a utilização do mangá no âmbito da ilustração na cultura jovem brasileira

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Universidade Federal da Bahia Savitri Ramaiana Orientadora – Marcela 11/09/2013 A utilização do mangá no âmbito da ilustração na cultura jovem brasileira.

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A principal relação de sucesso do mangá na cultura pop brasileira.

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Page 1: A utilização do mangá no âmbito da ilustração na cultura jovem brasileira

Universidade Federal da BahiaSavitri RamaianaOrientadora – Marcela 11/09/2013

A utilização do mangá no âmbito da ilustração na cultura jovem brasileira.

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Mangá no Japão Antigo

A palavra mangá significa rabiscos descompromissados, ou ainda imagens involuntárias

Ganha força com o fim da era feudal no Japão, em meados do século XIX

Durante a segunda guerra mundial, o mangá foi utilizado como forma de resistência, passando mensagens contra o poder estadunidense, sem que os mesmos percebessem.

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Mangá no Japão Atual

Existem mangás específicos para leitores masculinos e femininos desde a idade pré-escolar, idade infantil, adolescência, universitária, adulta e idosa.

Um outro aspecto fundamental do mangá é a sua relação com a escrita japonesa. O mangá é, entre outras coisas, usado como fundamental ferramenta no ensino do idioma japonês, desde a pré-escola até o colegial.

Page 4: A utilização do mangá no âmbito da ilustração na cultura jovem brasileira

No Japão, os mangás, em sua maioria semanais, podem possuir entre 400 e 500 páginas, com cerca de vinte histórias de autores diferentes por edição; a cada mês a editora publica junto com o mangá uma pesquisa com os leitores para que respondam quais são suas histórias favoritas naquele mês, se uma história não está sendo popular ela é cancelada para dar lugar a outras, gerando assim uma grande rotatividade de histórias e autores.

Admiradores de mangás e cultura pop japonesa são chamados de otákus ( “fechado em seu casulo”) são como os nerds americanos, que, por serem fanáticos e obcecados por quadrinhos, games e/ou animação, são excluídos e encarados como pessoas esquisitas. No caso do Brasil, esses jovens utilizam o termo como sinônimo de fã de cultura pop japonesa em geral, titulo digno de orgulho para eles.

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Mangá no Brasil

O primeiro mangá publicado no Brasil foi “O lobo Solitário” de Kozuri Okame, em 1988.

Porém, o estouro do mangá no Brasil, só aconteceu depois da exibição do anime - desenho japonês – Cavaleiros do Zodíaco, em 1994 pela TV Manchete. Que rapidamente se tornou fenômeno de público e vendas

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O desenho foi o ponto focal para solidificar no Brasil a presença e o gosto pelo animê e pelo mangá. Somando isso ao período propício da economia brasileira e o surgimento da internet no Brasil.

O sucesso fez nascer a criação de diversas revistas especializadas - Herói, Animax, Anime Dô, etc. Foi através dessas publicações que o público infanto-juvenil, descobriu que todos os desenhos animados que eles acompanhavam na televisão tinham sua origem em histórias em quadrinhos japonesas.

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Em 2001, editoras como a JBC e Conrad passaram a publicar séries originais de mangá traduzidas para o português. Antes disso, o mercado editorial de quadrinhos no Brasil tinha hegemonia das gigantes americanas Marvel e DC Comics. Nessa mesma época, a qualidade das HQ’s americanas tinha caído, deixando um terreno livre para a entrada de material novo.

A única grande dificuldade que os leitores teriam de enfrentar era o fato de um mangá, assim como toda publicação e textos japoneses, se ler da direita para a esquerda e começa pelo final. Para sanar esse problema, as editoras colocam na primeira ou última página do mangá uma explicação sobre como se deve lê-lo.

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Mangá e vendas

A Folha On-line publicou um artigo, em 15/01/2008, que considera o Brasil pioneiro, no ocidente, no consumo de quadrinhos japoneses.

