu apogeu no fim da Primeira Guerra Mundial. Os tratados de paz redesenharam o mapa do Velho Mundo, produzindo uma "Europa das pátrias", no lugar da "Europa dos impérios" que desaparecia.

Depois da Segunda Guerra Mundial, o nacionalismo transformou-se na bandeira dos movimentos anti-coloniais na Ásia e na África. Da Índia à Indochina e da Argélia às colônias portuguesas na África, os impérios europeus de além-mar sofreram a contestação dos povos que queriam se tornar nações soberanas. A descolonização gerou inúmeros novos Estados independentes, que ingressaram na ONU e conferiram caráter verdadeiramente mundial ao sistema internacional.

Mas o nacionalismo não se esgotou. O encerramento da Guerra Fria e a dissolução dos regimes de partido único na Europa centro-oriental abriram caminho para uma nova onda de movimentos nacionalistas, que fragmentaram a Iugoslávia, dividiram a Tchecoslováquia e continuam a gerar tensões em toda a área da Comunidade de Estados Independentes.

Os conflitos nacionais formam um dos elementos mais ativos do sistema internacional de Estados. Eles não se circunscrevem ao antigo bloco socialista europeu, mas pipocam também nas democracias oci-dentais e no mundo muçulmano. A decomposição da antiga Iugoslávia e o conflito anglo-irlandês ilustram diferentes caminhos seguidos pelos movimentos nacionalistas.

A Iugoslávia surgiu como um produto do nacionalismo Sérvio e da decomposição dos impérios que dominavam a região balcânica. No final da Primeira Guerra Mundial, a decomposição do império Turco-Otomano e do império Austro-Húngaro abriu caminho para a formação do Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, que mais tarde se tornaria a República da Iugoslávia.

No novo Estado, a elite nacionalista sérvia exercia o poder sobre diversos grupos étnicos e religiosos. As tensões políticas que atravessavam a Iugoslávia explodiram durante a Segunda Guerra Mundial, quando a Alemanha nazista aliou-se com os nacionalistas croatas e ocupou a Sérvia. No pós-guerra, o regime comunista de Tito reconstituiu o Estado, dando-lhe a forma institucional de uma federação de seis repúblicas.

A Iugoslávia federal de Tito foi, por quase meie século, o território comum de inúmeras etnias, cultu-ras, tradições e religiões. Nela conviviam os sérvios, cristãos ortodoxos, e os croatas e eslovenos, católicos. Também compunham a federação os muçulmanos de origem albanesa de Kosovo, da Macedônia e de Montenegro, além dos muçulmanos de origem sérvia ou croata da Bósnia f de Montenegro. A religião islâmica tinha se difundido nos Bálcãs meridionais durante o longo domínio Turco-Otomano, iniciado no século XV.

A desagregação dos regimes comunistas da Europa centro-oriental, em 1989-1990, acendeu o pavio das reivindicações separatistas. A elite comunista sérvia apegou-se a velha bandeira da Grande Sérvia, acentuando as rivalidades nacionalistas que corroíam a federação. As repúblicas da Eslovênia e da Croácia, mais ricas, tradicionais e próximas da Europa Ocidental, declararam a independência e foram, depois, seguidas pela Bósnia-Herzegovina e pela Macedônia.

A desagregação do Estado abriu caminho para a guerra étnica. A presença de minorias sérvias disseminadas pelas repúblicas deflagrou o conflito, que se concentrou principalmente na Bósnia. A guerra da Bósnia (92/95) envolveu exércitos dos três grupos étnicos culturais e produziu massacres e deportações em massa. O conflito encerrou-se após a intervenção de forças da OTAN. O acordo de Dayton, firmanodo nos EUA, transformou a república em uma frágil confederação que reúne uma federação muçulmano-croata e uma república sérvia.

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A fragmentação da antiga Iugoslávia removeu o pilar da estabilidade balcânica alcançada no pós-guerra e gerou cinco Estados - a República da Sérvia e Montenegro, a Eslovênia, a Croácia, a Bósnia e a Macedônia. As tensões nacionalistas, depois da Guerra da Bósnia, transferiram-se para a província de Kosovo, que pertence à Sérvia mas tem maioria demográfica de origem albanesa e religião muçulmana. A formação de uma guerrilha separatista e a violenta repressão do governo sérvio provocaram, em 1999, uma operação de bombardeio aéreo da OTAN contra a Sérvia. Como resultado, Kosovo tornou-se um protetorado militar administrado pela ONU, que continua formalmente a pertencer à Sérvia. Essa região também faz parte de um sonho de unificação nacionalista, a Grande Albânia, que seria formada pelo Kosovo, Albânia e por uma minoria desta etnia na Macedônia.

Atualmente o Kosovo proclamou-se independente gerando uma forte apreensão na região, pois a possibilidade de sucesso dos movimentos emancipacionistas assusta muitos países, como a Inglaterra, França, Espanha, Grécia, Itália e a Bélgica que também enfrentam perigos de secessão. O reconhecimento da independência depende da retirada das tropas de paz da ONU. Essa situação também causa apreensão, agora mundial, após as declarações das superpotências nucleares. Os EUA afirmaram que a região nunca mais pertencerá a Sérvia e a Rússia se pronunciou dizendo que o Kosovo nunca deixará de ser da Sérvia.

Já na Grã-Bretanha, que reúne Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, outro movimento separatista tem atingido sua possessão na ilha irlandesa. Na Irlanda do Norte a minoria católica da identifica-se como parte da nação irlandesa. Essa é a fonte do conflito com a maioria protestante, que se identifica como britânica.

As origens do conflito deitam raízes na invasão inglesa da ilha da Irlanda, no século XII, e na Reforma protestante, que aprofundou o fosso entre os invasores e a população católica irlandesa. No século XIX, com a Revolução Industrial, a imigração de protestantes e a emigração de irlandeses para os Estados Unidos inverteram a composição demográfica das províncias do norte (Ulster), reduzindo os católicos à condição de minoria.

A Guerra Anglo-Irlandesa (1918-1921) encerrou-se com a divisão da Irlanda. As províncias católicas do sul alcançaram a soberania, mas a Irlanda do Norte permaneceu vinculada à Grã-Bretanha. A República da Irlanda inscreveu na sua Constituição a meta de reunificação irlandesa.

Na Irlanda, os católicos representam 93% da população. Na Irlanda do Norte, por outro lado, os protestantes perfazem 54% da população e os católicos, 42%, concentrados principalmente nas províncias ocidentais. Os protestantes, de origem inglesa ou escocesa, apresentam-se como unionistas, defendendo a manutenção da Irlanda do Norte na monarquia britânica. Os católicos, de origem ir landesa, apresentam-se como nacionalistas e republicanos, defendendo a reunificação da Irlanda.

Na década de 1960, o nacionalismo católico irlandês expressou-se por meio de movimentos pacíficos pelos direitos civis. A intervenção britânica, com a ocupação militar iniciada em 1969, conduziu o conflito para um novo patamar. O Exército Republicano Irlandês (IRA) deflagrou uma persistente campanha terrorista. Depois, formaram-se grupos paramilitares unionistas, que conduziram campanhas de terror contra os católicos irlandeses.

A perspectiva de paz deu-se a partir de 1994, com as conversações entre os governos britânico e irlandês e representantes dos partidos católicos e protestantes da Irlanda do Norte. Em abril de 1998 foi assinado o chamado Acordo da Páscoa, baseado em dois princípios: o direito à autodeterminação da atual Irlanda do Norte e o direito da Irlanda de desempenhar um papel institucional nos assuntos da Irlanda do Norte.

O acordo assenta-se sobre um equilíbrio de cessões: os protestantes têm a garantia da manutenção da Irlanda do Norte no Estado Britânico, mas devem aceitar a criação de instituições nas quais se manifeste a influência da República da Irlanda sobre a Irlanda do Norte.

Outra nacionalidade que exige solução para seus problemas são os Curdos. Eles são um povo sem Estado, disseminado por uma ampla faixa do Oriente Médio, que se estende da Turquia ao lraque, do Irã à Síria e à Armênia. São ao todo 26,3 milhões de indivíduos, a maioria dos quais professa a religião muçulmana.

Habitantes de regiões montanhosas, onde preservam suas tradições e sua identidade étnica e cultural, os curdos promoveram diversas revoltas pela independência a partir do final da Primeira Guerra Mundial (19141918). Após 1945, essas lutas se concentraram no Curdistão iraquiano, onde vivem cerca de 4 milhões de curdos.

Com o fim da Guerra Irã-lraque (1980-1988), os governos dos dois países passaram a reprimir duramente as manifestações curdas pró-independência. Em março de 1988, a aviação iraquiana bombardeou

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com armas químicas as cidades do Curdistão na região de Halabja, causando 5 mil mortes e cerca de 5 mil feridos.

Em 1991, os curdos chegaram a assumir o controle de uma parte importante do Curdistão iraquiano. exército de Saddam Hussein ocupou a região, lançando centenas de milhares de refugiados nas estradas. Os países ocidentais decidiram, criar no Curdistão iraquiano uma “zona de segurança" sob o seu controle. Contudo, as lutas entre facções curdas jamais permitiram que se coloca-se em prática um regime de autonomia.

Já na Turquia, os curdos lutam também pela autonomia na região oriental do país, contando para isso, inclusive, com um braço político partido, o PKK. Também são constantes os atentados fundamentalistas que em 2008, se aproveitando da fragilidade iraquiana, invadiram o seu território para atacar posições do exército turco que revidou com ataques aéreos no território vizinho ameaçando inclusive a invasão, o que mantém tensa a região. A Questão do Oriente Médio e o Terrorismo InternacionalHistórico

O problema do Oriente Médio inicia-se a partir do momento em que Maomé unifica , político-religiosamente, os povos da península arábica. Esta Unificação se deu por intermédio de sua religião monoteísta, o Islamismo que pregava preceitos básicos, tais como: Jejuar no mês de Ramada, dar esmolas, rezar cinco vezes ao dia voltado para Meca, ir pelo menos uma vez na vida visitar a cidade sagrada de Meca, fazer a Guerra Santa de conversão dos infiéis, além do mais importante princípio que é a existência de um único deus, Alá.

Após a morte de Maomé seus sucessores, os califas, iniciaram um processo de expansão territorial convertendo vários povos ao Islamismo. Este império dominou a península ibérica, o norte da África, e na Ásia: o Oriente Médio, a Pérsia, o sul da Rússia, o norte da Índia até o Afeganistão. Foi neste momento que surgem as principais seitas islâmicas: os Xiitas e os Sunitas. Os Xiitas acreditam que a única fonte de ensinamentos é o Corão (livro sagrados que consta os preceitos básicos) e também acreditam que somente os parentes de Maomé é que devem governar o povo muçulmano por intermédio de um Estado Teocrático. Já os Sunitas acreditam que além do Corão outra fonte doutrinária seria o Suna (livro dos atos, das interpretações doutrinárias e das pregações de Maomé), acreditando também que o governo deveria ser entregue a aristocracia dominante (quem tem melhores condições econômicas e políticas para este fim).

Questão palestinaCom a desintegração do império Islâmico, após o século XV, profundas divergências surgiram entre

os países muçulmanos e a maior perda foi a criação do Estado de Israel (1948/49) na palestina ocupando a faixa de Gaza dos egípcios, a Cisjordânia da Jordânia e as Colinas de Golã da Síria durante a Guerra dos 6 Dias (1967), além de expulsar ou marginalizar seus crentes muçulmanos.

Em 1964 é fundada a Organização para a Libertação da Palestina, a OLP, pelo líder Yasser Arafat, que pretendia a criação do Estado palestino, por intermédio inclusive de ataques terroristas. Em 1973, durante a crise do petróleo, no dia do perdão, o Yom Kippur, a Síria, o Egito e a Jordânia tentam um outro ataque fracassado para a reconquista de seus territórios, aumentando ainda mais a crise do petróleo.

O ano de 1975 será marcado pela opção da OLP em abandonar as armas e iniciar a luta política. Esta opção vai provocar um racha no movimento fazendo surgir entidades que não abrem mão da luta armada, como é o caso da FPLP (Frente Para a Libertação da Palestina), o MPLP (Movimento para Libertação da Palestina) e o mais famoso destes grupos o Hamas.

Outro conflito de grandes proporções foi a guerra entre Irã e Iraque que com apoio dos EUA e sob a liderança de Sadam Hussein, invade o Irã logo após sua revolução xiita. A guerra entre 1980 e 1988 promoverá mais uma crise do petróleo e deixará explicito as divergências internas entre os muçulmanos, que disputam a hegemonia entre si promovendo uma forte divisão e facilitando a dominação israelense.

O ano de 1982 também é muito importante no histórico deste impasse, quando, sob o comando de Ariel Sharon, o exército israelense promove o massacre nos campos de refugiados palestinos de Sabra e Chatila, no Líbano. Em 1987 inicia-se a primeira Entifada, confrontos diretos entre palestinos e judeus nas ruas das regiões ocupadas pelos palestinos.

O ano de 1991 será marcado pela invasão iraquiana ao Kwait gerando uma guerra entre os EUA e seus aliados pela libertação do país invadido. Esta guerra, conduzida por Bush pai, promoverá mais uma crise

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do petróleo e terminara com a derrota de Sadam Hussein, além da imposição de um forte bloqueio econômico sobre o Iraque.

Em 1999, sob a tutela do presidente dos EUA, Bill Clinton, Yasser Arafat e Isaac Rabin assinam o acordo no qual os dois acertam a criação do Estado da Palestina. No ano seguinte será assassinado o líder israelense Isaac Rabin por um militante ortodoxo, demonstrando toda dificuldade que a paz enfrenta nesta região. No ano de 2004 morrerá o grande líder palestino Yasser Arafat, após um longo cerco do exército israelense ao seu quartel general de onde sai para se tratar de uma doença, até hoje não identificada ao certo, em Paris onde irá falecer. Neste período uma absurda reação do governo israelense é a derrubada das casas dos familiares dos terroristas fundamentalistas palestinos, além de bombardear e matar líderes xiitas acusados de insuflar a resistência a Israel.

No ano 2000 inicia-se a segunda Entifada, agora durante o Governo do primeiro ministro Ariel Sharon que inicia a construção de um murro nos territórios ocupados e iniciado a derrubada das casas dos militantes terroristas e os ataques preventivos com mísseis aos líderes dos grupos islâmicos radicais. Embora suas primeiras medidas tenham sido radicais, Ariel Sharon, promoveu a retirada dos colonos judeus de todos os assentamentos na Faixa de Gaza e quatro dos 120 na Cisjordânia, além de paralisar a construção do murro nos territórios palestinos. O receio dos palestinos é que esta atitude signifique um maior controle israelense sobre a Cisjordânia e Jerusalém Oriental (a porção muçulmana da cidade).

