a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

69
HILDO VIEIRA PRADO FILHO A TRANSFORMAÇÃO DO EXÉRCITO BRASILEIRO E O NOVO SISTEMA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO DO EXÉRCITO: contribuições para a Soberania Nacional Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Douglas Marcelo Merquior Cel Rio de Janeiro 2014

Upload: buinhu

Post on 10-Jan-2017

221 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

HILDO VIEIRA PRADO FILHO

A TRANSFORMAÇÃO DO EXÉRCITO BRASILEIRO E O NOVO SISTEMA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

DO EXÉRCITO:

contribuições para a Soberania Nacional

Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia.

Orientador: Douglas Marcelo Merquior – Cel

Rio de Janeiro 2014

Page 2: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

©2014 ESG

Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG _________________________________

Assinatura do autor

Biblioteca General Cordeiro de Farias

Prado Filho, Hildo Vieira. A Transformação do Exército Brasileiro e o novo Sistema de Ciência,

Tecnologia e Inovação do Exército: contribuições para a Soberania Nacional / Gen Bda Eng Mil Hildo Vieira Prado Filho. - Rio de Janeiro: ESG, 2014.

68 f.: il.

Orientador: Cel QEM Douglas Marcelo Merquior. Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao

Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2014.

1. Base Industrial de Defesa (BID). 2. Soberania. 3. Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação do Exército (SCTIEx). I.Título.

Page 3: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

À minha querida família – Kátia, Diogo e

Kárys – por mais uma vez compartilhar e

apoiar as decisões tomadas.

Page 4: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

AGRADECIMENTOS

A Deus, General de todos os Exércitos, pelo dom da vida e pela

oportunidade de mais uma realização profissional.

Aos meus chefes, professores e instrutores de todas as épocas por terem

sido responsáveis por parte considerável da minha formação e do meu aprendizado.

Ao Exmo Sr General de Exército Sinclair J. Mayer, por mais uma

demonstração de confiança ao me indicar para o CAEPE 2014.

Ao Orientador e Amigo Coronel Engenheiro Militar Douglas Marcelo

Merquior, pela colaboração e solidariedade demonstradas ao longo de todo o

processo de elaboração deste trabalho.

Aos integrantes do Escritório de Projetos do Exército e do Departamento de

Ciência e Tecnologia, pelas informações sobre os projetos apresentados neste trabalho.

Ao dileto Amigo Coronel de Infantaria Ricardo Rodrigues Freire pelas

valiosas sugestões apresentadas para o aperfeiçoamento do presente trabalho.

Aos Amigos Coronel de Artilharia Valério Luiz Lange e Coronel Engenheiro

Militar Paulo Roberto Costa pela disponibilização de amplo e atual material

bibliográfico que muito enriqueceram esta monografia.

Ao Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra pelos ensinamentos e

pelo trabalho diário que nos permitiram realizar o CAEPE 2014 nas melhores

condições possíveis.

Aos estagiários da Turma “ESG 65 anos pensando o Brasil” pelo convívio

fraterno e pelas demonstrações de respeito e amizade, ao longo de todo o Curso.

Page 5: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

Os planos que nos cabem desenvolver e implementar visam, acima de tudo, à estrutura do Exército para 2030, ou seja, estaremos concebendo o Exército do qual fará parte a atual juventude militar brasileira, e que, com certeza conterá a Força Terrestre de um Brasil Potência.

Gen Enzo – Cmt Ex

Page 6: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

RESUMO

Transformar é um processo que muda padrões de pensamento gerando novas capacidades e conceitos. O Exército Brasileiro (EB) está promovendo esse processo, suportado pela vertente tecnológica, com foco nos aspectos que influenciem o cumprimento da sua missão constitucional. Assim, foi constatada a necessidade de transformar o atual Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército cujo foco central será a criação do Polo de Ciência e Tecnologia do Exército em Guaratiba (PCTEG). O novo Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação do Exército (SCTIEx) terá por base uma visão voltada para o futuro, buscando incessantemente a inovação e o desenvolvimento de tecnologias que possam gerar produtos de defesa inovadores sintonizados com as necessidades da Força Terrestre. Alguns resultados da transformação do EB já são percebidos por intermédio dos Projetos Estratégicos do Exército. Eles, juntamente com o novo SCTIEx proporcionarão oportunidades para o fortalecimento da Base Industrial de Defesa, particularmente nos aspectos referentes à geração de empregos, capacitação de pessoal e absorção de tecnologias sensíveis desenvolvidas em âmbito nacional ou obtidas por processo de transferência. Ressalta-se que essas oportunidades, por fim, contribuem com o desenvolvimento do País e com o fortalecimento do Poder Nacional, o que facilita a consecução dos Objetivos Fundamentais, dentre eles, a Soberania Nacional. Este trabalho tem por objetivo apresentar as contribuições do novo SCTIEx para o processo de Transformação do EB. Procura, ainda, identificar a contribuição que o SCTIEx e a transformação do EB poderão trazer para a garantia da Soberania Nacional, no período de 2008 até 2030. Palavras-chave: Base Industrial de Defesa. Exército Brasileiro. Ciência. Tecnologia. Inovação. Soberania Nacional. Defesa Nacional.

Page 7: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

ABSTRACT

Transformation is a process that changes thought patterns and generates new skills and concepts. The Brazilian Army (EB) is promoting this process, supported by technology and focusing on those areas that influence the performance of its constitutional mission. Transformation has established the need to alter the Army’s current science and technology system whose central focus has been the creation of the Center for Science and Technology for the Army in Guaratiba (PCTEG). The new system, Science, Technology and Innovation of the Army (SCTIEx), will be based on a future-oriented vision while constantly looking for innovation and the development of technologies that may generate state-of-the art defense products attuned to the needs of the ground forces. Some results of the transformation have already been manifested through the Army’s strategic projects. These projects, along with the new SCTIEx, will provide opportunities to strength the Industrial Defense Base that will help create jobs, promote the training of staff and foster the absorption of sensitive technologies developed at the national level or obtained through technology transfers. It should be noted that these opportunities would ultimately contribute to the development of the country and the strengthening of national power; this will promote the achievement of our National Objectives including the defense of national sovereignty. This study aims to present the contributions of the new SCTIEx to the transformation process of the Brazilian Army. The investigation also identifies the contributions that SCTIEx and the transformation of the Army may bring during the period from 2008 to 2030 that will help guarantee national sovereignty. Keywords: Industrial Defense Base. The Brazilian Army. Science. Technology. Innovation. National Sovereignty. National Defense

Page 8: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 Concepção Preliminar do PCTEG ....................................................54

Page 9: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Informações dos Projetos Estratégicos do Exército ................................. 39

Page 10: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIMDE Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e

Segurança

AEGP Assessoria Especial de Gestão e Projetos

AGI Agência de Gestão da Inovação

AGR Arsenal de Guerra do Rio

APA Área de Proteção Ambiental

BID Base Industrial de Defesa

CAEx Centro de Avaliações do Exército

CCOMGEx Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército

CDS Centro de Desenvolvimento de Sistemas

CDCiber Centro de Defesa Cibernética

CETI Concepção Estratégica de Tecnologia da Informação

CDI Centro de Desenvolvimento Industrial

CF Constituição Federal

CIE Centro de Inteligência do Exército

CIGEx Centro de Imagens e Informações Geográficas

CITEx Centro Integrado de Telemática do Exército

COMTEC-TI Comitê Técnico de Tecnologia da Informação

CONTIEx Conselho Superior de Tecnologia da Informação

CPrM Campo de Provas da Marambaia

CT Centro de Telemática

CTA Centro de Telemática de Área

CTEx Centro Tecnológico do Exército

C&T Ciência e Tecnologia

CT&I Ciência, Tecnologia e Inovação

DCT Departamento de Ciência e Tecnologia

DEPEx Diretriz Estratégica de Planejamento do Exército

DF Diretoria de Fabricação

DL Divisão de Levantamento

DSG Diretoria de Serviço Geográfico

EB Exército Brasileiro

EBF Estratégia Braço Forte

Page 11: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

EME Estado-Maior do Exército

E Mi D Estratégia Militar de Defesa

END Estratégia Nacional de Defesa

EPEx Escritório de Projetos do Exército

ESG Escola Superior de Guerra

EVTE Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica

FA Forças Armadas

F Ter Força Terrestre

HE Hipóteses de Emprego

ICT Instituição Científica Tecnológica

IEDBT Incubadora de Empresas de Defesa com Base Tecnológica

IDQBNR Instituto de Defesa Química, Biológica, Nuclear e Radiológica

IMBEL Indústria de Material Bélico do Brasil

IME Instituto Militar de Engenharia

IMT Instituto Militar de Tecnologia

INPI Instituto Nacional da Propriedade Intelectual

IPD Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento

ISA Instituto de Sistemas de Armas

ISI Instituto de Sistemas de Informações

LBDN Livro Branco de Defesa Nacional

LIT Lei de Inovação Tecnológica

LOA Lei Orçamentária Anual

MCT&I Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação

MD Ministério da Defesa

MEM Material de Emprego Militar

MS Matogrosso do Sul

NEGAPEB Normas de Elaboração, Gerenciamento e Acompanhamento de

Projetos do Exército Brasileiro

NFVBR Nova Família de Viatura Blindada de Rodas

NIT Núcleo de Inovação Tecnológica

ODS Órgão de Direção Setorial

OEE Objetivo Estratégico do Exército

OETI Objetivo Estratégico de Tecnologia da Informação

OM Organização Militar

Page 12: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

OMDS Organização Militar Diretamente Subordinada

PAEB Plano de Articulação e Equipamento do Exército Brasileiro

PAC Plano de Aceleração do Crescimento

PACTI Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação para o

Desenvolvimento Nacional

PBCT Plano Básico de Ciência e Tecnologia

PCTEG Polo de Ciência e Tecnologia do Exército em Guaratiba

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PD&I Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

PEE Projeto Estratégico do Exército

PEEx Plano Estratégico do Exército

PETI Plano Estratégico de Tecnologia da Informação

P Mi D Política Militar de Defesa

PND Política Nacional de Defesa

PRODE Produto de Defesa

PROTEGER Sistema Integrado de Proteção de Estruturas Estratégicas Terrestres

PTI Polo de Tecnologia da Informação

PTSCTEx Programa de Transformação do Sistema de Ciência e Tecnologia

SCTEx Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército

REMAX Reparo de Metralhadora Automatizado X

SCT Secretaria de Ciência e Tecnologia

SCTEx Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército

SCT&I Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação

SCTIEx Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação do Exército do Exército

SIPLEx Sistemática de Planejamento Estratégico do Exército

SisCTID Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da

Defesa Nacional

SISFRON Sistema de Monitoramento de Fronteira

SIT Seção de Inovação Tecnológica

STI Secretaria de Tecnologia da Informação

TH Triple Helix

TIC Tecnologia da Informação e Comunicações

VBTP Viatura Blindada de Transporte de Pessoal

VT Vetor de Transformação

Page 13: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14

2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 18

2.1 POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA (PND) ............................................................. 18

2.2 ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA (END) ....................................................... 20

2.3 LIVRO BRANCO DE DEFESA NACIONAL (LBDN) .................................................. 22

2.4 METODOLOGIA DA SISTEMÁTICA DE PLANEJAMENTO

ESTRATÉGICO DO EXÉRCITO (SIPLEx) ................................................................ 23

2.5 CONCEITOS BÁSICOS ............................................................................................ 24

2.5.1 Ciência ..................................................................................................................... 24

2.5.2. Tecnologia ............................................................................................................... 25

2.5.3. Inovação ................................................................................................................... 25

2.5.4. Sistema .................................................................................................................... 25

2.5.5. Soberania Nacional ................................................................................................. 27

3 PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DO EXÉRCITO BRASILEIRO ..................... 29

3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................... 29

3.2 ANTECEDENTES ..................................................................................................... 30

3.3 PROJETO DE FORÇA – PROFORÇA...................................................................... 31

3.4 PROJETOS ESTRATÉGICOS DO EXÉRCITO – PEE ............................................. 33

3.4.1. SISFRON – Sistema de Monitoramento de Fronteira ........................................... 33

3.4.2. PROTEGER – Sistema Integrado de Proteção de Estruturas

Estratégicas Terrestres .......................................................................................... 34

3.4.3. Projeto Defesa Cibernética ..................................................................................... 34

3.4.4. Projeto GUARANI .................................................................................................... 34

3.4.5. Projeto Defesa Antiaérea ........................................................................................ 35

3.4.6. Projeto ASTROS 2020 ............................................................................................. 36

3.4.7. Projeto de Recuperação da Capacidade Operacional – RECOp ......................... 36

3.5 A TRANSFORMAÇÃO DO EXÉRCITO BRASILEIRO E A GARANTIA DA

SOBERANIA NACIONAL .......................................................................................... 37

4 PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DO SISTEMA DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DO EXÉRCITO ................................................................................. 41

4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................... 41

Page 14: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

4.2 ANTECEDENTES – UMA TRANSFORMAÇÃO RECENTE ..................................... 41

4.3 O ATUAL SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO ....................... 43

4.4 O NOVO SISTEMA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO DO

EXÉRCITO ............................................................................................................... 48

4.4.1. Concepção da Transformação do SCTEx ............................................................. 48

4.4.2 Projeto de Transformação do DCT/OM ................................................................ 50

4.4.3 Projeto de criação e implantação do Polo de Tecnologia da

Informação – PTI ..................................................................................................... 51

4.4.4 Projeto de criação e implantação do Polo de Ciência e Tecnologia do

Exército em Guaratiba – PCTEG ............................................................................ 53

4.4.4.1 O Novo Instituto Militar de Engenharia (IME) ............................................................ 54

4.4.4.2 Instituto Militar de Tecnologia (IMT) .......................................................................... 55

4.4.4.3 Centro Tecnológico do Exército (CTEx) e suas OMDS ............................................. 56

4.4.4.4 Centro de Avaliações do Exército (CAEx) ................................................................. 57

4.4.4.5 Agência de Gestão e Inovação (AGI) ........................................................................ 57

4.4.4.6 Centro de Desenvolvimento Industrial (CDI) ............................................................. 57

4.4.4.7 Incubadora de Empresas de Defesa com Base Tecnológica (IEDBT) ...................... 58

4.5 O NOVO SCTIEX E A GARANTIA DA SOBERANIA NACIONAL ............................. 59

5 CONCLUSÃO. .......................................................................................................... 61

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 64

Page 15: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

14

1 INTRODUÇÃO

A atualização da Política de Defesa Nacional1 (PDN) e o lançamento da

Estratégia Nacional de Defesa (END) são eventos fundamentais para promover

novas capacidades do Setor de Defesa, compatíveis com a estatura política-estratégica

do Brasil cujos parâmetros, pela primeira vez, foram discutidos e aprovados pela

expressão política do Poder Nacional (BRASIL, 2010).

Deve-se observar que a END não apresenta nem sugere alteração na

missão constitucional das Forças Armadas (FA). Elas continuarão, como expressão

militar do Poder Nacional, a desempenhar seu papel de preservação e garantia dos

objetivos, soberania e interesses nacionais, promovendo meios para que o País

mantenha sua liberdade de escolha nas decisões a serem tomadas.

Na realidade, o que ela apresenta é um conjunto de diretrizes e ações que

orientam a transformação das FA para que, desenvolvendo novas capacidades,

possam melhor atuar na Era do Conhecimento, na qual o patrimônio de maior valor é

o Ser Humano e que tem por características a ocorrência de mudanças e inovações

tecnológicas em ritmo acelerado. No caso do Exército Brasileiro (EB), a desejada

transformação deverá ser o resultado de uma série de inovações que, partindo da

Dimensão Humana, aperfeiçoarão e introduzirão novas competências e novas

capacidades2 em todos os setores (BRASIL, 2013a).

Porém, como destaca Costa (2012, p. 11), não bastam ser estabelecidas

políticas e estratégias sem que possam ser realmente operacionalizadas. Fica clara

a necessidade de estabelecer programas, projetos e ações visando à obtenção de

resultados concretos e efetivos para a preconizada transformação. Sendo assim,

como consequência direta do lançamento da END, as FA atualizaram seus

planejamentos estratégicos e seus planos de articulação e equipamento visando ao

melhor preparo3 para desempenhar sua destinação constitucional.

A END recomenda uma transformação das FA suportada pela vertente

tecnológica, tendo em vista que suas diretrizes para esse processo estão, em

1 Após ser atualizada, em 2013, recebe o nome de Política Nacional de Defesa (PND)

2 As Bases para a Transformação da Doutrina Militar Terrestre definem capacidade como a “aptidão requerida a uma força ou organização militar, para cumprir determinada missão ou tarefa. É obtida por intermédio de sete fatores determinantes, inter-relacionados e indissociáveis: Doutrina, Organização, Adestramento, Material, Educação, Pessoal e Infraestrutura.” (BRASIL, 2013b, p. 21).

3 Preparo, para o EB, pressupõe que a Força Terrestre, seu braço operacional, tenha desenvolvido todas as capacidades necessárias para ser empregada, transcendendo os conceitos de treinamento e adestramento.

Page 16: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

15

grande parte, fundamentadas na utilização de produtos ou sistemas de defesa com

alta tecnologia agregada, preferencialmente de emprego dual, e que sejam de

domínio da Base Industrial de Defesa (BID) brasileira (BRASIL, 2008a).

Transformar transcende o significado de adaptar ou modernizar. Transformar

não consiste em fazer mais do mesmo. Segundo Covarrubias (2007), transformação

é um processo de longo prazo, que consiste em desenvolver capacidades

necessárias para cumprir missões ou desempenhar funções novas em combate, não

se tratando apenas de um conjunto de ações simplesmente técnicas, mas também

de alcance político. Com esse viés, o Livro Branco de Defesa Nacional (LBDN)

(BRASIL, 2013c, p. 193) indica que a “transformação muda padrões de pensamento,

gera novas capacidades e conceitos” possibilitando, assim responder de forma

inovadora a desafios inesperados. Não haverá transformação sem que haja inovação.

Para nortear os trabalhos iniciais, o EB publicou o documento intitulado

Processo de Transformação do Exército (BRASIL, 2010), composto por três capítulos.

O primeiro, “Transformação Militar: conceituação e histórico”, tem caráter

essencialmente informativo, com o objetivo de difundir conceitos e uniformizar

percepções. O segundo, “Por que transformar o Exército”, apresenta uma proposta de

embasamento político-estratégico, como orientação para a trajetória de evolução. O

terceiro, “Como transformar o Exército”, apresenta os Vetores de Transformação

(VT)4, eixos que orientarão todas as ações relativas ao processo de transformação do

EB, para projetar o seu futuro.

