dízimo: obreiros da iniquidade

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1 OBREIROS DA INIQÜIDADE O dinheiro com seu processo de escravização da mente cristã e a transformação de muitos pregadores “cristãos” em obreiros da iniqüidade. Francisco Adrian Márcio de Souza Defensor do Verdadeiro Cristianismo [email protected] Maio/2005 Maasser Decimu $ $

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Um relato fiel sobre as verdade do dízimo que muitos não querem que você saiba.

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Page 1: Dízimo: Obreiros da iniquidade

1

OBREIROS DA INIQÜIDADE

O dinheiro com seu processo de escravização da mente cristã e a

transformação de muitos pregadores “cristãos” em obreiros da iniqüidade.

Francisco Adrian Márcio de Souza

Defensor do Verdadeiro Cristianismo

[email protected]

Maio/2005

Maasser Decimu

$

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Page 2: Dízimo: Obreiros da iniquidade

2

E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.

Jesus Cristo (João 8:32)

Page 3: Dízimo: Obreiros da iniquidade

3

SUMÁRIO

Capítulo I

CRISTO AB-ROGA O ANTIGO TESTAMENTO............................................................04

Capítulo II

O DÍZIMO............................................................................................................................15

Capítulo III

A CASA DO TESOURO NÃO EXISTE MAIS..................................................................25

Capítulo IV

MALAQUIAS - O PESO DAS PALAVRAS DO SENHOR CONTRA ISRAEL..............33

Capítulo V

MUDA-SE O SACERDÓCIO - Hebreus 7........................................................................40

Capítulo VII

O DÍZIMO DOS FARISEUS - Mateus 23...........................................................................39

Capítulo VIII

QUAL VALE MAIS: O DÍZIMO OU A CIRCUNCISÃO? - Atos 7: 8, 9............................46

Capítulo I

CRISTO AB-ROGA O ANTIGO TESTAMENTO

Page 4: Dízimo: Obreiros da iniquidade

4

AB-ROGAR

(Do lat. abrogare.) Termo Jurídico: Fazer cessar a existência ou a obrigatoriedade de (uma lei)

em sua totalidade.

TESTAMENTO

(Do lat. testamentu.) Termo Jurídico: Ato personalíssimo, unilateral, gratuito, solene e revogável,

pelo qual alguém, com observância da lei, dispõe de seu patrimônio, total ou parcialmente, para

depois de sua morte, podendo, ainda, nomear tutores para seus filhos menores, reconhecer

filhos naturais e fazer outras declarações de última vontade.

Termo Relgioso: Aliança de Deus com os homens, quer feita através de Moisés - o Antigo

Testamento -, quer através de Jesus Cristo - o Novo Testamento. [Os livros sagrados que se

prendem a uma ou outra dessas alianças dividem em duas grandes partes a Bíblia cristã. 1]

A Bíblia cristã, como alguns costumam denomina-la, não é totalmente cristã, os fatores

que explicam isso estão na própria Bíblia, bem como, na tradição cristã e judaica que definem a

separação e diferença entre os dois.

Inicialmente percebemos que a mesma esta dividida em duas partes, a primeira é

conhecida como Antigo Testamento ou Antigo Pacto (Antiga Aliança), a outra parte é chamado

Novo Testamento ou Novo Pacto (Nova Aliança). O primeiro (Antigo Testamento) recebido por

Moisés, dado por Deus no Monte Sinai para os hebreus. O segundo (Novo Testamento) anula o

primeiro, foi dado por Jesus – o Cristo, a todos os crêem nEle.

Temos na realidade um grande Livro Sagrado dividido em dois testamentos, destes,

subdivididos em três tempos – antes da Lei – tempo da Lei – o tempo da Graça de Cristo. A

expressão ―antes da lei‖ significa um período de pactos pessoais de Jeová com determinados

homens: Adão, Noé, Abraão, Isaque, Jacó. Neste mesmo tempo não existia o pacto por escrito

e nem a detalhamento das leis que Deus falou a Moisés, porém, deveria o pactuante repudiar a

vida licenciosa e a imoralidade ou qualquer outro tipo de impureza humana.

Abraão progenitor da raça hebraica recebeu a promessa de ter todas as suas gerações

abençoadas por Deus, sua semente receberia a terra de Canaã por possessão perpetua. Este

pacto teria por sinal de confirmação a circuncisão de todos macho da casa de Abraão e de toda

sua descendência (Gn 17: 7-27). Isaque o filho da promessa reafirmou o pacto Divino de seu

pai Abraão, em seguida, Jacó filho de Isaque, também renovaria o pacto com Deus, eis que, de

Jacó se originou as doze tribos de Israel.

Page 5: Dízimo: Obreiros da iniquidade

5

É importante entendermos que conteúdo continha os pactos firmados entre Deus e o

homem antes da lei de Moisés a antes mesmo da graça de Cristo.

Com Adão, disse Deus:

15 Então o Senhor Deus pôs o homem no jardim do Éden, para cuidar

dele e nele fazer plantações. 16 E o Senhor deu ao homem a seguinte

ordem: — Você pode comer as frutas de qualquer árvore do jardim, 17

menos da árvore que dá o conhecimento do bem e do mal. Não

coma a fruta dessa árvore; pois, no dia em que você a comer,

certamente morrerá (Genesis cap. 2, ver. 15-17). o grifo é nosso

Com Noé, disse Deus:

1 Deus abençoou Noé e os seus filhos, dizendo o seguinte: — Tenham

muitos filhos, e que os seus descendentes se espalhem por toda a terra.

2 Todos os animais selvagens, todas as aves, todos os animais que se

arrastam pelo chão e todos os peixes terão medo e pavor de vocês.

Todos eles serão dominados por vocês. 3 Vocês podem comer os

animais e também as verduras; eu os dou para vocês como

alimento. 4 Mas uma coisa que vocês não devem comer é carne

com sangue, pois no sangue está a vida. 5 Eu acertarei as contas

com cada ser humano e com cada animal que matar alguém. 6 O ser

humano foi criado parecido com Deus, e por isso quem matar uma

pessoa será morto por outra. 7 — Tenham muitos filhos, e que os

descendentes de vocês se espalhem por toda a terra. 8 Deus também

disse a Noé e aos seus filhos: 9 — Agora vou fazer a minha aliança

com vocês, e com os seus descendentes, 10 e com todos os

animais que saíram da barca e que estão com vocês, isto é, as aves, os

animais domésticos e os animais selvagens, sim, todos os animais do

mundo. 11 Eu faço a seguinte aliança com vocês: prometo que nunca

mais os seres vivos serão destruídos por um dilúvio. E nunca mais

haverá outro dilúvio para destruir a terra. 12 Como sinal desta aliança

1 AURÈLIO, Buarque de Holanda. Novo Aurélio: o dicionário da Língua Português. Rio de Janeiro:

Nova Fronteira (Versão 3.0, Séc. XXI) s/d.

Page 6: Dízimo: Obreiros da iniquidade

6

que estou fazendo para sempre com vocês e com todos os animais,

13 vou colocar o meu arco nas nuvens. O arco-íris será o sinal da

aliança que estou fazendo com o mundo. 14 Quando eu cobrir de

nuvens o céu e aparecer o arco-íris, (Genesis cap. 9, 1-14). o grifo é

nosso

Com Abraão, disse Deus:

2 Eu farei a minha aliança com você e lhe darei muitos descendentes. 3

Então Abrão se ajoelhou, encostou o rosto no chão, e Deus lhe disse: 4

— Eu faço com você esta aliança: prometo que você será o pai de

muitas nações. 5 Daqui em diante o seu nome será Abraão e não

Abrão, pois eu vou fazer com que você seja pai de muitas nações. 6

Farei com que os seus descendentes sejam muito numerosos, e alguns

deles serão reis. 7 A aliança que estou fazendo para sempre com você e

com os seus descendentes é a seguinte: eu serei para sempre o Deus

de você e o Deus dos seus descendentes. 8 Darei a você e a eles a

terra onde você está morando como estrangeiro. Toda a terra de Canaã

será para sempre dos seus descendentes, e eu serei o Deus deles. 9

Deus continuou: — Você, Abraão, será fiel à minha aliança, você e os

seus descendentes, para sempre. 10 Pela aliança que estou fazendo

com você e com os seus descendentes, todos os homens entre

vocês deverão ser circuncidados2. 11 A circuncisão servirá como

sinal da aliança que há entre mim e vocês. 12 De hoje em diante

vocês circuncidarão todos os meninos oito dias depois de nascidos, e

também os escravos que nascerem nas casas de vocês, e os que forem

comprados de estrangeiros (Genesis cap. 17, ver. 2-12). o grifo é nosso

Perceba que há variação no objeto que representa essas alianças de Deus e o homem,

e que por decisão divina cada uma delas foi diferente e isso continuou a ser diferente no caso

de Moisés e por fim com a chegada da graça de Cristo, Nosso Salvador. O interessante é a

2 Cerimônia religiosa em que é cortada a pele, chamada prepúcio, que cobre a ponta do órgão sexual

masculino. Os meninos israelitas eram circuncidados no oitavo dia após o seu nascimento. A circuncisão era sinal da ALIANÇA que Deus fez com o povo de Israel (Gn 17.9-14). (Extraído do Dicionário da Bíblia de Almeida, SBB)

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7

aliança de Deus com Moisés no Monte Sinai, diferente das anteriores, assim como o tempo da

graça que foi anunciado em todo o Antigo Testamento seria e é diferente da lei de Moisés. Na

realidade Jesus determinou o fim do Antigo Testamento para uma melhor constituição de uma

melhor aliança. (Entretanto continuemos seguindo o caminho percorrido pelos hebreus).

Estes foram morar no Egito a pedido de José, filho de Jacó e governador do Egito e

acabaram se tornando escravos, depois de centenas de anos em sofrimento, Deus convocou

Moisés para libertar os descendentes de Jacó (Ex. 2 e 3). Podemos afirmar que a saída do

Egito é o marco inicial do ―tempo da Lei‖.

Deus propôs um pacto com o povo hebreu:

E subiu Moisés a Deus, e o Senhor o chamou do monte, dizendo: Assim falarás a casa de Jacó

e anunciarás aos filhos de Israel: Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre

asas de águas, e vos trouxe a mim; Agora pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e

guardardes o meu concerto, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os

povos, porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e um povo santo.

Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel. E veio Moisés, e chamou os anciãos do

povo, e expôs diante deles todas estas palavras que o senhor lhe tinha ordenado. Então todo o

povo respondeu a uma voz, e disseram: Tudo o que o Senhor tem falado, faremos. E relatou

Moisés ao Senhor as palavras do povo3 (Ex. 19:3-8). o grifo é nosso

Monte Sinai – Revista Morashá

Primeiramente Deus perguntou se o povo de Israel aceitaria o pacto proposto por Ele e

levado por Moisés, especificamente para eles (os hebreus). Perceba que há exclusão de outros

povos, seria somente com a descendência de Jacó. Em seguida ordenou os dez mandamentos

(Ex. 20: 1-21). Entretanto, estes dez mandamentos seriam a base principal da moralidade e da

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convivência civil, mas foram também ordenados mais de seiscentos outros mandamentos

subdivididos em leis cerimoniais, trabalhista, agrícolas etc. todas compiladas no Torá

(Pentateuco).

O Torá na visão judaica só deve ser interpretada pelo Talmud ou Torá oral, e qualquer

interpretação feita das leis de Moisés sem o Talmud é proibida pelos judeus. Essas leis e o

Talmud tornam o povo judeu realmente diferentes dos demais, tanto na formação como povo,

como na observação dos mandamentos da Torá, pois eram obrigatórias somente a eles. E por

isso eles mesmos se consideram diferentes. Veja as afirmações da revista judaica Morashá:

Após a Revelação Divina no Monte Sinai, as Doze Tribos de Israel se tornam a Nação

Judaica um povo definido por um código de leis morais e espirituais ditadas por D‘us. As leis

promulgadas pelo Eterno fundamentam a responsabilidade do homem perante outros homens e

Seu Criador. São leis espirituais que uma vez trazidas à Terra, assumiram forma física e

cotidiana. Sua moral e ética transcendem o tempo e o espaço e mudam para sempre os

caminhos não apenas do povo de Israel mas de toda humanidade.

A formação do povo judeu, em conseqüência da outorga da Torá, difere totalmente de

como outros grupos de indivíduos se tornaram uma nação (...) A Torá atesta que nunca

antes e nunca mais após aquele evento D’us se revelaria a outro povo4... (grifos nosso)

Os dois principais objetos de diferenciação usados pelos judeus para provar as

diferenças em relação aos demais povos e nações, se encontram, primeiro na manifestação

Divina no Monte Sinai e em seguida a outorga da Torá, são sem dúvidas dois eventos ímpartar

e sem repetição na história humana.

O Sociólogo Judeu Rogério Rosenbaum, estudioso do Judaísmo Clássico, demonstra de

forma clara e sucinta onde se entra as diferenças entre judeus e o resto da humanidade.

Vejamos:

A Torá não é somente o livro de leis, normas de conduta, história e fé dos judeus, mas o próprio

Mapa da Criação. Diz o Talmud, que o Eterno esboçou o plano do universo escrevendo-o sob a

forma de uma Torá (Orientação), codificando dentro dela a vida de todos os seres humanos

desde o primeiro até o último homem. O total de mandamentos que incumbe o povo judeu como

um todo é 613. Aos que não são judeus cabe cuidar dos Sete Mandamentos dos Filhos de

Noé5, como explicaremos adiante. Adicionalmente a estes 613 mandamentos, que incluem

3 Revista Morashá, Edição 40 - Março de 2003. Disponível em URL: www.morasha.com.br,

4 Ibid. Disponível em URL: www.morasha.com.br.

5 Os Sete Mandamentos dos filhos de Noé são: 1. Não assassinarás. 2. Não roubarás. 3. Não adorarás

falsos deuses. 4. Não praticarás imoralidade sexual. 5. Não comerás os membros de um animal vivo. 6. Não amaldiçoarás D'us. 7. Organizarás tribunais e trarás os transgressores à justiça. Disponível em URL: www.jewishbrazil.com/itro.htm,

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hábitos alimentares, atitudes morais e cívicas, relações patrão-empregado, comportamento na

guerra, contratos conjugais e herança, até e contatos mais diretos com a alma e com D-us,

somam-se as leis rabínicas, como estão descritas no Talmud6 ... (destaque do autor)

Para o sociólogo nos cinco livros de Moisés o Eterno (Deus), esboçou a criação do

mundo e codificou a vida dos homens, do primeiro ao ultimo. Porém, mais adiante o autor

especifica o que cabe aos judeus e o que os não judeus devem cumprir, ou seja, fica obrigatório

a raça humana respeitar os Sete Mandamentos dos Filhos de Noé, com exceção dos judeus

que teriam a obrigação de observar os 613 mandamentos dado por Deus no Monte Sinai.

