a tríplice responsabilidade por danos causados ao meio ambiente - artigos - conteúdo jurídico

Upload: bordonal

Post on 04-Nov-2015

10 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

DIREITO AMBIENTAL

TRANSCRIPT

  • Aulasemvdeo

    BoletimContedoJurdico

    ISSN19840454

    Colaboradores

    Colunistas

    ConselhoEditorial

    DicionrioJurdico

    InformativosdosTribunais

    InformativosTemticos

    Jurisprudncias

    LivrosRecomendados

    Livros/RevistasDigitais

    MaterialdoProfessor

    ModelosdeContratos

    Monografias/TCC/Teses

    NotciasJurdicas

    PeasJurdicas

    PublicaesOficiais

    Resultadodasenquetes

    Sitesinteressantes

    SmulasOrganizadas

    VadeMecumBrasileiro

    VadeMecumEstrangeiro

    ApostilaseResumos

    BancodeQuestes

    ConcursosABERTOS

    EditaiseProgramas

    PalavrasCruzadas

    ProvasdeConcursos

    QuestesComentadas

    SEJAASSINANTE

    Indiqueoportal

    SobreoPortal

    Seulogin Senha

    Cadastresegrtis* Esqueciminhasenha BuscaPersonalizada enhancedby

    SEJABEMVINDOAOMAIORPORTALJURDICODAINTERNET!!SOMAISDE100.000QUESTESORGANIZADAS.CLIQUEAQUI.

    CONSULTASJURDICAS

    CONCURSOSPBLICOS

    SERVIOS

    Linksteis

    ArtigosQuarta,03deOutubrode201208h06

    RESUMO:Opresenteartigorepresentaumasnteseacercadatrpliceresponsabilidadeincidentesobreaquelesquecausamadegradaodomeioambiente,sendotalreparaocorrespondenteatrstipos:civil,penaleadministrativa.Embasadoemdoutrinadoresdasdiversas vertentes do Direito, bem como na legislao e jurisprudncia pertinentes, soapresentadososdelineamentosdas trsespciesderesponsabilizaooriundasdodanoaomeioambiente.

    Palavraschave:DireitoAmbientaltrpliceresponsabilidadepordanosambientais.

    INTRODUO

    Omeioambienteequilibradoconstituiseemfatorvitalparaosucessodahumanidade,tornandose imprescindvel que o mesmo seja resguardado contra eventuais agressesporventuraperpetradasporquemnovislumbra tal importncia,devendoopoderpblicoadotar todas as medidas cabveis, na seara civil, penal e administrativa para coibir adegradaoambiental.

    Assim, atravs da colao de excertos da legislao, doutrina e jurisprudncia,buscamos apresentar um esboo acerca do tema, sendo a primeira parte dedicada responsabilidadecivil,asegundapenaleaterceiraadministrativa.

    1Responsabilidadecivilpordanoaomeioambiente

    No que tange responsabilidade civil por dano ao meio ambiente, destacase emnosso ordenamento jurdico a j citada Lei 6.938/81, que no pargrafo primeiro do seuartigo14,temos:

    Art14[...]1Semobstaraaplicaodaspenalidadesprevistasnesteartigo,

    MARCELOVIANADEOLIVEIRA:

    removerrealce outraconsulta enviarp/amigo A+

    Atrpliceresponsabilidadepordanoscausadosaomeioambiente

    MarceloVianadeOliveira

    Artigos BancodeQuestes Colunistas SEJAASSINANTE AnuncieAqui FaleConosco

  • o poluidor obrigado, independentemente da existncia de culpa, aindenizarou repararosdanoscausadosaomeioambienteea terceiros,afetadosporsuaatividade.[1]

    Acercadoreferidodispositivo,comentaCarlosRobertoGonalves:A responsabilidade civil independe, pois, daexistncia de culpae se

    funda na ideia de que a pessoa que cria o risco deve reparar os danosadvindosdeseuempreendimento.Basta,portanto,aprovadaaooudaomissodoru,dodanoedarelaodecausalidade.[2]

    Ou seja, a responsabilidade civil aplicvel objetiva, independe da existncia deculpa,diferentementedoqueocorreriasefosseatribudaresponsabilidadesubjetiva,pois,conformediferenciaCarlosRobertoGonalves:

    Conformeofundamentoquesedresponsabilidade,aculpaserounoconsideradaelementodaobrigaoderepararodano.