O glossário de termos do livrete Processo de Transformação do Exército

traz, de forma aderente ao indicado por Covarrubias (2007) e pelo Livro Branco de

Defesa Nacional (BRASIL, 2013c), o seguinte conceito de transformação:

[...] processo de desenvolvimento e implementação de novos conceitos e capacidades operacionais conjuntas, modificando o preparo, o emprego, as mentes, os equipamentos e as organizações, para atender as demandas operacionais de um ambiente sob evolução continuada. (BRASIL, 2010, p. 46)

Em 2012, a fim de operacionalizar a requerida transformação e

coerentemente com a dinâmica evolução da conjuntura, o Exército iniciou seu

processo de transformação por meio de um Projeto de Força que passou a compor a

4 Os VT são: Recursos Humanos; Educação e Cultura; Doutrina; Ciência e Tecnologia; Engenharia; Gestão, Orçamento e Finanças; Logística; e Preparo e Emprego.

Page 17: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

16

Sistemática de Planejamento Estratégico do Exército – SIPLEx5. De acordo com

Nunes (2012), o resultado que se espera desse processo é a adequação da

Instituição à estatura político-estratégica visualizada para o Brasil: constituir-se em

um dos polos do poder mundial, tomando parte ativa nas decisões internacionais.

Conforme apresentado na Diretriz Geral do Comandante do Exército 2011 –

2014 (BRASIL, 2011a), o VT Ciência e Tecnologia (C&T) é fundamental para que a

Força responda de forma eficiente às novas demandas. Sendo assim, o

Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), Órgão de Direção Setorial (ODS)

responsável pelo Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército (SCTEx), “essencial

como indutor do processo de Transformação da Força” (BRASIL, 2011a, p. 13),

estabeleceu o Programa de Transformação do Sistema de Ciência e Tecnologia do

Exército (PTSCTEx). Seu objetivo é transformar o atual SCTEx em um Sistema de

Ciência, Tecnologia e Inovação do Exército (SCTIEx), com visão voltada para o futuro,

buscando a pesquisa e o desenvolvimento de produtos de defesa (PRODE) de alta

tecnologia e inovadores (BRASIL, 2012a).

Decorrente da constatação sobre a importância atribuída, pela END, a

expressão C&T do Poder Nacional e tendo em vista o reduzido conhecimento sobre

a transformação do EB e o PTSCTEx, no âmbito da sociedade em geral, foi

identificada a oportunidade de apresentar a concepção geral do processo de

Transformação do EB e as contribuições proporcionadas pelo novo SCTIEx a esse

processo. Além disso, verificou-se a oportunidade de identificar em que nível o

processo de Transformação do EB e esse novo Sistema poderão contribuir para a

garantia da Soberania Nacional, considerando o período compreendido entre 2008 até

2030. Para tanto, foram estabelecidas as questões que motivam o presente trabalho:

- Quais as contribuições que o novo SCTIEx, que está em estudo no DCT,

poderá trazer para a transformação proposta para o EB até 2030?

- Em que medida a Transformação do EB e o novo SCTIEx poderão

contribuir para a garantia da soberania, um dos fundamentos da República

Federativa do Brasil (BRASIL, 1988), considerando que o Brasil, até 2030, estará

entre o universo das nações economicamente mais desenvolvidas?

A fim de responder essas questões, são apresentados os conceitos e as

ideias mais importantes, referenciados na legislação e nos documentos reunidos, que

5 Até o ano de 2013 a SIPLEx era conhecida como Sistema de Planejamento do Exército.

Page 18: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

17

norteiam os aspectos fundamentais da proposta de transformação do atual SCTEx,

com vistas à contribuir com o processo de Transformação do Exército. Além disso,

são descritas as estruturas do Sistema atual e do proposto, a fim de clarificar as

transformações que serão realizadas, e as principais dimensões envolvidas com o

conceito de Soberania Nacional. Com o conhecimento adquirido, então, verifica-se em

que medida a transformação em foco poderá contribuir para garantia da Soberania

Nacional do Brasil, tendo como horizonte temporal o ano de 2030.

O trabalho se limita a estudar as transformações que estão sendo realizadas

no âmbito do EB, em particular àquelas referentes ao VT, C&T e ao SCTEx, apesar

de se ter a consciência que existem outros6 importantes VT e Sistemas contribuindo

com o processo de Transformação do EB. Destaca-se que não são detalhados

aspectos que se relacionem aos investimentos, à viabilidade econômica, aos prazos

envolvidos na concretização de ações decorrentes do estudo nem, tampouco, os

planos, programas e projetos envolvidos com a Transformação.

A metodologia empregada na realização do trabalho consistiu em pesquisar,

analisar e identificar uma base documental, de caráter ostensivo, que sustentasse,

qualitativamente, a sua formulação e elaboração. Nessa base documental destacam-

se a PND, a END, o LBDN, a SIPLEx e outros documentos do Ministério da Defesa

(MD) e do EB, referentes ao tema. A partir de sua análise foram formulados os

estudos. Em complemento, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto,

por meio de buscas em sítios da Internet, bibliotecas eletrônicas e outros.

O trabalho está organizado em cinco seções. A primeira, esta Introdução,

apresenta o problema central, os objetivos e a delimitação da pesquisa. Na Seção 2,

é apresentado um referencial teórico e conceitos gerais como soberania, sistema,

ciência, tecnologia e inovação, dentre outros, para melhor fundamentar a

importância do SCTEx e e a ajuda que sua transformação poderá oferecer ao Brasil.

Na Seção 3, é apresentada a concepção do processo de Transformação do

Exército. Na Seção 4, apresenta-se o atual SCTEx e a proposta que está em estudo

no DCT para o novo SCTIEx. Ao final das Seções 3 e 4 são identificadas possíveis

contribuições para a garantia da Soberania Nacional, advindas do processo de

Transformação do EB e do novo SCTIEx. Na Seção 5, consolidam-se os aspectos

principais abordados e apresentam-se as conclusões finais do trabalho.

6 Para um maior detalhamento a respeito dos outros VT, recomenda-se a leitura do livrete “O Processo de Transformação do EB” (BRASIL, 2010).

Page 19: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

18

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Conforme foi destacado, nesta seção será realizada uma breve revisão das

principais referências que fundamentam tanto o processo de Transformação do EB

quanto o do SCTEx, além de serem apresentados conceitos que servirão de base

para o entendimento do trabalho. As referências específicas, relacionadas a cada

seção, serão apresentadas ao longo do seu texto.

2.1 POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA (PND) 7

A PND, como documento de mais alto nível do planejamento de ações da

Defesa Nacional, define os objetivos nacionais de defesa a serem perseguidos pelo

Estado brasileiro e estabelece orientações quanto ao preparo e emprego dos

setores militares e civis para o atendimento desses objetivos. Desta forma, tem

como principal enfoque a estruturação da Defesa Nacional de forma compatível com

a estatura político-estratégica do País para preservar a soberania e os interesses

nacionais (BRASIL, 2013d).

Da análise do ambiente internacional que consta na PND, verifica-se que no

período pós-Guerra Fria houve redução no grau de previsibilidade das relações

internacionais, sendo pouco provável um conflito generalizado entre Estados.

Entretanto, a existência de conflitos de baixa intensidade de caráter étnico e religioso,

a exacerbação de nacionalismos e a fragmentação de Estados, ainda perduram.

Existe a possibilidade de serem intensificadas disputas por áreas marítimas,

pelo domínio aeroespacial e por fontes de água doce, de alimentos e de energia,

cada vez mais escassas, podendo impactar diretamente o Brasil. Constata-se que o

domínio de tecnologias sensíveis, particularmente nos setores espacial, cibernético e

nuclear, é de fundamental relevância para o desenvolvimento e a autonomia

nacionais. Constata-se, ainda, que os avanços da tecnologia da informação, a

utilização de satélites, o sensoriamento eletrônico e outros aperfeiçoamentos

tecnológicos se mostram essenciais para o aumento da eficiência nos sistemas

administrativos e militares. Isso possibilita vulnerabilidades que poderão ser

exploradas pelos atuais possuidores de tais tecnologias, exigindo, assim,

7 A PND é uma atualização da antiga Política de Defesa Nacional (PDN), Decreto Nº 5.484, de 30 de

junho de 2005. Brasília, DF, 2005.

Page 20: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

19

investimento em pesquisa e desenvolvimento com intuito de obter maior autonomia

tecnológica (BRASIL, 2013d, p. 3).

Focando a América do Sul e seu entorno estratégico, ambiente regional no

qual o Brasil se insere, a análise da PND indica que o Continente Sul-Americano é

considerado uma região relativamente pacífica, onde existe uma confiança mútua e

crescente entre países. Pode-se esperar que a ampliação, a modernização e a

interligação de sua infraestrutura viabilize a ligação entre seus centros produtivos e os

Oceanos Atlântico e Pacífico, facilitando o desenvolvimento e a integração. A

existência de zonas de instabilidade e de ilícitos transnacionais, além de impor o

consenso, a harmonia política e a convergência de ações entre países vizinhos,

buscando melhores condições de desenvolvimento econômico e social, justifica,

também, a prioridade dada à defesa e à segurança do Estado, de modo que sejam

preservados os interesses nacionais e a soberania. Para o Brasil, decorrente de sua

situação geopolítica, é importante que se aprofunde o processo de desenvolvimento

integrado e harmônico da América do Sul (BRASIL, 2013d, p. 4).

Ao analisar especificamente o Brasil, a PND destaca que a ameaça à paz

mundial ainda persiste, fazendo-se necessária a atualização permanente e o

aparelhamento das FA, com ênfase em PRODE fabricados pela indústria nacional

de defesa, visando à redução da dependência tecnológica e à superação das

restrições unilaterais de acesso às tecnologias sensíveis para que seja incrementado

o desenvolvimento e a garantia da soberania nacional. É destacado, também, que o

planejamento da defesa, deve contemplar todas as regiões, incluindo o das

infraestruturas críticas, priorizando-se a Amazônia e o Atlântico Sul, abarcando o

espaço aéreo sobrejacente e, em particular, as áreas vitais onde se encontra a maior

concentração de poder político e econômico (BRASIL, 2013d, p. 6).

Assim, da avaliação dos ambientes descritos anteriormente, emergem 11

(onze) Objetivos Nacionais de Defesa constantes na PND, dos quais são destacados

os relacionados com o tema desse trabalho:

I – garantir a soberania, o patrimônio nacional e a integridade territorial [...]; VI – intensificar a projeção do Brasil no concerto das nações e sua maior inserção em processos decisórios internacionais; VII – manter Forças Armadas modernas, integradas, adestradas e balanceadas, e com crescente profissionalização, operando de forma conjunta e adequadamente desdobradas no território nacional [...]; IX – desenvolver a indústria nacional de defesa, orientada para a obtenção da autonomia em tecnologias indispensáveis;

Page 21: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

20

X – estruturar as Forças Armadas em torno de capacidades, dotando-as de pessoal e material compatíveis com os planejamentos estratégicos e operacionais [...] (BRASIL, 2013d, p. 7).

2.2 ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA (END)

A END, alinhada com conceitos e preceitos apresentados na PND, é um

documento elaborado por civis e militares, no qual são apresentadas as intenções

do governo brasileiro, em assegurar que todos os interesses nacionais sejam

protegidos de qualquer interesse externo por intermédio da estratégia da dissuasão

secundada pelas estratégias da presença, da projeção nacional e da resistência, em

especial na região amazônica (BRASIL, 2013e).

Em sua parte introdutória, o leitor é ambientado quanto à postura do Brasil

em relação aos demais países, especialmente quanto aos princípios constitucionais

de não intervenção, defesa da paz, solução pacífica dos conflitos e democracia.

Apesar disso, é destacada a necessidade do País preparar suas FA para exercerem

seu papel constitucional nas ações de defesa que visam à garantia de Objetivos

Nacionais estabelecidos, dentre eles a Soberania (BRASIL, 2013e, p. 1).

A END ressalta que ações de defesa pressupõem algumas condicionantes ou

situações para o emprego das FA, que são conhecidas como Hipóteses de Emprego

(HE). Elas determinam, na essência, os meios necessários e como devem ser

articulados para que as FA possam cumprir, da forma mais eficiente, cada missão

recebida e que são traduzidos nos Planos de Articulação e de Equipamento,

elaborados por cada Força, contemplando metas a serem cumpridas em curto, até

2014; médio, entre 2015 e 2022; e longo prazos, entre 2023 e 2030.

Podem ser encontradas, dentre outras, as seguintes ideias e/ou diretrizes

(BRASIL, 2013e):

- reorganização e reorientação das FA para um melhor desempenho de sua

destinação constitucional, como primeiro eixo estruturante, propondo-se a vertente

tecnológica como alicerce para que as diretrizes estabelecidas para este processo

de transformação aconteça;

- reorganização da BID, como segundo eixo estruturante, no sentido de

assegurar o atendimento às necessidades das FA, apoiadas em tecnologias sob o

domínio nacional;

Page 22: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

21

- fortalecimento de três setores de importância estratégica, atribuindo à Marinha

o setor nuclear, ao Exército o setor cibernético e à Força Aérea o setor espacial;

- foco na questão dos recursos humanos por meio, por exemplo, do

estabelecimento de políticas de formação de especialistas e cientistas;

- estímulo ao desenvolvimento científico e tecnológico e à inovação, por

meio de um planejamento nacional para o desenvolvimento de PRODE inovadores,

viabilizando uma vanguarda tecnológica e operacional pautada na mobilidade

estratégica, na flexibilidade e na capacidade de dissuadir ou de surpreender;

- estímulo às iniciativas conjuntas entre organizações de pesquisa e

desenvolvimento (P&D) das FA, instituições acadêmicas nacionais e empresas

privadas brasileiras, no sentido de fomentar o desenvolvimento de um complexo

militar-universitário-empresarial capacitado a atuar na fronteira de tecnologias de

emprego dual; e

- busca da integração dos projetos, dos produtos e dos processos como um

todo e, em particular, a integração e a coordenação dos processos de P&D com os

processos de produção, de logística e de operação.

Nos Objetivos Estratégicos estabelecidos na END para o EB, é apresentada

uma nova forma de atuação, por intermédio da qual a F Ter deve se fazer presente,

ainda que de forma seletiva, em todo território nacional, por meio de seu módulo

básico de combate, a brigada, empregando os conceitos estratégicos de:

flexibilidade8, adaptabilidade9, modularidade10, elasticidade11 e sustentabilidade12,

constantes nas ‘Bases para a transformação da Doutrina Militar Terrestre’ (BRASIL,

2013b, p. 24). A combinação de tais conceitos viabiliza a redução do tempo de

resposta e o aumento de seu poder de combate, além de promover a necessária

consciência situacional, por intermédio do monitoramento e controle, àqueles que

atuarem nas ações decisórias. No setor cibernético, em particular, a END destaca

como prioritárias as tecnologias de informação e comunicação (TIC) que assegurem

8 Flexibilidade – característica de uma força que dispõe de estruturas com mínima rigidez preestabelecida, o que possibilita sua adequação às especificidades de cada situação de emprego.

9 Adaptabilidade – característica de uma força (ou de seu comandante e integrantes) que permite seu ajuste para fazer frente às constantes mudanças da situação e do ambiente operacional.

10Modularidade – característica de uma força que permite aos comandantes adotar estruturas de combate “sob medida” para cada situação de emprego.

11Elasticidade – característica de uma força que, dispondo de adequadas estruturas de Comando e Controle e de Logística, permite-lhe variar o poder de combate pelo acréscimo ou supressão de estruturas, com oportunidade.

12 Sustentabilidade – característica de uma força que lhe permite durar na ação, pelo prazo que se fizer necessária, mantendo suas capacidades operativas, resistindo às oscilações do combate.

Page 23: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

22

a capacidade das FA atuarem em rede, de forma segura, buscando estabelecer

procedimentos visando à redução das possíveis vulnerabilidades dos sistemas aos

ataques cibernéticos ou, caso necessário, o seu pronto restabelecimento.

Em face dos ambientes externo e interno do Brasil, constantes na PND já

citados, e a consequente indefinição das ameaças, a END destaca as seguintes

capacidades orientadoras a serem consideradas nos planejamentos das FA

(BRASIL, 2013e, p. 33):

- permanente prontidão operacional para atender às hipóteses de emprego; - manutenção de unidades aptas a compor Forças de Pronto Emprego; - projeção de poder nas áreas de interesse estratégico; - estruturas de Comando e Controle, e de Inteligência consolidadas; - permanência na ação, por meio de uma logística eficiente e integrada; - aumento do poder de combate, em curto prazo, pela incorporação de recursos mobilizáveis, previstos em lei; - interoperabilidade nas operações conjuntas; e - defesa antiaérea adequada às áreas estratégicas a defender.

Constata-se que END apresenta uma proposta de cumprimento das missões

das FA por meio de novas capacidades adquiridas por seus recursos humanos e da

adoção de PRODE de interesse da Doutrina, nos quais serão implementadas

tecnologias avançadas prioritariamente de domínio nacional. Faz-se necessário,

portanto, promover uma transformação no setor de Defesa respaldada pela vertente

tecnológica, para que tenha melhores condições para cumprir sua missão de

garantia dos Objetivos Nacionais.

2.3 LIVRO BRANCO DE DEFESA NACIONAL (LBDN)

O LBDN (BRASIL, 2013c), que é um documento expositivo, foi escrito

visando a atingir quatro objetivos principais:

- promover discussão sobre o tema Defesa no âmbito do Poder Legislativo;

- apresentar à sociedade brasileira a estrutura de defesa, contextualizando-a

em relação aos objetivos traçados pelo Poder Público buscando, assim, conscientizar

que o tema deve ser pensado por todos;

- apresentar aos demais países os verdadeiros objetivos de defesa do Brasil

permitindo, assim, o compartilhamento das percepções e interesses brasileiros

nesse tema, favorecendo o entendimento sobre as verdadeiras motivações e

finalidades da expressão militar do Poder Nacional; e

Page 24: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

23

- promover o fortalecimento da cooperação com os países da América do

Sul reduzindo, ou até mesmo eliminando, as possibilidades de conflitos.

No LBDN, em seu capítulo terceiro, é dedicada uma sessão que trata,

exclusivamente, sobre o EB. Nela se destacam, dentre outros assuntos, a missão, a

organização, os meios operativos e as capacidades consideradas prioritárias a

serem desenvolvidas pelo EB, no processo de transformação. É assinalado que,

nesse processo, deve ser considerado o atendimento à garantia da defesa do

território, à projeção do poder e às demandas da política exterior em favor da

segurança, da paz internacional e da integração regional (BRASIL, 2013c).

De forma coerente com a PND e a END, o LBDN (BRASIL, 2013c, p. 193)

destaca que “a efetividade de um processo de transformação será proporcional à

capacidade de aquisição e aplicação de tecnologias de ponta nas fases de pesquisa

e desenvolvimento de novos sistemas de armas e plataformas” podendo se estender

por 20 anos ou mais.