Lembramos que os Sete Mandamentos dos Filhos de Noé antecedem o evento no Monte.

Não são os cristão que se dizem diferentes ou separados. Não é nosso objetivo querer

discriminar qualquer que seja a religião, mas são os próprios judeus que fazem questão de se

autodenominarem separados. Muitos cristãos se acham capazes de interpretarem a seu bel

prazer as leis judaica, contudo, para os judeus é ato desprezível:

O Talmud define e dá forma ao judaísmo, alicerçando todas as leis e rituais judaicos. Enquanto

o Chumash (o Pentateuco, ou os cinco livros de Moisés) apenas alude aos Mandamentos, o

Talmud os explica, discute e esclarece. Não fosse este, não entenderíamos e muito menos

cumpriríamos a maioria das leis e tradições da Torá e o judaísmo não existiria. Historicamente,

os judeus que, individualmente ou em grupo, negaram sua validade, acabaram por se assimilar

ou desaparecer. E, como outras religiões adotaram o texto da Torá Escrita - Torá she-

bichtav, mesmo a tendo traduzido de forma errada, adicionando ou removendo partes da

mesma e a interpretando de forma proibida pelo judaísmo, é o Talmud o verdadeiro

divisor de águas, o texto sagrado que diferencia os judeus das outras nações do mundo7.

(grifos nosso)

Os escritos judaicos são taxativo no que diz respeito aos Livros de Moisés a Torá (que

significa Guia ou Orientação), todas interpretações advindas de outras religiões são

desconsideradas, pois somente o Talmud pode dá a verdadeira interpretação. Vale ressaltar

que o Talmud não é utilizado pelos cristãos. O Sociólogo Rogério Rosenbaum descreve como

surgiu o Talmud da seguinte maneira: ―Talmud, que foi compilado na antiga Babilônia e em

Israel, entre os séculos 2 e 6 da Era Comum‖. A Revista Morashá o define dessa forma:

6Paulo Rogério Rosenbaum – Sociólogo pela Universidade de Haifa e estudioso do Judaísmo

Clássico. Disponível em URL: www.jewishbrazil.com/itro.htm, 7Revista Morashá: judaísmo virtual - Edição 43 - Dezembro de 2003. Disponível em URL:

www.morasha.com.br.

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Sua definição formal é a de ser a compilação da Lei Oral, que foi transmitida por D‘us a Moisés,

no Monte Sinai, tendo sido estudada e dissecada, através dos séculos, pelos sábios que viviam

em Israel e na Babilônia, até o início da Idade Média. O Talmud tem dois componentes

principais: a Mishná, um livro sobre a lei judaica, escrito em hebraico, e a Guemará, comentário

e elucidação do primeiro, escrita no jargão hebraico-aramaico8.

Sabemos agora que o cristão nada tem de comum com o povo judeu, o cristão não deve

de forma alguma se apropriar das determinações ordenadas nos livros de Moisés e muito

menos seguir os como prática de fé conselhos ou ordenanças contidas nos livros históricos,

proféticos e poéticos, haja vista, que todo o conteúdo dos escritos dos profetas possui como

base as ordenanças do Torá ou são profecias referente a chegada do Messias – o Cristo. Para

os cristãos ele é Jesus o nosso salvador. As profecias do Antigo Testamento sobre o Messias

foram cumpridas em Jesus, do maior ao menor detalhe; nasceria de uma virgem (IS. 7:14);

seria na cidade de Belém (Mq. 5:2); seria perseguido ainda criança (Jr. 31:15); seria chamado

do Egito (Os. 11:1) Jesus entraria em Jerusalém montado num jumento (Zc. 9:9). Sem dúvida,

cabe ao cristão conhecer o Antigo Testamento, mas não cabe a ele cumprir qualquer preceito

ou exemplo dado pela lei do Velho Pacto.

O Antigo Testamento não pode ser rasgado e jogado fora, por sua vez, é uma fonte

inspirada por Deus e dado como mandamento aos judeus. Consta também como caminho

inicial e anúncio da chega do grande Redentor da humanidade. Contudo Cristo nos deu um

novo mandamento, sendo sem dúvida a regra de vida e fé de todos os cristão.

As diferenças existentes entre judeus e não judeus ficam manifestas também na Nova

Aliança dada por Jesus Cristo. Diferenças essas, claras e notórias que exigem a renuncia das

práticas do Velho Testamento e a execução somente do Novo. Os apóstolos também tiveram

dúvidas e várias contendas (leia Gálatas) a respeito se poderiam ou não cumprir os

mandamentos do Antigo Testamento. No intuito de por fim as controvérsias. O Concilio em

Jerusalém, o primeiro onde se buscou consenso para tais contendas. Definiu:

Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, levantaram-se, dizendo que era

necessário circuncida-los, e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés. Congregaram-se os

apóstolos e os anciãos para considerar este assunto. E, havendo grande discussão, levantou-

se Pedro, e lhes disse: Irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me elegeu dentre vós,

para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do evangelho, e cressem. Deus, que

conhece os corações, deu testemunho a favor deles, concedendo-lhes o Espírito Santos, assim

8 Ibid. Disponível em URL: www.morasha.com.br.

Page 11: Dízimo: Obreiros da iniquidade

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como também a nós. E não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando os seus corações

pela fé. Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre o pescoço dos discípulos um jugo que

nem nossos pais nem nós pudemos suportar? (At. 15:5-10).

Os apóstolos e anciãos, principalmente Pedro expondo as maravilhas que Deus havia

concedido aos não judeus, prova como é desnecessário o cumprimento das leis do Antigo

Testamento. Os gentios sem Moisés receberam o Espírito Santo, isso significa que eles foram

aceitos pela fé sem necessitar do cerimônialismo e legalismo judaico, como festas, sábado,

dízimo, circuncisão ou qualquer outro preceito. O próprio Pedro admiti que a lei mosaica era um

jugo que impedia uma relação mais íntima com Deus. Na conclusão do Concílio definiu-se

como mandamentos do Antigo Testamento a serem cumpridos pelos cristão, somente estes:

Pareceu bem ao Espírito Santo, e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas

coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas ao ídolos, do sangue, da carne

sufocada e da prostituição. Fazei bem se vos guardardes destas coisas. Bem vos vá (At.

15:28,29).

A decisão do Concílio em Jerusalém é bem clara ao afirmar que os gentios convertidos

não estavam debaixo do jugo da Lei, mas deveriam seguir os ensinamentos de Jesus através

de seus apóstolos. Certamente os mesmos concluíram que existia diferenças entre Jesus e

Moisés. O legislador dos judeus teve a função de conduzir seu povo através da instrução da lei

dada por Deus, escrita e compilada no Antigo Pacto. Entretanto, o Antigo acabou sendo

instaurado o Novo Pacto baseado não mais em sangue animal, mas sim no Santo Sangue do

Cristo ressurreto. No evangelho de Mateus 26:18, Jesus manifesta quem é o detentor de todo

poder no céu e na terra – Ele, e o que todos deveriam fazer e cumprir seus mandamentos. Indo

fazer discípulos, batizando-os e ensinando a guardar os ensinamentos de Jesus.

Com base no Novo Testamento, cabe a seguinte pergunta: se disséssemos aos

defensores e cobradores do dízimo que o mesmo não pode mais ser cobrado, o que diriam de

nós? Com certeza nos chamariam de loucos, bestas feras, espíritos imundos, demônios etc.

Bem, loucos ou não, esta é a mais pura verdade. Pois o dízimo é uma ordenança da Lei de

Moisés e, que a Lei estando escrita no Antigo Testamento, no qual já há muito tempo foi abolido

por Cristo Jesus (II Co. 3:14), ou seja, se o Antigo Testamento foi abolido, retirado, anulado, o

que temos nós os Cristãos em cumprir a Lei dos dízimos citada em Lv. 27: 30 – 34? E que

medo devo ter das maldições contidas no livro do profeta Malaquias? Já que as maldições eram

dirigidas para quem tinham obrigação de cumprir a Lei escrita por Moisés, e isso Cristo e todos

Page 12: Dízimo: Obreiros da iniquidade

12

os Apóstolos garantem, nós Cristãos não temos essa obrigação. Se não temos obrigação,

então, como somos amaldiçoados?

Você já imaginou o que diriam os grandes Imperadores do Evangelho ao lerem ou

ouvirem isso. No Brasil como exemplo de Imperadores do Evangelho temos, Edir Macedo

(Fundador da Igreja Universal do Reino de Deus), Davi Miranda (Fundador da Igreja Deus é

Amor), R. R. Soares (Fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus), José Wellington

Bezerra (Convenção Geral das Assembléias de Deus), também o que pensaria aquele que se

auto-denomina ―Apóstolo‖ Estevão (Fundador da Renascer em Cristo), ou a CNBB com a

pastoral do dízimo, e outros milhares em todo mundo. Apesar da isenção Bíblica sobre a

obrigatoriedade do dízimo. No entanto, os Imperadores do Evangelho e seus seguidores,

erroneamente continuam a pregar nos cultos e missas o que mais os interessa, que é arrecadar

dízimos, usando maldições e classificando de roubadores de Deus e até condenando os não

dizimistas.

O Apóstolo Paulo explica muito bem a diferença da Lei e da Graça, a saída do Antigo

Testamento e o início do Novo Testamento, fazendo a comparação entre Sara mulher de

Abraão na qual gerava o filho da promessa divina e Agar escrava que teve um filho Abraão.

Eu bem quisera agora estar presente convosco, e mudar o tom da minha voz, porque estou

perplexo a vosso respeito. Dizei-me, os que quereis estar debaixo da lei, não ouvis vós a lei?

Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre. Todavia, o que

era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por promessa. O que se

entende por alegoria, pois estas mulheres são as duas alianças. Uma aliança é do monte Sinai,

gerando filhos para a escravidão, que é Hagar. Ora, esta Hagar é Sinai, um monte da Arábia,

que corresponde à Jerusalém atual, porque é escrava com seus filhos. Mas a Jerusalém

que é de cima é livre, a qual é mãe de todos nós. Pois está escrito: Alegra-te, estéril, que não

dás à luz; esforça-te e clama, tu que não estás de parto; porque os filhos da abandonada são

mais do que os da que tem marido. Ora, vós, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque.

Mas, como então o que nasceu segundo a carne perseguia ao que nasceu segundo o Espírito,

assim é também agora. Mas que diz a Escritura? Lança fora à escrava e seu filho, pois de modo

algum o filho da escrava herdará com o filho da livre. De maneira que, irmãos, somos filhos,

não da escrava, mas da livre (Gl. 4: 20 – 31, grifos nosso)

Paulo escreveu a carta aos Gálatas depois de lhe chegar o conhecimento da intromissão

da doutrina Judaica entre os Gálatas, nos quais ensinava que todos Cristãos tantos Judeus

como Gentios só poderiam ser agraciados pelo poder de Jesus Cristo através do cumprimento

da Lei Mosaica, e sem essa observação não poderiam fazer parte do rebanho divino, da Igreja

Santa. Paulo sabendo dessas heresias usa ricos argumentos para combatê-los, e nos provar

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que não é mais necessário o cumprimento da circuncisão, dízimo ou de qualquer outro preceito

do Sinai.

A alegoria feita pelo apóstolo com todo seu discernimento Espiritual, mostrando a

diferença das duas alianças causou um profundo impacto na vida do movimento judaico-cristão,

que defendia a observação da lei na convivência e exercício da fé dos gentios convertidos ao

cristianismo. Nem judeus e nem gentios precisavam cumprir qualquer ordenança. Em quanto ao

dízimo, O Novo Testamento prova a não necessidade de se paga-lo. Se observarmos

minuciosamente o verso 25 do capítulo 4 de Gálatas, veremos o autor afirmar: "Ora esta Agar é

Sinai, um monte da Arábia, que corresponde à Jerusalém atual, porque é escrava com seus

filhos". Concluímos o seguinte: no Monte Sinai foi dada a lei ao povo de Israel, inclusive a

ordenança dos dízimos. "Todos os dízimos do campo, da semente do campo, do fruto das

árvores, são do Senhor; são santos ao Senhor. São estes os mandamentos que o Senhor deu a

Moisés, no monte Sinai, para os filhos de Israel‖ (Lv. 27:30, 34). Então se Agar é o Monte Sinai,

onde foi dada a Lei, fica claro e evidente que os cumpridores da lei dos dízimos são filhos da

escrava e não da livre. Já que a livre deu a luz há Isaque, o filho da promessa e, essa tão

grande promessa nos alcançou assim como diz o Apóstolo: "Ora, vós, irmãos, sois filhos da

promessa, como Isaque" (Gl. 4: 28). Convenhamos, o que temos haver nós os filhos da

promessa com o cumprimento do pagamento do dízimo, pois o próprio Isaque não pagou-o.

Mesmo os "grandes" pregadores do evangelho sabendo da verdade ousam em

continuar com pregações herética, escrevem livros e mais livros induzindo o rebanho de Cristo

a pagar o dízimo, achando eles que a piedade de Cristo é causa de lucro e não aceitando as

escrituras do Nova Aliança da forma que está escrita.

Os cobradores de dízimos defendem-se com argumentos supérfluos, afirmando que

Deus depois de autorizar um mandamento não poderia desautorizar-lo, onde se enganam

completamente. Servimos ao Deus do impossível. E se é impossível Ele autorizar e

desautorizar, Ele deixa de ser o Deus do impossível e passa a ser o deus anunciado por

pregadores mercenários, que O transformaram em um deus mercenário e unicamente

capitalista. Isso não acontece por acaso, mas para sustentação desse sistema sórdido e

perverso, iniciado pela Igreja Romana com as indulgências e modelado por João Calvino e sua

predestinação. Tendo sido totalmente modernizado e diabolisada pela teologia da prosperidade

da Igreja Cristã Moderna.

Deus em sua grandeza não deixa dúvida das possibilidades do impossível se transforma

possível. Quando Deus falou a Abraão para sacrificar seu único filho, Abraão não mediu

esforços, pegou Isaque e indo até o lugar indicado por Deus para oferecer seu filho. O Senhor

Page 14: Dízimo: Obreiros da iniquidade

14

vendo tão grande fé daquele homem, envia um anjo para comunicá-lo que ele não precisava

mais sacrificar seu filho (Gn. 22:2-12).

Certamente agora, percebemos o grande, único e supremo poder, tendo Ele pedido

Isaque filho de Abraão para prová-lo e, vendo Deus a fé de Abraão, enviou seu anjo impedindo

o sacrifício. Da mesma forma Deus fez com o Antigo Testamento. Grandes homens de fé

usados por Deus escreveram o Velho Testamento ou a Antiga Aliança, durante centenas de

anos conduzindo-nos assim para o tempo da graça, com a chegada do Novo Concerto descrito

na própria Antiga Aliança.

