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A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATU-SENSU EM GESTÃO AMBIENTAL CLÁUDIO LUIZ FERREIRA DE SOUZA OPERAÇÃO OFFLOADING: ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS, PERIGOS E OS IMPACTOS AMBIENTAIS Rio de Janeiro 2012

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A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO LATU-SENSU EM GESTÃO AMBIENTAL

CLÁUDIO LUIZ FERREIRA DE SOUZA

OPERAÇÃO OFFLOADING:

ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS, PERIGOS E OS IMPACTOS AMBIENTAIS

Rio de Janeiro

2012

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CLÁUDIO LUIZ FERREIRA DE SOUZA

OPERAÇÃO OFFLOADING:

ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS, PERIGOS E OS IMPACTOS AMBIENTAIS.

Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do grau de Especialista em Gestão Ambiental pela A Vez do Mestre – AVM.

Orientador: Prof.ª MsC Maria Esther de Araujo

Co-orientador: Prof. MsC. Djalma José Alexandre da Silva

Rio de Janeiro

2012

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CLÁUDIO LUIZ FERREIRA DE SOUZA

OPERAÇÃO OFFLOADING:

ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS, PERIGOS E OS IMPACTOS AMBIENTAIS

Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do grau de Especialista em Gestão Ambiental pela A Vez do Mestre – AVM.

Aprovado pela Banca Examinadora em 20 de Dezembro de 2011.

BANCA EXAMINADORA:

____________________________________________________________________

Prof.ª MsC Maria Esther de Araujo

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

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Dedico esta pesquisa a minha família,

pelo grande apoio que me deu

para a realização da minha formação.

Temos a certeza que estão muito felizes pela

minha conquista.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro de tudo a Deus por iluminarmos durante nossa caminhada e

nascimento de nossa amizade.

À minha mãe, pelo apoio e incentivo sempre presentes em seu olhar.

Ao meu estimado amigo e mestre Djalma Silva, pelas orientações e dicas para a confecção

desta obra de pesquisa.

À minha querida família – esposa e filho – Edna e Matheus, pela paciência e encorajamento

para a conclusão desta etapa.

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“O mundo tornou-se perigoso,

porque os homens aprenderam a

dominar a natureza antes

de se dominarem a si mesmos.”

Albert Schweitzer

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RESUMO

Uma grande parte do petróleo brasileiro produzido em campos offshore são escoados para a

costa através do sistema de operação de offloading, ou de alívio. Tal operação tem

importância fundamental para o desempenho de sistemas unidades de produção offshore que

utilizam unidades de armazenamento e alívio de petróleo - FSO ou unidades de produção,

armazenamento e alívio de petróleo –FPSO.Até que ponto a operação de alívio ou offloading

das plataformas FSO/FPSO pode gerar riscos e danos irreparáveis ao meio ambiente marinho

e costeiro, uma vez que o principal risco dessa atividade petrolífera é o derrame acidental de

óleo? O escopo do presente trabalho é apontar os possíveis riscos da operação offloading,

através da Análise Preliminar de Perigo – APP. Listar as principais hipóteses de vazamento

durante a operação e sugerir procedimentos cabíveis tanto no âmbito da prevenção quanto da

remediação e/ou ações mitigadoras a possibilidades de contaminação ao meio ambiente.

Palavras-chave: Offloading; Análise Preliminar de Perigo; Vazamento; Meio Ambiente.

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ABSTRACT

A large part of Brazilian oil produced in offshore fields are drained to the coast through the

operating system of offloading, or relief. This operation is fundamental to the performance of

systems of offshore production units that use storage units and relief from oil - or FSO units

of production, storage and release of petroleum-FPSO.Until what extent the operation of relief

and offloading platforms FSO / FPSO can generate risks and irreparable harm to the marine

and coastal environment, since the main the main risk that oil activity is the accidental

discharge of oil? The scope of this paper is to show the possible risks of the operation

offloading through Preliminary Hazard Analysis – PHA. List the major assumptions leak

during operation and suggested procedures applicable in both the prevention and remediation

and / or mitigating actions to possibilities of contamination to the environment.

Keywords: Offloading; Preliminary Hazard Analysis; Leak; Environment.

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LISTA DE SIGLAS

API – American Petroleun Institute – Instituto Americano de Petróleo

APP – Análise Preliminar de Perigo

BPD – Barris Por Dia

CONAMA– Conselho Nacional do Meio Ambiente

DP – Dynamical Positioning

FPSO - Floating, Production, Storage and Offloading

PEI – Plano de Emergência Individual

RA- Risco Alto

RB – Risco Baixo

RM – Risco Médio

VLCCs – Very Large Crude Carriers

UEP – Unidade de Exploração e Produção

ULCCs – Ultra Large Crude Carriers

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – FPSO ………………………………………………………….........…….15

Figura 2 – Navio Aliviador .........................................................................................16

Figura 3 – Operação Offloading ................................................................................17

Figura 4 – Carretel, Mangote de Offloading ............................................................18

Figura 5 – Mangote de Offloading ............................................................................18

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Tipo de Navios Aliviadores ...............................................................................16

Quadro 2 – Categoria de Frequência ...................................................................................20

Quadro 3 – Categoria de Severidade ...................................................................................20

