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A SAÚDE DOS EXECUTIVOS - UM ESTUDO DO ESTRESSE NA ATIVIDADE GERENCIAL Vilson Vieira de Paula (UFF) Resumo A figura do gerente muito romantizado por estudantes de gestão apresenta no atual contexto do mundo do trabalho grande precarização em sua atividade laboral de forma muito atenuada nos últimos anos com forte influência das tecnologias de coomunicação e competitividade do mercado de trabalho. O presente estudo procura elencar o como está a saúde dos gerentes como destaque para os que ocupam o alto escalão das organizações, comumente chamados de gerente executivo. Tal extrato organizacional tem experimentado carga horária de trabalho elevadíssima, incidência de doenças resultantes de vida estressante, como pressão alta, diabetes, obesidade, insônia, comprometimento de memória, ansiedade, entre outras. O estudo do estresse na atividade gerencial traz ótima reflexão para organizações, setor de recursos humanos e profissionais do mundo gerencial a repensarem o universo de trabalho destes profissionais que estão com sua saúde a fio e ao mesmo tempo o custo em recuperar a saúde é muito maior que simplesmente adotar atitudes preventivas como a prática de alguma atividade física, controle da alimentação, visita periódica a médico e a adoção do laser como forma de preservação da vida e atitude de prazer. Palavras-chaves: saúde dos gerentes, carreira gerencial, executivos, estresse. 20, 21 e 22 de junho de 2013 ISSN 1984-9354

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A SAÚDE DOS EXECUTIVOS - UM

ESTUDO DO ESTRESSE NA ATIVIDADE

GERENCIAL

Vilson Vieira de Paula

(UFF)

Resumo A figura do gerente muito romantizado por estudantes de gestão

apresenta no atual contexto do mundo do trabalho grande

precarização em sua atividade laboral de forma muito atenuada nos

últimos anos com forte influência das tecnologias de coomunicação e

competitividade do mercado de trabalho. O presente estudo procura

elencar o como está a saúde dos gerentes como destaque para os que

ocupam o alto escalão das organizações, comumente chamados de

gerente executivo. Tal extrato organizacional tem experimentado carga

horária de trabalho elevadíssima, incidência de doenças resultantes de

vida estressante, como pressão alta, diabetes, obesidade, insônia,

comprometimento de memória, ansiedade, entre outras. O estudo do

estresse na atividade gerencial traz ótima reflexão para organizações,

setor de recursos humanos e profissionais do mundo gerencial a

repensarem o universo de trabalho destes profissionais que estão com

sua saúde a fio e ao mesmo tempo o custo em recuperar a saúde é

muito maior que simplesmente adotar atitudes preventivas como a

prática de alguma atividade física, controle da alimentação, visita

periódica a médico e a adoção do laser como forma de preservação da

vida e atitude de prazer.

Palavras-chaves: saúde dos gerentes, carreira gerencial, executivos,

estresse.

20, 21 e 22 de junho de 2013

ISSN 1984-9354

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IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013

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1. INTRODUÇÃO

O mercado globalizado preconizado por Kotler (2012) é marcado pela liberdade

comercial e exige novas formas de atuação das empresas, que necessitam assumir

características que a tornem mais competitivas à nível mundial, sem perderem o foco em seus

mercados locais. Entre essas características, destacamos a obtenção de valor agregado ao

produto/serviço, a flexibilidade, a aprendizagem contínua, a interligação de sistemas em rede,

a logística global, a fidelização e encantamento do cliente, as experiências de consumo, a

formação de redes empresariais, entre outras. Nesse ambiente competitivo, empresas

transnacionais tem a missão de aprender a se desenvolver em ambientes complexos e

mutáveis, assimilando assim as características de cada local de atuação e reinventando-se

continuamente. (WIND, 1998). Participante deste cenário, a figura da gestão, apresenta

ligação direta aos resultados da organização, o que traz destaque a figura deste profissional.