2.4 METODOLOGIA DA SISTEMÁTICA DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DO

EXÉRCITO (SIPLEX)

Introduzida nos idos de 1985, essa forma de planejamento tem como escopo

o gerenciamento da Instituição e se constitui em efetiva ferramenta de planejamento

e de apoio à decisão do Comando do Exército. Tem por marco legal a Constituição

Federal, a Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999, alterada pela Lei

Complementar nº 117, de 2 de setembro de 2004, e pela Lei Complementar nº 136,

de 25 de agosto de 2010, as Políticas Nacionais de Defesa e Militar de Defesa, as

Estratégias Nacionais de Defesa e Militar de Defesa, a Concepção de

Transformação do Exército e a Diretriz Geral do Comandante do Exército. Dessa

forma, a SIPLEx está alinhada com os diplomas legais de instâncias superiores,

além de estar em condições de subsidiar a proposta da Instituição para o Programa

Plurianual do Governo Federal (BRASIL, 2014a).

A atual SIPLEx, aprovada pela Portaria no 250-EME, de 23 de dezembro de

2013, é realizada em sete fases. A fase 1 – “Missão” apresenta a Missão, Visão de

Futuro e Valores do Exército. A fase 2 – “Análise Estratégica” apresenta o Diagnóstico

Estratégico e os Cenários Prospectivos. A fase 3 – “Política Militar Terrestre (PMT)”

apresenta os Objetivos Estratégicos de curto, médio e longo prazos a serem atingidos,

Page 25: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

24

aderentes ao diagnóstico e aos cenários levantados, e o Mapa Estratégico do EB. A

fase 4 – “Estratégia Militar Terrestre (EMT)” indica as Estratégias e as Ações

Estratégicas para alcançar os objetivos estabelecidos na PMT. A fase 5 – “Plano

Estratégico do Exército (PEEx)” relaciona, em forma de tabela, cada Objetivo às

Estratégias e Ações Estratégicas, listando as atividades impostas, os Projetos

Estratégicos e seus responsáveis. Anexo a este documento, serão inseridos o Plano

de Obtenção de Capacidades Materiais (PCM), as Prioridades de Recompletamento

de Material e de Pessoal e o Plano de Desenvolvimento de Capacidades. A fase 6 –

“Orçamentação e Contratação” sintetiza as Necessidades Gerais do Exército (NGE)13

e dá origem ao Planejamento Orçamentário do Exército que, posteriormente, será

traduzido na forma de Contratos de Objetivos Estratégicos a serem celebrados entre o

EME e os ODS. A fase 7 – “Medição de Desempenho Organizacional” habilita a

Instituição EB a gerenciar seu desempenho, por intermédio de seu Sistema de

Medição do Desempenho Organizacional (SMDO), realimentando todas as fases

anteriores de forma que sejam periodicamente atualizadas (BRASIL, 2014a).

A nova SIPLEx, portanto, permitiu alinhar os planejamentos estratégico,

administrativo e setorial, mantendo-os atualizados e harmônicos, contribuindo com o

aperfeiçoamento da governança da Instituição.

2.5 CONCEITOS BÁSICOS

2.5.1 Ciência

Ciência é o conjunto organizado dos conhecimentos relativos ao universo,

obtido por meio de uma investigação científica, envolvendo seus fenômenos naturais,

ambientais e comportamentais, podendo ser pura ou aplicada.

Na pesquisa pura, não existe vinculação a objetivos práticos imediatos, ou

seja, sua finalidade é uma compreensão dos fenômenos envolvidos que poderá ser,

ou não, de interesse futuro. Na aplicada, o cientista está interessado nas

consequências de suas novas descobertas, não sendo desenvolvida de forma

aleatória, pois está vinculada a um objetivo prático específico. Algumas vezes,

porém, o pesquisador não se encontra preparado, técnica ou economicamente, para

13

Os recursos demandados pelas NGE devem ser atualizados no Módulo de Planejamento do Sistema de Informações Gerenciais e Acompanhamento (SIGA-Plj), que é uma ferramenta coorporativa de Tecnologia da Informação na qual são lançadas as necessidades de recursos financeiros, mantendo o planejamento estratégico aderente ao planejamento administrativo financeiro.

Page 26: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

25

transformar suas descobertas em benefícios para toda a sociedade na forma de um

bem comercializável, por meio de uma inovação (LONGO, 2004).

2.5.2 Tecnologia

Conforme apresentado por Longo (2004, p. 3), tecnologia “é o conjunto

organizado de todos os conhecimentos científicos, empíricos ou intuitivos empregados

na produção e comercialização de bens e serviços”. Destaca-se a necessidade do

domínio desses conhecimentos empregados para chegar-se às tecnologias. Esse

domínio é que permite elaborar e, se for o caso, aprimorar as instruções necessárias à

produção dos bens e serviços. O conhecimento não está nas instruções. Estas

apenas indicam como fazer (know how) e não porque fazer (Know why) determinada

ação para se chegar ao produto desejado. Essa resposta, na realidade, está

armazenada nos cérebros das pessoas (LONGO, 2004 apud MERQUIOR, 2011).

Longo (2004, p. 4) assinala, ainda, que o conjunto de conhecimentos

específicos formalizado em instruções necessárias para à produção de bens e

serviços pode ser negociado, por tratar-se de um bem privado, sendo relevante a

aceitação de sua propriedade pelo sistema econômico.

2.5.3 Inovação

A inovação, que pode ser incremental ou de ruptura, significa a solução de

um problema tecnológico utilizada pela primeira vez, compreendendo a introdução

de um novo produto ou processo no mercado em escala comercial tendo, em geral,

positivas repercussões socioeconômicas. A inovação incremental melhora o produto

ou o processo, mas não altera sua essência. Por sua vez, a de ruptura, devido ao

salto tecnológico conseguido, implica mudanças nas características dos setores

produtivos nos quais é utilizada (LONGO, 2004).

2.5.4 Sistema

Segundo Blanchard (1998, p. 6), “sistema é um conjunto de componentes

inter-relacionados que atua de forma integrada com o objetivo de desempenhar uma

função específica para atender a uma determinada necessidade operacional”.

Tendo em vista ser o presente trabalho relacionado a um dos sistemas de

CT&I de Defesa do Brasil, é relevante ressaltar a definição de Sistema de Ciência,

Tecnologia e Inovação de Interesse da Defesa Nacional (SisCTID), apresentada na

Page 27: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

26

Concepção estratégica: Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da Defesa

Nacional – “conjunto de instituições, procedimentos e ferramentas que visa a

viabilizar soluções científico-tecnológicas e inovações, para a satisfação das

necessidades do País atinentes à Defesa e ao Desenvolvimento Nacional."

(BRASIL, 2003, p. 54).

Integrando-se os conceitos apresentados aos transmitidos inicialmente por

Sabato14, pode-se inferir que um Sistema de Ciência e Tecnologia e Inovação (SCT&I)

é uma congregação de pessoas, instituições, procedimentos e ferramentas que atuam

na área de CT&I. Esse sistema visa apresentar soluções científico-tecnológicas e

inovadoras para algum problema ou necessidade, que envolva a participação

precípua de três elementos: Estado / Governo (órgãos normativos, de fiscalização e

controle, de fomento, de financiamento, instituições CT&I etc.), a infraestrutura

produtiva nacional (laboratórios de desenvolvimento, indústria, sistema de patentes,

sistemas de qualidade, “ferramentas”, procedimentos etc.) e a infraestrutura científico-

tecnológica (academia – universidades, institutos de pesquisas, escolas técnicas etc.).

Sabato e Botana (1968) imaginaram o estabelecimento de um sistema de

relações, representando-o pela figura geométrica de um triângulo equilátero, no qual

cada elemento ocuparia um de seus vértices. Esta estratégia de participação ficou

conhecida como “Triângulo de Sabato”. Na sua essência, a estratégia aponta a

existência de uma infraestrutura científica e tecnológica articulada com o setor

produtivo nacional, formando sua base, e estas, articuladas com o governo, que

ocuparia o vértice superior desse triângulo.

Recentemente, autores15 do Hemisfério Norte cunharam a expressão “triple

helix” (TH), que apresenta conceito semelhante ao sintetizado no Triângulo de

Sabato. No modelo TH é atribuída à universidade a função de produzir

conhecimento associado aos problemas do setor empresarial (LONGO; SEIDL,

1999).

O argumento para utilizar-se a figura de uma hélice é que este representaria

melhor as múltiplas e complexas interações entre os atores e o dinamismo do

cenário em que interagem. Conforme apresentado por Costa (2012, p. 31), essas

interações sofreram, ao longo do tempo, modificações e podem ser sintetizadas

14

Jorge Sabato popularizou, na América Latina, a visão de que o desenvolvimento científico e tecnológico de um país dependeria da ação de três atores principais: Estado, universidades e empresas.

15 Modelo formulado por Etzkowitz e Leydesdorff e apresentado em “Emergence of a triple helix of university,industry, government relations”.

Page 28: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

27

pelos três modelos do TH: o modelo Hélice Tripla I – caracterizado pelo controle do

governo ser mais forte e foi questionado pela tendência de inibição das iniciativas

ascendentes; o modelo Hélice Tripla II – no qual as relações obedecem melhor à

lógica de mercado, mas mantêm os limites institucionais dos atores; e o modelo

Hélice Tripla III – no qual a universidade assume o papel principal na geração de

inovação tecnológica, por sua tradicional missão de ensino e de pesquisa básica ser

forçada a alterar-se para agregar o fomento à formação de empresas e ao

desenvolvimento tecnológico e regional.

Longo e Seidl (1999, p. 355) assinalam que o modelo teórico de TH é

baseado na experiência de países que se encontram na vanguarda do

desenvolvimento científico-tecnológico desconsiderando-se, portanto, as variações no

nível de interações dos três elementos, decorrentes do estágio de desenvolvimento de

cada um deles. Sendo assim, em países em desenvolvimento e retardatários na

geração autóctone de tecnologias, há de se esperar uma pró-atividade muito maior

por parte do Estado, orientando as estratégias, bem como a existência de empresas

nacionais que demandem, de um robusto sistema de CT&I, a geração de

conhecimentos, a fim de que a TH possa existir e apresentar resultados satisfatórios.

Costa (2012, p. 33) destaca que, no relacionamento entre Estado / Governo

– estrutura produtiva (indústria) – infraestrutura científico-tecnológica (academia) – a

visão comum, a articulação balanceada, a perfeita definição dos propósitos e da

natureza do relacionamento, a cooperação e confiança mútuas mostram-se

estratégias eficazes para que sejam atingidos os objetivos e resultados

estabelecidos. A visão sistêmica, portanto, parece ser a mais indicada.

2.5.5 Soberania Nacional

Finalmente, chega-se ao conceito de Soberania Nacional. Julga-se essencial

identificá-lo para que seja possível compreender a correlação da transformação do

EB e de seu novo Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação, com a sua garantia.

O Manual Básico da Escola Superior de Guerra (ESG) – Volume I, define o

Objetivo Fundamental Soberania da seguinte forma:

Soberania é a manutenção da intangibilidade de uma nação, assegurada a capacidade de autodeterminação e de convivência com as demais nações em termos de igualdade de direitos, não aceitando qualquer forma de intervenção em seus assuntos internos, nem a participação em atos dessa natureza em relação a outras nações. (ESG 2014, p. 26)

Page 29: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

28

Merquior (2011, p. 19) assinala que “tão mais simples será a manutenção da

intangibilidade de uma nação, quanto mais meios houver à sua disposição, ou de

uma forma bem realista e pragmática, que busque ser uma potência”, concluindo

que Soberania e Poder possuem um forte grau de relacionamento. Sendo assim, há

de se buscar o fortalecimento das expressões do Poder Nacional para que seja

mantida ou ampliada a capacidade de se garantir a Soberania do País.

O manual ESG (ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, 2014, p. 34) define

Poder Nacional como a “capacidade que tem o conjunto de Homens e Meios que

constituem a Nação para alcançar e manter os Objetivos Nacionais, em conformidade

com a Vontade Nacional”. Para facilitar o entendimento sobre o tema, o estudo do

Poder Nacional é dividido em cinco expressões: Política, Econômica, Psicossocial,

Militar e Científica e Tecnológica.

Na visão de Sardemberg (2004, p. 215), soberania significa “a capacidade

do Estado de fazer respeitar, por todos os atores, sua jurisdição sobre o conjunto do

território nacional e, no plano internacional, ter seu status reconhecido pelos demais

Estados”. Tal conceito é, portanto, intrinsecamente dependente do Poder Nacional.

Em seu artigo, o precitado autor destaca que, de acordo com o Relatório do Projeto

do Milênio – Força Tarefa sobre CT&I (Millennium Project task Force on Science,

Tecnology and Innovation), das Nações Unidas, a capacidade científica e

tecnológica é uma das variáveis principais que explica a inserção de um país em

círculos privilegiados das negociações internacionais. Apresenta como exemplo os

EUA, cujo esforço financeiro em CT&I equivale à quase metade do esforço mundial

e a mais da metade no caso de CT&I aplicadas ao campo militar.

Finalmente, Cruz (2004, p. 310) afirma que no século XXI a efetiva

soberania das nações será definida pela capacidade que elas têm de trabalhar com

o conhecimento – gerá-lo, usá-lo e modificá-lo. Destaca que para que se tenha

algum domínio sobre o conhecimento, não basta possuir uma base educacional –

vigorosa desde o nível fundamental ao superior – e um sistema de pesquisa

acadêmica eficiente. É necessário, além disso, ter-se um sistema de inovação

tecnológica baseado nas empresas, por meio da pesquisa e do desenvolvimento, e

suportado pelo Estado, por intermédio de apoio e subsídios, semelhantes aos

praticados nos países desenvolvidos. Soberania, portanto, pressupõe

desenvolvimento científico-tecnológico, econômico e social exigindo uma atenção

prioritária à educação e à busca do conhecimento.

Page 30: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

29

3 PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DO EXÉRCITO BRASILEIRO

3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Nos dias atuais, as constantes evoluções e mudanças – decorrentes da

imprevisibilidade e da incerteza em todos os ambientes, onde novas tecnologias

dominam todas as atividades, inclusive as das FA – possuem papel preponderante e

indutor para que haja a transformação dos instrumentos de defesa, em forças

militares mais efetivas e adequadas a essa nova realidade e à estatura geopolítica

que o País adquire gradativamente.

O EB está preparando e promovendo seu processo de transformação, com

base em estudos, análises e avaliações que indicam como deverá se organizar e,

particularmente, como a F Ter deverá ser articulada, preparada e empregada, caso

seja necessário, abordando todos os aspectos que tenham influência sobre o

cumprimento da sua missão constitucional. Nesse processo, estão sendo

considerados os seguintes fatores condicionantes (BRASIL, 2013a, p. 14-16):

- fortalecimento dos Princípios, dos Valores, dos Deveres e da Ética militar;

- racionalização das estruturas e do efetivo;

- centralização seletiva dos apoios;

- maximização da obtenção de recursos financeiros; e

- fortalecimento do Setor Estratégico Cibernético16.

O processo de Transformação do EB, que deverá ocorrer por intermédio dos

VT, está planejado para se desenvolver em três fases:

- uma fase de preparação (até 2015), que tem por objetivo preparar o

Exército para transformação, por meio de uma autoavaliação dos diversos setores,

coordenada pelo EME;

- uma fase de coexistência (de 2015 a 2022), na qual ocorrerá a

transformação propriamente dita por meio da evolução na forma de combater, de

equipar e de organizar a F Ter, envolvendo todos os sistemas e funções, conduzindo

a uma nova Doutrina. É a fase mais crítica do processo; e

- uma fase de consolidação (a partir de 2022), na qual os conceitos, as

competências e as capacidades da Era do Conhecimento serão sedimentados e

largamente utilizados em toda a Instituição.

16

O Setor Estratégico Cibernético é de responsabilidade do Exército, conforme indicado na END.

Page 31: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

30

Nesta seção, portanto, são apresentadas, de forma não exaustiva e com

foco principal nos assuntos que são mais afetos ao VT C&T, as principais ideias e

atividades que estão sendo colocadas em prática, de acordo com o que é

preconizado na primeira fase do Processo – Fase de Preparação (até 2015). Nessa

fase “todos os setores deverão realizar uma autoavaliação de forma a conhecer-se

com profundidade e, assim, entender onde estão e para onde deverão orientar seus

esforços.” (BRASIL, 2013a, p. 11). Após isso, são descritas conclusões parciais do

trabalho relacionando as contribuições proporcionadas pelo processo de

transformação para a garantia da Soberania Nacional.

3.2 ANTECEDENTES

Decorrente da aprovação e divulgação da END, em 2008, como primeira

resposta ao desafio de transformação nela apresentado, o EB lançou, em junho de

2009, a Estratégia Braço Forte (EBF), constituída de um Plano de Articulação e um

Plano de Equipamento que foram desdobrados em 04 (quatro) programas17: Amazônia

Protegida, Sentinela da Pátria, Mobilidade Estratégica e Combatente Brasileiro, e 824

(oitocentos e vinte e quatro) projetos, dentre eles, os de materiais e sistemas de

emprego militar, que estavam em fase de P&D no SCTEx (BRASIL, 2009, p. 7).

O processo, além de ter permitido elaborar um banco de dados que indicou

a real situação do EB, motivou intensamente seus integrantes por se sentirem

partícipes da transformação para o Exército do futuro. Porém, tendo em vista que a

elaboração da EBF se deu sob a ótica da inexistência de restrições orçamentárias,

os recursos necessários para sua execução não foram disponibilizados. Além disso,

pode ser verificado que a Estratégia apresentada promoveria uma modernização, ou

seja, seus resultados incidiriam apenas sobre as estruturas físicas e equipamentos da

Força, trazendo-a do passado para os dias atuais. Os resultados, portanto, mostraram-

se limitados para a transformação desejada (NEIVA FILHO; MONTENEGRO, 2013).

Ainda como fruto do trabalho realizado na elaboração da EBF, o EME, por

intermédio de sua 7ª Subchefia, identificou a necessidade de uma estrutura no Exército

que fosse capaz de avaliar, propor, coordenar e integrar ações e esforços de modo a

viabilizar, de forma efetiva, a consecução dos projetos de grande porte associados à

17

Programas de articulação (cerca de R$ 83,2 bilhões): Amazônia Protegida e Sentinela da Pátria. Programas de equipamento (cerca de R$ 65,8 bilhões): Mobilidade Estratégica, para atender as necessidades imediatas; e Combatente Brasileiro, para atender as necessidades futuras.

Page 32: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

31

complexidade tecnológica e financeira. Foi criada, então, em abril de 2010, a Assessoria

Especial de Gestão e Projetos (AEGP), que viria a ser o núcleo de formação do atual

Escritório de Projetos do Exército (EPEx).

