a verdade sobre o dízimo

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A verdade sobre o dízimo por Dispensacionalista Hoje à(s) 10:30 pm A QUESTÃO DO DÍZIMO. INTRODUÇÃO Há cerca de 6 anos atrás eu abandonava a teologia do dízimo. Após isto, produzi um artigo a respeito do assunto para justificar a um amigo meu (e ex-colega de denominação) as razões para o meu abandono desta crença. Hoje quero compartilhar com vocês um pouco do que aprendi e penso sobre o assunto. Este artigo pretende mostrar que os “dizimistas” não são dizimistas de acordo com o padrão bíblico, e que o dízimo do sistema evangélico é apenas uma doutrina humana tanto quanto o dízimo verdadeiramente bíblico é proibido para cristãos. Primeiro serão refutados os principais argumentos em favor do dízimo evangélico e, depois, mostrado o que realmente é o dízimo bíblico. 1. RESUMINDO A TEOLOGIA DO DÍZIMO. Os dizimistas dizem que o dízimo é mandatário, que Abraão deu o dízimo e que o dízimo foi codificado na lei de Moisés e vale para nossa dispensação. Não praticá-lo seria roubar a Deus e se por sob maldição, segundo os dizimistas. 2. O ARGUMENTO ABRAÂMICO. Os dizimistas argumentam que Abraão deu o dízimo sem mesmo ser ordenado. O dízimo, portanto, seria obrigatório aos cristãos, que têm Antigo e Novo Testamentos ordenando a prática do dízimo. Resposta: Abraão deu uma única vez, ao sacerdote Melquisedeque, o dízimo dos despojos de uma guerra que

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A verdade sobre o dízimo

 por Dispensacionalista Hoje à(s) 10:30 pm

A QUESTÃO DO DÍZIMO.

INTRODUÇÃO

Há cerca de 6 anos atrás eu abandonava a teologia do dízimo. Após isto, produzi um artigo a respeito do assunto para justificar a um amigo meu (e ex-colega de denominação) as razões para o meu abandono desta crença. Hoje quero compartilhar com vocês um pouco do que aprendi e penso sobre o assunto. 

Este artigo pretende mostrar que os “dizimistas” não são dizimistas de acordo com o padrão bíblico, e que o dízimo do sistema evangélico é apenas uma doutrina humana tanto quanto o dízimo verdadeiramente bíblico é proibido para cristãos. Primeiro serão refutados os principais argumentos em favor do dízimo evangélico e, depois, mostrado o que realmente é o dízimo bíblico.

1. RESUMINDO A TEOLOGIA DO DÍZIMO.

Os dizimistas dizem que o dízimo é mandatário, que Abraão deu o dízimo e que o dízimo foi codificado na lei de Moisés e vale para nossa dispensação. Não praticá-lo seria roubar a Deus e se por sob maldição, segundo os dizimistas.

2. O ARGUMENTO ABRAÂMICO.

Os dizimistas argumentam que Abraão deu o dízimo sem mesmo ser ordenado. O dízimo, portanto, seria obrigatório aos cristãos, que têm Antigo e Novo Testamentos ordenando a prática do dízimo.

Resposta: Abraão deu uma única vez, ao sacerdote Melquisedeque, o dízimo dos despojos de uma guerra que havia acabado de vencer (Gn 14.18-20). Depois disso não há menção de que Abraão tenha tornado a dar dízimos. O cristão não tem de ser dizimista só porque Abraão deu o dízimo uma única vez, e ainda por cima de despojos de guerra. Note que Abraão também se circuncidou (Gn 17.24) e que a circuncisão é uma prática anterior à lei (Gn 17.9-14). Portanto, nós cristãos temos que nos circuncidar só porque Abraão se circuncidou e porque a circuncisão era prática anterior à lei? Para serem coerentes, os dizimistas deveriam se circuncidar, já que Abraão se circuncidou.

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3. O ARGUMENTO DA LEI.

Os dizimistas usam a lei para argumentar que o dízimo é santo ao Senhor e pertence ao Senhor (Lv 27.30).