    Em face da teoria clssica, a culpa era fundamento daresponsabilidade. Esta teoria, tembm chamada de teoria da culpa, ousubjetiva,pressupeaculpacomofundamentodaresponsabilidadecivil.Emnohavendoculpa,nohresponsabilidade.

    [...]Aleiimpe,entretanto,acertaspessoas,emdeterminadassituaes,

    areparaodeumdanocometidosemculpa.Quandoistoacontece,dizsequearesponsabilidadelegalouobjetiva,porqueprescindedaculpaesesatisfazapenascomodanoeonexodecausalidade.Estateoria,ditaobjetiva,oudorisco,temcomopostuladoquetododanoindenizvel,edeve ser reparado por quem a ele se liga por um nexo de causalidade,independentementedeculpa.[3]

    A aplicabilidade de tais conceitos pode ser encontrada na jurisprudncia, como noexemploabaixo,acercadaresponsabilidadeobjetiva:

    CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADEOBJETIVA. INDENIZAO POR DANOS MORAIS. APREENSO DEVECULO POR SUSPEITA DE ADULTERAO DE COMBUSTVEL.AUSNCIA DE ATO ARBITRRIO DOS AGENTES POLICIAIS. FATONOTICIADO PELA IMPRENSA. AUSNCIA DE NEXO DECAUSALIDADE.

    1. A responsabilidade objetiva baseiase na teoria do riscoadministrativo, dentro da qual basta a prova da ao, do dano e de umnexo de causa e efeito entre ambos, sendo, porm, possvel excluir aresponsabilidade em caso de culpa exclusiva da vtima, de terceiro ouaindaemcasofortuitoeforamaior.[4]

    Bemcomoacercadaresponsabilidadesubjetivadaspessoasjurdicas:CIVIL E ADMINSTRATIVO. DESAPARECIMENTO/FURTO DE

    MEMRIASDECOMPUTADORDOTCU.EQUIPAMENTOEMDESUSOESTOCADOEMDEPSITO.RESPONSABILIZAODAPRESTADORADESERVIOENCARREGADADOFORNECIMENTODEMODEOBRAALMOXARIFE.AMPLADEFESAECONTRADITRIO.ATENDIMENTO.CULPA INVIGILANDODAEMPRESAPRIVADANODEMONSTRADA.APELAODESPROVIDA.

    [...]3. Em sendo a responsabilizao das pessoas jurdicas de direito

    privadobaseadanateriadaresponsabilidadesubjetiva,ateordoart.186doCC/2002, indispensvelaprovadaocorrnciadeculpa invigilandoparaseexigiraindenizaodecorrentedosdanossuportados.Acondutaculposa ou dolosa do particular, para que d ensejo suaresponsabilizao,deveserprovadaporquempretendeserindenizado.

    Reafirmandoaresponsabilidadecivilobjetivanoscasosdedanoambiental,destacamseaspalavrasdeCelsoAntonioPachecoFiorillo:

    Comofoidestacado,aresponsabilidadecivilpelosdanoscausadosaomeioambientedo tipoobjetivo,emdecorrnciadeoart.225,3,daConstituio Federal preceituar a ...obrigao de reparar os danoscausadosaomeioambiente,semexigirqualquerelementosubjetivoparaaconfiguraodaresponsabilidadecivil.[6]

    Assim, a reparao civil dos danos ambientais pode consistir em indenizao dosdanoscausados,reaisoupresumidos,ounarestauraodoquefoipoludo,destrudooudegradado,casosejapossvel.Sendoaresponsabilidadepreventivaourepressiva.

    Ocorrendo leso aomeio ambiente, surge para o causador o dever de indenizar o

  • danopatrimonial(oumaterial)eodanomoralcausados.ParaFlvioTartuce:

    Osdanospatrimoniaisoumateriaisconstituemprejuzosouperdasqueatingemopatrimniocorpreodealgum.Peloqueconstadosarts.186e403doCdigoCivil[Art.186.Aqueleque,poraoouomissovoluntria,negligncia ou imprudncia, violar direito e causar danoa outrem, aindaque exclusivamente moral, comete ato ilcito. Art. 403. Ainda que ainexecuoresultededolododevedor,asperdasedanossincluemosprejuzosefetivoseos lucroscessantesporefeitodeladiretoe imediato,semprejuzododispostonaleiprocessual.]nocabereparaodedanohipotticooueventual,necessitandotaisdanosdeprovaefetiva,emregra.[7]

    Jquantoaosdanosmorais,temosque:A responsabilidade dos danos imateriais relativamente nova em

    nosso Pas, tendo sido tornada pacfica com a Constituio Federal de1988, pela previsoexpressano seuart. 5,V eX [V assegurado odireitoderesposta,proporcionalaoagravo,almdaindenizaopordanomaterial, moral ou imagem X so inviolveis a intimidade, a vidaprivada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito aindenizaopelodanomaterialoumoraldecorrentedesuaviolao].