A forma de condução dos projetos pelo EPEx está fundamentada nas Normas

para Elaboração, Gerenciamento e Acompanhamento de Projetos no EB (NEGAPEB),

que têm por finalidade “regular os procedimentos a serem adotados para a elaboração,

gerenciamento e acompanhamento de projetos no Exército Brasileiro” (BRASIL, 2013g,

p. 11). Estas normas servem para qualquer tipo de projeto no âmbito do Exército. No

entanto, os “Projetos Estratégicos do Exército (PEE) e os projetos de engenharia civil,

pesquisa e desenvolvimento de produtos de defesa e de softwares seguirão também

normas específicas” (BRASIL, 2013g, p. 12). Como exemplos, podem ser citados o

Modelo Administrativo do Ciclo de Vida dos Materiais de Emprego Militar (IG 20-12)

e as Instruções Reguladoras para o Gerenciamento de Projetos de Pesquisa e

Desenvolvimento na Área de Materiais de Emprego Militar (IR 13-04). Com base em

normas e boas práticas reconhecidas mundialmente, as NEGAPEB apresentam as

etapas que devem ser contempladas em um projeto, os seus responsáveis, e promove

uma ação sistêmica dos atores nele envolvidos.

Ainda em 2010, foi lançada pelo EME, a Diretriz de Implantação do Processo

de Transformação do EB (BRASIL, 2010), na qual são apresentadas uma sinopse

histórica das transformações do EB, conceitos e os VT, considerados eixos

orientadores de todas as ações relativas ao Processo.

3.3 PROJETO DE FORÇA – PROFORÇA

Por intermédio da Portaria nº 104, de 14 de fevereiro de 2011 (BRASIL,

2011b), o Comandante do Exército (Cmt Ex) criou o Projeto de Força do Exército

Brasileiro (PROFORÇA), com a finalidade de apresentar uma concepção para a

evolução do Exército até 2030, com metas intermediárias em 2015 e 2022.

Determinou, ainda, que o PROFORÇA orientasse o processo de transformação em

curso e que se integrasse à SIPLEx, constituindo-se, assim, uma primeira e

significativa modificação nessa sistemática. Essa ação permitiu a visão holística de

todos os processos, projetos e atividades a serem realizados.

Por meio da Portaria nº 09 – EME, de 16 de fevereiro de 2011 (BRASIL,

2011c), o Chefe do EME aprovou a Diretriz de Elaboração do Projeto de Força do

Page 33: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

32

Exército Brasileiro – PROFORÇA, que regulava a elaboração do Projeto e abrangia,

dentre outros, aspectos relacionados com Doutrina, Organização, Instrução, Ciência

& Tecnologia, Equipamentos, Logística, Gestão, Talentos Humanos, Inteligência,

Comunicação Social, Recursos Financeiros e Instalações. Conforme observado na

Diretriz, foram identificadas várias ações que deveriam ser desenvolvidas pelos

diversos ODS e pelos Comandos Militares de Área, as quais foram reunidas de

acordo com suas implicações junto aos VT do EB.

O Projeto foi realizado por meio de consultas a especialistas, civis e militares,

nacionais e estrangeiros, valendo-se de cenários prospectivos e diagnósticos

estratégicos, previamente realizados. Foram entrevistados mais de 80 (oitenta) oficiais-

generais do EB, o que permitiu estabelecer requisitos militares (capacidades) julgados

fundamentais para o delineamento do Exército do futuro. Além disso, foram

incorporados ao PROFORÇA os dados e as informações consolidadas na EBF.

(NEIVA FILHO; MONTENEGRO, 2013).

As novas capacidades18 apresentadas, inicialmente, como prioritárias são:

- dissuasão terrestre compatível com o status do País; - projeção internacional do Exército em apoio à política exterior do Brasil; - atuação no espaço cibernético com liberdade de ação; - prontidão logística da Força Terrestre; - interoperabilidade com as demais Forças Singulares e complementaridade com outros órgãos e agências – operações interagências; - gestão integrada em todos os níveis; - efetividade da doutrina militar; - maior ênfase na dimensão humana; - fluxo orçamentário adequado; - produtos de defesa vinculados às capacidades operacionais; e - gestão sistêmica da informação operacional. (BRASIL, 2011d, p. 20)

Ao final de 2011, o Cmt Ex, por meio da Portaria no 766, de 7 de dezembro de

2011, aprovou a versão da SIPLEx que, incorporando o PROFORÇA, passou a ser o

elemento norteador para a transformação do EB (BRASIL, 2011e). Cabe ser

destacado que, antes dessa versão, os documentos da SIPLEx possuíam

classificação sigilosa, em sua totalidade. Tornando-se ostensivos19, em quase sua

total abrangência, essa documentação passou a ser a base de planejamento para

18

Estas capacidades são as mesmas apresentadas no Manual de Fundamentos EB20-MF-10.102 Doutrina Militar Terrestre, 1. ed. 2014, p. 3-4, aprovado pela Portaria n

o 003-EME, de 2 de janeiro

de 2014, e no LBDN. 19

Fase 2 – “Análise Estratégica”, que apresenta um diagnóstico estratégico do EB e os cenários prospectivos, permaneceu com classificação sigilosa.

Page 34: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

33

todas as ações de modernização e transformação da Instituição, particularmente no

que se refere aos temas afetos à F Ter.

Como visto anteriormente, a fase 5 – “Plano Estratégico do Exército (PEEx)” da

SIPLEx em vigor, apresenta os Projetos Estratégicos a serem considerados no

processo de Transformação do Exército. Com este viés, o Cmt Ex definiu sete deles

como os indutores dessa transformação, necessários à consecução dos objetivos

estabelecidos, conforme será apresentado (BRASIL, 2012a).

3.4 PROJETOS ESTRATÉGICOS DO EXÉRCITO (PEE)

A Portaria nº 134-EME, de 10 de setembro de 2012, implantou o EPEx, por

transformação da AEGP, que tem como missão supervisionar, coordenar e controlar

a gestão do portfólio de PEE e consolidar a cultura de projetos no EB, por meio da

interação com os Escritórios de Projetos estabelecidos nos diversos ODS.

Atualmente, o EPEx tem sob sua coordenação os PEE a seguir descritos, de

acordo com a edição especial da Revista Verde-Oliva no 217, de agosto de 2013.

3.4.1 SISFRON – Sistema de Monitoramento de Fronteira

Idealizado e planejado pelo Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do

Exército (CCOMGEx)20, o SISFRON é um abrangente e integrado sistema de

sensoriamento, de apoio à decisão e de emprego operacional, que permite melhores

condições para a atuação do Estado, por intermédio do EB, na faixa de fronteira e

Amazônia, de forma integrada com órgãos civis e militares nos níveis federal, estadual

ou municipal e com órgãos de países vizinhos, no combate aos ilícitos internacionais.

Além da inserção de novas tecnologias, de acordo com o que consta na

Revista Verde-Oliva (2013, p. 18) “o SISFRON proporcionará ambiente favorável

para diversas experimentações doutrinárias, das quais deverão resultar

transformações dos sistemas operacionais e administrativos”, contribuindo com o

processo de Transformação do Exército.

Encontra-se na fase de implantação de seu Projeto-Piloto, na área da 4ª

Brigada de Cavalaria Mecanizada, sediada em Dourados (MS), com o objetivo de

20

O CCOMGEx, uma das organizações do SCTEx, coordena e acompanha, tecnicamente, a implantação da 1ª fase do Projeto. Existe a expectativa de serem gerados 12 mil novos postos de trabalho, em diversos níveis de formação.

Page 35: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

34

avaliar, reajustar e refinar os requisitos preliminares do Sistema, possibilitando os

ajustes necessários para uma implementação mais efetiva nas demais regiões do País.

3.4.2 PROTEGER – Sistema Integrado de Proteção de Estruturas Estratégicas

Terrestres

É um sistema que visa à proteção das estruturas estratégicas terrestres do

País, cujo planejamento está sendo detalhado. Com sua implantação, tem-se a

expectativa de potencializar a capacidade de atuação do EB em ações preventivas ou

de contingência na proteção da sociedade, no apoio à Defesa Civil, na proteção

ambiental e em operações de proteção contra agentes Químicos, Biológicos,

Radiológicos e Nucleares e contra atentados terroristas, além das operações de

Garantia da Lei e da Ordem (REVISTA VERDE-OLIVA, 2013, p. 25).

3.4.3 Projeto Defesa Cibernética

Na realidade, é um programa gerenciado pelo Centro de Defesa Cibernética

(CDCiber), composto por dez projetos estruturantes, conduzidos por organizações

integrantes do SCTEx e pelo Centro de Inteligência do Exército (CIE). Tem por meta a

inclusão do EB no restrito grupo de organizações, no âmbito nacional e internacional,

que possuem a capacidade de desenvolver e implementar medidas de proteção que

evitem ataques no espaço cibernético, pelo emprego de modernos meios tecnológicos.

Apesar de estar em fase de implantação, já foram obtidos resultados bastante

satisfatórios no cumprimento de missões reais de estruturação da proteção cibernética

durante a realização de Grandes Eventos, particularmente, a Conferência das Nações

Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio +20), em 2012, Copa das

Confederações da FIFA – Brasil e a Jornada Mundial da Juventude, em 2013

(REVISTA VERDE-OLIVA, 2013, p. 31).

3.4.4 Projeto GUARANI

Trata-se do projeto de uma Nova Família de Viaturas Blindadas de Rodas

(NFVBR), composta por diversos tipos de viaturas, que está sendo desenvolvido e

avaliado pelo SCTEx, em parceria com a IVECO, por intermédio da Diretoria de

Fabricação (DF) e dos Centros Tecnológico e de Avaliações do Exército (CTEx e

CAEx), que visa a dotar a F Ter de meios para incrementar a dissuasão e a defesa

do território nacional.

Page 36: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

35

A primeira viatura desta Família é a Viatura Blindada de Transporte de

Pessoal (VBTP) Guarani, que, dotada de complexa e sofisticada tecnologia, tem por

objetivo equipar as Unidades de Infantaria Motorizada, transformando-as em

Mecanizada, e modernizar as Unidades de Cavalaria por meio da substituição das

viaturas URUTU, atualmente em uso, cujo ciclo de vida já está se encerrando.

Está prevista a fabricação, em linha de produção nacional, de 2044 (duas mil

e quarenta e quatro) viaturas com prognóstico de índice de nacionalização de cerca

de 90%, já tendo sido entregues, este ano, 15 (quinze) viaturas Guarani para o EB, de

um total de 128 (cento e vinte e oito) planejado para o ano de 2014, que compõem o

lote dedicado à Experimentação Doutrinária (REVISTA VERDE-OLIVA, 2013, p. 36).

Alinhado com os objetivos da END, o Projeto, além de fortalecer as ações do

Estado na segurança, na defesa do território e na proteção de infraestruturas

estratégicas, colabora com o desenvolvimento da BID nacional, gerando divisas para

o País, e promove a melhoria de indicadores produtivos nacionais, criando novos

empregos, aumentando a pauta de exportação. Ademais, promove a recuperação de

tecnologia autóctone que outrora já fora de domínio de brasileiros, como as

empregadas pela ENGESA nas viaturas blindadas sobre rodas URUTU e

CASCAVEL, que, em consequência, resulta numa melhor capacitação de recursos

humanos nacionais que participam das diferentes etapas do Projeto.

3.4.5 Projeto Defesa Antiaérea

O Projeto Estratégico Defesa Antiaérea tem por finalidade reequipar as

Organizações Militares (OM) de Artilharia Antiaérea do EB, a fim de dotar a F Ter de

meios e capacidades necessárias para a proteção das estruturas estratégicas

terrestres do País e áreas sensíveis, defendendo-as de possíveis ameaças aéreas.

Contempla a aquisição de modernos meios ou sistemas de Defesa Antiaérea,

nacionais e importados, como por exemplo, o radar SABER M60 – desenvolvido pelo

CTEx em parceria com a empresa ORBISAT – bem como a modernização dos

meios existentes e o desenvolvimento de itens específicos pela BID. Assim, o Brasil

passará a fazer parte do seleto grupo dos países detentores de conhecimento de

tecnologias críticas e indispensáveis ao setor de Defesa e dos fabricantes de materiais

de defesa aeroespacial (REVISTA VERDE-OLIVA, 2013, p. 40).

Page 37: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

36

O projeto teve seus requisitos técnicos, operacionais e logísticos

estabelecidos por equipe multidisciplinar composta por engenheiros do SCTEx,

oficiais combatentes e logísticos das diversas áreas relacionadas com o tema.

3.4.6 Projeto ASTROS 2020

Uma das estratégias adotadas para a F Ter brasileira atingir a capacidade

de dissuasão, extrarregional, compatível com a estatura do País, é dotá-la de um

sistema de apoio de fogo de longo alcance, de elevada precisão e de alta letalidade.

Neste sentido, foi concebido e elaborado pela empresa brasileira AVIBRAS, com a

colaboração técnica do SCTEx, o Projeto ASTROS 2020, cujo escopo contempla o

desenvolvimento e o fornecimento do míssil tático de cruzeiro, do foguete guiado e

das novas viaturas lançadoras, remuniciadoras, de comando e controle,

meteorológica e de apoio ao solo, passando pelas diversas etapas do ciclo de vida

do material.

Este sistema demandará novos conhecimentos voltados para diversas áreas

como mísseis, foguetes, guiamento eletrônico, propulsão, tecnologia da informação,

blindagem, georreferenciamento e várias outras especialidades, fomentando ampla

cadeia produtiva e oferta de empregos. Essa diversidade de sistemas e tecnologias

avançadas apresenta o grande desafio para a área acadêmica em gerar

conhecimento e mão de obra qualificada, em número suficiente, que deverá ser

absorvida pelo parque industrial nacional, aumentando o poder econômico, social e

científico-tecnológico do País (REVISTA VERDE-OLIVA, 2013, p. 45-46).

3.4.7 Projeto de Recuperação da Capacidade Operacional – RECOp

O objetivo geral do Projeto RECOp é viabilizar que as OM do EB recuperem

sua capacidade de cumprir a missão de defesa da Pátria, por meio da dotação, do

recompletamento ou da atualização (modernização ou revitalização) de materiais de

emprego militar (MEM), imprescindíveis ao seu emprego operacional. Esses

materiais devem ser prioritariamente nacionais e a quantidade adquirida não deve

inviabilizar futuras aquisições daqueles que estejam em fase de pesquisa e/ou de

desenvolvimento e que possam ser produzidos e fornecidos pela BID.

O escopo do Projeto contempla a modernização e revitalização dos meios da

aviação do Exército, de carros de combate e das viaturas M113, Cascavel e Urutu.

Contempla, ainda, a aquisição de: embarcações fluviais, viaturas, material de artilharia

Page 38: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

37

de campanha, armamento individual e coletivo, munição, equipamentos de visão e

pontaria e equipamentos coletivos etc (REVISTA VERDE-OLIVA, 2013, p. 51-55).

Constata-se que os PRODE pesquisados e desenvolvidos pelo SCTEx, em

parceria com a BID, estão sendo priorizados como sistemas integrantes dos PEE.

Dentre eles podem ser destacados os radares SABER M60 e SENTIR M20, o

Módulo de Telemática Operacional (MTO), os Centros de Operações Antiaéreas de

Seção, o Míssil Superfície-Superfície 1.2 (MSS 1.2), o Fuzil IA2 – IMBEL etc.

3.5 A TRANSFORMAÇÃO DO EXÉRCITO BRASILEIRO E A GARANTIA DA

SOBERANIA NACIONAL

Conforme realçado na edição especial da Revista Verde-Oliva (2013, p. 10), a

forma tangível de apresentar os planejamentos consolidados, principalmente, nos Livros

4 e 5 da SIPLEx, é por intermédio dos PEE geradores de novas capacidades, cujos

produtos serão os verdadeiros indutores da transformação do EB. Esses Projetos são

os que recebem, atualmente, a mais alta prioridade no orçamento e no Plano de

Articulação e Equipamento do Exército Brasileiro (PAEB).

Constata-se, pela descrição feita dos PEE, que cada um deles contribui com a

melhoria da eficiência do EB para o cumprimento de sua missão constitucional de

Defesa da Pátria. Portanto, sua importância no processo de Transformação do Exército

decorre do fato de que contribuem com a superação do atual estágio de obsolescência

dos equipamentos da F Ter, promovem o aumento da capacidade de dissuasão do

País, respaldam a estratégia de cooperação com o entorno estratégico, agregam novas

capacidades operacionais e disponibilizam maior consciência situacional,

indispensáveis para o Exército da Era do Conhecimento (BRASIL, 2013f).

Assim, pela disponibilidade de meios avançados e condizentes com o

cenário militar mundial, decorrentes do desenvolvimento dos PEE, a F Ter terá

aumentado seu Poder de Combate e potencializada sua capacidade de defender o

Brasil de possíveis ameaças. Em consequência, o crescimento da expressão militar

resultará em maior dissuasão, aumentando o Poder Nacional, que guarda relação

direta com a garantia Soberania.

Decorrente dos consideráveis recursos aportados em cada um deles, de seus

longos ciclos de vida de operação e da diversidade dos produtos e serviços por eles

gerados, os PEE, ao serem desenvolvidos, proporcionam diversas oportunidades para

Page 39: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

38

o fortalecimento da BID, bem como benefícios para a sociedade brasileira em geral.

Dentre essas oportunidades e benefícios podem ser destacados: a geração e oferta

de empregos industriais em áreas de tecnologia de ponta; a geração de divisas

econômicas diretas para o País; a melhoria de indicadores produtivos nacionais; a

capacitação de pessoal; a elevação dos níveis de qualificação na área de C&T; e a

absorção de tecnologias sensíveis, desenvolvidas em âmbito nacional ou obtidas por

processo de transferência, dentre outras (REVISTA VERDE-OLIVA, 2013).

Ademais, é esperado que a diversidade de tecnologias complexas,

empregadas em cada um dos PEE e a necessidade de novos profissionais nas

diversas áreas da Engenharia envolvidas, promova um forte estímulo para que a

academia (universidades) busque a geração e o domínio de novos conhecimentos e

a formação de uma nova leva de profissionais, com elevada capacitação direcionada

às tecnologias de ponta.

Portanto, os PEE não contribuem apenas com o fortalecimento da expressão

militar do poder. De fato, eles também fortalecem, de forma significativa, as

expressões econômica, psicossocial e científico-tecnológica, como pode ser

constatado na Tabela 1, a seguir, robustecendo ainda mais o Poder Nacional e,

consequentemente, aumentando a capacidade de garantia da Soberania.

