a utilizaÇÃo de estratÉgias operatÓrias como resposta...

15
A UTILIZAÇÃO DE ESTRATÉGIAS OPERATÓRIAS COMO RESPOSTA À DEMANDA DA TAREFA DE DESCARREGAMENTO DE BOBINAS DE FIO: ESTUDO DE CASO NUMA INDÚSTRIA TÊXTIL. Gilson Marques Pinheiro (UIT) [email protected] ALECIR SILVA (UIT) [email protected] Geraldo Nilton de Oliveira (UIT) [email protected] Este artigo descreve o estudo realizado para descobrir e analisar os motivos que levam os operadores, na realização da tarefa de descarregamento de bobinas de fio num processo de fiação de uma indústria têxtil, a fazer opção pelo trabalho mmanual em detrimento ao conforto propiciado pela utilização de um mecanismo automático. No descarregamento semi-automático, um braço mecânico apanha as bobinas numa esteira localizada na parte superior da máquina transportando-as até uma altura onde não é necessária a elevação dos braços do operador para a retirada das bobinas. no descarregamento realizado manualmente, o operador tem que levantar os braços acima do nível dos ombros e ficar “na ponta dos pés” para apanhar a bobina, o que intensifica o trabalho, ocasiona desconforto e aumenta o risco de desgaste músculo-esquelético. Constata-se que a não consideração das variabilidades existentes na situação real de trabalho quando do estabelecimento do planejamento da produção, do cálculo do quadro de pessoal e das metas de produtividade faz com que os operadores transgridam a norma - que prescreve que o descarregamento de bobinas de fio deve ser feito utilizando-se o mecanismo automatizado - para conseguir responder as demandas da tarefa. Palavras-chaves: Trabalho prescrito. Trabalho real. Carga de trabalho. Variabilidade. Indústria têxtil. XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

Upload: ngodiep

Post on 09-Jan-2019

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

A UTILIZAÇÃO DE ESTRATÉGIAS

OPERATÓRIAS COMO RESPOSTA À

DEMANDA DA TAREFA DE

DESCARREGAMENTO DE BOBINAS DE

FIO: ESTUDO DE CASO NUMA

INDÚSTRIA TÊXTIL.

Gilson Marques Pinheiro (UIT)

[email protected]

ALECIR SILVA (UIT)

[email protected]

Geraldo Nilton de Oliveira (UIT)

[email protected]

Este artigo descreve o estudo realizado para descobrir e analisar os

motivos que levam os operadores, na realização da tarefa de

descarregamento de bobinas de fio num processo de fiação de uma

indústria têxtil, a fazer opção pelo trabalho mmanual em detrimento ao

conforto propiciado pela utilização de um mecanismo automático. No

descarregamento semi-automático, um braço mecânico apanha as

bobinas numa esteira localizada na parte superior da máquina

transportando-as até uma altura onde não é necessária a elevação dos

braços do operador para a retirada das bobinas. Já no

descarregamento realizado manualmente, o operador tem que levantar

os braços acima do nível dos ombros e ficar “na ponta dos pés” para

apanhar a bobina, o que intensifica o trabalho, ocasiona desconforto e

aumenta o risco de desgaste músculo-esquelético. Constata-se que a

não consideração das variabilidades existentes na situação real de

trabalho quando do estabelecimento do planejamento da produção, do

cálculo do quadro de pessoal e das metas de produtividade faz com que

os operadores transgridam a norma - que prescreve que o

descarregamento de bobinas de fio deve ser feito utilizando-se o

mecanismo automatizado - para conseguir responder as demandas da

tarefa.

Palavras-chaves: Trabalho prescrito. Trabalho real. Carga de

trabalho. Variabilidade. Indústria têxtil.

XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.

São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

2

A UTILIZAÇÃO DE ESTRATÉGIAS OPERATÓRIAS COMO RESPOSTA À

DEMANDA DA TAREFA DE DESCARREGAMENTO DE BOBINAS DE FIO:

ESTUDO DE CASO NUMA INDÚSTRIA TÊXTIL.

1 Introdução

O uso de novas tecnologias pode contribuir para a diminuição da carga física de trabalho. No

entanto, maior exigência de concentração mental, atenção visual e posturas forçadas levam ao

esforço muscular estático. “A tendência, portanto, é tornar o trabalho mais intenso e

complexo, isto é, mais denso” (MACHADO, 1999).

Segundo Machado (1999) trabalhadores submetidos à exigência de ritmo de trabalho e ao alto

padrão de produção têm sido vítimas de grande incidência das patologias ditas “doenças da

modernidade”, resultando em dor, fadiga, queda do desempenho, incapacidade temporária e

perda da capacidade laboral.