Deus não decidiu de última hora aboli-lo, pelo contrário, centenas de anos antes de

Cristo, Deus já havia predito a vinda do Emanuel e a chegada do Novo Concerto, a Nova

Aliança, o Tempo da Graça. O livro de Jeremias é prova disso. Confira:

Eis que dias vem, diz o Senhor, em que farei um concerto novo com a casa de Israel e com a

casa de Judá. Não conforme o concerto que fiz com seu país, no dia em que os tomei pela

mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles invalidaram o meu concerto, apesar de eu

os haver desposado, diz o Senhor. Mas este é o concerto que farei com a casa de Israel depois

daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e

eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo (Jr. 31: 31-33).

Acaso alguém ainda queira continuar com o pseudo mandamento cristão referente ao

pagamento do dízimo, pelo simples fato do mesmo constar no Antigo Testamento. Cabe a ele

também guarda os outros seiscentos e treze preceitos que estão em harmonia com o dízimo no

ritualismo hebraico. Todavia, o cristão confia nas palavras de Cristo: ‖A lei e os profetas

duraram até João, desde então é anunciado o reino de Deus,...‖ (Lc. 13:16); "Mas os seus

sentidos foram endurecidos. Porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do velho

testamento, o qual foi por Cristo Abolido" (II Co. 3: 14); Mas agora alcançou ele ministério tanto

mais excelente quanto é mediador duma superior aliança, que está firmada em melhores

promessas (Hb. 8:6); O mistério é que os gentios são co-herdeiros e membros do mesmo corpo

e co-participantes da promessa em Cristo pelo Evangelho‖ (Ef. 3:6).

Capítulo II

O DÍZIMO

DÍZIMO

(Hebraico. Maasser; Do lat. decimu.) A décima parte; Imposto equivalente à décima parte do

rendimento.

Page 15: Dízimo: Obreiros da iniquidade

15

A controvérsia sobre a obrigatoriedade ou não do pagamento do dízimo deve se

expandi, isso no intuito de traçamos uma série de indagações profundas, com necessidade de

respostas corretas e canônicas. Certamente, devido a enxurrada de falsas interpretação,

falseadas propositalmente, todas sem comprovação bíblica ou que não tenha sofrido criterioso

debate sobre os diversos temas gerados para doutrinar a cristandade moderna, por sua vez,

nos trouxe uma nova forma de pregação e um novo modelo de igreja. Ambas firmadas em

falsos pilares. Na verdade vivemos um cristianismo submisso a ideologias políticas e metas

econômicas.

Para esclarecer melhor temos que recorrer a um destes pilares - o dízimo, um dos

componentes das metas políticas. Nos últimos séculos este assumiu forma moderna, totalmente

distinta de sua origem. O professor Jonh D. Davis discorre sobre o tema, principalmente sobre

como funcionava ou como era pago o mesmo na antiguidade. No entanto, o período exato de

quando iniciou esta prática não pode ser definido, porém, sabe-se que é muito antigo e possuía

várias características, algumas nações separavam para os deuses, uma certa quantidade da

produção, seja ela do campo, cultivo, da criação ou caça de animais, e até mesmo dos bens

conquistados na guerra, como fez Abraão. ―Os Lídios ofereciam a décima parte das presas, os

Fenícios e os cartagineses enviavam anualmente a Hercules, a décima parte de suas rendas‖9.

Ressaltamos ainda que esses povos ofereciam seus dízimos principalmente da agropecuária de

forma voluntária para honrar autoridades de seu tempo, bem como, muitas vezes possuía

caráter assistencial, eram distribuído aos pobres, mas também existiam povos que instituíam

leis para cobra determinadas quantias de suas produções. ―Os Egípcios deveriam contribuir

com a quinta parte das colheitas para Faraó‖10.

No que diz respeito ao povo judeu, sabe-se que não foi Abraão quem instituiu o costume

de dar dízimo, já que Isaque, seu filho, não pagou, enquanto Jacó precisou fazer voto, deixando

claro que o pai Abraão não deu ordens sobre tal obrigação. Para Davis ―não poucos doutores

são de opinião que a contribuição de um quinto para Faraó que os israelitas pagavam no Egito,

se perpetuou na lei mosaica. Este quinto foi elevado a dois quintos, 1° para os levitas e o 2°

para o santuário‖11. Todavia, o que os teólogos afirmam, não passa de especulação de pouco

interesse para o trabalho neste momento, pois devemos tomar os registros bíblicos sobre o

tema.

9 DAVIS, John D. Dicionário da Bíblia. Trad. Rer. J. R. Carvalho Braga. 2° Ed. Rio de Janeiro: Casa

Publicadora Batista, 1960, p. 164. 10

Ibid., p. 165. 11

Ibid., p. 165.

Page 16: Dízimo: Obreiros da iniquidade

16

Sabe-se que se trata de uma prática muito antiga, mas continuamos sem saber qual

povo iniciou este costume ou obrigação, entretanto, para o povo hebreu foi um mandamento

dado por Deus no Monte Sinai (Lv. 27:30-34), isto, de acordo com o Antigo Testamento. Surgi

outra controvérsia quando penetramos neste mandamento judaico, pois também se tornou difícil

identificar quantos dízimos existiam, e em que épocas do ano eram pagos. Sabe-se, contudo,

que a Bíblia deixa bem claro que somente os judeus proprietários de latifúndio, campos

produtivos, deveriam pagar o dízimo.

Nos livros escritos por Moisés, identificamos quatro dízimos, podendo ser classificado

como, três dízimos diretos e um indireto: 1° o dízimo do santuário (Nm.18: 21; Ne. 10:37); 2° o

dos levitas, deste, os levitas retiravam outro dízimo [era indireto o 3° dízimo, 10% de 10%] para

o santuário (Nm. 18:23; Ne.10:38); 4° para os pobres (Dt. 12:18; 14:29). Esses mandamentos

sofreram várias alterações com o passar dos séculos, os judeus deixaram de pagar os dízimos

aos sacerdotes, devido a destruição do Templo em Jerusalém no ano 70 d.C.

As igrejas cristãs se apropriaram destas ordenanças, deturparam sua essência, e

utilizam o texto de Malaquias 3:10 para justificar a cobrança, mas não existe registro da

obrigação do dízimo para cristãos no Novo Testamento, contudo o ―gazofilácio‖12 e as ―salvas‖13

continuam há ter bastante utilidade.

Na realidade, existe uma única fonte originária do dízimo, todavia, é propagada de várias

formas no cristianismo e, por diferentes seguimentos religiosos, ou seja, para os judeus antes

da destruição do Templo em Jerusalém era imperativo o cumprimento deste mandamento,

porém, depois da destruição do templo houve uma brusca mudança; os cristão tem o dízimo

como obrigação, apesar de não constar nenhum mandamento, (é uma doutrina deformada, não

possui canonicidade); os Mórmons também se apropriaram deste mandamento judaico e

alegam que Jesus mandou Néfi reescrever o livro de Malaquias para serem ensinados ao povo.

É mais ou menos essa a realidade de hoje.

Veja a concepção do dízimo para cristãos de hoje e do povo judeu na nas ordenanças

do Pentateuco.

12

GAZOFILÁCIO: (Do gr. gazophylákion, pelo lat. gazophylaciu.) Lugar no templo, onde se guardavam os vasos e recolhiam as oferendas; Cofre de jóias; escrínio;Tesouro. AURÈLIO, Buarque de Holanda. Novo Aurélio: o dicionário da Língua Português. Rio de Janeiro: Nova Fronteira (Versão 3.0, Séc. XXI) s/d. 13

Sacolas específicas, para circular dentro do templo no recolhimento das contribuições.

Page 17: Dízimo: Obreiros da iniquidade

17

1. CONCEPÇÃO DE DÍZIMO NA IGREJA CRISTÃ MODERNA.

O líder da congregação tem obrigação de cobrar e recolher o dízimo dos membros, para investir na ―obra de Deus‖.

Todos os membros de uma denominação cristã tem obrigação de recolherem 10% (décima parte) de seus rendimentos; rico ou pobre, jovem, velho, viúva, aposentado, agricultor, industrial ou qualquer trabalhador remunerado, para serem pagos na igreja.

Depois de entregue o dízimo na congregação, automaticamente se abre a janela do céu – bênçãos para os dizimistas e maldição para os não dizimistas. (baseado em Malaquias 3:10)

Perceba que o atual mecanismo de arrecadação da igreja é totalmente equivocado e

sem base canônica, e o pior, os fiéis desafiam (cobram, exigem, provocam) Deus no intuito de

receber bênçãos, principalmente as desejadas ―bênçãos financeiras‖, como se Deus tivesse

obrigação para tal. Pensam eles que os não dizimistas estão amaldiçoados com um tal

―devorador‖ lhe perseguindo. O mais intrigante e digno de nota e de lembrança é que, aqueles

que cumprem algum preceito da lei de Moisés, este sim esta sob maldição: ―Todos aqueles pois

que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele

que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para faze-las‖ (Gl.

3:10), ou seja, na realidade os amaldiçoados são os pagadores de dízimo, já que se trata de um

mandamento do Monte Sinai, significando assim sua filiação a Agar, para serem escravos (Gl.

Page 18: Dízimo: Obreiros da iniquidade

18

4:25), pois o cristão está isento da Antiga Aliança devendo permanecer na doutrina apostólica

(At. 2:42).

O gráfico acima, só se aplica na realidade para os Mormos, pois nos seus escritos - o

Livro de Mórmon, foram feitas certas modificações na ordem original do mandamento dada no

Monte Sinai, sendo estas incluídas como obrigação divina:

E aconteceu que Jesus ordenou que fosse escrito; por conseguinte foi escrito, como ele

ordenou. E então aconteceu que depois de haver explicado em uma todas as escrituras que

haviam registrado, Jesus ordenou-lhes que ensinassem as coisas que ele havia explicado (3 Ne

23:13,14). E aconteceu que ele lhes ordenou que escrevessem as palavra que o Pai

transmitira a Malaquias, as quais ele lhes diria. E aconteceu que depois que foram escritas,

ele as explicou. E estas foram as palavras que ele lhes disse: Assim disse o Pai a Malaquias

(...). Com maldição sois amaldiçoados, porque me roubastes a mim, vós, toda a nação.

Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento em minha casa; e

provai-me então com isto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e

não derramar sobre vós uma bênção14

... (3 Néfi 24: 1,9,10). grifos nosso

Observe que nos escritos sagrado dos Mórmons, no livro de Néfi há afirmação que Jesus

mandou que escrevesse o que o Pai havia dito a Malaquias e, por incrível que pareça, Jesus

afirmou que o livro de Malaquias, fosse reproduzido e ordenando a observação no pagamento

do dízimo. Joseph Smith (fundador do mormonismo) é esperto, de todo o livro de Malaquias

para ser novamente escrito e ensinado, ele só reescreveu o mandamento do dízimo e as

maldições para quem não obedecesse15. No entanto, não para por aí, no livro de Doutrina e

convênios deste mesmo seguimento religioso se encontram as seguintes afirmações:

Aquele que pagar o dízimo não será queimado no dia de sua vinda, D&C 64:23 (85:3). A casa

do Senhor será construída com o dízimo de seu povo, D&C 97: 11-12. O Senhor revelou a lei

do dízimo, D&C 119. A distribuição dos dízimos será feita por um conselho16

, D&C 120.

Ora, para os Mórmons, Cristo ordenou o pagamento do dízimo, deixando transparecer

que até segmentos religiosos heréticos se aproveitam de Malaquias 3:10. Mas para os cristãos,

só o Novo Testamento e a doutrina apostólica deve ser observada na verdadeira adoração

14

O LIVRO DE MÓRMON – Outro Testamento de Jesus Cristo. Salt Lake City, Utah, EUA: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1995. p. 529,530 15

Ver livro 3 Néfi cap. 24 In: O LIVRO DE MÓRMON – Outro Testamento de Jesus Cristo. Salt Lake City, Utah, EUA: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1995. p. 529,530 16

Guia Para Estudo da Escrituras. In: O LIVRO DE MÓRMON – Outro Testamento de Jesus Cristo. Salt Lake City, Utah, EUA: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1995. p. 61

Page 19: Dízimo: Obreiros da iniquidade

19

cristã, e neles não consta a doutrina ou cobrança do dízimo. Se para os Mórmons cairá

maldição sobre eles, caso não paguem o dízimo. Para os cristãos que tem o Novo Testamento

(pois os Mórmons usam outros escritos), acontece o contrário, se ele pagar o dízimo aí sim

cairá em maldição (Gl. 3:10; 3:12). Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição

por nós... (Gl. 3:13). ―A saber, que os gentios são co-herdeiros e de um mesmo corpo, e

participante da promessa em Cristo pelo evangelho;‖ (Ef. 3:6).

Sabemos que sem o evangelho não teríamos entrada no céu, sendo a doutrina apostólicas

e principalmente as palavra do Cristo de conhecimento de todos, e que o livro de Malaquias não

está incluído como doutrina Cristã-Apostólica. Os comentários no capítulo anterior, tornam

desnecessário nos demorar neste assunto.

2. CONCEPÇÃO JUDAICA DO DÍZIMO: DA CONQUISTA DA TERRA PROMETIDA ATÉ A

DESTRUIÇÃO DO TEMPLO NO ANO 70 DA E.C.

Page 20: Dízimo: Obreiros da iniquidade

20

Os pobres: órfãos, viúvas, estrangeiros e escravos se alimentavam destes dízimos (Dt. 12), bem como, das sobras da colheita, preestabelecidas em lei (Lv. 23:22; Rt.

2:2-3).

Outro dízimo, e as primícias do campo era destinado ao Sumo Sacerdote, como também para as festividades realizadas única e exclusivamente no Templo Sagrado da capital de Israel (Lv. 23; Ne. 10:37; 13: 5,12-

13).

Os judeus são sem sobra de dúvida um povo extremamente zelosos pela doutrina

Divina, pois o monoteísmo se originou através deste, onde foram responsáveis de seguir rígidas

leis, sendo estas escritas na Torá. No que diz respeito ao dízimo (heb. maasser) isso não é

diferente, através do gráfico percebemos a complexidade existente em definirmos o que

Os judeus proprietários de terras recolhiam 10% da produção anual, sendo que destas terras deveria ser retirados três dízimos, que por sua vez, teria um papel sócio-econômico-religioso.

Moisés escreveu que somente a tribo de Levi tinha obrigação de receber os dízimos de seus irmãos, e estes estavam incumbidos retirar 10% dos 10% recebidos para o Sumo sacerdote (Nm. 18:25; Ne. 10: 38).

Através deste ato legal o povo de Israel receberiam bênçãos para à agricultura, pois todos os serviço do Templo seriam feitos e o povo pobre não padeceria fome. As bênçãos deste ato tinham dois destinos: o judeu que pagou e a pessoa que recebeu.

Os judeus proprietários de terra deveriam destinar 10% de sua produção – plantio ou criação de animais, para serem entregues aos levitas das cidades, outro para os responsáveis pelo serviço no Templo em Jerusalém, e de três em três ano para os pobres.