Quadro 4 – Planilha de Análise Preliminar de Perigo- APP ..............................................21

Quadro 5 – Matriz de Riscos ................................................................................................22

Quadro 5.1 – Matriz de Riscos da Operação de Offloading ..............................................26

Quadro 6 – Hipóteses Acidentais na Operação de Offloading ...........................................22

Quadro 7 – Recomendações das Planilhas de APP .............................................................25

Quadro 8 – Impactos do Vazamento de Óleo no Ambiente Marinho ...............................27

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SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO ...................................................................................................................13

1.1 – TEMA E PROBLEMÁTICA ................................................................................................13

1.2 – HIPÓTESES .....................................................................................................................13

1.3 – OBJETIVOS .....................................................................................................................14

1.4 – JUSTIFICATIVA ...............................................................................................................14

1.5 – METODOLOGIA ..............................................................................................................14

2 – PLATAFORMAS TIPO FPSO ............................................................................................15

3 – NAVIOS ALIVIADORES .....................................................................................................16

4 - OPERAÇÃO OFFLOADING ................................................................................................17

5 – ANÁLISE PRELIMINAR DE PERIGO ..................................................................................19

5.1 – HIPÓTESES ACIDENTAIS NA OPERAÇÃO OFFLOADING ....................................................22

5.2 – APLICAÇÃO DA APP NA OPERAÇÃO OFFLOADING .........................................................23

6 – VAZAMENTO DE ÓLEO – IMPACTOS AMBIENTAIS..........................................................26

7 – CONCLUSÃO .....................................................................................................................30

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................31

GLOSSÁRIO ............................................................................................................................33

ANEXO A – Conteúdo Mínimo do PEI, segundo Resolução Conama 398/08...................35

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1 – INTRODUÇÃO

1.1 – TEMA E PROBLEMÁTICA

No Brasil das últimas décadas, a indústria offshore brasileira apresentou um

crescimento surpreendente em matéria de produção de petróleo. O atual patamar da produção

torna o país praticamente auto-suficiente. Este fato corresponde à existência das maiores

reservas de petróleo existentes na costa brasileira, localizadas principalmente em

profundidades além de 1000 metros de lâmina d’água.

Uma vez que, as reservas brasileiras de petróleo em águas profundas localizam-se em

regiões remotas induziu a indústria do petróleo a investir em plataformas flutuantes como o

sistema FPSO, navios com a capacidade de exploração, produção e armazenamento do óleo.

Além disso, intensificou a utilização de navios aliviadores ou Shuttler Tanker como a

principal fonte de escoamento da produção, já que o uso de dutos seria inviável

economicamente. A transferência de óleo de um navio a outro se dá através da operação de

offloading, sendo cada vez mais frequente em águas profundas por ser uma operação

economicamente mais viável.

A operação de offloading é vital para a indústria do petróleo, sendo uma operação que

faz parte de um processo de escoamento do óleo produzido em UEP chegar até os terminais

petrolíferos. Até que ponto a operação de offloading pode gerar riscos e danos irreparáveis ao

meio ambiente marinho e costeiro, sendo o vazamento acidental de óleo o principal risco

dessa operação?

1.2 – HIPÓTESES

As hipóteses levantadas consistem em cenários que implicam em danos ambientais

reparáveis ou irreparáveis a partir de derrames acidentais de óleo:

H0 – Probabilidade de a operação ser segura;

H1 – Furo linha de transferência do mangote para o Shuttler Tanker;

H2 – Rompimento da válvula jusante ;

H3 – Colisão entre a UEP e o Aliviador.

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1.3 – OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho é listar os factíveis cenários acidentais e identificar os

danos ambientais existentes na operação de offloading.

O objetivo específico se baseia na Análise Preliminar de Perigo da operação de

offloading e sugere medidas de prevenção e mitigadoras aos impactos ambientais

provenientes dessa atividade offshore.

1.4 – JUSTIFICATIVA

Sem dúvida alguma, a indústria do petróleo é essencial para gerar receita e empregos

para a sociedade brasileira. Porém discutir sobre a degradação ambiental proveniente dessa

atividade reforça o mérito do desenvolvimento sustentável1.

Ao analisar os danos ambientais evidencia a importância dos estudos que viabiliza a

questão da prevenção dos riscos ambientais dentro da atividade Offshore. Debater sobre a

operação de offloading nada mais é que uma forma de difundir os possíveis impactos sobre o

meio ambiente decorrente de vazamento de óleo de forma acidental, bem como relacionar,

além de sugerir medidas de precaução e mitigação ao dano.

1.5 – METODOLOGIA

A metodologia utilizada na elaboração do presente trabalho foi fundamentada na

revisão bibliográfica, que envolveu a consulta a livros, artigos em periódicos científicos e não

científicos e à documentação oficial de órgãos do governo brasileiro,tais como a Agencia

Nacional do Petróleo e o Conselho Nacional do Meio Ambiente. Algumas das informações

aqui apresentadas foram extraídas a partir da visita aos websites oficiais de empresas de

petróleo e de órgãos de governo. Foi utilizada também uma ferramenta de análise de riscos:

APP - Análise de Preliminar de Perigo.