    Amelhorcorrentecategricaaquelaqueconceituaosdanosmoraiscomolesoadireitosdapersonalidade,sendoessaavisoqueprevalecenadoutrinabrasileira.[8]

    Quantoaoselementosquecompemodano,destacaTartuce,citandoMariaHelenaDiniz:

    MariaHelenaDinizapontaaexistnciadetrselementos,asaber:a)existnciadeumaao,comissivaouomissiva,qualificadajuridicamente,isto , que se apresenta comoato ilcito ou lcito, pois ao lado da culpacomofundamentodaresponsabilidadecivilhoriscob)ocorrnciadeumdanomoraloupatrimonialcausadovtimac)nexodecausalidadeentreodanoeaao,oqueconstituiofatogeradordaresponsabilidade.[9]

    Na jurisprudncia proliferam acrdos acerca de indenizao por danosmateriaisemoraisprovenientededanoambiental,comoporexemplo:

    INDENIZAO PRESCRIO NO CONFIGURADA DANOMORALEMATERIALMEIOAMBIENTEPOLUIOEMAUDESDEPROPRIEDADEDOAUTORCOMPROVADA INDENIZAODEVIDALITIGNCIAMFAFASTADA.Tendoemvistaocartercontinuadodosatos de poluio, no h que se falar em prescrio trienal. Restandodemonstrado nos autos que a Companhia de Saneamento de MinasGerais permitia que dejetos escoassem pelas tubulaes at as baciashidrogrficas, chegando, em consequncia, aos audes do requerente,que,porisso,tornaramseimprpriosparaapescaerecreao,patenteaexistncia do dano, bem como do fato administrativo e do nexo decausalidade entre esses dois elementos, caracterizando o dever deindenizar.Nohquesefalaremcondenaonaspenalidadesrelativaslitigncia demf se no restou comprovada a atitude dolosa da partecaracterizadora do ilcito processual permissivo a que se faa incidir aprescriodoartigo17doCdigodeProcessoCivil.[10]

    Almdaindenizaoporlesoaomeioambiente,cabeacumulaodamesmapordadoaparticular,comomostraoexemploabaixo:

    DIREITO AMBIENTAL LESO AO MEIO AMBIENTE E APARTICULAR DANOSMORAIS INDENIZAO FATONOTRIO VALORDOQUANTUMREPARATRIO ARBITRAMENTODOVALORPELO MAGISTRADO. Tratandose de danos ambientais aresponsabilidadeobjetivadadasuaproteoconstitucionaleanaturezadosmesmos,portanto,independeodeverdereparaodademonstraodeculpa,necessriaapenasademonstraodosdanosedonexodestescoma condutapraticada, facilitadaa verificaoquandose tratade fatonotrio em razo da ampla divulgao na imprensa. A fixao do valorpecunirio de indenizao a ttulo de danos morais ao particular,decorrentededanoambientalderesponsabilidadedaempresa,deveserrealizadapeloMagistrado, levandoseemconsideraoascircunstnciasdofato,acondiesdavtimaeaextensodosprejuzosgerados.[11]

    Conformeseconstatanosexemplosacima,aindenizaoporlesoaomeio

  • ambienterecebeadevidaatenodoPoderJudicirio.

    2Responsabilidadepenalambiental

    O crime constitui objeto de estudo da teoria do delito, a qual busca indetificar oselementosqueintegramainfraopenal.

    Conceitualmente,vigoraochamadoconceitoanalticodecrime,conformedefendidoporRogrioGreco:

    NoBrasil,noexisteumconceitolegaldecrime,ficandoesseconceitoacargodadoutrina.