Outro foco de tensão se desenvolveu após a vitória nas eleições parlamentares do Hamas, grupo radical que não admite o reconhecimento do Estado de Israel, elegendo assim o primeiro ministro. A vitória do Hamas é atribuída as denuncias de corrupção e a inoperância do governo do Fatah em trazer soluções as necessidades imediatas da pobre população palestina. A divisão interna entre o Hamas e o Fatah, que possuí a presidência da autoridade palestina, tem gerado conflitos e mais atentados que podem levar a uma verdadeira guerra civil. Outro momento tenso ocorreu em 2006, quando os israelenses invadiram uma prisão palestina na Faixa de Gaza para capturar 6 presos palestinos acusados de terrorismo e que estavam sob a guarda da autoridade palestina.

Embora a situação esteja muito tensa, tanto entre judeus e palestinos, quanto entre os próprios palestinos, ainda no ano de 2006, vimos uma centelha de paz quando médicos e cientistas israelenses e palestinos se uniram e fizeram uma grande campanha na Faixa de Gaza e na Cisjordânia para a prevenção da gripe aviária, pois, alguns casos foram registrados nesta região tão carente de infra-estrutura.

Hoje os palestinos estão ainda mais divididos, e isso se verifica na separação política entre os territórios palestinos. O Fatah, com o apoio israelense, se apoderou da Cisjordânia, enquanto a Hamas manteve o controle da Faixa de Gaza.

Na Faixa de Gaza, o Hamas iniciou uma série de lançamento de mísseis às cidades israelenses limítrofes, produzindo uma reação imediata do exército judeu que fez um cerco que impedia a entrada de bens, alimentos e até remédios. A crise gerada na Faixa de Gaza fez com que os palestinos derrubassem o murro que os separa do Egito para buscar auxílio, reerguido depois por imposição israelense.

O último episódio dessa atual crise foi o acordo de paz firmado entre os dois lados e que tem duração estipulada de seis meses.

LíbanoDe 1975 a 1989 explode a guerra civil no Líbano devido as divergências entre os vários grupos

étnico-religiosos, a presença de refugiados palestinos e a luta direta entre Israel e Síria pelo controle político da região.

Em junho de 1982 foi iniciado um ataque decisivo para promover uma limpeza étnico-militar no sul do Líbano paa se estabelecer uma zona de segurança com o massacre de refugiados palestino (Sabra e Chatila) e destruir o OLP, porém somente se consegui fazer um cerco a Beirute. A resistência Xiita nos bairros de Beirute, inclusive com ataques suicidas de homens bomba, acabam por impor a retirada do exército israelense.

A formação do governo pós-ocupação possuiu a seguinte configuração: a presidência ficou com os cristãos maronitas, o 1º ministro nas mãos dos sunitas, deixando os Drusos e os Xiitas de fora do controle político do Estado libanês, que tem um governo corrupto e clientelista. Porém aos Xiitas do grupo Hezbollah, que se tornou partido em 1992 (embora não abra mão da luta armada contra os judeus), foi entregue o controle da região sul na divisa com Israel. Esta é a região do Líbano que mais se desenvolveu em termos de distribuição de renda e auxílio a população carente por intermédio de políticas de assistência social, educação e infra-estrutura

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No ano 2007 o Líbano foi novamente atacado pelo governo Israelense após a prisão de soldados israelenses no sul do Líbano pelo Hezbollah. Estes ataques visavam diminuir a força militar do grupo xiita e um aviso a inimiga Síria que é acusada por efetuar os atentados terroristas que mataram importantes líderes políticos cristãos pró-ocidente no Libano.

No meio do ano de 2008, iniciaram-se uma série de acordos visando a paz. Primeiro foram trocados os restos mortais dos soldados israelenses seqüestrados no fim do ano de 2007 pelos restos mortais de prisioneiros do Hesbollah, além da libertação de 5 guerrilheiros palestinos. Em seguida, foi liberado para o retorno ao sul do Líbano, um ônibus com vários guerrilheiros.

Doutrina BushUm fato histórico determinante para o aumento da tensão EUA e os fundamentalistas islâmicos foi o

atentado de 11 de setembro de 2001 nos EUA. A reação do presidente republicano George Bush foi a invasão do Afeganistão e a derrubada da guerrilha Talibã do poder, empreendendo uma caça, até agora mal sucedida, ao líder do grupo terrorista Al-Qaeda, Osama Bin Labin. O segundo passo desta chamada guerra preventiva ou doutrina Bush, foi a invasão do Iraque em 2004.

A guerra declarada pelos EUA foi uma demonstração de desrespeito ao princípio de multilateralidade do Conselho de Segurança da ONU e apoiado pela Inglaterra e pela Espanha. O falso motivo, alegado pelos EUA, era a produção de armas químicas e biológicas pelo governo de Sadam Hussein.

A guerra é rápida embora tenha produzido mais uma crise do petróleo no período que lhe antecedeu e provocou uma ocupação militar marcada por atentados diários e pela morte de muitos soldados norte-americanos além de milhares de civis iraquianos e de outras nacionalidades, inclusive o embaixador brasileiro Sergio Vieira de Melo, vítima de um atentado, além de centenas de outros. A situação atual é de uma guerra de guerrilha que já é responsável pela morte diária de quase cem pessoas por dia, aumentando para próximo de duzentas pessoas nos dias em que se comemora o início da ocupação ou o assassínio de Sadam Houssein.

A grande dificuldade agora é a consolidação do novo governo eleito e comandado por uma maioria xiita com o apoio dos curdos e que enfrenta forte oposição dos sunitas, a minoria da população que dominavam o Iraque na época de Sadam. Como se a auto afirmação do governo não fosse já um grande problema, existe ainda a falta de consenso sobre a nova Constituição e, para aumentar a instabilidade o apoio a intervenção estadunidense vem de inimigos históricos, os xiitas.

Outro foco de tensão no oriente próximo é o Paquistão, a única potência nuclear muçulmana. Após seis anos de ditadura, o presidente Pervez Mushara convocou eleições presidenciais e parlamentares, permitiu o retorno de Benazir Buto, que havia sido expulsa do poder por ele próprio através de um golpe de estado alegando corrupção no governo da premier Benazir.

Em seguida a sua chegada, Benazir Buto foi morta em um atentado fundamentalista e as eleições deram vitória ao presidente Pervez Mushara e, no parlamento, deu vitória para os grupos fundamentalistas. Após a posse, pressionado pela oposição e acusado de corrupção, o presidente renuncia. A guerrilha fundamentalista tenta a chegada ao poder para assim ter acesso a tecnologia nuclear, enquanto os EUA tentam manter um governo aliado.

4.1 A América Latina e o Haiti A história da América como continente já inserido no sistema capitalista se inicia com a chegada dos

“colonizadores” europeus. O interesse desta invasão era utilizar este continente como mercado consumidor de produtos manufaturados europeus e de fornecedor de produtos tropicais, de minérios e de matéria-prima.

O período colonial foi marcado pela exploração metropolitana das riquezas naturais e do trabalho aqui aplicado, pois a função da colônia é produzir riqueza para os países de centro complementando a economia destas antigas áreas metropolitanas.

Na virada do século XVIII para o XIX iniciaram-se os processos de independência da América. Guiados pela independência dos EUA que propagou os ideais burgueses do iluminismo e do liberalismo, que tão bem representavam os interesses da revolução industrial. A necessidade da abertura dos mercados, principalmente do imenso mercado dos atrasados países ibéricos, era uma imposição do processo de transformação do capitalismo. Desta forma aconteceram nossas independências.

O segundo processo americano de independência se verificou no Haiti, colônia francesa que melhor produzia rapaduras, e que havia iniciado sua mobilização popular com inspiração nos ideais liberais. A princípio os negros lutavam pelo fim da escravidão, porém, com o tempo, a luta evoluiu para a tentativa de independência, produzindo heróis como Touinssant e Dessalines. A independência do Haiti foi um marco na história do continente por ter sido o único processo de libertação popular, ocorrido em 1806.

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O maior problema veio depois da independência, quando o país não possuía a menor qualificação para as responsabilidades de um Estado independente e inserido no contexto capitalista industrial. Para piorar a situação o Haiti sempre contou com o apoio estadunidense durante os dois séculos de sua “soberania”.

Mantendo o modelo agrário exportador como as demais colônias latino-americanas, atravessou estes dois séculos, governado por ditadores corruptos e com hábitos faraônicos. O último deles foi Baby Doc, derrubado na década de 80 quando se inicia a nova república presidencialista e democrática do Haiti. O primeiro presidente eleito o padre Jean Bertrand Aristide, ligado a esquerda e aos fracos movimentos sociais, foi derrubado por um outro golpe militar. Porém em um novo momento de redemocratização surge um fato raro na história haitiana: um presidente eleito termina seu mandato sem levar um golpe de estado, seu nome é René Preval.

O Haiti não consegue superar seus sérios problemas que vão da corrupção crônica no aparelho do Estado a desestruturação geral de seu sistema de infra-estrutura e da atividade produtiva gerando um bolsão de pobreza e miséria capaz de explodir a qualquer momento.

Sendo assim o Conselho de Segurança das Nações Unidas determinou uma missão de paz chefiada pelo Brasil que se iniciou em 2003. A ação da ONU é bastante questionável, pois, o Haiti precisa, mais que um policiamento ostensivo, é de investimentos externos para a geração de empregos e estruturação do sistema produtivo com a garantia de compra de seus produtos pelos países ricos e em desenvolvimento.

O último grande momento de tensão vivido pelo Haiti foram as eleições presidenciais do mês de março de 2006 quando o candidato e ex-presidente René Preval venceu as eleições e o governo interino tentou levar as eleições para o segundo turno. Porém, uma grande mobilização popular, inclusive após a descoberta de urnas no lixo, pressionou o governo até o reconhecimento da vitória de René Preval.

A história da América latina após o início do século XIX também será marcada pelo processo de independência que manterá as estruturas agrárias exportadoras com a propriedade das terras concentradas nas mãos de uma elite oligárquica que produzirá o surgimento de governos conhecidos por Caudilhos e no Brasil por Coronéis, que detinham o poder local por intermédio da manutenção de uma política clientelista, trocando votos por favores e ainda exercendo o poder de polícia local.

Outro fator que não pode ser deixado de lado é o poder imperialista estadunidense que se forma, ainda no início do século XIX, em toda a América. Com a Doutrina Monroe e sua máxima “A América para os americanos” iniciou-se um processo de dominação dos mercados latino-americanos por intermédio de uma falácia que foi a maior integração do continente. Enquanto mandávamos produtos primários, como sempre, exportávamos, agora desta vez, produtos industrializados.

Durante o século XX as estruturas sofreram uma mudança com o processo de industrialização e urbanização que, é lógico, atenderam os interesses das empresas multinacionais que se alastravam por toda a América latina. No campo se mantinham as estruturas sociais, econômicas e políticas do século anterior. O clientelismo nas cidades evoluiu para uma forma de governo que receberá o nome de populismo. Esta nova forma de administração do Estado será influenciada pelo fascismo da década de 30, difundindo o paternalismo governamental e se alternando no poder com ditaduras ora civis, ora militares. Durante o século XX haverá sempre momentos, embora menores, de governos nacionalistas que foram de eleitos ou até mesmo ditatoriais.

Já no século XXI, a América latina é tomada por uma corrente populista e nacionalista que tem a noção da importância de uma maior integração da região e que mantém uma postura crítica a respeito da fidelidade cega aos EUA, nosso parceiro tradicional. Existe, e tem que ser levado em consideração, o problema dos personalismos, característicos do fenômeno populista, e que tem atrapalhado uma integração mais rápida devido a algumas disputas veladas pela liderança da região.

A seguir citaremos alguns países latino-americanos que se destacam nas questões de maior relevo geopolítico para o processo econômico e político regional e internacional:

A Argentina de Kirchner, que estava falida no ato de sua posse, após romper com o FMI e ameaçar com uma moratória de quatro horas, conseguiu um acordo muito favorável aos interesses nacionais com a redução de até dois terços da dívida em alguns casos. Os elevados índices de crescimento econômico foram cruciais para encaminhar soluções às graves seqüelas sociais deixadas pela crise.

Porém o rápido desenvolvimento econômico sem investimentos em infra-estrutura, principalmente no setor energético, gerando um apagão elétrico que chegou a diminuir o fornecimento de gás natural boliviano para o Brasil para que se socorresse a necessidade Argentina.

Outro fato político importante foi a eleição, em primeiro turno, da esposa do presidente Kirchner, a senadora Cristina Kirchner, primeira mulher eleita na história. Seu discurso é contrário aos órgãos de crédito internacionais e demonstra preocupação com a situação de infra-estrutura que estrangula a economia platina.

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Porém as coisas não andam muito bem. A Argentina tem sido sacudida por protestos de pecuaristas por causa, primeiro da tentativa de aumentos dos impostos (retenções), e por último pela tentativa de tornar os impostos de importações flutuantes para que aumentem conforme aumentares os preços das commodittes, o que não foi aprovado pelo parlamento argentino. Outra acusação que pesa sobre o governo é a manipulação dos índices de inflação para baixo para tentar esconder os efeitos da crise.

No Uruguai a vitória em 2005 do candidato ligado aos movimentos sociais urbanos e a esquerda, Tabaré Vasquez, foi um marco em sua história, pois ele derrubou do poder os dois partidos que se alternavam no poder desde a independência no século XIX. O partido Blanco e o Colorado são compostas pela elite rural que é responsável por manter o Uruguai ainda sem um desenvolvimento urbano e industrial acentuado. A esperança do novo governo é conseguir um processo de modernização conciliado com uma boa distribuição de renda.

No Chile, a vitória da candidata do governo, Michelle Barchelet, foi uma quebra de preconceitos, pois além de ser mulher é uma intelectual de esquerda, divorciada, perseguida, presa e torturada pela ditadura militar sangrenta de Pinochet. A preocupação maior de seu governo será também a má distribuição de renda que também assola o país mais estável da América do Sul. Durante sua posse, a presidenta do Chile afirmou que apóia as pretensões brasileiras para a vaga no novo Conselho de Segurança da ONU.

Na Bolívia, no fim do ano de 2005, a América assistiu a primeira vitória da história de um presidente índigena, Evo Morales, presidente do sindicato dos cocaleiros que venceu as eleições no primeiro turno com 53,7% dos votos e conseguiu formar uma base parlamentar que se aproxima da maioria do parlamento, o que facilitará bastante seu governo.

Eleito pelos movimentos sociais, sindicatos de trabalhadores urbanos e rurais, intelectuais de esquerda, estudantes e associações de moradores. A Eleição de Evo Morales na verdade foi a explicitação das contradições internas de um país que não possui uma classe média forte e sim uma massa miserável sempre alijada do poder e de seus direitos básicos, mantendo assim um dos mais baixos IDHs da América latina.