______________ 1 Desenvolvimento sustentável segundo o Relatório Brundtland: “o desenvolvimento sustentável é aquele que

atendente às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas

próprias necessidades”.(Gonzaga & Cavada: 2010, p. 101).

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2 – PLATAFORMAS TIPO FPSO

As plataformas do tipo FPSO, unidade flutuante de produção, estocagem e

transferência de petróleo, são unidades constituídas a partir de navios tanques ou balsas com a

proficiência para processar e armazenar o petróleo, e realizar a transferência tanto do petróleo

quanto do gás natural. Figura 1, exemplo de plataforma tipo FPSO.

O projeto de uma FPSO consiste na reestruturação do convés do navio, o qual recebe

uma planta de processo para separar e tratar os fluidos produzidos pelos poços. Após a

separação da água e do gás, o petróleo é armazenado no próprio tanque do FPSO. De tempos

em tempos, esse óleo estocado no tanque é transferido para um navio aliviador.

Pela imprescindível capacidade de grandes armazenamentos de óleo, as unidades de

FPSO são formatadas a partir de navios tipo VLCCs e ULCCs. Os maiores FPSO têm

capacidade de processar em torno de 200 mil bpd, e aproximadamente 2 milhões de metros

cúbicos de gás por dia.

Este tipo de UEP é utilizado na industria offshore quando os campos petrolíferos são

alocados em regiões remotas e apresenta poços superiores a 1000 metros de lâminas d´água.

Fazer uso de dutos submarinos, nesse caso, torna-o inviável tanto por parte de logística quanto

na economia. No Brasil, a primeira unidade do Tipo FPSO chamado PP Moraes começou a

operar em 1979 , explorando o Campo de Garoupa , na Bacia de Campos.

Figura 1: FPSO

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3 – NAVIOS ALIVIADORES

Consiste em embarcações com a finalidade de transportar e/ou escoar a produção de

petróleo das UEP aos terminais petrolíferos localizados na costa. Figura 2, exemplifica

modelo de navio aliviador.

Figura 2: Navio Aliviador

Os navios aliviadores ou shuttle tankers basicamente apresenta três modelos de

embarcações quanto ao porte ou a capacidade seus tanques de carga, conforme o Quadro 1:

Quadro 1: Tipos de Navios Aliviadores

Fonte: SILVA, José Lima da. Modelo de Cálculo do Custo de Escoamento de Óleo da Bacia de Campos – RJ, usando a Técnica de Custo Baseado na Atividade –ABC Costing. Nota : PUC Rio – Certificação Digital Nº0321256/CA

Tipos / Porte dos Navios

Aliviadores Deadweight Carga - Tonelada

Panamax (50.000 – 80.000) 48.500 – 77.600

Aframax (80.000 – 120.000) 77.600 – 116.400

Suezmax (120.000 – 200.000) 116.400 – 194.000

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Segundo José de Lima da Silva (2005), “os nomes atribuídos aos portes das

embarcações têm uma relação com as dimensões que possibilitam a passagem pelo Canal do

Panamá (PANAMAX) e pelo Canal de Suez (SUEZMAX), sendo o AFRAMAX decorrente

da abreviatura de American Freight Rate Association.”

No aspecto operacional, os navios aliviadores configuram-se duas formas de sistema

de ancoragem, a primeira classificada em sistema de ancoragem convencional2 e a segunda

como sistema de posicionamento dinâmico3 – DP – Dynamical Positioning.

Os navios aliviadores são peças fundamentais para a indústria do petróleo. Como

mencionado no capítulo anterior, com a localização dos poços de petróleo em regiões cada

vez mais remotas, submete o escoamento da produção via navio aliviador, neste caso por

questões financeiras e logísticas.

4 - OPERAÇÃO OFFLOADING

A Operação de Offloading ou de Alívio tem uma fundamental importância para o

escoamento da produção de petróleo. Consiste na transferência de óleo de uma embarcação

para outra,conforme figura 3. O Offloading é uma das operações mais usadas no ramo

offshore, de certo uma as mais arriscadas também.

Figura 3: Operação Offloading

______________ 2. Ancoragem Convencional – consiste no uso de linhas de ancoragem que mantém o posicionamento da embarcação através da força induzida pelo desequilíbrio das configurações geométricas das linhas, contrabalançado as forças ambientais. 3. Posicionamento Dinâmico – conjunto de motores com hélices que mantém o navio posicionado. Este sistema é orientado através de satélites, parecidos com o sistema de GPS.

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Etapas da operação de offloading:

Alinhamento de ambas as embarcações, procedimento denominado de in

tandem, onde o FPSO alinha a popa ou proa com a proa do aliviador, distância cerca de

150 metros entre as mesmas.

Manobras de amarração de um navio a outro, com o uso de cabos guias. Essas

manobras geralmente são efetuadas à luz do dia, boa visibilidade e condições

ambientais adequadas, mas poderá acontecer à noite.

Conexão do mangote de transferência. O mangote é uma espécie de mangueira

flexível , geralmente com 12 polegadas de diâmetro e 250 metros de comprimento e nas

extremidades são conectados flanges fixos. Na maioria das vezes, o mangote é mantido

em uma espécie de carretel e disposto lateralmente ao FPSO até a próxima operação,

conforme figuras 4 e 5.