Resposta: A oferta de manjares era mais do que santa, era santíssima (Lv 6.14-17). Porventura os cristãos têm de praticar a oferta de manjares só porque ela é santíssima? Repare que o sábado também era santo (Ex 20.8; Dt 5.12; Ez 44.24). Por que os dizimistas então não guardam o sábado? Sobre o dízimo ser do Senhor, repare que a terra é do Senhor e tudo o que nela há é do Senhor (Sl 24.1). Todas as almas são do Senhor (Ez 18.4). Os filhos também são do Senhor (Sl 127.3), etc.

4. O ARGUMENTO DA HONRA.

Os dizimistas também apontam para Pv 3.9: “Honra ao Senhor com a tua casa e com as primícias da tua renda” e afirmam que entregar o dízimo é uma questão de honrar ao Senhor, e que provérbios não é parte da lei de Moisés, sendo antes um livro de sabedoria prática, portanto, a aplicação do versículo 9 do capítulo 3 seria universal.

Resposta: O fato de estar no livro de provérbios não prova nada. No salmo 20.3 o salmista deseja que o Senhor “...se lembre de tuas ofertas de manjares e aceite os teus holocaustos”. O livro de salmos também não é parte da Lei de Moisés e, portanto, sua aplicação seria universal, seguindo a hermenêutica dizimista. E agora? Os dizimistas também vão praticar a oferta de manjares e holocaustos na igreja porque está escrito no salmo 20? Se Salomão dissesse, “honra ao Senhor com as ofertas de manjares” será que os dizimistas também praticariam a oferta de manjares em seus templos? O fato é que os autores de provérbios eram hebreus, bem como os autores de salmos, portanto, nada mais natural é encontrar neles textos que mencionam a lei sacerdotal. Portanto, quando tais textos aparecem, o intérprete deve se limitar ao contexto da lei. O cristão não deve rejeitar a observância de práticas do sacerdócio levítico só porque este foi estabelecido exclusivamente com Israel. Vai além disto: O cristão não observa práticas do sacerdócio levítico especialmente porque o sacerdócio levítico acabou (Hb 7.18; 8.13).

5. OS ARGUMENTOS MALAQUIANOS.

A) O roubo: “Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas” (Ml 3. 8 ). Este texto é base de alguns pastores dizimistas para chamar de ladrões cristãos lavados pelo sangue de Cristo, mas que não são

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dizimistas ou que pelo menos não dão seus dízimos com certa frequência.

Resposta: O texto em questão é única e exclusivamente dirigido ao povo da Antiga Aliança. As expressões “filhos de Jacó” (v.6) e “vós toda a nação” (v.9), além de todo o contexto histórico-teológico provam cabalmente que Deus estava falando com os sacerdotes levíticos, não com os crentes da Nova Aliança.

B ) A maldição: “Com maldição sois amaldiçoados porque me roubais a mim, vós, toda a nação” (v. 9).

Resposta: Se alguém está amaldiçoado nessa história de dízimo esse alguém é o próprio dizimista, já que praticar obra da lei nos põe sob maldição (Gl 3.10) e o dízimo é uma obra da lei (Hb 7.5). Aliás, sendo o dízimo da lei, a maldição também vem da lei, mas Cristo nos libertou da maldição da lei fazendo-se Ele mesmo maldição por nós (Gl 3.13). Portanto, dizer que um cristão está sob maldição porque não paga o dízimo é blasfêmia. É um escárnio contra a cruz de Cristo.

C) A casa do Senhor tem que ser sustentada: “Trazei-me todos os dízimos à casa do tesouro para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o SENHOR...” (ver 10 a).