Em sua primeira viagem ao exterior, antes da posse que foi tomada com trajes indígenas. Seu discurso nacionalista a princípio gerou um impacto em nosso país. Sua proposta de nacionalização do petróleo e do gás natural afeta o Brasil diretamente, pois a Petrobrás é quem detém o monopólio do refino e da distribuição de 100% do petróleo e de 75% do gás natural, setor onde a Petrobrás muito investiu para fazer o gasoduto Brasil-Bolívia.

A tendência, segundo especialistas, é que a situação de impasse quanto ao petróleo e o gás natural evolua para uma parceria entre governo boliviano e a Petrobrás, pois a Bolívia não tem condições para o processamento do petróleo e seus derivados. Alem da possibilidade de acordo com a Petrobrás, a Bolívia busca novas parcerias com a venezuelana PDVSA tentando evitar parceria fora da América latina reforçando o discurso de integração regional do presidente Evo Morales.

Hoje o governo boliviano enfrenta uma forte oposição dos meios de comunicação, da elite local e dos interesses estadunidenses. A saída para o Governo de Evo Morales é o processo constituinte que esta acontecendo dentro de seu parlamento e que pretende modernizar a estrutura jurídica e defender os interesses bolivianos através da nova carta constitucional.

Essa nova Carta Constitucional foi aprovada em Sucre em uma sessão dentro de um quartel general devido a forte oposição que as elites bolivianas lhe fazem. Esta oposição consequiu por intermédio de plebiscitos ampliara a autonomias de seus estados e agora falam em separatismo dos departamentos (estados) mais ricos.

Após uma série de protestos nas regiões controladas pela oposição, que terminaram, a maioria deles, em distúrbios, o presidente Evo Morales convocou um referendo onde obteve mais de 65% dos votos e mesmo assim os distúrbios não cessaram. O último momento de tensão ocorreu no departamento de Pando, onde, de acordo com o governo boliviano, o governador insuflou um grupo de traficantes e militantes da oposição para atirarem em manifestantes camponeses que apóiam Evo Morales. O governo prendeu o prefeito do departamento de Pando e alguns de seus seguidores fugiram para o Brasil.

Na Venezuela temos o maior inimigo dos estadunidenses no poder na América do Sul. Hugo Chaves venceu as eleições e governa pelo segundo mandato consecutivo. Dentre os fatos mais importantes do primeiro mandato estão: o fechamento da corte suprema e a substituição de seus juízes; o fechamento do congresso e as eleições parlamentares gerais que deram maioria para o governo; a nova constituição do país; a briga direta contra as multinacionais do petróleo após a estatização de refinarias, e que se estendeu a toda a oposição, incluíndo a elite local, a mídia e o próprio governo Bush.

A nova constituição deu direito a Hugo Chaves de concorrer a mais uma eleição e em seu segundo mandato o primeiro problema foi a tentativa de golpe (financiada pelos EUA e apoiada pela RCTV e por

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outros governos, inclusive a Espanha) imposta pela oposição a seu governo. A contra reação de Chaves contando com amplo apoio popular e das forças armadas detém o movimento golpista. Em seguida teremos o referendo, previsto pela constituição para definir a conclusão do mandato. As denuncias de fraude, feitas sempre que são realizadas eleições na Venezuela, também foram à tônica das críticas da oposição que chegaram a boicotar as eleições parlamentares de 2005, que, mais uma vez, deram a vitória aos partidários de Chaves.

Um outro momento tenso entre a Venezuela e os EUA foram a expulsão dos diplomatas. Iniciada pela Venezuela que expulsa um capital da marinha estadunidense acusando-o de espionagem e em seguida os EUA expulsarão uma diplomata venezuelana acusando-a do mesmo.

O ano de 2007 foi muito intenso para a história venezuelana. Com relação ao mercosul foi aceito pelo Bloco Econômico a entrada da Venezuela, porém a entrada é condicionada ao referendo dos poderes legislativos de todos os Estados membros. Já aprovaram a entrada, os parlamentos do Uruguai e do Brasil. Estes referendos foram inclusive ameaçados pelo governo Hugo Chaves com a retirada da Venezuela do Bloco. Os problemas começaram quando o governo Chaves não mais renovou a concessão pública do canal RCTV (Rede Caracas) acusado de ter auxiliadeo na tentativa de golpe ao presidente. Por este motivo, os parlamentos dos demais países que são influenciados pela grande mídia, da qual necessitam para se manterem no poder, e pelos EUA, protestam contra o que chamam de arbitrariedade com o direito de expressão.

Chaves em sua cruzada anti-estadunidense, discursou na Abertura da Assembléia Geral da ONU em 2006 chamando o presidente Bush de “el diablo” e ultimamente, em 2007, juntamente com o presidente do Irã, Armadinejah, propuseram na reunião da OPEP a substituição do dólar como moeda para as transações internacionais do petróleo. A justificativa é a perda de força da moeda estadunidense o que pode gerar prejuízos aos países produtores de petróleo.

O grande problema interno agora enfrentado pelo governo esta relacionado a nova Assembléia Constituinte. O processo tem sido acusado de manipulação e de entregar super poderes ao presidente Hugo Chaves que poderá, por exemplo, se candidatar infinitamente a presidência da república, que segundo suas pretensões passará a se chamar República Socialista Bolivariana da Venezuela. A reação da oposição agora conta com a manifestação contrária dos estudantes universitários, que denunciam a instalação de uma ditadura.

A primeira derrota de Chaves foi no referendo em que pretendia ampliar seus poderes e permitir que se candidate eternamente. Após a derrota, Chaves passou a enfrentar problemas de desabastecimento de alimentos numa manobra da oposição agrária que diminuíram a produção. Já com relação às nacionalizações, em 2008 houve um novo avanço do governo com a estatização de várias empresas.

A Colômbia é hoje o país mais próximo dos EUA em nossa América do Sul. O plano Colômbia pretende investir 5 bilhões de dólares na luta armada contra o tráfico que produz mais de 60% da cocaína do planeta. As obras de infra-estrutura nos bairros pobres das grandes cidades, ajudou a diminuir a violência nessa área do país, porém, o narcotráfico e a guerrilha das FARC controlam uma boa parte do país.

As FARC no início eram um grupo guerrilheiro que lutavam para implantar o socialismo no país, mas depois do fim da URSS, se aliaram a guerrilha para sobreviver e ampliaram a prática dos seqüestros chegando a capturar a candidata a presidente da república, Ingrid Bitencourt.

A luta contra as FARC acabaram por causar um grave problema diplomático quando o segundo homem de sua hierarquia foi morto em um ataque em território Equatoriano. O mal estar só foi contornado em uma reunião extraordinária Organização dos Estados Americanos com o pedido de desculpas por parte de Álvaro Uribe. Após a morte de seu fundador, Manuel Marulanda, as FARC libertaram a ex-senadora Ingrid Bitencourt. Existem duas versões para a libertação: um espetacular resgate do exército colombiano ou um misterioso deposito de 20 milhões de dólares depositados na conta das FARC na Suíça.

5. GOVERNO LULA6.1.........Política6.2.........Relações internacionais

5.1 Política A eleição de 2002 foi marcada pela divisão na base de sustentação política do governo FHC, que

perderá o apoio de parte dos aliados históricos, como o PMDB e o PFL (atual DEM). Já o Partido dos Trabalhadores fará a opção por ampliar as alianças com setores conservadores, recebendo o apoio de políticos

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como Antônio Carlos Magalhães e José Sarney (além de muitos outros) e entregando o cargo de vice-presidente para José Alencar, senador do PL (hoje no PRTB), selando assim a coligação vitoriosa no 2º turno.

Pela primeira vez na história contemporânea brasileira a transição do poder se dá de forma tranqüila e com ampla colaboração do governo FHC. Essa transição será marcada também pela posse mais popular de toda nossa história.

O governo tem se articulado para garantir a maioria no congresso nacional, ampliando, assim, a aproximação com os setores conservadores, o que fica explícito no acordo com o PMDB, o PP, o PL (atual PR) e o PTB, tanto para a aprovação das reformas, quanto para a governabilidade, cedendo-os quase a metade dos ministérios.

Outro fato importante foi a manutenção do acordo firmado com o FMI durante o governo anterior. Esses fatos serviram para levantar uma oposição interna no PT, os chamados “radicais livres”, que geraram muita polêmica em torno do desvio de programa do partido. Esse grupo foi liderado pela senadora Eloísa Helena e pelo deputado Babá, que acabaram sendo expulsos do partido (demonstração de coerência partidária - pelo menos naquele momento).

A estrutura político partidária brasileira e o sistema eleitoral proporcionam as mais variadas formas de corrupção ativa e passiva. A sociedade começa a ter consciência da necessidade de uma reforma política urgente para que se proceda à modernização necessária para nossas estruturas políticas arcaicas, adaptando-as a eficiência tão exigida pelo mundo globalizado. A proposta de reforma visa criar:

1. o financiamento público de campanha; 2. a lista fechada de candidatos com o voto no partido, gerando assim a fidelidade partidária,

pois a vaga passará a pertencer ao partido e não ao eleito; 3. fim das coligações nas eleições proporcionais4. fim do voto secreto nas sessões do Congresso Nacional5. eleição de suplente de senador;6. voto distrital ou distrital misto e facultativo7. o aumento de 5 anos para o mandato de presidente e fim do direito a reeleição; 8. a cláusula de barreira determinando que o partido só terá representação no parlamento,

direito a horário eleitoral gratuito e mais verbas do fundo partidário, se obtiver no mínimo 5% dos votos para deputado federal em todo país e 2% dos votos em 9 unidades da federação;

Estas medidas procuram, entre outras, o reforço da organização político partidária e a redução dos gastos de campanha, numa tentativa de deter o poder econômico para que ele não interfira no resultado das eleições. Porém sabemos que a única maneira de se fazer uma eleição mais limpa é o aumento do conhecimento e do padrão ético de toda a sociedade.

Outra reflexão que a sociedade brasileira tem que fazer com relação ao voto é que a reforma política será feita pela elite política conservadora, que ainda é maioria no parlamento, e que terá que aprovar as mudanças constitucionais e jurídicas que comporão essa reforma. Somente para exemplificarmos o problema, podemos citar a rejeição, em agosto de 2007, do projeto de lei que instituía a votação em lista fechada.

O maior problema do processo eleitoral brasileiro é o financiamento privado de campanha. Esse mecanismo estimula a corrupção, pois direciona as políticas públicas para atender o interesse das elites, que possuem o dinheiro, indispensável para uma bem sucedida campanha e a conseqüente vitória. Se as doações estão sempre vinculadas a grupos econômicos, existe então uma expectativa de retorno financeiro e isso faz parte da lógica do sistema capitalista.

Para exemplificar, de acordo com o TSE, a eleição de 2002 envolveu mais de R$ 730 milhões em doações legais para 2.641 candidatos a Deputado Federal com uma média de R$ 71 mil para cada candidato. Considerando-se só os eleitos, a média sobe para 224 mil reais. Os cinco maiores financiadores são: o grupo Votorantim (R$ 9.700.000,00), a construtora OAS (R$ 8.000.000,00), a construtora Odebrecht (R$ 10.900.000,00), o Bradesco (R$ 7.200.000,00) e o Itaú (R$ 7.000.000,00).

Esse patrocínio privado é determinante para se entender a força que a elite financeira tem no parlamento para, por exemplo, impedir na reforma tributária que as propostas de taxação de grandes fortunas e a cobrança de IPVAs de jatinhos e iates, não sejam aprovadas. Essa força se manifesta na presença de 20 deputados, financiados por empreiteiras, na comissão dos 24 deputados que examinou o projeto de Parcerias Público-Privadas. Encontramos outros exemplos na rejeição do projeto de lei que elevava a tributação sobre os estratosféricos lucros bancários, além da aprovação do projeto de lei que faculta ao trabalhador a escolha do banco em que se quer receber (público ou privado), entre outros.

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A tese de que o dinheiro vence as eleições tem as próprias campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores como indício. Em 1998 o partido contou com doações na ordem de R$ 4 milhões de reais; a de 2002 em que se recebeu sob forma de doações legais cerca de 39 milhões de reais e , por último, nas eleições de 2006 o PT recebeu 115 milhões de reais, enquanto o “suposto” candidato das elites, Geraldo Alquimim recebeu 92 milhões.

Já com relação aos casos de corrupção que surgiram no governo, uma postura contraditória tem se verificado nas tentativas, idênticas às do governo FHC, de impedir a apuração por intermédio de CPIs, porém sem o mesmo sucesso. A diferença, neste governo, está em uma maior isenção das apurações da Polícia Federal e da Justiça Federal, que, em conjunto com o Ministério Público da União e a Controladoria Geral da República, tem se destacado como nunca na luta contra a corrupção, que é uma constante em nossa história política desde os tempos coloniais. Porém, esta analise nunca é feita pelos nossos meios de comunicação de massa, o que, segundo alguns, demonstra o desejo da elite brasileira de retirar do poder o penetra (Lula), mesmo tendo ele mantido os privilégios destes intocáveis.

O primeiro escândalo foi o caso Valdomiro, assessor do então ministro mais importante do governo, José Dirceu, da Casa Civil. Valdomiro utilizava o cargo na defesa dos interesses da máfia da jogatina e para ela tentava vender influência no governo. Valdomiro foi exonerado, criou-se uma comissão de inquérito interno que provou as denuncias, porém não ampliou as investigações, além de colocar no caso a Polícia Federal e o Ministério Público.

Outra questão de corrupção que deve ser destacada foi a CPI do Banestado que investigou a remessa ilegal de dólares para o exterior por intermédio das contas CC5, surgindo a denúncia e, inclusive, evidências de que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (licenciado do PSDB), também haveria se aproveitado do esquema e feito remessas ilegais de dólares para paraísos fiscais. Essa CPI, encerrada de forma medíocre e com dois relatórios, um do presidente (PT) e outro do relator (PSDB), foi utilizada como um palanque de denuncismo político entre governo e oposição, com vazamentos de informações sigilosas e sem apurar o maior esquema de remessa ilegal de dólares ao exterior de nossa história. Nos documentos apareceram muitas denuncias não apuradas como o envolvimento do Banco Oportunity, de Daniel Dantas e uma suposta conta tucano, além do envolvimento de dezenas de deputados e políticos.

Além desses vexames do início do governo Lula, ainda podemos citar outra postura contraditória que foi o empréstimo feito pelo BNDES para as redes Globo (NET) e Bandeirantes se sanearem. Todos esses fatos ajudaram a prejudicar a imagem do presidente.

As denúncias de corrupção no poder público brasileiro serão também uma constante durante o governo Lula. O caso da Operação Vampiro, executada pela Polícia Federal, desbaratou uma quadrilha que vendia remédios superfaturados ao Ministério da Saúde. A denúncia foi feita pelo próprio ministro, com apenas dois meses à frente do ministério, sendo que o esquema existia há mais de 10 anos.

