transtornos de aprendizagem

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Transtornos de Aprendizagem Definição A definição do que seja transtorno de aprendizagem é uma problemática, uma vez que a literatura correspondente ao assunto fundamenta-se em diversas concepções, ora coincidentes, ora divergentes. Sendo assim, nunca conseguiríamos comtemplar todas as definições e abordagens relacionadas ao conceito. Segundo a Classificação Internacional de Doenças – 10, elaborada pela Organização Mundial de Saúde: O termo “transtorno” é usado por toda a classificação de forma a evitar problemas inerentes ao uso de termos tais como “doença” ou “enfermidade”. “Transtorno” não é um termo exato, porém é usado para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecível associado, na maioria dos casos, a sofrimento e interferência com funções pessoais (CID – 10, 1992:5). A Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da Classificação Internacional de Doenças – 10 (CID – 10) situa os problemas de aprendizagem na classificação Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares (F81), que está inserida na categoria mais ampla de Transtornos do desenvolvimento psicológico (F80 – 89). Segundo o CID – 10: Na maioria dos casos, as funções afetadas incluem linguagem, habilidades visuoespaciais e/ou coordenação motora. É característico que os comprometimentos diminuam progressivamente à medida que a criança cresce (embora déficits

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Transtornos de Aprendizagem

Definição

A definição do que seja transtorno de aprendizagem é uma problemática, uma vez que a literatura correspondente ao assunto fundamenta-se em diversas concepções, ora coincidentes, ora divergentes. Sendo assim, nunca conseguiríamos comtemplar todas as definições e abordagens relacionadas ao conceito.

Segundo a Classificação Internacional de Doenças – 10, elaborada pela Organização Mundial de Saúde:

O termo “transtorno” é usado por toda a classificação de forma a evitar problemas inerentes ao uso de termos tais como “doença” ou “enfermidade”. “Transtorno” não é um termo exato, porém é usado para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecível associado, na maioria dos casos, a sofrimento e interferência com funções pessoais (CID – 10, 1992:5).

A Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da Classificação Internacional de Doenças – 10 (CID – 10) situa os problemas de aprendizagem na classificação Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares (F81), que está inserida na categoria mais ampla de Transtornos do desenvolvimento psicológico (F80 – 89).

Segundo o CID – 10:

Na maioria dos casos, as funções afetadas incluem linguagem, habilidades visuoespaciais e/ou coordenação motora. É característico que os comprometimentos diminuam progressivamente à medida que a criança cresce (embora déficits mais leves frequentemente perdurem na vida adulta). Em geral, a história é de um atraso ou comprometimento que está presente desde tão cedo quando possa ser confiavelmente detectado, sem nenhum período de desenvolvimento normal. (CID – 10, 1992:236)

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - 4, caracterizam os transtornos de aprendizagem como “um funcionamento acadêmico substancialmente abaixo do esperado, tendo em vista a idade cronológica, medidas de inteligência e

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educação apropriadas à idade” (DSM – IV – TR, 2002; 71). Os Transtornos de Aprendizagem encontram-se na seção Transtornos Geralmente Diagnosticados pela Primeira Vez na Infância ou na Adolescência. Contudo, deixa claro que apesar de os Transtornos de Aprendizagem situaram-se na referida categoria, os transtornos podem aparecer em outras fases do desenvolvimento.

Ainda segundo o DSM – IV – TR, desmotivação, baixa autoestima e déficits nas habilidades sociais são sintomas que podem estar associados aos problemas de aprendizagem. Existe também uma associação entre Transtorno de Conduta, Transtorno Desafiador de Oposição, Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Transtorno Depressivo Maior ou Transtorno Distímico e Transtornos de Aprendizagem, sendo que os portadores de tais patologias apresentam problemas de aprendizagem.

Portadores de transtornos de aprendizagem apresentam maior probabilidade de apresentar outras co-mobidades, como transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, transtornos de comunicação, transtornos de conduta e transtornos depressivos. Os transtornos de aprendizagem aparecem associados com condições como envenenamento por chumbo, síndrome alcoólica fetal e exposição a drogas no período intrauterino (Sadock).

Diz O DSM – IV – TR:

Crianças de bagagens étnicas ou culturais diferentes da cultura dominante na escola ou cuja língua materna não é a língua do país, bem como crianças que frequentaram escolas com ensino inadequado, podem ter fraca pontuação nesses testes (testes em desempenho nas habilidades escolares, como leitura, escrita e aritmética). As crianças com essas mesmas bagagens também podem estar em maior risco para faltas injustificadas à escola, em virtude de doenças mais frequentes ou ambientes domésticos empobrecidos ou caóticos. (DSM – IV – TR, 2002; 81)

Quando se juntam muitos alunos numa mesma classe, tende-se a desconsiderar os pontos fracos e fortes de cada um no que tange à aprendizagem. Assim, muitos aprendem melhor ouvindo; outros preferem e se saem melhor trabalhando com o visual, aprendendo melhor lendo. E quando misturamos indivíduos diversos numa classe, torna-se inevitável o surgimento de problemas na aprendizagem (Scoz, 1994).

Possuir transtorno de aprendizagem não significa necessariamente que a criança seja portadora de deficiência mental. Segundo Miranda:

Muitas crianças com deficiências de aprendizagem tem inteligência média ou acima da média; algumas, de fato, são extremamente

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brilhantes. É esse paradoxo que muitas vezes alerta os médicos da possível presença de uma deficiência da aprendizagem (Miranda, 2000).

A definição do National Joint Committee of Learning Disabilities (NJCLD) de 1988, estabelece dificuldade de aprendizagem como:

(…) termo geral que se refere a um grupo heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e utilização da compreensão auditiva, da fala, da escrita e do raciocínio matemático. Tais desordens são consideradas intrínsecas ao indivíduo, presumindo-se que sejam devidas a uma disfunção do sistema nervoso central, podem ocorrer durante toda a vida. Problemas na auto regulação do comportamento, na percepção social, na interação social podem existir com as Dificuldades de Aprendizagem. Apesar das DA ocorrerem com outras deficiências (por exemplo, deficiência sensorial, deficiência mental, distúrbios sócio - emocionais) ou com problemas extrínsecos (por exemplo, diferenças culturais, insuficiente ou inapropriada instrução, etc.), elas não são o resultado dessas condições. (Hammill, 1981, cit. in Kirk &Gallagher, 2000:367).

