a vida na sociedade da vigilância

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A vida na sociedade da vigilância – Stefano Rodotá I – A privacidade entre o indivíduo e a coletividade - Deslocamento do conceito de privacidade da noção de “ficar só” para a possibilidade de cada um ter controle sob o uso das suas informações pessoais. - Necessidade de identificação das raízes do poder pelo controle da informação pela adm. pública e privada. - Não é suficiente elaborar um sistema de contenção do poder dos computadores em relação as suas particulares modalidades de utilização. - Binômio reconhecimento-divulgação não é suficiente. Dilatação do conceito de privacidade além da sua dimensão estritamente individualista. - Desejo de intimidade como fato determinante para brigas sociais na época medieval (privacidade como desagregação desta vida). Essa privacidade era privilégio da burguesia e assim se manteve por um tempo. - Intimidade dependia de condições materiais. - Privacidade como privilégio. Daí sua tutela jurídica ser, a priori, baseada em conceitos de propriedade. - A classe operária, em virtude disso, não conhecia privacidade. - “Poverty and privacy are simply contractories” Engels - Dreito a ser deixado só como descaso pelas outras classes, abandono dos mais fracos à violência social. - Diversas funções da privacidade, de sua dinâmica. - Coleta de informações com 2 objetivos: aquisição de elementos para a preparação e gestão de programa de intervenção social/estratégica de marketing e controle de

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A vida na sociedade da vigilância – Stefano Rodotá

I – A privacidade entre o indivíduo e a coletividade

- Deslocamento do conceito de privacidade da noção de “ficar só” para a possibilidade de cada um ter controle sob o uso das suas informações pessoais.

- Necessidade de identificação das raízes do poder pelo controle da informação pela adm. pública e privada.

- Não é suficiente elaborar um sistema de contenção do poder dos computadores em relação as suas particulares modalidades de utilização.

- Binômio reconhecimento-divulgação não é suficiente. Dilatação do conceito de privacidade além da sua dimensão estritamente individualista.

- Desejo de intimidade como fato determinante para brigas sociais na época medieval (privacidade como desagregação desta vida). Essa privacidade era privilégio da burguesia e assim se manteve por um tempo.

- Intimidade dependia de condições materiais.

- Privacidade como privilégio. Daí sua tutela jurídica ser, a priori, baseada em conceitos de propriedade.

- A classe operária, em virtude disso, não conhecia privacidade.

- “Poverty and privacy are simply contractories” Engels

- Dreito a ser deixado só como descaso pelas outras classes, abandono dos mais fracos à violência social.

- Diversas funções da privacidade, de sua dinâmica.

- Coleta de informações com 2 objetivos: aquisição de elementos para a preparação e gestão de programa de intervenção social/estratégica de marketing e controle de conformidade dos cidadãos com a gestão política/comportamentos prevalecentes (dominação).

- A privacidade como assistência à apresentação de informação para construir programas de intervenção social, consolida o privilégio da classe média. A privacidade como resistência contra o controle de conformidade, transforma esta numa forma de promover o controle de igualdade.

- A privacidade deve ser aceita em todos os extratos sociais, em todos os ambientes. A associação de privacidade à condição material (casa) coaduna com este entendimento burguês de privacidade.

- A privacidade se projeta na coletividade, assumindo funções antes desconhecidas.

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- Assim, até mesmo a coleta de dados anônimos pode ser alterada ou utilizada contra os direitos individuais. Assim, vemos a necessidade aqui de um uso democrático e controle coletivo destas informações, bem como a reforma dos órgãos responsáveis pela coleta de informação.

- Negar essa coleta, é permitir que as decisões sejam tomadas por uma minoria, é se arraigar na idéia do poder para quem ta em cima. No mesmo passo, estas informações não vem sendo divulgadas de maneira certa.

- A dissociação de privacidade com propriedade poder se percebida pela legislação tributária (transparência).

- Impossibilidade de redução da privacidade à um núcleo irredutível que mercê proteção. Dificuldade de individualização do conceito, direito do cidadão fiscalizar os detentores de informação (info como um “new power”).

- Errôneo que o mero “controle” seja suficiente, se exercido pelo indivíduo isoladamente, em especial em virtude da diferença de poder entre governo/cidadão.

- Necessário pode se fazer, inclusive, o fechamento da informação para entidades fiscalizadoras.

