abertura palacios voadores vvip - gianfranco · a sigla não deixa margens à interpreta-ções....

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Se voar já é um sonho acalentado por muitos, o que dizer então de voar no seu próprio avião? Se isso já é para poucos, o que dizer então de um grupo seletíssimo que possui aeronaves que têm áreas internas maiores do que as de muitos apartamentos? Bem-vindo ao mundo das aeronaves VVIP. Gianfranco Beting A bordo do BBJ 2, a impress o de se estar num hotel de luxo Sala de jantar no novo 787 VVIP: digna de reis Abertura Palacios Voadores VVIP - Gianfranco.p65 12/12/2006, 09:22 2-3

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Se voar já é um sonhoacalentado por muitos,o que dizer então devoar no seu próprioavião? Se isso já é parapoucos, o que dizerentão de um gruposeletíssimo que possuiaeronaves que têmáreas internas maioresdo que as de muitosapartamentos?

Bem-vindo ao mundo das aeronaves VVIP.Gianfranco Beting

A bordo do BBJ 2, a impress‹ o Ž de se estar num hotel de luxo

Sala de jantar no novo 787 VVIP: digna de reis

Abertura Palacios Voadores VVIP - Gianfranco.p65 12/12/2006, 09:222-3

A sigla não deixa margens à interpreta-ções. VVIP significa Very, Very ImportantPerson. Para pessoas assim, aeronavesúnicas: que tal um 787 ou mesmo A380particular? Esse mercado, saiba você, nãopára de crescer. E antes de conhecer asúltimas inovações, vamos fazer uma rápidapassagem sobre a origem dos jatos VVIP.

O primeiro jato comercial modificado evendido como transporte VVIP foi um Comet4C encomendado e entregue ao rei SauditaIbn ‘Abd al- ‘Aziz ibn Abd al-Rahman Al FaisalAl Sa’ud. O jato do monarca de longo nometeve curta existência: entregue em outubro de1962, fez sua primeira viagem real transpor-tando sua Alteza entre Genebra e Nice em 19de março de 1963. Onze dias depois, duranteum vôo de posicionamento nessa mesma rota,

Os grandes fabricantes acordampara o fenômeno

Atualmente há cerca de 600 jatos comerci-ais utilizados como aviões executivos oucorporativos, a maior parte deles convertidospara o uso executivo após terem operado comoaviões de linha. Aproximadamente outros maisde 300 aviões comerciais estão no inventáriode agências governamentais em funçõesexecutivas. Dentre estes, há muitos jatos desegunda geração, velhos tipos como os BAC 1-11 e Boeing 727, 737 e Fokker Mk.28 converti-dos para uso corporativo, ainda em operação.

Possuir um avião próprio para viagens denegócios ou mesm o para lazer alavanca odesenvolvimento de um importante segmento

na indústria aeronáutica. Por exemplo, os“completion centers”, empresasespecializadas na criação, construção emodificação de interiores para jatos comerci-ais particulares.

Até 10 anos atrás, aeronaves VVIP eramencomendadas diretamente dos fabricantes,que os vendiam sem interiores. Em julho de1996, os fabricantes acordaram para essesegmento. Tanto a Boeing e a GeneralElectric, chegaram à conclusão de que havia,sim, um importante mercado para aviõesexecutivos de longo alcance, já que cada vezmais e mais corporações procuravam equipa-mentos adequados para viagens intercontinen-tais. As duas formaram uma nova empresapara comercializar o “Jato Executivo Boeing.”Nascia alí o BBJ, (Boeing Business Jet) tendo

por sócios a Boeing como fabricante da célulae a GE fornecendo os turbofans.

O novo jato executivo era um híbrido decélula do modelo 737-700 com o trem depouso e a seção central das asas do seu irmãomaior, o 737-800. Nove tanques auxiliares decombustível, com capacidade total de 16.275litros, combinados com o peso máximo dedecolagem de 77.560 kg, podem oferecer umalcance de até 11.500 km. Performancecalculada com velocidade de cruzeiro deMach 0,80. Desde 1996, as vendas do BBJ sótêm crescido e hoje há mais de 114 unidadescomercializadas. Alguns anos depois, a Boeinglançou o BBJ2, que é um 737-800 não é umhíbrido, com a fuselagem maior que a do BBJ.