Figura 4: Carretel, mangote de Offloading

Figura 5:Mangote de Offloading

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Bombas de Carga. Bombeamento de óleo de uma embarcação para outra

acontece com o auxílio de bombas submersas no interior de cada tanque ou localizadas

na sala de bombas presente na praça de máquina. Em geral, utiliza-se de duas a três

bombas acionadas por motor diesel.

Acompanhamento por pessoas. No decorrer do processo da operação de

offloading, o acompanhamento permanente por uma pessoa em cada estação, assegura e

intensifica o monitoramento de eventuais problemas que possam surgir durante toda

operação

Final de operação. Após a operação, o mangote de transferência é lavado e

guardado. Desconexão dos cabos da manobra de amarração.Partida do navio aliviador

para os terminais de descarga.

As ocasiões da operação de offloading podem variar em torno de 40 operações ao

ano. Em média, a cada operação totaliza um carregamento de 245.310 barris, cerca de

39.000m3 de petróleo.A taxa de transferência do óleo de uma embarcação para outra a parti

de 1000 m3/h e com uma duração total de 20 a 36 horas de operação offloading.

5 – ANÁLISE PRELIMINAR DE PERIGO

A Análise Preliminar de Perigo (APP) é uma metodologia fundamentada na

identificação dos perigos que podem ser causados através de eventos indesejáveis. A

aplicabilidade desta metodologia abrange desde fase de projeto como a de início de operação

de um sistema e, também na revisão geral de segurança de um sistema já em operação.

Dentro da APP são apontadas e/ou levantadas às causas de cada um dos possíveis

eventos acidentais e as suas respectivas consequências. Em seguida, é feita uma avaliação

qualitativa do risco associado a cada cenário acidental, considerando a frequência de

ocorrência do evento acidental segundo as causas da severidade do cenário de acidente. Os

resultados obtidos configuram-se de forma qualitativa, sem estimativas numéricas.

O escopo da APP envolve eventos perigosos cujas causas originam-se de instalação

analisada, englobando desde falhas nos componentes e sistemas a eventuais erros

operacionais ou de manutenção. A metodologia APP é realizada através do preenchimento de

uma planilha padrão para cada subsistema de uma determinada instalação. Após o

preenchimento da planilha elabora-se um gráfico cartesiano denominado de Matriz de

Referencia de Risco, onde são representados pelos pares ordenados “Categoria de

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Frequência” e “Categoria de Severidade”, ambos obtidos para cada hipótese. A seguir, os

quadros 2 e 3 apresentam os critério de classificação para cada categorias citadas a cima:

Quadro 2: Categoria de Frequência

Quadro 3: Categoria de Severidade

A análise realizada neste trabalho baseou-se no preenchimento de uma planilha de

APP, conforme modelo do quadro 4, a mesma contém nove colunas, as quais foram

preenchidas segundo a descrição a seguir:

Categoria Descrição Probabilidade

A

Provável

Esperado ocorrer várias vezes durante a vida útil

da instalação P> 10-1

B

Razoavelmente Provável

Esperado de ocorrer pelo menos uma vez durante a

vida útil da instalação 10-2 烏 P < 10-1

C

Remota

Pouco provável de ocorrer durante a vida útil da

instalação 10-3 烏 P < 10-2

D

Extremamente Remota

Teoricamente possível, porém extremamente

pouco provável de ocorrer durante a vida útil da

instalação.

P < 10-3

Categoria Descrição

I

Desprezível Nenhum dano ou dano não mensurável.

II

Marginal Danos irrelevantes ao meio ambiente e as pessoas.

III

Crítica

Possíveis danos ao meio ambiente causados por liberações de substâncias químicas, tóxicas ou inflamáveis. Pode provocar lesões de gravidade moderada às

pessoas ou impactos ambientais com tempo reduzido de recuperação.

IV

Catastrófica

Impactos ambientais devido a liberações de substâncias químicas, tóxicas, ou inflamáveis. Pode provocar mortes ou lesões graves às pessoas ou impactos

ambientais com tempo de recuperação elevado.

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Quadro 4: Planilha de Análise Preliminar de Perigo - APP

1º Coluna: Perigo – esta coluna contém os perigos identificados e relacionados a

eventos acidentais, com potencial para causar dano.

2º Coluna: Causa – as causas de cada perigo são descritas nesta coluna, as mesmas

podem envolver tanto falhas intrínsecas de equipamentos (vazamentos, rupturas, falhas de

instrumentação, entre outros.), como erros humanos de operação.

3º Coluna: Detecções – os modos existentes para detectar o perigo ou a causa são

indicados nesta coluna.

4º Coluna: Efeitos – são listadas nessa coluna as possíveis consequências geradas a

partir dos eventos.

5º Coluna: Categoria de Frequência do Evento Acidental – esta coluna utiliza o critério

de classificação descrita no quadro 2, cada evento de acidente é classificado e fornecem uma

indicação qualitativa da freqüência esperada de ocorrência para os eventos identificados

6º Coluna: Categoria de Severidade do Evento Acidental – Os cenários de acidente são

classificados em categorias de severidade conforme o quadro 3.

7º Coluna: Categoria de Risco – a combinação entre as categorias de frequência e

severidade obtém-se uma Matriz de Riscos, conforme apresentado no quadro 5.