Como a corrupção, conforme já vimos, é um problema relacionado à falta de postura ética de nossa sociedade, ela se espalha por todos os campos e chegando, inclusive, ao futebol, como no caso da venda de resultados por árbitros de futebol no campeonato brasileiro de 2005. Esse ato de corrupção fez com que a CBF remarcasse 10 jogos. Essa medida para alguns também foi tendenciosa e “acabou” privilegiando o time que foi campeão.

Outro caso de corrupção que assustou o país aconteceu em Rondônia, quando o governador Ivo Cassol (PSDB) foi acusado de fraude no orçamento, passando a ser chantageado pelos deputados estaduais. O assustador é que o governador foi absolvido pela Assembléia Legislativa, que ampliou a “pizza” ao também absolver todos os deputados envolvidos. Mais tarde, na reeleição, o mesmo governador, Ivo Cassol, foi denunciado pelo Ministério Público, desta vez por compra de votos.

O mais grave caso de corrupção que abalou o governo foi o chamado Mensalão. O escândalo começa com a divulgação de um funcionário de carreira recebendo propina para facilitar a vida de fornecedores em licitações públicas dentro dos Correios, e com ramificações no IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), citando como chefe do esquema o deputado Roberto Jefferson (PTB). No Conselho de Ética da Câmara, o deputado citado, acusa o governo nas figuras do ministro José Dirceu, do presidente do PT, do secretário do partido, Silvio Pereira e do tesoureiro do partido, Delúbio Soares, que forneceriam mesadas de 30 mil reais por mês para deputados que se tornassem aliados e votassem com o governo, garantindo assim a base necessária de apoio político no Congresso. A denúncia deu início a três CPIs.: a do Correio, a da Compra de Votos e a dos Bingos (que se encontrava engavetada desde o escândalo Valdomiro Diniz).

Nas apurações descobriu-se que não existia o Mensalão da forma com que Roberto Jefferson havia denunciado, e que o PT havia repassado dinheiro ilegalmente para três partidos da base aliada, que eram o PL (atual PR), o PP, e o PTB, além de envolver 6 deputados do partido que pegaram recursos do empresário

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Marco Valério, que operava o esquema por intermédio de suas agências de publicidade, a SMP&B e a DNA, que, também, trabalha para o governo por intermédio de vitória em licitações públicas fraudulentas.

A grande questão ainda não respondida pelas CPIs é de onde veio o dinheiro de Marcos Valério, pois sua versão de empréstimos no banco BMG e Rural (também envolvido no esquema PC Farias durante o governo Collor) não se sustenta.

O curioso desse caso é que o Congresso não consegue descobrir o verdadeiro, ou os verdadeiros donos da propina, assim como os grandes meios de comunicação de massa também não conseguem. Uma das teses descartadas foi divulgada em dezembro de 2005, pelo relator da CPI dos Correios (PMDB), afirmando que havia encontrado a origem do dinheiro nos adiantamentos do pagamento de serviços de publicidade no Banco do Brasil/Visa, que, segundo o relator, era ilegal. Porém descobriu-se, após as festas de fim de ano, que aquela era uma prática comum utilizada durante todo o governo FHC.

Uma das fontes que irrigaram o esquema de corrupção conhecido por Mensalão, é um velho conhecido de nossa história, e de acordo com a interpretação de alguns, é a composição do governo, ou “a hora de partir o bolo”, o grande responsável pela sangria dos recursos públicos. Os partidos políticos brasileiros que são, em sua grande maioria fisiológicos, só apóiam o governo em troca de cargos públicos. É a partir destes cargos públicos de decisão, que esses políticos promovem licitações fraudulentas, gerando contratos superfaturados entre o governo e prestadores de serviço. Estes pagamentos a mais serão distribuídos entre o político, que ocupa o cargo, a prestadora do serviço e o partido do político, que utilizará o recurso na composição do caixa 2 de seu partido.

As revistas Carta Capital (semanário) e a Caros Amigos (mensal) levantam a tese de que a outra parte do dinheiro pertencesse ao banqueiro Daniel Dantas do Banco Oportunity, que travava uma grandiosa briga judicial pelo controle do grupo Brasil Telecom (do qual foi afastado por decisão da justiça, em outubro de 2005), o qual ele havia comprado como testa de ferro do CityBank e do fundo de pensão PREVI (dos funcionários do Banco do Brasil), por deter informações privilegiadas no processo de privatizações devido à grande influência que este detinha dentro do ninho tucano (escândalo da pasta cor de rosa).

Nessa briga o banqueiro lançou mão de uma empresa internacional de espionagem, a Kroll, que fez inúmeras escutas telefônicas ilegais, aumentando os escândalos envolvendo Daniel Dantas. Sua necessidade de se aproximar do governo para continuar exercendo influência e ter apoio na luta contra seus sócios levou Marcos Valério a se aproximar do governo e cooptar, com recursos ilegais, o apoio de parte da cúpula petista. Uma das teses levantada pelo relator da CPI dos Correios é a de que pagamentos ilegais eram antecipados para as companhias de propaganda de Marcos Valério que os aplicaria no mesmo Banco do Brasil, do qual retiraria, posteriormente, os empréstimos para o PT.

Outro fato importante é o envolvimento, descoberto pela CPI dos Bingos, do ex-governador e atual presidente do PSDB, Eduardo Azeredo, no esquema, recebendo mais de 100 milhões do publicitário Marcos Valério, para sua campanha a reeleição em Minas Gerais, no período da reeleição de FHC. Esse fato levanta a tese de o esquema existir desde o período da reeleição (podendo-se incluir, também, a aprovação da emenda da reeleição) e das privatizações durante o governo FHC.

O resultado após 9 meses de apuração foi, a cassação de Roberto Jefferson (PTB), José Dirceu e o presidente do PP, a renúncia de mais 4 deputados, inclusive um do PT, e a absolvição de 7 deputados envolvidos no esquema.Um dos problemas que a CPI dos Correios encontrou é a proibição do acesso às informações da justiça norte-americana, devido ao vazamento de informações por parte de parlamentares durante a CPI do Banestado (2002/2003). Esses documentos só se encontram disponíveis para a investigação da Polícia Federal e da Justiça Federal.

O Supremo Tribunal Federal, em agosto de 2007, aceitou o indiciamento de todos os 40 denunciados de envolvidos no mensalão acusando-os de 7 crimes, quais sejam: formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, gestão fraudulenta e desvio de dinheiro público. Dentre os acusados estão o presidente do PT, José Genoíno, o secretário geral, Silvio Pererira, o tesoureiro, Delúbio Soares, o secretário do partido, Marcos Valério, o operador do sistema, José Dirceu, o mentor, e Roberto Jefferson, o membro dedo-duro do esquema.

Em outubro o STF também acatou a denuncia do valerioduto mineiro, indiciando o ex-governador tucano e atual senador Eduardo Azeredo por caixa dois na campanha de reeleição em Minas Gerais de 1998.

Outra renuncia, que abala o poder legislativo, foi a do presidente do congresso Severino Cavalcante (PP). Ele cobrava propina do empresário e dono do restaurante do Congresso para lhe fornecer a concessão do uso do espaço. Isso quando ele ainda era secretário da mesa, na gestão anterior. Para fugir da cassação o deputado também renuncia e este escândalo passa a ser conhecido por Mensalinho.

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Em se tratando de renuncia, a última e mais ultrajante foi a do deputado Ronaldo Cunha Lima, ex-governador da Paraíba e pai do atual governador. Sua renuncia foi uma tentativa de impedir a formação de uma ação judicial acatada pelo STF contras o deputado acusado, e réu confesso, de ter tentado matar, com dois tiros, o também ex-governador Tarcísio Buriti. A lógica da impunidade e da influência política no poder legislativo levaram Ronaldo Cunha Lima a acreditar que assim levaria o julgamento para os tribunais da Paraíba, pois perderia o foro privilegiado. Porém o Supremo abriu o processo contra o deputado mesmo após sua renuncia.

Os escândalos de corrupção também produziram cenas absurdas como a do ex-assessor da Assembléia legislativa do Ceará e membro do PT, que foi pego em um aeroporto de São Paulo com cem mil dólares na cueca. Outro episódio grotesco foi a apreensão de 10 milhões de reais em espécie em um avião que estava de posse de um deputado do PFL (atual DEM), e que tentou justificar a origem como dízimo de igrejas que ele representava.

Com relação a bancada evangélica, na legislatura 2003/2006, que era composta por 63 deputados federais, dos quais 35 deles foram envolvidos em escândalos de corrupção. A comunidade evangélica brasileira anda descuidando de um alerta feito pelo próprio Cristo em um de seus sermões, quando ele usa a metáfora do “trigo e do joio” para alertar os fiéis do perigo de pessoas que não representam a moral cristã entre os cristãos. Nesta legislatura foram envolvidos em escândalos de corrupção 112 deputados federais.

Uma história que ainda não esta bem esclarecida, são os assassinatos dos prefeitos do PT no estado de São Paulo. As mortes de Celso Daniel, de Santo André e Toninho do PT, de Campinas, podem estar ligadas aos esquemas de fraudes em licitações e contratos superfaturados que alimentariam o caixa dois do PT no estado. Existe uma tese de que esses prefeitos morreram por terem descoberto o esquema e ameaçado entregar os corruptos para a justiça. Este fato pode estar relacionado à história do ex-ministro da fazenda Antônio Palocci, suspeito de participar do mesmo esquema na prefeitura de Ribeirão Preto. Porém a polícia do estado de São Paulo já deu os dois casos como solucionados e relacionados à própria violência urbana além de encarados como meras fatalidades.

As denúncias contra Palocci se avolumaram tanto na CPI dos Correios quanto na CPI dos Bingos. Essas denúncias levantaram a possibilidade de Palocci ter freqüentado uma mansão alugada, em bairro nobre de Brasília, que era usada para fazer esquemas ilegais dentro do governo além de orgias com correligionários. A oposição apresentou na CPI o caseiro da tal mansão este, por sua vez, afirmou ter visto Palocci várias vezes na casa. O ex-ministro, em uma ação ilegal, juntamente com o presidente da Caixa Econômica Federal, quebrou o sigilo bancário do caseiro e entregou à imprensa. Existia um depósito de 25 mil reais que, segundo o caseiro, foi uma doação que seu pai havia lhe feito ao descobrir a paternidade inesperada. Um fato questionável na versão do caseiro é que o pai não pode aparecer para preservar sua atual família.

A renuncia dos dois envolvidos, o ministro Palocci e o presidente da CEF, não impediram que a Polícia Federal continuasse as investigações sobre o caso. Porém com a eleição do ex-ministro para a Câmara Federal, o processo agora ficará parado devido a imunidade (impunidade) parlamentar conseguida pelo réu.

Os últimos escândalos que surgiram no parlamento brasileiro emvolveram dois senadores da república, Joaquim Roriz e Renan Calheiros, este último presidente do Senado. Roriz foi pego em escuta telefônica tratando de divisão de propina com dinheiro desviado do Banco de Brasília (estatal) num montante superior a 2 milhões de reais, havendo renunciado logo no início do escândalo para não perder os direitos políticos.

Renan Calheiros, até agora foi acusado de cinco crimes, quais sejam: pagar pensão ao filho bastardo com dinheiro de empreiteiro (absolvido em plenário com o apoio da base governista); lavagem de dinheiro em negócios de pecuária, sonegação fiscal, compra de emissoras de rádio e jornais por intermédio de laranjas e espionagem de políticos do PSDB e do DEM. As quatro primeiras denuncias foram encaminhadas pelo PSOL e a última pelo PSDB/DEM. Depois de resistir a três meses de crise pediu licença da presidência do Senado por 45 dias e saiu de licença por problemas de saúde por 25 dias.

Até a multinacional brasileira de petróleo, a estatal Petrobras, não escapou dos escândalos de corrupção. Duas grandes compras anunciadas pela Petrobras, a Ipiranga e a Suzano petroquímica, são investigadas pela Polícia Federal por vazamento de informações privilegiadas, sendo afastado um de seus diretores. O esquema ficou nítido com a compra de ações na Bolsa de Valores de São Paulo um dia antes de cada aquisição dando a grupos de investidores uma rentabilidade recorde de um dia para o outro. Foram abertos dois inquéritos para investigar o vazamento de informações tanto na Bolsa de Valores quanto no CADE (Conselho Administrativo de Desenvolvimento Econômico).

A corrupção também se verifica nas loterias da Caixa Econômica Federal que são utilizadas para a lavagem de dinheiro. Este fato já ocorreu antes no governo Itamar Franco e foi descoberto pela CPI do

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Orçamento em que o deputado João Alves comprava bilhetes premiados para legalizar a entrada daqueles recursos em sua contabilidade. Agora existe a conivência de funcionários e donos de loterias para a lavagem de dinheiro por intermédio dos premios

Com relação ao combate à corrupção, a Polícia Federal, que, embora tenha feito uma greve que trouxe inúmeros transtornos, principalmente nos aeroportos (no setor de embarque internacional), tem realizado operações importantíssimas com a prisão de corruptos e bandidos. Estas operações dizem respeito ao combate dos crimes: cibernéticos, praticados através da Internet, tais como, o desvio de saldo bancário, a pedofilia, as compras em cartão de crédito, as brigas de gangue, o racismo e o neonazismo; formação de quadrilha e lavagem de dinheiro; tráfico nacional e internacional de drogas e armas; grupos de extermínio; evasão fiscal; ambiental; crime organizado; corrupção ativa e passiva na administração pública e etc.

Porém a atuação da Polícia Federal tem sido questionada por políticos e magistrados. A cobertura cinematográfica da mídia expondo os acusados, o vazamento de informações sobre os inquéritos, a “truculência” dos agentes, entre outros, são argumentos contra a instituição. Foi a operação Hurricane (2007) que deflagrou a crítica contundente, talvez pelas revelações estarrecedoras, vinculando membros do judiciário a uma quadrilha de venda de sentenças. Foram denunciados chefes de grupos ligados a jogos ilegais, empresários, advogados, policiais civis e federais, magistrados e um membro do Ministério Público Federal.

Fica nítido, durante o mandato de Lula, que a PF hoje tem uma maior independência em relação às pressões políticas e por isso trabalha com mais eficiência. Prova disso tem sido a evolução, a cada ano, do número de operações realizadas pela instituição, tais como: em 2003, 16 operações; 2004, 41 operações; 2005, 68 operações; 2006, 175 operações e até 04/06/2007, 68 operações.