Para não ficar de for a da festa, no Salãode Le Bourget de junho de 1997, a Airbuslançou seu ACJ (Airbus Corporate Jet),baseadao no Airbus A319. A Airbus afirmaque seu ACJ, embora de tamanho semelhanteao do BBJ, possui o interior mais flexível detodos os jatos executivos concorrentes. Oconsórcio europeu argumenta, também, que oACJ incorpora apenas mudanças mínimas noA319 padrão, e por isso, ao contrário do BBJ(que é um híbrido), ele pode ser facilmenteconvertido em avião comercial para revenda.Com uma cabine que pode ser configuradapara 10 a 60 passageiros, o ACJ tem umalcance superior aos 11.650 km.

Logo ambas as empresas iriam além: aBoeing lançou em 2006 O BBJ3, versão do737-900ERX, e na mesma ocasião, nãoapenas anunciou o lançamento comoas primeiras vendas de suas estrelas:nasciam alí as versões VIP do seunovíssimo 747-8 e do revolucio-nário 787 Dreamliner. E osprogramas foram lançadoscom clientes na mão: já há

explodiu após bater num contraforte dos Alpesperto da cidade italiana de Cuneo, matandotodos os seus ocupantes. Apesar de sua vidabreve, seu interior era luxuosíssimo, digno doRei saudita – que só voou uma vez no seucaro brinquedinho: camas, sofás, salas dereunião. Não havia nada parecido.

Mas a idéia estava lançada. Depois, numfenômeno que começaria nessa década eprosseguiria até os dias de hoje, a mania decomprara aeronaves comerciais de grandeporte e transformá-las em aeronaves VIPSseguiu num crescendo. O destaque vai para oOreinete médio, por algumas razões. Aprimeira: não havia, até os úiltimos anos,sistemas de ligações aéreas regulares eficien-tes. Ter uma aeronave própria, mais do queum mimo, era uma necessidade. A segunda:por razões sócio-culturais, ostentar não épecado nessa parte do mundo. Finalmente:porque após o “Oil Shock” de 1973, ossheiks, reis e emires dessa parte dom planetaficaram, literalmente podres de ricos. E sómesmo assim, para se comprar e depois,manter, aeronaves como essas.

O A340-600Prestige: umadas maisespetacularesaeronavesVVIP emopera• ‹ o.

Poltrona do chefe:espa• o reservadopara presidentenorte-americanoa bordo do famosoAir Force One.

AtŽ o momento,o BBJ Ž o maiorjato executivooriginal def‡ brica daBoeing. Estaposi• ‹ o vai serperdida com aentrada do BBJ3,747-8 BBJ e787-BBJ.

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três 747-8 VIP, três 787-8 VIP e dois 787-8 VIPvendidos, contratos cujas cifras somadas jáultrapassam US$ 1,6 bilhão. A Airbus não sedeu por vencida e lançou a linha versõesexecutivas de seus maiores modelos, o A330,A340 e, pasme, até o próprio mamute voador,o A380, que tem 900 metros quadrados deárea de piso. Ou seja: suas dimensõesintrernas são do tamanho de qualquer mansãoque se preze. Melhor dizendo: são mesmodimensões de palácios voadores.

Interiores de sonhoQuanto maior a dimensão da aeronave,

maior parece ser o apetite do cliente parainovar e gastar dentro dela. Os designers deinteriores dos centros de modificações estãolimitados apenas pelas dimensões físicas daaeronave. Quando têm pela frente o generosoespaço oferecido pelas cabines de jatos comoum A340, 747 ou 787, eles criam projetosabsolutamente fantásticos. Como algunsdesses aviões são capazes de voar non-stoppor mais de 16.000 km, as cabines não

incluem apenas o que seria de se esperar,como compartimentos para descanso detripulantes extras, mesas de reuniões, sofás econfortáveis poltronas para os passageiros.Vão muito, muito além. Um dos projetosprevê até um ginásio esportivo. Entre outrasamenidades, há até provisões para saunas. Osbanheiros são absolutamente completos, com

banheiras de hidromassagem Jacuzzi.A Lufthansa Technik, com mais de 5

décadas de expertise na área, empolgou-secom o projeto do 787 VVIP. Contartou odesigner Andrew Winch e deu-lhe carta brancapara desenvolver as soluções tão espetacularesquento exclsuivas. As maiores novidade emtelecomunicações foram incorporadas aosprojetos. As imagens falam por sí, e dão aexata dimensão que no mercado VVIP, nem océu é limite para a imaginação e para a contaque é apresentada ao final dos trabalhos. ABoeing acredita que o fenômeno daglobalização exige mobilidade constante. Asempresas estão enviando cada vez maisfuncionários juntos em viagens transoceânicase, em vôos normais de 12 ou 14 horas, amplosespaços são necessários para poder trabalhardurante a viagem. As espaçosas cabines e ascapacidades de longo alcance dos aviõescomerciais provaram ser uma grande vanta-gem para as operações dos vôos corporativos.

