a utilização do neurofeedback em transtornos de aprendizagem. revisão bibliográfica

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Mariana de Souza Pavan UTILIZAÇÃO DO NEUROFEEDBACK NO TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM

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Page 1: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Mariana de Souza Pavan

UTILIZAÇÃO DO NEUROFEEDBACK NO TRATAMENTO

DOS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM

CAMPINAS

2013

Page 2: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Ciências Médicas

UTILIZAÇÃO DO NEUROFEEDBACK NO TRATAMENTO

DOS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM

Mariana de Souza Pavan

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada à Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas – UNICAMP para avaliação final do curso de “Neuropsicologia aplicada à Neurologia Infantil” sob orientação do M.Sc. Ricardo Franco de Lima.

Campinas, 2013

Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso

2

UNICAMP

Page 3: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Orientador(a): Profº M.Sc. Ricardo Franco de Lima

Membros:

1.2.

Curso de Neuropsicologia Aplicada à Neurologia Infantil - Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas

AGRADECIMENTOS

3

Page 4: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Em primeiro lugar quero agradecer a Deus. Muito mais do que ter me

criado, ele dá sentido à minha vida. Agradeço pela forma carinhosa com que ele

me pega pelas mãos e me conduz, me aproximando de pessoas que iluminam a

minha vida.

Agradeço aos meus pais, que sempre se esforçaram muito para me

ensinar o valor da busca do conhecimento e a importância da formação de

qualidade, crítica e humanista.

Agradeço meu esposo e meus filhos por todo o apoio que me

dedicaram nos momentos de minhas ausências, sempre acreditando no meu

potencial.

Agradeço à minha amiga Renata que me falou da importância da

neuropsicologia, criando em mim o desejo de seguir por este caminho.

Agradeço à todos os meus colegas de curso que me inspiraram a

prosseguir, mostrando a garra com que se dedicaram, vindo de cidades distantes,

enfrentando vários desafios e me fazendo acreditar ainda mais que existem seres

humanos preocupados em se aperfeiçoar para ajudar melhor aqueles que

precisam de nós.

Agradeço aos colegas Luís Fernando, por ter me apresentado o

neurofeedback e à Gabriela por compartilhar comigo o interesse pelo assunto.

Agradeço ao meu orientador Ricardo Franco de Lima, que me ajudou

tantas vezes com sua disposição, competência e paciência. Uma pessoa ao

mesmo tempo forte e suave, sério e agradável, exigente e prestativo. Com

características tão marcantes me inspirou a querer buscar o meu melhor.

RESUMO

4

Page 5: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Neurofeedback ou EEG biofeedback é um procedimento não invasivo de

aprendizado e condicionamento operante que se propõe a possibilitar ao individuo

a obtenção do controle sobre a frequência de suas ondas cerebrais e a

consequente modificação, por aumento ou diminuição destas, resultando em uma

melhoria do seu comportamento e atividade cognitiva. Ele parte do pressuposto de

que as alterações funcionais patológicas tem relação com alterações de voltagens

na atividade do córtex cerebral e, de acordo com a área ou lobo envolvido, se

traduzirá em algum comprometimento específico. O treinamento por

neurofeedback se propõe a corrigir tais atividades neurológicas a fim de resgatar a

função comprometida agindo tanto a nível emocional quanto cognitivo. De acordo

com as descobertas da neurociência os transtornos de aprendizagem ocorrem

quando há uma disfunção no sistema nervoso central que faz com que o

estudante apresente déficits significativos em relação à sua faixa etária em

aquisições de habilidades cognitivas de leitura, escrita e raciocínio matemático. O

objetivo do presente estudo foi fazer uma busca bibliográfica nas bases de dados

do EMBASE, PROQUEST, PUBMED, SCIENCE DIRECT e WEB OF SCIENCE e

revisar na literatura as diversas pesquisas sobre o uso da técnica de

neurofeedback em pessoas com transtornos de aprendizagem. Os termos de

busca foram: “Neurofeedback” ou “EEG Biofeedback” e “learning disability”. Em

seguida foi feita uma seleção dos artigos de acordo com critérios pré-

estabelecidos de inclusão e exclusão. Dos 394 artigos encontrados 17 foram

selecionados para análise. Em todos os trabalhos levantados foram encontrados

resultados positivos, indicando a possibilidade do neurofeedback ser uma

alternativa eficaz para intervenção em pessoas com transtornos de aprendizagem.

Foram encontradas, porém, diversas limitações como a pequena quantidade de

pesquisas, de amostra da população, de utilização de grupo controle e de placebo.

Diante deste quadro concluiu-se que, apesar do neurofeedback estar se

mostrando uma técnica promissora como intervenção em transtornos de

aprendizagem, existe a necessidade da realização de um número maior de

5

Page 6: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

estudos que possam replicar os resultados encontrados até agora sobre a sua

eficácia.

Palavras chave: Transtornos de aprendizagem, neurofeedback, biofeedback de

onda cerebral, biorretroalimentação de onda cerebral.

6

Page 7: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

ABSTRACT

Neurofeedback or EEG biofeedback is a noninvasive procedure of learning and

operant conditioning that proposes the control over the frequency of brainwaves

by these increase or decrease, resulting in behavior and cognitive improvement. It

assumes that the functional alterations is related to pathological changes in

voltages and activity of the cerebral cortex and will translate into any specific

commitment according to the involved lobe or area. The neurofeedback train aims

to correct such neurological activities in order to rescue the emotional and

cognitive compromised function. According to the findings of neuroscience,

learning disorders happens when there is a dysfunction in the central nervous

system that causes significant deficits in the acquisition of cognitive skills of

reading, writing and mathematical reasoning. The aim of this study was to make a

literature search in EMBASE databases, PROQUEST, PUBMED, SCIENCE

DIRECT and WEB OF SCIENCE for a literature review of several studies about

the use of neurofeedback technique in people with learning disabilities. The search

terms were: "Neurofeedback" or "EEG Biofeedback" and "learning disability". Then

a selection of items was made according to pre-established criteria for inclusion

and exclusion. From the 394 articles found, 17 were selected for analysis. All

studies surveyed had positive results, indicating the possibility of neurofeedback

being an effective alternative to intervention in people with learning disabilities. We

found, however, several limitations such as the small amount of research, sample

population, use of a control group and placebo. It was concluded that, despite

neurofeedback is showing to be a promissing technique for intervention in learning

disabilities, it´s necessary a greater number of studies to replicate the results found

so far about its effectiveness.

7

Page 8: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

LISTA DE ABREVIATURAS

CID 10 Classificação Internacional das Doenças

DE Dificuldade Escolar

DSM IV Manual Diagnóstico e Estatístico

EEG Eletroencefalograma ou Eletroencefalografia

EEGq Eletroencefalograma quantitativo

f Frequência

Hz Hertz

NFB Neurofeedback

QI Quociente de inteligência

RSM Ritmo Sensório Motor

SNC Sistema Nervoso Central

TA Transtorno de Aprendizagem

TDAH Transtorno do Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade

WASI Escala Wechsler Abreviada de Inteligência

WIAT Teste Wechsler Individual de Desempenho

WISC III Escala Wechsler de Inteligência para Crianças

WRAT Teste de Desempenho de Amplo Alcance

% Porcentagem

8

Page 9: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

LISTA DE FIGURAS

PAG

Figura 1 - Classificação geral das dificuldades de aprendizagem 16

Figura 2 - Sistema 10-20 de colocação de eletrodos 26

Figura 3- Quantidades de artigos encontrados e selecionados 41

9

Page 10: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

LISTA DE QUADROS

PAG

Quadro 1- Descrição e diagnóstico dos subtipos de transtornos

de aprendizagem

19

Quadro 2- Relação entre localização cerebral, sistema 10-20

de EEG, funções e problemas

26

Quadro 3- Relação de palavras chave para a busca de artigos 35

Quadro 4- Protocolo de análise dos artigos 37

Quadro 5- Análise de artigos de acordo com protocolo 44

10

Page 11: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

LISTA DE TABELAS

PAG

Tabela 1- Quantidade de seleção em cada base de dados 40

Tabela 2- Distribuição de frequência dos anos dos trabalhos analisados 42

Tabela 3- Distribuição de frequência dos países de origem dos trabalhos

analisados

42

Tabela 4- Frequência e percentual dos tipos de estudos 43

SUMÁRIO

11

Page 12: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

1. INTRODUÇÃO 13

1.1 Dificuldade escolar e transtorno de aprendizagem 14

1.1.2 Tipos específicos de transtorno de aprendizagem 17

1.1.3 Diagnóstico dos transtorno de aprendizagem 19

1.2 Neurofeedback 21

1.2.1 Dados históricos sobre o neurofeedback 22

1.2.2 Atividade elétrica e funções cerebrais 25

1.2.3 EEG e transtornos de aprendizagem 29

1.2.4 Protocolos de treinamento 30

2. OBJETIVOS 32

2.1 Objetivo geral 33

2.2 Objetivos específicos 33

3 MÉTODO 34

3.1 Busca bibliográfica 35

3.2 Critérios de inclusão e exclusão 35

3.3 Instrumento de análise de artigo 36

4. RESULTADOS 39

5. DISCUSSÃO 48

6. CONCLUSÃO 75

7. REFERÊNCIAS 77

12

Page 13: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

INTRODUÇÃO13

Page 14: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

1. INTRODUÇÃO

Segundo Lagae (2008) a aprendizagem se refere a um processo do

mais alto e complexo nível de funcionamento cerebral e não deveria causar

espanto o fato de que muitas pessoas apresentem problemas nesta área. Alunos

dos primeiros anos escolares normalmente precisam de mais tempo para

adquirirem as habilidades básicas necessárias para o aprendizado da leitura,

escrita e matemática. Estes problemas de aprendizagem podem ser temporários,

refletindo uma variação normal de maturidade. Porém, cerca de 5% da população

escolar apresenta problemas de aprendizagem persistentes, classificados como

transtornos de aprendizagem. A busca de estudos científicos que apresentem

alternativas para auxiliar estas crianças é, portanto, de grande necessidade.

1.1 Dificuldade escolar e transtorno de aprendizagem

Conforme indica Lima et al.(2006), os problemas de aprendizagem, tão

comuns nas séries iniciais, devem ser divididos em dois grupos: dificuldade

escolar (DE) e transtornos de aprendizagem (TA). As dificuldades escolares são

de ordem e origem pedagógica, enquanto os transtornos de aprendizagem têm

origem no funcionamento do SNC. Para maior compreensão da definição de

transtorno de aprendizagem é preciso destacar as principais distinções entre

transtorno de aprendizagem e dificuldades escolares, conforme se observa na

Figura1.

O National Joint Committe on Learning Disabilities (1991) definiu os

transtornos de aprendizagem como,

(...) um termo genérico que se refere a um grupo heterogêneo de transtornos manifestos por dificuldades significativas na aquisição e uso da escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estes transtornos são intrínsecos ao indivíduo, supondo-se ocorrerem devido à disfunção no sistema nervoso central e podem ocorrer ao longo do ciclo vital. Apesar do transtorno de aprendizagem poder ocorrer concomitantemente com outras condições incapacitantes (por exemplo, deficiência sensorial, retardo mental, distúrbio social e emocional) ou com

14

Page 15: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

influências ambientais (por exemplo diferenças culturais, instrução insuficiente/inadequada, fatores psicogênicos), ele não é o resultado direto dessas condições ou influências.

O Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais - DSM-IV

(APA, 1994) define transtornos de aprendizagem como “Transtornos das

Habilidades Escolares” e englobam os Transtornos de Leitura, da Matemática e da

Expressão Escrita. Eles são diagnosticados quando os resultados de testes

padronizados feitos individualmente sobre leitura, matemática ou expressão

escrita estão substancialmente abaixo do esperado para a idade, escolarização e

inteligência. São classificados como "transtornos de aprendizagem específicos"

quando estão relacionados à leitura, matemática ou expressão escrita e como

"transtornos de aprendizagem não específicos" quando incluem problemas em

todas as três áreas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS, 2008), no manual diagnóstico

da Classificação Internacional das Doenças - CID-10, denomina os transtornos de

aprendizagem na categoria F-81 “Transtornos Específicos do Desenvolvimento

das Habilidades Escolares (TEDHE)” que se encontra no capítulo dos

“Transtornos do Desenvolvimento Psicológico”. Conforme a definição da CID-10

(p.236), os TEDHE

(...) são transtornos caracterizados por alterações nos padrões de aquisição e desenvolvimento das habilidades escolares, não decorrentes de falta de oportunidade para aprender, retardo mental, traumatismos ou qualquer doença cerebral adquirida. Ao contrário, pensa-se que os transtornos originam-se de anormalidades no processo cognitivo, que derivam em grande parte de algum tipo de disfunção biológica.

15

Page 16: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Figura 1. Classificação geral das dificuldades de aprendizagem (Fonte: Lima,

2011).

Para Silver et al. (2008) o transtorno de aprendizagem é caracterizado

pela disfunção neurológica ou hereditária, que é responsável pela alteração do

processamento cognitivo e da linguagem, proveniente de um funcionamento

cerebral atípico. Como consequência dessa disfunção, a forma como crianças

com transtorno de aprendizagem processam e adquirem informações é diferente

do funcionamento típico de crianças sem dificuldade na fase de aprendizagem

escolar. O transtorno de aprendizagem pode se manifestar nas áreas acadêmicas

que necessitam de decodificação ou identificação de palavras, como a

compreensão de leitura, raciocínio matemático, atividades de soletração e escrita

de palavras e textos. O transtorno de aprendizagem é uma condição que se

prolonga por toda a vida e o impacto da dificuldade no desenvolvimento do 16

Page 17: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

individuo vai depender de fatores sociais, emocionais e educacionais e das

funções ocupacionais, que por sua vez dependem das circunstâncias diárias, das

relações interpessoais, do domínio de habilidades e de dificuldades individuais.

1.1.2 Tipos específicos de transtorno de aprendizagem

A dislexia é um dos mais frequentes tipos de transtorno de

aprendizagem. Segundo Lyon et al. (2003) ela é de origem neurobiológica e

caracterizada por dificuldades no reconhecimento preciso e/ou fluente das

palavras. As habilidades de soletração e decodificação são empobrecidas. Estas

dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da

linguagem e não são supridos pelas instruções eficazes de sala de aula. A

dificuldade em compreensão leitora e experiências de leitura reduzidas, costumam

ser uma consequência secundária que podem comprometer tanto o aumento do

vocabulário quanto a aquisição de conhecimento básicos.

Lima (2011) relata que as principais alterações observadas em exames

de neuroimagem funcional de pessoas com dislexia ocorrem em regiões

responsáveis pelo processamento fonológico da informação, principalmente na

região do lobo temporal com hipoativação no córtex temporo-parietal esquerdo e

aumento na ativação da área homóloga direita, além do córtex frontal inferior. Um

estudo de Arduini et al. (2006) analisou exames de neuroimagem de crianças

diagnosticadas com dislexia e correlacionou com avaliações de funções corticais

superiores. 58% das crianças apresentaram alterações, dentre elas hipoperfusão

no lobo temporal. Esta área coincide com funções corticais superiores envolvidas

no processo de leitura e escrita.

No que diz respeito aos transtornos de aprendizagem relacionados à

matemática, Geary (2004) relata que o grande esforço em sua definição é

decorrente da própria complexidade do campo da matemática. Em teoria, tal

distúrbio pode ser resultado de déficits na capacidade de processar ou representar

a informação em um ou em vários dos diferentes domínios da matemática (por

exemplo, a geometria). Podem ocorrer déficit também em uma competência 17

Page 18: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

individual ou em um conjunto de competências individuais dentro de cada domínio.