- Controle coletivo não como instrumentos individuais tradicionais ou de autodisciplina corporativa.

Este novo estado, com “infraestrutura informativa”, não pode ser regulado através de uma intervenção única. Esta necessidade não pode justificar a inércia.

- Tecnologia, embora nem sempre boa, não pode ser extirpada.

- Risco de aumentar desigualdade pelo acesso a informação.

- Relacionamento correto entre a infroestrutura da informação e participação tem seu fundamento na possibilidade de aumento da informação disponível e assim interpretação crítica.

II – Proteção dos dados e circulação da informação

1 – Entre Utopias e princípios

Risco do progresso tecnológico X impossibilidade de deter o progresso, ruína da idéia de que todo progresso é positivo, geram uma nova angústia.

- Frutos da discrepância do crescimento tecnológico com aquele de regulamentação jurídica/institucional (capacidade de controle dos processos sociais)

- Rápida obsolencia de soluções jurídicas específicas como forma de tornar necessária a individualização de princípios.

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2 – Mudanças tecnológicas e inovações institucionais

- Os avanços tecnológicos levam a necessidade de novas formas de abordagem normativa para legislar assuntos informáticos.

- Criação de normas de exceção à responsabilidade daqueles que possuem arquivos com finalidade estritamente pessoal

- Destaque à sujeito (público ou privado) e finalidade para noção e disciplina de circulação de informação.

- Cenário de redes (lan) e, no ambiente jurídico-institucional, proteção de dados.

- Relação crescente entre interesses individuais e modalidades de circulação da informação.

- União da esfera pessoal e da esfera política. Regras de cumulação da informação passam a incidir sobre a distribuição de poder na sociedade.

- A mudança da relação entre o cidadão e o coletor de informações é fruto do desenvolvimento de tecnologias interativas e da difusão de sistemas de tratamento de informação. O coletor de informação passa à fornecer um serviço.

- Informação passa à ser mercadoria com isso, vez que pela informação coletada, o gestor gera uma nova, traçando um perfil.

- cresce, assim, as normas relacionadas à sondagem de opinião. Isto porque esta disciplina mais do que o sistema, diz respeito ao papel do cidadão na sociedade informatizada (distribuição de poder ligado à disponibilidade de informação).

- O reconhecimento de um direito de acesso aos bancos de dados públicos e privados, da ao controlado poderes de controlador, de importância.

- Inovação institucional que efetive um sistema de controle de mão dupla (partindo do povo para os bancos de dados, inclusive).

- Necessária a realização de um balanceamento entre os interesses em jogo para assegurar a coexistência da garantia dos direitos individuais com a progressiva abertura da sociedade.

- Assim, falamos aqui não apenas dos riscos ao direito de privacidade, mas de uma expansão das possibilidades democráticas do sistema.

3 – A privacidade: velha idéia e novos problemas

- Evidente necessidade de garantir uma tutela adequada aos interesses.

- Velhos problemas: preguiça intelectual e incapacidade de enxergar além da lógica proprietária.

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- Razões precisas de política de governo que impedem esta visão mais aprofundada.

- Maior sensibilidade para a associação “novas tecnologias X riscos para a privacidade” é menos custosa para os gestores de grandes massas de informações (num primeiro momento este interesse foi bom, agora periga bloquear a evolução de disciplina jurídica para nossa realidade).

- Defesa da privacidade requer um alargamento da perspectiva institucional, integrando controles individuais e coletivos, diferenciando a disciplina quanto á destinação da informação.

- Operações de estratégias integradas, capazes de regular a circulação de informações em seu conjunto.

4 – A circulação das informações entre regras e mercadoria

- Argumento de que regulamentações restritivas de coleta e circulação de informação são possíveis em momentos tranqüilos, mas que, na crise, é necessário o cruzamento de bancos de dados.

- Argumento de que a proteção da privacidade cumularia em repasse de custas às empresas e que disciplina demasiadamente rígida traria dificuldade à produção e ao comércio internacional.

- Argumento do regulation, auto-regulação do mercado no que se refere a matéria de privacidade.

- EUA: privacidade receberia uma cotação de mercado, de forma que seria um serviço pago por quem necessitasse.

- argumentos que tem a privacidade numa lógica estritamente proprietária.