O “Individuals with Disabilities Education Act”! (Lei de Educação das Pessoas Portadoras de Deficiência) define uma dificuldade de aprendizagem da seguinte forma:

(...) transtorno em um ou mais dos processos psicológicos básicos envolvidos na compreensão ou na utilização de linguagem falada ou escrita, que pode manifestar-se em uma habilidade imperfeita para ouvir, pensar, ler, escrever, soletrar, ou fazer cálculos matemáticos (...). Dificuldades de Aprendizagem incluem condições com deficiências perceptivas, lesão cerebral, disfunção cerebral mínima, dislexia e afasia de desenvolvimento. No entanto, a dificuldade específica de aprendizagem não inclui “problemas de aprendizagem que são principalmente o resultado de deficiências visuais, auditivas ou motoras, de retardo mental, de transtorno emocional ou de uma desvantagem ambiental, cultural ou econômica” (Federal Register, 1997)

De acordo com Fonseca (1999a), um portador de distúrbio/transtorno de aprendizagem é caracterizado por: 1) manifestar significativa discrepância entre seu

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potencial intelectual estimado e seu atual nível de realização escolar; 2) apresentar dificuldades no processo de aprendizagem; 3) apresentar, ou não, disfunção neurológica no sistema nervoso central; 4) ausência de debilidade mental, privação cultural, perturbação emocional ou privação sensorial.

Os transtornos de aprendizagem representam consequências de transtornos na organização funcional do sistema nervoso central, gerando consequências consideráveis para a criança, perturbando sua conduta pedagógica esperada, em acordo com sua inteligência. Assim, temos uma base evidentemente orgânica para os transtornos de aprendizagem (Campos-Castelló, 2000).

Segundo o Livro do joão:

“Dificuldade para a aprendizagem é um termo genérico que abrange um grupo heterogêneo de problemas capazes de alterar as possibilidades de a criança aprender, independente de suas condições neurológicas para fazê-lo”.

Estimativas prevalecem os transtornos de aprendizagem em torno de 15 a 22 por cento na primeira série. Em alguns países chega a torno de 50 por cento dos escolares, durante os seis primeiros anos de escolaridade (João).

Apesar de toda aprendizagem resultar da atividade do sistema nervoso, nem sempre este é o responsável pelos transtornos de aprendizagem. Não podemos deixar de lado as causas secundárias, ou seja, aquelas que não se referem às desordens ou lesões do sistema nervoso central. Assim, podemos colocar alguns fatores:

I. Fatores escolares:

Para que a aprendizagem da criança seja eficiente, é preciso que a escola ofereça condições físicas que proporcionem segurança, boa circulação de ar, iluminação adequada e um número máximo de alunos em sala de aula.

II. Fatores relacionados com a família:

A família tem um papel importante no sucesso escolar da criança. A escolaridade dos pais, segundo pesquisas, desempenha fundamental papel na estimulação para um maior envolvimento com os estudos. A leitura como hábito familiar também é um importante exemplo para a criança. Problemas na família como alcoolismo, drogadição e comportamento antissocial frequentemente constituem a única etiologia no fracasso escolar.

III. Problemas físicos gerais:

Algumas condições patológicas interferem significativamente nas possibilidades de aprendizagem da criança: miopia, hipermetropia, astigmatismo e estrabismo; hipotireoidismo e outras patologias endócrinas; desnutrição; parasitoses; anemia;

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doenças reumáticas; nefropatias; cardiopatias; asma e outras pneumopatias; hepatologia e também doenças imunoalérgicas.

IV. Problemas neurológicos

As mais frequentes situações neurológicas associadas a transtornos de aprendizagem, mas não a causa principal desses transtornos, são: deficiência mental, paralisia cerebral (PC) e epilepsia.

Para podermos diagnosticar um transtorno de aprendizagem devemos considerar: 1) o grau de comprometimento em testes padronizados para as diferentes capacidades (escrita, leitura, aritmética etc.) deve estar substancialmente abaixo do esperado para a idade cronológica e a escolaridade da criança; 2) o transtorno deve ter se iniciado nos primeiros anos de escolaridade, 3) o transtorno tende a persistir; 4) o transtorno não é consequência de retardo mental e 5) existência de antecedentes familiares.

Tipos de Transtornos da Aprendizagem

Os distúrbios de aprendizagem estão presentes onde são necessárias a decodificação ou identificação de palavras, compreensão de leitura, cálculos, expressões matemáticas, atividade de soletrar e/ou expressão escrita – frequentemente a dificuldade de aprendizagem é associada ao funcionamento atípico nas áreas da linguagem e da fala (Silver, 2008).

Os transtornos de aprendizagem dizem respeito a problemáticas de origem neurológica que interferem no processamento de informações (recepção, integração, memória e expressão de informação), refletindo em incapacidade para a aprendizagem da leitura, da escrita ou do cálculo, e também na aquisição de aptidões sociais.

Os transtornos de aprendizagem podem ser subdivididos em “específicos” e “não específicos”. Os “específicos” são caracterizados por comprometimento de habilidades específicas: a leitura e a escrita, e também cálculo, e os “não específicos” ou “mistos” são caracterizados por dificuldades significativas na leitura ou ortografia, assim como no cálculo/raciocínio lógico matemático (Lima, Salgado, Ciasca, 2009).

O DSM – IV – TR especifica os transtornos de aprendizagem em: Transtornos da Leitura (315.00), Transtornos da Matemática (315.1), Transtornos da Expressão Escrita (315.2) e Transtornos da Aprendizagem Sem Outra Especificação (315.9).