E fica ainda mais complicado ao tentarmos distinguir se o problema vem de uma

educação matemática insatisfatória ou de um problema realmente proveniente de

um distúrbio cognitivo.

O mesmo autor, em um trabalho posterior, revela que crianças com

discalculia podem apresentar déficits em uma ou várias áreas cerebrais (Geary,

2007):

Déficits no sulco intraparietal podem atrapalhar a capacidade de fazer

contagens não verbais e estimativas de magnitudes em domínios não

matemáticos. Estas habilidades seriam consideradas pré requisitos da

geometria e alguns aspectos da álgebra;

Comprometimentos no executivo central costumam estar associados à

déficits na memória de trabalho e têm apresentado implicações em muitos

déficits cognitivos em crianças com discalculia, embora apresentem

também ligação com problemas na alça fonológica ou viso-espacial

gerando dificuldades específicas;

Problemas no córtex cingulado anterior estão relacionados à dificuldade na

manutenção do foco atencional e na detecção de erros;

Complicações no córtex pré frontal lateral está associado à falta de controle

atencional e inibitório. As inter-relações entre os números, operações

aritméticas, procedimentos matemáticos, e assim por diante são

diretamente afetados pela incapacidade de inibir a informação não

relevante para o problema em questão, especialmente os mais complexos;

A área dorso lateral do córtex pré frontal é crucial para a manutenção do

foco de atenção e para a representação explícita e manutenção da

informação em memória de trabalho durante a solução de problemas

(Geary, 2007).

Segundo Rodrigues (2009) a disgrafia funcional é uma falha no

desenvolvimento normal da habilidade de escrever decorrente de uma disfunção

no SNC em sujeitos com capacidade intelectual normal (ou acima da média), sem

déficits sensoriais ou lesões neurológicas.

18

Page 19: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Etchepareborda (1999) relata que transtornos caligráficos ligados a

problemas espaciais podem estar associados a comprometimentos no lobo frontal

e occipital enquanto que para Nicolson e Fawcett (2011), a base funcional da

disgrafia está associada principalmente a componentes motores, relacionados ao

cerebelo e ao córtex motor.

1.1.2 Diagnóstico dos transtornos de aprendizagem

Para Guimarães et al. (2003), como a definição de TA diz respeito a

uma série de desordens complexas do SNC, o diagnóstico se torna uma tarefa

árdua e complicada, que deve envolver uma equipe interdisciplinar de

profissionais e a utilização de diversos tipos de instrumentos de avaliação. As

avaliações psicopedagógica, neurológica, neuropsicológica e cognitiva devem ser

consideradas no processo diagnóstico.

Laege (2008) acrescenta ainda que, como os problemas de

aprendizagem são complexos, não podem ser diagnosticadas com um único teste

em um único consultório. Para se levantar uma primeira suspeita de diagnóstico é

necessário um levantamento histórico do problema, a inspeção dos resultados

escolares e avaliação interdisciplinar. Em muitos casos deve-se fazer ainda uma

segunda avaliação antes de fechar um diagnóstico.

Assumpção Jr e Kuczynski (2011) apresentaram um levantamento da

descrição e diagnóstico dos subtipos de transtornos de aprendizagem baseados

nas definições da CID 10 e do DSM IV. Os dados estão resumidos no Quadro 1.

19

Page 20: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Quadro 1. Descrição e diagnóstico dos subtipos de transtornos de aprendizagem.

Tipo de Transtorno

Transtorno de leitura (Dislexia)

Transtorno de expressão escrita (Disortografia)

Transtorno do cálculo (Discalculia)

Descrição Dificuldades: - Em decifrar e reconhecer palavras- Em ler corretamente ecompreender.- Na distinção de grafemascuja correspondência fonética é grande (por ex.: a-na; x-ch) ou cujaforma é similar (p - q; d – b), - Nas inversões (or –ro, cri – cir), -Nas omissões (bar – ba; arvore – arve) -Nas adições ou substituições. - No ritmo, ao nívelfrasal

Dificuldades:- Em escrita cursiva (tomar notas na sala de aula ou no trabalho) -Em produção textual - Em grafia - Em planejamento - Na organização - No ritmo de trabalho-Na aquisição de vocabulário,

Presença de erros que seriam normais no inicio da aprendizagem, similares aos observados naleitura, com confusão, inversão, omissão, dificuldades na transcriçãodos homófonos, confusão de gêneros e numero e erros sintáticosgrosseiros.

Dificuldades: - no aprendizado dos primeiros elementos do calculo- em efetuar operações básicas (adição, subtração, multiplicação,divisão) -em resolver problemas matemáticos.- na organização espacial - em provas operativas (manejo de quantidades continuascomo superfície, comprimento e volume

Ocorre em idade precocecom dispraxia digital importante.

Critérios Diagnósticos

- Nota obtida em prova de exatidão ou compreensão da leitura com, no mínimo, dois desvios padrão abaixo do nível esperado,considerando-se a idade e a inteligência da criança; a avaliação dasperformances em leitura e quociente de inteligência (QI) deve ser feita com testes individuaise padronizados em função da cultura e do sistema escolar;- As dificuldades descritas interferem na performance escolarou nas atividades de vida cotidiana relacionadas a leitura;- O transtorno não pode ser decorrente de déficit visual, auditivo ouneurológico;- Escolarização de acordo com as normas habituais- Critério de exclusão: QI < 70 através de testes padronizados

- Nota obtida em prova padronizada de ortografia com, no mínimo, dois desvios padrão abaixo do nível esperado, considerando-se a idade e a inteligência da criança;- As notas obtidas em provas de exatidão e compreensão deleitura e de calculo situam- se nos limites da normalidade;- Ausência de dificuldades significativas de leitura;- Escolarização de acordo com as normas habituais;- Presença desde o inicio da aprendizagem da ortografia;- A dificuldade descrita interfere na performance escolar ou nasatividades cotidianas;- Critério de exclusão: QI < 70 através de testes padronizados;- Idade superior a 7 anos

- Nota obtida em prova padronizada de calculo se com, no mínimo,dois desvios padrão abaixo do nível esperado, considerando-se a idade e a inteligência da criança;- As notas obtidas em provas de exatidão e compreensão deleitura se situam nos limites da normalidade;- Ausência de dificuldades significativas de leitura ou ortografia;- Escolarização de acordo com as normas habituais;- Presença de dificuldades em aritmética, desde o inicio daaprendizagem;- A dificuldade descrita interfere na performance escolar ou nasatividades cotidianas relativas a aritmética;-Critério de exclusão: QI < 70 através de testes padronizados;

Fonte: Assumpção Jr e Kuczynski (2011).

20

Page 21: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

1.2 Neurofeedback

Neurofeedback (NFB), também conhecido como biofeedback EEG

(eletroencefalográfico) é um treinamento que utiliza eletrodos colocados sobre o

couro cabeludo e que medem os padrões elétricos provenientes do cérebro. A

atividade elétrica do cérebro é transmitida para o computador que oferece o

feedback, um "retorno" destas informações, em tempo real. Normalmente, as

pessoas não podem influenciar de forma confiável seus padrões de ondas

cerebrais, porque elas não têm consciência deles. O que o neurofeedback oferece

é a possibilidade de ver as ondas cerebrais em uma tela de um computador

milésimos de segundo depois que eles ocorrem, oferecendo a capacidade de

influenciar e mudá-las gradualmente. O mecanismo de ação é o condicionamento

operante, sendo que as primeiras mudanças são de curta duração, mas tornam-se

gradualmente mais duradouras ao longo das sessões. Melhorias significativas

parecem ocorrer em 75 a 80% das pessoas (Hammond, 2011).

O treinamento por neurofeedback oferece oportunidades adicionais aos

tratamentos de sintomas decorrentes do transtorno de déficit de atenção e

hiperatividade (TDAH), transtornos de aprendizagem, acidente vascular

encefálico, lesão cerebral, déficits por consequência de neurocirurgia, epilepsia,

disfunção cognitiva associada ao envelhecimento, depressão, ansiedade,

transtorno obsessivo-compulsivo, autismo ou outras condições relacionadas com o

cérebro (Hammond, 2011).

Conforme aponta Sherlin et al. (2011) a atividade cerebral

eletroencefalográfica (EEG) tem demonstrado ser sensível ao condicionamento

operante clássico. Esta técnica foi chamada originalmente de EEG biofeedback e,

mais recentemente, de neurofeedback. O desenvolvimento das tecnologias de

computação tem avançado, tornando acessível e conveniente o acesso de

software e hardware para o condicionamento do cérebro em uso clínico ou

privado.

21

Page 22: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

1.2.1 Dados históricos sobre o neurofeedback

Segundo Demos (2005), a pesquisa de Richard Caton, em 1875, é

considerada marco inicial para o biofeedback. Seus experimentos incluíam,

inicialmente, a colocação de eletrodos no cérebro exposto de animais.

Posteriormente, ele também gravou atividades elétricas provenientes do escalpo

fechado de animais. Nos anos de 1920, Hans Berger mediu a atividade elétrica de

escalpos humanos. Foi o primeiro a gravar tal atividade em papel, gerando um

eletroencefalograma. Ele identificou duas ondas filtradas diferentes, alfa e beta. A

frequência de 10 hertz é também conhecida como ritmo Berger.

Berger observou que o pensamento e o estado de alerta geram grandes

aumentos na banda da frequência Beta, que alcança de 13 a 30 ciclos por

segundo (Hertz). Ele acreditava que anormalidades no EEG refletem distúrbios

clínicos. Muitos protocolos de tratamento por neurofeedback são baseados nesta

suposição de Berger (Criswell, 1995).

Durante os anos 30, Edgar Adriane e B.H.C. Mathews replicaram com

sucesso as medidas das ondas elétricas de Berger. Eles também estudaram a

sincronização das ondas cerebrais com um dispositivo de cintilação por foto

estimulação e foram pioneiros no uso de amplificador diferencial. Suas pesquisas

mostraram que os padrões de ondas cerebrais podem ser modificados por

frequências especificas de luzes intermitentes. A sincronização das ondas

cerebrais mudou o EEG, mas isso ainda não pode ser considerado biofeedback

por que não devolve (feedback) informações biológicas ao que está sendo

treinado, por ser um processo de uma única via. Em 1963, o professor Joseph

Kamiya, da Universidade de Chicago, quis descobrir se o reconhecimento

consciente das ondas cerebrais seria possível e treinou um voluntário a

reconhecer um período de intensa atividade das ondas cerebrais alfa (8-12 HZ).

Kamiya deu ao seu voluntário em treinamento, reforços verbais cada vez que ele

entrava no estado alfa, de modo que o experimento foi bem sucedido (Demos,

2005).

22

Page 23: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Desta maneira, a habilidade humana de controlar os estados de ondas

cerebrais via instrumentação foi confirmada (Criswell, 1995). O experimento de

Kamiya demonstrou o ciclo de treino típico do biofeedback no qual um instrumento

grava uma atividade biológica específica de interesse, a pessoa que está sendo

treinada é reforçada de tempos em tempos sobre a ocorrência da atividade

desejada e, então, o controle da atividade biológica se torna possível. Toda a

modalidade de biofeedback é baseada neste processo de duas mãos inovador

criado por Kamiya, de modo que ele abriu as portas para o treino de

aprimoramento das ondas alfa.

As primeiras demonstrações de que a atividade cerebral, mais

especificamente o bloqueio da resposta de alfa, poderia ser classicamente

condicionada foi relatado quase simultaneamente na França por Durup e Fessard

em 1935 e nos Estados Unidos por Loomis, Harvey e Hobart, em 1936. O grupo

de Loomis descreveu que em um quarto completamente escuro, a união de um

tom auditivo baixo com um estímulo de luz resultou em um condicionamento, cuja

resposta causou o bloqueio de alfa. Eles também observaram que a extinção

ocorria também se o tom baixo era apresentado várias vezes em ausência de

estímulo de luz (Sherlin et al., 2011).

De acordo com Siever (2008), nos anos de 1960, o Dr. Antoine

Remond, médico francês e pesquisador de eletroencefalografia, começou a

experimentar o controle voluntário das ondas cerebrais. Logo depois, Remond

descobriu a assinatura das pessoas portadoras de TDAH, ou disfunção cerebral

mínima, como era conhecida na época. Em 1969 ele publicou seus achados em

um livro intitulado “Le rythme alpha moyen. Méthodologie et description” (O ritmo

alfa médio. Metodologia e descrição) e explicou suas descobertas sobre o

funcionamento interno do cérebro e da mente.

Em meados da década de 1960, pesquisadores independentes dos

Estados Unidos construíram instrumentos para o monitoramento e o retorno da

informação fisiológica com finalidade terapêutica. No entanto, somente em 1969,

Barbara Brown organizou a primeira conferência que consolidou a nomenclatura

“biofeedback” para tal procedimento, criando a organização nacional americana

23

Page 24: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

intitulada Biofeedback Research Society, que em 1988 passou a se chamar

Association for Applied Psycophysiology and Biofeedback (AAPB)1. Essas

mudanças refletem a evolução do biofeedback, que passou do campo das

pesquisas para o das aplicações clínicas. Sua utilização na área de captação de

sinais elétricos exclusivamente cerebrais através de eletrodos passou a ser

chamada de neurofeedback (Green e Shellenberger, 2001).

Moriyama et al. (2012) relatam que em 1965, Sterman estava

estudando o sono quando descobriu, acidentalmente, que os gatos podiam ser

condicionados a produzir um ritmo rápido EEG de cerca de 12 a 15 Hz sobre o

córtex sensório motor (SMR - ritmo sensório motor). Sterman utilizou os mesmos

gatos em outro experimento em que os animais seriam expostos a uma substância

tóxica conhecida para provocar convulsões. Ele ficou surpreso com a observação

de que os animais que tinham sido ensinado a produzir RSM eram resistentes ao

efeito convulsivo dessa substância. Sterman, finalmente, realizou estudo

controlado cego com medidas repetidas, demonstrando que o NFB pode ser

usado para controlar as crises convulsivas. O relatório de Sterman encorajou

outros pesquisadores a tentarem utilizar o NFB para a epilepsia e, alguns deles,

eventualmente relataram que tanto crianças com epilepsia quanto com sintomas

hipercinéticos apresentaram melhora surpreendente de hipercinesia após as

sessões de NFB. Em 1976, Lubar e Shouse foram os primeiros a relatar o

benefício de NFB para crianças com transtornos hipercinéticos sem epilepsia.

Martjin (2009) aponta que desde o primeiro relato de tratamento de

TDAH através da técnica de neurofeedback, em 1976, surgiram diversos estudos

que investigam os efeitos do neurofeedback nos diferentes sintomas deste

transtorno.

1 http://www.aapb.org24

Page 25: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

1.2.2 Atividade elétrica e funções cerebrais

O exame tradicionalmente utilizado para a detecção dos sinais elétricos

do cérebro é o chamado eletroencefalograma (EEG). Com o avanço surgiu uma

nova técnica de levantamento por eletroencefalograma em mapas quantitativos,

chamado eletroencefalograma quantitativo (EEGq). Segundo Thornton e Carmody

(2005) o EEGq é a digitalização do tradicional sinal analógico do EEG. No EEGq o

computador obtém as informações sobre as ondas cerebrais geradas, monitora os

sinais na tela do computador e armazena estas informações. Isto permite a

recriação das ondas e sua posterior análise estatística. Para isto são colocados 19

eletrodos no crânio seguindo um sistema padronizado chamado Sistema

Internacional 10/20 de Colocação de Eletrodos, conforme observamos na Figura

2. Os pontos de colocação dos eletrodos são: Fp1, Fp2, F3, F4, F7, F8, C3, C4,

T3, T4, T5, T6, P3, P4, O1, O2, Fz, Pz e Oz. As letras "F" estão localizadas no

lobo frontal, as letras "T" no lobo temporal, as letras "O", no lobo occipital, as letras

"P" no lobo temporal e as letras "C" estão na região do córtex sensório motor. A

numeração ímpar está relacionada à áreas do hemisfério esquerdo e a numeração

par, no hemisfério direito.