- Contra argumento: a disparidade entre o fornecedor de serviços e o usuário é tamanha que não se pode falar em sentimento livremente manifestado para transações referente a privacidade, faz necessária uma intervenção legislativa (direito indisponível) buscando, a intervenção legislativa, reconstituir condições de base para o funcionamento adequado das próprias regras do mercado.

- Privacidade como parte integrante das dimensões mais gerais da garantia dos direitos civis e da organização da democracia.

- Aumento do custo. Não pode ser levado em consideração por estarmos falando de um interesse de ordem não inferior à tutela dos consumidores, trabalhadores, etc. (valores humanos, superiores).

- Pesquisa afirmou que empreeendedores não julgam excessivos os custos ligados à proteção de dados. Parte, inclusive, defende que é melhor para os negócios (produtores de Pcs e afins).

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- A tendência à autoregulação é uma reação espontânea do mercado que atua de firma paralela.

- A disciplina da proteção de dados sofreu expansão quantitativa e qualitativa, ao ver elevada à norma constitucional em alguns Estados.

- Contra argumento à tese de possibilidade de leis apenas em períodos de tranqüilidade (sem crise econômica).

- Argumento: neste período o Estado tentaria diminuir seus custos para aumentar em segurança etc. Contra argumento: que a lei de proteção de dados seria destinada à ser um acontecimento acíclico.

- Nos momentos em que a tendência é se liberar de normas restritivas, é que se aumentam os risco de utilização autoritária de grandes coletâneas de informações, aumentando apenas a necessidade de previsões legais de garantias.

- Ex: inserção de dados coletados pelo FBI no cadastro de “pessoas possivelmente perigosas”

- Políticas de acesso seletivo aumentam a necessidade de maior controle da informação.

- Necessária reflexão realista dos sujeitos da relação, para verificação de se existe excessiva disparidade de poder, buscando a intervenção legislativa, reconstituir condições de base para o funcionamento adequado das próprias regras do mercado.

- Com as novas tecnologias, mudança de paradigma marcada pelo emergir da informação como recurso fundamental para a organização social do futuro, problema de não ser tal momento acompanhado por instituições jurídicas adequadas.

- Trata-se, portanto, de buscar crias instituições adequadas à nova situação, definição doa princípios fundamentais nesta nova situação.

- Caráter imaterial da informação pode tornar menos perceptível desvios em direção à práticas totalitárias.

- Necessidade não apenas de fortalecimento de defesas “passivas”, (regulamentações restritivas (quest)), mas criação de institutos que lhe façam valer dinamicamente.

5 – Princípios e instrumentos na proteção de dados

- Atenção voltada para os princípios afirmados e para os instrumentos necessários para assegurar sua efetividade

- Princípios comuns à convenção do Conselho da Europa e da recomendação da OCDE.

- Princípio da Correção, Princípio da Extatidão, Princípio da finalidade (pertinência e utilização não abusiva e direito ao esquecimento), princípio da publicidade, do acesso individual (informação pessoal), princípio da segurança física e lógica da coleta de dados.

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- Diferença dos instrumentos para assegura a efetividade. Não apenas um direito acionável à reparação quando violado o direito. Instrumentos diretos de efetivação (de uma enunciação passiva e negativa para uma positiva e dinâmica).

- Duas características previstas: expansão do controle individual pela ampliação de casos em que a coleta de informação depende de consentimento e, em virtude das limitações, do exercício direto, atribuição de um poder geral de vigilância à órgão criado especificamente para a proteção de dados.

- Progressiva consolidação de um enfoque funcional para a proteção de dados.

6 – Em torno do direito de acesso

- Por este, se renegou o controle da informação das coletâneas de informação em mão públicas/privadas.

- Controle difuso, exercido de forma direta pelos interessados. Críticas: uso limitado deste, pelos mais radicais, “direito de aberto ter sido fichado”. Assim, o direito de acesso não daria nenhum poder de controle real sobre as coletâneas de informação.

- Mesmo que este uso venha sendo moderado, seu exercício vem incomodando as coletâneas de informação, sendo assim, este vem sendo formalmente reconhecido, forçando os coletores de informação à se adequarem.

- Independente deste mal exercício, é necessário o ntendimento de todas as potencialidades implícitas neste direito de acesso.