Com a intenção de investigar alguns aspectos relacionados àquela exigência de trabalho, o

estudo foi realizado num processo de fiação - fabricação de fios - de uma indústria têxtil. Este

processo foi definido em função do grande impacto que o mesmo tem sobre a qualidade do

produto final e onde novas tecnologias foram introduzidas, sendo a análise realizada sobre a

tarefa de descarregamento de bobinas de fio que deve ser feito de forma semi-automática.

Quando do descarregamento semi-automático das bobinas, a máquina, através de um braço

mecânico, apanha as bobinas transportando-as até a altura da mão do operador que a retira.

No entanto o operador impede a realização do descarregamento semi-automático e passa a

fazê-lo manualmente. Neste último caso o descarregamento é feito de forma desconfortável,

tendo o operador que se esforçar para retirar a bobina, levantando os braços acima do nível

dos ombros e ficando “na ponta dos pés”. Assim busca-se entender os motivos que levam o

operador a fazer a opção pelo descarregamento manual - que causa desconforto e intensifica o

trabalho - em detrimento ao conforto propiciado pela utilização do mecanismo automático.

Para tanto são caracterizados o trabalho prescrito e o real, a organização do trabalho, as

variabilidades e as sobrecargas decorrentes da atividade.

A metodologia utilizada neste estudo foi a AET – análise ergonômica do trabalho. Utilizou-se

esta metodologia - que é centrada na análise de situações reais de trabalho de forma a

“compreender e transformá-lo” (GUERIN, 2001) – para possibilitar a identificação das

exigências da tarefa e as estratégias adotadas pelos operadores para geri-las.

Os dados e informações essenciais à análise da atividade de trabalho foram obtidos através de

entrevistas com operadores, monitores de treinamento, técnico de segurança e chefias, bem

como através de observações diretas das atividades dos operadores e do sistema técnico e

consulta a catálogos, normas, programa de prevenção de riscos ambientais e manual de

treinamento. Foram entrevistados operadores e chefes de turnos diversos para tentar descobrir

se haveriam percepções diferentes com relação à atividade de trabalho. Visitas ao local de

trabalho permitiram a caracterização do posto de trabalho, do ambiente físico e da

organização do trabalho, destacando fatores tais como temperatura, iluminação, espaço físico,

máquinas, capacidade produtiva, perfil dos trabalhadores e divisão do trabalho. As

informações foram facilmente levantadas na medida em que houve boa receptividade,

facilidade de acesso ao posto de trabalho e à documentação necessária para a realização do

estudo.

2 Ergonomia e análise do trabalho

3

A ergonomia é definida como “o conjunto de conhecimentos a respeito do desempenho do

homem em atividade, a fim de aplicá-los à concepção de tarefas, dos instrumentos, das

máquinas e dos sistemas de produção” (LAVILLE, 1997). Numa definição mais operacional

da ergonomia, Ferreira (1999) a considera como “o conjunto de conhecimentos que visa

melhor adaptação das situações de trabalho (características do ambiente de trabalho,

instrumentos de trabalho e organização do trabalho) aos trabalhadores”.

As finalidades da ergonomia são pelo menos duas: a melhoria e a preservação da saúde dos

trabalhadores e a concepção e o funcionamento satisfatório do sistema técnico do ponto de

vista da produção e da segurança (WISNER, 1994).

Através da análise ergonômica do trabalho é possível entender a atividade dos trabalhadores

(incluindo, por exemplo, posturas, esforços, deslocamentos, busca de informações, tomadas

de decisão, comunicações) como resposta a uma série de determinantes relacionados à

empresa (organização do trabalho, metas, normas, recursos, etc.) e ao trabalhador (idade,

características pessoais, experiência, expectativa, etc.).

A análise do trabalho identifica, de um lado, a diferença entre o “dever-fazer” (tarefa

prescrita) e o “fazer” (atividade real) e, de outro lado, como o indivíduo faz reajustamentos,

chamados de regulação (TERSSAC, 1990). Aquela análise tem como objetivo gerar dados

que permitam reduzir a distância entre a tarefa prescrita e a atividade real do operador. Esta

distância é a fonte essencial das disfunções do sistema de produção.

A variabilidade das condições de trabalho é determinante na atividade de regulação

empregada pelos trabalhadores para gestão da variabilidade e implica na modificação de

modos operatórios com o objetivo de manter a qualidade e quantidade de produção (TELLES,

1995). O estado de abertura do leque de modos operatórios que permitem um resultado

determina a carga de trabalho (DANIELLOU, 1992). Assim podemos dizer que a carga de

trabalho aumenta na medida em que há uma diminuição do número de modos operatórios

possíveis, ou seja, menos possibilidades de alternar maneiras de trabalhar para cumprir os

objetivos da produção (GUÉRIN, 2001).