No Japão, as vendas de mangás chegam a 2,5 milhões de exemplares numa única semana. No Brasil, atingem 900 mil por mês, o que representa a metade de todos os quadrinhos produzidos, de acordo com estimativas de editoras (LUYTEN, 1987)

Os super-heróis, que circulavam com até 150 mil exemplares por mês na década de 1980, sobrevivem com 20 mil, os títulos da Disney, como o Pato Donald, também não passam de 30 mil editares. Os Mangás, em contrapartida, estão superando-os: a Conrad com até 100 mil e a JBC com cerca de 40 mil.

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Em setembro de 2007 foi possível encontrar 105 títulos de Mangás a venda nos site das editoras: Conrad, JBC, Panini e NewPOP. Em março de 2009 esse número pulou para 135, ou seja, em 19 meses 30 novos títulos surgiram no mercado.

A JBC já teria vendido cerca de 1,2 milhões de Mangás (correspondentes a 18 títulos). Seus leitores são formados de ambos os sexos, das classes A e B, com idade de 12 a 25 anos, e se concentrariam em capitais e centros regionais, dos quais 55% correspondem ao sudeste.

Quanto a Panini (www.paninicomics.com.br), estão disponíveis a venda 44 títulos, De 2007 para cá, lançou mais 18 histórias em quadrinhos. Em comparação com as outras empresas é a que publica Mangás com mais páginas, grande parte chega quase a 200 ou passa desse número, além de também oferecer assinatura.

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Mangá e Eventos

A maior concentração de otakus do país fica, em São Paulo, devido ao grande número de descendentes dos imigrantes japoneses e ao bairro da Liberdade, que mantém lojas de produtos japoneses relativos a essa cultura pop com a venda de CD´s DVD´s, revistas, mangás, etc.

Por todo o Brasil, centenas de eventos são realizados por ano, com exibição de desenhos animados, divulgação de quadrinhos e apresentação de Cosplay - fantasias. O maior evento do país é o Anime Friends, que acontece em São Paulo, em julho.

Page 11: A utilização do mangá no âmbito da ilustração na cultura jovem brasileira

Em Salvador, temos o Bon Odori, um festival Japonês de agradecimento aos antepassados, que foi incorporada pela cultura baiana, desde 1992. O Festival reúne cerca de 35 mil pessoas e atrações de todo o país.

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Mas é no Anipólitan, que o maior evento voltado a cultura pop acontece. Realizado anualmente desde o ano de 2003, disponibiliza salas de exibição, oficinas de bonsai, origami, língua japonesa e oficina de mangá. O público encontra no evento a exposição de artefatos japoneses, estandes de empresas especializadas no segmento, comidas típicas orientais, apresentações, ilustrações do tipo mangá e afins.

Devido ao sucesso dos eventos realizados e o crescente consumo de mangás na capital, iniciei minha pesquisa dado o seguinte questionamento:

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Qual a principal característica que fez o mangá influenciar no comportamento do jovem Brasileiro?

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“A absorção da cultura nipônica acontece porque dentro de nossos casulos de consumo e das nossas comunidades fechadas, estamos cada vez mais carentes de uma memória coletiva e da sensação de pertencimento. As mensagens que a mídia ocidental veicula estão sempre ligadas a uma valorização da personalidade e da quebra com as tradições e laços sociais. “ - Mangá: o fenômeno comunicacional no Brasil, pag 13.

“Gusman (2005) aponta três vantagens que os Mangás possuem em relação as outras HQs. A primeira é que todas as histórias dos Mangás tem fim, independente do tempo que levarem para terminar. A outra vantagem é a relação desse mercado com o da TV e do cinema. A terceira vantagem é que os personagens expressam um aspecto mais humano que os ocidentais, gerando empatia maior no leitor. Outro fator importante, segundo Sidney Gusman, é que o Mangá resgatou um público especifico no Brasil (entenda-se também no Ocidente) que estava sendo esquecido: As garotas". O autor (2005, p. 79)” - Mangá: o fenômeno comunicacional no Brasil, pag 11-12

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Yuri - Lésbico

Yaoi - Gay

Hentai - Adulto/Erótico

Shonen – Para meninos

Shoujo - Meninas

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“O mercado de mangá é segmentado, com revistas para crianças, adolescentes, jovens, adultos com mais de trinta anos (com direito a revistas femininas e masculinas). Para as garotas que saíram da adolescência e para jovens mulheres executivas, bem como para seus pares masculinos. Tal fato, amplia muito o mercado consumidor brasileiro, logo também o numero de leitores, pois não é limitado a um público especifico, e sim atendendo a todos. O mangá oferece grandes possibilidades de comunicação em massa no país (Luyten, 1978)” - Mangá : Ascensão da cultura visual moderna japonesa no Brasil , pag 12

