a segmentação do turismo em mato grosso

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FACULDADE LA SALLE FLAVIANE WEISS GONSALVEZ ROBSON JUNIOR HARTMANN A SEGMENTAÇÃO DO TURISMO EM MATO GROSSO

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Artigo escrito sobre os segmentos turisticos de Mato Grosso

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Page 1: A Segmentação do Turismo em Mato Grosso

FACULDADE LA SALLE

FLAVIANE WEISS GONSALVEZ

ROBSON JUNIOR HARTMANN

A SEGMENTAÇÃO DO TURISMO EM MATO GROSSO

Lucas do Rio Verde/MT

2010

Page 2: A Segmentação do Turismo em Mato Grosso

SUMÁRIO

RESUMO............................................................................................................... 03

1 A SEGMENTAÇÃO EM MATO GROSSSO....................................................... 04

2 O TURISMO MATOGROSSENSSE................................................................... 07

3 REGIÕES TURÍSTICAS..................................................................................... 12

4 CONCLUSÃO..................................................................................................... 13

REFERÊNCIAS..................................................................................................... 15

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Page 3: A Segmentação do Turismo em Mato Grosso

RESUMO

A segmentação do Turismo em Mato Grosso

A segmentação turística do estado de Mato Grosso está em processo de criação e

fortalecimento. Seus onze segmentos estão distribuídos entre as cinco regiões turísticas

apontadas pela Secretaria de Desenvolvimento do Turismo de Mato Grosso (SEDTUR). No

entanto, há necessidade de adequar as nomenclaturas e inserí-las dentro de segmentos

apontados pelo Ministério do Turismo, além disso, por causa de sua grande área geográfica,

as regiões tratadas pela SEDTUR acabam isolando-se do restante da cadeia turística do

estado, tornando estes atrativos em aglomerações de possíveis segmentos turísticos. Uma

proposta abordada pelo artigo, é que as regiões hoje trabalhadas para o turismo, sejam

renomeadas e trabalhadas como Áreas Turísticas, as quais teriam a função de regionalizar as

políticas públicas do turismo, indo assim de encontro às necessidades e políticas do Ministério

do Turismo e da SEDTUR, além de se criar nestas áreas condições para que o turismo seja

debatido e segmentado de acordo com as realidades de cada região.

PALAVRAS-CHAVES: Segmentação do Turismo, Mato Grosso, Áreas Turísticas.

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Page 4: A Segmentação do Turismo em Mato Grosso

1 A SEGMENTAÇÃO EM MATO GROSSO

1Professora Flaviane Weiss – [email protected]

²Robson Junior Hartmann – [email protected]

Nas últimas décadas o turismo tem surgido como setor econômico de

destaque na economia mundial, e manter seu crescimento, tanto de turistas, quanto

de investimentos no setor, é necessário conhecer o mercado, o perfil da demanda,

sua real necessidade. Pois quanto mais soubermos qual é a motivação do turista e o

potencial da região, mais fácil será de planejar a atividade e atender às

necessidades de cada perfil da demanda.

Uma das formas utilizadas para se atingir este objetivo é através da

segmentação de mercado. A segmentação é utilizada para conhecer cada parte do

mercado e assegura uma análise completa dos elementos e estudos que serão

realizados para atingir o público alvo.

De acordo com Ansarah (1999, pág. 09), “A segmentação possibilita o

conhecimento dos principais destinos geográficos, dos tipos de transportes, da

composição demográfica dos turistas e da sua situação social e estilo de vida [...]”.

O estado de Mato Grosso está em processo de construção e planejamento de

sua atividade turística, iniciada na dec. de 30, pois foi nesta época que o estado se

tornou conhecido por causa de sua localização geográfica e política, suas belezas

naturais chamam a atenção para o que tem além das matas e morros visíveis, o

fluxo de pessoas aumenta e o estado começa a ganhar fama. Além disso, temos as

expedições de Rondon e exploradores que testificam da beleza nativa ainda

desconhecida naquele tempo e trazida à luz através de suas anotações e histórias

de um Brasil desconhecido para o restante do País. Por estes motivos, nesta época

temos o primeiro estímulo à atividade turística no estado, quando em 1938 instituiu-

se por meio de Decreto Estadual a reserva termal de Águas Quentes, no município

de Santo Antônio do Leverger. (MATO GROSSO, 2003)

1 Coordenadora do Curso de Turismo da Faculdade La Salle

²Acadêmico do 7º semestre do Curso de Turismo da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde/MT