Interessante observar que o Brasil demonstra, em diversos instrumentos de

política de Estado, o reconhecimento de que CT&I está diretamente relacionada com

a soberania. Como exemplo relevante, o Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e

Inovação para o Desenvolvimento Nacional (PATCI 2007-2010) argumenta que

ciência, tecnologia e inovação são elementos fundamentais para o desenvolvimento,

para o crescimento econômico, para a geração de emprego e renda, e, enfim, para a

democratização de oportunidades. Destaca ainda que o trabalho de técnicos,

cientistas, pesquisadores e acadêmicos, além do engajamento das empresas, são

fatores fundamentais para o desenvolvimento sustentável e consolidação da

soberania nacional (BRASIL, 2007 apud MERQUIOR, 2011).

Por outro lado, a Política de Desenvolvimento Produtivo (BRASIL, 2008b)

elencou o Complexo Industrial de Defesa como um dos Programas Mobilizadores

em Áreas Estratégicas por reconhecer o setor com elevada capacidade de criar

conhecimento, ampliar a produtividade e gerar inovação com grande alcance para a

cadeia produtiva do Brasil, propiciando um ciclo de desenvolvimento virtuoso e

sustentável.

Page 40: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

39

PEE INVESTIMENTO

TOTAL (R$

milhões)

INVESTIMENTO

2014 (R$ milhões)

LOA

DURAÇÃO

DO PEE

EMPREGOS

CIVIS DIRETOS

GERADOS

UNIDADES C&T

PARTICIPANTES

(EB)

OBSERVAÇÕES

SISFRON 11.992,00 298,00 (1) 2012-2028 7.939 (2)

(2012-2014)

DCT-CTEx-CAEx-CCOMGExCDS-CITEx-DF-DSG (3)

(1) Pode ser contingenciado

(2) Implantar o Subsistema de Sensoriamente e Apoio a decisão

(3) Existem outras OM, além das OM do DCT

PROTEGER 11.905,43 48,90 2012-2028 Ñ informado DCT-CCOMGEx-CDS-CITEx (4)

(4) Informações incluídas pelo autor

DEF CIBER 399,68 56,00 2012-2015 Ñ informado DCT-CTEx-CITEx-CCOMGEx-CDCIBER

GUARANI 18.800,00 118,00 2012-2031 250 – MG DCT-DF-CTEx-CAEx

DEF AAE 3.298,50 71,59 2012-2030 Ñ informado Ñ informado Empregos de alta tecnologia em radares e centros de operações

ASTROS 2020 1.400,00 311,00 2012-2018 6.600 – SP 3.000 – GO

DCT-CTEx-CAEx-CDS-CITEx-DF

RECOp 11,403 Ñ informado 2012-2028 Ñ informado Ñ informado

Tabela 1: Informações dos Projetos Estratégicos do Exército (julho de 2014) Fonte: Escritório de Projetos do Exército (EPEx)

Page 41: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

40

Conforme apresentado na coluna 2 da Tabela 1, cerca de 59,2 bilhões de

reais serão investidos nos sete PEE, em aproximadamente 15 anos, o que representa

cerca de 3,5 vezes o valor total do orçamento de defesa21 do Brasil, em 2012. Isto

denota o elevado grau de relevância que os projetos assumiram, como indutores do

processo de Transformação do EB. Deve ser destacado que os projetos SISFRON,

GUARANI e ASTROS 2020 estão incluídos no Plano de Aceleração do Crescimento,

o que mostra o grau de importância dado a esses projetos pelo Governo Federal.

Percebe-se, ainda, pelas informações da coluna 6 da Tabela 1, que na grande

maioria dos PEE existe a contribuição de pelo menos três Organizações Militares

Diretamente Subordinadas (OMDS) do DCT, demonstrando a efetiva participação do

VT C&T nos PRODE resultantes da consecução dos referidos projetos. Com isso,

pode-se inferir que, além de contribuir para a transformação do EB, o SCTEx está tendo

a oportunidade de dominar novos conhecimentos técnicos devido ao contato direto com

sistemas e produtos de defesa, processos produtivos, impregnados por alto valor

tecnológico. A absorção desses conhecimentos contribui para que o Brasil possa

diminuir a diferença tecnológica existente em relação a outros países. Assim, com o

fortalecimento da expressão científico-tecnológica do Poder Nacional, a capacidade de

garantir a Soberania Nacional será potencializada.

Por fim, destaca-se a quantidade de empregos diretos gerados, totalizando

um valor de 17.789. Pela análise da coluna 5 da Tabela 1, verifica-se que somente

os projetos SISFRON, GUARANI e ASTROS 2020 promoveram a criação de quase

11.000 empregos, em aproximadamente 3 anos, na região centro-oeste, levando

crescimento econômico e social a uma área mais interior do País, que dificilmente

seria obtido sem a implementação desses PEE. Isso representa, em alguma medida,

o crescimento econômico e social daquela região, robustecendo ainda mais o Poder

Nacional o que, consequentemente, potencializa a garantia da Soberania Nacional.

Pode-se concluir, também de acordo com a Tabela 1, que os PEE indutores

da transformação do EB deverão estar implementados até o ano de 2030, caso

permaneçam na pauta de prioridade do Estado. Sendo assim, poderão contribuir com

a garantia da Soberania Nacional e, como consta na END (BRASIL, 2013e, p. 1) “o

Brasil terá como dizer não, quando tiver que dizer não” nos processos de negociação.

21

O valor do orçamento de defesa, no Brasil, em 2012, foi de R$ 17,2 bilhões, considerando-se custeio e investimentos. Disponível em <http://www.defesabr.com/MD/md_recursos.htm>. Acesso em 2 jun. 2014.

Page 42: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

41

4. PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DO SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DO EXÉRCITO

4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Consoante ao processo de Transformação do Exército, o chefe do DCT, por

intermédio da Portaria no 032 – DCT, de 11 de setembro de 2012, aprovou a Diretriz

de Iniciação do Programa de Transformação do Sistema de Ciência e Tecnologia do

Exército – PTSCTEx. De acordo com a Diretriz, o PTSCTEx tem por finalidade servir

de orientação para o processo de transformação do referido Sistema que deverá, no

futuro, ser focado na inovação e ter a capacidade de antecipar e atender as

demandas da F Ter (BRASIL, 2012a).

Nesta seção, portanto, são apresentadas mudanças recentes que deram

origem ao atual SCTEx e a concepção do processo de transformação do atual

Sistema para o desejado Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação do Exército

(SCTIEx), que deverá contribuir para a transformação do EB, pelo viés da inovação.

4.2 ANTECEDENTES – UMA TRANSFORMAÇÃO RECENTE

O SCTEx existe, de fato, desde 1979. Entretanto, legalmente, a sua

organização geral data de 1994, quando da publicação da Portaria Ministerial nº 270,

de 13 de junho de 1994, que aprova as Instruções Gerais para o Funcionamento do

SCTEx (IG 20-11). O Sistema tem passado, ao longo do tempo, por uma série de

modificações marcadas, particularmente, pelas alterações em sua organização geral

e forma de funcionamento22.

A primeira significativa mudança, com foco no funcionamento do Sistema, foi

a elaboração do Plano Básico de Ciência e Tecnologia (PBCT). Alinhado com o que

preconizava a SIPLEx, o PBCT passou a consubstanciar as estratégias e as ações

planejadas que visavam ao cumprimento da missão e à consecução da visão de

futuro do SCTEx, prevendo o emprego simultâneo dos recursos humanos,

financeiros, gerenciais e patrimoniais do Exército em prol da eficácia, eficiência e

modernização desse Sistema (PRADO FILHO, 2008, p. 50).

22

As Instruções Gerais para o Funcionamento do SCTEx, IG 20-11, aprovada pela Portaria Ministerial n

o 270, de 13 de junho de 1994, foi o primeiro documento que apresentou a organização geral do

SCTEx, por meio de missão, objetivos e organização. Está em vigor, porém desatualizada.

Page 43: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

42

De acordo com Cardoso (2004, p. 206), a estratégia de C&T do Exército, a

partir de 2004, passou a ser a implementação de um modelo de gestão matricial

para os macroprocessos23 referentes à C&T, que eram gerenciados pela então

Secretaria de Ciência e Tecnologia (SCT). Um dos principais objetivos daquela

estratégia foi privilegiar o estabelecimento de canais técnicos mais ágeis e eficazes

entre a SCT, órgão gestor do SCTEx à época, cuja atribuição principal era a gestão de

P&D de MEM e o ensino na área de C&T, e a antiga Secretaria de Tecnologia da

Informação24 (STI), gestora de todos os processos referentes à TI à época e usuária

dos conhecimentos e tecnologias desenvolvidas pela SCT e todo o EB.

A segunda fundamental mudança, relacionada à organização geral do

Sistema, foi a criação do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), por

intermédio do Decreto nº 5426, de 19 de abril de 2005, decorrente da fusão da SCT

com a STI. Prado Filho (2008) assinala que a criação e a instalação do DCT no

Quartel General do Exército, Brasília – DF, permitiram maior visibilidade ao SCTEx

diante da Alta Administração do Exército, promovendo uma melhor definição das

atribuições afetas às suas OMDS. Além disso, pelo que foi visto anteriormente, vem

sendo crescente a priorização estratégica dada à área de CT&I do EB que engloba,

em um único Sistema (SCTEx), as vertentes de P&D e fabricação de PRODE, de

ensino em C&T, da cibernética, no sentido mais amplo da expressão, e de Tecnologia

da Informação e Comunicações (TIC).

O modelo adotado pelo DCT para a gestão dos macroprocessos do SCTEx,

efetivados por suas OMDS, foi a estrutura organizacional composta. Essa estrutura é

resultado da adoção do modelo Matricial25 Forte para alguns macroprocessos

específicos de CT&I, particularmente os dedicados à pesquisa científica e ao

desenvolvimento de produtos e sistemas de defesa, e do modelo funcional26 ou

hierárquico, tradicionalmente utilizado no EB, para os demais macroprocessos de CT&I

(BRASIL, 2007, p. 14).

23

Macroprocessos: Pesquisa Científica; Desenvolvimento Experimental; Assessoramento Científico-Tecnológico; Aplicação do Conhecimento e das Tecnologias Dominadas; e Gestão de Recursos Humanos (Brasil, 2007, p. 11).

24 À época o Centro Integrado de Telemática do Exército (CITEx) e o Centro de desenvolvimento de

Sistemas (CDS) eram subordinados à SCT. 25

Permite que no âmbito do DCT, projetos e atividades de C&T possam ser gerenciados pelo Departamento e executados por integrantes de várias OMDS/DCT.

26 Permite que no âmbito do DCT, projetos e atividades de C&T possam ser gerenciados pelas

OMDS/DCT e executadas por seus próprios integrantes.

Page 44: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

43

O modelo matricial aplica-se perfeitamente à execução das fases do ciclo de

vida dos MEM. Essas fases são consubstanciadas, desde 1994, nas Instruções

Gerais para o Modelo Administrativo do Ciclo de Vida dos MEM - (IG 20-12) que

estabelecem uma sistemática para as atividades e os eventos que ocorrem durante

o ciclo de vida dos MEM, atribuindo as responsabilidades aos órgãos neles

envolvidos. Essas Instruções Gerais, juntamente com as Instruções Reguladoras

para o Gerenciamento de Projetos de Pesquisa e Desenvolvimento na Área de MEM

(IR 13-04), promovem a “regra de negócio” do SCTEx para as atividades relacionadas

aos projetos de PRODE realizados pelo EB (PRADO FILHO, 2008).

Constata-se que a estratégia de C&T do EB – consolidada no PBCT27, a

partir de 2004, e na criação do DCT, em 2005, marcos históricos da recente

transformação do SCTEx – tem permitido que o Sistema apresente resultados muito

mais eficientes do que aqueles obtidos antes desses eventos. Como exemplo de

PRODE obtidos frutos da citada transformação podem ser indicados a VBTP

Guarani, o Radar SABER M-60, a família de morteiros, o míssil superfície-superfície

MSS 1.2, o Sistema de Protocolo Eletrônico de Documentos – SPED, entre outros.

Conforme realçado na Revista Verde Oliva no 223, de abril de 2014, podem ser

destacadas, ainda, outras mudanças organizacionais que ocorreram no SCTEx, tais

como: a subordinação da Diretoria de Fabricação (DF) ao DCT, a partir de 2005; a

extinção do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IPD), cujos encargos e

pesquisas foram absorvidos pelo Centro Tecnológico do Exército, a partir de 2005; a

unificação do Centro de Avaliações do Exército (CAEx) com o antigo Campo de

Provas da Marambaia (CPrM), gerando um novo CAEx, a partir de 2005; e, mais

recentemente, a ativação do Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do

Exército (CCOMGEx), em fevereiro de 2009, e a criação do Centro de Defesa

Cibernética (CDCIBER), em agosto de 2010 (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014).

4.3 O ATUAL SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

De acordo com as Instruções Gerais para o Funcionamento do Sistema de

Ciência e Tecnologia do Exército (IG 20-11), aprovadas pela Portaria Ministerial nº

270, de 13 de Junho de 1994 (BRASIL, 1994a, p. 9), a finalidade do SCTEx é “planejar,

27

As ações previstas no antigo PBCT hoje estão inseridas nos anexos dos SIPLEx 3 e 4 e a necessidade de recursos é inserida no planejamento do EB, por meio de sistema corporativo com esta finalidade.

Page 45: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

44

orientar, coordenar, controlar e executar, no âmbito do Ministério do Exército, as

atividades científicas e tecnológicas, relacionadas com o MEM e suas influências

nas áreas da Doutrina Militar Terrestre, da Logística e do Pessoal.” O referido

documento, apesar de estar em vigor, encontra-se desatualizado em diversos

aspectos, destacando-se, dentre outros, a não-abordagem das atividades de

Tecnologia da Informação e Comunicações (TIC), cibernética, serviços geográficos e

do tema inovação, os quais foram incorporados na missão do SCTEx somente após

o ano de 2005.

A Revista Verde Oliva no 223, de abril de 2014, oferece outra redação

indicando que a finalidade do SCTEx é viabilizar soluções e produzir resultados

científicos e tecnológicos inovadores, necessários à operacionalidade do EB. Essas

soluções têm gerado PRODE dotados de alta tecnologia, centrados no atendimento

das necessidades operacionais da Força, influenciando as áreas de doutrina militar

terrestre, de pessoal e de logística. Verifica-se, portanto, pela análise das duas

abordagens, que o SCTEx é um sistema aberto que interage com os demais

sistemas da Força (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014).

O Portal28 do Departamento indica que o DCT, Órgão de Direção Setorial do

EB, e também o órgão central do SCTEx, tem a seguinte finalidade:

a. planejar, organizar, dirigir e controlar, no nível setorial, as atividades científicas, tecnológicas e de inovação no âmbito do Exército; b. orientar, normatizar e supervisionar a pesquisa, o desenvolvimento e a implementação das bases física e lógica do Sistema de Comando e Controle (SCC), de Guerra Eletrônica e de Defesa Cibernética do Exército; c. desenvolver, aperfeiçoar e avaliar os sistemas e programas corporativos de interesse do Exército; d. promover o fomento à indústria nacional, visando ao desenvolvimento e à produção de sistemas, produtos, tecnologias e serviços de defesa; e. prever e prover, nos campos das funções logísticas de suprimento e manutenção do material de comunicações e guerra eletrônica, os recursos e serviços necessários ao Exército e às exigências de mobilização dessas funções; f. realizar a Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicações (TIC) do Exército Brasileiro; e g. promover as atividades de pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou tecnológico, gerindo sua política de inovação através de seu Núcleo de Inovação Tecnológica, de acordo com a legislação em vigor.

Ainda de acordo com a mesma página eletrônica, as atividades científicas,

tecnológicas e de inovação compreendem:

28

Disponível em: <http://www.dct.eb.mil.br>. Acesso em: 20 jun. 2014.

Page 46: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

45

a. pesquisa, desenvolvimento, avaliação e prospecção tecnológica relacionadas a sistemas, produtos, tecnologias e serviços de defesa de interesse do Exército e sua influência nas áreas de pessoal, logística e doutrina; b. ensino e pesquisa dos órgãos da linha de Ensino Militar Científico Tecnológica; c. normatização técnica, metrologia e certificação da qualidade; d. fabricação, revitalização, adaptação, transformação, modernização e nacionalização de sistemas, produtos, tecnologias e serviços de defesa de interesse do Exército; e. avaliação técnico experimental de materiais sujeitos à fiscalização do Comando do Exército; e f. inovação, proteção do conhecimento e propriedade intelectual, transferência de tecnologia e pagamento dos ganhos econômicos dos sistemas, produtos, tecnologias e serviços de defesa originados no Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação do Exército (SCTIEx) e sua exploração comercial.

Fazem parte do Departamento as seguintes OMDS: Instituto Militar de

Engenharia (IME); Centro Tecnológico do Exército (CTEx); Centro de Avaliações do

Exército (CAEx); Centro de Desenvolvimento de Sistemas (CDS); Centro Integrado

de Telemática do Exército (CITEx); Centro de Defesa Cibernética (CDCiber); Centro

de Comunicações e Guerra Eletrônica (CCOMGEx); Diretoria de Fabricação (DF);

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG); e a Indústria de Material Bélico do Brasil

(IMBEL)29 (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014).

Tanto o Departamento quanto suas OMDS são reconhecidos como

Instituições Científicas e Tecnológicas (ICT). Assim, podem dispor de incentivos à

inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, conforme

descrito na Lei 10.973/2004, Lei de Inovação Tecnológica – LIT (BRASIL, 2004), tais

como: compartilhar laboratórios, equipamentos, instrumentos, materiais, entre outras

coisas, com microempresas e outras ICT, mediante remuneração e por tempo

determinado; celebrar contrato de transferência de tecnologia, dentre outros. De

acordo com este Instrumento legal, o DCT desempenha o papel de Núcleo de

Inovação Tecnológica (NIT).

O IME, reconhecido Centro de Excelência, é o estabelecimento de ensino

superior do EB responsável pela formação, graduação e pós-graduação dos

Engenheiros Militares, da ativa e da reserva, em diversas especialidades de

Engenharia, cooperando, assim com o desenvolvimento científico-tecnológico do

País. Os oficiais da ativa que constituem o Quadro de Engenheiros Militares (QEM)

29

Empresa pública vinculada ao Ministério da Defesa, por intermédio do Comando do Exército, sendo o DCT o Órgão de Ligação.

Page 47: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

46

atuam, de maneira geral, na pesquisa e desenvolvimento de PRODE nas OM do

SCTEx e em atividades de aplicação de tecnologias e execução de serviços de

Engenharia, em OM de Engenharia de Construção e Parques de Manutenção, ou

em OM do SCTEx que tenham suas atividades relacionadas com as áreas de TIC,

cibernética e fabril (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014, p. 30-31).