“Nos mangás, os personagens envelhecem, passam por dilemas e as histórias têm um final, ao contrário dos super-heróis do resto do mundo, em que um episódio não necessariamente é continuidade do outro e os personagens têm sempre a mesma idade e tipo físico, ainda que sobrevivam por décadas. Isto faz com que muitos leitores se identifiquem com os personagens, ao contrário do HQ (quadrinhos) norte americano cujo personagem se apresenta sempre imutável, perfeito, sem defeitos físicos, de caráter ou psicológicos.” (LUYTEN, 1987 - Mangá : Ascensão da cultura visual moderna japonesa no Brasil , pag 12.

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Entrevista e Gráfico

Para comparar as citações pesquisadas com o pensamento do jovem brasileiro em relação aos quadrinhos japoneses, foi realizado um questionário com dez perguntas de fácil compreensão em torno da problematização. Jovens em torno de 12 à 23 anos, que com as suas colaborações ajudaram a entender um pouco mais sobre esse interesse que a cada ano vem sendo evidente e contagiando cada vez mais pessoas.

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Há quanto tempo você gosta de mangás?

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O que mais gosta na leitura do mangá?

31%

69%

Desenho/traço

Históriaenvolvente

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O que te influenciou a gostar dos quadrinhos japoneses?

80%

10%

10%Através dosanimes

Através dacompra nasbancasAtravés de amigos

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Para você, o que diferencia o mangá dos quadrinhos americanos?

40%

50%

10%

O desenho

A história das HQs sãoprevisivéis

Mangás são maiscômicos

Page 22: A utilização do mangá no âmbito da ilustração na cultura jovem brasileira

Você acha que o mangá pode mudar o comportamento do jovem?

50%50% NãoSim

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Você sabe dizer como surgiu à febre do mangá no Brasil?

30%

10%

60%

CDZDBZNão sabem

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Você se considera um “otaku”?

70%

30%

SimNão

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Sabe a diferença entre um otaku brasileiro e um japonês?

10%

30%

40%

20%Não

Ambos sãofanáticos

Acham que ootaku japonês éanti-socialQue o otakujaponês é melhor

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O que te atrai nos eventos relacionados à cultura pop japonesa?

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Existe diferença entre os heróis japoneses e estadunidenses? Se sim, quais?

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Conclusão

Conclui-se que, através da analise da pesquisa, o fator mais atraente para os jovens no mangá, dá-se a identificação do próprio leitor no personagem. A “humanidade” do mesmo aproxima e configura o sucesso que os quadrinhos vem obtendo hoje.

É importante que esses aspectos de manifestações joviais sejam observados, para prestarmos atenção e delimitarmos as verdadeiras mudanças na juventude brasileira, a necessidade de interação, de se encontrar com semelhantes, de ser ouvido e visto pelos demais. Com o mangá abordando temas polêmicos, a “minoria”, como homossexuais, podem se sentir mais aceitos, observando que dentro daquele mundo jovem, ele também possui espaço. Podemos traçar, através disso, uma abordagem psicológica do assunto.

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Referênciashttp://www2.dbd.pucrio.br/pergamum/tesesabertas/0410903_06_cap_02.pdf

http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300674951_ARQUIVO_meu.pdf

http://www.encontro2012.sp.anpuh.org/resources/anais/17/1342374822_ARQUIVO_artigoanpuh.pdf

http://www.abciber.com.br/simposio2009/trabalhos/anais/pdf/artigos/2_entretenimento/eixo2_art21.pdf

http://www.abciber.com.br/simposio2009/trabalhos/anais/pdf/artigos/2_entretenimento/eixo2_art21.pdf http://www.petfacom.ufjf.br/wordpress/arquivos/artigos/Japao,_explodindo_subcultura_Cultura_e_Midia_japonesa_no_Brasil.pdf