Page 21: Dízimo: Obreiros da iniquidade

21

realmente significa o dízimo na Lei de Moisés e vários objetivos deste mandamento legal. Bem,

esta foi deturpada na igreja cristã tomando rumo totalmente distinto de seu objetivo original.

É sabido de todos que os próprios judeus se consideram diferentes dos demais povos.

Em relação ao dízimo, pasmem, pois eles também afirmam que se trata de uma obrigação

unicamente judaica: ―A idéias de dar o Dízimo não apenas existe no judaísmo, como é uma

prática genuinamente judaica‖17 , esta afirmação vinda de uma artigo judeu, confirma os

argumentos antes expostos. Ainda no mesmo artigo o autor defini três categorias funcionais

para os dízimos. Ele diz:

Na época do Templo Sagrado, os Cohanim18

e Leviim19

eram os representantes do povo de

Israel, dedicando seu tempo para o serviço Divino. Estes não receberam uma porção de terra

para o cultivo, como as outras tribos, pois moravam na região do Templo em Jerusalém ou em

cidades designadas para eles. Estas tribos, que tanto dedicavam-se em prol de Israel, eram

sustentadas pelo povo. Os dízimos mencionados acima eram consumidos pelos Cohanim e

Leviim e suas famílias. As oferendas eram retiradas da seguinte maneira:

1. Bikurim- as primeiras frutas da safra eram trazidas ao Cohen

2. Terumá Guedolá- aproximadamente dois por cento da colheita era dada ao cohen

3. Masser Rishon- o primeiro dízimo- dez por cento do restante da colheita era dado ao Levi,

que por sua vez retirava dez por cento e dava ao cohen

4. Maasser Sheni- segundo dízimo- no primeiro, segundo, quarto, quinto e sétimo ano do ciclo

sabático, o agricultor retirava dez por cento do restante da colheita e levava a Jerusalém, onde

era comido ou redimido.

5. Maasser Ani- Dízimo do pobre- no terceiro e sexto ano no ciclo sabático, ao invés de levar-

se o maasser sheni ao Templo Sagrado, este era dado aos pobres.

Uma vez que não há mais pessoas da tribo de Levi trabalhando no Templo Sagrado, todo

judeu tem a obrigação de dar um décimo de seu lucro para caridade e ajuda aos

necessitados. Isto inclui desde comida para pobres, até bolsas de estudos e projetos e a

qualquer indivíduo ou instituição beneficente de nossa escolha.

17

Beit Chabad no Brasil, muitas informações importantes sobre as festas e eventos na coletividade judaica. Disponível em URL: www.chabad.org.br/biblioteca/artigos/maasser/home.html, (grifo nosso) 18

Cohanim (Plural de Cohen): Descendentes de Arão. 19

Leviim (Plural de Levi): Descendente da tribo de Levi. Os levitas tinham várias tarefas no Templo Sagrado, dentro as quais cantar e tocar os instrumentos durante o serviço das oferendas e eram parte da guarda de honra do Templo.

Page 22: Dízimo: Obreiros da iniquidade

22

Há muitas leis relativas ao maasser (dízimo) inclusive relativas ao plantio e colheita da terra em

Israel que vigoram até hoje, beneficiando viúvas, órfãos e necessitados.20

Editora Vida, 1992

O livro apócrifo de Tobias, escrito provavelmente por volta de 200 a.C, usa principalmente

pelos Católicos, também possui registros em relação há três dízimos. Confira:

Muitas vezes, eu sozinho ia a Jerusalém, por ocasião das festas, em obediência ao preceito

eterno, imposto a todo o Israel. Acorria a Jerusalém com as primícias dos frutos e dos animais,

com os dízimos dos rebanhos e a primeira tosquia das ovelhas. Entregava tudo aos sacerdotes,

20

Idem, ibidem. (os grifos são nosso)

Aos gentios não era permitido transpor esta parede limite, ou Sereg.

(destaque nosso)

Page 23: Dízimo: Obreiros da iniquidade

23

descendentes de Aarão, para o altar. Aos levitas, que desempenham suas funções em

Jerusalém, entregava o dízimo do trigo, do vinho, do óleo, das romãs, do figo e dos outros

frutos. Seis anos em seguida, oferecia, em dinheiro, o segundo dízimo, indo anualmente

apresentá-lo em Jerusalém. O terceiro dízimo, eu dava aos órfãos e às viúvas e distribuía aos

prosélitos que se uniram aos israelitas. Fazia-lhes esta oferta de três em três anos. Nós a

comíamos, em conformidade com a prescrição contida a respeito na Lei de Moisés, e também

conforme as recomendações feitas por Débora, a mãe de nosso pai, pois meu pai havia

morrido, deixado-me órfão (Tobias 1:6-8)21

. grifos nosso

Este relato descritivo corresponde às obrigações judaicas quando existia o Templo em

Jerusalém, sendo nesta mesma época a classe sacerdotal subdividida em duas: são duas

palavras hebraicas - os Cohanim, descendentes diretos de Arão, estes eram responsáveis pelo

santuário do Templo; os chamados Leviim, são os demais descendentes de Levi, geralmente

viviam nas cidades israelitas (I Cr. 23:32; Ne. 10;38). Os dízimos eram pagos para o sustento

dos sacerdotes (Nm. 18:8-32), o caráter social dos dízimos é enfatizado no livro de Tobias,

onde o mesmo mostra a participação dos pobres.

Ora, se as funções religiosas a serem executada no Templo tiveram seu fim, o mesmo

acontece aos sacerdotes, seus trabalhos findaram, com isso chaga-se ao fim o pagamento do

dízimo para o povo judeu. Todavia os pobres continuam a existir e, por este motivo os judeus

de hoje permanecem pagando o dízimo dos pobres. Em relação aos cristãos, os pobres, devem

ser tratados como irmãos e com uma peculiar atenção (Gl. 2:10). Mas hoje, a falsa igreja cristã,

além de nada fornecer aos pobres, proíbem a destinação dos dízimos para caridade, cobram

dos necessitados dízimos e ainda jogam maldição nos lombos dos pobres que não pagam.

É interessante constatarmos no Antigo Testamento o registro de várias profissões

Como:

Alfaiates: Ex. 28: 3; II Reis 23: 7;

Artífices: I Cr. 22: 15; Is. 40: 19;

Barbeiros: Is. 7:20; Ez. 5:1;

Carpinteiros: II Sm. 5: 11; II Rs. 12: 11; Mt. 13:55;

Caçadores: Jr. 16: 16;

Guardas: II Reis 22: 4;

Padeiros: Jr. 37: 21; Os. 7: 4;

21

Tobias é um dos sete livros apócrifos, chamado de deuterocanônicos pelos católicos, isto é, incluídos definitivamente na lista dos livros inspirados da Igreja Católica a patir do Concílio de Trento (1546). O livro é considerado apócrifo pelas Igrejas Protestantes; por isso não consta em suas Bíblias, como também nas Bíblias Hebraicas. BÍBLIA VOZES. Tobias, Judite, 1° e 2° Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc. Trad. Ney Brasil Pereira e Lincoln Ramos. Petrópolis(RJ): Vozes, 1992, p 527.

Page 24: Dízimo: Obreiros da iniquidade

24

Ouríves: II Cr. 2: 7; Ne. 3: 8; Is. 40: 19;

Oleiros: Jr. 18: 2;

Pedreiros: II Rs. 12: 12 - 22: 6; I Cr. 14: 1; Ed. 3: 7;

Pescadores: Jr. 16: 16; Mt. 4:18

Porteiros: II Sm. 18: 26; II Cr. 16: 42;

Vendedores: Ne. 13 - 20 - I Reis 10:15;

Mas não há menção do pagamento de dízimo destes profissionais, onde confirma mais

uma vez que o dízimo se tratava dos produtos oriundos do campo.

Os judeus de hoje não pagam mais os dízimos ordenados pelo Pentateuco, no entanto,

mantém a tsedacá (ato de justiça) destinando a décima parte de suas rendas líquidas (de

qualquer trabalho) aos pobres. Veja:

Um método fácil para aqueles que recebem seu salário já deduzido de impostos é tirar 10%

do valor e depositá-lo para alguma instituição realmente merecedora (Aconselhe-se bem

antes de entregar o dinheiro. Lembre-se: Tsedacá é um 'negócio' espiritual. Da mesma forma

que você não investiria seu dinheiro numa empresa ''picareta', não dê Tsedacá antes de

assegurar-se onde irão aplicar seu dinheiro). Isto torna sua contabilidade honesta e

transparente, tornando mais fácil cumprir esta mitsvá.

Aqueles que têm empresas (onde sua conta corrente e a da empresa se confundem) ou vivem

de outros investimentos, devem fazer um balanço semestral e separar o dizimo do quanto

lucrou. Mais detalhes e dúvidas devem ser sempre esclarecidas através de consulta a um

rabino ortodoxo, bem versado nestas leis.

Se um pobre lhe pede dinheiro e você não esta apto a ajudá-lo agora, não levante a voz

ou aja desagradavelmente. Solidarize-se com ele e, calmamente, expresse que gostaria

de ajudá-lo, mas que neste instante não tem condições de fazê-lo. É louvável dar algo a

uma pessoa pobre que pede um donativo, mesmo que seja uma pequena quantia.

O judeu deve destinar no primeiro ano de seu prolabore 1/10 do valor bruto para tsedacá,

descontando apenas os impostos. Nos demais anos (ou meses, como queira se programar)

deverá dar 1/10 de seu lucro líquido, para cumprir o preceito.

A subsistência de uma pessoa deve preceder a subsistência de seu próximo. Ela só deverá

doar aquilo que excede seus ganhos após ter usado o necessário para sua casa, seu próprio

sustento. Se a pessoa desejar aprimorar esta ação, poderá destinar até 1/5 de seu ganho, se

este valor estiver dentro de sua capacidade e não significar que terá que pedir ajuda a

outras e depender de caridade, ela própria.

Deve-se doar para instituições e pessoas necessitadas, a nosso próprio critério. Procuramos

entidades idôneas que conhecemos e confiamos, ou nas quais sabemos com certeza que o

dinheiro será todo aplicado em obras assistenciais, ajuda a pobres e necessitados, custeio de

estudos a estudantes carentes, e assim por diante. A forma mais nobre de realizar uma doação

Page 25: Dízimo: Obreiros da iniquidade

25

é aquela em que o doador desconhece a quem doa e quem recebe a doação nem imagina

quem lhe fez a doação22

. (grifos nosso)

Os judeus de hoje são mais ―cristãos‖ do que o os próprios cristãos. Jesus uma vez

censurou os fariseus da seguinte forma: ―Pois vos digo que se a vossa justiça não exceder a

dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus‖ (Mt. 5:20). A igreja

Apostólica era possuidora de uma justiça excedente se comparada a toda e qualquer crença

religiosa. Viviam numa comunhão plena, o amor era visível em suas vidas: ―Era um o coração e

a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua

própria, mas todas as coisas lhes eram comuns‖(At. 4:32).

Um povo vivendo em um tempo na qual a lei do olho por olho, dente por dente reinava,

passando por sucessivos conflitos e muitas vezes descumpriam ordens Divinas. No entanto, é

interessante notarmos que os pobres poderiam viver sem necessitar de esmolas dadas pela

hipocrisia humana, mas viviam de dádivas dadas pelo próprio Senhor e Deus de todas as

coisas. Portanto, com muita tristeza vejo e digo, quão grande distância estamos da verdade

Bíblica.

O pagamento do dízimo na forma que se encontra é a prova fiel da ganância, injustiça, e

a principal característica de um cristianismo capitalista, sem forma canônica, inspirado em

desejos financistas. A igreja cristã moderna hoje é doutrinada por um demônio poderoso, o

demônio da busca do lucro – o Capital, ou o desejo de riqueza material.

Capítulo III

A CASA DO TESOURO NÃO EXISTE MAIS

CASA DO TESOURO

22

Beit Chabad no Brasil. Disponível em URL: www.chabad.org.br/biblioteca/artigos/maasser/home.html.

Page 26: Dízimo: Obreiros da iniquidade

26

Expressão usada para designar: depósitos (celeiros, câmaras) no Templo de Salomão em

Jerusalém, onde deveriam ser guardados as ofertas e os dízimos recolhidos pelos levitas. Os

povos pagãos, também utilizavam a mesma expressão para identificar o celeiro no templo de

seu deus (confira em Dn. 1:2).

O cristianismo desde muito tempo através dos papas, padres, pastores, presbíteros e

uma infinidade de igrejas e seitas, utilizam a cobrança do dízimo numa forma de ―manter‖ a

igreja, pelos menos, é o que afirmam. Seria inútil justificar a cobrança do dízimo sem mencionar

o versículo mais citado e explica nas igrejas hoje – Malaquias 3:10. O livro de Malaquias e,

principalmente no capítulo 3 e verso 10, se encontra a sustentação e justificativa da cobrança,

pois é justamente neste texto bíblico que se localiza a famosa ―casa do tesouro‖.

Parece até bobagem querer comentar justamente o texto bíblico mais lido e comentado

em toda a cristandade. Seria possível extrair, ainda que mínima possível, alguma novidade de

Malaquias 3:10? Poderia os teólogos ter deixado de explicar algo ainda não explicaram sobre

este versículo? Será que ainda existe algo por traz dos ensinamentos e pregações em

Malaquias 3:10, que de forma intencional é mantido em oculto? Poderia existir em um versículo

tão engrandecido e nobre como este, motivo que pudéssemos questioná-lo? Deus ou sua

igreja, realmente precisam dos dízimos? A ―casa do tesouro‖ é ou não a Igreja de Cristo? Você

sabe quem construiu a ―casa do tesouro‖? Se podemos encontrá-la em muitos lugares do

mundo?

Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja alimento na minha casa, depois fazei prova der

mim, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção

tal, que dela vos advenha a maior abastança (Ml. 3:10).

A partir de agora você pode refletir e se possível aprender, aquilo que quase ninguém

quer ensinar, e descobrir o que há de oculto por traz das pregações e ensinamentos dos

pastores, padres ... Como por exemplo, quem construiu a ―casa do tesouro‖? Por que motivo

Jesus nunca mencionou essa ―casa do tesouro‖, já que é sua igreja? Por que os apóstolos

nunca obedeceram Malaquias 3:10? Pra onde ia os dízimos dos apóstolos? Os apóstolos

pagavam ou não pagavam o dízimo?

Para entendermos melhor o significado de ―casa do tesouro‖, termo bastante conhecido

nos dias de hoje, devemos primeiramente descrever como, quando e onde surgiu essa

expressão e, o que ela na realidade significa. Para chegarmos ao objetivo desejado basta nos

orientamos pela Bíblia.