Para Echternacht (2004), carga de trabalho é a relação entre a demanda de desempenho

configurada na situação de trabalho (objetivos, exigências e meios) e a demanda de energia

humana necessária ao desempenho (condições internas de resposta à situação). Nesta mesma

linha, Teiger et al. (1973) apud Ferreira (1999), definiram carga de trabalho como “a

intensidade do esforço exercido pelo trabalhador, para responder às exigências da tarefa, em

relação ao seu estado e aos diversos mecanismos colocados em jogo no trabalho”. Para

Laville (1997), a carga de trabalho depende da relação entre o conteúdo da tarefa e o limite de

tempo para sua execução.

Wisner (1987) aponta para a distinção, na carga de trabalho, as dimensões física (quantidade e

qualidade do esforço físico despendido pelo trabalhador - gestos, posturas e deslocamentos),

cognitiva (funções mentais exigidas para a realização do trabalho, tais como: memória,

atenção, percepção, audição e visão) e psíquica (significado que o conteúdo, natureza e

organização do trabalho assumem para cada trabalhador, sendo expressa por componentes

psicológicos como desejo, medo, angústia, afetividade, motivação). Conforme Abrahão

(1993), através da análise da atividade a ergonomia busca determinar os componentes físico,

cognitivo e psíquico da carga de trabalho e sua repercussão sobre a saúde do trabalhador e a

produtividade.

4

Portanto, as atividades de trabalho exercem sobre o trabalhador certo número de

constrangimentos, exigindo-lhe gastos de naturezas física, mental, emocional e afetiva,

acarretando desgastes e custos para o indivíduo. De acordo com Wisner (1987), os principais

aspectos do custo humano do trabalho são as doenças profissionais, as doenças ocupacionais,

os acidentes, o desgaste, a fadiga, o sofrimento e o desinteresse.

3 Análise do trabalho de descarregamento de bobinas de fio

3.1 O contexto produtivo

O estudo foi realizado em uma indústria têxtil de grande porte que produz, por mês,

aproximadamente 5 milhões de metros lineares de tecidos. Suas linhas de tecidos estão

voltadas para o vestuário (sportswear) e para uniformes (workwear) e abastecem o mercado

brasileiro e internacional. Inovações tecnológicas contribuíram para tornar o ciclo de

produção mais ágil, aumentar a produtividade e ampliar a linha de produtos. O cumprimento

de metas ambiciosas de produtividade e da qualidade foi decisivo para consolidação da

empresa entre as primeiras de seu segmento. A empresa foi, ainda, a primeira indústria têxtil

da América Latina a conquistar, para toda linha de operações, a certificação ISO 9001, e a

primeira indústria têxtil do estado a conquistar a certificação ISO 14001.

O histórico da empresa mostra, sobretudo nos últimos anos, transformações na tecnologia e na

organização do processo de trabalho. Houve enriquecimento da função do operador e com

isso as exigências relativas às competências básicas, técnicas e pessoais se tornaram maiores.

Se antes a habilidade manual do operador era o fator decisivo nos resultados do processo,

hoje, com a introdução de novas tecnologias – automação e informatização – e reorganização

do processo de trabalho, há que se desenvolver competências para controlar, analisar e

melhorar o processo, além de habilidades para negociar, comunicar e trabalhar em equipe.

Uma fábrica de tecidos se divide em três grandes processos: fiação, tecelagem e

acabamento. Fiação é o ato de fiar, ou seja, transformar a matéria-prima (fibras de

algodão e fibras sintéticas) em fio. Tecelagem é a transformação do fio em tecido,

enquanto o acabamento agrega características como cor, brilho, maciez, etc ao

tecido. Após o processo de fabricação do tecido, o mesmo é inspecionado, cortado,

embalado, armazenado e enviado aos clientes (PINHEIRO, 2007).

Os processos de fiação são compostos pela linha de abertura, carda, passador e filatório de

rotor. A linha de abertura tem a função de abrir, limpar, misturar e uniformizar a matéria

prima (fibras de algodão e/ou poliéster) transformando-a em flocos, preparando-os para serem

processados nas máquinas subseqüentes. Na carda as fibras são abertas, limpas, separadas,

paralelizadas e estiradas transformando-se em fitas de carda. O passador estira e homogeneíza

as fitas de carda, em termos de cor e massa. Em seguida, no filatório de rotor, ilustrado na

figura 1, a fita de passador é desfeita pela cardinha (pequeno cilindro abridor), estirada e

torcida, transformando-se em fio. É neste último processo da fiação que o trabalho foi

realizado.

5

Figura 1: Filatório de rotor

Além das novas tecnologias introduzidas no processo de fabricação do fio, o produto do

filatório (fio) causa grande impacto na qualidade do produto final (tecido) e ainda este

processo se apresenta como ponto crítico quanto à produtividade – gargalo. A empresa possui

oito filatórios que fabricam o mesmo produto, variando-se apenas as características do

mesmo. Na operação do filatório o foco do estudo foi o descarregamento de bobinas de fio.