8º Coluna: Recomendações/ Observações - nesta coluna apresentam-se recomendações

ou observações pertinentes ao cenário de acidente, as medidas identificadas são numeradas de

forma sequencial.

9º Coluna: Numeração da hipótese – esta coluna contém um número de identificação

da Hipótese Acidental, sendo preenchida sequencialmente para facilitar a consulta a qualquer

hipótese de interesse.

Análise Preliminar de Perigo – APP

Empresa: Instalação: Data: Folha:

Elaborado por: Processo:

Perigo Causas Detecções Efeitos Cat. Freq.

Cat. Sev.

Cat. Risco Recomendações Hipóteses

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Quadro 5: Matriz de Riscos

Sendo: RB –Risco Baixo, RM – Risco Médio,.RA – Risco Alto

5.1 – HIPÓTESES ACIDENTAIS NA OPERAÇÃO OFFLOADING

Todas as hipóteses acidentais identificadas e discutidas resultam em vazamento de

óleo para o mar. As mesmas foram dispostas no quadro 6, a seguir.

Quadro 6: Hipóteses Acidentais na Operação de Offloading

Severidade

Frequência I Desprezível

II Marginal

III Crítica

IV Catastrófica

A Provável

RM RM RA RA

B Razoavelmente

Provável RB RM RM RA

C Remota

RB RB RM RM

D Extremamente

Remota RB RB RB RM

Hipóteses Acidentais Descrição

00 Furo na linha.

01 Ruptura de linha devido à pressão por fechamento de válvula a jusante .

02 Ruptura de linha devido choque mecânico.

03 Ruptura do mangote de transferência entre o FPSO e o Navio Aliviador devido desgaste do material.ou erro de operação.

04 Colisão entre o FPSO e o Navio Aliviador.

05 Condições meteoceanográficas adversas.

06 Vazamento em válvulas, junta e conexões

07 Vazamento através das bombas

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5.2 – APLICAÇÃO DA APP NA OPERAÇÃO OFFLOADING

Planilhas de APP elaborada no contexto da operação de offloading, seguindo as

diretrizes do quadro 4

Análise Preliminar de Perigo – APP

Empresa: Instalação: FPSO e Shuttle Tanker Data: Folha:01/02

Elaborado por: Processo:Operação de Offloading

Perigo Causas Detecções Efeitos Cat. Freq

Cat. Sev.

Cat. Ris. Recomendações Hipótese

Furo na linha

- Corrosão - Alarme - Visual

- Perda de produto no navio. - Danos materiais

D III RB - Seguir programas de inspeção e manutenção dos equipamentos e linha; - Seguir os procedimentos que garantam a disponibilidade do sistema de coleta; - Seguir procedimento de registro e investigação das causas de acidente.

00

Ruptura de linha

- Sobrepressão devido fechamento de válvula a jusante (erro de operação ou falha intrínseca)

- Alarme - Visual

- Perda de produto no navio com possibilidade de atingir o mar - Possibilidade de ocorrência de incêndio - Parada de Produção - Danos materiais

D III RB - Seguir programa de treinamento e atualização dos operadores; - Seguir programas de inspeção e manutenção dos equipamentos e linha; - Seguir os procedimentos que garantam a disponibilidade do sistema de coleta; - Seguir procedimento de registro e investigação das causas de acidente.

01

Ruptura de linha

- Choque mecânico (por exemplo queda de carga ou peça pesada)

- Alarme - Visual

- Perda de produto no navio com possibilidade de atingir o mar - Possibilidade de ocorrência de incêndio - Parada de Produção - Danos materiais

D III RB - Seguir programas de inspeção e manutenção dos equipamentos e linhas; - Seguir os procedimentos que garantam a disponibilidade do sistema de coleta; - Seguir procedimento de registro e investigação das causas de acidente.

02

Ruptura do mangote de transferência entre o FPSO e o Navio Aliviador

- Erro de operação – realização da transferência fora das condições estabelecidas nos procedimentos para a realização do offloading

- Alarme - Visual

- Perda do produto no mar - Danos materiais - Parada de Produção

C III RM - Seguir programa de treinamento para as situações de emergência; - Seguir programas de inspeção e manutenção dos equipamentos e linhas; - Seguir os procedimentos que garantam a disponibilidade do sistema de coleta; - Acionar Plano de Contingência - Acionar Plano de Emergência Individual – PEI; - Seguir procedimento de registro e investigação das causas de acidente.

03

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Análise Preliminar de Perigo – APP

Empresa: Instalação: FPSO e Shuttle Tanker Data: Folha:02/02

Elaborado por: Processo:Operação de Offloading

Perigo Causas Detecções Efeitos Cat. Freq

Cat. Sev.

Cat. Ris. Recomendações Hipótese

Colisão entre o FPSO e o Navio Aliviador

- Erro de operação – realização da transferência fora das condições estabelecidas nos procedimentos para a realização do offloading

- Visual - Radar - Sonoro -Alarme

- Possibilidade de lesões graves aos operadores -Possibilidade de homem ao mar - Possibilidade de afundamento da embarcação - Perda do produto no mar -Possibilidade de incêndio - Danos materiais - Parada de Produção

D IV RM - Seguir procedimentos operacionais - Seguir procedimentos de observar continuamente o radar - Acionar Plano de Contingência - Acionar Plano de Emergência Individual – PEI - Seguir programa de treinamento para as situações de emergência; - Seguir procedimento de registro e investigação das causa de acidente.