Grandes jatos executivos grandesTalvez o avião comercial de uso executivo

mais famoso seja o par de Boeing 747-200B,utilizados pela Força Aérea dos EstadosUnidos e desigandos VC-25A. mais conheci-dos pelo call-sign “Air Force One”, emboraessa designação só se aplique quando opresidente dos Estados Unidos encontra-se abordo. O call-sgn na verdade é transferidopara qualquer avião da USAF que estejatransportando o presidente. Mas há outros

O Boeing 767 dorusso Berezovski:pintura externa otornadiferenciado.

Sala de Jantar /Confer• nciaspara o novo787-BBJ: luxosem igual.

O 747-400 doSult‹ o do Brunei:todos os metaisusados norevestimento eacabamento abordo s‹ o deouro maci• o.

Um dos muitos luxos do novo 787 BBJ: ele ser‡ o primeirocapaz de voar a qualquer cidade do mundo sem escalas.

Sala deproje• ‹ o decinema no787: s— faltaa pipoca

Um dos croquis utilizados nosest‡ gios iniciais de

desenvolvimento do 787:nenhuma idŽ ia, por mais

mirabolante que seja, deixa deser estudada quando os

clientes s‹ o VVIP.

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grandes jatos do porte do 747 em uso VVIP nomundo, sobretudo no Oriente Médio. Notávelexcessão é a frota do Sult?ão de brunei,considerado o homem mais rico do mundo. Eletem alguns VVIPs em sua frota. A estrela é o747-400 que comprou, zero, pagando à vista,da Lufthansa, que por sinal encarregou-se deconstruior um interior real, com ouro e pedraspreciosas aplicadas em pontos estratégicos.Satisfeito, o Sultão deu de presente à filhamais velha um A340-300 zerinho de presentepelos 18 aninhos.

Boris Brezovski (o magnata russo quedesavisadamente investiu no Corinthians)entende mais de aviação do que de futebol: édono de um 767-300ER VVIP, prefixo P4-MES,que vira atração por onde passa. Outro quenão fazia nada feio em termo de transportepessoal era Rafic Hariri, o homem mais rico doLíbano. Antes de ser assassinado, comprou evoou com um majestoso 777-200ER VVIP. Afamília real saudita, leva de longe a taça demaior operadora de aeronaves VVIP: a frota daturma conta com um 757-200 convertido emhospital particular, que viaja e fica de stand-bynos aeroportos mais próximos de onde o reiestiver; dois MD-11F cargueiros, para levar de

Lamborghinis a ambulâncias de uso da famíliareal; três 747-SP; um 747-300 e dois L-1011-500 Tristar. Além destes nove pesoso-pesados,sem muito aviso prévio, os reais ligam e pedememprestado” um ou dois 777-200ER à SaudiArabian, empresa aérea de bandeira, quenormalmente cede o 777 de prefixo HZ-AKF.

Preço não é problemaQuer um avião tamanho família sem gastar

toda a herança? Apesar de que tanto a Airbusquanto a Boeing terão muito prazer em lheoferecer um ACJ ou um BBJ, há muitas outrasalternativas mais em conta nos vários centros deserviços de modificações e revendedores deaviões oferecendo aviões comerciais para usocorporativo. A Associated Air Center, de ForthWorth, Texas, oferece a conversão de aviõesBoeing 727, 737 e 757. Outra companhiabaseada em Forth Worth, a InternationalAviation Services está oferecendo a conversãode 727, a “VIP Super 27”, que atende à regula-mentação de Estágio 3, com uma modificaçãode nacele silenciosa no motor nº 2 e dois novosmotores JT8D-200. A IAS afirma que o VIPSuper 27 custa aproximadamente a metade deum avião novo completo de tamanho equivalen-te (como o 737) e o tamanho da cabine é quasetrês vezes maior que a de um Gulfstream V oude um Bombardier Global Express.