25

Page 26: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Figura 2. Sistema internacional 10/20 de colocação de eletrodos (Fonte:Demos

2004).

No Quadro 2 podemos observar um levantamento elaborado por

Demos (2004) sobre a relação entre a localização cerebral, os locais medidos pelo

EEGq, suas funções e os possíveis problemas ocasionados pelo mau

funcionamento desta região.

Quadro 2. Relação entre localização cerebral, sistema 10-20 de EEG, funções e

problemas.

Local Sistema 10-20 Funções ProblemasLobo parietal P3, Pz, P4 HE: Solução de problemas, matemática,

gramática complexa, atenção associaçãoHD: Consciência espacial e geometria

Discalculia, censo de direção e desordens de aprendizagem

Giro Cingulado

Fpz, Fz, Cz, Pz, Oz Flexibilidade mental, cooperação, atenção, motivação e moral

Obsessões, compulsões, tiques, perfeccionismo, preocupação, sintomas de TDAH e transtorno obsessivo-compulsivo

Córtex sensório motor

C3, Cz, C4 HE: atenção, processamento mentalHD: Calma, empatia emoção.Combinado: Motor fino, destreza manual, integração sensorial e motora e processamento.

Paralisia, dificuldades motoras na escrita e sintomas de TDAH

Lobo frontal, incluindo polos frontais

Fp1, Fp2, Fpz, Fz, F3, F7, F4, F8

HE: Memória de trabalho, concentração, planejamento executivo, emoções positivas.HD: Memória episódica,consciência social.Polos frontais: Atenção e julgamento

HE: DepressãoHD: Ansiedade, medo, alteração em funções executivas

Lobo temporal T3, T5, T4, T6 HE: Reconhecimento de palavras, leitura, linguagem, memória

Dislexia, alterações na memória de longo prazo.

26

Page 27: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

HD: Reconhecimento de objetos, música, pistas sociais e reconhecimento facial

Lobo occipital O1, Oz, O2 Aprendizagem visual, leitura, funções occipito-parieto-temporais

Transtornos de aprendizagem

Área de Broca F7-T3 Expressão verbal Dislexia, ortografia pobre, leitura pobre e compreensão verbal

Àrea de Wernicke

Junção parieto-temporal

Entendimento verbal Dislexia, ortografia pobre, leitura pobre e compreensão verbal

Hemisfério esquerdo

Todos os números ímpar

Sequencia lógica, orientação detalhada, habilidade de linguagem, recuperação de palavras, fluência, leitura, matemática, solução de problemas de ciência, memória verbal

Depressão (sub ativação)

Hemisfério Direito

Todos os números pares

Memória episódica, codificação, consciência social,contato visual, música, humor, empatia, consciência espacial, arte, insight, intuição, memória não verbal,visão do todo.

Ansiedade (sobre ativação)

Fonte: Demos (2004).

Segundo Thornton e Carmody (2005), há dois tipos de classes gerais

de medições no EEGq. A primeira mede o tipo de atividade de cada uma das 19

regiões com referência a uma frequência específica. Estas medidas quantitativas

podem se exemplificadas nas seguintes modalidades:

Amplitude: a força média em microvolts absolutos do sinal de uma banda

em um determinado período de tempo;

Poder relativo: a amplitude de determinada banda dividida pelas amplitudes

de todas as outras bandas geradas numa determinada região;

Simetria: a simetria entre as amplitudes de uma determinada banda entre

duas localizações (A-B/A+B). Ela reflete a diferença nos níveis de atividade

em locais diferentes, mesmo que não estejam conectados por uma mesma

atividade.

A segunda classe aborda a questão dos padrões de conectividade entre

os locais medidos. Supõe-se que estas reflitam a atividade que ocorre ao longo

das fibras de mielina que conectam diferentes regiões da substância branca do

cérebro. Estas variáveis são (Thornton e Carmody, 2005):

Coerência: média da amplitude que ocorre entre uma determinada banda

de onda em dois locais diferentes em um mesmo período;

Fase: medida de combinação entre duas bandas de faixa relativa ao

espaço de tempo entre o início e o fim de cada uma delas dentro do

mesmo período.

27

Page 28: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Mascaro (2012) relata a importância da análise da coerência que se

tornou possível com o advento dos mapas quantitativos de EEGq. Quando há alta

coerência, o sistema neurológico não está inibindo a comunicação relevante de

maneira satisfatória, enquanto que quando há hipocoerência ocorre um

empobrecimento da conectividade funcional, na qual diferentes redes deixam de

participar de uma tarefa em que deveriam estar ativamente envolvidas, gerando

perdas funcionais globais ou específicas.

Os sinais elétricos cerebrais podem ser filtrados em bandas de

frequências medidas em Hertz (Hz), número de ondas por segundo. Estas ondas

elétricas são convencionalmente nomeadas da seguinte maneira (Moriyama,

2012):

Ondas Delta, de frequências lentas (abaixo de 4 Hz) são associadas ao

estado de sono;

Ondas Teta, de 4 a 7 Hz estão relacionadas ao estado de sonolência e

diminuição da vigilância;

Ondas Alfa (8 a 12 Hz) se referem ao estado de consciência, onde ocorre

um relaxamento em vigília;

Ondas Beta (de 13-30Hz) são associadas à concentração e excitabilidade

neuronal;

O ritmo sensório motor é um tipo específico de banda com frequências em

beta baixa (12-15Hz) observada exclusivamente na região do córtex

sensório motor e está relacionada à imobilidade.

De acordo com exames de EEG, quando o cérebro sofre algum tipo de

dano ou alteração em seu funcionamento, suas ondas elétricas se modificam e

geram padrões rítmicos anormais que interferem na maneira como a informação é

transmitida de uma região para outra (Mascaro, 2012). Tais alterações levam a um

comprometimento das funções cerebrais que se observam quando a atividade do

cérebro se mostra indevidamente lenta ou acelerada afetando tanto

comportamentos sociais, quanto emocionais e cognitivos. Estas alterações trazem

consigo consequências como, por exemplo, dificuldades de aprendizagem, ao

afetarem a memória, a concentração e a atenção (Mascaro, 2012).

28

Page 29: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

1.2.3 EEG e transtornos de aprendizagem

Uma revisão bibliográfica realizada por Hughes e John (1999) sobre

estudos de EEGq demonstrou que excessos de atividade em ondas delta ou teta e

deficiências de alfa ou beta são comumente encontrados em crianças com

transtornos de aprendizagem. De acordo com os autores, cerca de 90% de

pessoas com déficits de atenção também têm demonstrado sinais em EEGq de

disfunções corticais, a maioria exibindo excesso de teta ou alfa na região frontal,

hipercoerência e grande incidência de assimetria inter-hemisférica anormal. Dados

anormais de EEGq encontrados em crianças com transtornos de aprendizagem e

TDAH estão diretamente relacionado com sua performance acadêmica.

Tatcher (2002) demonstrou que, usando medidas de EEGq é possível

discriminar replicações entre crianças TDAH e crianças normais com

especificidade de 88% e sensibilidade de 94% e na comparação entre TDAH e

transtornos de aprendizagem encontra-se a especificidade de 97% e sensibilidade

de 84,2%. Algumas destas alteração da dinâmica cerebral já vêm sendo

detectadas anteriormente por meio da observação das atividades elétricas

corticais via EEG.

Fernández et al. (2002), compararam o EEG de um grupo de 46

crianças diagnosticadas com transtornos de aprendizagem não específicos com

outro de 25 crianças normais com idade entre 7 e 11 anos e concluíram que existe

uma diferença significativa entre elas. Crianças com transtornos de aprendizagem

mostraram maior número de ondas teta no lobo frontal, enquanto as normais

apresentaram maior frequência de ondas alfa no lobo occipital.

No Brasil, Fonseca et al. (2006) utilizou análises de imagens de

eletroencefalograma quantitativo de crianças com dificuldade de aprendizagem e

relacionou com resultados da Escala Weschler de Inteligência para Crianças

(WISC-III). O autor conclui que a potência relativa alfa 2 (10 a 12 Hz) foi

significativamente menor em crianças com dificuldade de aprendizagem em

relação ao grupo controle (sem problemas de aprendizagem).

29

Page 30: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Baseada nestes estudos a intervenção com treinamento das

frequências cerebrais por neurofeedback tem como objetivo viabilizar de maneira

progressiva as atividades neurológicas levando à sua gradual normalização

(Mascaro, 2012).

1.2.4 Protocolos de treinamento

Segundo Dias (2010) o plano de treinamento por neurofeedback utiliza

protocolos que são estipulados de acordo com o quadro clínico e a avaliação por

EEG ou, mais recentemente, por EEGq. Os protocolos são essenciais para a

técnica de treinamento. Eles são o reflexo do conhecimento teórico e empírico

demandado por cada caso e fazem parte dos programas de software (exemplo,

BioExplorer ® , BioEra®, NeuroSpectrum ®, dentre outros) utilizados na prática do

neurofeedback. Alguns protocolos possuem vasta utilização, enquanto outros são

adaptações desenvolvidas para casos clínicos mais complexos e/ou com

finalidade experimental. Para o caso do tratamento de TDAH e transtornos de

aprendizagem, por exemplo, há dois protocolos básicos que costumam ser

utilizados em combinação:

Razão Teta/Beta: O treinamento de reforço positivo de padrões pré frontais

em Beta1 (15-20 Hz) e a inibição da atividade na banda Teta (4-7 Hz) que

têm como objetivo melhorar a atenção e a inibição de respostas cognitivas

impróprias;

Ritmo sensório motor (RSM): é baseado no reforço da faixa de 12 a 15 Hz

localizada, exclusivamente, na região do córtex sensório motor, auxiliando o

controle da impulsividade, característica nos casos acompanhados de

hiperatividade. O RSM é associado ao processamento semântico e à

atenção sustentada. Nos treinamentos de neurofeedback com o uso do

protocolo de RSM o que se busca é o reforço da função inibitória do tálamo;

Mais recentemente surgiram protocolos focados no potencial cortical lento

(ou SCP em inglês), um tipo de alteração na voltagem do EEG que é

causado por um evento (potencial evocado por evento) e dura de frações 30

Page 31: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

de segundos a vários segundos, podendo ser controlado voluntariamente.

Para o TDAH este tipo de protocolo visa inibir potenciais de baixa

frequência e/ou reforçar atividades de alta ativação para estimular a

atividade neural no córtex pré-frontal.

31

Page 32: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

OBJETIVOS32

Page 33: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Revisar sistematicamente na literatura as pesquisas sobre o uso do

neurofeedback no tratamento dos transtornos de aprendizagem.

2.2 Objetivos específicos

Levantar quais os tipos de técnicas de neurofeedback estudadas para o

tratamento de transtornos de aprendizagem;

Descrever a eficácia dos programas de intervenção por neurofeedback para

o controle e tratamento dos transtornos de aprendizagem.

33

Page 34: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

MÉTODO34

Page 35: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

3. MÉTODO

3.1 Busca bibliográfica

A estratégia de busca incluiu as seguintes bases de dados:

Medical Literature Analysis and Retrieval System Online - MEDLINE

(produzida pela Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos da

América) (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed);

PROQUEST GERAL (http://search.proquest.com);

PROQUEST DISSERTATIONS AND THESES

(http://search.proquest.com/pqdtft);

EMBASE (http://www.embase.com);

WEB OF SCIENCE (http://sub3.webofknowledge.com);

SCIENCE DIRECT (http://www.sciencedirect.com).

Para a realização das buscas foram utilizados os seguintes descritores

e possíveis combinações (Quadro 3):

Quadro 3. Relação de palavras chave para a busca de artigos

Neurofeedback

EEG biofeedback

Transtornos de aprendizagem

Learning disabilities

3.2 Critérios de inclusão e exclusão

Após a identificação e localização dos trabalhos, os critérios de inclusão

dos artigos foram:

Utilização de técnicas de neurofeedback para o tratamento de transtornos

de aprendizagem;

35

Page 36: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Utilização da técnica em seres humanos;

Artigos na línguas: português, inglês e espanhol.

Os critérios de exclusão foram:

Utilização de biofeedback simples (sem EEG);

Resumos de artigos em Congressos;

Utilização de neurofeedback em animais;

Transtorno de déficit de atenção TDAH;

Revisões bibliográficas;

Distúrbios de personalidade;

Retardo mental;

Síndrome de Asperger;

Autismo;

Parâmetros de diagnósticos;

Transtorno Obsessivo Compulsivo -TOC;

Funções motoras;

Hipnose;

Pessoas saudáveis;

Caracterização de fenótipos por QEEG;

Traumatismo craniano.

3.3 Instrumento de análise dos artigos

Após a randomização dos artigos, os mesmos foram analisados de

acordo com o protocolo indicado no Quadro 4.

36

Page 37: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Quadro 4. Protocolo de análise dos artigos.

PROTOCOLO DE ANÁLISE DOS ARTIGOS

1-IDENTIFICAÇÃO DO ARTIGO

Autores

Periódico

Ano da Publicação

País

2-OBJETIVOS

3-ASPECTOS METODOLÓGICOS

Tipo do artigo

Estudo de caso

Artigo original

Tese/ Dissertação

Desenho do estudo Caso controle

Outro tipo? Qual?

Não se aplica

Participantes Número total/ Sexo

Idade média

Grupo controle

Follow up

Não se aplica

Tipo de transtorno de aprendizagem Leitura

Matemática

Expressão escrita

Não específico

4- INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

WISC III

TOVA

Exame neurológico

EEG

Entrevista com pais ou professores

5- PROGRAMA DE INTERVENÇÃO

Protocolo ↓razão teta-alfa

↑14 Hz sensório motor

↑ coerência

Individualizado

37

Page 38: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Quantidade de sessões

6-RESULTADOS

7- CONCLUSÃO

Após a análise dos artigos por meio de protocolo, os dados foram

tabulados em planilha do Excel e analisados estatisticamente. Foi realizada

estatística descritiva e os resultados serão apresentados por meio de tabelas de

frequência e quadro de síntese.

38

Page 39: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

39

Page 40: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

RESULTADOS

4. RESULTADOS

Na sequência serão apresentados os resultados das análises

realizadas com os artigos mediante os objetivos propostos para esse trabalho.

Como o objetivo deste trabalho foi uma revisão da literatura sobre o uso

de neurofeedback para o tratamento de transtornos de aprendizagem foi realizada

a seguinte combinação de descritores: neurofeedback (ou EEG biofeedback) e

transtornos de aprendizagem (em inglês, learning disabilities).

Na Tabela 1 podemos verificar a relação dos descritores utilizados, o

total de resultados encontrados, quais foram selecionados de acordo com o

resumo e os que finalmente foram incluídos em cada base de dados, seguindo os

critérios de inclusão/exclusão.

Tabela 1. Quantidade de seleção em cada base de dados.