A Controladoria Geral da União, instituída pela Constituição de 1988, também atua na apuração de fraudes em verbas públicas fazendo auditoria nos repasses federais para estados e municípios. Outra forma de fiscalização promovida pela Controladoria é a chamada devassa fiscal em 50 prefeituras por mês, mediante sorteio, e com isto tem, felizmente, exposto as feridas da corrupção endêmica que assola as instituições do Estado brasileiro. Um exemplo importante de ser citado foi o caso da prisão de vários prefeitos, vereadores e um contador em Alagoas (2005) por formação de quadrilha. As irregularidades destacadas foram: pagamento de propina para vereadores em troca de apoio político, licitações fraudulentas e notas fiscais frias. Esse fato ganha importância ao percebermos que o modo operandi é o mesmo utilizado pelos mensaleiros que serão conhecidos logo em seguida pela sociedade brasileira.

Uma prisão muito alardeada pela mídia foi a de Paulo Maluf (PP) e seu filho Flávio Maluf por remessa ilegal de dólares via conta CC5 (esquema do Banestado). Esses recursos eram oriundos do superfaturamento de obras públicas durante sua última gestão na prefeitura de São Paulo.

Na tentativa de modernização do poder legislativo o Congresso Nacional aprovou uma tímida reforma, que na verdade pode se restringir a criação da Súmula Vinculante, que obriga os juízes de instância inferior a tomar decisões semelhantes as já tomadas em casos semelhantes pelos juízes de instância superior. Até agora três Súmulas Vinculantes foram editadas pelo STF, quais sejam: normatiza a validade do acordo de FGTS; limita a defesa sobre decisões do TCU e proíbe a liberação de loterias e casas de jogos por intermédio de leis estaduais e municipais.

Mais duas importantes ações da PF, uma contra a corrupção no estado e a outra contra o narcotráfico. A primeira, antes da reeleição, foi à prisão dos componentes de uma quadrilha que manipulava o orçamento, liberando verbas para a compra de ambulâncias e equipamentos hospitalares superfaturados com o envolvimento de mais de 80 pessoas, a maioria deputados federais. As emendas para a compra eram apresentadas por parlamentares do esquema que recebiam de 2 a 3% de propina ao aprovarem a emenda e o restante após a liberação do dinheiro para a compra. O total das propinas era de 10% pagos em espécie ou por intermédio de presentes dados pela família Vedoin donos da empresa que atuava nos estados do Mato Grosso, Paraná, Minas Gerais, Rondônia e Pará. Esse escândalo determinou inclusive a criação de uma nova CPI para apurar o esquema, que ficou conhecido como a máfia dos sanguessugas. Fica cada vez mais claro a necessidade de se acabar com as emendas parlamentares ao orçamento da república.

Já a segunda operação foi a que deu origem a prisão de um dos maiores traficantes colombianos erradicado no Brasil, Juan Carlo Abadia, demonstrando o vínculo entre o crime organizado e policiais corruptos que cobravam propinas para o repasse de informações, evitar a prisão e até no judiciário para dar ganho em causas para o narcotráfico.

Quanto a eleição de 2006, a tônica da campanha foi o denuncismo. Uma clara campanha de desestabilização do governo foi promovida pelas elites locais por intermédio da grande mídia brasileira. As denuncias de corrupção e as reportagens dos insucessos do governo ocuparam a maioria das páginas e do tempo dos periódicos e telejornais.

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O fato mais explorado foi a tentativa da compra de um dossiê, (fajuto, segundo a grande mídia, embora recheado de fatos verídicos) por parte de membros do PT muito próximos do próprio presidente, mais uma vez. Este dossiê seria revendido para a revista Isto É e sua publicação criaria problemas para o candidato Geraldo Alkimim, do PSDB e para o então candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra.

O suposto dossiê trazia mais informações e, inclusive fotos, sobre o escândalo dos sanguessugas e sua aquisição foi envolvida de um grande mistério até hoje sem explicação: de onde veio o dinheiro para a compra do dossiê? Essa questão produziu com razão críticas a independência da Polícia Federal. Esse dinheiro foi fotografado e freqüentou as primeiras páginas dos jornais às vésperas da eleição, sem conseguir influenciar no resultado previsto nas pesquisas eleitorais.

A vitória de Lula se deu no segundo turno, depois de um gasto estratosférico na campanha para um candidato do povo, R$ 115.000.000,00, enquanto o candidato Geraldo Alkimim, das elites, só conseguiu arrecadar R$ 92.000.000,00.

Desta eleição nos conseguimos retirara alguns aprendizados, tais como: a classe média e a grande mídia (maior derrotada no processo eleitoral) já não são veículos tão eficientes na formação de opinião, em outras palavras, o pobre já esta conseguindo formar sua própria opinião; o povo brasileiro não se preocupa com a questão ética no processo de escolha de seus representantes; o povo brasileiro precisa encarar a política como algo muito sério e não mais como um micarê (carnaval temporão); o povo brasileiro precisa passar a acompanhar e entender de política para, a partir daí, fazer melhores escolhas mantendo viva a sua memória sobre as questões políticas; o povo precisa diferenciar o público do privado e compreender que o voto é um instrumento para a solução de problemas coletivos.

Após a eleição outros dois assuntos que de destaque foram à reforma ministerial e a dança das cadeiras. A reforma ministerial, muito demorada por sinal, contemplou a ampliação da base de apoio com a diminuição dos ministérios para o PT e o aumento da participação do PMDB de 3 para 5 ministérios, além de ministérios para o PP, PR, PDT e PTB, sem se esquecer dos companheiros históricos como o PCdoB e o PSB.

Quanto ao troca-troca de partidos, a dança das cadeiras, o óbvio acontece novamente. Em um país de partidos regionais, sem projeto nacional (a não ser o poder pelo poder), e com predominância do fisiologismo político, os deputados abandonam os partidos de oposição para aderir aos partidos da situação, em busca de mais vantagens e privilégios. Até o início desta legislatura, para se ter exemplo, o PFL perdeu 8 deputados federais (tem 37), o PPS perdeu 8 (tem 14) e o PSDB perdeu 7 (tem 58).

Outro acontecimento importante em relação aos partidos, foi a fusão, a cisão e a mudança de nome que produziram a criação de novas siglas. O PFL, agora é o Democratas (DEM), o PL se uniu ao PRONA e aos PHS e se tornou o Partido Republicano (PR), parte do PL funda o Partido Republicano Brasileiro (PRB) do vice-presidente José de Alencar e o PPB (antigo PDS do Maluf) se torna o Partido Progressista (PP).

A mais grave e longa crise enfrentada pelo governo, e que produziu inclusive uma CPI, foi o apagão aéreo. Tudo começou após o fatídico acidente em 2006, envolvendo o avião da Gol e o jato Legancy, com 96 vítimas fatais e que fez o povo brasileiro descobrir a existência e a importância dos controladores de vôo que exercem uma jornada longa, cansativa e sem os equipamentos adequados a magnitude das operações aeroviárias brasileiras.

Em seguida se procedem as operações padrão que atingiram seu pico no período imediato que antecederam os jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro. Logo após os jogos acontece o maior acidente aéreo de nossa história, com o avião da TAM que mata 198 pessoas no aeroporto de Congonhas em São Paulo. Este episódio marca a queda do ministro da defesa, Valdir Pires, e sua substituição pelo ex-ministro do STF, Nelson Jobim, que substituiu a diretoria da ANAC, por sua conivência com as empresas aéreas, além da direção da INFRAERO, pela denuncias de corrupção.

Como se já não bastasse, no início de novembro de 2007, um jato de uma empresa de táxi aéreo cai sobre algumas casas próximas ao aeroporto de Cumbica, deixando desta vez mais 6 mortos. Descobriu-se que o piloto não tinha o curso de pilotagem em situação de risco o que expôs mais um problema, a ineficiência da fiscalização nos vôos particulares.

5.2 Relações Internacionais Com relação à política externa, podemos destacar as viagens diplomáticas realizadas na África, no

Oriente Médio, nas reuniões de Davos-Suíça (Fórum Econômico Mundial), na Assembléia Geral da ONU, nas reuniões de Cúpulas e da OMC. Além disso, estas viagens tem ampliado os mercados para nossos alimentos (aumento de 20% no consumo de carne brasileira na UE), matéria-prima, álcool combustível, petróleo, energia atômica (urânio enriquecido) e o setor aeroespacial com a China e a Ucrânia. Com a Rússia, nosso maior comprador de carnes, um destaque importantíssimo nas relações externas, foi o lançamento do primeiro

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astronauta brasileiro em 2006. Com a Ucrânia e a China o acordo aeroespacial é para lançamento de satélites na base de Alcântara, no Maranhão. A ampliação dos mercados externos busca uma realidade diferente, pois estamos intensificando as parceria com a África, a Ásia, a União Européia, a Argentina, a China e a Rússia e diminuímos, embora pouco, a dependência estadunidense.

Há de se destacar o “sucesso” da diplomacia brasileira em ampliar mercados de bens primários, produtos que possuem pouco valor agregado, o que demonstra a manutenção de nossa vocação histórica: produzir riqueza e transferi-la para países de centro, enquanto, por exemplo, os países emergentes asiáticos desenvolvem tecnologia, como, por exemplo, a Coréia do Norte.

No campo das relações entre o Brasil e a América Latina, o governo Lula ampliou as relações comerciais com os países da América do sul e sempre foi um grande incentivador de uma maior parceria na região que, no início do século XXI, é tomada por uma corrente nacionalista e vê surgir à possibilidade de governos que estejam mais interessados em uma maior integração da região do que em manter a fidelidade cega ao parceiro tradicional, os EUA.

Esta relação estável e de maior parceria encontra sérios problemas. O presidente Evo Morales, da Bolívia, com a nacionalização do petróleo e do gás natural, atingiu diretamente os interesses de nossa estatal do petróleo, a Petrobrás. Nossa empresa detinha o monopólio do refino de 100% do petróleo e 75% do gás natural. O acordo fechado entre os governos brasileiro e boliviano aumenta o pagamento feito pelo Brasil na compra do gás e a venda de duas refinarias que serão vendidas abaixo do custo pela Petrobrás.

Segundo Lula, o Brasil é o grande país da região e por isso deve abrir mão de privilégios e assumir em alguns momentos até mesmo negócios desfavoráveis para tentar promover esta maior integração. O Brasil precisa do gás boliviano e para isso construiu inclusive um gasoduto ligando estes dois países, o que é bom negócio para ambos.

No fim de outubro de 2007, uma crise de abastecimento de gás ameaçou o fornecimento do produto gerando apreensão nas termelétricas, indústrias e nos portadores de veículos movidos a GNV. Durante este momento tenso, o governo brasileiro e a Petrobras anunciam um acordo de novos investimentos na Bolívia e a descoberta de uma jazida de petróleo que vai transformar o Brasil em um grande país exportador, o que fez com que nosso governo já inicie uma tomada de providências para o ingresso do país na OPEP (Organização dos Países Produtores e Exportadores de Petrtóleo).

Com relação ao Mercosul, vários problemas estão sendo enfrentados pelo governo brasileiro e dentre elas podemos citar: a concessão de políticas de salvaguardas em relação a indústria de eletro-domésticos argentina; a acusação do Uruguai e do Paraguai da falta de auxílio dos grandes do bloco (Argentina e Brasil) para o aumento do intercâmbio, tendo o presidente brasileiro viajado a estes países assinando acordo bilaterais extremamente vantajosos para os dois países; a briga nas fronteira entre o Uruguai e o Paraguai; a ameaça de um acordo bilateral entre Uruguai e os EUA e o Paraguai e os EUA; o acordo militar entre Paraguai e EUA para a construção de uma base militar estadunidense no maior aqüífero do planeta, o Guarany, além da ameaça do Uruguai de deixar o bloco. Por isso a entrada definitiva da Venezuela no Mercosul gerou a expectativa de auxiliar nesses desafios que o bloco possui no momento.

A Venezuela no Mercosul tem trazido mais problemas do que soluções. Em primeiro lugar, a instabilidade jurídica de seu país atenta contra a democracia, em seguida a vontade de Hugo Chaves de assumir a liderança do bloco é visível e por último, o episódio da suspensão da concessão da Rede Televisão Caracas trouxe a reação do Congresso Nacional Brasileiro que tem retardado a confirmação da entrada definitiva da Venezuela no bloco econômico, tem trazido severas críticas do presidente venezuelano.

A Cúpula dos Países Árabes e Latino-Americanos (2004), realizada em Brasília, aumenta a intensidade dos negócios entre essas regiões o que difere da Cúpula das Américas (2005), realizada em Montevidéu, que não produziu avanços com relação a ALCA, ou a outra forma de maior unidade do continente. A crítica ao governo Bush, incentivada por Hugo Chaves e Maradona, foram a tônica do encontro. A visita, em seguida, do presidente George W. Bush ao Brasil produziu uma promessa na melhoria das relações bilaterais, embora os EUA afirmem que não podem rever sua política de subsídios agrícolas sem que a União Européia faça o mesmo e se declarou simpático à reforma do Conselho de Segurança da ONU.

A posição brasileira com relação à ALCA se identifica com a dos demais países latino-americanos que desejam implantar a área de livre comércio gradativamente a partir de 2005, ao contrário do que pretendem os EUA, a implantação imediata a partir do mesmo ano, além do grande empecilho ao verdadeiro livre mercado expresso na contradição dos países ricos (que ainda são mercantilistas). Porém há críticas de economistas quanto à resistência que o Brasil tenta impor a ALCA, eles acreditam que assim os EUA minam nossas posições ao fomentar acordos bilaterais nocivos aos interesses nacionais.

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Outro problema diplomático com os EUA foi a denuncia feita por eles, que o Brasil estaria se preparando para construir a bomba atômica. Esta denuncia encobre o verdadeiro interesse norte-americano em copiar o nosso projeto de enriquecimento de urânio ao defender a inspeção de toda as etapas do processo de enriquecimento, pois o nosso processo é mais rápido e econômico.

Além desses problemas, os estadunidenses têm no comércio com os mercados latino-americanos a presença cada vez maior dos chineses e seus acordos bilaterais com os países da região, principalmente na América do Sul, o que é preocupante para os interesses dos EUA.

Para tentar influenciar de forma mais decisiva o Brasil tem utilizado a estratégia de formação de Blocos de países com o mesmo interesse no comércio internacional. A criação do G3 com a África do Sul e a Índia (grupo dos emergentes) e do G21 (grupo dos países em desenvolvimento) tem como finalidade ampliar as parcerias internacionais e proceder as negociações internacionais com os países ricos.

Na reunião da OMC, em Cancum, no México (2003) e em Hong Kong (2005), nosso país, na liderança dos blocos já citados, fez questão de deixar explicita a contradição dos países ricos que pregam um mercado mundial globalizado, porém, não abrem mão de políticas protecionistas e do intervencionismo estatal sob forma de subsídios à agricultura e à pecuária. E foi justamente esse impasse que suspendeu a rodada de negociações da OMC do ano de 2007.