- Mal exercício se dá por demasiado custo ($ ou tempo), falta de informação e falta de tempo.

- Intervenção possível: aceso “assistido” por especialista, direito de acesso individual “integrado” pela presença de um sujeito coletivo.

7 – Proteção de dados e liberdade de informação

8 – Rumo ao renascimento de um consentimento(falta o começo)

- (falta começo da frase) – em especial para que sejam traçados “perfis” que, como vimos, são mercadorias.

- Ainda, a necessidade de proteção de valores individuais fundamentais e a indisponibilidade deste impossibilita a definição de privacidade como sendo o consentimento.

- Informaçãoes pessoais, historicamente, sempre foram submetidas à regimes jurídicos diferenciados. Buscava-se uma redução a termos de ponderação entre interesse privado à privacidade e interesse coletivo à publicidade. Essa conceituação falhou,

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especialmente pela noção de que a circulação de dados tendem a ser orientada pela consideração de contextos, funções e associações.

- Busca pela identificação de um “núcleo duro” de privacidade (opinião política, orientação sexual, fé, raça, etc) e tendência a liberação de circulação de informações pessoais de conteúdo econômico.

- Explica-se isto pela identificação entre poder econômico e político bem como pela demanda do Estado (aqui, Well-fare State). Necessidade para uma real igualdade.

- Igualdade protegida pela busca do “núcleo duro”, uma vez que este evita posições discriminatórias (inclusive na relação de trabalho).

- A regra deve, assim, privilegiar a circulação de informações econômicas, concentrar as restrições à coleta e difusão de informação em torno de informações particularmente sensíveis (núcleo duro).

9 – Mídias interativas e circulação de informação

- Problema dos excessos e abusos deve ser feito através de técnicas que não confiem somente no consentimento.

- Institui-se uma relação direta entre finalidade da coleta e os dados que serão coletados (busca-se evitar a circulação da informação entre órgãos públicos).

- Necessária pontuação da aquisição de informação pelo setor público do setor privado. Essa circulação de informação entre setorar faz crescer a necessidade de uma disciplina jurídica (globalização da informação).

- Essa circulação desenfreada de informação causou uma “auto defesa”, que consiste em se mentir e motir em pesquisas.

- A amplitude das informações coletadas permite que sejam traçados perfis, que passam a circular como mercadoria.

- O sistema produtivo se torna preparado para rapidamente atender as demandas em virtude disso ( o mesmo poderia ser dito quanto ao sistema político).

- Essa resposta rápida poderia acarretar uma igualdade substancial, dando origem à uma discriminação ainda mais forte. A “categorização” dos indivíduos e grupos, além disso, ameça a anular a capaciadade de perceber as nuances sutis, os gostos não habituais.

- Possibilidade maior de um controle social pelos centros de poder público e privado, atrapalhando a inovação.

- Ressalta necessidade de um enfoque global (setor público e privado) para impedir a elaboração de pergid ( aqui, inclusive tornando dados não sensíveis, sensíveis) e a inclusão em grupos de conotação negativa. Ainda, impedir os paraísos de dados dentro do país.

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- Enfoque funcional, tempo máximo de preservação de dados

10 – Por uma estratégia jurídica integrada

- Ponto fundamental é a criação de órgãos de vigilância públicos (autoridade administrativa independente), independente, especialmente, executivo (e que, teoricamente, não deveriam ser nomeado por este). Exerce uma função de vigilância necessária, sendo o único que pode cumprir o dever de vigilância geral e contínuo ( o controle difuso e supérfluo é necessário como antídoto caso o controle formal esteja esclerosado).

- Tendencialmente, multifuncional: vigia a legalidade de quem atua, com informação/dados, organismo consultivo de setor público, organismo dotado de um poder normativo, autônomo ou poder regulamentar de adaptação dos princípiso fixados em lei.

- O ambiente jurídico favorável à circulação de informação deve ter base normativa de cláusulas gerais, leis autônomas para casos específicos autoridade administrativa independente, disciplina de recurso à autoridade judiciária de natureza civil e não apenas constitucional, previsão de um controle difuso.