A 10° Classificação Internacional de Doenças, organizada pela Organização Mundial da Saúde (CID – 10), inclui as seguintes categorias dentro dos Transtornos Específicos do Desenvolvimento das Habilidades escolares (F81):

- Transtorno específico de leitura (F81. 0);

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- Transtorno específico da soletração (F81.1);

- Transtorno específico da habilidade em aritmética (F81.2);

- Transtorno misto do desenvolvimento de aprendizagem escolares (F81.3);

- Outros transtornos do desenvolvimento das habilidades escolares (F81.8);

- Transtorno não específico do desenvolvimento das habilidades escolares (F81.9).

Pennigton (1991, apud livro do João) reconhece cinco módulos de funções cognitivas correspondentes a áreas ou circuitos cerebrais definidos. Disfunções nesses módulos originariam transtornos de aprendizagem. Assim, a região perisilviana esquerda tem função neolinguística, e sua disfunção acarreta transtornos disléxicos. A área hipocâmpica, nos dois hemisférios, relaciona-se à memória, e disfunções aqui dariam em transtornos amnésicos. A síndrome de disfunção hemisférica direita provoca quadros de discalculia e disgrafia, como também alterações de conduta. A síndrome disexecutiva deve-se a alterações no lobo frontal, caracterizando-se em déficits de atenção, falhas na capacidade de planejamento e antecipação de comportamentos e nas abstrações.

1. Transtorno de Leitura (dislexia)

O transtorno específico de leitura, mais conhecido como dislexia, é uma dificuldade específica da aprendizagem da leitura, que mais se manifesta entre as crianças, juntamente como o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH).

A dislexia é um transtorno crônico, permanecendo por toda vida do portador. Muitas personalidades ao longo do tempo foram disléxicas, como Albert Eintein, Thomas Edison, Leonardo Da Vinci, Beethoven; a escritora Agatha Christie, o cientista inglês Charles Darwin; George Washington, o primeiro presidente dos Estados Unidos; os pintores Pablo Picasso, Vincente van Gogh etc.

Caracteriza-se essencialmente por rendimento em leitura (i. é, correção, velocidade ou compreensão da leitura) inferior ao esperado para a idade cronológica, a inteligência medida e a escolaridade do indivíduo. O transtorno em leitura interfere significativamente no rendimento escolar, ou em atividades da vida cotidiana que exigem o uso da leitura. A leitura dos indivíduos com esse transtorno caracteriza-se por distorções, substituições ou omissões. A leitura em voz alta ou a leitura silenciosa são lentas e marcadas por erros de compreensão (DSM – IV – TR).

O transtorno de leitura, conhecido também como dislexia, é considerado uma desordem da leitura e da linguagem, envolvendo também dificuldades no ditado e na redação (Frith, 1999; Hammill, 1990; Vaughn, 1987; Lerner, 1981; Vallet, 1980; Vellutino, 1979).

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A World Federation of Neurology definiu, em 1986, dislexia como:

(…) transtorno de aprendizagem da leitura que ocorre apesar de inteligência normal, de ausência de problemas sensoriais ou neurológicos, de instrução escolar adequada, de oportunidades socioculturais suficientes, além disso, depende da existência de perturbação de aptidões cognitivas fundamentais, frequentemente de origem constitucional (Crtichley, 1975).

Um consenso entre pesquisadores estabelece a habilidade fonológica indispensável para a aquisição da leitura, sendo que indivíduos com atraso desta função apresentam – na maioria das vezes – déficits na habilidade fonológica. Essa hipótese é sustentada por diversos trabalhos que identificaram atrasos quanto à sensibilidade, à rima, aliteração e segmentação fonêmica durante o desenvolvimento da leitura (Wolf et al, 2002; Bowers, Newby-Clark, 2002; Vuckovic, Wilson, Nash, 2004; Savage et al, 2005; Swanson, Howard, Saez, 2006).

Na dislexia, o indivíduo apresenta inteligência normal, bem como distúrbio fonológico e falha na habilidade sintática. As habilidades semânticas e pragmáticas também estão comprometidas. O indivíduo tem dificuldades de linguagem escrita durante os anos escolares, e também em sua capacidade narrativa para recontar estórias. Déficits na função expressiva e alteração no processamento auditivo/visual fazem-se presentes (Capellini 2004).

Segundo alguns estudos, a dislexia é uma condição genético-neurológica que acomete mais o sexo masculino que o feminino, sendo que os meninos têm três vezes mais chances de serem acometidos por qualquer tipo de dificuldade específica de leitura (Berger, Yule e Rutter, 1975; Selikowitz, 2001; Fisher et al., 2002; Kovel et al.; 2004).

Dentre os distúrbios mais identificados por professores em sala de aula se encontram os problemas de decodificação de letras, leitura e compreensão da leitura (Capellini, Tonelotto, Ciasca, 2004).

Juntamente com o distúrbio de escrita pode ocorrer o comprometimento da realização de cálculos numéricos. Isso porque enunciados de problemas matemáticos exigem o processamento de informação, que é fundamentado em aspectos cognitivos e linguísticos, fundamentando-se também na correspondência léxico mental e na representação numérica (Espin et al., 2001; Geary, 2004).·.

Na dislexia a velocidade, o nível e o tipo de leitura encontram-se abaixo do esperado para a idade e escolarização do indivíduo acometido (Capellini e Ciasca, 1999; Capellini e Cavalheiro, 2000; Capellini, 2001).

Crianças com transtorno de leitura têm um maior risco, comparado a outros indivíduos, de apresentarem transtornos de atenção, transtornos diruptivos do

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comportamento (como transtorno de conduta) e transtornos depressivos. Um quarto de crianças com esse transtorno têm também TDAH. Essas crianças têm maiores taxas de depressão e ansiedade que crianças sem transtornos de aprendizagem. Tendem também a ter dificuldades em relacionamentos, bem como menor sensibilidade em situações sociais (Sadock).