Este processo possui atualmente 12 funcionários, trabalhando em três turnos (de 05h00 às

13h30, de 13h30 às 22h00 e de 22h00 às 05h00) e produzindo, em média, por mês, 460 a 540

toneladas de fio, sendo a capacidade produtiva de 650 toneladas e a meta de 600 toneladas.

Além daqueles funcionários, é utilizada uma pessoa para cobrir férias e uma para cobrir

folgas, em cada turno.

A população trabalhadora é constituída por 89% do sexo masculino e 11% do sexo feminino,

sendo que 72% têm idade entre 21 a 30 anos, 17% entre 31 a 40 anos e 11% entre 41 e 46

anos. Destes trabalhadores, 39% têm altura variando entre 1,61 a 1,70 m e 61% entre 1,71 a

1,80 m. Quanto ao nível de escolaridade, 22% possuem o ensino fundamental incompleto,

28% o ensino fundamental e 50% o ensino médio. Já quanto ao tempo de serviço na função,

50% têm de 1 a 5 anos, 28% de 6 a 10 anos e 22% de 11 a 16 anos.

3.2 O processo de produção

O filatório de rotor transforma fita de algodão ou algodão / poliéster em fio através dos seus

280 fusos. Todo o funcionamento da máquina é monitorado por um módulo CPU que envia

informações para um painel digital. Por meio deste painel o operador tem acesso às

informações sobre o desempenho da máquina e faz a programação da mesma.

O filatório de rotor tem a capacidade de transformar cada centímetro de fita em

aproximadamente 140 cm de fio. O fio produzido é acumulado num cilindro de plástico

situado acima da saída de cada um dos fusos. O acúmulo do fio no cilindro forma a bobina de

fio que ao atingir a metragem estabelecida na programação é coletada por um robô viajante e

transferida para uma esteira posicionada na parte superior da máquina, enquanto que um novo

cilindro de plástico é automaticamente direcionado para ocupar o espaço deixado pela bobina

retirada. As bobinas de fio são depositadas sobre a esteira e ao atingir o número programado

de bobinas, uma lâmpada é acesa sinalizando para o operador que está no momento de se

iniciar o descarregamento das bobinas.

O operador através do painel digital do filatório de rotor aciona a esteira que conduz as

bobinas para um braço mecânico que se abaixa quando a bobina está sobre o mesmo e desliga

Bobina de fio

Fita de passador

6

a esteira para que as demais bobinas não caiam no chão. O braço mecânico conduz a bobina

até a altura da mão do operador que a retira e a coloca sobre um palete. Quando o operador

retira a bobina, o braço mecânico retorna à posição inicial religando a esteira, e o processo se

repete novamente até a descarga de todas as bobinas.

3.3 Dados físicos do ambiente de trabalho

Por meio de observações, mensurações e de informações obtidas no levantamento ambiental,

os dados relativos ao ambiente físico de trabalho são os seguintes:

– Galpão: construído em alvenaria com pé direito de 4 m, com área de 2230 m2, piso com

revestimento em cimento e acabamento feito através de polimento, paredes em alvenaria,

cor bege – parte inferior - e vidro na parte superior, sendo o teto em telhado de alumínio

com revestimento acústico e térmico – placas de isopor e lã de vidro;

– Iluminação: 415 lux;

– Ventilação: artificial, através de climatização central e exaustão no piso;

– Temperatura: 28 a 35 oC;

– Umidade: 40 a 70 %;

– Ruído: 84 a 98 dB;

– Poeira de algodão: 1,16 mg/m3.

O nível equivalente de ruído é superior aos limites de tolerância estabelecidos. No entanto a

empresa fornece protetores auriculares capazes de reduzir a intensidade do ruído para níveis

abaixo do limite de tolerância. Já a exposição ao calor neste posto de trabalho é compatível

com o regime de trabalho. A concentração de poeira de algodão, quando da realização da

limpeza da máquina, é superior ao limite de tolerância recomendado. Para tanto é fornecida

máscara semifacial. O operador realiza as suas atividades de trabalho na posição em pé

durante toda a jornada de trabalho.

3.4 Análise da tarefa

O processo se inicia pela regulagem do sistema técnico, quando são definidos – de acordo

com as características desejáveis do fio, como regularidade, resistência e título (relação entre

a massa e o comprimento do fio) – todos os parâmetros de fabricação. Esta etapa, onde se

definem regras, estipula valores e objetivos é realizada pelo mecânico de manutenção.