04

Condições meteoceanográficas

- Condições de mar adversas -Ventos fortes - Chuvas

- Visual - Alarme no painel - Consulta a Boletins meteorológicos

- Perda de produto no navio com possibilidade de atingir o mar -Possibilidade de ocorrência de incêndio - Parada de Produção - Danos materiais

D IV RM - Acionar Plano de Contingência - Acionar Plano de Emergência Individual – PEI - Seguir programa de treinamento para as situações de emergência; - Seguir procedimento de registro e investigação das causa de acidente. - Acionar Plano de Emergência Individual – PEI, se o produto atingir ao mar

05

Vazamento em válvulas, junta e conexões

- Erro de montagem ou fadiga do material

- Visual - Perda do produto no mar

C II RB - Seguir programa de treinamento para as situações de emergência; - Seguir programas de inspeção e manutenção dos equipamentos e linhas; - Seguir programa de treinamento dos responsáveis pela montagem e manutenção - Acionar Plano de Emergência Individual – PEI, se o produto atingir ao mar; - Seguir procedimento de registro e investigação das causa de acidente.

06

Vazamento através das bombas

- Falha na montagem ou desgaste do selo da bomba

- Visual -Alarme

Perda do produto no navio

C II RB - Seguir programas de inspeção e manutenção dos equipamentos e linhas; - Seguir o procedimento de contratação de mão-de-obra qualificada - Seguir programa de inspeção manutenção e teste dos sistemas de segurança (alarmes, sensores, válvulas, etc) - Seguir programa de treinamento dos responsáveis pela montagem e manutenção; - Seguir procedimento de registro e investigação das causa de acidente.

07

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As recomendações e/ou observações contidas na 8ºcoluna das planilhas de APP são

sugeridas para os eventos cujos riscos são considerados como inaceitáveis Estas

recomendações visam a redução da frequência e/ou a magnitude das suas consequências das

hipóteses acidentais apresentadas. As recomendações identificadas para a operação de

offloading e aplicadas na metodologia da Análise Preliminar de Risco encontram-se listadas

no quadro 7 a seguir.

Quadro 7: Recomendações das Planilhas de APP

Recomendações Descrição

R 01 Seguir o programa de inspeção e manutenção dos equipamentos e linhas.

R 02 Seguir programa de inspeção, manutenção e teste dos sistemas de segurança (alarmes, sensores, válvulas etc);

R 03 Seguir o procedimento de contratação de mão-de-obra qualificada.

R 04 Seguir procedimentos operacionais.

R 05 Seguir os procedimentos que garantam a disponibilidade do sistema de coleta.

R 06 Seguir programa de treinamento para as situações de emergência.

R 07 Seguir procedimentos de observar continuamente o radar.

R 08 Seguir procedimentos de observar continuamente o radar.

R 09 Seguir procedimento de registro e investigação das causa de acidente.

R10 Acionar Plano de Contingência.

R 11 Acionar Plano de Emergência Individual – PEI.

R 12 Acionar Plano de Emergência Individual – PEI, se o

produto atingir ao mar.

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Apresenta-se a seguir a Matriz de Risco elaborada com base nas planilhas de APP das

páginas anteriores e segue o modelo do quadro 5:

Quadro5.1: Matriz de Risco1 da Operação Offloading

Observa-se que nesta análise realizada não houve nenhuma hipótese classificada de

Risco Alto. Cabe ressaltar que foram consideradas as hipóteses acidentais cuja classificação

das consequências são iguais ou superiores a Crítica (III).

6 – VAZAMENTO DE ÓLEO – IMPACTOS AMBIENTAIS

Dentre as hipóteses acidentais apresentas no capítulo anterior, delas 60% visualizam a

principal causa de poluição acidental dentro da operação de offloading, o vazamento de óleo.

Apesar de serem classificados em riscos baixos e médios, os cenários acidentais

recebem maior atenção para o seu combate devido suas consequências críticas e catastróficas

sobre os ecossistemas atingidos .

____________________________ 1 Matriz de Risco – os números dentro das células referem-se ao número de hipóteses acidentais classificadas em cada categoria.

Severidade

Frequência I Desprezível

II Marginal

III Crítica

IV Catastrófica

A Provável

B Razoavelmente

Provável

C Remota

02 01

D Extremamente

Remota 03 02

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Os impactos ambientais de um vazamento de óleo nos ecossistemas costeiros e

oceânicos podem variar em função do tipo e composição do óleo (ºAPI1),da quantidade

derramada2, da época do ano, condições meteoceanográficas, da localização geográfica, da

persistência e biodisponibilidade dos hidrocarbonetos e do estado biológico dos organismos

na hora da contaminação.