Na dislexia, as crianças não conseguem identificar efetivamente as unidades da palavra que correspondem a sons (fonemas), o que causa dificuldades em reconhecer e pronunciar palavras, e também lentidão em nomear palavras e números. Foi postulado que lobo esquerdo, por ser o dominante na linguagem, é a local anatômico do transtorno. Estudos com tomografia por emissão de pósitrons (PET) concluíram que padrões de fluxos sanguíneos temporais esquerdos, enquanto tarefas de linguagem são executadas, diferem entre crianças com e sem déficits de aprendizagem (Paddock).

Pesquisas em neurociência e neuropsicologia apoiam a hipótese de que existe deficiência nos processos de codificação e memória de trabalho em crianças com distúrbios de leitura. Estudos associaram dislexia e nascimento nos meses de maio, junho e julho, correlacionando esse déficit a exposição à influenza, doença infecciosa que a mãe contrai principalmente nos meses de inverno. Complicações durante a gestação, dificuldades pré e perinatais, baixo peso ao nascer, prematuridade grave, paralisia cerebral com inteligência normal e epilepsia são condições onde a incidência de transtorno de leitura é maior (Sadock).

Segundo Sadock, os aspectos diagnósticos e as características clínicas do transtorno incluem: dificuldades em recordar, evocar e sequenciar letras e palavras impressas; processar construções gramaticais sofisticadas; abundância de erros na leitura — omissões, adições e distorções de palavras —; leitura lenta e compreensão mínima; prejuízo na discriminação de sons; inversão de letras e dificuldades em lembrar nomes e sons de letras. A criança sente-se desconfortável quando necessitam ler, e por isso não gostam de atividades onde a linguagem impressa está presente.

Deve-se distinguir dislexia — dificuldade na aprendizagem da leitura, de alexia — incapacidade de aprender a ler, ou mesmo compreender a linguagem escrita, como consequência de lesão cerebral (Fonseca, 1999a).

Na dislexia há a presença de um déficit no reconhecimento e compreensão de testos escritos, excluindo-se a presença de deficiência mental, insuficiente escolarização, déficit sensorial e problemas neurológicos (Stanovich, 1992, cit. In Garcia, 1998)

Deve-se distinguir dislexia adquirida e dislexia evolutiva, ou de desenvolvimento. A primeira refere-se aos indivíduos que apresentaram competência na leitura em determinado momento de sua vida, porem, devido a acidente qualquer que ocasionou lesão cerebral, vieram a perder sua capacidade de ler corretamente (Ellis, 1984) A dislexia de desenvolvimento é aquela que surge desde o momento em que se inicia o processo de aprendizagem de leitura (Citoler, 1996)

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A dislexia evidencia dificuldades na aprendizagem da leitura, onde há ausência de deficiência auditiva, motora, emocional e intelectual. Trata-se de limitação devido à perturbação cognitiva, onde não existe predominância de ensino inadequado (Myklebust, 1978 cit. In Fonseca, 1999a).

Segundo Boder (1973 cit. In Rebelo, 1993), pode-se distinguir três subtipos de transtornos/distúrbios de leitura: 1)disfonético, onde coexistem dificuldades de ligação de letras com sons; 2)diseidético, onde há grande dificuldade em juntar fonemas e ler palavras como um todo; 3)misto, onde a dificuldade é o conjunto dos déficits descritos nos subtipos anteriores, constituindo assim um problema grave.

Fonseca (1999a) salienta características comportamentais de indivíduos onde existe dislexia auditiva e dislexia visual. Assim, no caso de dislexia auditiva, encontramos: 1)dificuldades na captação e na integração de sons; 2)dissociação de um símbolo gráfico a seu som correspondente; 3)dificuldade em relacionar partes de uma palavra com a palavra como um todo; 4)dificuldades em perceber os sons das palavras, e também em imitá-los; 5)dificuldades em sequie instruções e orientações; 6)dificuldade na memória auditiva; 7)problemas de atenção e 8)dificuldades de comunicação visual.

Como quadro comportamental característico da dislexia visual, temos: 1)dificuldades em interpretar e diferenciar palavras; 2)dificuldade em memorizar palavras; 3)omissões, inversões e substituições; 4)problemas na comunicação não verbal; 5)dificuldades na percepção social; 6)dificuldades em relacionar a linguagem escrita com a linguagem oral.

A dislexia é um transtorno com expressiva carga genética. Estudos mostram que 40 por cento dos irmãos de disléxicos possuem dislexia, ainda que diferindo no grau. Os pais de disléxicos apresentam prevalência do distúrbio de 30 a 40 por cento. Estudos de gêmeos mostram que quando um possui o distúrbio, existe a ocorrência de 33 por cento no outro caso sejam gêmeos dizigóticos, e 65 por cento em gêmeos homozigóticos (Neuropsicológica Infantil).

Em 1968 ocorreu a descrição inédita da anatomia patológica de um cérebro disléxico. Observaram-se más formações no giro cortical da região parietal esquerda e atrofia do carpo do corpo caloso. Nos anos setenta Galaburda e Kemper identificaram anomalias de migração cerebral, afetando áreas como o córtex perisilviano esquerdo e suas regiões específicas: área de Broca. Opérculo parietal, giro angular, giro supramarginal, giro temporal superior posterior, área de Wernicke e região occipito-temporal (neuropsicologia Infantil).

Analisando o encéfalo de um disléxico descobriu-se a presença de assimetria do plano temporal, lugar onde se encontra a área de Wernicke, um importante centro para compreensão da linguagem. Leitores normais tem um maior desenvolvimento dessa área, algo em torno de 70 por cento. Nos indivíduos disléxicos, o maior desenvolvimento do plano temporal se encontra no hemisfério direito em 70 por cento dos casos.