11 – Técnica jurídicas e intervenções dos cidadãos

- Com as expansões da disciplina em virtude do desenvolvimento de novas formas de coleta, vemos que as novas regras sobre a circulação da informação refletem cada vez mais as características dos coletores. Vemos, assim, vezes um abrandamento das regras (ex. coleta para fins pessoais), vezes uma maior rigorosidadade (TVs), vez que o mero uso do método já é passível de coleta de informação.* na verdade é uma possível “direção”, não o que o autor defende, que defende o não uso, inclusive, de novas tecnologias a menos que necessário.

- O aumento da rigidez com o abandono de cláusulas gerais só dificultaria o acompanhamento dessa evolução.

- Segunda direção: aumento do direito de acesso pelo cidadão da possibilidade de intervenção na gestão de sistemas. Este acesso não só reconhece os direitos individuais, como redistribui o poder.

- Problemas técnicos, insuficiência de recursos financeiros e resistência política são efetivos obstáculos a circulação de informação

- Quando os detentores do poder percebem esta evolução, inclusive, tendem à direcional o ímpeto evolutivo para a ação comunitária, afastando da política.

III – Privacidade e construção da esfera privada

1 – Rumo a umda redefinição do conceito de “privacidade”

- Privacidade como conceito dinâmico, que sofre mudanças conforme se evolui tecnológicamente.

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- Tendência à prevalência de definições funcionais.

- Primeiro paradoxo da privacidade: tecnologia torna a esfera privada mais rica porém mais frágil. Foge-se ao controle social do convívio permanente, este passa a ser substituído por um controle mais penetrante e global ( aparente contradição da privacidade consigo mesma).

- Segundo paradoxo da privacidade: embora o “núcleo duro” da privacidade seja constituído por informações que refletem a tradicional necessidade de sigilo, internamente, incorpora-se ao conceito de “sensível” aqueles dados que levam à discriminação, se alvo de livre circulação, em especial pela proibição da coleta por determinados sujeitos (ex. empregadores) e pela exclusão de legitimidade de certas formas de coleta e circulação.

- Terceiro paradoxo: O direito à autodeterminação informativa (controlar a distribuição de suas informações pessoais) se desenvolve junto do direito ao acesso à informação (fortalecimento do direito individiual a privacidade converte-se, assim, em instrumento para tornar mais transparente e controláveis as esferas de outros sujeitos.

- 4 tendências: ao direito à ser deixado só ao direito à manter controle sobre as próprias informações, da privacidade à autodeterminação informativa, da privacidade à não-discriminação, do sigilo ao controle.

2 – A “privacidade” em uma sociedade aberta: direitos e interesses em conflitos

- Tendência à relacionar a privacidade com a personalidade, e não com a propriedade.

- Não pode haver um “monopólio” sobre a própria apresentação em público. “A autodeterminação informativa não pode se traduzir em um vínculo absoluto em relação as modalidade de composição e apresentação das informações legitimamente disponíveis para terceiros”.

- Essa tendência (e a noção de proteção integral à personalidade) não excluem que as informações pessoais sejam vistas como mercadoria (ex. do Equifax e Lótus).

- Isto porque, a sociedade da informação e também a “sociedade do serviço”, tendo como conseqüência: a cessão de uma grande cota de informações pelo usuário de serviços tecnologicmanete sofisticados e a crescente possibilidade de interconexões com o alargamento da rede.

- Dentre as condições extremistas, novamente surge o consentimento informal.

- Importância do reconhecimento da privacidade como derivado da personalidade para a resolução de conflito de interesses.

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A sociedade da classificação

1 – conhecer e classificar

- Sociedade da informação – Sociedade da vigilância – Sociedade da classificação (volta do “homem de vidro”)

- Busca-se definir quem é o indivíduo que a tecnologia da informação faz emergir.

- Os dados dos usuários ficam sempre a disposição de seu gestor.

- Torna-se mais difícil não deixar rastros.

- Perda da natureza autônoma dos instrumentos de controle (passando à constane vigilância).

- Possibilidade de tornar esta informalçao coletada por sistemas anônimos diminui essa vigilância.

- Tecnologoias da comunicação e da informação manifestam uma tendência “natural” a entrar em conflito com a zona privada.

- Risco de uso políticosa destas informações.

- Objetivo não de impedir comportamento, mas de direcionar principalmente, consumos (novamrente, generalização, discriminação como inererente). Buca-se claasificar.

