á tabela 109

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EDITORIAL ÓRGÃO DA COMISSÃO DE TRABALHADORES DA CP Nº 109 Novembro 2012 Contra o Esbulho e Roubo, Todos Unidos na Greve Geral No presente, os governos da, e das polícas de direita, sob o pretexto do “Memorando de Entendimento” com a “troi- ka” – verdadeiro pacto de agressão ao país, com o objevo de esbulhar quem trabalha - intensificam a usurpação, o roubo dos salários e dos direitos laborais. São estas as pro- postas inscritas no Orçamento Geral do Estado para 2013. Para este governo, um trabalhador que leve para casa cer- ca setecentos euros por mês é imediatamente considerado rico, e, consequentemente esmagado pelo fisco. O que até muitos apoiantes do PSD e do CDS classificam como um “assalto à mão armada”, ou como um “sismo fis- cal”, para Passos/Portas é o que temos de sofrer. A brutalidade do roubo e do esbulho que o governo do PSD/CDS está a pracar contra os trabalhadores e os refor- mados é tão violenta que, neste momento, nem os mais distraídos podem alhear-se da luta que a todos é exigida por uma simples questão de sobrevivência e dignidade hu- mana. Estas razões são mais que suficientes para QUE TODOS EM UNIDADE NA AÇÃO NA GREVE GERAL DO DIA 14 DE NO- VEMBRO, CONTRA O ROUBO DOS DIREITOS E DOS SALÁ- RIOS. OS FERROVIÁRIOS TÊM DIREITOS CONTRATUAIS E NÃO REGALIAS. Não è um qualquer ministro ou secretário de estado que nos vem rar direitos conquistados com mui- tas lutas, alguns já vêm do tempo da outra senhora. Esta brutalidade que o governo do Passos Coelho/Paulo Portas está a infligir à esmagadora maioria dos Portugue- ses foi combinada e decretada pelos grandes capitalistas e executadas pelos banqueiros e agiotas que “emprestaram milhões” a Portugal, para que todos agora paguemos, com um palmo de língua de fora, o que os sucessivos governos do PS, do PSD e CDS andaram a gastar, em PPPs (Parcerias Públicas e Privadas) e outras vigarices do género. Sabe-se hoje que os sucessivos governos de e com polícas de direita gastaram rios de dinheiro, distribuindo a rodos por uma ou duas dúzias de “famílias”, que pediam o que queriam, porque tudo se lhes davam. Neste momento é o povo, são sempre os mesmos do cos- tume que é chamado a pagar a factura. E nem as miserá- veis simulações de falsos avanços e recuos podem enganar seja quem for. A brutalidade do gigantesco roubo que o governo está a infligir ao nosso povo exige, no mínimo que as coisas se tornem claras. Em primeiro lugar importa fazer ver a toda gente que os trabalhadores portugueses estão a ser rouba- dos para o pagamento de uma dívida gigantesca, que em grande parte não tem um mínimo de verdade. Os governos queriam inaugurações atrás de inaugurações e punham-se a fazer adjudicações de empreitadas à medida dos cambala- chos do interesse do sistema do capital e dos bancos. E agora o povo que pague!

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No presente, os governos da, e das políticas de direita, sob o pretexto do “Memorando de Entendimento” com a “troika” – verdadeiro pacto de agressão ao país, com o objetivo de esbulhar quem trabalha - intensificam a usurpação, o roubo dos salários e dos direitos laborais. São estas as propostas inscritas no Orçamento Geral do Estado para 2013.