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27

A ―casa do tesouro‖ localizava-se no Templo23 do Senhor em Jerusalém, construído por

Salomão24: “... Dos átrios da casa do Senhor, e de todas as câmaras em redor, para os

tesouros da casa de Deus, e para os tesouros das coisas sagradas;” (I Cr. 28: 12). Note a

distinção entre os dois termos: ―casa do tesouro‖ seria somente as câmaras separas para

depósitos e, casa do Senhor seria a totalidade do templo, mas somente com o Rei Ezequias

identificamos claramente a ―casa do tesouro‖ e sua real função: "Então disse Ezequias que se

preparassem câmaras na casa do Senhor; e as prepararam. Ali meteram fielmente as

ofertas, e os dízimos, e as coisas consagradas; e tinha cargo disto Conanias, o levita

maioral, e Simei, seu irmão, o segundo" (II Cr. 31:11-12). Como era de se esperar, nesta

passagem a ―casa do tesouro‖ recebe outro nome, o de ―câmaras‖. Se em Malaquias a ―casa do

tesouro‖ servia como centro de recolhimento dos dízimos, o mesmo acontecia antes de

Malaquias, porém, eram as câmaras.

No mesmo período Ezequias deu ordens aos levitas sobre como se daria o

funcionamento destas câmaras, compartimentos similar a um celeiro, tendo como objetivo,

23

TEMPLO: “Em hebreu, casa grande, palácio, como em 1 Rs 1. 21; 2 Rs 20. 18; Dn 1. 4; 4. 14. (...) em geral, refere-se aos templos sucessivamente consagrados a Jeová em Jerusalém‖. DAVIS, John D. Dicionário da Bíblia. Trad. do Rer. J. R. Carvalho Braga. 2° Ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1960, p. 584. 24

O TEMPLO DE SALOMÃO: “A construção de uma casa permanente para substituir o tabernáculo ocupou sempre o pensamento de Davi, e, por isso, tratou logo no princípio de seu reinado, de armazenar os materiais necessários à realização de seu plano, 2 Sm cap. 7; 1 Rs 5. 3-5; 8. 17; 1 Cr. caps. 22; 28. 11, até cap. 29. 9. (...) Todo o material amontoado foi posto à disposição do rei Salomão para a construção do templo e ainda sobejou, 1 Rs 7. 51; 2 Cr 5. 1. Salomão deu princípio à obra no quarto ano de seu reinado e complementou-a dentro de sete anos e meio, 1 Rs 6. 1, 38.(...) O templo foi levantado sobre o Monte Moriá, no lugar que tinha sido mostrado a Davi seu pai, na eira de Ornã, jebuseu, 2 Cr 3. 1. O plano geral obedecia ao mesmo plano do tabernáculo; as dimensões eram em dobro e as ornamentações mais ricas. (...) Todo o interior era coberto de ouro purissím, 1 Rs 6. 20, 22, 30; e 2 Cr.3:7, et passim, e os muros, ornamentados com figuras de querubins, de palmas e de flôres. O santo dos santos media 20 cúbitos de cada lado com igual altura, 1 Rs 6. 16, 20. O espaço de quase 10 cúbitos de alto, compreendido entre o teto e a cobertura, servia provavelmente para as câmaras superiores, revestidas de ouro, 1 Cr 28. 11; 2 Cr 3. 9. A arca repousava no santo dos santos, 1 Sm.8:6, sob as asas de dois querubins colossais, feitos de pau de oliveira e cobertos de ouro. (...) O templo tinha dois átrios, o átrio dos sacerdotes e o grande átrio, 2 Rs 23.12; 2 Cr 4. 9; Jr 36. 10, separados entre si, tanto por diferença de nível, como por um pequeno muro, formado de três ordens de pedras cortadas e de uma ordem de cedro, 1 Rs 6. 36; 7. 12. No átrio dos sacerdotes, havia um altar de bronze para os sacrifícios, 8. 64; 2 Rs16. 14; 2 Cr 15. 8, quatro vezes maior do que o que havia no tabernáculo, 4. 1, e um mar de bronze e dez bacias também de bronze, 1 Rs 7. 23-39. O mar destinava-se à purificação dos sacerdotes; as bacias serviam para se lavar nelas tudo o que se houvesse de oferecer em holocausto, 2 Cr 4. 6. (...) O átrio exterior, ou grande átrio, destinava-se ao povo de Israel cp.1 Rs 8. 14, cujo pavimento era lajeado de pedra, cercado por um muro com porta ao lado, 4:9; Ez.40:5. Os babilônios saquearam e reduziram a cinzas este templo, quando tomaram Jerusalém no ano 587 A.C., 2 Rs 25. 8-17‖. Idem, ibidem, p. 584, 585.

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28

guardar os dízimos e ofertas, mas somente os levitas poderiam receber os dízimos e o cuidado

das câmaras (II Cr. 31:11 seg).

Os babilônicos destruíram este templo em 587 a.C, sendo postos em cativeiro o povo de

Israel. No final do cativeiro, já sob o domínio de Ciro, rei dos Persas, foi autorizado uma leva de

judeus exilados retornar a Jerusalém e começa a reconstrução do segundo templo25, edificado

sobre as ruínas do primeiro e finalizando a reconstrução em 516 a.C., já no segundo ano do

reinado de Dario. E por fim, o suntuoso templo construído por Herodes26, terminado por volta de

62-64 a.C, que substituiu o segundo templo.

25

O TEMPLO DE ZOROBABEL: “Ciro, rei dos persas, autorizou a reedificação do templo com 60 cúbitos de alto e 60 de largura, Ed. 6:3; Antig. 11. 4, 6. (...) Deram-lhe começo no ano 537 A.C. no segundo ano depois da volta do cativeiro. Depois de muitas e tenazes oposições por parte dos habitantes de Samaria, foi concluído no ano 315 A.C. no sexto ano de Dario, Ed 3. 8; 6. 15; cont. Apiom, 1. 21. Ignora-se tudo quanto às dimensões das outras partes. Contudo, acompanharam o plano do antigo templo de Salomão, mas sem tanta magnificência. (...) Grande parte dos primitivos vasos do templo foram restaurados. Adotaram a mesma divisão do santo dos santos o santuário, separados por um véu, 1 Mac 1. 21, 22; 4. 48, 51. O santo dos santos estava vazio: a arca havia desaparecido (Cícero pro Flaco, 28; Tácito, Hist. 5. 9). O santuário tinha o altar dos incensos, um só candeeiro e a mesa dos pães da proposição, 1 Mac 1. 21; 4. 49. Os quartos externos estavam unidos à casa do Senhor, Ne 10. 37-39; 12. 44; 13. 4; 1 Mac 4. 38, que era cercada de átrios, Ne 8. 16; 13. 7; Antig. 14. 16, 2. Tinha um mar de bronze, Ecclus.1. 3, e um altar para os sacrifícios, Ed 7. 17, construído de pedras, 1 Mac 4. 44-47. O átrio dos sacerdotes era eventualmente separado por uma balaustrada, Antig. 13. 13, 5. O templo e suas dependências eram defendidos por meio de portas, Ne 6, 10; Mac 4. 38‖. Idem, ibidem, p. 585 26

O TEMPLO DE HERODES: Excedeu muito o de Zorobabel. Josefo o descreve-o minuciosamente por haver assistido à sua construção, Antig. 15. 11; Guerras 5. 5. Muitos dos materiais foram tirados das ruínas do antigo templo. A construção começo no décimo oitavo ano do reinado de Herodes, 19 A.C. O edifício principal foi construído pelos sacerdotes em um ano e meio e os átrios, em oito anos, 11 ou 9 A.C.; mas resto da obra só terminou no tempo do procurador Albino, 62-64 A. D. (...) O santo dos santos estava vazio, separado por um véu, Guerras 5. 5, 5. A ruptura deste véu por ocasião da morte de Cristo, quando houve o terremoto, significava que o caminho para o trono das misericórdias estava franqueado pela mediação do sumo sacerdote Jesus, a todo sincero adorador, Mt 27. 51; Hb 6. 19; 10. 20. (...) Todo o edifício media 100 cúbitos de cumprimento e 54 de largura, e incluindo as duas alas da frente, 70 cúbitos de largura. (...) Havia doze degraus por onde se passava do vestíbulo para o átrio dos sacerdotes. Este átrio cercava todo o edifício. Nele estava o altar dos sacrifícios, cuja altura era de 15 cúbitos, com base de 50 cúbitos. Segundo Mishna era construído de pedras tôscas, diminuindo de 32 para 24 cúbitos da base para o cimo. Chegava-se a ele por um plano inclinado. Estava em uso o mar de bronze (Mishna). A parte ocidental que cercava o átrio dos sacerdotes destinava-se ao povo de Israel, e só entrava homens nele. O átrio das mulheres ficava para o lado do nascente. Chegava-se a ele, saindo do átrio dos homens por uma porta espaçosa que se abria no centro do muro divisório, descendo por uma escada de quinze degraus. Somente os israelitas poderiam entrar. As mulheres não deveriam passar além. Os três átrios, juntamente com o templo, estavam dentro do chel, ou recinto sagrado. Havia três ordens de muros divisórios: o muro que separava o átrio de Israel e das mulheres, já mencionado, muito parecido a uma fortaleza por ser de grande espessura, cp. Guerras 6. 4, 1, o terraço cuja superfície plana tinha 10 cúbitos de largura, no topo, e na base, mais um muro de 3 cúbitos de altura com pilares contendo inscrições, proibindo a entrada a pessoas estranhas ao povo de Israel. Dizia uma delas em grego: "É vedada aos gentios a passagem para dentro deste muro e bem assim do fecho que cerca o santuário, sob pena de morte". Estas divisões davam entrada por nove portas, Ef 2. 14, forradas de ouro e prata, quatro ao norte e quanto ao sul. (...) No ângulo noroeste estava a torre de Antônia. Excerto em um ponto era cercado de magníficas colunas cobertas, ou claustros, (...) A que ficava ao oriente do átrio representava as relíquias do primitivo templo e denominava-se alpendre de Salomão, Jo 10. 23; At 3. 11; Antig. 20. 9, 7; Guerras 5. 5, 1. Era

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29

nesta parte que os cambiadores tinham as suas mesas e que os comerciantes vendiam o gado destinado aos sacrifícios, Mt. 21. 12; Jo 2. 14. Finalmente todo o recinto sagrado era fechado de grossas muralhas (...) Durante o sítio de Jerusalém pelos romanos, no ano 70 da era cristã, os judeus converteram o templo em fortaleza de guerra e lançaram fogo aos claustros externos. Um soldado romano, contra as ordens do general Tito, incendiou o templo reduzindo a cinzas todas as construções de madeira, Guerras 6. 3, 1; 4. 5; cp. 5. 1; 9. 2. Depois disto os conquistadores deitaram abaixo os muros, 7. 1, 1. No lugar do antigo templo, o imperador Adriano edificar um templo a Júpiter Capitolino, ano 136. O imperador Juliano, cognominado apóstata, no ano 363, mandou reconstruir o templo, com o fim de desmentir a profecia de Cristo, Mt 24. 1, 2, plano que fracassou por causa da irrupção de labaredas que saíam dos alicerces. A mesquita de Omar ali construída ocupa o local do antigo templo. O explorador Warren esteve lá, entre fevereiro de 1867 e abril de 1870; fez sondagens nos entulhos espalhados pelo monte Moriá, chegando a 100 e 125 pés de profundidades. Ainda se vêem as pedras angulares do templo, que tem 14 a 15 pés de cumprimento e 3 ¹/² a 4 ¹/² de espessura. Algumas das pedras existentes no ângulo meridional contêm inscrições fenícias que parecem datar dos tempos de Herodes ou de Salomão. Os muros que cercavam a área do templo tinham 1000 pés de cumprimento, e a plataforma onde estava o lugar santo, era amparada por um contra-forte de 200 pés de altura acima do vale que lhe ficava por baixo. Finalmente uma das inscrições existentes, tendo sido restaurada, diz que era vedado o ingresso no segundo átrio, aos estrangeiros‖. Idem, ibidem, p. 585,586, 587. os grifos são nosso

Page 30: Dízimo: Obreiros da iniquidade

30

Esse templo era único e de uso exclusivo dos judeus, não se permitia à entrada de

estrangeiros (gentios), sendo sentenciado a morte o gentio (estrangeiro, que não fosse judeu)

caso adentrasse templo. Baseado-se nas Escrituras, percebemos que o processo doutrinário da

igreja ―cristã‖ moderna foi deturpado. Agora sabemos que essa gloriosa ―casa do tesouro‖, não

passa de um depósito. Bem como, os gentios não poderiam adorar a Deus neste templo, muito

menos levar o dízimo a ―casa do tesouro‖ ou as câmaras. A professora Jane Bichmacher

especialista em Cultura Hebraica, afirma que o ― Elul era o Ano Novo do Gado: no primeiro dia

deste mês, retirava-se o dízimo (1/10 dos animais nascidos nos últimos 12 meses) e doava-se

ao Beit HaMikdash, Templo de Jerusalém‖, como também no ―Ano Novo das Árvores os

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31

dízimos dos frutos, que devia ser entregues aos levitas na época do Templo, numa jornada

festiva‖27. Você crer que Deus habita em um depósito (câmaras, casa do tesouro)? A Bíblia diz:

Também no mesmo dia se nomearam homens sobre as câmaras, para os tesouros, para as ofertas

alçadas, para as primícias, e para os dízimos, para ajuntarem nelas, das terras das cidades, as

porções designadas pela lei para os sacerdotes e para os levitas; porque Judá estava alegre por

causa dos sacerdotes e dos levitas que assistiam ali, (Ne. 12:44).

E fizeram lhe uma câmara grande, onde dantes se metiam as ofertas de manjares, o incenso, e os

vasos, e os dízimos do grão do mosto, e do azeite, que se ordenaram para os levitas, e cantores, e

porteiros, como também a oferta alçada para os sacerdotes (Ne. 13:5). (o grifo é nosso)

Os levitas às utilizava somente para fins de armazenamento de cereais e às vezes

objetos valiosos utilizados no templo. Na Bíblia não encontramos relatos afirmando que os

levitas faziam oração na ―casa do tesouro‖, cultuavam a Deus na ―casa do tesouro‖. Os únicos

textos das Escrituras que faz menção ao termo ―casa do tesouro‖, são os profetas Daniel (1:2,

em alusão a templo pagão) e Malaquias (3:10). Isso nas versões modernas da tradução João

Ferreira de Almeida, mas em outras versões não há menção do termo ―casa do tesouro‖ –

Malaquias 3:10. Veja a diferença entre as traduções:

Trazei os dízimos integral para o tesouro a fim de que haja alimento em minha

casa...‖ (Bíblia Vozes. Malaquias. Tradução de Emamuel Bouzon. Editora Vozes28)

Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha

casa...(Bíblia Sagrada. Versão Revista e Atualizada. Tradução de João Ferreira de

Almeida. Sociedade Bíblica do Brasil29)

Eu, o SENHOR Todo-Poderoso, ordeno que tragam todos os seus dízimos aos

depósitos do Templo, para que haja bastante comida na minha casa ... (Bíblia

Sagrada. Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Sociedade Bíblica do Brasil30)

27

Jane Bichmacher de Glassman e Doutora em Língua Hebraica, Literaturas e Cultura Judaica – USP; Professora Adjunta, Fundadora e ex-Diretora do Programa de Estudos Judaicos – UERJ, escritora. Disponível em URL: www.riototal.com.br/comunidade-judaica/juda1g0.ham, 28

BÍBLIA VOZES. Isaías 1-39, Jeremias, Profetas Menores. Trad. Emanuel Bouzon. Petrópolis(RJ): Vozes, 1992. 29

BÍBLIA SAGRADA. Versão Revista e Atualizada. Trad. João Ferreira de Almeida. Barueri (SP): Sociedade Bíblica do Brasil, 2000. 30

BÍBLIA SAGRADA. Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Barueri (SP): Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.