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Benton, em 1975, associou a dislexia a uma dissociação entre centros visuais e de linguagem, ou seja, alterações nas conexões entre os hemisférios cerebrais. Más formações histológicas são patologias frequentes no lóbulo frontal disléxico, principalmente no giro frontal inferior. O corpo caloso, região rica em fibras que propicia a comunicação entre os dois hemisférios, é menor entre os disléxicos comparados o leitores sem dislexia. Curiosamente, após tratamento intensivo da dislexia, observou-se que o corpo caloso aumentou em seu tamanho. Há considerável alteração metabólica no cerebelo de disléxicos (Neuropsicologia Infantíl).

Exame de ressonância magnética neclear funcional (RMNf), aplicada em crianças disléxias comparativamente a leitores normais enquanto realizam atividades de processamento fonológico, mostram menor ativaçõa co córtex cerebral nas áres destinadas à compreensão da leitura, como a área de Wernicke e o giro angular.

Estudos anatomopatológicos mostraram diferenças estruturais entre o cérebro de disléxico e o de leitores normais. Nos leitores normais, o plano esquerdo é maior que o direito; quanto maior for o plano esquerdo, melhores são as habilidades linguísticas. Nos disléxicos, o plano esquerdo tem quase o mesmo tamnanho que o direito.

Neurônios do tecido cerebral de disléxicos aparentam ser menores que a média, ao menos em algumas áreas, como o tálamo. O tamanho menor do tálamo pode estar relacionado à anormalidades no sistema visual e auditivo de indivíduos disléxicos.

Estudos com tomografia por emissão de pósitrons (PET) e tomografia por emissão de fóton simples (SPECT) mostraram diminuição do fluxo sanquíeno cerebral nas áreas pré-frontal esquerda, região temporal e perissilviana na criança com dislexia (Livro do joão).

Segundo Ardunio e Ciasca (2004, apud livro do joção), nos últimos anos muitos estudos têm relacionado dislexia e exames de neuroimagem, destacando alguns achados. Assim, constatou-se que os disléxicos têm: deficiência no funcionamento integrado das áreas de Broca e do córtex temporo-parietal esquerdo; falha nas funções desempenhadas pelo córtex posterior, afetando áreas relacionadas a visão e a linguagem; redução do fluxo sanguíneo na região perissilviana e função anormal no movimento ocular. Alterações no plano temporal e na junção temporaparietal confirmaram a existência do déficit fonológico na dislexia. Também foi observado conectividade anormal nas redes neurais cruciais para o funcionamento da linguagem.

2. Transtornos de Matemática (discalculia)

O termo discalculia é utilizado como referência à inabilidade de executar operações aritméticas. A discalculia é um distúrbio psicológico, onde existe dificuldade na aprendizagem do cálculo, na realização de operações matemáticas e no raciocínio lógico matemático (Silva, 2006).

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Segundo Johnson e Myklebust (1983): “este transtorno não é causado por deficiência mental, nem por déficits visuais ou auditivos, nem por má escolarização” Anda segundo os autores, indivíduos com discalculia cometem erros na solução de problemas verbais, nas habilidades de contagem, nas habilidades computacionais e na compreensão dos números.

Segundo os pesquisadores, o indivíduo com discalculia apresenta deficiência em:

1) Visualizar conjuntos de objetos dentro de um conjunto maior;

2) Conservar a quantidade;

3) Compreender os sinais de soma, subtração, divisão e multiplicação;

4) Sequenciar números, como, por exemplo, o que vem antes do 11 e depois do 15;

5) Classificar números;

6) Montar operações;

7) Entender os princípios de medida;

8) Lembrar sequencia de passos para realizar operações aritméticas;

9) Estabelecer correspondências um a um, ou seja, não relaciona o número de alunos de uma sala à quantidade de carteiras;

10) Contar através de cardinais e ordinais.

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM – IV – TR), o Transtorno da Matemática consiste em um rendimento inferior ao esperado para a idade cronológica, inteligência medida e nível de escolaridade, nos testes padronizados de cálculo e raciocínio matemático. Ainda segundo o DSM – IV – TR, o transtorno em matemática interfere significativamente no rendimento escolar ou em atividades cotidianas onde se faz necessária a habilidade matemática.

O DSM – IV – TR estipula diversas habilidades comprometidas no Transtorno da Matemática:

(...) habilidades “linguísticas” (P. ex., compreender ou nomear termos, operações ou conceitos matemáticos e traspor problemas escritos para símbolos matemáticos), habilidades “perceptivas” (por ex., reconhecer ou ler símbolos numéricos ou aritméticos e agrupar objetos em conjuntos), habilidades de “atenção” (p. ex., copiar corretamente números ou cifras, lembrar de somar os números “levados” e observar os sinais das operações) e habilidades “matemáticas” (p. ex., seguir etapas matemáticas, contar objetos e aprender tabuadas de multiplicação) (DSM – IV – TR, 2002:83-84).

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Crianças com transtorno de matemática dificilmente aprendem e lembram numerais, apresentando lentidão e imprecisão em cálculo. Quatro grupos de habilidades básicas, onde os portadores da síndrome apresentam dificuldades, foram identificadas: habilidades linguísticas (entendimento de termos matemáticos e conversão de problemas escritos em símbolos matemáticos); habilidades perceptivas (reconhecimento de símbolos e seu reconhecimento, bem como ordenação de agrupamentos numéricos); habilidades matemática (adição, subtração, multiplicação, divisão) e habilidades de atenção (copiar figuras e observar símbolos operacionais) (Sadock).

Ocorre com mais frequência em meninas, acometendo 6% das crianças em idade escolar. Costuma ser encontrado associado ao transtorno de leitura e transtorno da expressão escrita. (Sadock)

Uma teoria coloca um déficit neurológico no hemisfério cerebral direito, mais especificamente em áreas do lobo occipital, como causa do problema. Essa região, atuante no processamento de inputs visuoespaciais, é responsável por habilidades matemáticas. Acredita-se numa causa multifatorial, incluindo fatores maturacionais, cognitivos, emocionais, educacionais e socioeconômicos. (SadocK).