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Page 5: A Segmentação do Turismo em Mato Grosso

No entanto, o turismo fica inerte por cerca de 30 anos, e a política setorial

iniciada em 38 tem continuidade somente na década de 70. Entre 1938 e a década

de 70, as mudanças ocorridas no turismo estadual foram o início da implantação da

rede hoteleira em Cuiabá, motivada pela expansão da fronteira econômica do

estado, sua interligação com o Sul e Sudeste do Brasil, o aumento do fluxo

migratório para a região Amazônica e sua posição geográfica. Desta forma, temos

os primeiros equipamentos turísticos sendo instalados, juntamente com um

empreendimento familiar criado na reserva das águas Quentes.

Após o início da construção dos equipamentos de hospedagem, mais para se

aproveitar da ocasião promissora que aposta no crescimento da cadeia produtiva do

turismo, as décadas subseqüentes se mostram progenitoras do fortalecimento do

setor através dos órgãos e leis criadas que favoreceram a atividade e possibilitaram

o surgimento das primeiras oportunidades de segmentação do mercado turístico

Matogrossensse.

As políticas iniciadas em 38 começam a ser retomadas na primeira metade

dos anos 70. De acordo com Mato Grosso (2003), em 1974 foi criado o Conselho

Estadual de Turismo e a Empresa Matogrossense de Turismo (TURIMAT). Em 1976

o Conselho declara como área de interesse turístico parte dos municípios de

Chapada dos Guimarães e Cuiabá, e em 78 instituí o Parque Nacional de Águas

Quentes, em complemento ao decreto de 38. Ainda nesta década foi realizado o

Plano Diretor de Chapada dos Guimarães.

Criado o Parque Nacional de Águas Quentes, identificado Cuiabá e Chapada

dos Guimarães como área de interesse turístico, necessitava criar agora uma

campanha que estimulasse a vinda de pessoas para o estado, foi assim que no

início dos anos 80 foi criada a campanha publicitária “Mato Grosso, um paraíso

natural a sua espera”, com a intenção de desenvolver e divulgar o Turismo. O

objetivo era atrair novos empreendimentos turísticos e implementar a

operacionalização e comercialização de produtos turísticos do Estado.

O bordão “um paraíso natural a sua espera” mostra o tipo de produto turístico

que estávamos oferecendo. Tínhamos Chapada dos Guimarães com o véu de noiva,

salgadeira, selva de pedras, lagoa azul e outros atrativos e do lado sudoeste do

estado havia sido criado o Parque Nacional das Águas Quentes, com suas águas

termais e medicinais, mas o grande produto do estado estava por ser criado. Foi no

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Page 6: A Segmentação do Turismo em Mato Grosso

dia 24 de setembro de 1981, que surgiu o Parque Nacional do Pantanal

Matogrossense, que se tornou o divisor de águas para o setor turístico.

Deste modo, temos no final dos anos 80 dois grandes potenciais produtos

turísticos, Chapada dos Guimarães e o Pantanal (como ficou conhecido o Parque

Nacional do Pantanal). Me referindo ao Parque e a Chapada, digo que eles tinham

potencial para se tornarem produtos turísticos pelo fato que naquela época o turismo

estava em processo de construção no estado, e ainda segundo Ignarra (2003), o

Produto Turístico é composto por seis componentes: bens e serviços auxiliares,

recursos, infraestrutura, gestão, imagem da marca e preço, o que ainda não havia

por aqui.

Observando e analisando os dois produtos que o estado estava oferecendo

(Chapada e Pantanal), podemos chegar ao início da segmentação turística em Mato

Grosso. Desde o início a atividade turística no estado tem seu foco principal na bacia

do alto Paraguai, tendo como ponto de apoio a grande Cuiabá, visto ela se constituir

no principal pólo emissor e receptor de turistas no estado. Dentro desta bacia

encontram-se cidades como Rondonópolis, com fluxo turístico de negócios e

eventos e Tangará da Serra, que vêm desenvolvendo o ecoturismo em seu território.

A leste do estado temos a bacia do Alto e Médio Araguaia, onde a cidade de

Barra do Garças exerce papel significativo para o fomento do turismo na região.

Temos ainda a exploração da amazônia matogrossensse, mesmo que de forma

embrionária, vem ocorrendo na cidade de Alta floresta.