De acordo com as IG 20-11(BRASIL, 1994b), o CTEx, o CAEx e a DF são

órgãos do SCTEx que estão diretamente relacionados com as diversas etapas do

ciclo de vida dos PRODE. O CTEx tem por missão, além de prestar o

assessoramento científico-tecnológico ao EB, realizar todas as atividades

relacionadas à pesquisa científica e ao desenvolvimento experimental dos PRODE

que sejam de interesse da F Ter. O CAEx, por sua vez, tem a missão de planejar,

orientar, coordenar, controlar e executar as avaliações técnico-operacionais dos MEM,

em condições semelhantes à realidade do combate, verificando seu desempenho

operacional e as influências nas áreas afetas à doutrina, ao pessoal e à logística. A

DF tem por finalidade planejar, coordenar e controlar as atividades relativas à

fabricação, revitalização, adaptação, transformação, modernização e nacionalização

do MEM, atividades executadas por intermédio de suas OMDS, isto é, os Arsenais

de Guerra (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014).

A partir de meados de 2012, a DF recebeu a nova missão de realizar os

contratos de grande porte, pela complexidade ou pela elevada soma de recursos

financeiros envolvidos, colocados sob a tutela do DCT, desonerando os outros

órgãos do Sistema. Esse modelo faz parte do processo de transformação do SCTEx

e que já mostra seus resultados positivos por intermédio da concretização obtida com

os PEE GUARANI e ASTROS 2020 (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014, p. 28). Além

desses, podem ser destacados os produtos de tecnologia complexa resultantes dos

projetos do CTEx como o Reparo de Metralhadora Automatizado (REMAX), o veículo

leve de emprego geral CHIVUNK e a Arma Leve Anticarro (ALAC), cujos contratos de

fabricação junto às empresas da BID foram celebrados pela DF.

O CDS, o CITEx e o CDCiber são OM do SCTEx que trabalham, de forma

harmônica e complementar, em atividades relacionadas à área cibernética do EB. O

CDS é o responsável pela concepção, desenvolvimento, integração e

aperfeiçoamento dos sistemas corporativos que atendem às necessidades

Page 48: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

47

administrativas e operacionais do Exército. O CITEx30, juntamente com suas 12

(doze) OMDS, tem por missão realizar a logística do material de TI estratégico da

Força e estabelecer, administrar e manter a infraestrutura física e lógica necessárias

ao funcionamento do Sistema de Comando e Controle do EB, em seu nível

estratégico, sendo o responsável pela exploração e pela segurança do espaço

cibernético31 do Exército. Já o CDCiber, cuja implantação total está prevista para

2016, tem como missão coordenar as ações de defesa cibernética, por meio dos

projetos estruturantes conduzidos pelas diversas OM do SCTEx e pelo Centro de

Inteligência do Exército (CIE), além de integrar os esforços das diversas organizações

atuantes no setor cibernético e de ser o responsável por estruturar esse setor no

âmbito do MD (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014).

O CCOMGEx é um Grande Comando que atua em três vertentes: Doutrina

Operacional, Ensino e Logística. Assim, proporciona aumento do poder de combate à F

Ter; a difusão do conhecimento sobre a doutrina de emprego e a manutenção dos

meios de Comunicações e de Guerra Eletrônica; e a logística que mantém atualizados

os meios operacionais de TIC utilizados pela Força (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014).

A DSG é o órgão de apoio técnico-normativo do DCT incumbido de

superintender, no âmbito do Exército, as atividades executadas por suas OMDS – as

Divisões de Levantamento (DL) e o Centro de Imagens e Informações Geográficas

(CIGEx), relativas às imagens e informações geográficas como, por exemplo, a

produção de cartas digitalizadas e mapeamento de áreas estratégicas como a

Amazônia. Por intermédio do CIGEx, atua na área de ensino, ministrando cursos e

estágios, tais como o Estágio de Sensoriamento Remoto destinado aos militares que

trabalham na área de inteligência de imagens das três Forças Singulares e do

próprio MD (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014).

A IMBEL, criada em julho de 1975, é dotada de personalidade jurídica de direito

privado, sendo regida por Estatuto Social, desde 2005. Com suas cinco unidades de

produção32, possui um portfólio de PRODE capaz de prover as necessidades de

instituições federais, estaduais e municipais ligadas à Defesa e/ou à Segurança Interna,

30

O CITEx e suas doze OMDS – sete Centros de Telemática de Área e cinco Centros de Telemática articulados em todo o território nacional – compõem o Sistema de Telemática do Exército (SisTEx).

31 Espaço cibernético é o ambiente que oferece o suporte para interação entre pessoas, organizações e instituições.

32 Fábrica Presidente Vargas (FPV) – Piquete, SP; Fábrica de Itajubá (FI) – Itajubá, MG; Fábrica de

Juiz de Fora (FJF) – Juiz de Fora, MG; Fábrica de Estrela (FE) – Magé, RJ; e Fábrica de Material de Comunicações e Eletrônica (FMCE) – Rio de Janeiro, RJ.

Page 49: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

48

bem como o seletivo mercado internacional. Em 2014, foi certificada pelo MD, como

Empresa Estratégica de Defesa (EED), recebendo o título de “Primeira Empresa de

Defesa do Brasil”. Dentre seus diversos PRODE destaca-se o Fuzil de Assalto 5,56mm

IA2, que deverá ser adotado pelas três FA (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014, p. 51).

4.4 O NOVO SISTEMA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO DO EXÉRCITO

4.4.1 Concepção da Transformação do SCTEx

A Visão de Futuro do EB, destacada no Mapa Estratégico do EB que integra

a PMT, é

Até 2022, o Processo de Transformação do Exército chegará a uma nova doutrina - com o emprego de produtos de defesa tecnologicamente avançados, profissionais altamente capacitados e motivados - para que o Exército enfrente, com os meios adequados, os desafios do século XXI, respaldando as decisões soberanas do Brasil no cenário internacional. (BRASIL, 2013h, p. 3).

Para atingir a Visão de Futuro proposta, foram estabelecidos, na Fase 3 da

SIPLEx - “Política Militar Terrestre”, quinze Objetivos Estratégicos do Exército (OEE),

dos quais é a responsabilidade pelo OEE 9 – “Implantar um novo e efetivo Sistema

de Ciência, Tecnologia e Inovação” (SCTIEx) foi atribuída ao DCT, Órgão de Direção

Setorial (ODS) responsável pelo VT C&T (BRASIL, 2013h, p. 12).

A necessidade de implantar um novo e efetivo SCTIEx parte de duas

premissas. A primeira é a de que “a concepção do Sistema atual não favorece a

geração de inovações, na qualidade e quantidade demandadas pelo Processo de

Transformação do Exército.” (BRASIL, 2012a, p. 31). A segunda indica que o modelo

praticado “direciona o esforço do Sistema, de forma prevalente, para o atendimento

das necessidades correntes do Exército, com pouca aderência ao ciclo de Pesquisa,

Desenvolvimento e Inovação (PD&I)” (BRASIL, 2012a, p. 32). Isso tem provocado

um descompasso entre as expectativas do EB e as entregas do Sistema.

Apesar de estar contribuindo muito para a transformação do EB, o DCT e

suas OMDS vêm realizando estudos com o objetivo de aprimorar o conhecimento

dos processos e das infraestruturas afetas ao SCTEx. Algumas características para

o novo SCTIEx foram identificas no sentido de que, com a visão voltada para o

futuro, buscando o desenvolvimento de tecnologia e PRODE inovadores, possa

Page 50: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

49

melhor responder às demandas do EB e garantir vantagem estratégica, operacional

ou tática à F Ter contribuindo, assim, para ampliação de seu Poder de Combate33.

Conforme assinalado em Brasil (2012a, p. 32), o novo SCTIEx deverá ter

“características de uma organização efetivamente inovadora, integrada com os

ambientes interno e externo ao Exército, voltada para a futuro, com ênfase em

resultados, e plenamente alinhada com as necessidades da Força Terrestre”. Para

tanto, foram estabelecidas as seguintes diretrizes gerais para sua implantação:

- trabalhar voltado para o futuro sem descuidar-se dos processos de

especificação, desenvolvimento, obtenção, integração, operação e manutenção de

PRODE para atender as necessidades presentes;

- ter capacidade de gerar inovações tecnológicas que acrescentem

vantagens táticas ou estratégicas aos sistemas operacionais da F Ter do futuro;

- ter capacidade de acelerar o ciclo de PD&I e possuir instrumentos de

mensuração efetiva de seus resultados;

- proporcionar a ampliação do poder relativo de combate da F Ter, por

intermédio da obtenção da surpresa tecnológica ou doutrinária;

- ter a PD&I conduzida, em todo seu ciclo, por uma equipe multidisciplinar

composta por elementos da área tecnológica, operacional e logística, integrando-se

plenamente à Doutrina34 da Força;

- possuir processos capazes de visualizar cenários tecnológicos e doutrinários

futuros que orientem os trabalhos de PD&I, antecipando-se às demandas da F Ter; e

- estabelecer capacidades para relacionar-se melhor com a indústria, com a

academia, com as demais Forças, com centros de Pesquisa, com agências de

fomento etc (BRASIL, 2012a).

O PTSCTEx, por sua magnitude, está organizado, preliminarmente, da

seguinte forma (informação verbal)35:

- Projeto de Transformação do DCT/OM;

- Projeto de criação e implantação do PCTEG, no Rio de Janeiro;

- Projeto de criação e implantação do Polo de Tecnologia da Informação (PTI),

em Brasília; e

33

O Poder de Combate traduz-se em oito elementos indissociáveis: Liderança, Inteligência, Informações, Comando e Controle, Movimento e Manobra, Proteção, Fogos e Logística.

34 A governança da Doutrina do EB e a gestão do conhecimento doutrinário são de responsabilidade do EME por intermédio do Centro de Doutrina do Exército (C Dout Ex), criado em Nov 2012.

35 Informação fornecida pelo Gen Ex Sinclair J. Mayer, Ch DCT, na Reunião com Chefes das OMDS e integrantes do Departamento, Rio de Janeiro, set. 2013.

Page 51: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

50

- outros projetos, compreendendo a Transformação da IMBEL em Nova

IMBEL, que se encontra em fase de iniciação, e o desenvolvimento e transformação

das comunicações com o CCOMGEx.

Além desses, existe a possibilidade de que o Projeto Modelo de Governança

seja incluído. Por intermédio dele, deverão ser debatidos e decididos os modelos

adequados de governança a serem implementados nos Polos (PTI e PCTEG), bem

como a governança do SCTIEx, devendo, ainda, ser incluído os estudos sobre a

criação de uma Subchefia de PD&I.

4.4.2 Projeto de Transformação do DCT/OM

Com foco no novo paradigma de trabalhar voltado para o futuro, os

integrantes dos diversos órgãos internos do DCT têm analisado seus processos,

identificando mudanças que podem contribuir para sua transformação em um

Departamento de Ciência, Tecnologia e Inovação (DCTI). Algumas delas já foram

implementadas, tais como a criação do cargo de Vice-chefe (VCh) de TIC, do NIT e da

Seção de Inteligência Tecnológica, e outras estão em fase de avaliação no DCT/OM.

Cabe à VCh TIC auxiliar o Chefe do DCT no controle, coordenação,

supervisão e avaliação dos trabalhos desenvolvidos nas áreas de TIC e de Serviços

Geográficos do EB. Em particular, cabe ao VCh TIC presidir o Comitê Técnico de

Tecnologia da Informação (COMTEC-TI)36, órgão técnico que assessora ao Conselho

Superior de Tecnologia da Informação do Exército (CONTIEx)37 na formulação da

Política e condução da Governança de TI38 do EB (BRASIL,2014b, p. 43).

Como exemplo de resultados já obtidos da criação do cargo de VCh TIC,

assinala-se a elaboração, pelo COMTEC-TI, da Concepção Estratégica de

Tecnologia da Informação (CETI) e do Plano Estratégico de Tecnologia da

Informação (PETI), documentos fundamentais para a Governança de TI no EB. Após

apreciação realizada pelo CONTIEx, a CETI foi aprovada pela Portaria nº 233, de 20

de março de 2014 (BRASIL, 2014c), e o PETI foi aprovado pela nº 553, de 9 de

março de 2014 (BRASIL, 2014d), ambas do Cmt EB.

36

O COMTEC-TI é composto por representantes dos seguintes órgãos: EME, DCT, CDCiber, CITEx, CDS, CCOMGEx, DSG, área TI dos ODS e, quando necessário, dos CTA, CT e Batalhões de Comunicações.

37 CONTIEx – órgão de caráter deliberativo, composto por membros do Alto Comando do EB, que se

destina a assessorar o Comandante do Exército nos assuntos referentes à TI. 38

“Governança de TI significa avaliar e direcionar o emprego atual e futuro da TI, para assegurar que a sua utilização atenda aos objetivos organizacionais, bem como monitorar o seu desempenho na busca dos resultados pretendidos.” (BRASIL, 2013i, p. 17).

Page 52: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

51

A criação do NIT, como seção da Assessoria 3 do Departamento (A3/DCT),

vem despertando, no SCTIEx, a necessária atenção às atividades de inovação

tecnológica, proteção do conhecimento e propriedade intelectual dos sistemas,

produtos, tecnologias e serviços de defesa gerados. Como exemplo, podem ser

assinalados os pedidos de registro de marcas ao Instituto Nacional da Propriedade

Industrial (INPI) para projetos concluídos ou em fase de conclusão da P&D, no

âmbito do CTEx, tais como a ALAC e o SABER M60.

A A3/DCT, por intermédio de sua Seção de Inteligência Tecnológica, lançou

o Projeto Minerva, que tem por finalidade realizar o levantamento e a catalogação,

em âmbito mundial, de pesquisadores, universidades e pesquisas de interesse do

EB, em particular do SCTIEx, para atender às necessidades da F Ter.

Está em estudo a realocação das atividades de caráter executivo das

assessorias do DCT. Essas atividades migrariam para a Agência de Gestão da

Inovação (AGI) e para o Centro de Desenvolvimento Industrial (CDI), a serem

criados no escopo do PCTEG. As assessorias ficariam, então, com o assessoramento

de alto nível ao Ch DCT e com a formulação de políticas do SCTIEx.

4.4.3 Projeto de criação e implantação do Polo de Tecnologia da Informação – PTI

Decorrente das características do mundo da Era do Conhecimento, onde a

rapidez e precisão do processo de comunicação é o diferencial entre o sucesso e o

insucesso no cumprimento das missões, as organizações buscam nas incontáveis

ferramentas de TI, por vezes de forma individualizada, as soluções para o êxito de seu

negócio. Essa tendência não é diferente no âmbito do EB, tendo em vista que,

conforme é destacado na CETI (BRASIL, 2014c, p. 14), “a TI, diferentemente de outros

recursos, pela amplitude e diversidade de sua aplicação, pervade toda a organização

do EB, desde a seleção de pessoal até o comando e controle das ações de combate",

passando pelas áreas de educação, logística, C&T, saúde etc.

A busca individual pelas soluções de TI tem ocasionado, por vezes, problemas

de interoperabilidade e de manutenção que provocam dificuldades ou inviabilizam a

exploração eficaz e eficiente desses meios. Para mitigar essa situação desfavorável, a

Governança de TI assume fundamental papel no direcionamento das ações e

investimentos para que sejam atingidos os resultados desejados no âmbito do EB.

A estratégia do DCT, para fazer frente ao desafio de contribuir com a

consecução do OEE 7 “Aprimorar a Governança de Tecnologia da Informação”

Page 53: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

52

corporativa (BRASIL, 2013h, p. 9) e realizar a gestão de TI que lhe compete, é reunir

e integrar, fisicamente, em uma área localizada no Setor Militar Urbano39, em

Brasília, as OM do SCTIEx cujas missões estão diretamente relacionadas à área de

Tecnologia da Informação40 coorporativa do EB (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014). A

essa concentração de OM deu-se o nome de Polo de Tecnologia da Informação

(PTI). Torna-se fundamental reforçar que o PTI, a ser criado, não foi idealizado com

a propósito de agregar em um único local, empresas de TIC cuja produção visa ao

comércio em mercado nacional ou internacional. Na realidade a apropriação que foi

feita do nome ‘polo’ diz respeito, tão somente, ao trabalho complementar entre as

OM de TI, conforme acima mencionado.

O PTI será composto pelas seguintes OM: CDCiber, CDS, CITEx, DSG, 7º

CTA e uma Base Administrativa de apoio do PTI (a ser criada). A criação da Base

Administrativa visa, especialmente, à maior coordenação, padronização e ganho de

escala nas aquisições de soluções de TI, herdando o conhecimento adquirido pelo

CITEx41, nos últimos anos, nos processos de aquisição de soluções complexas

(REVISTA VERDE-OLIVA, 2014, p. 38).

Assim, o Departamento, aproveitando a experiência e conhecimento

acumulados por cada uma dessas OM, pretende, de forma sinérgica e colaborativa,

atingir resultados superiores aos que são obtidos de forma individualizada. Ademais,

busca potencializar a coordenação e o controle de atividades revestidas de elevado

grau de complexidade e especialização, mantendo o alinhamento permanente e

necessário entre os Objetivos Estratégicos de TI (OETI), os OEE e os elevados

investimentos financeiros decorrentes das missões atribuídas às OM que serão

reunidas no PTI (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014, p. 39).

As instalações do PTI contemplarão, além dos prédios administrativos e

funcionais de cada OM, uma estrutura de laboratórios, salas de controle e centros de

controle de dados (CPD) que integrarão as atividades de desenvolvimento,

segurança e operação, permitindo a geração de sistemas seguros, eficazes e

39

As instalações do Polo serão construídas na área do 7º Centro de Telemática de Área (7º CTA), OMDS ao CITEx.

40 Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR ISO/IEC 38500:2009), Tecnologia da

Informação é definida como os recursos necessários para adquirir, processar, armazenar e disseminar informações. TI é sinônimo de “Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC)” e inclui “Tecnologia da Comunicação (TC)”.

41 O CITEx e o 7º CTA permanecerão em suas instalações atuais. Destaca-se que o CITEx possui

vários “caminhos” de integração lógica com o 7º CTA.

Page 54: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

53

adequados à infraestrutura de operação existente, desde sua concepção,

contribuindo com a consecução do OEE 4, que é “Atuar no Espaço Cibernético com

Liberdade de Ação”. (BRASIL, 2013h, p. 6)

Essa infraestrutura robusta e resiliente, decorrente das soluções de alta

tecnologia adotadas, promoverá um ambiente capaz de hospedar, com elevado grau

de segurança, os sistemas corporativos mais importantes da Força, conquistando a

confiança das OM apoiadas e dos diversos órgãos responsáveis por sua utilização.

Espera-se diminuir, de forma gradativa, as estruturas existentes nos ODS e Diretorias

do Quartel-General do Exército, disponibilizando técnicos graduados e pós-graduados,

para que possam atuar no PTI. Isso permitirá a formação de uma massa crítica de

profissionais capacitados, composta por especialistas e engenheiros de computação,

eletrônica, telecomunicações e de outras especialidades, fundamentais para alavancar

as atividades técnicas das OM de TI do EB.