    [...]Adotamos,portanto,deacordocomessavisoanaltica,oconceitode

    crimecomoofatotpico,ilcitoeculpvel.[12]

    Ouseja,deacordocomoconceitoanaltico,crimeumfatotpico,ilcito(antijurdico)e culpvel. Deste conceito, extramos os elementos que compem o crime, sendo oprimeiro,ofatotpico:

    O fato tpico, segundoumaviso finalista, compostodos seguinteselementos:

    a)condutadolosaouculposa,comissivaouomissivab)resultadoc)nexodecausalidade,entreacondutaeoresultadod)tipicidade(formaleconglobante).[13]

    Osegundoelementoailicitude:Ailicitude,expressosinnimadeantijuridicidade,aquelarelaode

    contrariedade, de antagonismo, que se estabelece entre a conduta doagente e o ordenamento jurdico.A licitude ou a juridicidade da condutapraticada encontrada por excluso, ou seja, somente ser lcita acondutaseoagentehouveratuadoamparadoporumadasexcludentesdeilicitudeprevistasnoart.23doCdigoPenal[emestadodenecessidadeemlegtimadefesaemestritocumprimentodedeverlegalounoexerccioregulardedireito].[14]

    Oterceiroeltimoelementoaculpabilidade:Culpabilidade o juzo de reprovao pessoal que se faz sobre a

    condutailcitadoagente.Soelementosintegrantesdaculpabibilidade,deacordocomaconcepofinalistapornsassumida:

    a)imputabilidadeb)potencialconscinciasobreailicitudedofatoc)exibilidadedecondutadiversa.[15]

    Assim,deacordocomZaffaroni,citadoporRogrioGreco:delitoumacondutahumanaindividualizadamedianteumdispositivo

    legal (tipo)que revela suaproibio (tpica), quepornoestarpermitidapor nenhum preceito jurdico (causa de justificao) contrria aoordenamento jurdico (antijurdica) e que, por ser exigvel do autor queatuassedeoutramaneiranessacircunstncia,lhereprovvel(culpvel).[16]

    O conceito acima se aplica ao Direito Ambiental, quando da ocorrncia do dano(infraoambiental),sendoque,diferentedacivilobjetiva,ouseja,semanecessidadedecomprovao de culpa, a responsabilidade penal ambiental subjetiva, carecendode talcomprovao para a sua caracterizao, dada a maior gravidade da penalizao, bemcomodoprincpiodaintervenopenalmnimadoEstado.

    Quanto distino entre as modalidades de responsabilidade ambiental, esclarece

  • Fiorillo:A distino fundamental, trazida pelos doutrinadores, est baseada

    numasopesagemdevalores,estabelecidapelo legislador,aodeterminarquecertofatofossecontempladocomumasanopenal,enquantooutrocomumasanocivilouadministrativa.Determinadascondutas,levandoseemcontaasuarepercussosocialeanecessidadedeumaintervenomais severa do Estado, foram erigidas categoria de tipos penais,sancionando o agente com multas, restries de direito ou privao deliberdade. A penalidade da pessoa jurdica foi um dos avanos trazidospelaConstituioFederalde1988.[17]

    A responsabilidade penal ambiental foi trazida a lume pela Constituio Federal de1988:

    Art.225[...][...]

    3Ascondutaseatividadesconsideradaslesivasaomeioambientesujeitaroos infratores, pessoas fsicasou jurdicas, a sanespenaiseadministrativas, independentemente da obrigao de reparar os danoscausados.[18]

    EreafirmadanaLein9.605/98,conformeartigosabaixo:Art. 2Quem,dequalquer forma, concorreparaaprticadoscrimes

    previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, namedida dasua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro deconselho e de rgo tcnico, o auditor, o gerente, o preposto oumandatrio de pessoa jurdica, que, sabendo da conduta criminosa deoutrem,deixardeimpedirasuaprtica,quandopodiaagirparaevitla.

    Art. 3 As pessoas jurdicas sero responsabilizadas administrativa,civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que ainfrao seja cometida por deciso de seu representante legal oucontratual, ou de seu rgo colegiado, no interesse ou benefcio da suaentidade.

    Pargrafonico.Aresponsabilidadedaspessoasjurdicasnoexcluiadaspessoasfsicas,autoras,coautorasoupartcipesdomesmofato.