Após a produtiva década de 80, os anos 90 começam com uma deterioração

da infraestrutura de acesso aos sítios turísticos e a inconstância da existência e

funcionamento do órgão estadual de turismo. No entanto, este período não se

mostrou inativo, sendo a década que mais fortaleceu o turismo no estado, pois

tivemos em 1993 a criação da AMPTUR (Associação dos Municípios com Potencial

Turístico), em 1994 foi criado o Fórum Empresarial de Turismo, ocasião em que foi

criado um plano de ação integrado entre governo estadual, prefeituras municipais e

iniciativa privada. Foi nesta ocasião que foi criada a vitrine do turismo estadual, que

é Festa Internacional do Pantanal, idealizada pela AMPTUR e pelo Fórum

Empresarial de Turismo.

Ainda na década de 90, foi criado em 1995 a SEDTUR (Secretaria de Estado

de Desenvolvimento do Turismo). A criação do órgão governamental foi um marco

para o desenvolvimento do Turismo, pois de acordo com a Lei complementar nº 036,

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Page 7: A Segmentação do Turismo em Mato Grosso

de 11 de outubro de 1995, declara as seguintes competências ao órgão, “[...]

formular, implementar, executar, avaliar e fiscalizar as políticas, programas, projetos

e demais ações pertinentes ao governo do estado para o desenvolvimento do

turismo [...]”. (MATO GROSSO, 2003, pág. 22)

As ações governamentais continuaram na década seguinte, quando em 2003

foi criado o Conselho Estadual de Turismo. Agora, com a união da SEDTUR,

AMPTUR, Fórum e do Conselho Estadual do Turismo, pretendia-se assegurar uma

política de gestão descentralizada, compartilhada e mais participativa do turismo em

Mato Grosso.

Depois de 65 anos, desde a criação da primeira política voltada para o

turismo, a criação dos agentes necessários para estruturar o setor está completa em

todas as suas esferas representativas, pois temos em 2003 A SEDTUR, O Conselho

Estadual do Turismo, A TURIMAT, a AMPTUR e o Fórum Empresarial de Turismo,

bem como dois produtos em desenvolvimento, Chapada e Pantanal, passando-se a

traçar estratégias de atuação para o desenvolvimento, promoção e divulgação

destes produtos turísticos do estado.

Dentre as ações pretendidas pela SEDTUR para alcançar estes objetivos,

destacam-se o aumento no número de segmentos a serem ofertados através do

incremento da infraestrutura para o turismo de negócios e eventos, fomentar o

turismo da melhor idade, capitação de eventos para Mato Grosso, desenvolvimento

do turismo em áreas naturais, ordenamento e promoção do ecoturismo na bacia do

alto Paraguai, desenvolvimento do turismo no vale do Araguaia – PNMA,

desenvolvimento do turismo no meio rural e fomento do ecoturismo em áreas

indígenas. (MATO GROSSO, 2003)

2 O TURISMO MATOGROSSENSSE

O Estado de Mato Grosso, situado na região Centro Oeste do Brasil, ocupa

uma área de 903.386,10 Km², possui uma população de aproximadamente 2,7

milhões de habitantes, tendo o Turismo como uma economia inicial no Estado.

Alguns dados estatísticos nos ajudam a visualizar a realidade do Turismo no Estado.

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Page 8: A Segmentação do Turismo em Mato Grosso

QUADRO 1 – Fluxo Turístico no Estado

Em 2002 obteve um fluxo turístico de 418.245, a maioria do próprio Estado;

A permanência média do turista era de 6,25 dias;

Em 2002 o gato médio per capita/estada foi de R$ 364,28.

FONTE: (MATO GROSSO, 2003, pág. 57).

Um fator que contribuiu para o crescimento do turismo é que Mato Grosso

possuir três dos mais importantes ecossistemas Brasileiros: Cerrado, Floresta

Amazônica e o Pantanal.

Mato Grosso é um estado riquíssimo em manifestações de Cultura Popular, o

mais legítimo legado de nosso Patrimônio Imaterial. Estas manifestações são

encontradas no modo de fazer a gastronomia, o artesanato, as danças, lendas e

contos, onde estão a síntese das heranças Matogrossenses, principalmente, do

índio e do negro e mais recentemente dos migrantes mestiços de norte a sul do

Brasil. Sua culinária assume um papel importante no turismo estadual, pois em 2003

representou 26,2% da renda gerada pelo Turismo. (MATO GROSSO, 2003). O

estado também possui um rico patrimônio material, como o centro histórico de

Cuiabá, Igrejas antigas, palácios e casarões. Além destas manifestações históricas e

culturais, temos seus bens naturais, alguns já citados anteriormente e outros como

seus rios, florestas e clima.