Base de

DadosDescritores Total Selecionados Incluídos

PubMed ((neurofeedback) OR EEG biofeedback) AND

learning disabilities

34 11 9

Proquest

Central

((neurofeedback) OR EEG biofeedback) AND

learning disabilities

149 17 4

Embase ((neurofeedback) OR EEG biofeedback) AND

learning disabilities

11 3 1

Web of

Science

((neurofeedback) OR EEG biofeedback) AND

learning disabilities

13 3 1

Science

Direct

((neurofeedback) OR EEG biofeedback) AND

learning disabilities

187 2 2

40

Page 41: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Total 394 36 17

A Figura 2 mostra a quantidade geral de estudos encontrados de

acordo com os descritores e os artigos selecionados pelos critérios de inclusão e

exclusão. Foi realizada verificação dos títulos e resumos dos 394 trabalhos, tendo

em vista os objetivos da presente revisão. Deste processo, foram selecionados 36

trabalhos a partir da análise de resumos. Por fim foram incluídos 17 trabalhos (16

artigos e uma dissertação de mestrado) que passaram pelos critérios de inclusão

e exclusão definidos para a revisão. Todos os 17 trabalhos abordaram o estudo do

uso de neurofeedback no tratamento dos transtornos de aprendizagem.

Figura 3. Quantidades de artigos encontrados e selecionados.

Dos trabalhos selecionados para essa pesquisa, as datas de publicação

variaram entre os anos de 1981 a 2012. Os anos de 2004, 2006 e 2011 foram os

de maior prevalência, com dois estudos em cada um. Na Tabela 2 podemos

observar a distribuição de frequência de cada ano de publicação dos trabalhos

analisados.

41

394 citações ENCONTRADAS com base nos descritores

selecionados

36 trabalhos SELECIONADOS para

análise inicial

17 artigos ESCOLHIDOS com base nos critérios de

elegibilidade

19 artigos EXCLUÍDOS com base nos critérios

de elegibilidade

358 trabalhos EXCLUÍDOS a partir

da análise de resumos

Page 42: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Tabela 2. Distribuição de frequência dos anos dos trabalhos analisados.

Ano f %1981 1 5,91984 1 5,91985 1 5,91991 1 5,91994 1 5,91996 1 5,92003 1 5,92004 2 11,72005 1 5,92006 2 11,72007 1 5,92009 1 5,92011 1 5,92012 2 11,7

Total 17 100

Legenda: f: frequência; %: porcentagem

Conforme demonstra a Tabela 3, quanto ao país de origem das

publicações, 47% (n=8) são dos Estados Unidos, 17% (n=3) são do México, 12%

(n=2) são da Holanda, 12% (n=2) são do Canadá, 6% (n=1) da Irlanda do Norte e

6% (n=1) do Irã.

Tabela 3. Distribuição de frequência dos países de origem dos trabalhos

analisados.

País f %Estados Unidos 8 47México 3 17Canadá 2 12

42

Page 43: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Holanda 2 12Irlanda do Norte 1 6Irã 1 6Total 17 100

Legenda: f: frequência; %: porcentagem.

Com relação ao tipo de estudo, 47% (n=8) foram estudos de caso,

enquanto 6% (n=1) foi estudo de caso com follow up (seguimento). Estudos com

grupo controle foram 23% (n=5) e os de grupo controle com follow up foram 12%

(n=2). Por fim, 6% (n=1) foi exclusivamente follow up (Tabela 4).

Tabela 4. Frequência e percentual dos tipos de estudos.

Tipo de Estudo f %

Estudo de Caso 8 47

Estudo de Caso e Follow Up 1 6

Caso Controle 5 29

Caso Controle e follow up 3 18

Total 17 100

Legenda: f: frequência; %: porcentagem

O Quadro 5 apresenta uma síntese baseada no protocolo de análise,

dos 17 trabalhos utilizados para essa pesquisa, especificando o autor e ano de

publicação, objetivos, a população estudada, os transtornos, a avaliação usada

para o diagnóstico, o protocolo de treinamento, a quantidade de sessões e os

principais resultados.

43

Page 44: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Quadro 5. Análise de artigos de acordo com protocolo.

ESTUDO, ANO e PAÍS

OBJETIVOPOPULAÇÃO,

TRANSTORNOSAVALIAÇÃO

PROTOCOLO DE INTERVENÇÃO E QUANTIDADE DE

SESSÕES

PRINCIPAIS RESULTADOS

- Cunningham e Murphy- 1981- Estados Unidos

Avaliar se o treino bilateral por EEG biofeeedback pode manipular a os índices verbal, viso-espacial, e de pensamento criativo.

- 24 adolescentes do sexo masculino com idade média entre 13,08- 17,91 anos.- Transtornos de aprendizagem

-WISC- WRAT- Durrell Analyses of Reading Dificulties-EEG- Avaliação psicológica

↑ frequência de EEG hemisfério direito e ↓ hemisfério esquerdo

-8 sessões semanais de 21 minutos cada.

- ↑ notável na aritmética.- Nenhuma alteração em índice verbal, visoespacial ou criativo.

-Tansey-1984- Estados Unidos

Verificar a hipótese de que o treinamento por EEG biofeedback em 14 Hz pode aumentar a transação bilateral sensório motora do córtex rolândico e reduzir os transtornos de aprendizagem.

- 6 meninos com idade entre 10 anos e 2 meses e 11 anos e 10 meses - Histórico de transtornos de aprendizagem.

- WISC (1974)- EEG

↑ 14Hz (ritmo sensório motor) em CZ- (1x/semana) com duração de 30 minutos- Quantidade de sessões variaram para cada caso.

-↑ QI verbal- ↑ QI escala completa- Redução da diferença entre escores verbais/realização -Todos os participantes obtiveram ganhos- ↑ Relação bilateral sensório motora - ↑Substancial da remediação dos TAs.

-Tansey- 1985- Estados Unidos

Verificar a hipótese de que o treinamento por EEG biofeedback em 14 Hz pode aumentar a transação bilateral sensório motora do córtex rolândico e reduzir os transtornos de aprendizagem.

- 8 meninos entre 7 e 15 anos com - hiperatividade, comprometimento neurológico e perceptual.

- WISC-R- EEG

↑ 14Hz (ritmo sensório motor) em CZ - (1x/semana) com duração de 30 minutos- Quantidade de sessões variaram para cada caso

-↑ simetria na interação inter hemisférica refletindo em ↑função cortical superior- meninos deixaram de ter transtornos de aprendizagem.

-Tansey-1991- Estados Unidos

Descrever as características clínicas de crianças com transtornos de aprendizagem tratadas com sucesso por EEG biofeedback com ênfase na mudança em avaliação via

- 21 meninos e 3 meninas com idade entre 7anos e 4 meses a 15 anos e 6 meses.

- histórico de transtornos de aprendizagem

- WISC-R

- EEG biofeedback training "brainwavesignatures"

↑ 14Hz e ↓ 7Hz no córtex central e sensório motor.

- 27,9 sessões em média(1x/semana) com duração de 40 minutos.

↑QI escala completa,

↑QI verbal

44

Page 45: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Wechsler (Wisc-R)

-Packard-1994- Estados Unidos

Determinar se o treino de EEG neurofeedback é eficiente na produção de aumento significativo em realizações, QI, e outras aquisições em crianças com transtornos de aprendizagem

4 crianças com transtorno de aprendizagem. 3 das crianças com TDAH também.

-Wisc III-Woodcock- Johnson Test of Achievement Revised- TOVA-EEG(teta e beta)-CPRS-48 (Conner´s Parent Rating Scale Scores)-Mc Carney Attention Deficit Disorders Evaluation Scale Home Version-Piers Harris Child Self Concept Scale-Entrevista com professores

↑ 15-18Hz em Cz↑ 12-15 Hz em Cz nas crianças com TDAH

-24 sessões de 2x/ semana

-↓ da hiperatividade- ↑ da atenção.- ↑ da auto estima- Das 3 crianças com TDAH, 2 não foram mais classificadas como portadoras de TDAH

-Linden et al.- 1996- Estados Unidos

-Decifrar os efeitos do treino por neurofeedback em comparação com um grupo controle que não recebe u o tratamento- Fazer um controle de quantidade padronizada de sessões- Replicar estudos anteriores usando o mesmo tipo de tratamento e medidas dependentes

18 participantes. 9 meninos e 9 meninas entre 5 e 15 anos. 6 pessoas com transtornos de aprendizagem e 12 com TDAH

-TOVA- IOWA- Conners Behavior Rating Scale-MANOVA- Entrevista com pais e professores- Avaliação psicológica

↓razão teta-alfa

-40 Sessões de 40-45 minutos durante 6 meses

↑ QI escala K-Bit grupo experimental. ↓significativa nos comportamentos de desatenção

-Fernández et al.- 2003-México

Comparar mudanças no EEG e no comportamento de crianças submetidas ao tratamento por NFB em comparação com um grupo controle.

- 10 crianças com TA

-TOVA- WISC- EEG

- ↓razão teta/alfa- 20 sessões (30') 2X semana

↑ significativa no WISC no grupo experimental que não foi observado no grupo de controle.↑ maturação no EEG no grupo experimental

- Orlando e Rivera- 2004- Estados Unidos

Verificar se o neurofeedback pode melhorar a leitura básica, a compreensão leitora, a leitura composta e o score de QI.

-14 crianças com transtornos de aprendizagem

WISC III para o teste de QI prévio e WASI 1999 para avaliação posterior.

- Uso de mapa cerebral para a definição de protocolo

↑ pontuação em testes de leitura

- Fisher- 2004- Estados Unidos

Relatar um estudo de caso

1 adulto de 27 anos com dislexia severa

-EEG - ↑ ondas alfa no hemisfério direito- ↓ excitação do lado direito

↓ Sintomas da dislexia↓ comorbidades:Insônia, depressão,consumo

45

Page 46: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

- ↑ excitação no lado esquerdo- ↓ excesso de ondas lentas- ↓ excesso de ondas rápidas

- 30 sessões de 30 minutos

excessivo de álcool, agressividade

- Jacobs- 2005- Irlanda do Norte

Descrever a aplicação de neurofeedback em uma clínica com duas crianças que manifestavamdiagnósticos múltiplos incluindo transtornos de aprendizagem, TDAH, desordens de déficits sociais, de humor e transtornos gerais do desenvolvimento

2 meninos:- 15 (Caso1)- 10 anos (Caso 2)Caso 1:- Transtornos de aprendizagem não verbal-TDAH-desordens de déficits sociais-transtornos de humor /bipolar-transtornos gerais do desenvolvimento.

Caso 2:- déficit no hemisfério esquerdo- Transtorno de aprendizagem não verbal-Distúrbio de ansiedade

Caso 1:- SymptomAssessment–45 Questionnaire (SA-45; Strategic Advantage, Inc.,1966)Caso2:- Avaliação neurofisiológica

Caso 1: Individualizado e variável, com ênfase em↓ 0-2 Hz↓ 22-30 Hz↑ 12-15Hz

Caso 2: Individualizado e variável, com ênfase em

↓ 0-2 Hz↓ 22-30 Hz

-40 sessões (Caso 1)

-39 sessões (Caso2)

↑em todas as medidas de testes.

↑ em todos os sintomas apresentados.

- Becerra et al- 2006- México

Apresentar evidências da eficácia a longo prazo da intervenção com neurofeedback em crianças com transtorno de aprendizagem 2 anos após a intervenção.

5 crianças (1 menina) no grupo experimental entre 9,8 e 12,58 anos e 4 crianças (1 menina) entre10,33 e 14,33 anos no grupo controle-Todos com transtornos de aprendizagem não específicos.-Todos com uma razão anormal de teta/alfa em EEG.

Avaliações reaplicadas 2 anos depois:

-TOVA-WISC-R-Entrevista com os pais-Exame neurológico-Gravação e análise de EEG

↓ razão teta/alfa

- 20 sessões (30') 2X semana

Após 2 anos:- ↑significativo QI no grupo experimental-Nos dois grupos os resultados verbais caíram.-↑ resultados do TOVA no grupo experimental.- 4 das 5 crianças não apresentaram mais transtornos de aprendizagem no grupo experimental.

- Walker e Norman- 2006- Canadá

Relatar as implicações do neurofeedback em pessoas com dislexia para tornar a aprendizagem da leitura mais fácil

- 2 indivíduos com 9 (caso II) e 15 anos (caso I). - Dislexia

-QEEG (inclusive em momentos de leitura)- Avaliação dos professores de leitura

-↑16-18Hz em T3-↑ índices baixos anormais de EEG-↓ índices altos anormais de EEG

- 30sessões no caso I - 53 sessões no caso II

Os dois apresentaram melhora em pelo menos dois níveis em velocidade e compreensão de leitura

- Fernández et al.- 2007- México

Explorar os efeitos do neurofeedback no EEG de crianças com transtornos de aprendizagem e corroborar suas consequências benéficas para o comportamento

11 crianças , dentre elas 6 meninas entre 7,16 e 10,68anos (grupo experimental) e 5 crianças entre 7,83 e 11,36anos (grupo controle), todas com transtornos de aprendizagem não específico

-WISC-R,-TOVA-EEG- Entrevista com pais

↓ razão teta/alfa para o grupo experimental e placebo para o controle

-20 sessões de 30' cada.

-↓ teta, principalmente na regiões esquerda do lobo frontal e do córtex cingulado.-↑alfa no lobo temporal direito e na região frontal direita.-↑ beta no lobo temporal esquerdo, direito frontal e no córtex cingulado.- As mudanças observadas no EEG

46

Page 47: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

e cognição. refletiram tanto em melhoras cognitivo quanto comportamentais.

- Breteler et al - 2009- Holanda

Reduzir o déficit de leitura e soletração em crianças com dislexia através do uso de neurofeedback

-19 crianças com dislexia divididas em dois grupos. Grupo experimental (n=10) e grupo controle(n=9)11 meninos e 8 meninas.-Média de idade de 10,33anos

-- Testes com tarefas de leitura rápida de nomeação de letras, articulação e eliminação de fonemas e soletração. (Wentink and Verhoeven 2003)- QEEG

Protocolos usados de acordo com a avaliação individual:-↑ delta em T6-↑ da coerência em alfa ou beta em F7/FC3 ou F7/C3-↑ da coerência entre T3/T4- 20 sessões num prazo de 10 semanas

- Avanços em ortografia.- Sem avanços em habilidade de leitura.

- Breteler- 2011- Holanda

Relatar o tratamento de um menino de 10 anos com agitação física e mental em consequência de dislexia.

1 menino de 10 anos com dislexia

-QEEG-Quick Assesment-DASSAvaliação neuropsicológica

-Ritmo sensório motor em C4 com olhos abertos- ↓ Teta 1 em F7-↓ da coerência de delta em Fp1 e Cp3-↓ teta 1 e 11-12,5 Hz em T4-Protocolo de ativação cerebral com olhos fechados

-↑concentração.-Obteve alta na aula de reforço.- A ortografia melhorou consideravelmente- Os pareceres da educação continuada mudaram de "vocacional" para "ensino médio".↓ comorbidades

- Nazari et al.- 2012- Irã

Avaliaras melhorias na capacidade de leitura e consciência fonológica, alterações no EEG em criançascom dificuldades de leitura, como resultado do treino com neurofeedback

6 crianças com idade entre 8 e 10 anos com dislexia

-QEEG- WISC-III

- Reading Disability Checklist

- ↓delta (1-4 Hz) e teta (4-8 Hz) em T3 e F7

- ↑beta (15-18 Hz) em T3 e F7

- 20 sessões de 30'

↑significativa em habilidades de consciência fonológica e de leitura

- Walker- 2012- Canadá

24 indivíduos destros com disgrafia.2 indivíduos avaliados não fizeram o treino com neurofeedback

-QEEG-Checklist ofWritten Expression, Table 20–7, Penmanship (Suttler, 1992)

Protocolos usados de acordo com a avaliação individual:- ↓ondas lentas (2–7 Hz or 8–12 Hz) em F3 e C3- ↓ ondas rápidas (21–30 Hz) em F3 e C3

-10 sessões de 20 minutos divididas em 5 para F3 e 5 para C3

- ↑significativo da caligrafia (soletração) em todos

47

Page 48: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

DISCUSSÃO

Page 49: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

5. DISCUSSÃO

Dentre os 394 trabalhos encontrados na busca bibliográfica, foram

selecionados 36 trabalhos de acordo com os critérios de inclusão e exclusão

definidos. Em seguida foram selecionados 17 trabalhos que passaram pela leitura

dos títulos, resumos e textos.