Posteriormente o operador faz a alimentação da máquina com a fita de passador e se inicia a

transformação até que se tenha o fio. Durante a transformação, são funções do sistema técnico

(robô):

– Fazer emenda do fio;

– Alertar o operador quando não tiver sucesso na emenda, após um número pré-ajustado de

tentativas de emendas;

– Desligar o fuso da máquina, quando for ultrapassado um número pré-ajustado de emendas

por unidade de comprimento;

– Fazer limpeza preventiva do rotor (componente da máquina onde ocorre a transformação da

fita em fio) após um tempo pré-ajustado de operação;

– Fazer troca de tubetes (cilindros de plástico onde o fio é enrolado) depois de alcançado o

comprimento do fio;

7

– Transportar bobina (grande quantidade de fio enrolado) para a estante final;

– Posicionar a bobina de modo a facilitar a retirada manual;

– Fazer a alimentação de tubetes vazios;

– Monitorar a qualidade, gerando ruptura do fio ou desligando o fuso;

– Descartar automaticamente as sobras;

– Captar os dados operacionais.

O monitoramento é feito em cada fuso da máquina, de acordo com os parâmetros pré-

ajustados. Estes parâmetros se referem tanto à qualidade quanto à produção. As informações

relativas a esse monitoramento são apresentadas num painel. Além disso, interferências no

sistema são indicadas por sinalizadores luminosos ou sonoros.

Como tarefa humana, na operação do filatório, destaca-se:

– Fazer regulagem dos parâmetros de produção;

– Corrigir anormalidades no fuso;

– Corrigir anormalidades no robô;

– Descarregar bobinas de fio;

– Abastecer porta-tubetes;

– Fazer manutenção autônoma;

– Coletar dados no painel e registrá-los no sistema;

– Realizar controle da qualidade;

– Registrar interferências relativas à qualidade;

– Registrar interferências relativas à manutenção;

– Registrar e analisar resultados de itens de controle;

– Analisar resultados e propor melhorias.

Na divisão do trabalho por turno, três operadores atuam diretamente no processo produtivo,

enquanto um operador atua no carregamento, transporte e troca de latas de fita de algodão ou

algodão / poliéster. Ressalta-se que nos horários de refeição de uma hora há revezamento,

sendo o trabalho realizado por três operadores, resultando em aumento da carga de trabalho.

O trabalho prescrito para realização do descarregamento de bobinas de fio, que pesam entre

4,0 e 5,0 kg, consiste em:

– Preparar todos os acessórios próximos à máquina.

– Acionar sistema automático de retirada de bobinas;

– Retirar duas bobinas do braço mecânico por vez;

– Depositar as bobinas corretamente nos paletes;

– Evitar deslocamento até o término do descarregamento;

– Identificar e transportar os paletes para o estoque.

3.5 Análise da atividade

8

Percebe-se que em situações de normalidade o sistema técnico, uma vez regulado (modelo

formal), interpreta, diagnostica, monitora e faz reparos de forma precisa e ágil, possibilitando

melhoria na qualidade e produtividade. No entanto, em situações em que há grandes variações

nas características da matéria prima (grau de limpeza e composição) e nas condições

ambientais (temperatura e umidade) há grande demanda de intervenção do operador na

correção das anormalidades do processo. Isto é mais crítico nos horários de refeição - quando

aumenta o número de máquinas por operador - e quando se está fabricando fio de título

menor; nestes casos a carga de trabalho é aumentada.

A principal diferença encontrada entre o trabalho real e o prescrito se refere à forma de

descarregamento de bobinas. A norma prescreve que o descarregamento deve ser feito

utilizando-se o braço mecânico, conforme ilustrado na figura 2, cuja retirada é mais cômoda.

Porém, vários descarregamentos são realizados de forma manual, conforme ilustrado na figura

3, onde as bobinas são retiradas numa esteira que está localizada na parte superior da

máquina.

Figura 2: Descarregamento semi-automático

Figura 3: Descarregamento manual

O trabalho prescrito define que o braço mecânico deve pegar as bobinas na parte de cima da

máquina e transportá-las até a uma altura de aproximadamente de 1,3 metros acima do piso

para que o operador possa retirá-las de maneira cômoda. Assim que a bobina é retirada pelo

operador, o braço mecânico se desloca para apanhar outra bobina e o ciclo se repete. Se a

bobina não for retirada do braço mecânico, o ciclo não se repete. No entanto, nos casos

citados anteriormente, como horários de refeição, variações nas características da matéria

prima e na temperatura e umidade ambientes e mudança nas características do produto, o

operador “engana” o sistema deixando bobina no braço mecânico, o que impede o

funcionamento do braço mecânico e consequentemente a realização do descarregamento

semi-automático. Neste caso o descarregamento é feito manualmente e de forma

desconfortável, tendo o operador que levantar os braços acima do nível dos ombros e ficar “na

ponta dos pés”, se esforçando para apanhar a bobina que está a uma altura de 2,2 metros

acima do piso.