1.1. A CARREIRA E AS TRANSFORMAÇÕES NO TRABALHO

GERENCIAL

Marcadas por mudanças cada vez mais aceleradas, percebe-se, empresas pressionadas

a captar, treinar e desenvolver lideranças aptas às demandas de um mercado global e também

a desenvolver produtos e serviços atendendo aos requisitos do consumidor (ECHEVESTE,

VIEIRA, VIANA, TREZ & PANOSO, 1999). Seguindo essa mesma linha de pensamento,

Handy (1995), aponta que as empresas precisam ser globais e locais, pequenas de certo modo

e também grandes, centralizadas uma parte do tempo e descentralizadas na maior parte.

Deseja-se que funcionários tenham iniciativa, mas não abandonem o espírito de trabalho em

time e seus gerentes deleguem mais e ao mesmo tempo não percam o controle e esteja aptos a

necessidade de constante re/adaptação. Tal dualidade traz estresse à função gerencial

informado por Oliver et al (2011).

A decisão, elemento central do trabalho gerencial, apresenta elementos no cenário

atual ligados ao estresse na atividade laboral, como o estresse das decisões, como pode ser

observado por Goldberg (1986, p. 38) o estresse das decisões:

Decisões racionais dependem da capacidade de predizer as consequências das ações

de cada um de nós. Hoje, isso exige manipular extraordinário número de

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informações numa velocidade enorme. Temos de ponderar um número maior de

alternativas em muito menos tempo do que nossos antecessores.

Experiência também revelaram dois princípios básicos que podem explicar os

esgotamentos por executivos que lidam dia após dia com o “estresse das decisões”:

os seres humanos possuem capacidade limitada para receber, trabalhar e recordar

informações (até que ponto é limitada está em discussão, tal e qual saber se essa

capacidade pode ser ou não melhorada).

A economia globalizada, compreendida como produto de interação social e que

envolve inúmeras nações exige que executivos elaborem novas formas de pensar os negócios,

recriem a sua forma de liderar, comunicar, incentivar e desenvolva novas posturas, isso se

quiserem obter vantagem competitiva em sua carreira (ECHEVESTE, VIEIRA, VIANA,

TREZ & PANOSO, 1999). Sendo oportuno a este profissional estar atento as mudanças.

Momentos de crise trazem consigo transformações radicais para o mundo empresarial

e desafios crescentes para os que exercem a função executiva em uma empresa. Para

Goldeberg (1986), a tomada de decisões conduz os executivos a lidar com um mundo em

transição. Previsibilidade e controle, importantes proteções contra o estresse causador de

doenças, parecem cada vez mais inalcançáveis.

A era da gestão estratégica traz incrementos à atividade gerencial, repleta de

incertezas, onde se soma a isto, ao longo dos grandes acontecimentos na economia, que

refletem diretamente na realidade do contexto organizacional, exigindo respostas rápidas

repercutindo em alterações nas suas estratégias (da empresa) frente ao investimento em

pessoal.

[...] marcado por modificações importantes tanto no discurso como no modo de

gerenciamento das empresas. A busca de eficácia é principalmente dominada por

imperativos financeiros em uma economia de mercado que globaliza a economia e

exige organizações sempre mais competitivas, flexíveis e informatizadas. Os

operários, os técnicos e os executivos, cada vez em maior número, conhecem a

experiência do desemprego, da precariedade e da instabilidade profissional;

sintetizando, estamos na era da gestão estratégica (CHANLAT, 2000, p. 33).

A globalização, novos modelos técnico-econômico, mercados competitivos, a

economia cada vez mais volátil, fazem com que todo esse cenário complexo e instável tenha

efeito direto no conceito de carreira e com isso o ambiente de negócios experimenta

mudanças consideráveis. Com isto as novas perspectivas de gestão estão focadas na eficiência

e eficácia para garantir maior lucratividade em suas operações, defendido por Balassiano &

Costa (2006).