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EDITORIAL

ÓRGÃO DA COMISSÃO DE TRABALHADORES DA CP Nº 109 Novembro 2012

Contra o Esbulho e Roubo, Todos Unidos na Greve GeralNo presente, os governos da, e das políticas de direita, sob o pretexto do “Memorando de Entendimento” com a “troi-ka” – verdadeiro pacto de agressão ao país, com o objetivo de esbulhar quem trabalha - intensificam a usurpação, o roubo dos salários e dos direitos laborais. São estas as pro-postas inscritas no Orçamento Geral do Estado para 2013. Para este governo, um trabalhador que leve para casa cer-ca setecentos euros por mês é imediatamente considerado rico, e, consequentemente esmagado pelo fisco.O que até muitos apoiantes do PSD e do CDS classificam como um “assalto à mão armada”, ou como um “sismo fis-cal”, para Passos/Portas é o que temos de sofrer.A brutalidade do roubo e do esbulho que o governo do PSD/CDS está a praticar contra os trabalhadores e os refor-mados é tão violenta que, neste momento, nem os mais distraídos podem alhear-se da luta que a todos é exigida por uma simples questão de sobrevivência e dignidade hu-mana.Estas razões são mais que suficientes para QUE TODOS EM UNIDADE NA AÇÃO NA GREVE GERAL DO DIA 14 DE NO-VEMBRO, CONTRA O ROUBO DOS DIREITOS E DOS SALÁ-RIOS.OS FERROVIÁRIOS TÊM DIREITOS CONTRATUAIS E NÃO REGALIAS. Não è um qualquer ministro ou secretário de estado que nos vem tirar direitos conquistados com mui-tas lutas, alguns já vêm do tempo da outra senhora.

Esta brutalidade que o governo do Passos Coelho/Paulo Portas está a infligir à esmagadora maioria dos Portugue-ses foi combinada e decretada pelos grandes capitalistas e executadas pelos banqueiros e agiotas que “emprestaram milhões” a Portugal, para que todos agora paguemos, com um palmo de língua de fora, o que os sucessivos governos do PS, do PSD e CDS andaram a gastar, em PPPs (Parcerias Públicas e Privadas) e outras vigarices do género.Sabe-se hoje que os sucessivos governos de e com políticas de direita gastaram rios de dinheiro, distribuindo a rodos por uma ou duas dúzias de “famílias”, que pediam o que queriam, porque tudo se lhes davam. Neste momento é o povo, são sempre os mesmos do cos-tume que é chamado a pagar a factura. E nem as miserá-veis simulações de falsos avanços e recuos podem enganar seja quem for.A brutalidade do gigantesco roubo que o governo está a infligir ao nosso povo exige, no mínimo que as coisas se tornem claras. Em primeiro lugar importa fazer ver a toda gente que os trabalhadores portugueses estão a ser rouba-dos para o pagamento de uma dívida gigantesca, que em grande parte não tem um mínimo de verdade. Os governos queriam inaugurações atrás de inaugurações e punham-se a fazer adjudicações de empreitadas à medida dos cambala-chos do interesse do sistema do capital e dos bancos. E agora o povo que pague!

“À Tabela” Pag Nº2

A BAGUNÇA È FRUTO DOS CRAVINHOS E OUTROS TAIS…Depondo na comissão de inquérito às PPP (parcerias público privadas) eng.º João Cravinho justificou a sua decisão de afastar a CP do concurso para a con-cessão da travessia ferroviária do Tejo, com a enorme bagunça que estava na CP.A Comissão de Trabalhadores esteve e está contra essa decisão governati-va, exigiu informações, discutiu, lutou, denunciou e alertou para teia que es-tavam a montar e o crime económico que iam fazer ao País, aos utentes, á CP e aos ferroviários. Todos fizeram ouvi-dos de mercador.Sabe-se agora que a referida conces-são à Fertágus revela contornos mais que duvidosos, uma vez que foi ofere-cida àquela empresa privada um ne-gócio em que o prejuízo e o risco foi inteiramente reservado para o Estado, ao mesmo tempo que os lucros se dei-xaram exclusivamente para a Fertágus. Isto numa altura em que os sucessivos governos do PS, PSD e CDS proclama-vam e proclamam as excelentes virtu-des do capital de risco.Sabe-se agora qual foi, objectivamen-te o resultado da decisão que visava acabar com a “bagunça” que reinava na CP.Em três anos de concessão a Fertágus arrecadou mais de 30 milhões de eu-

ros de lucros, confirmando desta for-ma tão eloquente o que se pretendia com o fim da 'bagunça'" na CP.Na verdade o governo do PS, que en-tregou à Fertágus todas as infraestru-turas ferroviárias construídas e pagas pela Caminhos de Ferro Portugueses--EP e o material circulante que a CP fir-mou contrato, deviam ter consciência de que a ''bagunça” nesta empresa pú-blica foi alimentada por mais de trinta e cinco anos pelas nomeações dos su-cessivos governos de administrações políticas e incompetentes, para não di-zermos criminosas, que serviram ape-nas para encaixar dezenas de asilados partidários.E, ao falarem das Parcerias Públicas e Privadas e na bagunça que se vivia na CP os que assim falam devem estar a referir-se, seguramente aos batalhões de “boys” que se amontoavam nos ministérios sempre que a alternância partidária do PS, PSD e CDS nos go-vernos obrigava a mudanças. É nas empresas públicas que se encaixam. E o pior é que a alternância só se ve-rifica nos lugares de topo, os outros, os “boys” iam-se enfiando pela porta do cavalo, e por cá ficam, muitos deles com posições de estalo. Esta foi, por-tanto, a verdadeira face de bagunça. Resta agora apurar quantos “boys” fo-