Ainda segundo Sadock, as características clínicas do transtorno incluem:

a) Dificuldade em aprender nomes de números, lembrar sinais de aditivos e somatórios e aprender multiplicação;

b) Problemas em associar símbolos auditivos e visuais;

c) Dificuldade em entender a conservação de uma quantidade,

d) Dificuldade em lembrar sequências de passos para resolver problemas e adotar princípios suficientes para solucionar enunciados que envolvam matemática.

O cálculo é uma função mental superior complexa, vinculada a outros processos, como linguagem, funcionamento executivo e memória. Assim, temos diversas áreas cerebrais imbricadas na capacidade aritmética.

De acordo com McCloskey (1985) as funções mentais superiores relacionadas com a capacidade de cálculo de dividem em dois sistemas: 1) sistema de processamento numérico: encarrega-se da compreensão e produção de números de modo oral e/ou escrito; 2) sistema de cálculo: encarrega-se de compreender e recordar os símbolos e princípios para realização de operações matemáticas.

Sem dúvida, a área mais importante para a realização de cálculos é o lobo parietal. Existe uma lateralização dessa função tendendo para o lobo parietal esquerdo. Luria já havia dito que a estrutura principal do sistema funcional aritmético localizava-se nas áreas parietais posteriores do hemisfério esquerdo, onde se encontra o “cérebro matemático”: a área 40 de Brodmann. Lesões nessa área produzem acalculia. Se essas lesões se estendem as áreas visuais do lobo occipital, resulta daí em uma confusão espacial gráfica acerca de números semelhantes, como 69 e 96. Porém, nesse caso a

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confusão se manifestará como sintoma de transtornos de leitura e escrita (Neuropsicologia Infantil).

A área pré-frontal é iprescendível para o cálculo, permitindo a análise, sequenciarão e abstração necessárias para resolução de enunciados. Lesões nessa área produzem déficits na realização de cálculos.

Áreas importantes para a linguagem, área de Wernicke e Broca, participam também no cálculo. Localizadas no hemisfério esquerdo, caso lesionadas, produzem alterações na compreensão e produção de números, dificultando muita a realização de operações aritméticas.

O hemisfério esquerdo é o mais importante no processamento do cálculo. Contudo, quando falamos em números semelhantes, o hemisfério direito se sobressai. Duas quantidades diferentes se processam mais lentamente quanto mais se parecem. A distância (em números) entre duas quantidades é um fator importante na compreensão de números. O hemisfério esquerdo é quem dispõem de todas as habilidades aritméticas. Lesões no hemisfério direito resultam em problemas na organização espacial de números e quantidades, e também na resolução de problemas abstratos. Especificamente é o hemisfério esquerdo que pode anunciar números e quantidades verbalmente, e utilizá-los para resolver cálculos exatamente.

Em 1937 a terminologia discalculia foi utilizada pela primeira vez, referindo-se a dificuldade inata para realizar operações de cálculo. Considerada transtorno biológico, a discalculia não é causada por fatores exógenos de origem sócio-familiar ou pedagógica — porem considera-se que esses fatores podem agravar o problema. Aparece frequentemente aliada à dislexia, a epilepsia e ao Transtorno por Déficit de Atenção Hiperatividade (TDAH). Admite-se a possibilidade de fatores hereditários estarem por trás da discalculia (Rourke, 1993).

Kosk (1974) define discalculia como:

Transtorno estrutural das capacidades matemáticas tendo origem em um transtorno genético ou congênito daquelas partes do cérebro que são substratos anatomo-fisiológicos da maturação das capacidades matemáticas adequadas à idade, sem transtorno das funções mentais gerais.

As classificações para a discalculia são muitas, ainda que não ocorrendo consenso entre elas. Podemos distinguir:

1) Discalculia verbal: dificuldade em designar oralmente ou compreender enunciados verbais de problemas matemáticos. Relacionada à alteração no hemisfério esquerdo, especialmente á áreas relacionadas à linguagem — área de Broca e de Wernicke.

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2) Discalculia visuoespacial: indefinição espacial dos números, onde ocorrem inversão e rotação dos mesmos. Dificuldade espacial na hora de resolver enunciados, com dificuldade no começo da resolução de uma operação matemática.

3) Anaritmética: modalidade menos frequente de discalculia, caracterizada pelas dificuldades em realizar operações aritméticas, na inexistência de dificuldades de linguagem e dificuldades visuo-espaciais.

Gerstmann (1927) publicou um artigo onde expunha um conjunto de sintomas: anomia para dedos, desorientação direito-esquerda, disgrafia e discalculia. Em 1940, o mesmo autor atribuiu seu conjunto de sintomas à lesão no giro angular do hemisfério dominante. Por isso, a síndrome por ele descrita foi denominada síndrome de Gerstmann.

Em 1984, Gazzaninga e colaboradores estudaram pacientes lesionados no corpo caloso. Seus estudos mostraram que ambos os hemisférios participam nas funções matemáticas. Ambos os hemisférios processam números e quantidades, existindo importantes diferenças entre os dois hemisférios: 1) números apresentados ao hemisfério esquerdo podem ser nomeados, enquanto que ao direito não; 2) o cálculo ocorre somente com números apresentados ao hemisfério esquerdo: o direito não realiza cálculos, ainda que simples.

Em 1985, Roland e Friberg estudaram o fluxo sanguíneo cerebral durante operações matemáticas. Observou-se que as regiões parietais inferiores e o córtex pré-frontal são ativados no processo de cálculo. Estudos com tomografia com emissão de pósitrons (PET) e ressonância magnética funcional (RMf) demonstraram a ativação das mesmas regiões.

Em 1996, Dehaene e colaboradores postularam um modelo — modelo triplo código — para identificar o modo como o cérebro lida com informações numéricas. Segundo os autores são três as formas com que o cérebro lida com informações numéricas: 1) representação analógica de quantidade, onde predomina uma representação verbal dos números (p. ex. trinta e sete); 2) forma visual, onde predomina a sequência de símbolos numéricos (p.ex. 37); 3) processo transcodificador, onde é possível a modificação de uma forma para outra, ou seja, converter um número arábico para uma palavra e vice-versa.