Resposta: Esta “casa do tesouro” nada mais era do que um compartimento dentro do templo judaico utilizado para a armazenagem de ofertas (Ne 10.38-39; 12.44; 13.12; 2Cr 31.11). O “mantimento” a que Deus se refere é alimento (Nm 18.21-29; Dt 12.6-18; 14.22-29). Além disso, como já dissemos, o texto em questão é única e exclusivamente dirigido aos sacerdotes levíticos, não à igreja cristã. Quem já leu “crônicas” sabe que o templo de Salomão foi construído sem nem um centavo sequer de dízimo. O templo de Salomão foi construído 100% com ofertas. De qualquer maneira, não existe nenhuma ordem nos Escritos do Novo Testamento que ordene a construção e manutenção de um templo para a realização do culto cristão. A ideia do templo para reunir os cristão para cultuar a Jesus Cristo é boa, especialmente para os dias de hoje em países livres, mas não é uma ordem do Novo Testamento. Os cristão poderiam se reunir em casas, como no primeiro século, ou em montes, como Jesus se reunia com seus discípulos, ou em praças, etc. Para cada situação, há uma estratégia. Assim é o cristianismo. Para tempos de perseguição, por exemplo, a ideia do templo é péssima. Enfim, se hoje construímos templos para nos reunir, precisamos mantê-los, mas para tal existem as ofertas. O uso de um templo não justifica o uso de uma lei do sacerdócio levítico, tal como o dízimo.

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D) A benção ao dizimista: “fazei prova de mim, se eu não vos abrir a janela dos céus e derramar sobre vós benção sem medida” (v.10 b – ver também vv. 11 e 12).

Resposta: A prosperidade financeira do povo de Israel estava em guardar toda a lei, e não no mandamento do dízimo em si (Dt 28.15-19). A prosperidade financeira do cristão depende de buscar o reino de Deus em primeiro lugar (comp. Mt 6.33), e da soberana vontade de Deus. Muitos darão dízimos toda a vida e trabalharão muito, mas terão que se conformar em apenas ter o que comer, beber e vestir (1Tm 6.7-8; Hb 13.5). Portanto, pagar dízimos não é garantia de prosperidade financeira. Além disso, as bênçãos financeiras prometidas em textos como Dt 28 e Ml 3.10 nada têm a ver com indivíduos, nem tampouco com a Igreja de Cristo, mas sim com Israel a nível nacional.

6. O NOVO TESTAMENTO, UM FIAPO DE ESPERANÇA.

Já que o Antigo Testamento para nada aproveita na defesa da teologia do dízimo, pois os não dizimistas demonstram com sucesso a falácia exegética de usar o Antigo Testamento para defender a prática de preceitos mosaicos na igreja cristã, os dizimistas enfim, vão procurar onde deveriam ter procurado desde o começo, o Novo Testamento. Este o último fiapo de esperança para eles, já que o forte mesmo era o Antigo Testamento.

A) O DÍZIMO FOI RATIFICADO EM HB 7.8

Hb 7.8 lê, "ali recebem dízimos homens que morrem; aqui, porém, aquele de quem se testifica que vive". Argumenta-se, assim, que Jesus é quem recebe os dízimos espiritualmente.

Resposta: Primeiramente, “aquele de quem se testifica que vive” é Melquisedeque, não Jesus. Insistir no tempo verbal no presente, a saber, "recebe", não ajuda em nada porque o sentido aqui é de presente histórico. O verbo λαμβανουσιν, no texto grego, aparece só uma vez, na parte "a" do versículo. Obviamente aqui é preciso considerar que embora o verbo não apareça na parte "b", ele está claramente aqui implícito, inclusive porque λαμβανουσιν é plural, mas "aquele de quem se testifica que vive" é singular. Portanto, o "recebe", no singular, concordando com "aquele de quem se testifica que vive", obviamente está semanticamente implícito aqui por uma exigência sintática. E, portanto, é óbvio que o seu

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verdadeiro sentido aqui é de presente histórico. Por quê? Porque já vimos gramatica e contextualmente que "ali, porém, [recebe dízimos] ..." está se referindo a Melquisedeque ter recebido dízimos de Abraão. Uma ação única no passado! Assim, o melhor que se pode fazer aqui é tentar refutar a afirmativa de que "aquele de quem se testifica que vive" refere-se a Melquisedeque. 

Pois bem, inacreditavelmente é isto que dizem alguns dizimistas. Estes argumentam que Jesus é quem recebe os dízimos espiritualmente, porque Melquisedeque é figura de Cristo. Mas tal interpretação é apenas imaginação. O dízimo que Melquisedeque recebeu de Abraão, além de ter sido uma única vez, foi dízimo de despojos de uma guerra, e não os dízimos que se ordena na lei, pelo sacerdócio levítico. Jesus é sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 7.14-17), mas o dízimo foi ordenado ao sacerdócio levítico (Hb 7.5), o qual é segundo a ordem de Arão (Hb 7.11), ao invés de Melquisedeque. Veja então que Jesus não recebe dízimos justamente pelo fato de Ele ser sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, pois o dízimo pertence a um outro sacerdócio, que por sinal já se findou (Hb 7.11-12).