Se considerarmos que este é o valor total de estudos, sem restrição de

tempo e realizados mundialmente veremos que é uma quantidade reduzida. Por

outro lado, a quantidade de estudos se modificou ao longo do tempo, mostrando

uma tendência de crescimento. Com relação aos anos de publicação dos

trabalhos estudados, a distribuição está entre os anos de 1981 a 2012. Se

analisarmos os primeiros quinze anos (a primeira metade do tempo levantado)

podemos ver que 6 (35%) dos estudos foram publicados neste período

(Cunningham e Murphy, 1981; Tansey, 1984; Tansey, 1985; Tansey, 1991;

Packard, 1994; Linden et al., 1996). Nos últimos 15 anos do levantamento (a

segunda metade do tempo), foram realizados 11 estudos (65%) (Fernández et al.,

2003; Fisher, 2004; Orlando e Rivera, 2004; Jacobs, 2005; Becerra et al., 2006;

Walker e Norman, 2006; Fernández et al., 2007; Breteler et al., 2009; Breteler,

2011; Nazari et al., 2012; Walker, 2012). Isso demonstra que os estudos sobre o

tema quase dobraram nos últimos 15 anos. Se considerarmos somente a última

década, veremos que a média passou a ser de um estudo por ano. Apesar de não

ser ainda um número considerado ideal, demonstra um aumento expressivo na

quantidade de estudos, ou seja, uma busca crescente em consolidar

cientificamente este tipo de procedimento.

Com relação ao local de origem, o país que realizou mais estudos

foram os Estados Unidos, com 8 estudos (47%) (Cunningham e Murphy,1981;

Tansey, 1984; Tansey, 1985; Tansey, 1991; Packard, 1994; Linden et al., 1996;

Orlando e Rivera, 2004; Fisher, 2004) , ou seja, quase a metade dos estudos

levantados. Em segundo lugar se encontra o México, com 3 estudos (17%)

(Fernández T et al., 2003; Becerra et al., 2006; Fernández et al., 2007). O Canadá

realizou 2 estudos (12%) (Walker e Norman, 2006; Walker, 2012) e a Holanda

49

Ricardo, 14/02/13,
Talvez a discussão devesse iniciar por aqui, pois segue a ordem de apresentação dos resultados.Falar sobre os anos, paises e tipo de estudo e depois começar a descrever os estudos considerando o método usado e depois a eficácia.Creio que os estudos podem ser um pouco melhor descritos ao leitor, considerando o desenho do estudo, pois para quem não leu, não fica muito claro como ele foi feito, quem participou, o diagnóstico, os materiais usados, metodo e por fim, resultados.
Page 50: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

realizaram dois estudos (12%) (Breteler et al.,2009; Breteler, 2011). A Irlanda do

Norte foi responsável por 1 estudo (6%) (Jacobs, 2005) e o Irã por mais 1(6%)

(Nazari et al., 2012).

Se fizermos uma análise paralela entre os anos e países de origem

poderemos observar que, nos primeiros 15 anos ( a primeira metade do tempo) o

único país que realizou os estudos foram os Estados Unidos (Cunningham e

Murphy,1981; Tansey, 1984; Tansey, 1985; Tansey, 1991; Packard, 1994; Linden

et al., 1996), enquanto nos últimos 15 anos, porém, os Estados Unidos realizaram

somente 2 estudos (Orlando e Rivera, 2004; Fisher, 2004), tendo ocorrido uma

diversificação de países neste período.

Com relação ao método utilizado, a maior parte deles, 53%, (n=9)

foram relatos de caso (Tansey ,1984; Tansey, 1985; Tansey, 1991; Packard,

1994;, Fisher, 2004; Jacobs, 2005; Walker e Norman, 2006; Breteler, 2011; Nazari

et al., 2012). Os estudos que utilizaram grupo controle foram 47% (n=8),

(Cunningham e Murphy, 1981, Linden et al., 1996; Fernández et al, 2003; Orlando

e Rivera, 2004; Becerra et al., 2006; Fernández et al., 2007; Breteler et al., 2009;

Walker, 2012).

Se considerarmos todos os estudos levantados percebemos que os

relatos de casos foram a maioria, mas é possível notar, também, que estes dados

se modificaram ao longo dos anos, demonstrando uma alteração na tendência

original. Nos primeiros 15 anos os estudos de caso foram 4 (66%) (Tansey, 1984;

Tansey, 1985; Tansey, 1991; Packard, 1994), enquanto os de caso controle foram

somente 2 (44%), (Cunningham e Murphy, 1981; Linden et al., 1996). Nos 15 anos

finais, porém, dos 11 trabalhos realizados, 6 (54%) utilizaram caso controle

(Fernández et al, 2003; Orlando e Rivera, 2004; Becerra et al., 2006; Fernández

et al., 2007; Breteler et al., 2009; Walker,2012), enquanto 5 (46%) foram relatos de

casos (Fisher, 2004; Jacobs, 2005; Walker e Norman, 2006; Breteler, 2011; Nazari

et al.,2012). Dentre os estudos de grupo controle, 2 (25%) deles passaram ainda a

incluir, o uso de placebo; (Fernández et al, 2003; Fernández et al. 2007). Isso

demonstra um aumento na qualidade das pesquisas, que começaram a incluir,

nos últimos anos, o uso de grupos controle e de placebo.

50

Page 51: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Nos últimos 6 anos surgiu uma nova variação de pesquisa: os

acompanhamento longitudinais de resultados, chamados em inglês de follow up.

Neles se faz uma reavaliação dos resultados após um período de tempo do

término das intervenções. Para estes mesmos 6 últimos anos, de um total de 7

trabalhos, 4 (57%) deles foram de follow up, (Becerra et al., 2006; Fernández et

al., 2007; Nazari et al., 2012; Walker,2012).

O primeiro artigo (Cunningham e Murphy,1981) foi feito nos Estados

Unidos. Seu objetivo foi analisar se os índices de pensamento verbal, visoespacial

e criativo poderiam ser manipulado por um procedimento bilateral de EEG

biofeedback. 24 adolescentes diagnosticados com transtornos de aprendizagem

foram separados em 3 grupos. No primeiro grupo o protocolo utilizado visava o

treinamento para diminuir a frequência do hemisfério cerebral esquerdo e

aumentá-la do lado direito. Em um segundo grupo o objetivo foi diminuí-la nos dois

hemisférios. Foram utilizadas duas montagens de eletrodos de dois canais ativos

em T3,P3 e T4,P4. Um terceiro grupo, de controle, não foi submetido ao treino,

tendo permanecido em uma sala de aula de reforço no mesmo período de tempo

dos outros grupos. Para avaliação prévia e posterior o estudo usou três tipos de

categorias de variáveis dependentes: linha de base de EEG, medida de EEG em

tarefa e os resultados dos testes ( WISC, WRAT, Durrell Analyses of Reading

Dificulties). Foram realizadas 8 sessões semanais ao todo. O treino produziu

alterações nos resultados de EEG na suposta disfunção do hemisfério esquerdo e

teve um impacto na excitação em tarefa, sugerindo um potencial de remediação

para o possível déficit hemisférico em TA. O treino do hemisfério direito para

aumentar excitação e no esquerdo para abaixar excitação resultou em um notável

aumento em aritmética com relação ao grupo controle, mas não mostrou efeito em

habilidades verbais, visoespaciais e criativas. A explicação dada pelos autores foi

que o hemisfério direito é responsável pela capacidade espacial, um pré requisito

importante para as habilidades aritméticas. O grupo treinado para diminuir a

excitação nos dois hemisférios conseguiu reduzi-la somente no hemisfério

esquerdo. A conclusão do artigo foi que o treino por EEG biofeedback, impacta o

substrato neuropsicológico da aprendizagem, é uma promessa de alívio de

51

Page 52: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

sintoma de algumas dificuldades cognitivas encontradas em estudantes com TAs.

Este tipo de protocolo não foi repetido em outros estudos encontrados nesta

revisão.

Tansey (1984) fez um estudo nos Estados Unidos que partiu do

pressuposto de que o aumento da descarga de 14Hz no córtex rolândico (RSM)

aumentaria a transação hemisférica bilateral do córtex sensório motor, resultando

em redução/remediação de TAs. O estudo foi feito com 6 meninos com idade

entre 10 e 11 anos com histórico de transtornos de aprendizagem. As avaliações

utilizadas antes e depois do término dos treinos foram o EEG e o WISC (1974). O

eletrodo foi colocado 3,8 cm atrás do ponto denominado Cz, segundo o sistema

internacional 10/20 de colocação de eletrodos. Um eletrodo de referência foi

colocado no lóbulo da orelha direita e outro eletrodo foi colocado na orelha

esquerda para fazer a função de fio terra. Reforços sonoros foram utilizados para

estimular o aumento da amplitude de 14 Hz neste local. Os treinos ocorriam

semanalmente com duração de 30 minutos. A quantidade de sessões variou para

cada caso. O aumento médio da amplitude do RSM foi de 137,6%. Nos testes de

QI o aumento do grupo foi de mais de 3,5 pontos em QI verbal, mais de 9,5 pontos

em QI de realização e mais de 7 pontos em QI de escala completa. Dentre as

limitações deste estudo estão: a amostra limitada de somente 6 pessoas, ausência

de grupo controle, intervenção efetuada em um grupo motivado por um serviço

pago e a realização das avaliações posteriores foram efetuadas pelo autor.

Tansey (1985) realizou um novo estudo, também nos Estados Unidos,

com a mesma técnica utilizada no relato anterior. Desta vez a população foi de 8

meninos, com idade entre 7 e 15 anos. Os diagnósticos incluíram hiperatividade,

comprometimento neurológico e perceptual. Os diagnósticos de TA vinham

prontos, pois eram alunos encaminhados de classes especiais para crianças com

problemas neurológicos. 6 deles haviam sido formalmente diagnosticados como "

neurologicamente comprometidos" e 2 tinham um pré-diagnóstico de

hiperatividade e com comprometimentos perceptuais. Uma diferença entre as

duas técnicas foi de que, neste estudo, ele incluiu a gravação de 5 bandas de

ondas (5 Hz, 7 Hz, 10 Hz, 12 Hz and 14 Hz), o que ele denominou de assinaturas

52

Page 53: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

de ondas cerebrais. Os treinos ocorreram semanalmente com duração de 30

minutos. A quantidade de sessões variou para cada caso. Os resultados

replicaram os anteriores, em que, novamente foram feitas avaliações de EEG e

WISC-R. Todos tiveram aumento no RSM e nas pontuações de QI. Foi relatado

também que em 3 casos houve remediação visuomotora. O autor ressaltou que

quatro indivíduos com um QI verbal significativamente maior do que o QI de

realização, ou maior QI de realização maior do que verbal, apresentaram nada

menos do que 40% de aumento na menor das pontuações, indicando que o

procedimento de treinamento do RSM também resultou em um aumento da

simetria entre os hemisférios refletindo num aumento das funções corticais

superiores. Segundo o autor, todos os meninos deixaram de apresentar TA. As

limitações também foram as mesmas do estudo anterior, ou seja, grupo pequeno

de crianças, motivada por serviço pago, sem o uso de grupo controle e com pós

testes realizados pelo próprio autor.

Tansey (1991) fez um terceiro estudo, agora com 24 crianças e

adolescentes com idade entre 7 e 15 anos que se submeteram ao mesmo

treinamento de aumento do RSM. Dessas 24 crianças, 11 foram diagnosticadas

primariamente, pela equipe de reforço escolar que frequentavam, como portadoras

de distúrbios neurológicos, 11 foram diagnosticadas como portadoras de distúrbios

de percepção e 2 com TDAH. Ele utilizou a uma técnica semelhante a dos estudos

anteriores (Tansey,1984; Tansey, 1985), mas, além de reforçar as ondas de 14

Hz, ele também treinou para inibir as ondas de 7 Hz próximas a Cz. As sessões

foram semanais e duravam 40 minutos. A quantidade média de sessões foi de

27,9. Como resultado houve mudanças significativas nas assinaturas de ondas

cerebrais e também aumento de pontuação de QI. 22 dos 24 participantes

ganharam um aumento de pelo menos um desvio padrão (15 pontos) na escala

completa de QI. Uma diferença nas limitações dos estudos anteriores para este foi

que o autor não foi mais o responsável pelas avaliações do WISC, tornando o

teste duplo cego e a amostra foi maior do que nos estudos anteriores. Os

resultados obtidos replicaram os dois estudos anteriores do mesmo autor.

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Page 54: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Packard (1994) em sua dissertação de mestrado pela Northern Arizona

University, nos Estados Unidos, analisou os efeitos do NFB em 4 crianças

diagnosticadas com transtorno de aprendizagem. Dentre elas 3 também

apresentavam diagnóstico de TDAH. O protocolo utilizado foi o mesmo analisado

até agora, ou seja, aumento do RSM. O objetivo deste estudo foi verificar se o

NFB administrado duas vezes por semana por 20 semanas aumentaria a

pontuação de, QI e outras medidas relacionadas ao TA. Os testes usados foram o

WISC III, Mc Carney Attention Deficit Disorders, Woodcock- Johnson Test of

Achievement Revised, Test of Variables Attention (TOVA), coleta de EEG (Teta e

Beta), Conner´s Parent Rating Scale Scores (CPRS-48), Piers-Harris Child Self-

Concept Scale (instrumento utilizado para medir auto estima) e estudo de caso

com dados coletados junto à escola e família. Os principais resultados foram

aumento da atenção, diminuição da hiperatividade e aumento da auto-estima. As

limitações também foram as mesmas do estudo anterior, ou seja, grupo pequeno

de crianças, motivada por serviço pago, sem o uso de grupo controle e com pós

testes realizados pelo próprio autor. As limitações deste estudo foram: amostra

pequena (n=4), ausência de grupo controle, escolha de população não foi

randomizada de uma população da cidade e sim de uma população que

respondeu ao anúncio do jornal.

Linden et al. (1996), em um estudo nos Estados Unidos, relata a

intervenção com 18 crianças e adolescentes com idade entre 5 e 15 anos. Dentre

as 18, 12 foram diagnosticados com TDAH e TA e 6 somente com TA. Todas

foram diagnosticados pelos critérios do DSM III-R, coletados através de história

familiar, escalas de avaliação de comportamento feita pelos professores, escalas

de Avaliação do Comportamento feita pelos pais, entrevista com a família, história

de desenvolvimento, e testes psicoeducacional incluindo inteligência e testes de

desempenho. As crianças que tinham retardo mental, depressão, distúrbios de

ansiedade e transtornos de adaptação como um diagnóstico principal foram

excluídos. Nenhuma tomava medicação para TDAH , nem fazia qualquer

tratamento para isso. O autor relata que estudos anteriores mostraram resultados

positivos, mas não utilizaram grupos controles apropriados, por isso os objetivos

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Page 55: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

deste estudo seriam decifrar os resultados do treino por NFB em comparação com

um grupo controle sem o treinamento, fazer um estudo com quantidade

padronizada de sessões e replicar outros estudos anteriores usando um tipo de

treinamento parecido. Os integrantes foram divididos em grupos iguais de

treinamento e grupo cotrole. O grupo de treinamento recebeu duas sessões

semanais de NFB por 20 semanas. Os testes de QI foram feitos antes e depois de

seis meses do término do treinamento. Teste cego. As sessões de EEG

biofeedback foram de 45 minutos de duração e consistiam na fixação do eletrodo

em Cz, com referência em Pz. O protocolo consistia em diminuir a razão teta/alfa.