Cada forma proposta por Dehaene corresponde a um substrato anatômico. Áreas occipito-temporais inferiores, em cada hemisfério, trabalham na identificação visual de números, originando a representação analógica em números arábicos. A área cortical perissilviana esquerda envolve-se na representação verbal dos números.

Em 1994, Klebanov e colaboradores, avaliando crianças que nasceram com baixo peso — menor que 1 quilo — concluiu que essas têm maior dificuldade no aprendizado de matemática. Esse estudo confirmou-se novamente em 2001 através de Isaacs.

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Em 1998, Aronson e Hagnerg, através de um estudo que acompanhou filhos de mães alcóolatras, demonstraram que essas crianças possuem dificuldades em memória de curto prazo, desorientação espacial e dificuldade em matemática.

Acalculia é um transtorno do cálculo associado frequentemente à alexia e agrafia (Loring, 1999). A capacidade verbal e a capacidade escrita para o cálculo estão afetadas.

A base anatômica para acalculia se localiza no córtex associativo, especialmente no lobo parietal esquerdo.

3. Transtorno de Expressão da Escrita

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM – IV – TR, 2002), o Transtorno de Expressão Escrita conjuga dificuldades nas capacidades do portador em compor textos escritos. Os textos são marcados por erros de gramática e pontuação, má disposição dos parágrafos, diversos erros de ortografia e caligrafa excessivamente ruim.

O transtorno de expressão escrita se refere à perturbação da escrita, no que diz respeito ao traçado da letra, e, portanto caligrafia, e também a disposição espacial dos recursos gráficos.

É muito comum a associação entre transtorno da expressão escrita e transtorno da leitura. Estima-se que ocorra três vezes mais em meninos que em meninas, aparecendo em 4% das crianças em idade escolar. Crianças com esse transtorno possuem um risco maior para outros transtornos de aprendizagem, como transtorno da leitura e transtorno da matemática. O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade ocorre mais frequentemente em crianças com transtorno da expressão escrita (Sadock).

O diagnóstico e as características clínicas incluem: desempenho pobre em escrever textos, escrever bem e ordenar palavras de forma a construir frases coerentes; erros gramaticais graves, como uso inadequado de tempos verbais e omissão de palavras nas frases; erros de pontuação, incluindo o esquecimento de quais palavras começam com letras maiúsculas. A criança, na construção de narrativas, não expressa claramente o local da trama, sua localização temporal e o protagonista dos acontecimentos (sadock).

A criança tem grande dificuldade em expressas seus pensamentos de acordo com as normas gramaticais de determinado idioma. Erros gramaticais e má ordenação de parágrafos estão presentes na escrita. As frases costumam não contar com letra maiúscula na palavra inicial e ponto final após a última palavra. Pode-se observar ainda uma recusa da criança em ir à escola e realizar atividades tipicamente escolares, tornando o desempenho acadêmico pobre. Irritação e frustação podem aparecer decorrentes de má adaptação social devido a incompetências na escrita (Sadock).

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Disgrafia é um termo para transtornos de leitura, caracterizando um tipo congênito presente desde o começo da aprendizagem individual, em crianças com inteligência normal isentas de transtornos neurológicos graves.

Agrafia se refere a um transtorno na capacidade de leitura, caracterizado por ser adquirido devido a dano cerebral. Normalmente está vinculada à alexia (transtorno adquirido para leitura).

4. Transtorno da Linguagem (disfasia)

Transtornos que afetam a linguagem são frequentes na infância, com preval~encia estimada entre 1 e 12%, acometendo mais os meninos (2 a 4 meninos para cada menina). Das crianças menores de cinco anos com problemas de linguagem, 60% provavelmente terão algum grau de retardo mental ou distúrbio de aprendizagem aos nove anos de idade (João).

Pesquisas indicam que essas crianças têm um risco maior para alterações do comportamento e da conduta, destacando-se o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH).

Linguagem é uma forma exclusiva de comunicação do homem onde, por meio de um código simbólico aprendido, é possível a transmissão de pensamentos, idéias, emoções, etc.

Disfasia é a inabilidade para adquirir a linguagem oral em crianças com conet~encia cognitiva adequada, na ausência de doença ou lesão cerebral importante, e deficiências sensitivo motoras significativas. Assim, a disfasia não pode ser explicada por qualquer outro motivo além de uma inabilidade congênita para aprender a linguagem oral. Entende-se a disfasia como um transtorno do sesenvolvimento.

O DSM – IV – TR (2002) distingue as seguintes formas de disfasia: por comprometimento – da linguagem expressiva e da linguagem receptiva-expressiva, ou misto; por transtorno fonológico; e por transtornos da comunicação não especificado.

Rapin e Allen, em 1983, classificaram as disfasias em três formas: expressiva, receptiva-expressiva e por processamento de ordem superior.

Entre as afasias expressivas, consideremos primeiramente a forma denominada dispraxia verbal ou disfluente, caracterizada por grave didiculdade na articulação, tanto de fomenas como também de paçavras. Pode até mesmo ocorrer ausência completa da fala.

A segundo forma de afasia de expressão é a que resulta de dificuldade em programar ou produzir a fala, chamada portanto de disfasia fluente.

Tratando das disfasias receptivas/expressivas temos, em primeiro lugar, a forma denominada agnosia verbal auditiva, onde há grande dificuldade na compreensão auditiva, geralmente acompanhada de ausência de expressão. Essa disfasia está, em

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muitas das vezes, associada à epilepsia intratável. A outra fora de disfasia neste grupo é a dificuldade fonológico-sintática, apresentando-se por omissões, substituições e distorções de consoantes.