De acordo com material disponibilizado pela ........., o turismo no estado se divide da

seguinte forma:

Bacia do alto Paraguai

Compreende as regiões da Grande Cuiabá, Chapada dos Guimarães, Áreas mais

próximas da transpantaneira (Poconé, Pixain), Santo Antônio do Leverger (Águas

Quentes). Esta região possui como principais destinos segmentos turísticos o

turismo de negócios e eventos e o ecoturismo.

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Page 9: A Segmentação do Turismo em Mato Grosso

Bacia do Alto e Médio Araguaia

Barra do GaRças, que possui como destino as praias fluviais no rio Araguaia

Amazônia Matogrossensse

Possui como ponto em desenvolvimento a cidade de Alta Floresta com seu

observatório de pássaros e ainda a cidade de Sinop, que se encontra em

desenvolvimento.

Fundamentada neste panorama gigantesco, e tendo em vista a política de

descentralização e regionalização do turismo, a SEDTUR segmentou o Estado em

quatro regiões turísticas, que são: Amazônia, Araguaia, Cerrado e Pantanal. No

entanto, Cuiabá e Várzea Grande são consideradas por alguns autores, como

(CARREIRA; DEVILLART, 2007) como sendo outra região turística, chamada por

eles de Região Metropolitana. A justificativa se deve em função do peso histórico e

cultural encontrado nestas localidades e suas imediações.

O Ministério do Turismo compreende segmentação como “uma forma de

organizar o turismo para fins de planejamento, gestão e mercado”. (BRASIL, 2006.

pág. 03). Podemos compreender que a segmentação é uma técnica ou estratégia

para a venda do produto turístico e um caminho encontrado pelo mercado para

melhor gerir e coordenar suas ações, visto que “As empresas e os consumidores

estão buscando novos caminhos para o mercado turístico, e o que se observa é a

segmentação como um dos caminhos escolhidos”. (ANSARAH, 1999, pág. 19).

Através destas cinco regiões turísticas, o estado pretende trabalhar os

seguintes segmentos turísticos detalhados pelo site da SEDTUR, que são: Indígena,

Contemplação, Ecoturismo, Cultural, Melhor idade, Místico, Esportes radicais, Gls,

Pesca, Rural e Negócios.

Na realidade, dos 11 segmentos ofertados atualmente no Estado, sete estão

com suas nomenclaturas equivocadas ou se encontram dentro de outro segmento

reconhecido pelo Ministério do Turismo. Portanto, poderíamos corrigir os segmentos

atualmente divulgados da seguinte forma: a Contemplação entra dentro do

Ecoturismo, Turismo Cultural no lugar de Turismo Indígena e místico, Turismo de

Aventura no lugar de Esportes Radicais, Turismo de Pesca no lugar de Pesca,

Turismo de Negócios e Eventos no lugar de Negócios, Turismo Rural no lugar de

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Page 10: A Segmentação do Turismo em Mato Grosso

Rural. O turismo de melhor idade e GLS, que se corrija para GLSTB, não estão

segmentados pelo Ministério.

Embora a Secretaria de Turismo trabalhe o estado a partir destas cinco

regiões turísticas, o que se percebe na realidade é que cada região possui um

potencial para a prática do turismo e que os segmentos apresentados por ela são

aglomerações de atrativos em uma unidade com alguma vocação para o turismo

que precisa ser trabalhado. Atualmente é assim que o turismo está segmentado no

estado. Os turistas externos chegam até Cuiabá e partem para o Pantanal ou

Chapada. Alguns vão para Águas Quentes ou Jaciara. Outro atrativo que desponta

no cenário turístico estadual com a prática do turismo de aventura é a região de

Tangará da Serra, que oferece o rafting, rapel e canoagem e que também tem

recebido turistas externos. No entanto, ainda como no início, o turismo se concentra

no eixo Chapada/Pantanal. Os turistas internos vem do interior do estado para

visitarem os mesmos atrativos, ou se deslocam para atrativos da própria região em

que reside.

Atualmente com Cuiabá sendo uma das cidades sedes para receber o

Mundial de Futebol de 2014, o produto que está sendo vendido é o Pantanal. A

própria Copa esta sendo chamada de Copa do Pantanal. Colocaram sobre os

ombros do Pantanal toda a responsabilidade de um setor econômico do Estado.