Os treinos eram divididos em segmentos de 3 a 10 minutos: No primeiro com os

olhos abertos enquanto recebiam reforço visual e auditivo, o segundo com uma

tarefa de leitura de livros apropriados para a idade e o terceiro treino ocorria

enquanto um assistente lia o material apropriado para a idade deles. O grupo

controle não recebeu treinamento por NFB. Foram feitas 40 sessões de 45

minutos cada uma. Os resultados foram aumento no índice de QI e diminuição dos

comportamentos de desatenção. A conclusão dos autores foi de que o aumento

nos índices de QI podem ser consequência da melhora no quadro atencional.

Houve ausência de dados de EEG, não permitindo efetuar a conclusão de que o

treinamento de EEG biofeedback foi o elemento responsável nas observações de

mudanças. Os autores acreditam que, com o treino, a maioria deles tenha

aprendido a aumentar amplitudes beta e diminuir amplitudes teta. No entanto, na

ausência de dados de EEG, não é possível efetuar a conclusão de que o

treinamento foi o elemento responsável nas observações de mudanças. Embora

os aumentos significativos de QI e melhorias na classificação dos comportamento

do estudo serem consistentes com relatos de estudos anteriores, onde a

aprendizagem foi demonstrada, estes resultados podem ter ocorrido por uma série

de razões não relacionadas com o treinamento de NFB em si.

Fernández et al. (2003) realizou um estudo no México onde foram

selecionadas 10 crianças com idades entre 7-11 anos, sendo 2 do sexo feminino

dentre mais de 80 crianças que se apresentaram com problemas acadêmicos.

Todas elas não poderiam apresentar distúrbios neurológicos ou psiquiátricos,

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Page 56: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

exceto a presença de transtornos de aprendizagem não especificados, sem

importantes alterações em suas tomografia computadorizada do cérebro. Seus

escores de QI eram de pelo menos 70, e eles não tinham graves distúrbios

socioculturais. Todas elas apresentavam uma razão anormalmente elevada de

teta/alfa para a sua idade, e nenhuma atividade paroxística na frequência alfa.

Todas as crianças eram voluntárias; o consentimento dos pais foi obtido em todos

os casos. Os testes aplicados para avaliação foram o TOVA o WISC e o

levantamento do EEG. Após a aplicação dos testes elas foram classificadas em

dois grupos, os quais não diferiram das médias de idade, sexo, QI, pontuação no

TOVA, e renda per capita em da família. No grupo experimental, o NFB foi

aplicado na região com maior razão teta/alfa. Um som era provocado cada vez

que a razão descia abaixo de um valor limiar. Um reforço não contingente foi dado

ao grupo controle. O grupo de controle recebeu um tratamento com placebo.

Vinte sessões de meia hora foram aplicadas 2 vezes por semana. No final das 20

sessões, o TOVA, WISC e EEG foram medidos novamente. Houve uma melhoria

significativa no desempenho do WISC no grupo experimental que não foi

observado no grupo controle. A conclusão do estudo foi de que todas as

alterações observadas no grupo experimental e não observados no grupo de

controle indicam um melhor desempenho cognitivo e a presença de uma maior

maturação no EEG no grupo experimental, o que sugere que as alterações

ocorreram não apenas pelo desenvolvimento, mas também pelo tratamento por

NFB .

Orlando e Rivera (2004) fizeram um estudo nos Estados Unidos que

tinha como objetivo analisar se o NFB poderia melhorar a leitura básica, a

compreensão leitora, a leitura composta e a pontuação de QI em 14 crianças

identificadas como portadoras de TA. Dentre elas 3 foram diagnosticadas com

TDAH. Os testes utilizados foram WISC III para pré teste e WASI (Wecsler

Abbreviated Scale of Inteligence) para o pós teste cognitivo. O WIAT (Weschsler

Individual Achievement Test) também foi usado no pré e pós teste. Foi feito uso de

mapa cerebral (EEGq) para a definição de protocolo de treino. Foi feita separação

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Page 57: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

ao acaso entre grupo controle e experimental. Somente o grupo experimental teve

treinamento por neurofeedback. Os resultados relatados foram que o grupo que

treinou com neurofeedback foi mais eficiente em melhorar as pontuações em

testes de leitura do que o grupo que não treinou. Houve interação significativa

entre o NFB e melhora tanto no tempo de leitura básica quanto composta. Houve

melhora também NFB foi mais efetivo na melhora de ambos: QI verbal e QI de

escala completa. Nem todos os quocientes, porém mostraram melhora com o

treino entretanto não houve evidência significativa entre NFB e tempo em QI de

realização. As limitações deste estudo relatadas pelo autor foram: a ausência de

randomização, idades muito variadas e a ausência de placebo.

Fisher (2004) fez um relato de caso nos Estados Unidos de um adulto,

com 27 anos com dislexia severa. Como a maioria dos disléxicos, a leitura era

muito difícil. Ele permaneceu na escola apenas com a ajuda de tutores e

programas especiais. Ele foi aceito em uma faculdade comunitária em um centro

de aprendizagem para alunos deficientes, mas desistiu após o primeiro semestre,

desanimado e deprimido, porque era muito difícil. Ele apresentava diversas

comorbidades como o uso excessivo de álcool, explosões de agressividade,

dentre outros. Antes de iniciar o treinamento foi feita a avaliação através de um

levantamento completo de EEG com o objetivo de analisar os padrões de onda

que apresentassem problemas. Foi feito também um questionário sobre os

sintomas do transtorno e das comorbidades que seria usado para acompanhar e

avaliar o treinamento ao longo das sessões. Com a finalidade de abordar a

dislexia, o que foi considerado o principal sintoma, o treino utilizado teve como

objetivo aumentar a excitação no hemisfério esquerdo de seu cérebro. Para

controlar seu temperamento o treino visou aumentar a produção de ondas Alfa

(que possuem efeitos calmantes) no lado direito de seu cérebro, o hemisfério

dedicado a afetar a regulação. Assim, um outro objetivo do treinamento também

foi diminuir a excitação neste hemisfério. Foi feito também um treino para inibir a

produção excessiva de ondas lentas e rápidas, as quais interferiam com a sua

capacidade de manter o foco e ficar relaxado. As sessões ocorreram de duas a

três vezes por semana, com 20 minutos para reavaliação e 30 minutos de

57

Page 58: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

treinamento de neurofeedback em cada vez. A qualidade do seu sono, a

quantidade do uso de álcool, seu apetite, seu humor, e a frequência e intensidade

de suas explosões de agressividade eram usados para a avaliação contínua de

seu progresso. Alterações nestes marcadores indicaram mudanças na função

cerebral. Um vídeo game foi ligado diretamente ao seu EEG, e os sons emitidos

seriam para encorajar e recompensar o seu cérebro para a produção das ondas

cerebrais de acordo com os planos específicos para cada treinamento. O sinal de

EEG foi exibido na parte superior da tela do computador do treinador onde

aparecia a atividade cerebral em três larguras de banda: a banda a ser

encorajada, e as duas larguras de banda a serem inibidas. Em outra tela, da

pessoa que estava sendo treinada, um vídeo game com três naves espaciais eram

respondiam às suas ondas cerebrais. A nave espacial ao centro representava a

frequência a ser aumentada. As outras duas representavam as frequências muito

lentas e muito rápidas a serem diminuídas. Sempre que o seu cérebro gerava o

padrão de ondas ideal, a nave do meio avançava, e ele marcava pontos. A pessoa

tinha que controlar o jogo apenas com seu cérebro. Na décima segunda sessão

ele comunicou que leu um livro inteiro, pela primeira vez. Foram feitas mais 10

sessões e ele passou a ler diariamente. A pessoa que se submeteu ao treino

relatou também, melhoras, dentre outras, no sono, no controle da ingestão de

álcool e nos acessos de agressividade. O autor conclui que este caso demonstra

que o NFB pode ajudar a organizar o funcionamento do cérebro, tanto emocional

quanto cognitivamente. As limitações deste estudo foram: relato de um único caso,

resultados baseados em dados subjetivos, sem nenhuma medida padronizada

para comparação entre antes e depois.

Jacobs (2005), em seu estudo na Irlanda do Norte, descreve a

aplicação clínica de neurofeedback em duas crianças que manifestavam

diagnósticos complexos com desajustes ligados a escola, família e colegas. Um

deles era um menino de 15 anos que foi diagnosticado com TDAH, transtorno

bipolar, e dificuldades de aprendizagem. O outro era um menino de 10 anos com

TDAH e um distúrbio de aprendizagem não verbal. Também apresentava

distúrbio de ansiedade. Apresentava graves déficits sociais, organizacionais e

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Page 59: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

espacias, o que sugeriu o envolvimento do hemisfério direito. Eles receberam

protocolos individualizados com base em seus sintomas e deficiências funcionais.

Foram administradas sessões 2 vezes por semana com duração de 20 minutos

por cerca de seis meses. Em ambos os casos os sintomas foram identificados e

monitorados com um dos pais utilizando escala de classificação do Questionário

de Avaliação de Sintomas 45. Os indivíduos participaram em treinamento de

neurofeedback que tinham colocações de eletrodos, recompensa ou inibição das

bandas, e frequência de recompensas administradas para cada sujeito

dependendo do seu quadro clínico. Três elétrodos foram utilizados em cada

sessão de treino e foram colocados em lugares no couro cabeludo e orelhas de

acordo com o sistema internacional 10-20 de identificação. As formações eram ou

unipolar (por exemplo, C4 com referência para o lóbulo da orelha do mesmo lado

e com o fio terra no lóbulo da orelha contralateral), ou bipolar (por exemplo, T3-T4,

com o terra colocado no lóbulo da orelha contralateral para o local de formação

primária, que neste caso era T3). Para os dois foi usada a avaliação de acordo

com o problema alvo identificado por um dos pais e monitorado a cada sessão em

um documento de acompanhamento de problema. Os resultados relatados foram

que cada menino melhorou em todos os sintomas sem efeitos colaterais. Houve

melhora na maioria das medidas do SA-45 sem deterioração em qualquer medida.

Melhorias em funcionamento acadêmico, comportamento em casa, e relações

com os pares foram indicadas. A conclusão foi que o neurofeedback foi um

tratamento bem sucedido para estes dois meninos multi sintomáticos, cujas

melhorias ultrapassou os ganhos obtidos com as terapias anteriores. As

vantagens do uso do neurofeedback indicados pelo autor incluem a relativa

ausência de efeitos adversos observáveis, a falta de dependência de medicação

com seus possíveis efeitos colaterais, e a possibilidade de ganhos a longo prazo,

sem a necessidade de intervenção constante. Dentre as limitações deste estudo

estão: quantidade muito pequena de crianças avaliadas (n=2), não foi feita

avaliação de EEG para comparação e ausência de grupo controle ou placebo

Becerra et al. (2006) fizeram um estudo para avaliar os resultados de

uma pesquisa anterior (Fernández et al., 2003). Os dois estudos foram realizados

59

Page 60: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

no México pela mesma equipe de pesquisadores. O primeiro relata alterações no

comportamento e na maturação do EEG com o treinamento de neurofeedback na

razão teta/alfa em um grupo de crianças com transtornos de aprendizagem. O

acompanhamento do estudo atual foi realizado dois anos após o término do

tratamento anterior com placebo ou NFB. Com a finalidade de analisar as

mudanças comportamentais e de EEG que ocorreram durante estes 2 últimos

anos, foram aplicados novamente o TOVA, o WISC-R, entrevista parental, exame

neurológico, e gravação de EEG. Dois anos após o tratamento com NFB, o grupo

experimental foi composto das mesmas 5 crianças (1 menina e 4 meninos), com

as idades variando entre 9 e 12 anos e o grupo controle foi composto de 4 das 5

crianças do grupo controle anterior (1 menina e 3 meninos), com idades variando

entre 10 e 14 anos. A outra criança, que havia recebido tratamento com placebo,

deixou a escola um ano antes do estudo e recusou-se a participar dos testes. Não

havia diferenças significativas entre grupos na idade, QI, e pontuação no TOVA

em qualquer um dos três períodos de tempo: antes, depois e 2 anos após o

tratamento com NFB. No relatório anterior mudanças comportamentais foram

observada apenas no grupo experimental, tanto no WISC quanto na pontuação de

TOVA. Em ambos os casos, ele apresentou uma melhora no comportamento, o

que não foi observado no grupo de controle. Nos últimos 2 anos, a melhora no

comportamento continuou no grupo experimental, mas as pontuações verbais

diminuíram nos últimos 2 anos nos dois grupos, antes e depois do tratamento com

NFB. Os autores relataram que acreditam que não houve melhora com a idade na

pontuação verbal, provavelmente, devido ao baixo patamar sociocultural de todas

as crianças. No relatório anterior, foram observadas alterações no EEG após o

NFB em ambos os grupos. Essas mudanças eram compatíveis com as mudanças

produzidas pelo aumento da idade, no entanto, o grupo experimental mostrou um r

número maior de regiões com mudanças significativas, e estas mudanças foram

maiores em magnitude também. Dois anos mais tarde o número de mudanças foi

mais significativo no controle do que no grupo experimental. Uma explicação é que

as crianças do grupo experimental tiveram um surto significativo de maturação no

EEG como consequência do treino de NFB em teta/alfa. Segundo os autores as

60

Page 61: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

crianças do grupo controle não apresentaram este fenômeno, mas tiveram

melhoria no EEG, provavelmente como consequência da adolescência (embora

não estatisticamente significativas, existem diferenças de idade entre os grupos. O

grupo de crianças do controle são mais velhos do que crianças grupo

experimental). A diferença mais importante entre os grupos foi que no grupo

controle a amplitude de teta aumentou em regiões frontais com relação a antes do

NFB e em regiões temporais direitas com relação ao pós treino no grupo

experimental, atingindo valores anormalmente altos. É importante salientar que

teta é a medida que melhor distingue crianças com TA das normais. Portanto, em

crianças do grupo controle, houve provas de que o lapso maturacional de EEG

aumentou nos dois anos após o estudo de tratamento com NFB. Essas crianças

não apresentaram mudanças comportamentais positivas, e, como consequência, o

diagnóstico neurológico continuou a ser de TA. Em contraste a maturação no

EEG continuou nas crianças que pertenciam ao grupo experimental nos 2 anos

que se seguiram. Isto foi relacionado a alterações comportamentais positivas que

se refletiram na remissão dos sintomas de TA 2 anos após o tratamento NFB. O

diagnóstico neurológico passou a ser normal em 4 de 5 crianças do grupo

experimental. A conclusão dos autores foi que este trabalho mostrou que o NFB

pode ser um tratamento eficaz para crianças com TA que apresentavam um atraso

maturacional no EEG. Os efeitos benéficos foram atingidos, não só logo depois do

NFB, mas também depois de um período mais longo, produzindo, na maioria das

pessoas uma remissão total dos sintomas TA após 2 anos.

Walker e Norman (2006) fizeram um estudo no Canadá com o objetivo

de relatar as implicações do neurofeedback em pessoas com dislexia para tornar a

aprendizagem da leitura mais fácil. Este trabalho foi fundamentado em teorias

descritas por eles anteriormente (Walker & Norman, 2004) de que o giro temporal

superior esquerdo e certas zonas adjacentes (em torno de T3) tem papel central

em compreensão de leitura normal e que, pessoas com dislexia podem apresentar

deficiência em uma ou mais dessas áreas. Aumento na amplitude de beta 2 (15-18

Hz) em T3 é um indicador de que a área está envolvida no processo de leitura.