    Oscrimesambientessotemarecorrentenajurisprudncia,porexemplo:APELAO CRIMINAL CRIME AMBIENTAL APELAO DA

    DEFESA INPCIA DA DENNCIA INSUFICINCIA PROBATRIA APELAO MINISTERIAL CONDENAO DE PESSOA JURDICA.RECURSO DA DEFESA NO PROVIDO E RECURSO MINISTERIALPROVIDO. Por apresentar todasas formalidades legais e possibilitar adefesa eficaz dos rus, no h que se falar em inpcia da denncia. Estando cabalmente demonstradas a autoria e a materialidade peloconjunto probatrio, inclusive com a confisso do ru, no h comoabsolverosacusados.Oart.225,3,daCF,acompanhadodoart.3daLei9.605/98,encerraadiscussosobrealegalidadeelegitimidadedaspessoas jurdicas na esfera criminal. Recurso da defesa no provido erecursoministerialprovido.[20]

    Crimeemunidadedeconservao:APELAO CRIMEAMBIENTAL CORTENOAUTORIZADODE

    RVORES EM UNIDADE DE CONSERVAO DE PROTEOINTEGRAL ARTIGOS 40 E 46DA LEI 9.605/98 MATERIALIDADEEAUTORIACOMPROVADAS CONDENAOMANTIDA COAONOCURSO DO PROCESSO ESPECIAL FIM DE AGIR NOCARACTERIZADOABSOLVIO.[21]

    Aplicaodoprincpiodainsignificncianoscrimesambientais:APELAO CRIME AMBIENTAL FLORA PEQUENA REA

    DESMATADAPRINCPIODAINSIGNIFICNCIAINAPLICABILIDADEABSOLVIO IMPOSSIBILIDADE MEIOAMBIENTE BEMDEUSO

  • COMUM E ESSENCIAL CUSTAS PROCESSUAIS ISENO INTELIGNCIADOART.10,INCISOII,DALEIESTADUALN14.939/03RECURSOPARCIALMENTEPROVIDO.Impossvel falaremabsolviopela incidnciadoprincpioda insignificncia, seo referidoprincpionoencontra assento no ordenamento jurdico ptrio. O meio ambientenotadamente a flora bemde uso comume essencial, dessa forma, odanoaeleprovocadoatinge todaumacoletividade, razopelaqualnopodeserconsideradoinsignificante.Tratandoseorudehipossuficiente,assistido pela Defensoria Pblica, deve ser isentado do pagamento dascustasprocessuais,nostermosdoart.10,II,daLeiEstadualn14.939/03.Recursoprovidoemparte.[22]

    Acercadocontedoprobatrio:APELAO CRIMINAL CRIME AMBIENTAL APELAO DA

    DEFESA INPCIA DA DENNCIA INSUFICINCIA PROBATRIA APELAO MINISTERIAL CONDENAO DE PESSOA JURDICA.RECURSO DA DEFESA NO PROVIDO E RECURSO MINISTERIALPROVIDO. Por apresentar todasas formalidades legais e possibilitar adefesa eficaz dos rus, no h que se falar em inpcia da denncia. Estando cabalmente demonstradas a autoria e a materialidade peloconjunto probatrio, inclusive com a confisso do ru, no h comoabsolverosacusados.Oart.225,3,daCF,acompanhadodoart.3daLei9.605/98,encerraadiscussosobrealegalidadeelegitimidadedaspessoas jurdicas na esfera criminal. Recurso da defesa no provido erecursoministerialprovido.[23]

    Crimepermanentenaesferaambiental:RECURSO EM SENTIDO ESTRITO CRIMES AMBIENTAIS

    DELITOS DE CONSUMAO PERMANENTE PRESCRIO NOOCORRNCIA. Os delitos pelos quais o recorrente foi denunciado(artigos38e48,daLei9.605/98)sodenaturezapermanente,isto,suaconsumaoseprolongano tempo. Sendoassim,prevaleceodispostono art. 111, III, do CPB, segundo o qual, nos crimes permanentes, aprescriodapretensopunitivaestatalcomearacorrernodiaemquecessarapermanncia.Recursonoprovido.[24]

    Percebese, como visto, a proliferao de julgados penais na seara ambiental, peloquesedestacaaimportnciadeumalegislaoconsistentearespeitodotema.

    3Responsabilidadeadministrativaambientaleoexercciodopoderdepolcia:APNMAeosrgosdoSISNAMA

    A terceiramodalidade de responsabilidade ambiental, a administrativa, foitambmprevistanojreferidoartigo225,3,daConstituioFederal.