Dentro das disfasias de processamento de nível superior temos os déficits semântico-prgmáticos, onde a compreensão é pobre, bem como o pragmatismo associado à flu~encia normal ou quase normal. Aqui também temos a disfasia léxico-sintática, caracterizado por deficiências na habilidade sintática.

Atualmente vários genes estão identificados e envolvidos nos transtornos da linguagem, tanto oral como escrita.

Exames da ressonância magnética cerebral costumam mostrar alterações nas estruturas perissilvianas, como redução bilateral da referida área. A neuroimagem funcional é capaz de mostrar alterações no fluxo sanguíneo durante realização de tarefas linguísticas, apontando para alterações funcionais.

5. Aspectos neuropsicológicos nos transtornos de aprendizagem

Em um estudo de transtornos de aprendizagem seria miopia não considerar aspectos orgânicos na etiologia de tais transtornos. Pensa-se que voltar o olhar somente para questões biológicas para explicar os transtornos de aprendizagem é desconsiderar o espaço “psi”, caindo assim num reducionismo, numa medicalização no modo em que tratamos as causas e os processos inerentes aos transtornos.

Esse argumento, entretanto, não anula a importância e a validade dos estudos na área das neurociências que buscam entender as dificuldades que passam muitos indivíduos que se iniciam no processo de aprender. Assim, seria também uma forma de reducionismo desconsiderar os aspectos orgânicos e valorizar somente explicações psicossociais.

Neurociência é um campo de estudos que conjuga conhecimentos anatômicos, fisiológicos, bioquímicos, biofísicos e moleculares, inter-relacionando essas disciplinas com fenômenos como cognição e comportamento.

Noutras palavras, as neurociências ocupam-se em descrever, explicar e, caso necessário, intervir sobre mecanismos neuronais subjacentes aos comportamentos cognitivos, perceptivos, motores, sociais e emocionais.

Ao tratarmos especificamente dos transtornos de aprendizagem, o eixo vertebral de nossa atenção é a neuropsicologia. Neuropsicologia é um campo do conhecimento humano estruturado em volta das relações entre cérebro, mente e comportamento. Ocupa-se da investigação de diferentes funções cerebrais e suas consequências para os processos mentais superiores.

Segundo Luria (1981), três unidades cerebrais funcionais são indispensáveis para qualquer tipo de atividade mental: 1)unidade para regular o tono e a vigília;

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2)unidade para obter, armazenar e processar informações; 3)unidade para programar, regular e verificar a atividade mental.

Cada uma dessas unidades básicas possuem uma estrutura hierarquizada, consistente em pelo menos três zonas corticais sobrepostas uma às outras: 1)áreas primárias, que recebem impulsos da periferia ou os enviam para ela; 2)áreas secundárias, onde ocorre o processamento de informações; 3)áreas terciárias, responsáveis por formas complexas de atividade mentais realizadas através da participação de múltiplas áreas corticais.

Como diz Luria:

Os processos mentais humanos são sistemas funcionais complexos que não estão “localizados” em estreitas e circunscritas áreas do cérebro, mas ocorrem por meio da participação de grupos de estruturas cerebrais operando em concerto (Luria, 1981:27).

A primeira unidade funcional – reguladora do tono cortical e da vigília, e também dos estados de consciência, compreende a medula espinhal, o tronco cerebral, o cerebelo, o sistema límbico e o tálamo (Fonseca, 2007:47).

Dois investigadores, Magoun e Moruzzi, apud Luria (1981:29), mostraram que há uma estrutura nervosa encontrada no tronco cerebral especialmente adaptada ao controle e manutenção do tono cortical e do estado de vigília: a formação reticular. A formação reticular também tem função inibidora da atividade cortical. As fibras ascendentes e descendentes que partem da formação reticular formam um único sistema funcional arranjado em posição vertical.

Desordens nesta unidade funcional fazem com que alunos com déficits no desenvolvimento e na aprendizagem se tornem muito lentos, quase monótonos, com respostas vagarosas e astenia (fraqueza ao acordar), embora sem nenhuma perturbação de recepção sensorial. Desordens na primeira unidade funcional incluem outros sintomas como insônia, desatenção, distúrbios de memória; lentidão significativa com modificação no tom da voz e nas reações afetivas, manifestadas como indiferença, ansiedade e aflição (Fonseca 2007).

A segunda unidade funcional descrita por Luria (1981) é responsável pela recepção, análise e armazenamento de informações. Correspondem as regiões laterais do neocórtex (córtex pré-frontal), incluindo as regiões visual (occipital), auditiva (temporal) e sensorial geral (parietal). Esta unidade é especializada em receber estímulos provenientes de receptores periféricos que chegam até o cérebro, onde ocorre decodificação e integração.

A segunda unidade funcional recebe, analisa e armazena informação proveniente do mundo exterior, ou, funciona como “mecanismos cerebrais de formas modalmente específicas dos processos gnósticos” (Luria, 1981:54). A atividade gnóstica humana,

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segundo o autor, é complexa e resultante de atividades polimodais, envolvendo várias zonais corticais.

Luria também descreve o princípio da lateralização funcional, que começa com o aparecimento de maior aptidão em uma das mãos, e o aparecimento da fala. Na lateralização, os hemisférios cerebrais se tornam especializados em determinadas funções.

A terceira unidade funcional é a responsável por programar, regular e verificar a atividade, organizando assim ações conscientes (Fonseca, 2007:53).

Além de receber e processar informações que chegam do meio ambiente, o homem é capaz de criar intenções, programas e planos para sua vida, tanto no presente, como também visando o que irá acontecer. A capacidade de analisar os efeitos de suas ações, relacionando-as com o que foi planejado, também está presente no homem.

O substrato anatômico das funções cognitivas presentes na terceira unidade funcional corresponde aos lobos frontais, que agem na formação de intenções, na regulação e verificação do comportamento humano.

As regiões pré-frontais, presentes no lobo frontal, se conectam com todo o córtex — incluindo a formação reticular —, recebendo e enviando impulsos. As funções executivas são produtos da atividade da terceira unidade funcional.

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