Hoje ele leva sozinho o fardo de representar o Mato Grosso turístico. Há a

necessidade de despertarmos uma visão de segmento turístico que não fique

apenas no eixo Chapada dos Guimarães/Pantanal, senão vamos ficar mais 65 anos

esperando novas mudanças.

Um dos conceitos que poderia ser aplicado ao turismo estadual como forma

correta de classificação das regiões turísticas e que auxiliariam na segmentação do

estado, é o de área turística. Segundo Ignarra (2003, pág. 19), área turística pode

ser definida como “um território circundante a um centro turístico que contém vários

atrativos e estrutura de transportes e comunicações entre estes vários elementos e o

centro”.

Fica claro que estas regiões turísticas do estado dependem da região

metropolitana para viverem, é nela que ficam os órgãos de apoio ao turismo no

estado, é nesta região que são feitos os congressos e feiras mais importantes e é

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Page 11: A Segmentação do Turismo em Mato Grosso

nesta região que se concentra o maior número de habitantes e fluxo de turismo no

estado, conforme tabela abaixo:

Tabela 2 – Estimativa de Turistas em Cuiabá

Cuiabá recebe aproximadamente 250 mil turistas/ano

Turistas nacionais são aproximadamente 230 mil/ano

Turistas Internacionais são aproximadamente 6.500/ano

Dos turistas nacionais, 70% são provenientes do interior do Estado.

Fonte: SEDTUR, 2009 – Estimativa feita pela SEDTUR com ajuda do SEBRAE para o projeto da Copa 2014. Organização do autor.

Como mostra os dados, Cuiabá acaba sendo um ponto de referência para o

turismo no estado e principal porta de entrada do Turismo em Mato Grosso.

Portanto, para complementar a aplicação da nomenclatura de área turística às

divisões turísticas do estado, a região chamada de metropolitana (composta por

Cuiabá e Várzea Grande), assumiria o papel de centro turístico, que vem ser “um

aglomerado urbano que tem dentro de seu território ou em seu raio de influência

atrativos capazes de motivar uma visitação turística”. (IGNARRA, 2003, pág. 19).

Uma coisa é clara, Mato Grosso possui pequeno índice de turistas externos, a

maioria é de turistas internos que procuram os atrativos da região sul do estado. Os

turistas externos vem à Mato Grosso para visitar o Pantanal e acabam ficando

poucos dias em Cuiabá ou em Chapada dos Guimarães. Caso este turista não seja

estimulado ou incentivado por esta área receptora, dificilmente ele atravessará cerca

de 550 Km para ir visitar o parque do Cristalino, em Alta Floresta, por exemplo. Mas

caso ele fosse estimulado pelo centro turístico a conhecer suas áreas turísticas, em

uma segunda oportunidade ele diversificaria sua rota procurando outros segmentos

oferecidos pelo turismo estadual.

3 REGIÕES TURÍSTICAS

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Page 12: A Segmentação do Turismo em Mato Grosso

De acordo com pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo sobre os

hábitos de consumo do turista brasileiro (BRASIL, 2009), Mato Grosso foi o segundo

destino turístico mais visitado no Centro-Oeste, com 1,4% dos visitantes que vieram

ao estado nos últimos dois anos e 92,6% dos entrevistados disseram que voltaram

ao local visitado. A maior motivação dos turistas que vieram ao Centro-Oeste foi

para conhecer pontos turísticos.

Desta forma, uma política de descentralização do turismo auxiliaria para a

maior disperção à outras áreas turísticas. Estas áreas, vendo que há fluxo turístico e

que este lhe traz benefícios, prepararia seus segmentos para recebê-lo.

Por isso o conceito de área também pode ser aproveitado para a

segmentação do turismo. Pois é preciso compreender com clareza que o turismo é

um setor que não trabalha interdependente e nem é autosuficiente. Como disse

Petrocchi (2001, P. 49), “A praia e o hotel são necessários, mas não são suficientes

[...]. O mau desempenho de uma das partes compromete o todo”.

Aqui reside a necessidade das áreas turísticas estarem realmente

funcionando para se tornarem palco de discussões, planejamento, avaliações e

soluções para o turismo da região em que está inserida. Pois como diz Sá (2002, p.

132), “A maioria das ações se limita a ação de divulgação e promoção”.