    ParaFiorillo:Sanes administrativas so penalidades impostas por rgos

    vinculadosdeformadiretaouindiretaaosentesestatais(Unio,Estados,Municpios e mesmo Distrito Federal), nos limites de competnciasestabelecidasemlei,comoobjetivode imporregrasdecondutaquelesque tambm esto ligados Administrao no mbito do EstadoDemocrticodeDireito.Assanesadministrativas, conforme orientaode doutrina tradicionalmente vinculada ao denominado direito pblico,esto ligadas ao denominado poder de polcia enquanto atividade daAdministraoPblicaque,limitandooudisciplinandodireito,interesseouliberdade, regula a prtica de ato ou absteno de fato em razo deinteresse pblico vinculado segurana, higiene, ordem, aoscostumes, disciplina da produo e do mercado, ao exerccio deatividades econmicas dependentes de concesso ou autorizao doPoderPblico,tranquilidadepblicaoumesmorespeitopropriedadeeaosdireitosindividuaisecoletivos.[25]

  • As sanes administrativas encontramse disciplinadas na Lei n 9.605/98,especialmente em seus artigos 70 a 76, sendo que naquele encontramos a definio deinfraoadministrativaambiental,comosendotodaaoouomissoquevioleasregrasjurdicasdeuso,gozo,promoo,proteoerecuperaodomeioambiente.

    AreferidaLeiencontraseatualmenteregulamentadapeloDecreton6.514/08,o qual pormenoriza as infraes e sanes administrativas ao meio ambiente, alm deestabeleceroprocessoadministrativofederalparaapuraodestasinfraes.

    A responsabilizaoadministrativa,assimcomoasdemais, requerquesejaproporcionado ao acusado o direito ao contraditrio e da ampla defesa. Assim, temos oexemploabaixo:

    RECURSOMINISTRIOPBLICOFISCALDALEI.AinterposiodorecursopeloMinistrioPblico,apshaveremitido,naorigem,parecerque no veio a ser acolhido, pressupe a configurao de ilegalidade.PROCESSO ADMINISTRATIVO DIREITO DE DEFESA OBSERVNCIA. Instaurado o processo administrativo e viabilizado oexerccio do direito de defesa, com acompanhamento inclusive porprofissional da advocacia, descabe cogitar de transgresso do devidoprocesso legal. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA E PENAL. Asesferas so independentes, somente repercutindo na primeira opronunciamento formalizado no processocrime quando declarada ainexistncia do fato ou da autoria. PROCESSO ADMINISTRATIVO IMPROBIDADE PENA. Apurada a improbidade administrativa, fica oservidor sujeito pena de demisso artigo 132, inciso IV, da Lei n8.112/90.[26]

    TambmsemanifestaoSuperiorTribunaldeJustia:PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. DANOS AMBIENTAIS.

    AO CIVIL PBLICA. RESPONSABILIDADE DO ADQUIRENTE.TERRASRURAIS.RECOMPOSIO.MATAS.TEMPUSREGITACTUM.AVERBAO PERCENTUAL DE 20%. SMULA 07 STJ. [...] 2. Aobrigaodereparaodosdanosambientaispropterrem,porissoquea Lei 8.171/91 vigora para todos os proprietrios rurais, ainda que nosejam eles os responsveis por eventuais desmatamentos anteriores,mximeporqueareferidanormareferendouoprprioCdigoFlorestal(Lei4.771/65) que estabelecia uma limitao administrativa s propriedadesrurais, obrigando os seus proprietrios a institurem reas de reservaslegais, de no mnimo 20% de cada propriedade, em prol do interessecoletivo.[27]

    Paradarcumprimentolegislaoambiental,exercendoocompetentepoderdepolcia,existeoSISNAMASistemaNacionaldeMeioAmbiente,criadopelaLei6.938/81,naqualemseuartigo6encontramos:

    OsrgoseentidadesdaUnio,dosEstados,doDistritoFederal,dosTerritrios e dos Municpios, bem como as fundaes institudas peloPoder Pblico, responsveis pela proteo e melhoria da qualidadeambiental,constituirooSistemaNacionaldoMeioAmbienteSISNAMA,assimestruturado:[28]

    LegitimandoaatuaodoSISNAMA,aLei9.605/08dispeemseuartigo70que:

    Art.70[...] 1 So autoridades competentes para lavrar auto de infrao

    ambiental e instaurar processo administrativo os funcionrios de rgosambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente SISNAMA, designados para as atividades de fiscalizao, bem como osagentesdasCapitaniasdosPortos,doMinistriodaMarinha.[29]

  • AlmdecriaroSISNAMA,aLei6.938/81definiuaPolticaNacionaldoMeioAmbiente(PNMA):

    Art 2 A Poltica Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo apreservao, melhoria e recuperao da qualidade ambiental propcia vida, visando assegurar, no Pas, condies ao desenvolvimento scioeconmico, aos interesses da segurana nacional e proteo dadignidadedavidahumana,atendidososseguintesprincpios:[30]