Com uma tarefa de fácil aprendizagem, esta área só vai gerar um pouco mais de

61

Page 62: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

atividade beta 2. Com tarefas de leitura progressivamente mais difíceis mais beta

2 será gerado por essa área, mas, se a tarefa torna-se muito difícil, a área pode

parar de gerar beta 2. Os autores defendem que treinando essa área tão crítica do

cérebro para a funcionar normalmente (ou seja, treinar esta área para se tornar

cada vez mais ativa conforme a tarefa de leitura for se tornando mais difícil) as

habilidades de leitura deveriam melhorar. A técnica utilizada consistiu em,

primeiro, obter-se um EEGq e uma leitura de diferença topográfica. Em seguida,

treinou-se para abaixar qualquer frequência que se apresentasse anormalmente

maior e treinar-se para aumentar a amplitude de qualquer frequência que

apresente anormalidade significativamente menor. O treino também consistiu em

aumentar a atividade de 16-18 Hz em T3. Eles relataram que estas abordagens

combinadas têm sido úteis em todos os casos de dislexia que temos tratado, em

alguns casos de forma dramática. Cada um dos 12 indivíduos tratados por eles

melhorou em pelo menos dois níveis de classificação (conforme relato dos

professores de reforço em leitura) em velocidade de leitura e compreensão

usando este protocolo (30 a 35 sessões de dez minutos para cada local afetado).

Este estudo faz um relato mais detalhado de 2 casos. No caso I, um garoto de 15

anos apresentou-se com uma queixa principal de dislexia. Ele também se queixou

de dificuldade em memória de curta duração e depressão intermitente. Ele estava

em uma escola especial na nona série, mas a leitura era de 1/5 de nível. Seu

EEGq inicial revelou um aumento no poder relativo de teta no FP1, F3, F4, FZ e

CZ. Houve uma elevada razão teta/beta em FZ e CZ. A diferença topográfica em

leitura revelou um aumento difuso em frequências 1-10 durante a leitura,

especialmente nas áreas occipitais em 1-2 Hz (leitores normais geralmente

diminuem a quantidade de 1-10 Hz durante a leitura). A análise de coerência

revelou o aumento da coerência em delta em F8/T6 e em F4/O2. Foram feitas 30

sessões de neurofeedback com 5 sessões de cada um dos seguintes protocolos:

(1) Diminuir 1-7 Hz em CZ, (2) Diminuir 2-7 Hz e aumentar 15-18 Hz em CZ. (3)

Diminuir Hz 1-10 em O1 durante a leitura. (4) Aumentar 11-12 Hz em O1. (5)

diminuir coerência de delta no F8/T6. (6) Diminuir coerência de delta no T4/O2.

Após as 30 sessões de neurofeedback, ele estava lendo em nível de grau 10. Ele

62

Page 63: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

não teve mais problemas de memória e depressão. Um novo EEGq mostrou

normalização da diferença topográfica de leitura com uma diminuição da

frequência 1 a 10 na condição de leitura. A coerência anormal também foi

normalizada. Houve ainda abrandamento suave (na banda teta) em F4, C3, C4,

P4, O1, O2, e PZ. Uma nova descoberta foi um aumento da beta (15-18 Hz) nos

polo frontal, e na região central bilateralmente. Não foram notados novos

sintomas. O caso II foi uma menina de 9 anos com as principais queixas de

dislexia, dificuldade de soletração, e caligrafia ruim. Ela estava na quarta série,

mas estava lendo em nível de primeira série e odiava leitura. O EEGq inicial

mostrou uma razão elevada de teta/beta, principalmente em C3/P3. A diferença

topográfica em leitura resentou aumento difuso nas frequências de 1 a 10 Hz na

condição de leitura. Houve um aumento na coerência entre os hemisférios de alfa

em T4/T6, uma diminuição de coerência beta em CZ / PZ e um aumento na

coerência em delta em F1/F7. Ela completou 53 sessões de neurofeedback como

se segue: (1) Diminuir 2-8 Hz e aumentar 15-18 Hz em CZ (10 sessões). (2)

Diminuir 2-8 Hz e aumentar 15-18 Hz em P3 (10 sessões). (3) Diminuir 1-10Hz em

O1 durante a leitura (10 sessões). (4) Diminuir coerência de alfa em T4/T6 (5

sessões). (5) Diminuir coerência de beta em CZ / PZ (5 sessões). (6) diminuir

coerência de delta no FP1/F7 (5 sessões). (7) Aumentar 11-12 Hz em O2 (8

sessões). Após o treinamento, ela estava lendo no nível de 6 série, a julgar pelo

seu professor de leitura. Ela estava lendo por prazer pela primeira vez. Sua

caligrafia e ortografia estavam muito melhores. O acompanhamento EEGq revelou

normalização de todas as anomalias treinados. A diferença topográfica de leitura

revelou diminuição da atividade de 9-10 Hz na condição de leitura, embora o

frequências no occipital de 4-7 Hz e no F7 e F8 de 1-2 Hz manteve-se elevada

durante a leitura (melhorou, mas não normalizou). Nenhuma nova anormalidade

foi vistos. A conclusão dos autores foi de que os resultados preliminares sugerem

ser provável que esta abordagem resulte em melhora nas aptidões de leitura em

períodos de tempo relativamente curtos (de algumas semanas a alguns meses).

As limitações deste estudo são: relatos de caso tratados em clínica particular, sem

grupo controle ou efeito placebo e pequena quantidade de participantes (n=2).

63

Page 64: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Fernández et al. (2007) realizaram um novo estudo no México. O

objetivo deste trabalho foi explorar os efeitos do neurofeedback sobre o EEG em

crianças com TA e corroborar suas consequências benéficas sobre o desempenho

comportamental e cognitivo. Foram feitas 30 sessões de 20 minutos para 11

crianças com TA (grupo experimental) para reduzir a sua relações teta/alfa

anormalmente elevada. Outras cinco crianças com TA (grupo controle) com as

mesmas características receberam um tratamento com placebo No grupo controle,

não houve alterações no comportamento ou no EEG. No grupo experimental,

imediatamente após o treinamento, as crianças mostraram melhoras

comportamentais e cognitivas, mas o EEG mostrou poucas modificações. No

entanto, 2 meses após o tratamento muitas mudanças ocorreram: a diminuição da

corrente de frequências dentro da banda de teta, principalmente na regiões frontal

esquerda e no cingulado. Houve aumento na corrente de frequências na banda

alfa, principalmente no lobo temporal direito e região frontal direita. Houve

também aumento de frequências dentro da banda beta, principalmente no

temporal esquerdo, regiões do córtex frontal direito e no giro do cíngulo.

Imediatamente após as 20 sessões (NFB ou placebo), o TOVA e o EEG foram

repetidos seguindo os mesmos procedimentos de antes do tratamento. Dois

meses mais tarde, um outro EEG foi gravado. Uma segunda aplicação do WISC-R

foi administrada 6 meses após o primeiro, de acordo com recomendações do

WISC-R. A entrevista final com os pais foi conduzida após o treinamento, a fim de

obter uma avaliação qualitativa das alterações comportamentais. Segundo os

autores foi claramente demonstrado que, em crianças com TA e com razão

teta/alpha anormal, as mudanças nesta razão podem explicar as melhoras

positivas de comportamento produzidos pelo NFB. A conclusão do artigo foi que o

NFB é, possivelmente, um tratamento eficaz para crianças com TA que

apresentam uma proporção anormalmente elevada da razão teta/alfa em qualquer

local. As mudanças observadas no EEG podem refletir as bases neurofisiológicas

da melhora que as crianças experimentaram nas sua atividades comportamental e

cognitivas. Uma outra conclusão foi de que o EEGq pode ser considerado um bom

método para entender a base neurofisiológica do TA. 64

Page 65: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

Breteler et al. (2009) fizeram o primeiro estudo randomizado controlado

em neurofeedback para o tratamento da dislexia. Este estudo foi realizado na

Holanda. 19 crianças foram randomizadas em um grupo experimental com

treinamento de neurofeedback (n = 10) e um grupo controle (n = 9). Os dois

grupos também receberam ensino corretivo. O diagnóstico dessas crianças foi

baseado em um protocolo estruturado para avaliar o desenvolvimento da leitura e

ortografia de crianças do grau 1 (Wentink e Verhoeven, 2003). Os critérios de

exclusão foram história pessoal ou familiar de doença mental, lesão cerebral,

doença neurológica, condição médica séria, vício em drogas/álcool, e uma história

familial de doença genética. Para o estudo, os testes neuropsicológicos incluíram

medidas de tarefas relacionadas com a leitura rápida de nomeação de letras, de

articulação, exclusão fonema (Instituut voorOrthopedagogiek, 2004) e ortografia

(Geelhoed e Reitsma, 1999). Treinamento foi baseado no EEGq apenas com

olhos fechados e olhos abertos, nenhuma diferença de tarefas de leitura foram

tidas em conta. Além disso, o treinamento não foi projetado para otimizar a

normalização mas focado em associações presumida de desvios em dislexia. Os

protocolos foram estabelecidos de acordo com a avaliação por EEGq. Os

protocolos foram: abaixar ondas lentas (2-12) em T4, T6 e F3; aumentar 12-15 Hz

em C3; abaixar 18-20 Hz em Fz; abaixar a coerência de delta entre T3 e T4;

abaixar a coerência de beta entre F7 e C3; abaixar a coerência de alfa entre F7 e

C3. Como resultado o grupo experimental apresentou melhora considerável na

ortografia, mas nenhuma melhora foi encontrado em leitura. Um estudo

aprofundado das mudanças no EEGq de potência e coerência não evidenciou

alterações fronto-central, o que está de acordo com a ausência de melhorias na

leitura. Um aumento significativo na coerência de alfa foi encontrado, o que pode

ser uma indicação de que a melhora nos processos atencionais contaram para a

melhora na ortografia. Consideração sobre os subtipos de dislexia poderiam

refinar os resultados de estudos futuros. A conclusão dos autores foi de que o

neurofeedback pode ser um bom tratamento para a dislexia, mas precisa de mais

estudos. Com relação às limitações, apesar deste estudo ser randomizado, o

tamanho da amostra ainda é pequeno (n=19). O treinamento foi baseada no EEGq

65

Page 66: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

apenas com olhos fechados e olhos abertos, nenhuma diferença de tarefas de

leitura foram levadas em conta. Além disso, EEGq foi pós-testado somente no

grupo que fez o treinamento com neurofeedback.

Breteler (2011) fez um relato de caso da Holanda. Um menino de 10 anos

foi encaminhado para o tratamento de agitação física e mental, relacionado com a

dislexia. Ele seguia ensino corretivo para isso. Foi feita uma coleta de EEGq. As

pontuações mais altas em uma avaliação denominada Quick Assessment foram

em inquietude e impulsividade. Em testes neuropsicológicos, a memória visual, a

atenção sustentada e a atenção dividida foram avaliadas como sendo abaixo do

normal. Na avaliação por EEGq foi levantado que o pico de alfa em Pz foi de 9 Hz,

houve quantidade elevada de frequências baixas na parte frontal com olhos

fechados e olhos abertos e na região temporal também houve aumento de ondas

lentas com olhos fechados. A amplitude de 12 Hz também estava aumentada na

região temporal. o protocolo de treino foi para aumentar o RSM em C4 com os

olhos abertos, abaixar theta em F7, abaixar a coerência de delta entre FP1 e CP3.

Mais tarde foram treinados para abaixar teta e 11-12,5 Hz em T4. Entre um e outro

foi aplicado um protocolo de ativação para o cérebro com os olhos fechados.

Como resultado sua ortografia melhorou consideravelmente. Os professores

relataram aumento de concentração e postura mais tranquila ao sentar-se na

cadeira. Os pais relataram um aumento para 9 numa escala que vai até 10. Ele

não precisou mais frequentar a sala de educação especial. Não houve recaída

desde então. O estudo foi bastante limitado por ser o relato de um único caso e

por ter, exclusivamente, critérios subjetivos de avaliação.

No relato de Jonathan e Walker (2012), feito no Canadá, foi estudado o efeito do

NFB em 24 indivíduos destros com dificuldade significativa persistente na

produção de letra legível apesar da estarem fazendo terapia educacional e

ocupacional por um longo período de tempo. Este é o primeiro estudo com o

objetivo de mostrar a eficácia do neurofeedback para remediação da disgrafia.

Cada indivíduo fez uma avaliação por EEGq para determinar anormalidades em

áreas frontal esquerda e central que seriam críticas para a escritas, de acordo com

a teoria de Rapp e Beeson (2003). A avaliação revelou um excesso de ondas

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Page 67: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

lentas nas frequências (2-7 Hz ou 8-12 Hz) e/ou nas rápidas (21-30 Hz) em F3

(região frontal esquerdo do cérebro) e/ou C3 (região central esquerdo do cérebro).

Eles, então, passaram por 5-10 sessões de treinamento de neurofeedback de 20

minutos em cada área avaliada com funcionamento anormal. O treino se resumiu

a abaixar as ondas excessivamente lentas ou rápidas encontradas. Antes e depois

do neurofeedback, foi feita uma pontuação em disgrafia para estimar o grau de

melhora na escrita. O sistema de pontuação utilizado foi uma modificação da Lista

de Verificação de Expressão Escrita, a Tabela 20-7, Penmanship (Sattler, 1988).

O escore foi baseado nos critérios de espaçamento na página, espaçamento de

sentenças, espaçamento de palavras, espaçamento de letras e inclinação das

letras. O resultado relatado foi que quando o excesso de frequências lentas ou

rápidas foram treinadas para abaixar, ocorreu uma melhora significativa na escrita

em todos os 24 indivíduos, resultando em escores na faixa normal. Duas pessoas

fizeram as avaliações anteriores mas não quiseram participar do treino com NFB.

Elas mantiveram o mesmo escore de antes. Um acompanhamento de 1-5 anos

depois do treino revelou que as conquistas atingidas se mantiveram. O efeito

ocorre rapidamente (em 5-10 de 20 minutos sessões) e parece ser de longa

duração e, provavelmente, permanente. O treinamento também melhorou os

sintomas de TDAH nos 17 pacientes que também tinham esta doença. O estudo

foi limitado pela ausência de um grupo controle.