Para determinar o grau de impacto e/ou efeito causado pelo derrame sobre a flora e

fauna marítima, é necessário conhecer as propriedades,como densidade e a viscosidade, e os

aspectos físicos e químicos do óleo, características estas que auxilia na tomada decisão para

mitigar o dano ambiental num possível acidente. Vale ressaltar que as medidas mitigadoras

devem estar contidas no PEI, segundo a Resolução Conama 398/08, segue em Anexo A do

presente trabalho

No quadro 8 a seguir, serão apresentados alguns efeitos do óleo sobre o ambiente

marinho:

Quadro 8: Impactos do Vazamento de Óleo no Ambiente Marinho.

Grupo Impacto Principal Dano Observações

Fitoplâncton Redução na

luminosidade na coluna d’água.

Como base da cadeia alimentar, o fitoplâncton

contaminado também funciona como agente na contaminação de

toda a cadeia.

Concentrações por volta de 0,1 mL/L de óleo na água causam

retardamentos na divisão celular dos fitoplânctons. Para causar a morte, a

concentração estaria por volta de 1 mL/L.

Zooplâncton Redução na

luminosidade na coluna d’água

causa efeitos indiretos sobre a nutrição e o

comportamento desses organismos.

Zooplanctônicos apresentam altos

índices de mortalidade nos primeiros meses

após a poluição acidental.

Bentos O recobrimento.

Causa sufocamento; a aglutinação, afeta a

mobilidade; e a intoxicação,

resultando em morte ou em efeitos sub-

letais.

Efeitos sobre os Bentos das regiões mais

profundas.

______________________ 1 ºAPI ou Grau API – expressão utilizada pela industria do petróleo, do American Petroleum Institute como referência para a densidade do óleo medida em relação à água,como o objetivo de identificar se o mesmo é leve, médio, pesado ou ultrapesado.Quanto maior o Grau API, mais leve será o petróleo e maior mercado ele terá. 2 Na Resolução Conama 398/08, Anexo II, 2.2.1,línea f, descreve a estimativa da quantidade de óleo derramado.

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*continuação

Peixes

Intervenção no funcionamento das

brânquias, causando seu

colapso, e o contato e ingestão,

causando a morte.

A contaminação dos peixes constitui um

grande prejuízo econômico para os

pescadores das regiões costeiras..

Efeitos sub-letais, são mais significativos para os peixes, pois

causam alterações na alimentação,

migração, crescimento e reprodução das

espécies.

Quelônios A poluição das águas

Interfere na alimentação e locomoção e

prejudica o ciclo de vida das tartarugas

marinhas

É uma das principais ameaças de extinção.

Aves costeiras e marítimas Contato.

Perda da impermeabilidade de uma pequena área da

plumagem pode prejudicar o

isolamento térmico e a flutuabilidade

As espécies mais afetadas são as que

eventualmente nadam ou mergulham, como

gaivotas, patos, atobás, mergulhões, etc.

Animais mamíferos Contato.

Irritação das vias respiratórias,

dispnéia aguda, irritação cutânea

perturbações digestivas e,

perturbações do sistema nervoso

Embora seja visível a contaminação dos animais mamíferos por petróleo, muitas

vezes, a causa da morte não é descoberta.

Fonte: Monteiro, Aline Guimarães. Metodologia de Avaliação de Custos Ambientais Provocados por azamento de Óleo, Estudo de Caso do Complexo Reduc-DTSE. & Projeto Tamar.(www.tamar.org.br)

O conhecimento das áreas vulneráveis ao vazamento, é de grande importância na

orientação das atividades operacionais durante o combate ao óleo, de maneira que promova

proteção ambiental. Sendo áreas cuja abrangência vai desde áreas destinadas à maricultura,

pesca, esportes náuticos e lazer, bem como os ecossistemas marinhos como manguezais,

marismas, costões rochosos e praias.

No que se refere à forma de limpeza do óleo, algumas formas consideras eficientes e

eficazes apresentam grande impacto no ambiente marinho, às vezes muito pior que o próprio

petróleo. Por isso, o a limpeza se torna um fator muito relevante no grau de impacto de

vazamento de óleo.

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Além dos danos causados sobre o ecossistema, o derrame de acidental de óleo também

pode provocar impacto socioeconômico como: paralisação das atividades econômicas

associadas ao mar (a pesca, o turismo e indústrias que dependem da qualidade do mar), e

riscos à saúde pública.

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7 – CONCLUSÃO

De acordo com a metodologia aplicada no presente trabalho, concluímos que a

Operação de Offloading apresenta riscos médios e baixos, ambos pertinentes a essa atividade

offshore. Do ponto de vista operacional, a offloading pode ser considerada segura.

Ressaltamos que na questão ambiental, a operação apresenta probabilidades de

ocasionar uma catástrofe ambiental proveniente do vazamento de óleo e, em alguns casos

irreparáveis. Contudo, é sugerida uma fiscalização periódica, pelos órgãos responsáveis por

esse tipo de atividade no mar e uma qualificação profissional no pessoal do setor com o

intuito de manter sempre a operação segura e sustentável, colaborando sempre com o meio

ambiente.