Com relação à ONU, o presidente Lula propôs a criação do Fome Zero internacional, que seria mantido por intermédio de um imposto cobrado das indústrias bélicas, e o perdão de dívidas externas de países pobres. Porém, a maior questão levantada pela política externa do governo Lula, é a pregação da necessidade de se fazer uma reforma no Conselho de Segurança com a criação de cinco novas vagas permanentes, que seriam ocupadas pelo Brasil, Índia, África do Sul, Alemanha e Japão.

Dentre as medidas tomadas pelo governo brasileiro para viabilizar esse fim, temos: o reconhecimento da China como economia de mercado, impedindo assim que o país adote unilateralmente políticas de salvaguardas para a proteção do mercado interno (em 2006 um tratado assinado com a China concede ao Brasil o direito de utilizar políticas de salvaguardas em relação a produtos têxteis chineses); o lançamento de candidaturas, que foram derrotadas, para a direção de órgãos internacionais como o FMI e a OMC; o envio de tropas e o comando da missão da ONU no Haiti.

A visita do presidente dos EUA, George Bush, ao Brasil em março de 2007, foi um importante momento do Brasil nas relações internacionais. O tema principal foi o etanol, o biocombustível alternativo que começa a despertar o interesse de todo o planeta. Em sua visita Bush não ira anunciar a diminuição dos impostos cobrados pela superpotência de nosso álcool combustível, mesmo porque nós teríamos estrutura suficiente para suprir a demanda que seria gerada pelo produto.

Foram firmados acordos de cooperação técnico-científico entre os dois países e a predisposição dos estadunidenses em negociar condições favoráveis, a longo prazo, para a importação mais intensa de nosso produto. Fica claro também a opção por diminuir a dependência em relação ao petróleo, não por questão ambiental como elemento principal, e sim para se livrar de áreas de instabilidade política como o Oriente Médio e a Venezuela.

Com relação aos problemas que possam ser gerados por esta nova fonte energética, o governante cubano Fidel Castro alertou para a ameaça da falta de alimentos e seu consequente encarecimento devido a substituição das áreas plantadas pela cana-de-açúcar. Além deste motivo, outro questão importante é o rítimo de crescimento dos países emergentes, o que aumenta o consumo e que, juntamente com o primeiro problema citado, já estão produzindo o aumento das commodites de alimentos nas bolsas do mundo inteiro.

Os encontros de cúpula hoje, devido principalmente a inoperância e o domínio dos países de centro nas decisões da ONU, que deveria ser um órgão político de grande influência nas questões internacionais, vê seu lugar sendo tomado pelos Encontros de Cúpulas que são mais decisivos nas questões políticas e econômicas mundiais. No Fórum Econômico Mundial realizado em Davos, na Suíça, em 2007, foi unânime a intenção de retornar as rodadas de Doha, para a continuidade das negociações em torno das quebras de barreiras e políticas de subsídios praticadas, principalmente pelos ricos. Já na reunião do G8, também foi cobrado dos países membros da OMC a volta das rodadas de negociação. Este foi um clamor feito nos discursos do presidente Lula em tosos os dois encontros.

Em agosto de 2007, o mundo foi abalado com as quebras de instituições financeiras estadunidenses ligadas ao setor imobiliário. Após a onda de quedas das bolsas desencadeada pela bolsa de Xangai, na China, no final de fevereiro, agora é a vez dos EUA. O crescimento das taxas de inadimplência chegou a 15% no segmento de clientes considerados de risco (subprime), porém o mercado conseguiu impedir a falência do sistema.

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Um tema que inspira preocupação internacional é o aquecimento global e, nesse quesito, o Brasil tem uma triste marca que é estar entre os maiores emissores de gases estufa do planeta. No caso brasileiro, a emissão se dá mais pelo desforestamento com a diminuição das áreas de retenção de carbono e com as queimadas, a putrefação da matéria orgânica e a substituição das áreas por pastagens. Nos últimos três anos o ritmo de queda no desmatamento da Amazônia foi sempre decrescente. Em 2004 foram desmatados 27.000 hectares, em 2005 foram 18.000 hectares e em 2006 foram 14.000 hectares. Os estados de maior índice de desmatamento são Rondônia, Mato Grosso e Pará. E, com relação à importância desta questão, a CNBB escolheu-a como tema para a Campanha da Fraternidade de 2007 a Preservação Ambiental.

EXERCÍCIOS

01. A biopirataria na Amazônia é a base de um mercado que movimenta US$ 100 milhões por ano nas indústrias química, farmacêutica e cosmética. E o Brasil não vê um único centavo proveniente desses recursos .Absoluto descontrole oficial sobre a atuação das organizações não-governamentais (ONG), ausência do governo nas comunidades mais carentes da região Norte, legislação pouco adequada, mais conivência do governo e da comunidade acadêmica brasileira com interesses externos têm feito da Amazônia o celeiro de uma riqueza monumental, que beneficia uma massa de estrangeiros que circula com desenvoltura na floresta.

Sobre este tema e assuntos correlatos, julgue:1. A biopirataria na região é a base de um mercado que movimenta milhões de dólares por ano nas indústrias química, farmacêutica e cosmética, segundo estimativa do Ministério do Meio Ambiente, sendo que o Brasil acaba recebendo royalties destes produtos pirateados..2. a idéia da internacionalização da Amazônia é bem recente. De tempos em tempos ela volta ao palco, trazida por novos ventos, revestida em teses pseudocientíficas ou sócio-humanitaristas usadas para ocultar o seu verdadeiro objetivo político ou econômico3. De modo geral podemos entender a biopirataria não sendo apenas o contrabando de diversas formas de vida da flora e fauna mas principalmente, a apropriação e monopolização dos conhecimentos das populações tradicionais no que se refere ao uso dos recursos naturais. 4. Quando uma empresa farmacêutica consegue acessar o conhecimento tradicional de comunidades no uso de determinadas plantas, ela consegue economizar anos de pesquisa na busca por princípios ativos e sua aplicação. Se o trabalho for feito dentro da lei, os lucros originados das pesquisas são divididos com a comunidade detentora do conhecimento. Como não vemos nenhuma dessas comunidades participando dos enormeslucros da indústria farmacêutica, fica óbvio que os caminhos corretos estão sendo ignorados5. Diante de uma legislação extremamente burocrática e da falta de fiscalização, poucos laboratórios se dão ao trabalho de pedir licença ao governo brasileiro para as pesquisas. Desde a Eco 92 o governo debate a redação de um projeto de lei para regular as pesquisas envolvendo espécies nativas, mas o anteprojeto continua parado na Casa Civil por um impasse entre os ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura."6. O Brasil é dono de uma das biodiversidades mais ricas do mundo, possui as maiores reservas de água doce e um terço das florestas tropicais que ainda restam. Estima-se que aqui está uma em cada 10 espécies de plantas ou animais existentes.

02. A decisão da implementação de uma usina termonuclear no Brasil aconteceu de fato em 1969, quando foi delegado a Furnas Centrais Elétricas SA a incumbência de construir nossa primeira usina nuclear. É muito fácil concluir que em nenhum momento se pensou numa fonte para substituir a energia hidráulica, da mesma maneira que também após alguns anos, ficou bem claro que os objetivos não eram simplesmente o domínio de uma nova tecnologia. Estávamos vivendo dentro de um regime de governo militar e o acesso ao conhecimento tecnológico no campo nuclear permitiria desenvolver não só submarinos nucleares, mas armas atômicas. O Programa Nuclear Paralelo, somente divulgado alguns anos mais tarde, deixou bem claro as intenções do país em dominar o ciclo do combustível nuclear, tecnologia esta somente do conhecimento de poucos países no mundo.

Levando-se em conta este tema, julgue os itens a seguir como sendo “C” para os itens certos e “E” para os itens errados1. Em 1972 o Brasil firmou um contrato para construção de Angra I e II com os EUA e outro para fornecimento de elementos combustíveis atômicos com a RFA, sendo criados os principais institutos de pesquisa e órgãos estatais para assuntos nucleares.

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2. A energia nuclear provém da fissão nuclear do urânio, do plutônio ou do tório ou da fusão nuclear do hidrogênio. É energia liberada dos núcleos atômicos, quando os mesmos são levados por processos artificiais, a condições instáveis. A fissão ou fusão nuclear são fontes primárias que levam diretamente à energia térmica, à energia mecânica e à energia das radiações, constituindo-se na única fonte primária de energia que tem essa diversidade na Terra3. Os problemas ambientais estão relacionados com os acidentes que ocorrem nas usinas e com o destino do chamado lixo atômico - os resíduos que ficam no reator, local onde ocorre a queima do urânio para a fissão do átomo. Por conter elevada quantidade de radiação, o lixo atômico tem que ser armazenado em recipientes metálicos protegidos por caixas de concreto, que posteriormente são lançados ao mar.4. Dentre as vantagens e contribuições apresentadas pelo uso da energia nuclear em lugar de centrais térmicas convencionais, podemos apontar que, quando utilizada para produção de energia elétrica é uma forma de energia que não emite nenhum gás de efeito estufa (dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e outros) e nenhum gás causador de chuva ácida (dióxido de enxofre, óxidos de nitrogênio).

03. As Energias Alternativas são aquelas surgidas como soluções para diminuir o impacto ambiental, e para contornar o uso de matéria prima que normalmente é não renovável no caso da energia convencional, como o carvão e petróleo por exemplo. Existem algumas delas que já alcançaram grandes avanços e estão bastante difundidas. A Energia Solar e a Energia Eólica vêm tomando lugar antes ocupado pela energia elétrica convencional com custo menor, e como a vantagem de ser grátis, precisando apenas de um investimento inicial.

Tomando por base os temas abordados no texto anterior, julgue os itens como sendo C ou E. 1. O biodiesel, uma alternativa ao óleo diesel mineral derivado do petróleo, é produzido a partir de óleos vegetais extraídos de diferentes matérias-primas, como soja, mamona, dendê, girassol, amendoim, algodão, babaçu e a canola. Pode ainda ser obtido com o reaproveitamento de óleos vegetais que sobram de frituras. De maneira geral, o processo de produção do biodiesel envolve o esmagamento dos grãos das matérias-primas para a extração de seus óleos2. A energia advinda da biomassa é considerada durável a partir do momento que em que pode-se através do manejo correto garantir seu ciclo, por exemplo garantindo o reflorestamento ou replantio. E é renovável no sentido de que toda a energia obtida da biomassa veio de processos biológicos que aproveitaram a energia solar, essa energia se não aproveitada pelos humanos acaba retornando ao ambiente através da digestão e da putrefação das plantas. 3. De modo geral podemos dize que o uso da biomassa como produtora de energia apresenta inúmeras vantagens, tais como: baixo custo de aquisição; não emite dióxido de enxofre; as cinzas são menos agressivas ao meio ambiente que as provenientes de combustíveis fósseis; menor corrosão dos equipamentos (caldeiras, fornos); menor risco ambiental e são recursos renováveis.4. A Energia Solar fototérmica é a energia da conversão direta da luz em eletricidade. O efeito fototérmico é o aparecimento de uma diferença de potencial nos extremos de uma estrutura de material semicondutor, produzida pela absorção da luz. A célula fototérmica é a unidade fundamental do processo de conversão. Os coletores solares fotovoltaícos são largamente utilizados para aquecimento de água em residências, hospitais, hotéis etc. devido ao conforto proporcionado e à redução do consumo de energia elétrica.5. Através da fotossíntese, as plantas capturam energia do sol e transformam em energia química. Esta energia pode ser convertida em eletricidade, combustível ou calor. As fontes orgânicas que são usadas para produzir energias usando este processo são chamadas de biomassa. Os combustíveis mais comuns da biomassa são os resíduos agrícolas, madeira e plantas como a cana-de-açúcar, que são colhidos com o objetivo de produzir energia. O lixo municipal pode ser convertido em combustível para o transporte, indústrias e mesmo residências.  04. Durante séculos, a urbanização brasileira ocorreu em pontos isolados, como verdadeiras ilhas, tornando-se generalizada somente a partir do século XX..A urbanização brasileira da segunda metade do século XX colocou a cidade como o centro polarizador da vida econômica, política e cultural local, regional e nacional, assumindo um papel de mando na organização do espaço geográfico. As cidades , por sua vez , ao se distribuírem espacialmente, formam uma rede urbana, ou seja, um conjunto de centros funcionalmente articulados, expressando a dimensão sócio-espacial da sociedade.. A partir da década de 1970, ocorre a difusão generalizada das modernizações, tanto no campo como na cidade. A construção e expansão de estradas de rodagem e a criação de um moderno sistema de telecomunicações possibilitaram maior fluidez no

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território, além de permitir a unificação do mercado em escala nacional. ( Panorama geográfico do Brasil, Melhem Adas- com adaptações.)

Sobre o processo de urbanização brasileira, julgue os itens a seguir como sendo certos ou errados.1. A rede urbana brasileira pode ser considerada como a forma sócio-espacial de realização do ciclo de exploração do campo sobre a cidade 2. Conforme uma cidade desenvolve e amplia a oferta de bens e serviços para atender às necessidades da população, cresce a sua importância e influência sobre as demais regiões.3. O processo de urbanização brasileiro foi essencialmente centralizador, e o seu grande impulso foi no final da década de 1970 , sendo que hoje, o nosso país já conta com mais de 81% de sua população vivendo nas cidades.4. Apenas em meados do século XX, quando ocorre a unificação dos meios de transporte e comunicação, que as condições se tornam propícias para uma verdadeira integração do território. Modificam-se substancialmente os fluxos econômicos e demográficos, conferindo um novo valor aos lugares.5. A economia agrário-exportadora das primeiras décadas do século XX caracterizava o Brasil como um “país-arquipélago”. Em outras palavras, não havia uma articulação consistente entre as economias das regiões do país, isoladas pela carência de transportes e comunicações e com funções econômicas que não se integravam plenamente. 6. O nosso processo de urbanização somente teve início a partir do final da década de 1960 e atualmente supera a mais de oitenta por cento da população morando nas cidades.

05. Atualmente estamos vivenciando um aumento crescente dos fluxos de mercadorias em nosso país, e este fato nos mostra a necessidade de adequarmos o meio de transporte à carga a ser transportada.

Fonte: Magnoli,Demétrio;Araújo,Regina In Projeto de Ensino de Geografia. São Paulo: Moderna, 2000. A partir do das informações expostas anteriormente, analise as afirmativas sobre custos de deslocamento de carga, assinalando C para os itens certos e E para os itens errados: 1. Os dutos, as hidrovias e as ferrovias apresentam, de um modo geral, baixo custo por unidade transportada;2. Os custos dos transportes marítimos caíram devido ao aumento da capacidade os navios e à modernização dos portos;3. A relação entre peso e valor das mercadorias não determina o meio de transporte a ser utilizado;4. Os custos relativos dos diferentes modos de transporte dependem da extensão dos trajetos;5. O transporte hidroviário de cabotagem é bastante praticado no litoral e nos rios do interior da Amazônia;6. O transporte urbano brasileiro está voltado ao rodoviarismo, fato este que acabou sendo um grande entrave para o nosso processo de economia de energia e gerador de grandes transtornos urbanos, tais como a poluição e os engarrafamentos.