Embora a SEDTUR veja na municipalização a chave para o desenvolvimento

dos segmentos turísticos regionais, é preciso por em prática ações como a realizada

em março de 2010 no 2º Encontro de Secretários e Dirigentes de Turismo de Mato

Grosso, onde a intenção era a de debater propostas e melhorias que os municípios

poderiam tomar para melhorar as ações turísticas no Estado. Mas o palco continua

no lugar errado, é necessário que estes debates ocorram dentro de cada área

turística, que esteja inserido dentro da realidade local e que se proponham ações

que visem fortalecer e desenvolver os segmentos encontrados dentro de seu raio de

influencia, bem como planejar o desenvolvimento de novos segmentos norteado

pela realidade histórica-cultural-geográfica da área turística. A política de

descentralização do turismo é a solução para que os outros segmentos das áreas

turísticas avancem e contribuam ainda mais para a economia do Estado, sendo

subsidiados pelo centro turístico.

4 CONCLUSÃO

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Page 13: A Segmentação do Turismo em Mato Grosso

Apesar dos bons resultados da atividade turística nos últimos anos no Estado,

apresentando um crescimento de 37% no fluxo de turistas internos e externos em

2003, o turismo praticado aqui não alcançou uma posição relevante nos mercados

turísticos, nacional e internacional (MATO GROSSO EM NÚMEROS, 2008, pág.

176).

Podemos dizer que 100 anos após ele ser tratado como atividade organizada e

serem realizadas as primeiras viagens e excursões na Inglaterra2, as ações públicas

que viabilizaram o setor começaram a surgir, como a criação das reservas termais

das Águas Quentes em 1938, a criação dos primeiros órgãos normativos e de

desenvolvimento do turismo na década de 70.

Mas o início de sua segmentação turística se deu somente na década de 70 com a

declaração do Conselho Estadual de Turismo instituindo Partes dos municípios de

Chapada dos Guimarães e Cuiabá como áreas de interesse político e a criação do

Parque Nacional do Pantanal Matogrossense em 1981, que possibilitou ao estado o

início da formação de dois produtos (Chapada e Pantanal) e suas primeiras

segmentações, com o Turismo de Pesca, Turismo Cultural e o Ecoturismo.

Analisando a realidade turística atual do estado, podemos dizer que está em

processo de criação o que vem a ser seus produtos e segmentos turísticos. É

necessário fortalecer as regiões turísticas divididas pela SEDTUR a partir do

conceito de áreas turísticas, o que vai de encontro às necessidades turísticas de

Mato Grosso, no que tange à pesquisa, estudo e segmentação do turismo praticado

nestas áreas, e que somente políticas voltadas à realidade regional, sem perder de

vista a interdisciplinaridade do turismo, podem contribuir para que os segmentos

hoje encontrados sejam ofertados como fazendo parte de uma grande rede

produtiva, como acontece em Minas Gerais com a criação de seus circuitos

turísticos, como o Caminhos do Interior, Recanto de Minas, Estâncias do Sul,

Reservas da Natureza, entre outros.

2 Em 1841, na Inglaterra, Thomas Cook organizou uma viagem de trem para 570 passageiros. Com o sucesso da viagem, novas excursões foram organizadas até para os Estados Unidos. “Os historiadores apontam para Thomas Cook como um dos precursores do agenciamento turístico”. (IGNARRA, 2003, pág. 05)

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Page 14: A Segmentação do Turismo em Mato Grosso

Uma tendência para o turismo Matogrossense, que se mostra ao analisarmos o fluxo

turístico do estado, somados aos novos incentivos de recursos e infraestrutura

advindos em consequência da realização da Copa do Mundo de Futebol ser

realizada em Cuiabá, além de todo seu contexto histórico-cultural, é a transformação

desta área turística chamada Região Metropolitana, que engloba Chapada dos

Guimarães, Cuiabá, Várzea Grande e Baixada Cuiabá, vir se tornar um Centro

Turístico, dando início há um novo ciclo da segmentação turística no estado, em

decorrência do pós-copa, com a implantação do Turismo de Esporte e o

fortalecimento dos segmentos existentes neste centro, como o Ecoturismo, Turismo

Cultural, Turismo de Negócios e Eventos. Além de captar e distribuir os turistas

externos para os diferentes segmentos em expansão do estado.

REFERÊNCIAS

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Page 15: A Segmentação do Turismo em Mato Grosso

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