Page 32: Dízimo: Obreiros da iniquidade

32

Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha

casa...(Bíblia Sagrada. Versão Revista e Corrigida. Tradução de João Ferreira de

Almeida. Imprensa Bíblica do Brasileira31)

Trazei integralmente o dízimo para a sala do tesouro. Que haja alimento na minha

Casa... (A Bíblia Teb. Tradução Ecumênica. Edição Loyola – Co-edição Paulinas32)

Tragam o dízimo completo para o cofre do Templo, para que haja alimento em

meu Templo... (Bíblia Sagrada. Edição Pastoral. Tradução de José Luiz Gonzaga

do Prado33)

Levai todos os vossos dízimos ao meu celeiro, e haja mantimento na minha casa...

(Bíblia Paumape. Tradução de Antonio Pereira de Figueiredo. Editora PAUMAPE34)

Levai todos os vossos dízimos ao (meu) celeiro, haja alimento na minha casa...

(Bíblia Sagrada. Tradução da Vulgata pelo Pe. Matos Soares. Edições Paulinas35).

Os grifos são nosso

Note as diferenças gritantes nas traduções e versão da Bíblia. Além da falta de consenso

nas traduções e versões da tradução João Ferreira de Almeida (mais usada pelos evangélicos),

ainda temos nos deparado com pregadores mercenários, que sem escrúpulos utilizam

erroneamente este texto de Malaquias para legitimar a extorsão financeira através de um

suposto mandamento ―cristão‖. Não é nosso interesse demonstrar qual tradução é mais exata

ou fiel, mas o mérito em questão, consiste em demonstrar que a expressão ―casa do tesouro‖ é

uma adaptação para melhor se adequar as pregações e cobranças do dízimo nas diversas

igrejas cristãs de hoje. Haja vistas, sempre compararmos a palavra ―casa‖ com ―igreja‖, e nesse

caso não se trata de uma casa, mas de um depósitos, câmara, celeiro ou sala, existente no

grande Templo de Jerusalém para fins de armazenamento dos dízimos e utensílios de uso

exclusivo do templo. Vale lembrar que somente os levitas em conformidade com lei de Moisés

poderia recolher e manusear os dízimos e utensílios nas câmaras, ―casa do tesouro‖ ou celeiro.

E claro, dessa forma, ninguém mais diria que a suposta ―casa tesouro‖ (celeiro, câmaras,

depósito, sala ou cofre) corresponderia a ―Igreja de Cristo‖.

31

BÍBLICA SAGRADA. Versão Revista e Corrigida. Trad. João Ferreira de Almeida. 4° ed. Rio de Janeiro: Co-edição (JUERP) Imprensa Bíblica Brasileira, 2001. 32

A BÍBLIA TEB. Trad. Ecumênica. São Paulo: Edições Loyola-Co-edição Paulinas, 1995. p. 697 33

BÍBLIA SAGRADA. Edição Pastoral. Trad. José Luiz Gonzaga do Prado. Edições Loyola-Co-edição Paulinas, 1995. 34

BÍBLIA PAUMAPE. Trad. Antonio Pereira de Figueredo. São Paulo:Editora PAUMAPE, 1979. 35

BÍBLIA SAGRADA. Trad. da Vulgata pelo Pe. Matos Soares. São Paulo: Edições Paulinas, 1980.

Page 33: Dízimo: Obreiros da iniquidade

33

O próprio João Ferreira de Almeida, primeiro tradutor da Bíblia para o português, evitou

usar a expressão ―casa do tesouro‖. Ele traduz assim:

Esta cópia corresponde a impressão da Bíblia em português feita em ―Trangambar

(Índia), datada de 1732‖36. Note que o tradutor usou a palavra correspondente a sua função –

celeiro. O tradutor indica na página acima citada a referencia similar em Neemias cap. 13 v. 5,

12, 13, observe: ―Todo o Judá trouxe os dízimos do grão, do vinho e do azeite aos celeiros. Por

tesoureiros dos depósitos pus a Selemias, o sacerdote ...‖(Ne. 13:12-13). João Ferreira de

Almeida afirma que esse versículo em Neemias é igualmente correspondente em Malaquias

3:10.

Nossas dúvida em relação a tal ―casa do tesouro‖ findam aqui. Jesus não habita em

celeiros, Ele próprio afirmou que sua casa, seria casa de oração, no entanto, a igreja moderna a

transformou numa casa de comercialização. As palavras de Jesus ilustram a realidade da

36

Sociedade Bíblica do Brasil. Museu da Bíblia: Acervo Virtual. Disponível em URL: www.sbb.org.br . destaque nosso

10. Trazei todos os dízimos ao celleiro, e aja alimento em minha cafa; e então provai-me nifto, diffe o Senhor dos exercitos: fe eu não vos abrirei as janellas dos ceos, e vazarei fobre vosoutros bendição, até que não cayba mais.

10. Trazei todos os dízimos ao celeiro, e haja alimento em minha casa; e então provai-me nisto, disse o Senhor dos exércitos: se eu não vos abrirei as janelas dos céus, e derramarei sobre vós outros bênção, até que não caiba mais.

Page 34: Dízimo: Obreiros da iniquidade

34

igreja: ―E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração – mas vós a

tendes convertido em covil de ladrões‖ (Mt. 21:13). Esta é a prova cabal, desde que mudaram a

―casa de oração‖ para ―casa do tesouro‖, realmente transformaram-na em ―covil de ladrões‖.

O problema que envolve um cristã no ato de dízimas não para por aqui. As famosas

―casa do tesouro‖ eram localizadas no Templo do Senhor em Jerusalém, eis que na descrição

do templo supra citada havia o decreto de proibição se um gentio adentrasse nas dependências

do templo. Perceber como as diferenças de judeus e estrangeiros eram enormes. Então, como

os gentios podem pagar dízimo? Pois se entrassem no templo seriam condenados à morte.

Outro problema no meio cristão são os teólogos que insistem em ensinar errado

deturpando de forma criminosa a verdadeira mensagem do nosso Salvador. Reconhecemos

que não são todos os teólogos, entretanto, os que exercem a função de pastor,

irresponsavelmente perpetuam e fortalecem o covil de ladrões. Fazem questão de afirmar que

essas câmaras, a ―casa do tesouro‖ de Malaquias 3:10, é a mesma "Igreja de Cristo", observe o

parágrafo abaixo:

Usaremos agora como ponto de partida para prova nossa argumentação, um trecho do

estudo Bíblico - ―Mordomia do Dízimo‖, de autoria do teólogo pr. Fernando Fernandes, onde o

mesmo diz:

O texto de Malaquias é muito claro. O dízimo deve ser entregue na casa do Tesouro, isto é, na

Igreja de Jesus Cristo em ato de adoração e culto solene.

Fala-se em cristãos que dão o seu dízimo parte em casas filantrópicas e parte na Igreja. Este

não é o método Bíblico que manda trazer todo dízimo a casa do Tesouro e conseqüentemente

o dízimo todo para a administração da Igreja. O crente não deve fazer as coisas conforme sua

conveniência somente, mas de acordo com a consciência de Deus, refletindo nos ensinos da

Bíblia, a sua Palavra Santa e Infalível37

.

Esse comentário é biblicamente insustentável, ou seja, não existe referência Bíblica que

legitime tal comentário. O tema central do comentário do Pastor Fernando Fernandes é o

dízimo que deve ser entregue na ―casa do tesouro‖, sendo por ele considerada a Igreja de

Jesus Cristo. Além de não existir base Bíblica que sustente esse comentário, é um comentário

mentiroso. Vários fatores nos levam a provar isso:

37

Pastor Fernando Fernandes. Pr. da 1ª Igreja Batista de Penápolis - ISP e Prof. No Seminário Teológico Batista de São Paulo.O texto foi extraído da Declaração Doutrinária – Lição 9: MORDOMIA. HERMENÊUTICA BÍBLICA Apostila de estudos e métodos para interpretação bíblica (PIB em Penápolis – 11/01/2001).

Page 35: Dízimo: Obreiros da iniquidade

35

1º- ―Quando ele afirma 'o dízimo deve ser entregue na casa do Tesouro, isto é, na Igreja de

Jesus Cristo...‖ Podemos perceber que não usa nenhuma referência Bíblica para prova.

2º- ―Fala-se em cristãos que dão o seu dízimo parte em casas filantrópicas e parte na Igreja.

Este não é o método Bíblico‖.

Na época de Moisés (Antigo Testamento) não existiam instituições filantrópicas, mas se

existissem, provavelmente parte dos dízimos seriam destinados a elas. O livro de Deuteronômio

registra o verdadeiro método de pagamento do dízimo: parte era distribuída entre os pobres:

órfãos, viúvas, escravos e estrangeiros, até mesmo comido próprio dizimista. Também acho

que a ―casa do tesouro ( a suposta Igreja de Cristo)‖ ficava em lugar secreto e misterioso, pois

desconhecemos qualquer referencia da ida dos apóstolos a essa casa do tesouro. No entanto,

se a casa do tesouro era para os dízimos, a casa de oração, seria para oração, certo? E os

dízimos dos apóstolos pra onde iam?

Nas igreja tem-se desenvolvido um sistema herético em relação a doutrina que inclui o

dízimo como mandamento cristão. Mas percebe-se que na verdade na igreja segue uma

racionalidade econômica, inclusive traçando metas econômicas a serem atingidas. O resultado

é o mais desastroso possível, são criados na imaginação dos lideres de igrejas fatos anti-

bíblicos, como maldições, tentam comprovar que está em pecado quem não paga o dízimo,

tudo com o objetivo mesquinho de atingir as metas econômicas. Confira:

Como agência do Reino de Deus a igreja está credenciada para gerenciar os seus negócios do

Rei quer sejam especificamente espirituais ou materiais. Se houver falha na mordomia da

administração do dízimo por parte da igreja, o membro tem direito de questionar e até de

orientar a correção, mas nunca de tomar atitudes pessoais para as quais não foi credenciado

por Deus. É pecado, conforme o preceito bíblico, o cristão arrogar-se o direito de aplicação e

administração do seu próprio dízimo38

. (grifos nosso)

O conteúdo destes argumentos é totalmente ridículo. Esse teólogo considera a igreja

uma ―agência do Reino de Deus‖ credenciada para gerenciar os ―negócios do Rei‖ (Jesus),

sejam ―espirituais ou materiais‖. Observe que o pr. Fernando Fernandes utiliza palavras muito

conhecidas no campo da economia moderna, deixando transparecer que a igreja estar inserida

no atual sistema de organização social e financeira – o Sistema Capitalista. Não sabe ele que

Jesus nunca nos deu ordens referente a preocupação material e, que o próprio Jesus sendo

Rei, não possuía bens. Ora, até o jumento que Jesus montou quando entrou triunfante em

Jerusalém, era emprestado.

38

Ibid.

Page 36: Dízimo: Obreiros da iniquidade

36

O teólogo, ainda é categórico em julgar, considerando pecado o cristão que administra o

seu próprio dízimo. As doutrinas cristãs da atualidade possuem um ponto de partida e um

objetivo bem definidos – o dinheiro, oriundos das vendas de curas, milagres, e uma vida

prospera. Se a igreja é a agência, o cofre seria a ―casa do tesouro‖ ou o bolso do pastor. É

notória a selvageria do nosso modelo sócio-financeiro-religioso, gerador de profunda miséria,

transformando o homem num ser irreconhecível e soberbo. Mas fomos avisados sobre isso:

Sabe-se, porém, isto: Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis; pois os homens serão

amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais

e mães, ingratos, profanos, sem afeição natural, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio de

si, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos

prazeres do que amigos de Deus ( II Tm. 3:1-4).

A doutrina dos dízimos da forma como é ensinada hoje, pode e deve ser classificada

como doutrina de demônios e, considerar a Igreja de Cristo a mesma ―casa do tesouro‖ é uma

blasfêmia. É inaceitável heresias desse tipo, afirmar que a Igreja de Cristo é simplesmente um

compartimento que serve para guardar 10% da produção do campo ou de riquezas materiais de

um determinado seguimento religioso.

Se aceitarmos a obrigatoriedade do pagamento do dízimo, mesmo assim teríamos uma

série de agravantes. Primeiramente, o mesmo é ordenança da lei Antigo Testamento, outra, só

os levitas podem receber; muitos de nós, não trabalha na área rural e mesmo se trabalhasse, a

produção seria do dono da terra e não nossa, a não ser que terra fosse nossa, então, assim

poderíamos separar o dízimo. E caso dedicássemos 10% de nosso salário oriundo de qualquer

fonte, também não poderia assumir a forma de dízimo de hoje, em virtude dos pobres não

recebem nada desse contribuição obrigatória.

O mais intrigante, a casa do tesouro não existe mais, somente na imaginação de

pregadores mercenários, dos lobos malditos sedentos por riqueza material. Pois as câmaras no

Templo de Deus em Jerusalém deixou de existir, no qual foi destruído pelos Romanos no ano

70 depois de Cristo, restando apenas uma parte do muro em ruínas ( o Muro das

Lamentações).

Page 37: Dízimo: Obreiros da iniquidade

37

Muro das Lamentações foto: www.paises-asia.com

E caso existisse esse templo, nós como estrangeiros não poderíamos entrar,

automaticamente ficaria impossível pagar. A não ser que distribuíssemos o dízimo para os

órfãos, viúvas, estrangeiro e, nós mesmos pudéssemos participar (comer) dos dízimos, no

entanto, o pastor Fernando e nenhuma igreja hoje aceitam que se faça caridade com os

dízimos e nem que seja entres a instituições filantrópicas, mas somente na casa do tesouro.

Concluímos que os dízimos na verdade vão para o bolso dos padres, pastores, bispos e demais

dirigentes de igrejas, esses bolsos são chamados hoje de ―casa do tesouro‖.