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06. Observe o gráfico a seguir:

O processo de urbanização brasileiro passou por inúmeras situações que foram determinando o nosso perfil urbano atual. Sobre este tema e como auxílio do gráfico anterior, julgue os itens a seguir.1. Podemos inferir do gráfico que o Brasil chegou ao final do século XX como um país urbano2. Em 2000 a população urbana ultrapassou 2/3 da população total atingindo a marca dos 138 milhões de pessoas.3. O Brasil conta com uma população urbana de aproximadamente 81% de habitantes, como é demonstrado pelo gráfico anterior.4. A população absoluta do Brasil em 1940 era de 28,3 milhões de habitantes , como é mostrado no gráfico anterior.5. A população brasileira urbana em rural em 1970 era de aproximadamente 55,9% de habitantes.6. Podemos inferir do gráfico que a população rural brasileira em 2000 é de aproximadamente 18,72 % da população total

07. A temperatura média do planeta já subiu 6 graus no século 20 e as projeções indicam que subirá entre 1,4 grau e 5,8 graus até o ano 2100, se nada for feito para deter o processo, segundo informe oficial do portal de internet da Convenção. Mesmo uma pequena elevação da temperatura faz-se acompanhar por mudanças climáticas nas camadas de nuvens, nas chuvas, padrões dos ventos e duração das estações do ano.1. Sem o efeito estufa, não haveria vida na terra e nos oceanos, pelo menos com a riqueza, a diversidade e complexidade que conhecemos hoje. O problema é que, nas últimas décadas, os climatologistas perceberam que a temperatura média do planeta estava aumentando, ou seja, está acontecendo uma intensificação do efeito estufa.2. Os gases do efeito estufa formam como que uma "redoma de vidro" sobre o planeta, deixando entrar a luz e aprisionando o calor.3. O ciclo de absorção e liberação de carbono é um dos mais amplos e importantes do meio ambiente e envolve ar, terra e seres vivos, águas doces e oceanos. As plantas, por exemplo, absorvem carbono e o armazenam. Mas a liberação de gases estufa tais como o gás carbônico, CFC, o metano, e o enxofre no ambiente, pelo homem, acontece numa velocidade maior do que a capacidade de absorção do ambiente.4. Normalmente o termo efeito estufa é utilizado com uma conotação negativa, indicando que algo de errado está acontecendo com a atmosfera. No entanto, a vida na terra só é possível por causa desse efeito.5. Em um cenário onde o aumento nos gases do efeito estufa provoquem de mudanças ambientais muito rápidas, o aquecimento das águas degradaria os ecossistemas marinhos, afetando diversas espécies de diferentes formas. As alterações nos níveis do mar com uma freqüência mais rápida do que muitos dos biomas

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poderiam suportar, provocariam estresse em muitos dos organismos sensíveis à temperatura, tais como os corais, causando a morte e favorecendo o estabelecimento de doenças.

08. Os processos de integração de mercados representam o ápice da globalização e internacionalização da economia. A integração das economias mundiais vem ocorrendo cada vez mais, podendo se dar no espaço contínuo ou descontínuo e ressuscitar antigos valores culturais ou gerar contradições com o conjunto dos demais valores, não podendo a criação de zonas de livre comércio culminar na formação de um mercado comum, visando basicamente a redução de restrições à circulação de mercadorias entre países. Neste processo de integração de mercados surgiu em 1991 o Mercosul. Sobre este bloco e suas particularidades, julgue os itens a seguir1. O Mercosul é um projeto que se utiliza essencialmente de meios econômicos e vai além dos marcos da implantação desta "União Aduaneira", existindo um projeto de dimensões políticas que alcance outros segmentos da vida social e a criação de uma moeda única.2. A União Aduaneira consiste na elaboração de um mesmo imposto de importação para os produtos provenientes de diversos países, denominada de Tarifa Externa Comum.3. Atualmente o Mercosul envolve todos os países da América do Sul e em breve receberá como membro associado o México.4. Apesar das grandes diferenças culturais, o Mercosul não apresenta grandes conflitos, uma vez que os seus países participantes apresentam um equilíbrio político e social. 5. O Mercosul propõe o estabelecimento, entre seus países membros, de algo que vai além de um simples zona de livre comércio, ou seja, propõe a constituição de uma "União Aduaneira".

09. Observe a tabela a seguir :FONTES  

1Hidráulicas(Produzidas em Usinas Hidrelétricas)

37%

2

Derivados do PetróleoGás Engarrafado (GLP)GasolinaQuerozeneÓleo DieselÓleo Combustível

32%

3 Carvão Vegetal e Lenha 9%

4 Bagaço de Cana 7%

5 Álcool 4%

6 Carvão Mineral 3%

7 Gás Natural 2%

8 Outras Fontes 6%

Com a ajuda deste gráfico anterio e tomando por base nossas aulas a respeito do uso da energia em nosso país, julgue:1. A ENERGIA é um dos insumos básicos que é de fundamental importância para o desenvolvimento e a autosuficiência econômica de uma nação. Uma nação que não tenha a produção própria de energia não é uma nação independente. Uma nação que necessite importar petróleo é uma nação dependente.2. Excetuando-se a eletricidade, assim pode ser resumido o perfil da oferta de energia no Brasil, cuja evolução mostra uma importante alteração estrutural, notavelmente direcionada para a redução da dependência externa de energia e a minimização dos efeitos ambientais.3. No caso do setor elétrico brasileiro, várias questões contribuíram para a deterioração do quadro de equilíbrio entre a oferta e a demanda por eletricidade, o que resultou na crise de abastecimento. Tais questões vão desde políticas de desenvolvimento inadaptáveis, em razão das características particulares do sistema brasileiro, passam por marcos regulatórios incompletos e complexos, e compreendem ainda avaliações técnicas equivocadas.4. Gás natural ou também chamado de GLP, pode ser classificado em duas categorias: associado e não associado. O gás associado é aquele que, no reservatório, encontra-se em companhia do petróleo, estando

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dissolvido no óleo ou sob forma de uma capa de gás isto é, uma parte superior da acumulação rochosa, onde a concentração de gás é superior à concentração de outros fluídos como água e óleo.5. As fontes alternativa de energia vem através dos tempos ganhando mais adeptos e força no seu desenvolvimento e aplicação, tornando-se uma alternativa viável para a atual situação em que o mundo se encontra, com as crises de petróleo, pela dificuldade de construção de centrais hidroelétricas, termelétricas, carvão mineral,biodiesel, xisto, usinas nucleares e outras formas de energia suja, como são classificadas, em via de que a utilização destas geram uma grande degradação ambiental o qual e incontestável do ponto de vista social, econômico e humano.

10. “O planeta Terra está vivo e pode regular a sua geologia, o seu clima e os seres que o habitam. Esta é a essência da Hipótese Gaia, exposta pela primeira vez há quase vinte anos pelo biólogo inglês James Lovelock e considerada atualmente a Bíblia dos ecologistas. Parece estranho à primeira vista que uma bola de rocha fundida, flutuando em algum ponto da Via Láctea, esteja viva e dotada de um mecanismo auto-regulador.”

Tomando por base o texto anterior e a ação antrópica sobre o meio ambiente, julgue os itens a seguir como sendo certos ou errados:1. O Protocolo de Kyoto, firmado em dezembro de 1997 e anexado à Convenção do Clima, inaugurou a terceira etapa da “ecodiplomacia”. Na ocasião, fixou-se o compromisso compulsório de redução de 5% nos níveis de emissões de 1990, a ser atingida entre 2008 e 2012. Também criou-se um sistema de comércio de créditos de emissões entre os países, de modo a conferir flexibilidade ao tratado e reduzir os custos do ajuste das economias nacionais. 2. A segunda etapa da “ecodiplomacia” teve como ponto alto a ECO-92, que vinculou meio ambiente e desenvolvimento, politizando definitivamente o debate. Dela surgiu pela primeira vez o conceito de desenvolvimento sustentável, expressão de estratégias econômicas destinadas a promover o crescimento da riqueza e a melhoria das condições de vida através de modelos capazes de evitar a degradação ambiental e a exaustão dos recursos naturais. 3. A destruição da Camada de Ozônio, localizada na troposfera, é um dos mais severos problemas ambientais da nossa era, e durante algum tempo foi muito citada na imprensa. Sua destruição ainda que parcial, diminui a resistência natural que oferece à passagem dos raios solares nocivos à saúde de homens, animais e plantas, os chamados raios ultravioletas. As conseqüências mais citadas seriam o câncer de pele, problemas oculares, diminuição da capacidade imunológica, etc.4. James Lovelock, pesquisador britânico, introduziu nos anos 70 a Hipótese Gaia. Segundo essa hipótese, a Terra é um sistema vivo, dispondo de mecanismos de auto-regulação, ou seja, homeostase: mecanismos gerados e regulados pelos processos vitais, que propiciam a manutenção das condições ambientais necessárias à Vida. Esse modo holístico de se olhar para o nosso planeta, enquadra a nós, humanos, como parte integrante de um todo, onde tudo age interligado a tudo.5. O efeito estufa, resulta da ação antropica e a rigor de um desequilíbrio na composição atmosférica, provocado pela crescente elevação da concentração de certos gases que têm capacidade de absorver calor, como é o caso do metano, dos CFCs, mas principalmente do dióxido de carbono (CO2). Essa elevação dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera se deve à crescente queima de combustíveis fósseis e das florestas, desde a Revolução Industrial.

11. O problema que mais preocupa hoje a América Latina poderia ser resumida de forma bastante simples: tratar-se-ia de examinar as dificuldades que os países da América Latina que saíram mais ou menos recentemente de regimes militares - Argentina, Bolívia, Brasil, Uruguai, Peru, - estão encontrando para estabilizar uma ordem política democrática. Mas trata- se, além disto, de discutir as perspectivas de manutenção de tradições democráticas já consolidadas em países como Colômbia ou Venezuela; os prospectos de criação de uma ordem política democrática em outros que vivem há muito mais tempo dentro de uma tradição política autoritária ou caudilhesca como Chile, , Haiti, México, Panamá e Paraguai e, finalmente, dos problemas de criação de uma ordem política democrática em países latino-americanos de orientação socialista e revolucionária, Cuba e Nicarágua.

-Sobre este tema e assuntos correlatos, Julgue os itens a seguir como sendo “C” para os certos e “E” para os errados.1. O enunciado do problema é suficiente para deixar claro uma das principais dificuldades da América Latina que é a grande heterogeneidade dos seus países.

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2. Não é por acaso no entanto que, apesar das grandes diferenças que guardam entre si, os Países da América Latina costumam ser vistos como um todo quando olhados desde um ponto de vista mais remoto, da Europa ou dos Estados Unidos. A primeira coisa que estes países compartem é, naturalmente, a herança cultural ibérica; a segunda são os níveis precários de desenvolvimento econômico e social -- aos quais se soma a estagnação econômica generalizada dos anos 80 -- apesar das grandes diferenças que existem entre regiões e países; o terceiro, finalmente, é a dificuldade que encontram de implantar e manter uma ordem política democrática. A coexistência destes três fatores leva, naturalmente, à idéia de que eles talvez estejam interligados.3. A tradição política de que somos herdeiros na América Latina, tanto pelo império espanhol quanto pelo império português, é a de um sistema de dominação política de tipo hierárquico e autoritário que, no melhor dos casos, busca levar à prática um ideal qualquer de bem comum, mas, na maioria dos casos, consiste na utilização da autoridade pública para a realização de fins privados e restritos. O termo 'patrimonialismo' - que busca caracterizar as formas de dominação política em que as posições públicas são utilizadas como patrimônio privado de determinados grupos sociais - tem sido utilizado, com propriedade, para caracterizar esta situação.4. A existência de instituições sólidas coloca limites ao mercado predatório e à política demagógica e populista; a preservação do princípio majoritário e de sistemas político-partidários adequados coloca freios à corporativização e apropriação privada de direitos e privilégios políticos e sociais e aos abusos do mercado predatório; a existência de mercados coloca limites à oligarquização dos partidos políticos, à ossificação das instituições, e à preservação de sinecuras, ou seja, ao emprego rendoso e de pouco trabalho.5. Podemos inferir do texto que hoje a expressão "América Latina"apresenta grande significado, uma vez que os seus países apresentam inúmeras características em comum, prova disto são os problemas sócio-econômIcos que avassalam o subcontinente de forma e proporções semelhantes.

12-A população brasileira modificou, ao longo do século XX, seus comportamentos demográficos, como mostra o gráfico:

Sobre estas mudanças, julgue as afirmativas a seguir: 1. Nas primeiras décadas do século XX, as principais cidades brasileiras passaram por um processo de higienização com utilização de vacinas, criação de redes de esgotos e fornecimento de água potável, o que iniciou um processo de redução das taxas de mortalidade; 2. Em meados do século XX, ocorreu uma redistribuição espacial da população com a aceleração do processo de urbanização o que acarretou a redução das taxas de natalidade; 3. A partir da década de 70, os investimentos em infra-estrutura territorial possibilitaram aos meios de comunicação difundir novos padrões de comportamento para parcelas maiores da população o que contribuiu para uma maior redução nas taxas de fecundidade; 4. A partir da crise da década de 80, as políticas governamentais de controle da natalidade permitiram a queda do crescimento vegetativo e o ingresso na fase mais avançada da transição demográfica. 5. A queda na taxa de natalidade e mortalidade em nosso país é explicada pela maior conscientização de nossa população e por pesados investimentos de infra-estrutura nas áreas mais carentes, colocando o Brasil como um país nos níveis dos países centrais e elevando o nosso IDH nos padrões de 0,800.

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13. Observe o mapa a seguir :

Tomando por base o mapa anterior, julgue:1. Na letra “A” surge o Peru, que teve nas recentes eleições para presidente a volta de Alan Garcia, que vem orientando sua política econômica de forma alinhada com o presidente Hugo Chaves da Venezuela.2. Na letra “B”, encontramos um país que está vivendo uma grave crise diplomática e econômica com o Brasil, tendo no seu presidente Evo Morales um discurso nacionalista.3. O país representado pela letra “C” é a Venezuela do ditador Hugo Chaves, que nos últimos anos vem incitando uma onda de populismo e nacionalismo na América Latina.4. No país indicado pela letra “D”, a presença de guerrilhas de direita, tais como as FARC’s, ELN e AUC, trazem inúmeros problemas para a região.5. A nação representada pela letra “E” é o Paraguai, que é membro fundador do Mercosul, juntamente com o Brasil, Argentina e o Uruguai, que tem no seu novo presidente Fernando Lugo uma certa orientação neo-liberal.