O atual nível de competição global altera o nível de disputa entre as empresas e uma

vez alterando a realidade de trabalho na organização, reflete em cadeia também a necessidade

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de gestores altamente qualificados e que atuem fortemente como multiplicadores de mudança,

como se observa:

Como consequência, tendo como referência a realidade brasileira, os gerentes

passam a enfrentar a partir da década de 1990, situações ambíguas, devido aos

processos de reestruturação pelo qual passaram várias empresas, sobretudo em

função das exigências do novo sistema capitalista em construção. Nesse processo de

transformação o contexto é marcado por competição intensificada,

desregulamentação dos mercados, desenvolvimento das tecnologias de informação e

produção e novas políticas e legislação governamentais. (PEREIRA, BRAGA &

ZILLE, 2011).

Este contexto competitivo, de mudanças em velocidade acelerada, com excesso de

tarefas tem contribuído para provocar nos gerentes a degradação da saúde mental e física ou

levando a graves quadros de estresse. Em decorrência deste cenário, tornam-se vulneráveis a

diversos tipos de doenças, como cardíacas, alteração na pressão arterial, ansiedades, aumento

de peso, comprometimento da memória, diabetes e manifestações psicológicas diversas

(GOLDBERG, 1986).

Diante deste cenário incerto, complexo e de grande instabilidade o campo gerencial

desejado por muitos é marcado hoje pelo estresse ocupacional afetando na qualidade de vida

dessa atividade profissional e à medida que a aceleração das mudanças e os novos modelos de

gestão faz com que o gerente se veja às voltas com uma rotina diária desgastante e longa,

vivenciando tensões elevadas decorrentes do ambiente de trabalho e por consequência do

estresse ocupacional (ROSSI, 2005 & CHANLAT, 2005).

As principais fontes de tensões excessivas na atividade dos executivos identificam-se nos

aspectos a seguir:

a) Várias atividades ao mesmo tempo e com elevado grau de cobrança, permeadas por

metas muito difíceis de serem alcançadas beirando em alguns casos o inatingível. O

número excessivo de horas trabalhadas, a filosofia de trabalho pautada pela obsessão

e compulsão por resultados e a excessiva carga de trabalho, muitas vezes

ultrapassando os limites individuais, constituem fontes importantes de tensão

observadas no nível do trabalho de executivos (PEREIRA, BRAGA & ZILLE, 2011).

b) Sobrecarga de trabalho e desconforto como: insegurança em relação ao vínculo de

trabalho, excesso de pressão com prazos curtos (MELO, 2000). Contribui ainda

Goldberg (1986, p. 40), ao informar que a sobrecarga de trabalho, demasiada

responsabilidade com escassa autoridade, subordinadas difíceis, exigências de serviço

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conflitantes, ambigüidade de papéis – todos freqüentemente citados como origens de

distúrbios devidos ao estresse – provavelmente podem ser atribuídos ao problema

maior da mudança rápida.

c) Sobrecarga de tarefas advindas do uso de tecnologias como e-mails, softwares e

sistemas integrados de gestão, como fontes de tensão no trabalho gerencial (ROSSI,

2005).

d) Acentuado nível de tensão que os gerentes recebem do meio e sua capacidade de

suportar deixando-o vulnerável ao estresse ocupacional (ZILLE, 2005).

e) Aprendizado rápido onde ser um gerente eficaz está ligado à capacidade de dar um

salto tecnológico e inserir-se ativamente em novas linhas de trabalho (KLIKSBERG,

1993).

Em relação aos principais sintomas apontados pelos executivos, presentes frequentemente

são: fatiga, dor nos músculos do pescoço e ombros, insônia, falta ou excesso de apetite, dor de

cabeça, nervosismo e ansiedade (COUTO, 1987).

De acordo com Levi (2005), o estresse contínuo relacionado ao trabalho constitui um

importante fator determinante dos transtornos depressivos, além de ser um fator determinante

de aumento de pressão arterial, doenças cardíacas, acidente vascular cerebral (AVC),

esgotamento físico e problemas renais em decorrência da hipertensão arterial.