O que se pretende com a criação do PTI é aumentar a capacidade de defesa

cibernética do EB, por intermédio de uma infraestrutura robusta, resiliente e

racionalizada, decorrente da proximidade e integração das OM de TIC, incrementada

pelo emprego otimizado das competências e talentos disponíveis nas diversas áreas

relacionadas à TIC (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014, p. 38-39).

4.4.4 Projeto de criação e implantação Polo de Ciência e Tecnologia do

Exército em Guaratiba – PCTEG

O PCTEG é o mais complexo projeto do PTSCTEx. Como pilar fundamental

para a organização e operacionalização do novo Sistema de Ciência Tecnologia e

Inovação do Exército (SCTIEx), tem por base o projeto de antigos engenheiros

militares que vislumbraram, no final da década de 1970, a concentração das OM de

P&D do SCTEx, na região de Guaratiba (RJ), em área de preservação ambiental

(APA) onde está localizado o CTEx (MAYER, 2014)42.

O Projeto do PCTEG tem aderência ao Plano de Ação de CT&I (PACTI), na

medida em que pode ser enquadrado em sua Prioridade Estratégica I – Expansão e

Consolidação do Sistema Nacional de C,T&I e III – Pesquisa, Desenvolvimento e

Inovação em Áreas Estratégicas (BRASIL, 2011f). Além disso, atende às diretrizes

apresentadas na END, particularmente às que se referem à BID.

42

General de Exército Sanclair J. MAYER, atual Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT).

Page 55: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

54

Espera-se que a reunião de OM de P&D na área de Guaratiba amplie a

sinergia interna do SCTIEx, conforme é apresentado na Figura 1.

Figura 1 – Concepção Preliminar do PCTEG

Fonte – Comitê Executivo do Programa de Transformação do SCTEx/DCT

De acordo com a Diretriz de Iniciação do Projeto do PCTEG, o Polo será um

complexo de base científico-tecnológica que estabelecerá uma nova abordagem no

processo de PD&I de PRODE, fundamentada na interação cooperativa e coordenada

entre governo, academia e indústria – conforme o modelo Hélice Tripla tipo III.

Portanto, uma das atribuições do PCTEG será impulsionar a BID para atender as

necessidades do Exército em termo de PRODE (BRASIL, 2012b).

A seguir, será feita uma breve descrição das organizações integrantes da

estrutura futura do PCTEG, conforme consta na Diretriz supracitada e no Estudo de

Viabilidade Técnica e Econômica (EVTE)43 do PCTEG (BRASIL, 2013j).

4.4.4.1 O Novo Instituto Militar de Engenharia (IME)

O Novo IME será a OM responsável pelo Ensino de Engenharia, Pesquisa

Básica e Aplicada direcionadas aos Projetos do SCTIEx e desenvolvimento de

43

Documento não disponível por ser um documento interno de uso da Equipe de Projeto.

Page 56: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

55

protótipos conceituais de PRODE inovadores, bem como domínio de conhecimentos

potencialmente disruptivos na área de defesa (BRASIL, 2012b).

Como destaca Mayer (2014, p. 5), “o Novo IME é o projeto prioritário no

âmbito do PCTEG, no contexto da Transformação do Sistema de Ciência e

Tecnologia do Exército”, sendo considerado a ‘instituição âncora’ do Projeto. Seu

principal macroprocesso será a Gestão do Ensino, Pesquisa e Inovação e atuará de

forma integrada aos projetos a serem conduzidos no Polo. Portanto, seu novo

modelo científico-pedagógico terá como foco um processo de aprendizagem

alinhado à consecução de projetos reais do Exército e novas interações com

instituições parceiras e demais OM do Complexo.

O precitado autor assinala que, mantendo a excelência no ensino, o foco do

novo IME deverá ser direcionado para a pós-graduação, a fim de que seus

pesquisadores sejam engajados, também, nos projetos de PD&I do SCTIEx,

impulsionando a capacidade de inovação do Sistema. Isto está claro na Diretriz de

Iniciação do Projeto de Transformação do IME (BRASIL, 2012c, p. 41): “A base de

conhecimentos de Engenharia proporcionada pelo ensino de graduação do IME

servirá de alicerce para o impulso da pós-graduação e seu desejado alinhamento

com os projetos de PD&I do SCTIEx”.

O Projeto do PCTEG prevê a transferência das instalações atuais do IME para

Guaratiba, o que viabilizará o planejamento de ser triplicado o efetivo de discentes, de

forma a contribuir para a diminuição da carência de engenheiros do EB e do País.

Assim, conforme apresentado no EVTE do PCTEG, o Novo IME terá uma capacidade

anual para cerca de 900 alunos44, dos quais 1/3 será absorvido pelo Exército e os

outros 2/3 pelos demais setores nacionais. Isso significa que, em dez anos, cerca de

10.800 (dez mil e oitocentos) profissionais altamente qualificados serão formados,

tanto na Graduação como na Pós-Graduação (BRASIL, 2013j, p. 5).

4.4.4.2 Instituto Militar de Tecnologia (IMT)

O IMT, ainda em fase de concepção, poderá ser uma divisão do novo IME.

Destinar-se-á à formação e especialização de técnicos e tecnólogos civis e militares

em áreas de interesse do SCTIEx e da Base Industrial de Defesa (BID). Esses

profissionais apoiarão as atividades dos diversos laboratórios de ensino, pesquisa e

de certificação, bem como as atividades que demandem pessoal com perfil técnico-

44

300 (trezentos) na Graduação, 540 (quinhentos e quarenta) no Mestrado e 90 (noventa) no Doutorado.

Page 57: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

56

profissional. Realizará, ainda, projetos de PD&I de tecnologia de interesse mútuo do

EB e da BID, visando à obtenção de PRODE inovadores.

Tem-se a intenção que o IMT seja um vetor de expansão do conhecimento

técnico-científico gerado pelo SCTIEx em benefício do Estado Brasileiro.

4.4.4.3 Centro Tecnológico do Exército (CTEx) e suas OMDS

O novo CTEx, que se encontra instalado na área de Guaratiba, terá a

responsabilidade de realizar a PD&I de tecnologias para aplicação em produtos de

defesa de interesse do Exército, em médio e longo prazos, previstos no SIPLEx.

Com os estudos realizados no âmbito do SCTEx, verificou-se a necessidade

de reestruturar o Centro criando novos Institutos, a ele subordinados, capazes de

convergirem os esforços de PD&I para domínios específicos, o que permitirá uma

coordenação mais eficiente dessas atividades, passando a ser o principal

macroprocesso do Centro. Os novos Institutos serão:

- Instituto de Sistemas de Armas (ISA) – será responsável pelo

desenvolvimento de Sistemas Bélicos e Materiais de Emprego Militar que agreguem

valor ao poder de combate da F Ter;

- Instituto de Sistemas de Informações (ISI) – será responsável pelo

desenvolvimento de sistemas essencialmente dotados de Tecnologia da Informação

e Comunicação para emprego na atividade-fim da F Ter, isto é, no combate;

- Instituto de Defesa Química, Biológica, Nuclear e Radiológica (IDQBNR) –

será responsável pelo desenvolvimento de meios defensivos e ofensivos que

aumentem a capacidade da F Ter de enfrentar essas ameaças; e

- Instituto de Pesquisa Tecnológica Avançada (IPTA), tendo como principal

macroprocesso a Pesquisa Tecnológica Avançada, será a OMDS do CTEx

responsável pela pesquisa em áreas tecnológicas de vanguarda e pelo

desenvolvimento de protótipos conceituais de PRODE inovadores, que possam

produzir surpresa tecnológica no campo de batalha do futuro, antecipando-se às

demandas da F Ter e promovendo inovação no campo da Doutrina Militar (MAYER,

2014, p. 1-3).

Mayer (2014, p. 3) ainda assinala que “a busca do PRODE inovador não

deverá prescindir da possibilidade de gerar subprodutos que poderão ser utilizados

de forma dual pela indústria, ao longo do processo de PD&I.” Esclarece, ainda, que

o ISA, o ISI e o IDQBNR serão criados a partir da evolução das atuais Divisão

Page 58: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

57

Bélica, Divisão de Sistemas, Divisão de Tecnologia da Informação e Divisão DQBNR

do atual CTEx. Esses Institutos deverão estar ativados até dezembro de 2015.

4.4.4.4 Centro de Avaliações do Exército (CAEx)

O novo CAEx, cujas instalações já se encontram em Guaratiba, será

responsável pela avaliação dos PRODE desenvolvidos no âmbito do PCTEG e

outros materiais produzidos pela BID, bem como pesquisa na área de metrologia.

Apoiará as atividades do IME e da Incubadora de Empresas de Defesa com Base

Tecnológica (IEDBT) com laboratórios e pessoal especializado.

4.4.4.5 Agência de Gestão e Inovação (AGI)

A AGI será uma organização independente das demais instituições do PCTEG,

devendo ser subordinada diretamente ao DCTI. Realizará a gestão do processo de

inovação, o que possibilitará que as demais OM do Polo, em particular as de PD&I,

mantenham o foco em suas atividades, de modo a potencializar suas capacidades.

Atuando como o NIT do EB, terá como missões: realizar a gestão da rede de

inteligência de científico-tecnológica; elaborar cenários e visão prospectiva no campo da

CT&I; realizar a gestão do conhecimento científico-tecnológico; realizar estudos e

coordenar o desenvolvimento de projetos do SCTIEx, sob a ótica da gestão da

inovação; orientar as ICT do Exército nas suas competências; relacionar-se com o

Escritório de Projetos do Exército; apoiar juridicamente as OM do PCTEG, entre outras.

4.4.4.6 Centro de Desenvolvimento Industrial (CDI)

O CDI, a ser criado a partir da transformação da atual DF, deverá estar

plenamente implantado e operando, ainda que em instalações provisórias, até 31 de

dezembro de 2015. Terá a missão de realizar: gestão de contratos de PD&I;

recebimento e transferência de tecnologia; gestão da IEDBT; formação de novas

empresas; gestão do relacionamento com a IMBEL e demais empresas da BID e

ABIMDE.

Por intermédio de seus arsenais, poderá abrigar ou apoiar, temporariamente,

empresas de defesa que devam transferir tecnologia por meio de reprodução de

linhas de montagem/fabricação ou outros meios. Como exemplo, o Arsenal de

Guerra do Rio (AGR) será a OM, instalada na área de Guaratiba, responsável por

apoiar as atividades de PD&I das demais organizações do Polo com oficinas,

Page 59: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

58

equipamentos e pessoal especializados na área de metal-mecânica pesada,

química, eletrônica e outras áreas julgadas de interesse. Continuará, quando

necessário, a desempenhar as atividades de fabricação, modernização e

revitalização de PRODE (BRASIL, 2012b).

4.4.4.7 Incubadora de Empresas de Defesa com Base Tecnológica (IEDBT)

Será a organização responsável por incubar empresas de defesa de base

tecnológica, ou seja, empresas novas que se proponham a produzir PRODE

inovadores, com elevado conteúdo tecnológico agregado, e, após o período de

incubação, ingressar efetivamente na BID. Deverá ser gerida pelo CDI.

O PCTEG, além da estrutura apresentada anteriormente, contará ainda com

o apoio das seguintes organizações:

- Base Administrativa – responsável pela administração e manutenção de

toda a área comum;

- Batalhão de Comando e Serviços – responsável pelo efetivo de militares de

apoio às atividades meio e fim; e

- Policlínica Militar – responsável pelo apoio de saúde ao pessoal.

O Projeto ainda contempla a construção de uma estrutura de apoio aos

integrantes do Polo, familiares e eventuais participantes em trabalhos nas OM do

PCTEG, que deverá abranger, dentre outras, as seguintes instalações45: 1.400 (mil e

quatrocentas) unidades habitacionais de Próprios Nacionais Residenciais; Hotel de

Trânsito; Círculo Militar; centros comerciais locais; centro de convenções; shopping

center; prédio de escritórios para apoio às empresas; postos de combustíveis e

conveniências; escola e creche; policlínica civil; e outros estabelecimentos que

venham a ser identificadas como necessários.

De acordo com a Revista Verde Oliva no 223, de abril de 2014, estima-se

que o PCTEG terá cerca de 500.000 m2 de áreas a serem construídas, mais de

300.000 m2 a serem reformados, e um fluxo de cerca de 10.000 (dez mil) pessoas

por dia circulando entre suas organizações, com um custo de implantação estimado

em 1,5 bilhão de reais (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014, p. 36).

45

Informações retiradas do EVTE do PCTEG (BRASIL, 2013j).

Page 60: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

59

4.5 O NOVO SCTIEX E A GARANTIA DA SOBERANIA NACIONAL

Conforme apresentado anteriormente, o PTSCTEx, por sua magnitude e

complexidade, contempla vários projetos dos quais, nesta análise, serão destacados

os de criação do PTI e do PCTEG.

Entende-se que a implantação do PTI, além de contribuir com o aumento da

Governança de TI no EB, contribuirá com o aprimoramento da capacidade de

controle do espaço cibernético. Esse aprimoramento reduzirá as possíveis

vulnerabilidades nas infraestruturas críticas e nas redes e sistemas de TI

corporativos do Exército, preservando interesses nacionais, ao tempo em que

promove maior capacidade dissuasória em relação aos potenciais oponentes. Com

isso, a expressão científica e tecnológica estará contribuindo com o enriquecimento

da expressão militar, resultando no fortalecimento do Poder Nacional.

O PCTEG, por sua magnitude e complexidade, envolve grandes

transformações, principalmente, nos campos científico-tecnológico e econômico. O

Modelo “Hélice Tripla tipo III” que será empregado, com o objetivo de desenvolver

PRODE inovadores e fortalecer a BID, talvez o qualifique como um projeto consistente

no Brasil a promover a união do Governo, inúmeras Universidades, Centros, Institutos,

ICT públicas e privadas, e empresas, com o objetivo fundamental de buscar e gerar

inovação. Espera-se, com isso, além de reforçar a expressão científico-tecnológica,

potencializar a expressão econômica do Poder Nacional pela ampliação das

oportunidades econômicas decorrentes das vendas internas e externas desses PRODE

de alto valor agregado, a serem realizadas pela BID, bem como pela exploração da

propriedade intelectual e dos contratos de licenciamento (BRASIL, 2013j).

Espera-se, ainda, que a criação do Complexo possa gerar novos empregos

na própria região de Guaratiba, em especial nas empresas, no comércio e na

prestação de serviços do Polo, alinhando-se com o interesse do Governo em

diminuir as taxas de desemprego ou de alavancar o desenvolvimento de região

ainda carente dentro da metrópole do Rio de Janeiro, diminuindo o desequilíbrio

social. De acordo com o EVTE do PCTEG (BRASIL, 2013j), estima-se que cerca de

50.000 (cinquenta mil) pessoas oriundas de bairros próximos deverão utilizar os

serviços disponíveis do Complexo. Esse quantitativo de pessoas, somado às 10.000

pessoas ligadas diretamente às atividades do Polo, indica a contribuição que o

Page 61: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

60

PCTEG trará para mudança do perfil econômico daquela área, trazendo progresso e

melhoria nas condições sócio-econômica de vida das pessoas.

Uma grande preocupação dos responsáveis pela implantação do PCTEG é

manter ou melhorar a qualidade de vida no bairro de Guaratiba, conciliando sua

implantação com a preservação do ecossistema da área, o que é um fator de

fortalecimento, no campo psicossocial, fundamental para a integração do Polo com a

população. Neste sentido, deve ser assinalado que a presença e a ocupação do

local destinado às suas instalações, já realizada pelo EB, desde 1979, têm se

caracterizado como fator de garantia da preservação ambiental na medida em que

confronta as pressões urbanas e imobiliárias existentes na região (BRASIL, 2013j).

Além disso, é importante assinalar que o PCTEG será um grande agregador e

impulsionador da realização de um conjunto de obras e serviços de infraestruturas

básicas, gerando empregos em toda a área do Polo e circunvizinhas, a exemplo das

localidades do Recreio, da Barra da Tijuca, de Campo Grande etc. Igualmente, é

importante destacar que a formação de engenheiros e tecnólogos de alto nível, por

intermédio do IME e do IMT, responderá às expectativas governamentais no que diz

respeito a atender às necessidades existentes no mercado de trabalho em todo o

Brasil. Portanto, os empregos gerados no Rio de Janeiro e a oferta de engenheiros e

tecnólogos para o mercado de trabalho, em âmbito nacional, reforçarão as expressões

científico-tecnológica, econômica e psicossocial do Poder Nacional (BRASIL, 2013j).

Pelo exposto, pode-se inferir que o PTSCTEx, que em última instância, faz

parte do processo de Transformação do EB, não é um programa orientado

exclusivamente para a Força. Conforme assinalado em Longo e Moreira (2010, p. 4)

ele tem as características de um programa mobilizador, por ser capaz de

“arregimentar, aglutinar, organizar e pôr em movimento o potencial nacional

disponível numa ação política, visando o desenvolvimento social, econômico e/ou

militar do país.” Assim, o PTSCTEx é um programa do Exército para o Brasil estando

perfeitamente caracterizado como um Programa do Estado Brasileiro.

Page 62: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

61

5 CONCLUSÃO

O lançamento da END, em 2008, combinado com a aprovação, em 2013, de

sua nova versão, da nova versão da PND e da primeira edição do LBDN, representam,

pela primeira vez, a manifestação explícita do Estado Brasileiro sobre o tema Defesa

Nacional, tanto para a sociedade brasileira, como para a comunidade internacional.

Essa manifestação incentivou que as três FA realizassem uma reavaliação em

seus planejamentos estratégicos, que resultou na atualização desses documentos e na

apresentação de novos planos de articulação e equipamento, contemplando as

estratégias indicadas na END, além de respaldar e motivar as decisões políticas e

econômicas a serem tomadas pelo Governo Federal (BRASIL, 2013a).

Desta forma, o EB iniciou seu processo de transformação, dando destaque a

seu maior patrimônio, seus ‘soldados’, no sentido de que possam evoluir para o

Exército desejado da Era do Conhecimento. Essas mudanças visam à obtenção de

uma Força com “novas capacidades e competências, integrada por pessoal altamente

capacitado, treinado e motivado, apta a empregar armamentos e equipamentos com

alta tecnologia agregada e sustentada em uma doutrina autóctone”, eficiente e em

constante processo evolutivo, conforme afirmado em Brasil (2013a, p.12).

Essa transformação, portanto, deverá ser capaz de contribuir com o

crescimento de todas as expressões do Poder Nacional, potencializando a

capacidade dissuasória do País, permitindo que o posicionamento político e

estratégico da nação brasileira seja independente das vontades dos demais países,

o que pode ser traduzido como Soberania Nacional.