14. Na Conferência do Rio, ao contrário de Estocolmo-72, a cooperação prevaleceu sobre o conflito,uma vez que a Guerra Fria havia acabado. Neste sentido, ao abrir novos caminhos para o diálogo multilateral, colocando os interesses globais como sua principal preocupação, o significado da Cúpula do Rio foi muito além dos compromissos concretos assumidos, pois mostrou as possibilidades de compreensão em um mundo livre de antagonismo ideológico.

Sobre este tema e assuntos correlatos , julgue os itens a seguir como sendo certos ou errados.1. A chamada "Agenda 21" é um programa criado paralelamente ao Relatório Brundtland, que busca viabilizar a adoção do desenvolvimento sustentável e ambientalmente racional em todos os países. 2. O relatório Brundtland consolida uma visão crítica do modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados e mimetizado pelas nações em desenvolvimento, ressaltando a incompatibilidade entre os padrões de produção e consumo vigentes nos primeiros e o uso racional dos recursos naturais e a capacidade de suporte dos ecossistemas. 3. Conceitua como sustentável o modelo de desenvolvimento que "atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades".

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4. O Protocolo de Kyoto divide os países em dois grupos: os que precisam reduzir suas emissões de poluentes e os que não tem essa obrigação. O Brasil está no segundo grupo que irá receber para não poluir mais e para tirar da atmosfera, com suas florestas e matas, o dióxido de carbono ainda produzido por seus financiadores. Assim os países mais poluidores - os mais ricos, em sua maioria - poderão pagar para continuar poluindo em alguma medida.5. O vago do conceito de Desenvolvimento Sustentável que não ajudou a avançar na década de 90 foi superado durante a Rio+10, onde as contradições entre os três pólos: ambiental (planeta), social (povo) e econômico (prosperidade) aparecem mais claramente.6. Em 1992 foi elaborada a Carta da Terra, que trata-se de um documento com princípios éticos fundamentais e diretrizes de condutas para orientar pessoas, organizações e países para a sustentabilidade do planeta.7. A Agenda 21 é um documento que, fundamentalmente, elenca um roteiro para a implementação de um novo modelo de desenvolvimento que se quer sustentável quanto ao manejo dos recursos naturais e preservação da biodiversidade.

15. A Ásia é o maior continente do planeta e apresenta seis regiões que compõem à as suas áreas geo-econômicas: Ásia Central, Extremo Oriente, Norte da Ásia, Oriente Médio, Sudeste Asiático e Sul da Ásia. Tomando por base este continente e suas particularidades, julgue:1. Mesmo sendo dotado de poucos recursos naturais e fontes de energia é impossível explicar a recuperação econômica japonesa após a II Guerra Mundial e os avanços significativos na estabilidade política pelos modelos ou teorias convencionais. Para tanto, podemos entender que a relevância do fator humano em suas múltiplas e variadas dimensões, particularmente a força de trabalho, sua formação, treinamento e disciplina, bem como os padrões de comportamento e os valores sociais que regem o convívio e as relações entre os diferentes atores sociais.2. Vários foram os acordos de paz no Oriente Médio. Foram passos muito importantes para a pacificação da região. Porém, o fanatismo religioso, o ódio acumulado durante milhares de anos e os preconceitos de parte a parte permanecem um obstáculo à paz.3. O assassinato do premiê Yitzhak Rabin por um muçulmano fundamentalista, em novembro de 95 demonstra que mesmo quando as lideranças israelenses buscam a paz, militantes palestinos não aceitam negociar 4. Outro conflito está para estourar no Oriente Médio. O PKK – Partido Curdo dos Trabalhadores –considerado terrorista por EUA, OTAN e União Européia – havia declarado um cessar-fogo em setembro de 2006, mas rompeu-o em setembro deste ano de 2007, abrindo fogo contra um ônibus na fronteira entre Turquia e Iraque. Mataram 13 pessoas, dentre eles sete soldados turcos e uma criança. No início de outubro, mais um ataque, mas 13 vítimas – desta vez, todos soldados. A resposta do parlamento turco foi autorizar por esmagadora maioria o país a invadir o Iraque para responder à provocação do PKK5. Há duas décadas, os Estados Unidos tentavam se aliar a Saddam Hussein; na década passada, erguiam uma coalizão com 33 países para destruí-lo. Assim, uma relação que começou com perspectivas de ampla cooperação e proximidade política, tornou-se o principal confronto internacional dos dias atuais. Os americanos tentaram encerrar o ciclo em 2003, com Saddam derrotado e seus militares a cargo da reconstrução do país. 6. A aproximação entre EUA e Iraque na década de 80 foi idealizada pelo governo de Ronald Reagan e seu vice, George Bush. Na avaliação deles, o Iraque e seu novo líder Saddam poderiam simbolizar um novo tipo de estado árabe, moderado e alinhado com o Ocidente. Os americanos colaboraram com o Iraque na guerra contra o vizinho Irã, país que viu radicais islâmicos anti-EUA tomarem o poder. 7. O atual governo do Irã é formado por uma presença de maioria sunita, tendo no presidente Mahmud Armadinejah uma forte resistência aos EUA.

16. Cada vez mais a integração das economias mundiais vem ocorrendo, podendo se dar no espaço contínuo ou descontínuo e ressuscitar antigos valores culturais ou gerar contradições com o conjunto dos demais valores, não podendo a criação de zonas de livre comércio culminar na formação de um mercado comum, visando basicamente a redução de restrições à circulação de mercadorias entre países. Neste processo de integração de mercados surgiu em 1991 o Mercosul. Sobre este bloco e suas particularidades, julgue os itens a seguir

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1. O Mercosul é um projeto que se utiliza essencialmente de meios econômicos e vai além dos marcos da implantação desta "União Aduaneira", existindo um projeto de dimensões políticas que alcance outros segmentos da vida social e a criação de uma moeda única.2. De modo geral a União Aduaneira consiste na elaboração de um mesmo imposto de importação para os produtos provenientes de diversos países, denominada de Tarifa Externa Comum.3. O Mercosul envolve todos os países da América do Sul e em breve receberá como membro associado o México.4. O Mercosul não apresenta grandes conflitos, uma vez que os seus países participantes apresentam um equilíbrio político e social. 5. O Mercosul estabelece entre seus países membros, de algo que vai além de um simples zona de livre comércio, ou seja, propõe a constituição de uma "União Monetária e Econômica”.

17. A globalização pode ser descrita como um processo de difusão de idéias e valores, de formas de produção e de trocas comerciais que atravessam e rompem as fronteiras nacionais.Tomando por base este tema, julgue:1. Globalização é responsável por uma intensa velocidade de propagação de idéias e da instantaneidade na transmissão dos acontecimentos mundiais.2. A mundialização da economia é responsável pela ampliação dos fluxos de bens e de informações que circulam e interagem em escala mundial.3. A globalização contribuiu para a retração do espaço territorial do Estado-Nação e do alargamento da ação das grandes corporações. 4. O fenômeno da globalização vem contribuindo para uma maior simetria dos circuitos da mídia e da informação eletrônica com uma recíproca fertilização cultural.5. O aumento da velocidade e da eficiência dos sistemas multimodais de transportes e comunicações, facilitaram o processo de globalização..

18. Não existe uma definição que seja aceita por todos, mas é basicamente um processo ainda em curso de integração de economias e mercados nacionais. No entanto, ela compreende mais do que o fluxo monetário e de mercadoria; implica a interdependência dos países e das pessoas, além da uniformização de padrões e está ocorrendo em todo o mundo, também no espaço social e cultural. É chamada de "terceira revolução tecnológica" (processamento, difusão e transmissão de informações) e acredita-se que a globalização define uma nova era da história humana.Sobre este tema e assuntos correlatos, julgue:1. Não há atividades que escapem dos efeitos da globalização do capitalismo. Nem mesmo os esportes. Nem a seleção canarinho dispensa o patrocínio da Coca-Cola, símbolo estridente do processo de globalização do capital. 2. A influência política da globalização chega ao ponto de entidades de direitos humanos dos Estados Unidos tomarem conhecimento da chacina de meninos de rua, ocorrida em 1993 em frente à igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, antes mesmo do próprio governo brasileiro. 3. Enquanto que no passado os instrumentos da integração foram à caravela, o barco à vela e a vapor, e o trem, seguidos do telégrafo e do telefone, a globalização recente se faz pelos satélites e pelos computadores ligados na Internet. 4. Imagina-se que a Globalização, seguindo o seu curso natural, irá fortalecer cada vez mais os estados-nacionais surgidos há cinco séculos atrás, ou dar-lhes novas formas e funções, fazendo com que novas instituições supranacionais gradativamente os substituam. Com a formação dos mercados regionais ou intercontinentais (Nafta, Unidade Européia, Comunidade Econômica Independente [a ex-URSS], o Mercosul e o Japão com os tigres asiáticos), e com a conseqüente interdependência entre eles, assentam-se às bases para os futuros governos transnacionais que, provavelmente, servirão como unidades federativas de uma administração mundial a ser constituída. 5. Ninguém tem a resposta nem a solução para atenuar o abismo entre os ricos do Norte e os pobres do Sul que só se ampliou. No entanto, é bom reconhecer que tais diferenças não resultam de um novo processo de espoliação como os praticados anteriormente pelo colonialismo e pelo imperialismo, pois não implicaram numa dominação política, havendo, bem ao contrário, uma aproximação e busca de intercâmbio e cooperação.

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19. Mesmo após o final da Guerra Fria no início da década de 1990, que a tensão nuclear continua. Origem de benefícios para a humanidade, mas também de trágicas cenas de destruição e morte, a energia nuclear continua no centro de importantes conflitos no mundo atual.A respeito desse tema, julgue os itens1. O conflito entre a Índia e o Paquistão pela conquista do território da Cachemira tornou-se a principal ameaça nuclear para o planeta, uma vez que há mais de 50 anos esses países não conseguem entrar em um consenso.2. O velho arsenal soviético, que pode estar em mãos ignoradas, ainda se apresenta como uma séria ameaça a humanidade.3. O programa nuclear iraquiano de Marmhud Ahmadinejad, é um atual foco de tensão com as Nações Unidas, com os Estados Unidos e com a União Européia.4. Com relação ao Irã, o governo Bush procura evitar o que ocorreu no Iraque durante a Guerra do Golfo em 2002, quando os EUA tomaram o poder de Sadam Hussein, alegando a existência de armas de destruição em massa em território Iraquiano.5. O programa nuclear da Coréia do Sul também é um fator de preocupação para os EUA, uma vez que esses países possuem as relações cortadas desde a Guerra Fria.

20. A “Doutrina Bush” é um conjunto de estratégias adotadas pelo atual governo norte americano George Bush após os atentados de 11 de Setembro pra proteger os EUA. Sua filosofia baseia-se no pressuposto de que os EUA é a maior potência mundial e por isso deve proteger a civilização humana das ações terroristas. Baseado no tema proposto e assuntos correlatos, julgue os itens a seguir:1. Podemos notar que nos últimos anos vem ocorrendo uma queda significativa dos atentados terroristas no mundo ocidental. Esse fato se deve a política de contenção a esses atos proposta pelos EUA e apoiado pelos principais países americanos.2. A Doutrina Bush é resultado da desconfiança da possibilidade de existência de armas de destruição em massa em países como o Irã, a Coréia do Norte e o Paquistão.3. A Doutrina Bush é baseada na política de “Contenção”do avanço terrorista no mundo. 4. Para o presidente Bush, a filosofia utilizada por Irã, Iraque e Coréia do Norte, formam o que ele entitulou de “eixo do mal” e para entrar nessa lista de inimigos norte americanos, basta não aderir ou contestar a estratégia norte americana de contenção a violência.5. Ao invadir o Afeganistão a procura de Osama Bin Ladem, os EUA colocaram em prática a Doutrina Bush. Com a invasão, o governo fundamentalista do Talibã foi derrubado e restabelecida a democracia neste país, que agora apresenta uma estabilidade política e econômica.

21. Com a descoberta de petróleo na  Bacia Santista abre uma nova etapa na produção de petróleo em nosso país. Sobre este tema e assuntos correlatos, julgue: 1. As jazidas de petróleo pesado em Tupi, Jubarte , Júpiter e Bentevi são de menor valor comercial.2. A plataforma de petróleo leve encontrado na BM-S-9(Guará), é considerada a maior descoberta de petróleo do mundo em águas rasas, abaixo do pré-sal.3. Na esteira dos constantes aumentos do preço do barril de petróleo nos últimos meses, a Petrobras ultrapassou a Microsoft e agora é a 3ª maior empresa por valor de mercado no mundo. Porém, é importante percebermos que estas oscilações de preço apresentam muita especulação.

22. A América Latina vem passando por profundas mudanças no seu quadro geopolítico nos últimos anos. Sobre este tema e assuntos correlatos, julgue:1. A Unasul (União das Nações Sul-americanas) reúne os doze países da América do Sul e visa aprofundar a integração da região. Os principais objetivos serão a coordenação política, econômica e social da região.2. A invasão do território do Equador por para-militares da Colômbia em março passado a procura do número 2 das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Raúl Reyes, desencadeou uma  séria crise diplomática entre os dois paises. Segundo documentos autenticados encontrados  pela polícia internacional Interpol ,no computador de Raul Reys, Caracas e Quito dão uma ajuda substancial às Farc.3. A renúncia de Fidel põe fim a uma ditadura de várias décadas e abre de vez as portas da economia cubana para o capitalismo.

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4. As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) confirmaram a morte do seu líder histórico, Manuel Marulanda, após o Governo colombiano ter anunciado que o guerrilheiro morreu em 26 de Março deste ano.5. O novo líder das FARC´s se chama Alfonso Cano, e com ele percebe-se a intenção do então grupo guerrilheiro de iniciar um dialogo com o governo colombiano rumo a formação de um partido político e o abandono das armas.6. As principais guerrilhas de esquerda na Colômbia, são as FARC’s (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), ELN (Exército de Libertação Nacional) e AUC (Auto defesas Unidas da Colômbia),7. A Bolívia é um país que está vivendo uma grave crise diplomática e econômica com o Brasil e uma violenta onda de autonomia de suas regiões mais pobres.8. A ALBA (Alternativa Bolivariana para as Américas) é formada pela Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua e República Dominicana, além do interesse de países como Equador e Granada de ingressar nesse bloco.

GABARITO1. E,E,C,C,C,C2. E,C,C,C3. C,C,C,E,C4. E,C,E,C,C,E5. C,C,E,C,E,C6. C,C,C,E,E,C7. C,C,E,C,C8. E,C,E,E,C9. C,C,C,E,E10. C,E,E,C,E11. C,C,C,C,E12. C,C,C,E,E13. E,C,E,E,E14. E,C,C,C,E,C,C15. C,C,C,C,C,C,E16. E,C,E,E,E17. C,C,C,E,C18. C,C,C,E,C19. E,C,E,E,E20. E,E,C,E,E21. E,E,E22. C,E,E,C,E,E,E,C