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REFERÊNCIAS

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BRASIL. Resolução CONAMA nº 398, de 11 de junho de 2008. Dispõe sobre o conteúdo mínimo do Plano de Emergência Individual para incidentes de poluição por óleo em águas sob jurisdição nacional, originados em portos organizados, instalações portuárias, terminais, dutos, sondas terrestres, plataformas, e suas instalações de apoio, refinarias, estaleiros marinas, clubes náuticos e instalações similares, e orienta a sua elaboração. Publicada no DOU nº 111, de 12 de junho de 2008, Seção I, páginas 101-104. UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO. Guia de Trabalho de Conclusão de Curso, Escola Superior de Gestão e Tecnologia , Curso de Administração. Rio de Janeiro, 2010. 23p. SENAC. Manual para Elaboração Trabalhos Acadêmicos Conforme a NBR 14724:2005. Porto Alegre, 2007. 53p. ANDRADE, I. B.; LIMA, M. C. M. Manual para Elaboração e Apresentação de Trabalhos Científicos : Artigo Científico. 2007. 22p. Faculdade de Medicina de Campos, Campos dos Goytacazes, 2007.

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GLOSSÁRIO

ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), implantada pelo Decreto nº 2.455, de 14 de janeiro de 1998, é o órgão regulador das atividades que integram a indústria do petróleo e gás natural e a dos biocombustíveis no Brasil. Estabelece regras por meio de portarias, instruções normativas e resoluções

Bentos - São um conjunto de organismos que vivem em íntima associação com o fundo de um corpo . Incluem-se moluscos, crustáceos, equinodernos, poliquetos e cnidários, muitos dos quais, especialmente os camarões, lagostas, ostras e mariscos.

Cenário Acidental – Conjunto de situações e circunstâncias específicas de um incidente de poluição por óleo.

CONAMA - O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA é o órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA, foi instituído pela Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, regulamentada pelo Decreto 99.274/90.

Derrame – Qualquer forma de liberação de óleo ou mistura oleosa em desacordo com a legislação vigente para o ambiente, incluindo despejo, escape, vazamento e transbordamento em águas.

Fitoplâncton - É a comunidade vegetal microscópica que flutua livremente na coluna d’água e constitui a base da cadeia alimentar

Grau API – do American Petroleum Institute (ºAPI), Forma de expressar a densidade relativa de um óleo ou derivado. A escala API, medida em graus, varia inversamente à densidade relativa, isto é, quanto maior a densidade relativa, menor o ºAPI. O Grau API é maior quando o petróleo é mais leve. Petróleos com grau API maior que 30 são considerados leves; entre 22 e 30 graus API, são médios; abaixo de 22 graus API, são pesados; com grau API igual ou inferior a 10, são petróleos extrapesados. Quanto maior o grau API, maior o valor do petróleo no mercado.

In Tandem – Sistema de Transferência de óleo para o navio aliviador.

Lâmina d´água – Distância entre a superfície da água e o fundo do mar.

OffShore – Situado em região marinha ou oceânica.

Óleo - Porção do petróleo existente na fase líquida nas condições originais do reservatório e que permanece líquida nas condições de pressão e temperatura de superfície.

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PEI – Plano de Emergência Individual, documento ou conjunto de documentos que contenha as informações e descreva os procedimentos de respostas da instalação a um incidente de poluição por óleo, em águas sob jurisdição nacional, decorrente de suas atividades.

Petróleo – Mistura constituída predominantemente de hidrocarbonetos, que ocorre na natureza nos estados sólidos, líquidos e gasosos.

Posicionamento Dinâmico – Conjunto de motores com hélices que mantém o navio posicionado sobre o campo, dispensando o uso de linhas ancoragem para mantê-la na locação.

Quelônios - Nomes que agrupa todas as formas de tartarugas identificadas no mundo. Existem atualmente 13 famílias de quelônios, com 75 gêneros e 260 espécies – destes, há apenas seis gêneros com sete espécies marinhas.

Zooplâncton - Composto por animais que se encontram suspensos ou nadam na coluna d´água.

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ANEXO

Conteúdo Mínimo do PEI, segundo Resolução Conama 398/08.

O Plano de Emergência Individual deverá ser elaborado de acordo com o seguinte conteúdo mínimo: 1. Identificação da instalação 2. Cenários acidentais 3. Informações e procedimentos para resposta 3.1. Sistemas de alerta de derramamento de óleo 3.2. Comunicação do incidente 3.3. Estrutura organizacional de resposta 3.4. Equipamentos e materiais de resposta 3.5. Procedimentos operacionais de resposta 3.5.1. Procedimentos para interrupção da descarga de óleo 3.5.2. Procedimentos para contenção do derramamento de óleo 3.5.3. Procedimentos para proteção de áreas vulneráveis 3.5.4. Procedimentos para monitoramento da mancha de óleo derramado 3.5.5. Procedimentos para recolhimento do óleo derramado 3.5.6. Procedimentos para dispersão mecânica e química do óleo derramado 3.5.7. Procedimentos para limpeza das áreas atingidas 3.5.8. Procedimentos para coleta e disposição dos resíduos gerados 3.5.9. Procedimentos para deslocamento dos recursos 3.5.10. Procedimentos para obtenção e atualização de informações relevantes 3.5.11. Procedimentos para registro das ações de resposta 3.5.12. Procedimentos para proteção das populações 3.5.13. Procedimentos para proteção da fauna. 4. Encerramento das operações 5. Mapas, cartas náuticas, plantas, desenhos e fotografias 6. Anexos