B ) JESUS RATIFICOU O DÍZIMO EM MT 23.23.

Resposta: Se Jesus ratificou o dízimo em Mt 23.23 só porque o texto aparece no Novo Testamento, então Jesus também ratificou a lei da oferta pelo leproso purificado, texto que também aparece no Novo Testamento, em Lucas 5.12-14. A expressão “deveis fazer estas coisas (justiça, misericórdia, fé) sem omitir aquelas (dízimo)” era válida somente para os fariseus e demais judeus com quem Jesus falava, pelo simples fato de que Jesus estava no tempo da lei, falando a respeito da lei, com gente que estava sob o regime da lei. Além disso, está escrito no Novo Testamento que as mulheres descansaram durante o sábado anterior à ressurreição de Jesus (Lc 23.56), conforme previa a lei. Será que o cristão terá que guardar o sábado só porque tal texto se encontra no Novo Testamento? Lembremos que os quatro evangelhos cobrem eventos 100% sob a época da Lei. Alguns tentarão argumentar que então também não precisamos observar “a justiça, a misericórdia e a fé”. Mas acontece que isto é explicitamente ordenado aos cristãos por todo o Novo Testamento, ao contrário do dízimo, que não é ordenado no Novo Testamento, mas apenas mencionado num contexto totalmente mosaico (Mt 23.37; comp. Hb 7.5). O Antigo Pacto foi abolido (Lc 16.16; 2Co 3.14), portanto o dízimo foi abolido juntamente. Assim sendo, o que nos resta agora é o Novo Pacto (Hb 8.6-7).

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7. O ARGUMENTO DO JOÃO SEM BRAÇO: JESUS DEU O DÍZIMO.

Resposta: Jesus cumpriu todo o restante da Lei mosaica, e não somente o dízimo. Seguindo a lógica dizimista, os cristãos deveriam observar tudo o que Jesus observou da Lei de Moisés.

8. O QUE REALMENTE É O DÍZIMO DE ACORDO COM A BÍBLIA?

O dízimo era a décima parte de produtos agrícolas e dos animais (Nm 18.21-29; Dt 12.6-18; 14.22-29). Deus nunca mandou ninguém entregar dízimo a pastor, nem a Jesus, seja figurada ou literalmente, mas sim aos sacerdotes levíticos (Hb 7.5; Nm 18.21). Os próprios sacerdotes deveriam entregar 10% daquilo que recebiam de dízimo. “Entregar”, aqui, se trata de comer perante o Senhor (Nm 18.29-32; Dt 18.6-7). O dízimo deveria também ser dividido com os órfãos e viúvas (Dt 14.29). Esta era a sua real finalidade. Compare e veja que o dízimo do sistema evangélico não tem absolutamente nada a ver com o dízimo ordenado na lei de Moisés, na Bíblia. Portanto, nenhum evangélico é realmente dizimista de acordo com o padrão bíblico. Aliás, é exatamente por isso que os crentes não se tornaram uma seita judaizada, pois se dessem dízimos do mesmo modo como está ordenado na lei estariam debaixo de maldição (Gl 3.10).