Na medida em que as oportunidades denegócios aumentam, muitos operadores dejatos executivos estão tentando se modernizare começam a operar com aviões comerciaisconvertidos ao uso corporativo. Embora oscustos diretos de operação possam pareceraltos (aproximadamente US$ 1.550 por hora,estimados para o BBJ), os atuais operadores deaviões VVIP não apenas sabem que as vanta-gens superam amplamente os custos altos.Eles, na verdade, já fazem parte do seletíssimogrupo pessoas que não se preocupam com opreço das coisas. Eles exeigem, e somente osjatos VVIP entregam um padrão de conforto ea comodidade à altura de suas necessidades.

O banheiro dasu’ te master do787 BBJ: luxo eprivacidade dehotel5 estrelas a 11km de altitude.

A su’ te master do787-BBJ: situadano final dafuselagem, paragarantir m‡ ximaprivacidade.

Efeitos de luzescriam ambientesexclusivos ediferenciados nointerior desteA320 VVIP.A inten• ‹ o Žfazer com que opassageiroesque• a que est‡numa aeronave.

Bar no decksuperior de umA380 VVIP: nemo cŽ u Ž maislimite emse tratando deluxo e prest’ gionesesverdadeirospal‡ ciosvoadores.

Um A380 nascores daLufthansaTechnik, quedesponta comouma dasl’ deres dosegmento deconfigura• ‹ oVVIP.

Palacios Voadores VVIP - Gianfranco.p65 12/12/2006, 12:228-9

Sal‹ o dianteiroTr• s ‡ reas de assentosmultifuncionais, sof‡ sconfort‡ veis, poltronastotalmente reclin‡ veis(para atŽ 10 pessoas) emesas de cafŽescamote‡ veis. Monitor deplasma de 50" na divis— riafrontal.

Su’ tes para convidadosDispostasengenhosamente ao redordo Hall de entrada, camasde solteiroconfortabil’ ssimas,que podem ser convertidasem camas de casal.Banheiros individuais emcada su’ te, incluemchuveiros.

Cinema e BarDisposi• ‹ o cl‡ ssica de sala deproje• ‹ o, perfeita paraentretenimento ao vivo. Podeser usada como segundaop• ‹ o de ‡ rea social,ou sal‹ o de jogos/cartas. Baradjacente com banquetas,equipadas e certificadas comoposi• › es adicionais paratransporte (com cintos deseguran• a).

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Suite VIPCama tamanho Ò QueenÓ , TV deplasma de 42", closetexclusivo e banheiro privativogarantem m‡ xima privacidade econforto.

AssentosPara um total de 32passageiros certificadospara pousos e decolagens.Outras 27 posi• › es est‹ odispon’ veis, sem contarcamas e sof‡ s. H‡ aindaprovis‹ o para acomodo• › esextras para a tripula• ‹ o.

Acomoda• › es para comiss‡ riose tripulantes tŽ cnicosCamas e poltronas totalmentereclin‡ veis para oito tripulantes,alŽ m de ‡ rea dedicada dedescanso no overhead.Inclui cozinha exclsuiva, banheiroe despensa. Permite entradadireta e reabastecimentodedicado.

Hall de entrada e vest’ buloPara uso exclusivo dopropriet‡ rio e seus convidados,o Hall de entrada oferece umambiente acolhedor, atravŽ s deengenhosos sistemas deilumina• ‹ o.

Sal‹ o de onfer• ncia e/ourefei• › esEquipado com os maismodernos sistemas decomunica• ‹ o, Ž uma das‡ reas mais importantes daaeronave. A mesa permiteque 10 pessoas sentem-seconfortavelmente. Monitor deplasma de 42" e provis› espara divis— rias e reparti• › esatravŽ s de cortinas oubiombos leves.

Zona de circula• ‹ o e leituraEstantes para livros erevistas s‹ o um excelentecomplemento para a ‡ reaadjacente ao bar.

Su’ te MasterAproveitando a largura total dafuselagem da aeronave, apresentaespa• o e conforto excepcional.Localizada na parte traseira param‡ xima privacidade. A su’ te inclui umescrit— rio exclusivo para o propriet‡ rio eum generoso banheiro privativo.Divis— rias leves garantem ainda maisprivacidade e conforto.

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