4 Análise dos resultados

Os agentes físicos e químicos presentes no ambiente de trabalho são pouco relevantes em

função das medidas preventivas adotadas pela empresa. No entanto, as cargas de trabalho

física, cognitiva e psíquica podem repercutir sobre a saúde do operador e sobre a

produtividade. Mesmo sabendo que as cargas de trabalho cognitiva e psíquica também estão

presentes na situação de trabalho analisada, o enfoque é a carga de trabalho física. Esta carga

de trabalho é caracterizada, dentre outros aspectos, pelo esforço físico e posição incômoda

quando da realização da retirada manual e armazenamento de bobinas, podendo gerar

consumo calórico incrementado e desgaste músculo-esquelético.

Apesar do trabalho ser considerado como moderado, o fato dos operadores ficarem de pé

durante toda a jornada e levantando os braços acima do nível dos ombros para retirada das

bobinas - que pesam entre 4 e 5 kg - pode gerar o aparecimento de lesões e doenças, além do

cansaço físico. As conseqüências deste esforço poderiam ser reduzidas se os operadores

fizessem uso do braço mecânico transportador de bobinas disponível.

Os dados relacionados na tabela 1 indicam que com a realização do descarregamento manual,

obtém-se aumento de aproximadamente 33% na produtividade, ou seja, no descarregamento

semi-automático são retiradas 12 bobinas por minuto, enquanto que no descarregamento

manual são retiradas 16 bobinas. As métricas estatísticas indicam, também, que a

variabilidade dos dados no descarregamento manual é menor, sobretudo em relação ao tempo

de descarregamento.

Métricas

Descarregamento de bobinas de fio

Semi-automático Manual

Número de

bobinas retiradas

Tempo

gasto (seg)

Número de

bobinas retiradas

Tempo

gasto (seg)

Mediana 100 442 136 424

Média 95 492 112 421

Desvio padrão 28,52 145,29 37,60 27,86

Coeficiente de variação (%) 30,12 29,51 33,57 6,61

Amplitude 79 490 81 90

Tabela 1: Dados dos descarregamentos semi-automático e manual

Durante o horário de refeição a carga de trabalho é maior, pois o número de operadores por

máquina é menor. A necessidade de intervenção do operador é maior na medida que a matéria

prima é de qualidade inferior ou quando suas características são afetadas negativamente por

variações de temperatura e umidade ambientes, pois ocasionam anormalidades no processo.

Existe uma influência significativa na eficiência da máquina em função do tipo de matéria

prima, conforme indicado na tabela 2. Matéria prima com maior grau de impureza e cujo

36

comprimento da fibra se apresenta fora do padrão, reduz a eficiência da máquina uma vez que

o número de interferências no processo é maior. Além disso, nestes casos, a variabilidade dos

dados é maior. Tais situações são explicitadas nas seguintes verbalizações dos operadores:

“No horário de almoço deveria ter alguém para se fazer a substituição” (Operador A). “Hoje

está tendo muitos fusos parados e isso é ruim. Estamos tendo problemas com a qualidade do

algodão que estamos usando” (Operador B). Confirma-se que a quantidade de fusos parados

está fortemente relacionada à eficiência da máquina, conforme ilustrado na figura 4. Nesta

figura a equação de regressão é dada por: E = 99,90 – 0,3479FP, onde E e FP representam a

eficiência e o número de fusos parados, respectivamente. O coeficiente de correlação linear de

Pearson é igual a -0,991.

Matéria

prima

Mediana

(%)

Média da

eficiência (%)

Desvio

padrão (%)

Coeficiente de

variação (%)

Amplitude

(%)

1 90,9 86,0 13,11 15,24 49,7

2 89,1 88,1 5,71 6,48 14,8

3 84,5 81,8 15,03 18,37 48,8

Tabela 2: Variação da eficiência da máquina em função do tipo de matéria prima

403020100

100,0

97,5

95,0

92,5

90,0

87,5

85,0

Número de fusos parados

Efi

ciên

cia

(%)

Figura 4: Correlação entre eficiência da máquina e número de fusos parados

Mudanças nas características do produto impactam na eficiência da máquina, conforme

relacionado na tabela 3, e podem gerar aumento da carga de trabalho. De forma geral, títulos

menores (isto é, fios de diâmetros maiores) aumentam a carga de trabalho do operador, pois o

consumo de matéria prima (fita de passador) é maior, provocando aumento da freqüência de

alimentação da máquina. Por outro lado, a produção também é maior, o que aumenta a

necessidade de intervenção do operador e a freqüência de descarregamento de bobinas.