Nazari et al. (2012) fizeram um estudo no Irã para analisar os efeitos do

NFB em crianças com dislexia. A pesquisa foi feita com 6 crianças do sexo

masculino diagnosticadas com dislexia. A idade média era de 8 a 10 anos e a

média de quociente de inteligência (QI) de 101,5. Estas crianças não

apresentavam histórico de lesão cerebral, distúrbios neuropsicológicos e

psiquiátricos. Elas foram selecionadas no Centro de Transtornos de Aprendizagem

de Tabriz. O diagnóstico da doença foi confirmado pela teste de Escala de

Inteligência de Wechsler para Crianças (WISC-III) e pelo Checklist de Deficiência

em Leitura (nome original: Reading Disability Checklist.) (Manee, 2005). Para

testar a intervenção os participantes foram aleatoriamente colocados em três

grupos. O treino foi criado para diminuir delta (1-4 Hz) e teta (4-8 Hz) e para

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Page 68: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

aumentar a beta (15 -18 Hz) em T3 e F7. Para as primeiras 12 sessões, todos os

participantes receberam o mesmo protocolo apenas em T3. Então, para 8 sessões

restantes, o protocolo foi administrado a ambos T3 e F7. A duração do treino para

T3 foi de 20 minutos e para F7 foi de 10 minutos. O treinamento foi separado em

períodos de 2 minutos de linha de base (isto é, sem feedback), 30 minutos com

apresentação de feedback e um período de 2 minutos só de linha de base de

novo. Vídeo games interativos foram usados como feedback para crianças. Após a

conclusão da NFT, as avaliações foram repetidas ao fim de 2 meses. Análise de

dados comportamentais revelaram uma melhora na habilidade de leitura em todos

os participantes que treinaram com NFT. No final do tratamento, os participantes

apresentaram uma redução em erros de leitura e melhora em tempo de leitura. Os

participantes tiveram melhor desempenho em consciência fonológica no teste

após-tratamento. Além disso, a avaliação de acompanhamento mostraram que as

melhoras comportamentais permaneceram duráveis e melhores em comparação

com os da fase de linha de base. Num dos grupo que recebeu o treinamento de

NFB a melhora na consciência fonológica duplicou enquanto houve uma ausência

de alteração em outros grupos que ainda estavam para receber a intervenção, o

que sugere que as mudanças ocorreram devido ao treinamento. Os resultados

não revelaram quaisquer alterações significativas na potência do sinal de qualquer

banda de frequências destinada. No entanto, a análise de coerência mostrou uma

mudança interessante para a normalização em delta, teta, e beta após NFB. A

coerência da banda delta em Fz-Cz subiu para um valor próximo ao normal. O

padrão de alterações na banda teta teve uma redução para uma coerência quase

normal entre T3 e T4. A coerência da banda beta se aproximou do normal em Fz-

Cz, Cz-Pz e Cz-C4. A conclusão dos autores foi que este estudo mostrou

alterações neurofisiológicas e melhoras simultâneas na capacidade de leitura e

consciência fonológica em crianças com dislexia pós-NFB. Os resultados

mostraram mudanças positivas nos lobos temporais, juntamente com uma maior

coerência entre as áreas central-frontal e central-parietal. Isto indica integração

sensório-motora e mais maturidade cerebral para estas crianças com dislexia. No

entanto, mais pesquisas sobre a maturidade cerebral de pacientes com dislexia e

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Page 69: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

a aplicação de NFB para aumentar a maturidade cerebral é necessária. Este

estudo foi limitação pela pequena quantidade de participantes.

O presente trabalho de revisão da literatura foi realizado com o intuito

de investigar quais foram os protocolos, ou tipos de técnicas de neurofeedback

estudados para o tratamento de transtornos de aprendizagem e qual é a eficácia

deste treinamento como uma forma de intervenção.

Ao fazermos um levantamento dos estudos selecionados considerando

as técnicas (ou protocolos) utilizados na intervenção por NFB no tratamento de

transtornos de aprendizagem vamos perceber que tanto a fundamentação teórica

quanto o uso de instrumentos de avaliação por EEG evoluíram ao longo do tempo,

o que acabou resultando numa especialização crescente dos protocolos.

Cinco dos trabalhos analisados utilizaram o protocolo de treinamento do

aumento do ritmo sensório motor, ou seja treinar o aumento da frequência de

14Hz ou do intervalo entre 12-15 Hz em Cz (Tansey, 1984; Tansey, 1985; Tansey,

1991; Packard, 1994; Breteler, 2011).

Desde que Lubar e Shouse (1976) começaram a utilizar o protocolo de

treino do ritmo sensório motor em pessoas com hipercinesia, este tipo de

procedimento passou a ser bastante utilizado e acabou se mostrando eficaz no

auxílio à crianças com TDAH. Moriyama et al. (2012) em sua revisão sobre o uso

de NFB em TDAH explica que o RSM é um tipo específico de frequência de Beta

baixa que varia de 12 a 15 Hz. Ele é observado ao longo do córtex sensório motor

e é relacionado com o relaxamento físico. Michael Tansey, um clínico de New

Jersey, utilizou este tipo de protocolo em vários estudos, alguns relacionados

nesta revisão (Tansey, 1984; Tansey, 1985; Tansey, 1991). Em alguns de seus

estudos (Tansey e Bruner, 1983 e) ele utilizou este protocolo para treinamento de

sintomas de hiperatividade. Vamos tomar como exemplo um dos meninos, que ele

chamou de caso 2 (Tansey, 1984), e que foi submetido ao treino de aumento do

RSM. Ao final do treinamento ele obteve aumento de 50% na amplitude do RSM,

na memória auditiva, habilidade de leitura, além de um aumento de 17 pontos no

QI em escala global medido pelo WISC-R. O menino relatou que, antes ficava

cansado com apenas 15 minutos de leitura e que, depois, passou a estudar

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Page 70: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

utilizando a leitura por 2 horas sem se cansar. Sua professora relatou que, antes,

ele não conseguia acertar em cálculos matemáticos e, depois, passou a ser o

vencedor em testes de matemática. Este é um dos exemplos dos diversos relatos

feitos por Tansey sobre os seus clientes. Todos os relatos de seus estudos

apresentaram resultados positivos, conforme podemos observar no Quadro 6.

Porém, o autor reconhece que existem diversas limitações em seus estudos,

como o fato de serem somente relatos de atendimentos clínicos nos quais as

pessoas vivenciaram uma motivação maior, principalmente por estarem pagando

por seus serviços.

Breteler (2011) fez um relato de um menino de 10 anos que havia sido

diagnosticado com dislexia e era muito agitado. Para iniciar o tratamento ele

utilizou o protocolo de RSM e depois fez algumas outras combinações de

protocolos em áreas como, o F7 e T4. Podemos inferir que ele tenha começado

com este protocolo, pois o relato era de que o menino chegou com sintomas de

agitação física. Ele relata que, ao final do tratamento o menino passou a dormir

melhor e a se sentar mais calmamente na carteira da escola.

A razão teta/alfa foi um outro tipo de protocolo encontrado neste

levantamento. Quatro estudos utilizaram esta técnica (Linden et al., 1996;

Fernández et al., 2003; Becerra et al., 2006; Fernández et al., 2007). Com

exceção do trabalho de Linden et al. (1996), os outros 3 foram feitos pela mesma

equipe, situada no México. Os artigos do México foram os únicos que separaram

claramente as crianças com TA das com TDAH. Eles esclareceram que para

serem incluídas nos seus estudos sobre NFB e TA, o diagnóstico de TDAH

precisaria ser excluído. A fundamentação teórica que este grupo tomou como

base para o uso deste protocolo foram estudos de levantamentos sobre o EEG de

crianças com TA em comparação com crianças sem TA, como os de Chabot et al.

(2001), Fernàndez et al. (2002), Gasser et al. (2003), Harmony et al. (1990), John

et al (1983), Lubar et al. (1985) e Mechelse et al. (1975). Estes estudos concluíram

que o EEG de crianças com TA é caracterizado por amplitudes maiores em faixas

de ondas mais lentas, principalmente na faixa teta e amplitude menor em ondas

alfa do que em crianças normais da mesma idade. Por isso o uso do protocolo

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Page 71: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

poderia ser reforçar a redução da relação teta/alfa na região cerebral onde o

indivíduo apresentasse uma proporção maior, conforme observado na avaliação

por EEGq.

Os resultados, tanto do grupo de estudiosos do México quanto de

Linden et al. (1996) foram positivos. Dentre os principais resultados foram

encontradas melhoras significativas tanto nas pontuações de QI, quanto na de

TOVA (instrumento que avalia a atenção). Foi observado também aumento na

maturação do EEG. O único resultado que não foi positivo nem para o grupo

experimental nem para o controle foi o resultado de QI verbal que apresentou

queda nos dois grupos no estudo de Becerra et al. (2006). Os autores

consideraram que este fato pode ser consequência do ambiente pobre e pouco

estimulante em que estas crianças viviam. É importante ressaltar que os estudos

do grupo do México foram os mais completos de todos os estudos levantados, por

incluírem grupo controle, análise longitudinais dos resultados e o uso de placebo.

Orlando e Rivera (2004) foram os primeiros a falar sobre o uso de

mapa cerebral para a definição de protocolos específicos para cada pessoa.

Alguns dos mais recentes artigos levantados revelam que o uso de avaliação

individual por EEGq tem sido a forma mais usada para definir protocolos de

treinamento (Jacobs, 2005; Walker e Norman, 2006; Breteler et al., 2009; Breteler,

2011; Nazari et al., 2012; Walker, 2012).

Segundo Mascaro (2012) a modernização do conceito de NFB trazido

pelo EEGq deixou para trás o treino de amplitude por si só, passando a adotar

uma abordagem sistêmica, de integração entre as diversas áreas e estruturas do

cérebro, levando em conta aspectos de conectividade entre os módulos funcionais

cerebrais. O mero treino de amplitudes deixa espaço para o treino das dinâmicas

redes corticais. O que se busca agora são os ajustes dessas conexões corticais,

facilitando ou inibindo a atividade dos agrupamentos neurológicos distintos. Dessa

maneira ocorre o estímulo e direcionamento de eventos de plasticidade funcional e

estrutural do cérebro. Os neurônios reorganizam a malha de conexões corticais

dinamicamente, de acordo com os novos parâmetros de funcionamento que vão,

progressivamente aprendendo a adotar e expressar. Segundo ele, o EEGq

71

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permite que se entenda, por exemplo, a assinatura neurológica da dislexia, cujas

características são provenientes de um comprometimento no hemisfério esquerdo,

especialmente nas áreas de Broca e Wernicke, que se localizam nos pontos de

F7-T5.

Como podemos observar, os protocolos foram sendo modificados

conforme os avanços dos estudos e das relações da dinâmica cerebral, tornando-

os mais específicos. O advento do uso do EEGq tornou possível a utilização de

avaliações individualizadas onde os sintomas puderam ser agrupados em mapas

ou assinaturas. Desta maneira os protocolos de treinamento também se

individualizaram, de acordo com o quadro avaliado em cada situação pelo uso de

EEGq.

Outro objetivo central deste estudo foi verificar a eficácia do NFB no

tratamento do TA. Se levarmos em conta, isoladamente, os resultados apontados

pelos estudos levantados podemos notar que todos eles apresentaram melhoras

nos diversos sintomas estudados, conforme se observa no Quadro 6. Uma análise

mais criteriosa destes estudos, porém, precisa ser feita. Existe a necessidade de

pré-requisitos para embasar uma intervenção a fim de que ela possa ser melhor

validada cientificamente. É preciso que critérios como, a quantidade de estudos, o

número da amostra e a sua qualidade científica sejam considerados quando

observamos os resultados apresentados.

Com relação à quantidade de estudos já verificamos que foram

levantados somente 17 trabalhos, de acordo com os critérios de inclusão e

exclusão estipulados para esta revisão bibliográfica. Não houve limitação de

período de tempo como critério de seleção, portanto estes 17 estudos se referem

à quantidade total realizada até o momento.

Uma outra característica que precisa ser analisada e que parece ser a

mais crítica e limitadora nos estudos levantados é a quantidade da população que

se submeteu ao treinamento por neurofeedback. O pequeno tamanho das

amostras pode ser considerado um fator de limitação encontrado em todos os

trabalhos. Se levarmos isso em consideração verificaremos que nos estudos com

amostras maiores, os participantes não passaram de 24 pessoas (Cunningham e

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Murphy, 1981; Tansey, 1991 e Walker, 2012). Mais da metade dos estudos

tiveram até 10 participantes (Tansey,1984; Tansey, 1985; Packard, 1994;

Fernández et al., 2003; Fisher, 2004; Jacobs, 2005; Becerra et al., 2006; Breteler,

2011; Nazari et al., 2012).

Além da quantidade da amostra é preciso também observar se a

população dos estudos se enquadram nos critérios de definição de TA. Sabemos

que o diagnóstico de transtornos de aprendizagem são complexos e intrincados.

Guimarães et al. (2003) relata que não é incomum encontrar na literatura trabalhos

que misturam as definições de TA e DE, o que acaba tornando difícil o diagnóstico

preciso do TA.

Uma questão a ser levantada seria: até que ponto as pessoas

submetidas a estes estudos possuíam realmente um transtorno de aprendizagem

ou poderiam ser diagnosticadas com TDAH e isto afetasse outras áreas de

aprendizagem? No relato de Breteler (2011) e no caso 2 de Tansey (1984)

podemos perceber que a agitação e a desatenção estavam presentes como uma

das queixas principais. A questão sobre a confusão de diagnósticos é complexa

Qual seria o transtorno primário a afetar determinada pessoa? O TDAH que, pela

desatenção e agitação prejudica a aprendizagem da leitura e da matemática, ou

realmente a dislexia ou discalculia que geram a desatenção como uma questão

secundária? É muito comum que se confundam sintomas de TDAH com os de TA.

É preciso esclarecer que o TDAH é um transtorno que pode afetar a

aprendizagem escolar, mas que, por definição, não se enquadra no grupo de TA.

Outro fator complicador é que os termos distúrbios ou transtornos de

aprendizagem, quando colocados em bases de dados geram diversos sinônimos

em inglês como learning disabilities, learning disorders, learning problems ou

learning dificulties. Mesmo tendo excluído artigos referentes ao TDAH, alguns

artigos foram mantidos por incluírem no título os dois grupos de crianças (Linden

et al., 1996; Jacobs, 2005). Alguns artigos, mesmo não tendo explicitado no título

a inclusão de crianças com TDAH acabaram incluindo em sua população pessoas

deste grupo (Tansey, 1985; Tansey, 1991; Packard, 1994, Orlando e Rivera,

2004). Os artigos do grupo de pesquisadores do México (Fernández et al., 2003;

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Becerra et al., 2006; Fernández et al., 2007) foram os únicos que separaram

conceitualmente o TA do TDAH. Se considerarmos que, dentre a pequena

população estudada nestes trabalhos ainda precisaríamos separar aquelas

diagnosticadas com TDAH, a amostra acabaria ficando ainda menor, o que

dificultaria ainda mais a validação do NFB como alternativa ao tratamento do TA.

A definição dos transtornos de aprendizagem é complexa e intrincada.

Para que o seu diagnóstico e intervenção ocorram de maneira mais completa e

eficiente, diversas áreas de conhecimento precisam estar envolvidas. O NFB se

propõe a ser um coadjuvante a outras técnicas terapêuticas já estabelecidas,

como intervenções escolares e clínicas nas áreas psicológica, pedagógica,

psicopedagógica, neuropsicológica, fonoaudiológica e psicomotora.

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CONCLUSÃO75

Page 76: A Utilização do Neurofeedback em Transtornos de Aprendizagem. Revisão Bibliográfica

6. CONCLUSÃO

O neurofeedback tem sido apontado como uma possível alternativa de

suporte ao tratamento dos sintomas de transtornos de aprendizagem. O fato de se

propor a ser uma terapia não invasiva, razoavelmente barata, rápida e eficaz a

longo prazo, acaba sendo algo que desperta a atenção. A abordagem do

treinamento por neurofeedback em pessoas com transtornos de aprendizagem

mostra-se conceitualmente atraente, mas existem poucos estudos rigorosos que

possam estabelecer a sua eficácia e efetividade.

O advento dos mapas quantitativos de EEG ou os chamados EEGq,

uma opção de modernização da técnica de neurofeedback, levou-o a se tornar

mais abrangente, porém mais individualizado. Seu uso como ferramenta de

avaliação da função cortical de modo mais completo e individualizado, tornaria os

protocolos utilizados nos treinos mais amplos e diversificados. Isso pode vir a ser

um fator de complicação para a necessidade de generalização necessária aos

estudos científicos em grande escala.

Novos estudos são necessários, com uma quantidade maior de

pessoas, uso de grupo controle e de placebo a fim de consolidar esta técnica de

intervenção que, apesar de tudo, tem se mostrado eficiente, mesmo em seus

limitados estudos executados até o momento.

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REFERÊNCIAS77

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