    Conformeoartigo4daleisupra,PolticaNacionaldoMeioAmbientevisar:I compatibilizao do desenvolvimento econmicosocial com a

    preservaodaqualidadedomeioambienteedoequilbrioecolgicoII definiodereasprioritriasdeaogovernamental relativa

    qualidade e ao equilbrio ecolgico, atendendo aos interesses daUnio,dosEstados,doDistritoFederal,dosTerritriosedosMunicpios

    IIIaoestabelecimentodecritriosepadresdequalidadeambientaledenormasrelativasaousoemanejoderecursosambientais

    IV ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionaisorientadasparaousoracionalderecursosambientais

    Vdifusodetecnologiasdemanejodomeioambiente,divulgaode dados e informaes ambientais e formao de uma conscinciapblicasobreanecessidadedepreservaodaqualidadeambientaledoequilbrioecolgico[31]

    Eainda:VIpreservaoerestauraodosrecursosambientaiscomvistas

    suautilizao racionaledisponibilidadepermanente, concorrendoparaamanutenodoequilbrioecolgicopropciovida

    VIIimposio,aopoluidoreaopredador,daobrigaoderecuperare/ou indenizar os danos causados e, ao usurio, da contribuio pelautilizaoderecursosambientaiscomfinseconmicos.[32]

    ParaatingiroobjetivoeosprincpiospropostospeloPNAM,oSISNAMAencontrasedivididoemdiversosrgos,conformeincisosdoartigo6daLei6.938/81.

    Assimtemos:I rgo superior: o Conselho de Governo, com a funo de

    assessoraroPresidentedaRepblicanaformulaodapolticanacionalenas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursosambientais

    II rgo consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do MeioAmbiente(CONAMA),comafinalidadedeassessorar,estudareproporaoConselhodeGoverno,diretrizesdepolticasgovernamentaisparaomeioambiente e os recursos naturais e deliberar, no mbito de suacompetncia,sobrenormasepadrescompatveiscomomeioambienteecologicamenteequilibradoeessencialsadiaqualidadedevida

    III rgo central: a Secretaria doMeioAmbiente daPresidncia daRepblica, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar econtrolar, como rgo federal, a poltica nacional e as diretrizesgovernamentaisfixadasparaomeioambiente[33]

    Almdergoexecutor,rgosseccionaiselocais:IV rgo executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

    Recursos Naturais Renovveis, com a finalidade de executar e fazerexecutar, como rgo federal, a poltica e diretrizes governamentaisfixadasparaomeioambiente

    VrgosSeccionais:osrgosouentidadesestaduaisresponsveispela execuo de programas, projetos e pelo controle e fiscalizao deatividadescapazesdeprovocaradegradaoambiental

    VI rgosLocais:osrgosouentidadesmunicipais, responsveispelo controle e fiscalizao dessas atividades, nas suas respectivasjurisdies[34]

  • Como visto, atravs das diretrizes da Poltica Nacional do Meio Ambiente, e dalegislao ambiental aplicvel, os rgos do SISNAMA atuam de forma preventiva erepressivaparaprotegeromeioambiente.

    CONCLUSO

    Do exposto, concluise que a responsabilidade ambiental pode apresentarse comocivil,penalouadministrativa,deacordocomoregimejurdicoaplicvel.

    Havendoprocessojudicialparaapuraodainfrao,ocorreraaplicaodesanocivil ou penal, a primeira comconsequncias patrimoniais e a segunda com limitaodaliberdade,perdadebens,multaetc.Emcasodeprocedimentoadministrativo,penalidadeadministrativa.

    REFERNCIAS

    [1]BRASIL.Lein.6.938,de31deagostode1981.DispesobreaPolticaNacionaldoMeio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulao e aplicao, e d outrasprovidncias.

    [2]GONALVES,CarlosRoberto.ResponsabilidadeCivil.13.ed.SoPaulo:Saraiva,2011,p.118.

    [3]Ibidem,p.5354.

    [4] TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1 REGIO. AC 2000.36.00.0106235/MT,Rel. Desembargador Federal FAGUNDES DE DEUS. Publicado em 22 de setembro de2009.Acessoem27deoutubrode2011.

    [5] TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1 REGIO. AC 000284952.2006.4.01.3400/DF, Rel. Desembargador Federal JOO BATISTA MOREIRA .Publicadoem23desetembrode2011.Acessoem27deoutubrode2011.