ram infiltrados na CP pela mão do PS e do PSD.Sabe-se que depois de João Cravinho ter proibido a CP de concorrer à con-cessão que estava destinada para a Fertágus outros vieram para agravar ainda mais o ataque à CP, ou melhor dizendo, ao Sector Empresarial do Es-tado. De toda a estratégia por esta gente de-senvolvida haveria de resultar a pros-peridade geral, a felicidade para todos, o esbatimento das desigualdades so-ciais. Enfim, o paraíso.Mas em vez de tudo o que nos prome-teram que temos hoje?É um governo de falsários, que trata de fazer engordar cada vez mais os mui-tos ricos e poderosos, à custa do que rouba escandalosamente aos trabalha-dores.Está hoje à vista de todos que o pro-jecto do bando do dr. Passos Coelho não nasceu há meia dúzia de semanas. Todos podem agora ver como tudo co-meçou há mais de três dezenas e meia de anos.No caminho de ferro, para que não haja dúvidas, a “bagunça” começou quando mandaram encerrar por este País fora; Linhas, Ramais e Estações. Só os, cegos mentais é que ainda não compreenderam isto.

O cinismo da última proposta de cortes nas pensões de reforma e no subsídio do desemprego e bem revelador da estrema falta de vergonha dos ministros que nos desgovernam.Mas não podemos iludir-nos. O grande assalto dos gatunos aos ordena-dos e pensões dos trabalhadores está em marcha. Custe o que custar, como disse sr. Coelho, que continua a jurar, mentindo com quantos den-tes tem na boca, que os sacrifícios estão a ser equitativamente distribu-ídos por todos.Todos sabemos que os sacrifícios estão a ser exigidos aos assalariados, razão pela qual recorre a um batalhão de comentadores para nos faze-rem engolir a patranha.Diz o governo que o memorando das troicas é para cumprir. É um go-verno sério que cumpre os seus compromissos. Mas então só os com-promissos com o capital é que merecem ser cumpridos? Os ferroviários sabem como as ilegalidades do governo os tem moído. Rasgam o acordo de empresa, livremente firmado com os trabalhadores e depois vêm fa-lar em dignidade? Os acordos assinados com os legítimos representan-tes dos trabalhadores não têm qualquer valor para esta gente. Por isso devemos, temos a obrigação moral de intensificar a luta contra o roubo que continua a ser praticado pelas troicas nacional e estrageira.

A LUTA CONTINUA!DIA 14 DE NOVEMBRO TODOS PRESENTES NA GREVE GERAL

EDITORIAL »»»»»»» Continuação

“À Tabela” Pag Nº3

Fertágus recebe mais 1, 5 milhões

O Estado terá que pagar à Fertágus cerca de 1, 5 mi-lhões de euros para reposição do equilíbrio financei-ro da concessão ferroviária eixo norte sul devido ao aumento em 53 % pela Refer da taxa de utilização da infraestrutura.

“dos jornais”

AS SUBIDAS NAS TAXAS DE IMPOSTOS DOS ESCLAÕES MAIS BAIXOS MUITO SU-PERIORES À DOS ESCALÕES MAIS ALTOS DE RENDIMENTO,AGRAVANDO AINDA MAIS A INJUSTIÇA FISCAL