Para ilustrar melhor nossa denúncia contra a falsa igreja cristã, que vê no dízimo

(dinheiro) uma fonte de bênção e até um princípio de salvação, observe o que diz o Rabino

Alberto Cohen quando indagado: ―Como funciona o pagamento do dízimo para o povo Judeu de

hoje‖. Ele respondeu assim:

CARO ADRIAN,

HOJE EM DIA O DIZIMO DENTRO DO JUDAISMO NÃO É OBRIGATORIO.

POREM MUITOS OS FAZEM, E É DEDICADO PARA INSTITUIÇÕES E

ENTIDADES DE CARIDADE.39

No início de meus estudos, desde o ano de 2002, no intuito de identificar claramente na

Bíblia a observância do dízimo como mandamento cristão, pude ler o estudo do pastor

Fernando Fernandes naquele mesmo ano. Entrei em contato com ele, onde tive a oportunidade

de por em prática um pouco do que havia ―descoberto‖ ou simplesmente divulgado o que a

própria Bíblia denuncia. Nessa ocasião enviei-lhe um pequeno trabalho Bíblico indagando

Page 38: Dízimo: Obreiros da iniquidade

38

principalmente qual apóstolo havia pagado ou cobrado o dízimo e, se Cristo manda cobrar

dízimo? A resposta que recebi foi:

Muito obrigado por ter lido o meu estudo e por ter emitido a sua opinião. Pena que a

sua hermenêutica seja distorcida e dissociada do contexto geral da Bíblia. Te

aconselho estudar um pouco de Hermenêutica Bíblica e também sobre a Doutrina

da Mordomia.40

Cabe a você fazer suas considerações sobre o rabino e o pastor.

39

O Rabino Alberto Cohen, é o Rabino responsável pelas consultas ao site da Revista Morashá – Pergunte ao Rabino (é uma revista judaica). A resposta veio através de correio eletrônico no dia 10/06/2005, 19:41h. 40

A resposta veio através de correio eletrônico no dia 28/06/2002, 08:01hs. "Pr. Fernando Fernandes"

<[email protected]>

Page 39: Dízimo: Obreiros da iniquidade

39

Capítulo IV

MALAQUIAS - O PESO DAS PALAVRAS

DO SENHOR CONTRA ISRAEL

MALAQUIAS

Nome de um profeta, escritor do ultimo livro do Antigo Testamento, Ml 1. 1. Nada se conhece a

seu respeito além do que se lê no seu livro. De acordo com o significado do nome, 3. 1, alguns

supõe que este nome Malaquias, não é o próprio nome do escritor, e sim a designação de um

profeta, que talvez seja Esdras. Porém, como todos os onze profetas menores que o

precederam, tenham os seus nomes prefixados às suas traduções, é de supor que assim seja

com a profecia de Malaquias. (...) No tempo desta profecia, o povo judeu não tinha rei, era

regido por um governador, Ml 1. 8, talvez um persa, nomeado pelo imperador, Ne 5. 14. O

templo que Zorobabel havia levantado estava em pé, e também o altar; ofereciam-se sacrifícios

como dantes, 2. 7-10, concluindo, pois que Malaquias foi posterior a Ageu e Zacarias. Porém,

as manifestações de nova vida religiosa, que irrompeu logo depois da volta do cativeiro de

Babilônia, de que tinha resultado a reconstrução do templo e das fortificações da cidade,

tiveram tempo suficiente, para se expandir. Sacerdotes e levitas haviam-se corrompido. A data

deste livro, segundo Vitringa, é 420 e segundo Davidson, 460-450, A. C41

.

O Eterno se manifestou contra Israel através das profecias descritas no livro de

Malaquias para adverti-los sobre as maldições que poderiam vir sobre Israel caso continuassem

a descumprir a Lei de Moisés (Ml. 4:4). O profeta esta anunciando a vontade de Deus para os

judeus e não para os cristãos como muitos pensam. É também interessante a similaridade

existente entre o livro de Esdras e de Malaquias, pois os dois mencionam a corrupção do povo

judeu. No comentário de rodapé da Bíblia na Edição Bíblia de Jerusalém o comentador afirma

ser Esdras o autor do deste livro: ―‘Malaquias‘ significa ‗meu mensageiro‘ e foi assim que o

grego traduziu, acrescentando ‗ponde, pois, (isto) em vosso coração‘. Targ. ‘meu mensageiro,

cujo nome é Esdras, o escriba‘‖42.

A pesar de não haver comprovação da autoria de Esdras. Todavia, existe um certo

consensos entre os estudiosos sobre o assunto. Então, mais uma vez temos provas suficientes

para discorda da expressão ―casa do tesouro‖ usada nas traduções modernas, com o objetivo

falacioso de compararem a ―casa do tesouro‖ com a ―Igreja de Cristo‖, com o nefasto desejo de

falsear a verdade para legitimar a cobrança dos dízimos. No livro de Esdras ele faz referencia

as câmaras do templo (Es. 8:29). Observe o formato do Templo construído pelo rei Salomão:

41

DAVIS, John D. Op. Cit., p. 373. 42

A BÍBLIA DE JERUSALÉM. Jeremias, Profetas menores. Trad. Emanuel Bouzon. São Paulo: Edições Paulinas, 1999. P. 1267

Page 40: Dízimo: Obreiros da iniquidade

40

As maldições proferidas pelo profeta correspondem única e exclusivamente ao povo

hebreu, não só aos dízimos, mas a qualquer ato de desobediência escritos no Torá, como o

sacrifícios de animais doentes, casamento com mulheres estrangeiras. Veja o comentário,

capitulo por capitulo:

Malaquias - Cap. 1

O Senhor fala contra Israel; o Senhor diz que os ama; eles duvidam; Deus prova (mostra) ao

povo de Israel; eles verão o Amor de Deus e O engrandecerão; os sacerdotes desprezam o

nome de Deus; desrespeitam o Altar de Deus oferecendo pão imundo; desagradam Deus

sacrificando animais cegos, coxos e enfermos; o profeta repreende o povo para suplicarem o

favor de Deus, mas continuam com más ofertas; o Senhor não tem prazer no povo e não

aceitará as ofertas visto não cuidarem das coisas do Senhor; Deus será engrandecido em todo

o mundo; profanam o nome do Senhor; o Senhor dos Exércitos adverte novamente sobre

ofertas de animais defeituosos.

Page 41: Dízimo: Obreiros da iniquidade

41

No primeiro capítulo de Malaquias, percebemos o povo de Israel desonrando o nome do

Senhor, em virtude de oferecerem ofertas impuras e imundas no Templo de Deus,

descumprindo assim várias Leis e estatutos ordenados pelo Senhor a Moisés para o povo de

Israel no que tange a proibição em ofertar animais defeituosos, como coxo, cego, enfermo. (Lv

22: 19, 20, 21, 22, 23), como também pães imundos. (Nm. 25: 30; Lv. 24: 7; Ne. 10: 33; I Cr. 9:

32), o povo estava rebelde e corrompido para com Deus.

Malaquias - Cap. 2

Deus adverte diretamente os sacerdotes corruptos, caso continuem a desonrar o nome

do Senhor. Esses sacerdotes seriam continuamente amaldiçoados; eles reconhecerão a aliança

de vida e de paz feita por Deus com Levi; os Sacerdotes deviam ser verdadeiros, e honestos,

pois detinham o conhecimento e para isso deveriam instruir os homens a retidão; no entanto os

sacerdotes levitas eram corruptos e se desviavam da lei, fazem com que outros tropeçassem na

lei, corrompendo a aliança com Levi, em virtude disso, Deus os torna desprezíveis e indignos

diante do povo; o povo de Israel se torna desleal aos mandamentos de Deus, comete

abominações e Judá feriu a Santidade do Senhor casando-se com filhos de Deuses estranhos;

eles ainda agiam de forma falsa, chorando no Altar do Senhor; os homens estavam sendo

desleais às companheiras; Deus repudia o divórcio e a violência, com o povo corrompido

estava-se gerando muitos divórcios e atos violentos no meio dos judeus; aborreciam a Deus ao

afirmarem que Deus era injusto e se agradava de pessoas más, então Deus finaliza dizendo

―onde está o Deus do juízo?‖.

Assim como o profeta já havia afirmado sobre a corrupção dos sacerdotes (1: 6), em

seguida profetiza com mais veemência o corrompido sacerdócio daquela época (2: 1, 2, 3),

desprezavam o nome de Deus; eram desleais à aliança de Deus com Levi, descumpriam a Lei

levando-os a cometerem abominação.

O capítulo dois, também nos revela o descaso para com o nome do Senhor, já que os

levitas deveriam ensinar o povo a andar nos mandamentos divino - "sendo eles honestos e

justos" - onde na realidade isso não acontecia. Imagine o restante do povo!

Como conseqüência dos desvios da lei, veremos os homens de Judá (2:11) se casarem

com filhas de deuses estranhos, que introduziram idolatria e destruição em Israel, mesmo

sabendo das maldições que poderiam recair sobre o povo. O descaso é tremendo, eles se

divorciando (2: 6). Traiam suas mulheres gerando violência. Contudo ainda acusavam Deus de

se agrada dos seus malfeitos (2: 17).

Page 42: Dízimo: Obreiros da iniquidade

42

Malaquias - Cap. 3

Precursor de Cristo - o anjo que prepararia o caminho do Senhor; o Senhor virá como

fogo e purificaria os filhos de Levi, responsáveis pelo trabalho no templo, mas estavam

corrompidos; As ofertas de Judá e Jerusalém voltaram a ser puras e justas como nos primeiros

anos, depois de terem entrado na Terra prometida; o Senhor será a favor de todos os retos nos

seus caminhos e condenarás todos os que praticam iniqüidade; Deus afirma não destruir os

Judeus, pois manteria a aliança com Jacó e por causa dessa promessa poderiam ainda viver; o

povo israelita por várias vezes se desviou dos mandamentos do Senhor. No entanto, Deus os

repreendiam, eles se convertiam dos maus caminhos, mas no tempo do profeta Malaquias era

diferente, apesar de todas as abominações eles rejeitavam as advertências e ainda se

perguntavam em que erravam? O profeta continua indagando o povo de seus erros, da mesma

forma o povo retomava perguntando: que roubamos a Deus? O profeta continuava a repreendê-

los dizendo: nos dízimos e nas ofertas alçadas (dízimo dos dízimos ou 10% de 10%). A

corrupção dos Judeus era tanta que ousavam descumprir mais uma lei dada por Deus a

Moisés, na qual ordenava o pagamento de 10% do fruto da terra (Lv. 27: 30 - 34) e a oferta

alçada 10% de 10% (dízimo dos dízimos, Nm. 18: 26). Em virtude de não cumprirem essa

ordenança todo o povo Israelense seria amaldiçoado, visto que, de acordo com a Lei, o

pagamento traria bênção e o não pagamento maldição; os Israelitas tinham a obrigação de

levar os dízimos para a casa do tesouro, para poder haver mantimentos para todos os Levitas

que faziam a manutenção no templo do Senhor. Caso isso fosse feito, Deus prometia bênção,

nada iria lhes faltar; com o cumprimento das ordenanças, Deus não deixaria o devorador

consumir a produção da terra, o campo não seria estéril e todas as nações veriam a

prosperidade do povo de Israel e o chamariam bem aventurada; chegaram momentos em que

os Judeus não observavam as Leis de Deus, e ainda ensinavam contra, não querendo servi a

Deus; os judeus duvidavam da justiça do Senhor dos Exércitos; judeus fiéis ao Senhor tinham

fé e esperança, permanecendo sempre a serviço do Senhor. Eles serão um tesouro particular

para Deus, pois sempre percebemos a diferença do verdadeiro servo de Deus e dos falsos

servos de Deus.

A pesar desse capítulo ser o mais utilizado para ensinar os fiéis cristãos a pagarem o

dízimo, proferindo essas mesmas maldições de forma assustadora, causando um falso

entendimento do capítulo e com isso, gerando grandes lucros para os donos de igrejas. Na

realidade você não estar pagando, mas sim, sendo extorquido. As profecias descritas em

Malaquias, corresponde as pragas nas plantações e nas criações de animais (produção do

campo), os períodos de secas, e um solo pobre, as pragas de gafanhotos etc., este sim seria o

Page 43: Dízimo: Obreiros da iniquidade

43

tal ―devorador‖ mencionado em Malaquias, mas a igreja ―cristã‖ moderna insiste em adotar o tal

devorador para aterrorizar seus ineptos fieis.

Malaquias Cap. 4

Deus fala dos acontecimentos e juízo para os servos da impiedade; a esperança

salvadora para os justos; a recompensa dos ímpios; o profeta mais uma vez lembra o povo

Judeu para cumprirem a lei de Moisés dada Horebe para todo o Israel; Deus em sua grande

Misericórdia da mais uma chance ao povo, enviava o profeta Elias para convertê-los antes de

sua grande vinda.

Considerando tudo o que diz o profeta, concluímos a existência de vários fatos

convergentes e comprobatórios da depravação que ocorria naquele tempo. A iniqüidade se

alastrava, Deus teve que recorre às maldições antes firmadas na Lei de Moisés e somente

através da obediência as mesmas, o povo de Israel seria abençoado.

No capítulo três, o mais interessante é o fato do profeta fazer registro da vinda do anjo

do concerto, ou seja, o anunciador pré-cristão, incumbido de preparar o caminho do Senhor

Jesus. O anjo do concerto é o próprio João Batista, visto que com ele se encerra a lei de

Moisés, "A lei e os profetas duraram até João, desde então é anunciado o reino de Deus, e todo

o homem emprega força para entrar nele". (Lc. 16: 16). Isso prova que o Antigo Testamento

terminar com a vinda de João. Ele era descendente de Levi, no entanto, levava uma vida

totalmente diferente do povo Judeu. Confira:

João nasceu sacerdote (Lc 1:5, 13). De acordo com os preceitos da lei,ele deveria usar a veste

sacerdotal, feita principalmente de linho fino (Êx 28:4, 40-41; Lv 6:10; Ez 44: 17-18), e deveria

alimentar-se da comida sacerdotal, composta basicamente da flor da farinha e da carne dos

sacrifícios oferecidos a Deus pelo povo (Lv 2:1-3; 6:16-18;2-26; 7:31-34). Entretanto, João agiu

de modo totalmente diferente. Usava veste de pêlos de camelo e cinto de couro, e comia

gafanhotos e mel silvestre. Todas essas coisas eram incivilizadas e rudes, e não estava de

acordo com os preceitos religiosos. O fato de ele, como sacerdote, usar veste de pêlos de

camelo foi um golpe extremamente duro para a mente religiosa, pois o camelo era considerado

imundo segundo os preceitos levíticos (Lv 11:4). Além disso, João não vivia num lugar

civilizado, e, sim, no deserto (Lc 3:2). Tudo isso indica que ele havia abandonado totalmente a

dispensação do Antigo Testamento, a qual se havia degradado, transformando-se numa religião

misturada com a cultura humana. Sua intenção era apresentar a economia neotestamentária de

Deus, que se constitui somente de Cristo e do Espírito da Vida43

.