- O direito de acesso não pode ser meramente formal. Para a construção de uma cidadania eletrônica, o acesso pode se revelar uma arma pouco afiada se não permitir alcançar os bens que verdadeiramente nos interessam,

- De fato, perfis, principalmente de consumo, vem sendo traçados e decisões sendo tomadas baseadas nestes.

2 – A sociedade e a vida na tela

- Privacidade como direito ao anonimato, à assumir uma identidade preferida, nova, que merece ser tutelada. Redefinição da própria identidade na internet como elemento essencial do desenvolvimento de personalidade.

- Vida virtual como nova formação social, devendo as garantias constucionais serem expandidas a esta nova realidade.

- Novas identidades, como os uniformes no passado, que impedem a discrminação.

- Respostas divergentes: reducionismo biológico, reconciliação e identidade como imutável. Na tecnologia da informação, vemos como sendo a identidade fruto de uma construção incessante.

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- Especial tutel, assim, para o que teria uma “perda de dignidade” em jogo. Desta forma, essncial traçar standards mínimos de proteção.

- Necessidade de individuação de situação nas quais é sempre ilegítimo o pedido de informação (ex. empregador).

- Saída das legislações excessivamente porosas para aquelas que analisam cada tecnologia de forma mais aprofundada, levando, inclusive, a não aceitação ou forte restrição de certas tecnologias.

- Princípio da finalidade, assim, assume papel de extrema importância, em especial, quando os dados pessoais não são solicitados mas conseqüência “natural” do próprio serviço.

- Deslocamento no quadro da tutela de informções, do princípio do acesso para o da finalidade (impedindo a livre circulação internacional de informação, que sejam traçados perfis individuais e coletivos que levem à descriminação, etc)

- Deve ser assegurado, inclusive, o direito à deixar rastro.

- Principais motivos de restrição da tutela à privação são motivos de interesse do Estado ou telea de outro direito individual ou coletivo, em especial os direito à informação e a saúde.

- Informações genéticas como centro do “núcleo duro” em virtude de seu caráter estrutural e permanente (ponto de ruptura, desconstrução de uma vulnerabilidade).

- Mesmo este e a saúde tem exceção à sua tutela (parceiro sexual), surgindo aqui um deve de comunicação. Até um médico pode quebrar o sigilo para exercer tal dever.

Caso:necessidade de material genético de outro para saber informações próprias.

- poder negativo, direito de não saber, privacidade como direito de manter o controle sobre as próprias informações e de determinat as modalidade de construção da esfera privada.

- Mudança do conceito de “real”, não se paresentando mais como “externa”: o “eu” é construído, e as regras de interação social são construída, e não recebidas.

- Perda do status na internet pode vir a representar o máximo das privações.

- Multiplicação de “eu” capazes de compor a personalidade, flexibilização da identidade como forma de preservação do conceito.

- Essa noção de “diversidade” inclusive deveria se acentuar com as descobertas realizadas com a pesquisa do genoma humano, e toda a sua diverdiade.

- Virtualidade como aspecto da realidade, essa nova organização social deve ser levada em consideração para traçar os novos caminhos dos direitos e cidadania.

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3 – Privacidade e anonimato

- Vemos aqui um real choque de princípios onde o anonimato de um pode violar a privaciade do outro. (disputa entre privacidade ativa e passiva)

- A busca pela liberdade absoluta na rede encontra obstáculo na privacidade, pornografia e propriedade.

- Privacy Enchacing Tecnologies (PET), o planejamento de sistemas voltados para a criação de condições técnicas proprícias à proteção de privacidade, combatendo o argumento de que é “natural” da tecnologia a coleta de dados como desculpa para esta coleta e armazenamento (programs que automaticamente deletam informação coletada, p, ex).

- Essa preocupação deve levar à uma relação entre inovação tecnológica e inovação social, influenciando a forma pela qual a infra estrutura informática é planejada.

- Necessário entendimento do direito à auto-determinação informativa (aumento de poderes através da concepção não só de regras, mas da arquitetura dos sistemas).

- A multiplicidade de pessoas (partição) para atendo os “fornecedores” de dados é um comportamento unilateral, que inclusive contradiz as tendências empreendedoras de proteção do usuário.

- Inovação tecnológica que possibilita o “individual empowerment”.