Todos os rendimentos deviam ser declarados à Autoridade Tri-butária e Aduaneira. No entanto, como rapidamente se con-clui, comparando os dados de 2010 divulgados no Portal das Finanças e pelo INE, uma parte muito importante dos rendi-mentos do capital não está sujeita a IRS, e não o paga imposto, ou porque está isenta ou porque foge ao fisco. Por isso são os trabalhadores e pensionistas que suportam a esmagadora maioria da carga fiscal do IRS.Comecemos por analisar as alterações que se verificam nas ta-xas da tabela de IRS.Contrariamente ao que afirma Vítor Gaspar não se regista uma maior progressividade do imposto; o que realmente sucede é que se observa um agravamento ainda maior da injustiça fiscal consequências das novas tabelas de IRS.Portanto, em 2010, apenas 10,9% dos rendimentos brutos to-tais sujeitos a IRS tiveram como origem rendimentos do capital e da propriedade. Por outro lado, segundo a Autoridade Tri-butária e Aduaneira, dos 8.502 milhões €, de IRS liquidado em 2010, apenas 1.606 milhões €, ou seja, 18,9% é que não tive-ram qualquer parcela como origem rendimentos do trabalho e de pensões. Afirmar, como fez Vítor Gaspar, que a proposta de OE-2012 aumenta a progressividade dos impostos, estando implícito uma maior justiça fiscal, é faltar deliberadamente à verdade.

Os escalões do gráfico foram construídos com base nas tabelas de IRS de 2012 e de 2013 mas de forma que permitisse fazer uma análise comparativa. O aumento percentual que se verifica na taxa de IRS entre 2012 e 2013 (em 2012, inclui a taxa de so-lidariedade de 2,5% sobre rendimentos superiores a 153.300€; em 2013 inclui a sobretaxa de 4% e a taxa de solidariedade de 2,5% sobre os rendimentos superiores a 80.000 €;) é muito mais elevado nos escalões de rendimentos mais baixos do que nos escalões de rendimento mais elevados. Por exemplo, nos três primeiros escalões de IRS que construímos (até 4898€; de 4899 até 7000€; e de 7001€ a 7410€) o aumento da taxa de IRS é, respetivamente de 61%; de 32% e de 132%; enquanto nos três escalões mais elevados (de 61245€ até 66045€; de 66046€ até 80000€; e superior a 80000€) a subida é, respetivamente, de apenas 13%, de 25% e de 11%, portanto subidas muito in-feriores às que se verificam nos três escalões mais baixos de IRS. Perante estes dados afirmar que existe equidade é mentir descaradamente para enganar.

Eugénio Rosa – Economista – Este e outros estudos estão dis-poníveis em www.eugeniorosa.com

Não seria preciso a declaração de uma empresa especia-lizada em recursos humanos (qualquer simples trabalha-dor português o sente bem na pele) para confirmar as evidências do empobrecimento a que está votado a es-magadora maioria do povo português. Anuncia a Mercer (a tal especialista) que os salários em termos absolutos baixam pela 1.ª vez em Portugal, sendo que os escalões remuneratórios mais baixos são (que surpresa!) os que mais sofrem. Igualmente sem surpresa, também a confirmação que “pelo menos desde 2008” se verifica uma diminuição dos salários reais, havendo 26% das empresas a “congelar” os salários (na CP, os aumentos salariais, são já uma lon-gínqua memória).A “justificação” desta evidência reside na entrada de “Co-laboradores” (veja-se que já não existem Trabalhadores) com níveis salariais mais baixos e, como corolário, a fa-mosa Lei da Oferta e da Procura: aumentando dramatica-mente a taxa de desemprego, os níveis salariais, inversa-mente, descem. Ou seja, a existência de um “exército de desempregados na reserva” permite ao capital beneficiar de muitos e muitos milhões com a diminuição do fator trabalho. O que a especialista em recursos humanos não deu como justificação (talvez porque não dê jeito) é a insofismável verdade: as desastrosas políticas de direita que os suces-sivos governos de PS, PSD e CDS têm aplicado à genera-lidade dos portugueses. Políticas que têm conduzido o país ao empobrecimento e à extinção de direitos e valo-res de Abril consagrados na Constituição R. Portuguesa, como sejam a saúde, a educação, os direitos laborais e sociais, o direito à mobilidade, o direito á dignidade hu-mana, o direito ao trabalho com direitos. A confirmação que é necessário mudar de políticas fica assim bem patente para todos os trabalhadores - os úni-cos que geram riqueza e dela não beneficiam.