Decorrente das avaliações e diagnósticos internos, o Exército identificou que o

processo de transformação deveria ser realizado por intermédio de vários VT

suportados pela vertente tecnológica, conforme indicado na END (BRASIL, 2013e),

capazes de realizar, de forma integrada, a mudança necessária de paradigmas em

todos os seus sistemas e funções, para se alcançar o Exército imaginado para o futuro.

Esse planejamento, concebido para ocorrer em três fases, prevê que, até o ano de

2030, novos conceitos, competências e capacidades terão sido sedimentados e estarão

sendo empregados, plenamente, pelo “novo” Exército da Era do Conhecimento.

Nas duas primeiras fases, cujo término está previsto para 2022, estar-se-ão

realizando autoavaliações e implementadas evoluções na forma de combater, de

equipar e de organizar toda a F Ter, o que tem conduzido a uma nova doutrina.

Page 63: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

62

A primeira e efetiva materialização dos resultados do planejamento realizado

para a Transformação do EB são os PEE. Esses projetos estão em fase de

implementação e sua gerência estratégica é realizada pelo EPEx, suportado pela

expertise do SCTEx, tendo em vista o elevado índice de tecnologias avançadas

neles incluídas e ser o responsável pelo VT C&T.

Pelos resultados já obtidos da implementação dos PEE, parcialmente

apresentados na Tabela 1, pode-se identificar a contribuição que a Transformação do

EB já está, e continuará, trazendo para o aumento da garantia da soberania, à medida

que fortalece as diversas expressões do Poder Nacional. Na expressão militar pode

ser identificado o aumento gradativo do Poder de Combate da F Ter, decorrente da

disponibilidade de meios avançados e compatíveis com o cenário mundial atual,

representados por PRODE de alta complexidade, em sua maioria, dotados de

tecnologia dual. Pode-se acrescentar que a transformação baseada na valorização da

C&T realmente autóctone vai favorecer que o País realmente tenha capacidade de

desenvolver suas tecnologias de defesa, evitando compras de tecnologias de origem

diversa, ou compras de oportunidade, que resultam em melhoria, apenas temporária,

do poder militar, com rápida degradação. Por outro lado, a geração ou absorção de

novas tecnologias, a criação de novos empregos para atender à expansão da BID, a

capacitação de pessoal, a elevação dos níveis de qualificação na área de C&T e a

formação de profissionais nas diversas áreas da engenharia são alguns exemplos dos

efeitos esperados, como frutos da Transformação do EB, para o fortalecimento das

expressões científica e tecnológica, econômica e psicossocial do Poder Nacional.

Sendo assim, por decorrência, haverá incremento dos meios disponíveis para a

manutenção da intangibilidade da Nação Brasileira, ou seja, de sua Soberania.

Apesar do SCTEx estar contribuindo muito para a Transformação do EB, foi

identificado pelo DCT que sua concepção atual não favorece a geração de

inovações, tanto em quantidade como na oportunidade demandada pela Força.

Além disso, identificou-se que o modelo direciona o esforço do Sistema para as

tecnologias do presente, deixando de gerar PRODE com a capacidade de produzir a

surpresa desejada nas operações de emprego da F Ter (BRASIL, 2012a).

Assim, o DCT deliberou que o Sistema atual precisa migrar para um novo, cujo

diferencial seja a busca da inovação. Já batizado por Sistema de Ciência, Tecnologia e

Inovação do Exército (SCTIEx), a migração está sendo efetivada pelo PTSCTEx, que é

composto por vários projetos, podendo-se destacar o PTI e o PCTEG.

Page 64: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

63

Com a implantação do PTI, busca-se minimizar ou eliminar as possíveis

vulnerabilidades nas infraestruturas críticas e nas redes e sistemas de TI

coorporativos, o que promoverá uma maior capacidade do EB em defender o espaço

cibernético de seu interesse. Com isso, a expressão científica e tecnológica estará

contribuindo no enriquecimento da expressão militar, resultando no fortalecimento do

Poder Nacional e no consequente aumento da garantia da Soberania Nacional.

Por outro lado, o PCTEG, seguindo o modelo relacional TH tipo III, será um

complexo militar-universitário-empresarial capaz de atuar na fronteira de tecnologias

que terão quase sempre utilidade dual, ou seja, militar e civil. O novo SCTIEx, por

intermédio do PCTEG, apoiará o fortalecimento da BID, gerando novos postos de

trabalho, aumentando sua capacidade em C&T e viabilizando a produção de PRODE

nacionais, inovadores, de levado valor tecnológico agregado. Além disso, com sua

implantação, espera-se proporcionar um crescimento social e econômico na área de

Guaratiba, decorrente da circulação de cerca de 60.000 (sessenta mil) pessoas em

suas instalações. Portanto, a criação do PCTEG deverá incrementar as expressões

militar, científica e tecnológica, psicossocial e econômica do Poder Nacional (BRASIL,

2013j).

Portanto, dos estudos realizados, pode-se inferir, de forma sumária, que a

Transformação do Exército e o novo SCTIEx impactarão a garantia da Soberania

Nacional por intermédio de duas possibilidades:

- pela disponibilidade de meios avançados e condizentes com o cenário

militar mundial, fazendo com que a F Ter passe a ter sua capacidade de defesa

aumentada, resultando em maior dissuasão, aumentando a expressão militar; logo,

robustecendo o Poder Nacional, que aumenta a garantia de Soberania Nacional; e

- pela necessária evolução da sociedade para definir, projetar, pesquisar,

desenvolver e produzir meios avançados, o que vai melhorar a capacitação dos

recursos humanos num ambiente de projetos mobilizadores, quando necessariamente

haverá um significativo arrasto tecnológico, e, portanto, aumentando as expressões

econômica, psicossocial e científica e tecnológica, que também aumentam o Poder

Nacional, levando também a patamar mais elevado a garantia da Soberania Nacional.

Finalmente, é lícito concluir que a Transformação do Exército e o novo

SCTIEx, juntos, fortalecerão as expressões do Poder Nacional. Consequentemente,

dar-se-á o fortalecimento da Soberania Nacional e, além disso, o desejável

desenvolvimento do Brasil.

Page 65: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

64

REFERÊNCIAS

BLANCHARD, Benjamin S. System engineering management. 2nd ed. New York: Wiley-Interscience, 1998. 488p. BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação. Plano de Ação em Ciência, Tecnologia & Inovação – PACTI 2007-2010: documento síntese. Brasília, DF, 2007. Disponível em: <http://www.mct.gov.br/upd_blob/0203/203406.pdf>. Acesso em: 02 jul. 2014. ______. Ações Estratégicas do Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação 2011 - 2014. Brasília, DF, 2011f. Disponível em: <http://www.mcti.gov.br>. Acesso em: 02 jul. 2014. BRASIL. Ministério da Defesa. Estratégia Nacional de Defesa. Brasília, DF, 2008a. Disponível em: <http://www.defesa.gov.br>. Acesso em: 12 fev. 2014. ______. Estratégia Nacional de Defesa. Brasília, DF, 2013e. Disponível em: <http://www.defesa.gov.br>. Acesso em: 12 fev. 2014. ______. Livro Branco de Defesa Nacional. Brasília, DF, 2013c. Disponível em: <http://www.defesa.gov.br>. Acesso em: 12 fev. 2014. ______. Política Nacional de Defesa. Brasília, DF, 2013d. Disponível em: <http://www.defesa.gov.br>. Acesso em: 12 fev. 2014. BRASIL. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Comando do Exército. Diretriz geral do Comandante do Exército 2011- 2014. Brasília, DF, 2011a. ______. Portaria nº 1.253, de 05 de dezembro de 2013. Concepção de transformação do Exército. Brasília, DF, 2013a. ______. Portaria nº 270, de 13 de junho de 1994. Aprova as Instruções Gerais para o Funcionamento do Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército (IG 20-11). Brasília, DF, 1994a. ______. Portaria nº 271, de 13 de junho de 1994. Aprova as Instruções Gerais para o Modelo Administrativo do Ciclo de Vida dos Materiais de Emprego Militar (IG 20-12). Brasília, DF, 1994b. ______. Portaria nº 104, de 14 de fevereiro de 2011. Cria o Projeto de Força do Exército Brasileiro. Boletim do Exército nº 7/2011, Brasília, DF, 18 fev. 2011b. Disponível em: <http://www.sgex.eb.mil.br>. Acesso em: 12 mar. 2014. ______. Portaria nº 766, de 07 de dezembro de 2011. Aprova a atualização do Sistema de Planejamento do Exército (SIPLEx) e dá outras providências. Boletim do Exército nº 50/2011, Brasília, DF, 16 dez. 2011e.Disponível em: <http://www.sgex.eb.mil.br>. Acesso em: 12 mar 2014.

Page 66: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

65

BRASIL. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Comando do Exército. Portaria nº 352, de 20 de maio de 2013. Aprova o Regulamento do Conselho Superior de Tecnologia da Informação - CONTIEx. Boletim do Exército nº 21/2013, Brasília, DF, 24 maio 2013i. Disponível em: <http://www.sgex.eb.mil.br>. Acesso em: 19 jun. 2014. ______. Portaria nº 233, de 20 de março de 2014. Aprova a Concepção Estratégica da Tecnologia da Informação. Boletim do Exército nº 13/2014, Brasília, DF, 28 mar. 2014c. Disponível em: <http://www.sgex.eb.mil.br>. Acesso em: 19 jun. 2014. ______. Portaria nº 553, de 09 de junho de 2014. Aprova o Plano Estratégico de Tecnologia da Informação. Boletim do Exército nº 25/2014, Brasília, DF, 21 jun. 2014d. Disponível em: <http://www.sgex.eb.mil.br>. Acesso em: 21 jun. 2014. BRASIL. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Departamento de Ciência e Tecnologia. Introdução ao Plano Básico de Ciência e Tecnologia do Exército Brasileiro 2008-2011. Brasília, DF, 2007. ______. Portaria nº 032-DCT, de 11 de setembro de 2012. Aprova a Diretriz de Iniciação do Projeto de Transformação do Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército. Boletim do Exército nº 38/2012, Brasília, DF, 21 set. 2012a. Disponível em: <http://www.sgex.eb.mil.br>. Acesso em: 02 abr. 2014. ______. Portaria nº 033-DCT, de 11 de setembro de 2012. Aprova a Diretriz de Iniciação do Projeto do Polo de Ciência e Tecnologia do Exército em Guaratiba. Boletim do Exército nº 38/2012, Brasília, DF, 21 set. 2012b. Disponível em: <http://www.sgex.eb.mil.br>. Acesso em: 02 abr. 2014. ______. Portaria nº 034-DCT, de 11 de setembro de 2012. Aprova a Diretriz de Iniciação do Projeto de Transformação do Instituto Militar de Engenharia (IME). Boletim do Exército nº 38/2012, Brasília, DF, 21 set. 2012c. Disponível em: <http://www.sgex.eb.mil.br>. Acesso em: 02 abr. 2014. ______. Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica do Projeto do Polo de Ciência e Tecnologia do Exército em Guaratiba – EVTE do PCTEG. Brasília, DF, 2013j. ______. Portaria nº 006-DCT, de 29 de janeiro de 2014. Aprova o Regimento Interno do Departamento de Ciência e Tecnologia.Boletim do Exército nº 6/2014, Brasília, DF, 07 fev. 2014b. Separata. Disponível em: <http://www.sgex.eb.mil.br>. Acesso em: 12 mar. 2014. BRASIL. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. Escritório de Projetos do Exército. Projetos Estratégicos do Exército. Revista Military Review, Kansas, n.1, p. 39-41, jan./fev. 2013f. Edição Brasileira. Disponível em: <http://usacac.army.mil/CAC2/MilitaryReview/Archives/Portuguese/MilitaryReview_20130228_art007POR.pdf>. Acesso em: 22 jul. 2014.

Page 67: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

66

BRASIL. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. O Processo de Transformação do Exército. 3. ed., Brasília, DF, 2010. ______. Normas para Elaboração, Gerenciamento e Acompanhamento de Projetos no Exército Brasileiro (NEGAPEB): EB20-N-08.001. 2. ed. Brasília, DF, 2013g. Disponível em: <http://www.portalpeg.eb.mil.br/index.php/negapeb.html>. Acesso em: 12 jun. 2014. ______. Portaria nº 09-EME, de 16 de fevereiro de 2011. Aprova a Diretriz de Elaboração do Projeto de Força do Exército Brasileiro. Boletim do Exército nº 8/2011, Brasília, DF, 25 fev. 2011d. Disponível em: <http://www.sgex.eb.mil.br>. Acesso em: 12 mar. 2014. ______. Portaria nº 250-EME, de 23 de dezembro de 2013. Aprova a Metodologia da Sistemática de Planejamento do Exército (SIPLEx). Boletim do Exército nº 1/2014, Brasília, DF, 03 jan. 2014a. Disponível em: <http://www.sgex.eb.mil.br>. Acesso em: 12 jul. 2014. ______. Projeto de Força do Exército Brasileiro. Brasília, DF, 2011d. Disponível em: <http://www.eb.mil.br>. Acesso em: 12 mar. 2014. ______. Sistema de Planejamento Estratégico do Exército-Fase 3: Política Militar Terrestre. Brasília, DF, 2013h. ______. Bases para a transformação da Doutrina Militar Terrestre. Brasília, DF, 2013b. Disponível em: <http://www.cdoutex.eb.mil.br>. Acesso em: 18 mar. 2014. ______. Estratégia Braço Forte. Brasília, DF, 2009. BRASIL. Ministério da Defesa. Ministério da Ciência e Tecnologia. Concepção Estratégica: ciência, tecnologia e inovação de interesse da defesa nacional. Brasília, DF, 2003. 56p. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio. Política de Desenvolvimento Produtivo – PDP 2008: lançamento. Brasília, DF, 2008b. Disponível em: <http://www. desenvolvimento.gov.br/pdp/arquivos/destswf1212176030.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2014. BRASIL. Lei nº 10.973, de 02 de dezembro de 2004. Dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 3 dez. 2004. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.973.htm>. Acesso em: 11 jul. 2014. CARDOSO, Alberto Mendes. O papel da ciência e tecnologia na defesa da soberania nacional. In: PINTO, J.R. de Almeida; ROCHA, A.J. Ramalho da; SILVA, R. Doring Pinto (Orgs.). As Forças Armadas e o desenvolvimento científico-tecnológico do país: pensamento brasileiro sobre defesa e segurança. Brasília, DF,

Page 68: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

67

Ministério da Defesa: Secretaria de Estudos e de Cooperação, 2004. p. 183-211. (Pensamento brasileiro sobre defesa e segurança; v. 3) COSTA, Paulo Roberto. Elementos para o delineamento de um modelo sistêmico para a indústria nacional de defesa. Rio de Janeiro: ESG, 2012. COVARRUBIAS, Jaime Garcia. Os três pilares de uma transformação militar. Revista Military Review, p. 16-23, nov./dez. 2007. Edição brasileira. CRUZ, Carlos Henrique de Brito. Ciência e tecnologia e a soberania nacional. In: PINTO, J.R. de Almeida; ROCHA, A.J. Ramalho da; SILVA, R. Doring Pinto (Orgs.). As Forças Armadas e o desenvolvimento científico-tecnológico do país: pensamento brasileiro sobre defesa e segurança. Brasília, DF, Ministério da Defesa: Secretaria de Estudos e de Cooperação, 2004. p. 287-315. (Pensamento brasileiro sobre defesa e segurança; v. 3) ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (BRASIL). Manual básico: elementos fundamentais. Rio de Janeiro, 2014. v. 1. ETZKOWITZ, H.; LEYDESDORFF, L. Emergence of a triple helix of university, industry, government relations. Science and Public Policy, v. 23, n. 5, p. 279-286,1998. LONGO, Waldimir Pirró e. Conceitos básicos sobre ciência e tecnologia. In: ______. Ciência e Tecnologia: alguns aspectos teóricos. Rev. atual. Rio de Janeiro: ESG, 2004. Disponível em: <http://www.waldimir.longo.nom.br/publicacoes.html>. Acesso em: 10 jun. 2014. LONGO, W.P.; SEIDL, P. R. Triângulo na pesquisa: considerações sobre as interações entre governo, universidades e empresas na busca do desenvolvimento. Revista ABM: metalurgia, materiais e mineração, São Paulo, v. 55, p. 352-356, jul. 1999. Disponível em: http://www.waldimir.longo.nom.br/publicacoes.html>. Acesso em: 10 jun. 2014. LONGO, W.P.; MOREIRA, W.S. Contornando o cerceamento tecnológico. In: SUARTMAN, Eduardo; D’ARAUJO, Maria Celina; SOARES, Samuel Alves (Orgs.). Defesa, segurança internacional e Forças Armadas: Encontro da ABED, 2. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2010. p. 309-321. Disponível em: <http://www.waldimir.longo.nom.br/publicacoes.html>. Acesso em: 10 jun. 2014. MAYER, Sinclair J. A transformação do Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército. Brasília, DF, 2014. Disponível em: http://www.cdoutex.eb.mil.br. Acesso em: 20 jun. 2014. MERQUIOR, Douglas Marcelo. Ciência, tecnologia e inovação como pilares para a soberania nacional. Rio de Janeiro: ESG, 2011. NEIVA FILHO, Ivan Ferreira; MONTENEGRO, Pedro Celso Coelho (Coords.). Gestão do ciclo de vida da Força Terrestre: um processo integrado do projeto e desenvolvimento da Força Terrestre do futuro. Rio de Janeiro: ECEME, 2013.

Page 69: a transformação do exército brasileiro e o novo sistema de ciência

68

NUNES, R.F. O Instituto Meira Mattos da ECEME e o processo de transformação do Exército Brasileiro. Revista das ciências militares, Rio de Janeiro, v.2, n. 26, 2012. 2. Quadrimestre. (Coleção Meira Mattos). PRADO FILHO, Hildo Vieira. Base Industrial de Defesa – BID: um modelo para atender às necessidades da Força Terrestre. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército)-Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2008. REVISTA VERDE-OLIVA. Brasília, DF, ano 40, n. 217, ago. 2013. Especial. Trimestral. ISSN 2178-1265. REVISTA VERDE-OLIVA. Brasília, DF, ano 40, n. 223, abr. 2014. Trimestral. ISSN 2178-1265. SABATO, J.; BOTANA, N. La ciência y la tecnologia en el desarrolo futuro de América Latina. Revista de la Integración, p. 15-36, nov. 1968. Espanhol (Argentina) SARDEMBERG, Ronaldo. O papel da C&T na defesa da soberania. In: PINTO, J.R. de Almeida; ROCHA, A.J. Ramalho da; SILVA, R. Doring Pinto (Orgs.). As Forças Armadas e o desenvolvimento científico-tecnológico do país: pensamento brasileiro sobre defesa e segurança. Brasília, DF: Ministério da Defesa: Secretaria de Estudos e de Cooperação, 2004. p. 213-229. (Pensamento brasileiro sobre defesa e segurança; v. 3)