Título do

fio (Ne)

Mediana

(%)

Média da

eficiência (%)

Desvio

padrão (%)

Coeficiente de

variação (%)

Amplitude

(%)

8 a 14 83,5 81,2 10,91 13,43 47,6

17 a 30 93,8 89,4 12,57 14,06 50,4

Tabela 3: Variação da eficiência da máquina em função do título do fio

Outra questão percebida é que os critérios utilizados para o planejamento e controle da

produção desconsideram as variabilidades existentes na situação de trabalho analisada.

Perguntado sobre os critérios utilizados para o planejamento da produção de fios, o gerente da

área de planejamento respondeu: “Consideramos para o planejamento da produção de fios, a

capacidade máxima das máquinas. Quando a demanda não é bem definida, optamos pela

37

fabricação daqueles fios cujos tecidos são, historicamente, mais vendidos. Neste caso, ocorre

a geração de estoque de fios”.

Uma das variabilidades que não é considerada no planejamento da produção de fios são as

mudanças nas características dos produtos. O planejamento define o valor da eficiência como

sendo único, independentemente das características dos produtos – matéria-prima e título.

Mas, conforme já descrito, notou-se que a eficiência é fortemente influenciada pelo título do

fio e pelas características da matéria prima. No período estudado foram fabricados 14

produtos diferentes, resultantes da combinação de 8 títulos de fio diferentes e 3 tipos de

composição de matéria prima. Além disso, percebe-se que o valor da eficiência definido no

planejamento não é revisado freqüentemente. A eficiência planejada no período estudado foi

de 92% enquanto que a média da eficiência realizada foi de 85,2 %, com desvio padrão de

12,26%, coeficiente de variação de 14,40%, amplitude de 50,4% e mediana de 88,9%. O valor

da amplitude mostra o grande impacto de algumas variabilidades no resultado da eficiência.

Dos dados de eficiência observados apenas 35% superam a meta estabelecida.

5 Considerações finais

Diante da não previsão das variabilidades da situação de trabalho quando do estabelecimento

de metas, quadro de pessoal e planejamento da produção, o operador desenvolve estratégias

operatórias para cumprir os objetivos estabelecidos. Neste sentido, o mesmo faz opção pelo

descarregamento manual de bobinas de fio em detrimento ao conforto propiciado pelo

mecanismo automático, pois neste último o descarregamento é feito num tempo maior, o que

poderia afetar negativamente a produção. Neste caso ele prefere adotar posturas físicas

inadequadas como ficar na ponta dos pés e levantar os braços acima do nível dos ombros para

retirada das bobinas. As variabilidades técnicas também contribuem para que isso aconteça,

uma vez que, quando da retirada de bobinas, ocorrem interferências no processo que

demandam a intervenção do operador, sendo que o mesmo se vê na obrigação de atendimento

rápido àquela interferência para que não ocorra queda na eficiência da máquina.

Portanto, acontece uma intensificação do trabalho com a realização do descarregamento

manual para que o operador consiga cumprir aqueles objetivos definidos. Segundo

Echternacht (s.d.), este compromisso com o trabalho, com a responsabilidade pelos resultados

obtidos ou a habilidade em responder às demandas da atividade relaciona-se especialmente a

carga de trabalho, o que pode ser exemplificado através das seguintes verbalizações:

“Apanhando a bobina na parte de cima é mais rápido e assim eu posso atender os fusos que

estão parados. Quanto mais rápido eu liberar o fuso que está parado maior é a eficiência da

máquina” (Operador C). “A gente faz a retirada manual das bobinas pra ganhar tempo, pra

não perder eficiência. Quanto mais, melhor” (Operador D).

Nota-se, substancialmente, certa apreensão e estresse dos operadores nas horas de maior

interferência no processo, haja vista a preocupação dos mesmos para atendimento a essas

interferências no menor tempo possível, a fim de melhorar a eficiência, explicitando, assim, a

questão da intensificação do ritmo de trabalho. Deixar uma bobina no braço mecânico para

que o mesmo não funcione é uma estratégia operacional para se reduzir o tempo de retirada de

bobinas.

Com relação à opção do operador em fazer o descarregamento de forma manual em

detrimento ao conforto proporcionado pela utilização do braço mecânico, forma normatizada,

SANTOS (2009) postula que “nenhuma postura de trabalho é neutra. Nenhuma postura

inadequada é adotada livremente pelo sujeito, mas é resultado de um compromisso entre as

características e exigências da tarefa, as condicionantes internas - formas fisiológicas e

38

biomecânicas de manutenção do equilíbrio e as características do meio ambiente de

trabalho”.