- Para a criação de condições que possibilitem a escolha pessoal do nível de proteção de privacidade necessário é preciso garantir, pelo menos, uma quota intangível de privacidade garantida por uma regra de caráter supra nacional, que permitirá, inclusive, a regulação através do mercado (possível apenas após este fortalecimento do poder individual).

4 – As novas dimensões de privacidade

- Efeitos sócias das tecnologias da informação: informações divididad entre uma pluralidade de sujeitos (antes, mas não dos interessados); passagem de informação deixa de ser interpressoal para ser de forma abstrata (coleta de informação); aumento da importância do controle das informações que entram na esfera privada (direito de não saber, de não receber publicidade, etc.); aumento da importância do controle das informações que enotram na esfera privada (direito de não saber, de não receber publicidade, etc.); aumento do valor agregado das inforamções pessoais (mudança de paradigma); necessidade de buscar “tecnologias limpas” de informação, possibilidade de contrução livre da esfera privada e de desenvolvimento autônomo da personalidade importante em razão da diminuição das fronteiras entre público e privado.

- Paradoxos: amplicação da tutela da esfera privada acarretou uma maior transparências dos próprios coletores dados tipicamente públicos (opiniões), recebem a tutela máxima privada em virtude da necessidade de proteção ante a discriminação (por isso, a tutela da privacidade ganha caráter sócio-político, derivando outros, tornando-se elemento constitutivo da cidadania.

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- Temos assim a privaciade como direito fundamental, direito à autodeterminação informativa (a determinar modalidade de construção da esfera privada na sua totalidade), precondição da cidadania (não pode ser confiada unicamente na auto-regulamentação ou à relações contratuais).

5 – Regras e mercados

- Três perspectivas que merecem análise o anonimato nas redes, o espaço próprio da lógica do mercado e o papel e os limites da lei.

- No que tange as leis, são necessários acordos internacionais, porém, enqaunto não há possibilidade destes, deve-se buscar outras soluções.

- A liberdade das redes não pode deixar tudo confiado apenas à (lógica de mercado), nem aceitar a intangibiilidade do anonimato, recorrendo à justiça apenas nos casos buscando a responsabilização do administrador da rede (isso levaria à uma censura pelos administradores, buscando diminuir os custos).

- A lógica do mercado (auto regulamentação, auto disciplina) pode se mostrar traiçoeira para as liberdades. Se praticada através de deontologia ou códigos de conduta, no entanto, mostra-se instrumento que, inclusive, servirá de ponto de partida para a elaboração de princípios reguladores.

- As compensações financeiras pelo suo dos dados, por outro lado, tornam-a uma mercadoria. O direito de propriedade sobre informações pessoais feriria a dignidade, além de não se mostrar razoável sobre informações pessoais em virtude do vulto do mercado de informações.

6 – Estratégias de tutela

Indicações gerais

- Direito de oposição a formas de coleta e circulação (iniciativa individual e coletiva).

- Direito de não saber como espefificação do direito de oposição (exemplo do junk fax).

- Princípio da finalidade, com a comunicação preventiva ao interessado sobre como usarão as informações coldtivas.

- Direito ao esquecimento, destruiíndo dados ou armazenando os de forma anônima.

- Necessário vdr como pode o legislativo abarcar todos este meios (autodisciplina, contratos, etc). Pode ser feito através da atribuição à lei de uma função de definir um quadro de princípios.

- Para tanto, além da tradicional dimensão diacrônica, vemos outra, esta sim crônica, no sendito de que adaptação diz respeito também à situações diversas, mas coexistem em um mesmo momento.

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- Flexibilização das leis, com um aumento do número de sujeitos que podem intervir para a proteção da privacidade sem a necessidade de um ”centralismo jurídico” (legislativo)7 – A privacidade como direito fundamental

- Vivemos atualmente numa confusão entre as diversas formas de organização social (sociedade da informação, sociedade do conhecimento, sociedade da vigilância e sociedade da classificação).

- Para que a sociedade da informação evolua para sociedade do conhecimento e não para as outras duas, essencial reconhecer a privacidade como direito fundamental.

- Necessário o desenvolvimento de condições mínimas para que o direito da pessoa e os mecanismos de mercado sejam compatíveis.

- Necessário que o consentimento seja realmente livre.

- Circulação de informação num sistema em que o respeito é sobrepujado por outras lógicas. Rumo a uma Cidadania Eletrôncia

O código sobre a privacidade