9. GRAMATICALMENTE, PASTOR JUANRIBE ESTÁ CORRETO. MAS SÓ GRAMATICALMENTE!

O pastor Juanribe Pagliarin (doravante chamado JP), da comunidade cristã paz e vida, onde infelizmente congreguei por aproximadamente 5 anos, ensinou por um certo tempo que os cristãos verdadeiramente fieis deveriam dar mais 10% além do dízimo, o que ele chamou de “oferta alçada”, baseado no próprio texto de Ml 3.8, versão ARC. Dizia ele que o texto não diz “me roubais nos dízimos”, mas sim “me roubais nos dízimos e nas ofertas alçadas”. Ele interpretou que oferta alçada deve ser “no mínimo” mais 10%. E assim seus pastores subordinados ensinaram por um certo tempo em suas congregações locais. Pois bem. Gramaticalmente o pastor JP estava certo. O roubo de que Deus reclamou contra os judeus era tanto no dízimo quanto nas ofertas. A conjunção "e" faz diferença substancial neste texto. Então, concordo com esse pastor de que se a base para o dízimo evangélico é Ml 3.8-11, logo o povo deveria realmente trazer as tais “ofertas alçadas” juntamente com o dízimo. O problema é que essas “ofertas” se referem às ofertas ordenadas no sacerdócio levítico. Para refutar mais essa vergonha evangélica basta ressaltar o fato de que o próprio JP cessou de ensinar essa coisa ridícula de que “oferta alçada” é “no mínimo” mais 10%. Mas ele não fez isso porque é bonzinho; nem porque admitiu quão esdrúxula é sua exegese de Ml 3.8-11. Na

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verdade, foi porque o povo não aguentou mais esse imposto e isso foi claramente sentido e verificado quando o povo ia à frente somente com o “envelope de dízimo” ao invés de levar também o “envelope de oferta [alçada]”. Não adiantou chamar o povo de ladrão nos 25, 30 minutos usuais de pregação só para falar de dízimo e oferta. O fato é que 20% ficou realmente pesado e [quase] ninguém se dispôs ao sacrifício. Resultado, a doutrina da “oferta alçada” foi esquecida.

10. QUINTO? SÓ SE FOR DOS INFERNOS!

O pastor JP também ensinou que quando o crente deixa de “devolver” o dízimo de um certo mês, quando for “devolvê-lo” deve acrescentar “o quinto”, ou seja, o dízimo mais a quinta parte dele. O pastor assim ensinou baseado em Lv 27.31. Isto é o que eu chamo de exegese esdrúxula-coerente. 

Deixe-me explicar: Exegese esdrúxula-coerente: Diz-se de exegese fundamentada em evidentes sofismas, a ponto de ser indescritivelmente ridícula, causando risos ao intérprete sério da Escritura, mas que ao fim das contas, pelo menos segue um certo padrão de interpretação, ainda que igualmente esdrúxulo.

Pois bem. Por que digo eu que a interpretação do pastor JP a respeito do quinto é uma exegese esdrúxula, mas coerente? De esdrúxula ela tem tudo. Mas o que ela tem de coerente, afinal? Bem, o pastor JP ao menos segue seu padrão de pegar tudo quanto é texto veterotestamentário sobre o dízimo e aplicar aos cristãos, como se estes fossem judeus sob o sacerdócio levítico, ao invés de gentios sob o sacerdócio de Cristo segundo Melquisedeque. Repare que ele pensa corretamente ao ensinar que se devemos ser dizimistas baseados nos textos veterotestamentários, entre eles Lv 27.31, então deveríamos também aplicar a lei do resgate da quinta parte, ordenada por Deus na passagem. Assim como no caso da “oferta alçada”, a doutrina do “quinto” também foi esquecida rapidamente porque não caiu nas graças do povo da comunidade cristã paz e vida, onde congreguei por quase 5 anos. Ainda bem que o supracitado povo não caiu em mais essa exegese esdrúxula. Estou convicto de que esse quinto, se realmente nos levasse a algum lugar, só poderia nos levar para outro quinto, o quinto dos infernos, já que praticar as obras da Lei equivale a se colocar sob maldição (Gl 3.10), mas graças a Deus porque Cristo nos resgatou do quinto, tanto o dos infernos quanto o da ordenança levítica (Gl 3.13), que em nada justifica o homem (Gl 2.16; Hb 7.18-19).

CONCLUSÃO

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O fato é que o dízimo, como ensinado nas igrejas evangélicas, é uma doutrina nova e sem fundamento bíblico. Apenas se tornou dogma, como também outras doutrinas que se vê no meio evangélico. Ocorre que dogmas são defendidos como se fossem doutrinas bíblicas. Daí alguns serem sinceros quando pagam e defendem o dízimo, enquanto outros, conhecendo a verdade, se aproveitam da boa fé alheia. Oremos.