A CONFIRMAÇÃO

“À TABELA” Nº 109 Novembro de 2012 Orgão da CT da CPRedacção - Secretariado da CT da CP Composição e Impressão - CT da CP Calçada do Duque, 20

1249-109 LISBOA Tel: 211023739 - 211023924 [email protected]

ATRÁS DE UMA BAGUNÇA

ESTÁ SEMPRE UM BAGUNCEIRO…

“À Tabela” Pag Nº4

A minha Teresa mal pára em casa. Salta de manif para manif. Foi à do que se lixe a troica, foi a da CGTP, foi à das Farmá-cias... Vai a todas... Está numa de protesto permanente.Por um lado eu não aceito muito bem o nervosismo com que ela encara a situação atual. Receio que o coração dela não aguente, mas não sou eu que lhe vou dizer para deixar de protestar contra o que ela pensa que está mal e precisa de ser corrigido.Na manifestação da Inter, no Terreiro do Povo, (antigo Ter-reiro do Paço) dei com ela, a minha. Teresa a discutir com um grupo de ferroviários. Discutir é uma maneira de dizer, porque de uma troca de opiniões verdadeiramente se trata.O tema em discussão não podia ser mais complexo e difícil de clarificação. No centro da conversa estava, como não podia deixar de ser, a crise. Quem a provocou e quem a está a pagar com um palmo de língua de fora.Uns afirmavam que a culpa era do governo ou do ministro qualquer coisa. Outros juravam que o mal estava no euro, por que, com o escudo, estaríamos muito melhor ou, pelo me-nos, menos mal.Perante a complexidade dos problemas a minha Teresa, que não é estúpida e de parva tem muito pouco, ficava-se pela essência das coisas:- O que eu sei, disse ela, virando-se para uma ferroviária que intervinha no diálogo é que alguns estão a fazer fortunas com esta crise, que esmaga os trabalhadores e os reformados, to-cando até muitas famílias da classe a média...- Mas como é que eles ganham dinheiro se a economia está parada?- Aí é que reside o problema, a economia está parada mas a máquina da especulação financeira é que não pára e, por mais estranho que pareça, até acelera. Este e o nosso grande mal. A economia está a ser subvertida pela finança. Com um simples computador um capitalista, um especulador, daque-les que nos (dizem que) emprestam o dinheiro das troicas, pode ganhar num minuto o que o dono de uma fábrica com dezenas ou centenas de trabalhadores não ganha num mês. Hoje não é a produzir que se ganha, mas a especular e a rou-bar.

- No caso da CP, que dizem estar a ser preparada para a venda aos privados, fala-se agora muito da bagunça que por aqui reinou nos últimos anos, bagunça que, por exemplo levou um governo do PS a proibir esta empresa pública de participar no concurso da travessia do Tejo, que acabou por ser entregue á FERTÁGUS adiantou outro circunstante.Aqui a minha Teresa entendeu que era a altura de por alguma verdade em cima da mesa:- Se o afastamento da CP, para se entregar o bolo todo à Fer-tágus foi para acabar com a bagunça, os que desenvolveram essa operação acabaram por fazer precisamente o contrário. Talvez por falta de pontaria, erraram o alvo e contribuíram escandalosamente para aumentar a bagunça que hoje dizem que pretendiam combater. A CP foi afastada do concurso da concessão pelo Cravinho do PS depois dela ter feito a infraestrutura e a linha na Ponte 25 de Abril e de ter firmado o contrato dos comboios para fazer a travessia do Tejo, e que o governo do PS acabou por entregar à Fertágus, para que a esta fosse permitido assinar um contrato que lhe assegura o exclusivo dos lucros deixando para o Estado o exclusivo dos prejuízos …Foi assim que o governo do PS decidiu acabar com a bagunça na CP. Um escândalo que se pode compreender melhor se, acrescentarmos isto:Se no fim do ano a Fertágus ganhar, por hipótese, mil mi-lhões de euros, fica com a totalidade do lucro. No caso con-trário, se a Fertágus chegar ao fim do ano com um milhão de euros de prejuízo, é o Estado que suporta inteiramente as perdas.Esta contabilidade encontra-se camuflada no contrato de concessão sob a fórmula de cálculo do movimento de pas-sageiros transportados. Se houver menos o Estado paga uma indemnização. Se houver mais, muito mais, a Fertágus arre-cada tudo...Se esta é urna forma correta de defender os interesses do Es-tado é caso para se dizer que vou ali já venho, para não dizer outra coisa pior. E por aqui nos ficamos...

Zé Ferroviário