Neste sentido, Echternacht (1998 e 2004) alerta que muitas vezes o conteúdo normatizador é

inadequado à realidade da produção, podendo se tornar verdadeiras camisas de força frente às

exigências de desempenho operatório. O descumprimento das normas pelos operadores

muitas vezes é necessário para o cumprimento dos objetivos das tarefas, pois algumas

situações de trabalho são concebidas e planejadas em dissonância com a realidade, ou seja,

não prevêem a variabilidade existente no processo de trabalho nem tão pouco a variabilidade

fisiológica humana.

“Alguns operadores apanham as bobinas na esteira, apesar da gente no treinamento

operacional ensinar que se deve pegar a bobina após a descida do braço mecânico.

Mas o operador ele cria um jeito de trabalhar mais apropriado para ele assim que

adquire certo tempo no trabalho. Eles alegam que dessa forma andam mais rápido e

sobra mais tempo para atender os fusos que estão parados e assim não deixam a

eficiência da máquina cair” (Monitor de treinamento).

“Durante o descarregamento alguns operadores apanham as bobinas na esteira,

apesar deles não serem orientados para fazer isso. Por outro lado eu acho até bom

porque aumenta a produção e a eficiência da máquina. O operador tem toda

liberdade para trabalhar. Assim ele cria essas condições de trabalho. Mas posso te

garantir que não existe nenhuma pressão para ele fazer isso” (Chefe de turma).

Finalizando, entende-se que os critérios de eficiência devem considerar ambos os conteúdos

da lógica valorativa dos processos produtivos, quais sejam, os conteúdos de produtividade e

qualidade dos processos e produtos e os conteúdos da qualidade da vida produtiva do

trabalhador (ECHTERNACHT, 1998). Para tanto conhecer e considerar as variabilidades da

situação de trabalho quando do planejamento da tarefa torna-se fundamental!

Referências

ABRAHÃO, J. Ergonomia: modelo, métodos e técnicas. Brasília: Universidade de Brasília, 1993.

DANIELLOU, F. Le statut de la pratique et des connaiscences dans l´intervention ergonomique de conception.

Collection thèses et memoires. Laboratoire d’Ergonomie des Systèmes Complexes. Université Victor Segalen

Bordeaux 2. Bordeaux, 1992.

ECHTERNACHT, E. H. O. Alguns Elementos para a compreensão das relações entre Saúde e Trabalho no

Brasil. In: Des médecins et les tâches du présent, APTS, Université de Provence, mars 2004.

__________. Carga de trabalho: o conceito e sua aplicação, Belo Horizonte: Escola de Engenharia da UFMG,

[s.d.].

__________. Saúde e Reestruturação Produtiva: o ponto de vista do trabalhador. In: As Lesões por esforços

repetitivos no atual contexto da reestruturação produtiva brasileira, COPPE/UFRJ, 1998.

__________. Tópicos especiais em saúde e trabalho: métodos qualitativos aplicados ao estudo das relações

saúde – trabalho. Belo Horizonte: Escola de Engenharia da UFMG, 2004. (Notas de aula).

FERREIRA, L. L. Escravos de Jô, KANBAN e LER. In: Revista Produção, Volume 8, No 2, p. 151-167, Belo

Horizonte, 1999.

GUÉRIN, F. et al. Compreender o trabalho para transformá-lo. São Paulo: Edgard Blücher, 2001.

LAVILLE, A. Ergonomia. São Paulo: EPU, 1997.

MACHADO, S. Exemplos de Riscos Ergonômicos. In: TORREIRA, Raúl. Manual de Segurança Industrial.

São Paulo: Margus Publicações, 1999.

PINHEIRO, G. M. Variabilidade dos defeitos do produto e desempenho do inspecionista. Belo Horizonte,

Dissertação (Mestrado) – Departamento de Engenharia de Produção, Escola de Engenharia da UFMG, 2007.

39

SANTOS, N. Análise ergonômica das atividades do ser humano no trabalho. Disponível em:<

http://www.eps.ufsc.br/ergon/disciplinas/EPS3670/conteudo.htm >. Acesso em 28 de agosto 2009.

TELLES, A. L. C. Histórico, conceitos e metodologias da ergonomia In: ______. A ergonomia na concepção e

implantação de sistemas digitais de controle distribuído: algumas considerações a partir de um estudo de caso

na fábrica carioca de catalisadores. Rio de Janeiro: COPPE / UFRJ, 1995. Capítulo 2.

TERSSAC, G. Impact de l'analyses du travail sur les relations de travail. In: CENTRE D´ÉTUDES ET DE

RECHERCHES SUR LES QUALIFICATIONS. Les analyses du travail : enjeux et formes. Paris, 1990. 239 p.

p. 27-41. (Colletion des études, 54).

WISNER, A. A inteligência no trabalho; textos selecionados de ergonomia. São Paulo: Fundacentro / UNESP,

1994.

__________. Por dentro do trabalho; ergonomia: método & técnica. São Paulo: FTD, Oboré, 1987.