    [6] FIORILLO, Celso Antonio Pacheco.Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 12. ed.SoPaulo:Saraiva,2011,p.130131.

    [7]TARTUCE,Flvio.ManualdeDireitoCivil.1.ed.SoPaulo:Saraiva,2011,p.425.

    [8]Ibidem,p.428.

    [9]DINIZapud TARTUCE, Flvio.Manual deDireitoCivil. 1. ed. SoPaulo: Saraiva,2011,p.410.

    [10] TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. 001100292.2005.8.13.0441, Rel. Desembargadora TERESA CRISTINA DA CUNHA PEIXOTO.Publicadoem13deabrilde2011.Acessoem27deoutubrode2011.

    [11] TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. 089211014.2008.8.13.0439,Rel.DesembargadorFERNANDOCALDEIRABRANT.Publicadoem11defevereirode2011.Acessoem27deoutubrode2011.

    [12]GRECO,Rogrio.CdigoPenalComentado.Niteri:Impetus,2008,p.37.

    [13]Ibidem,p.38.

    [14]Idem.

    [15]Ibidem.

    [16]ZAFARRONIapudGRECO,Rogrio.CdigoPenalComentado.Niteri: Impetus,2008,p.38.

    [17]FIORILLO,CelsoAntonioPacheco.CursodeDireitoAmbientalBrasileiro.12.ed.

  • SoPaulo:Saraiva,2011,p.144.[18] BRASIL.Constituio da Repblica Federativa do Brasil, promulgada em 05 de

    outubrode1988.[19]BRASIL.Lein.9.605,de12defevereirode1998.

    [20] TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. 082963323.2006.8.13.0342Rel.DesembargadorFLVIOLEITE.Publicadoem01deabrilde2011.Acessoem30deoutubrode2011.

    [21] TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. 020142973.2007.8.13.0280.Rel.DesembargadorPAULOCZARDIAS.Publicadoem17demaiode2011.Acessoem30deoutubrode2011.

    [22] TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. 107194464.2005.8.13.0056.Rel.DesembargadorAGOSTINHOGOMESDEAZEVEDO.Publicadoem01deabrilde2011.Acessoem30deoutubrode2011.

    [23] TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. 082963323.2006.8.13.0342.Rel.DesembargadorFLVIOLEITE.Publicadoem01deabrilde2011.Acessoem30deoutubrode2011.

    [24] TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. 604288336.2009.8.13.0702.Rel.DesembargadorEDIWALJOSEDEMORAIS.Publicadoem01deabrilde2011.Acessoem30deoutubrode2011.

    [25]FIORILLO,CelsoAntonioPacheco.CursodeDireitoAmbientalBrasileiro.12.ed.SoPaulo:Saraiva,2011,p.133137.

    [26] SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RMS 24293 / DF, Relator Ministro MARCOAURLIO.Publicadoem28deoutubrode2005.Acessoem30deoutubrode2011.

    [27]SUPERIORTRIBUNALDEJUSTIA.REsp1090968 /SP,RelatorMinistro LUIZFUX.Publicadoem03deagostode2010.Acessoem30deoutubrode2011.

    [28]BRASIL.Lein.6.938,de31deagostode1981.

    [29]BRASIL.Lein.9.605,de12defevereirode1998.

    [30]Ibidem.

    [31]BRASIL.Lein.9.605,de12defevereirode1998.

    [32]BRASIL.Lein.6.938,de31deagostode1981.

    [33]Idem.

    [34]Ibidem.

    ConformeaNBR6023:2000daAssociacaoBrasileiradeNormasTcnicas(ABNT),estetextocientificopublicadoemperidicoeletrnicodevesercitadodaseguinteforma:OLIVEIRA,MarceloVianade.Atrpliceresponsabilidadepordanoscausadosaomeioambiente.ConteudoJuridico,BrasiliaDF:03out.2012.Disponivelem:.Acessoem:24jun.2015.

  • 0 7082visualizaes

    Comentrios

    Artigosrelacionados: Atrpliceresponsabilidadepordanoscausadosao...

    voltar

    Digiteumproduto/marca

    Top5MelhoresprodutosBuscapOfertasCelulareSmartphone

    2Recomendar Compartilhar

    2015ContedoJurdicoTodososdireitosreservados.

    AnuncieAqui|FaleConosco|PolticadePrivacidade|SobreoPortal