43

LEE, Witness. Os Evangelhos: Versão Restauração. Trad. Corpo Editorial da Árvore da Vida.1° ed. São Paulo: Editora Árvore da Vida, 1999. p. 19.

Page 44: Dízimo: Obreiros da iniquidade

44

O modo como viveu esse personagem, é a prova fiel e incontestável do fim das

ordenanças do mosaísmo. Repudiou o seu próprio sacerdócio, contrario todo o sistema

religioso de sua época, corrompido e de longa data adaptado ao Império Romano. Presenciou

um governo estrangeiro opressor e a religião de seus pais corrompida pela hipocrisia, ganância

e mundanismo. Desafiou o rei Herodes, e os fariseus. Era um judeu que não observava mais as

práticas sacrificais e cerimoniais da lei.

Desenvolveu novo modo de vida, uma vida purificada, desafortunado materialmente,

contudo, era temido pela veracidade e rigor de suas palavras: ―... Raça de víboras, quem vos

ensinou a fugir da ira futura? (Mt. 3: 7). Produzi pois frutos dignos de arrependimento;‖ (Mt. 3:

8). A classe sacerdotal era vista por João como animais peçonhentos.

A Bíblia não menciona qualquer característica de semelhança desse personagem com

seus irmãos judeus. Como, pois, João era o Anjo do Senhor que havia de vir? As escrituras

afirmam: ―Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo

vereda a nosso Deus‖ (Is. 40:3). A única característica dada pelo profeta, é que seria a voz que

clama no deserto, mas não descreve se o mesmo abandonaria sua religião e, muito menos seu

modo de se vestir ou se alimentar, tão controverso para seu tempo e sua religião. João Batista

é de forma explícita o modelo humano de como seria a graça dispensada por Jesus, no Novo

Pacto (Novo Testamento).

João simplesmente anunciava o fim do sacrifício cerimonial e material, que a muito

tempo havia absorvido caráter diabólico: comercialização de animais no templo, filhos

desonrando pais e usando o nome de Deus para justificar o desamparo, casamentos sem

solidez etc. O formato de pregação dele era verdadeiras profecias, que também no intuito de

fazer o povo judeu se adequar as pregações futuras que seriam do próprio Jesus. João em

suas pregações manifestava o desejo de ver frutos verdadeiramente espirituais, que pudessem

se arrepender.

Certamente o livro mais usado para cobrar dízimos e lançar maldições sobre os não

dizimistas é o do profeta Malaquias, tendo como capítulo principal o cap. 3 e Versículo 10. No

entanto Malaquias é um dos principais livros esclarecedores do fim da Lei Mosaica e do início

da Nova Aliança. Malaquias relata claramente três versículos referentes à vinda de João

Batista, findando assim, a Antiga Aliança e iniciando uma nova, pois Jesus Cristo seria batizado

por João Batista, dando início não só a redenção dos judeus, mas também dos gentios.

Malaquias revela a nossa redenção:

Page 45: Dízimo: Obreiros da iniquidade

45

MALAQUIAS OS EVANGELHOS

Eis que eu envio o meu anjo, que preparará o

caminho diante de mim, e de repente virá ao seu

templo o Senhor, a quem vós buscais, o anjo do

concerto, a quem vós desejais; eis que vem, diz o

Senhor dos Exércitos (Ml. 3: 1).

Porque é este de quem está escrito: Eis que diante da

tua face envio o meu anjo, que preparará diante de ti o

teu caminho (Mt. 11: 10; Lc. 7: 27).

Eis que eu vos envio o profeta Elias, antes que venha

o dia grande e terrível do Senhor (Ml. 4: 5).

"E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de

vir" (Mt. 11: 14).

E converterá o coração dos pais aos filhos, e o

coração dos filhos a seus pais; para que eu não

venha, e fira a terra em maldição (Ml. 4: 6).

E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para

converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes

à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor

um povo bem disposto (Lc. 1: 17).

Deus em toda sua grandeza usou o profeta Malaquias para reafirmar o fim da Antiga

Aliança e o início de uma nova, na qual teria como elo de ligação do fim da antiga e início da

nova - o profeta João Batista – mensageiro divino, sendo caracterizado como abnegado,

obediente, profeta, santo, humilde, pregador poderoso, zeloso pelo nome do Senhor, o Elias

que havia de vir, anjo do Senhor. Além de Malaquias, Isaías já tinha profetizado há seu respeito

(Is. 40: 3). João Batista honrado por Cristo, o Mártir foi sem dúvida o fim da Lei que nos

condenava, na qual os gentios não haviam de se salvar, para o início da Nova Aliança, sendo

nós aceitos pela graça de Cristo Jesus. "E aconteceu que em Icônio entraram juntos na

sinagoga dos judeus, e falaram de tal modo que creu uma grande multidão, não só de judeus,

mas de gregos" (At.14: 1). Porque não me envergonha do Evangelho de Cristo, pois é o poder

de Deus para Salvação de todo aquele que crê: primeiro do Judeu, e também do Grego (Rm. 1:

16) "Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo

viverá da fé". (Rm. 1: 17).

Page 46: Dízimo: Obreiros da iniquidade

46

Capítulo V

MUDA-SE O SACERDÓCIO - Hebreus 7

SACERDOTE

Um ministro devidamente autorizado, para oficiar perante uma divindade, em favor de um povo

e tomar parte em outros ritos, chama-se sacerdote. A função essencial a seu cargo era a de

mediador entre Deus e o homem. E geral formam os sacerdotes uma classe de funcionários

muito distintas entre as nações da antiguidade, como no Egito, em Mídia na Filístia, na Grécia,

em Roma, etc. Gn 47. 22; Ex 2. 16; 1 Sm 6.2; At 14. 13. Na falta de uma corporação

regularmente organizada, o ofício de sacerdote era exercido desde tempos imemoriais, por

indivíduos particulares, tais como, Caim e Abel; pelos patriarcas em favor de suas famílias, ou

da tribo, como Noé, Abraão, Isaque, Jacó, bem assim os chefes de uma corporação, ou de um

povo44

....‖

SUMO SACERDOTE

Era o regente espiritual da nação. O chefe da casa de Arão ocupava esse cargo. O Sumo

sacerdote era sujeito a leis específicas (Lev. 21) Superintender o santuário, seu culto e seus

tesouros; presidir os serviços do dia da expiação (q.v) quando se exigiu que ele entrasse no

santíssimo lugar45

...‖

O autor da epístola aos Hebreus é incansável em argumentar e demonstrar provas

concretas do sobre o fim da primeira aliança e o início de outra melhor – o Novo Testamento, no

qual é Cristo Jesus. Agora vamos tratar de alguns versículos do capítulo 7 desta carta aos

44

DAVIS, John D. Op. Cit., p. 522. 45

WATSON, S. L. ANA, D. Conciso Dicionário Bíblico. In: BÍBLIA SAGRAGA: Edição Revista e Corrigida. Trad. João Ferreira de Almeida. 4° ed. Rio de Janeiro: Co-edição (JUERP) Imprensa Bíblica Brasileira, 2001. p. 158

Page 47: Dízimo: Obreiros da iniquidade

47

Hebreus muito usados pelos pregadores e cobradores de dízimos, mas pouco explicado. A

pouca explicação consiste no fato de que se forem bem explicados, a estratégia para cobrar

dízimos não daria certo, pois a única intenção do escritor é acabar com qualquer preceito do

Antigo Testamento contrário a graça:

Vejam como Melquisedeque era grande: Abraão, o patriarca lhe deu a décima parte de tudo o

que havia tomado dos inimigos na batalha. Conforme a Lei de Moisés, os sacerdotes, que são

descendentes de Levi, têm a obrigação de receber do povo a décima parte de tudo. Eles

recebem dos seus próprios patrícios, embora estes também sejam descentes de Abraão.

Melquisedeque não era descente de Levi, mas recebeu a décima parte daquilo que Abraão

havia tomado na batalha e o abençoou. Sim, abençoou o próprio Abraão, que havia recebido as

promessas de Deus46

(Hb. 7:4-6).

A sabedoria e inspiração espiritual dada ao autor desta carta são extraordinárias,

veremos que o autor prova que Cristo é Sumo Sacerdote eterno, segundo a ordem de

Melquisedeque. Antes, o escritor Bíblico usou a única referência onde Melquisedeque se

encontra com o patriarca Abraão, sendo que neste momento ele recebe o dízimo de bens

conquistados na guerra por Abraão. Apesar de se tratar de costume na época, o caso de

Abraão é especial, pois ―o sacerdócio do Cristo segundo a ordem de Melquisedeque é maior do

que o de Arão; pois Arão pagou o dízimo a Melquisedeque através de seu antepassado Abraão

em cujos lombos ele se achava‖47 (Hb. 7:9), ou seja, Melquisedeque é superior a Abraão,

enquanto Abraão é superior a seus filhos, pois Levi ainda nasceria, seria filhos de Jacó, que por

sua vez saio dos lombos de Abraão (Hb 7:10), então, isso prova a submissão do sacerdócio

levítico em relação ao Cristo Sumo-sacerdote que é da ordem de Melquisedeque.

O dízimo era o símbolo de existência do sacerdócio carnal da tribo de Levi, sem os

dízimos esse sacerdócio não podia existir, pois não haveria como se sustentar. No entanto, o

Sacerdote e Rei Melquisedeque não precisava de dízimos para sobreviver, Abraão deu seu

dízimo como prova de inferioridade, já que ―o dízimo é pago ao superior pelo inferior48‖, O

próprio escritor bíblico afirma que o sacerdócio levítico é mortal e por isso necessitava dos

dízimos, porém, o outro é eterno, sendo esse pagamento uma demonstração de inferioridade

de Levi para com Melquisedeque, pois este vivi para sempre, então, qual utilidade tem o dízimo

para o sacerdócio imortal?

46

BÍBLIA SAGRADA: Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Barueri (SP): Sociedade Bíblica do Brasil, 2000. 47

MACKENZIE, John L. Dicionário Bíblico. Trad. Álvaro Cunha et al. São Paulo: Ed. Paulinas, 1983. p. 243

Page 48: Dízimo: Obreiros da iniquidade

48

Observe que a grandeza é do Sacerdote Melquisedeque e não do dízimo,

"Melquisedeque era grande" (Hb 7:4), note que o pai Abraão já havia recebido as promessas (v.

6), Deus havia exigido a circuncisão como prova pactual entre Ele e Abraão, nesse encontro o

pagamento do dízimo não lhe concedeu bênçãos. As benções já eram provenientes das

promessas, bem como, simbolizava as coisas futuras, a vinda do Sacerdote Eterno – Jesus

Cristo. Todavia, hoje os pregadores falseiam a Palavra Santa e colocam a grandeza no dízimo,

supondo que as bênçãos oriundas do pagamento do mesmo.

E no presente momento existe outro Sumo Sacerdote e que este é eterno, entretanto, o

sacerdócio levítico não seria eterno. Veja que no versículo 5, somente os filhos de Levi

poderiam receber o dízimo, por mais que todo o povo tivesse saído de Abraão, somente a tribo

de Levi, segundo a lei, poderia tomar os dízimos do povo Judeu. Entenda que, quando Abraão

deu o dízimo, não se tinha lei e, já a tribo de Levi era segunda a ordem de Arão no qual havia

recebido a lei (Hb. 7: 11). O autor insiste demonstrar que a lei do dízimo não pode permanecer,

pois somente a tribo de Levi tinha ordem para receber os dízimos, mas agora surgiu outro

Sacerdócio, não mais da tribo de Levi, mas sim da tribo de Judá, sendo este eterno. Ele é que

nos sustenta (At. 17: 25).

Em Hebreus 7: 12, diz: "Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz

também mudanças da lei". Concluímos que o sacerdócio levítico é da ordem de Arão, mortal e

carnal, recebido através da lei. E o de Cristo é segundo a ordem de Melquisedeque, imortal, foi

prometido antes da lei e, assim como Melquisedeque, Cristo também era Rei e Sacerdote, pois

descendia de Davi. Então, o sacerdócio de Melquisedeque não pode ser invalidado, mesmo

tendo surgido o sacerdócio levítico.

Mas digo isto: Que tendo sido o testamento anteriormente confirmado por Deus, a lei, que veio

quatrocentos e trinta anos depois, não a invalida, de forma a abolir a promessa. Porque, se a

herança provém da lei, já não provém da promessa; mas Deus pela promessa a deu

gratuitamente a Abraão (Gl. 3: 17-18).

Prezados, até o momento analisamos dois itens da lei: o sacerdócio levítico, e a

ordenança de tomar os dízimos dos seus irmãos israelitas. O objetivo do autor é demonstrar a

inutilidade de cumprir as ordenanças da lei, haja vistas, que mudou o principal, que é o

sacerdócio. A epístola no verso 11 faz uma interessante reflexão a respeito do sacerdócio

perfeito, ou seja, se o sacerdócio segundo Arão é perfeito, então, porque surgiu um sacerdócio

superior? Então, é inconcebível que o sacerdócio superior e eterno viva também recebendo

48

Idem, ibidem, p. 243

Page 49: Dízimo: Obreiros da iniquidade

49

dízimos, da mesma forma que vivia o sacerdócio carnal e inferior de Levi, cujo, escritor

apostólico o considera fraco e inútil: ―Porque dele assim se testifica: Tu és sacerdote

eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque. Porque o precedente mandamento é ab-

rogado por causa as sua fraqueza e inutilidade (Hb 7:17-18).

Ora, se sacerdócio levítico se sustentava com o recolhimento e utilização do dízimo,

torna-se imprescindível o fim do dízimo, para que assim, acabe este sacerdócio. Como a

circuncisão, o sábado, os sacrifícios de animais, o templo como local sagrado, o véu no templo,

todos definidos pela lei mosaica teve fim. Então por que iríamos aceitar o sacerdócio carnal

levítico, ou se quer pressupor que o sacerdócio de Cristo, superior em todos os aspectos

vivesse da mesma forma?

Outro ponto não explicado está no fato de Cristo ter escolhido doze homens para o

apostolado. Deles somente Mateus era da tribo de Levi. Ora, se a lei da o direito a Mateus

cobrar o dízimo, então, por que não o fez? E por que Judas era seu tesoureiro e não cobrava os

dízimos? Cristo o Sumo-sacerdote; Mateus seu discípulo e descendente de Levi. Percebe-se

que Jesus não ensinava em momento aos seus discípulos cobrarem dízimos pelo trabalho

realizado em prol das almas: ―Curai os enfermos, limpai os leproso, ressuscitai os mortos,

expulsai os demônios: de graça recebestes, de graça daí‖ (Mt. 10:8). O Nazareno pôs derrubou

a muralha separadora dos povos, as diferenças tribais e legais não existem mais.

Outro fator não ensinado na maioria das igrejas ditas cristãs hoje é o seguinte: se Cristo

é Sumo-sacerdote, então, quem são seus sacerdotes?