Outro fator que também contribui para a piora da saúde de executivos está ligado ao

excesso de peso, hábitos alimentares nocivos à saúde de forma geral, falta de exercícios

físicos, o jejum prolongado devido ao grande número de reuniões diárias levando este

profissional a almoçar, comidas rápidas, em sua mesa de trabalho (para aguentar mais horas

em reuniões). Tal comportamento foi informado como atenuante ao infarto por Goldberg

(1986, p. 235-236), onde menciona, peso e estresse formam um circulo vicioso: comer demais

e má digestão podem decorrer de estresse; suscetibilidade a transtornos motivados pelo

estresse aumenta com o peso excessivo. Se você estiver com o peso aumentando 25%, suas

probabilidades de ter um ataque cardíaco são 2,5 vezes maiores. Uma pessoa com peso

excessivo obriga o coração a bombear nutrição para uma quantidade anormal de tecidos. O

resultante desgaste de seu coração e vasos sanguíneos é tremendo, elevado o risco de derrame,

diabetes, hipertensão e doença cardíaca.

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Para Cooper (2005), os ocupantes da função gerencial na atualidade pertencem a uma

cultura empresarial em que as pessoas trabalham mais horas e mais arduamente, a fim de

atingir o sucesso pessoal e as recompensas materiais. Coloca-se de acordo com essa corrente

teórica, Goldberg (1986, p. 338) ao afirmar, o executivo com uma idéia exagerada de ser

indispensável, ou que alimenta a fantasia errônea de que o sucesso exige dias de 16 horas de

trabalho, mais comumente do que se imagina mil maneiras, a prejudicar seu objetivo de

trabalhar eficientemente. Destaca-se o aspecto qualitativo e não a quantidade de horas no

trabalho direta ou indiretamente. Em sua obra: “A saúde dos Executivos”, Goldeberg (1986)

informa que muitos executivos, a despeito de sua imagem externa como homem de aço,

inclinam-se interiormente ante a idéia de assumir responsabilidades maiores.

Complicando mais ainda o estresse das promoções existentes o problema cultural

conhecido como angústia de status.

O estresse ocupacional traz destacada importância na discussão e análise do cotidiano do

dia a dia do profissional executivo, mas fica um questionamento a ser feito: como o executivo

se relaciona com o aparato tecnológico existente na empresa? Sustenta esta pergunta o

momento em que a sociedade se encontra na chamada era da informação e do conhecimento

(LASTRES & ALBAGLI, 1999).

Anteriormente foi levantado nesta pesquisa por Rossi (2005) que há sobrecarga de tarefas

para o profissional no extrato da organização representado pelo executivo, que lida com

tecnologias, softwares, sistemas de gestão, e-mails. Este aparato tecnológico faz parte do

ambiente organizacional justifica a gestão estratégica focada na eficiência e eficácia

informada por Chanlat (2000).

2. METODOLOGIA DE PESQUISA

A amostra foi constituída por conveniência, abrangendo executivos de diversas áreas,

foram obtidos 126 respondentes para a pesquisa através de questionário e mais 14

respondentes a entrevista estruturada, nas mais variadas empresas nos anos de 2011 e 2012,

no mercado do Rio de Janeiro (GIL, 2010).

A relevância das empresas escolhidas responde a importância estratégica destas

organizações na economia brasileira. Empresas pertencentes aos segmentos de: Logística,

Bancário, Universitário, Siderúrgico, Aviação, Telecomunicações, Tecnologia da Informação,

Indústria e Serviços. Sendo importante salientar que os profissionais participantes da amostra

de pesquisa são de diferenciados setores dentro da organização em áreas como exemplo: RH,

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Administração Geral, Operações porém tendo em comum serem todos gerentes de último

escalão nas respectivas empresas.

A Estatística inferencial também foi utilizada, com a aplicação do teste Z para

comparação entre duas proporções. A pesquisa é definida por Gil (2010) como sendo um

procedimento racional e sistemático que objetiva responder a perguntas do pesquisador. As

fases que compõe esta pesquisa se dão através de vários métodos utilizados para explorar o

conhecimento.

O tipo de pesquisa segundo Vergara (2011) representa a modalidade quanto aos fins

seguindo o modelo descritivo que expõe características de uma determinada população onde é

possível estabelecer correlações entre variáveis e buscar definição de sua natureza. E quanto

aos meios pelos quais se obtém informações, segundo Vergara (2011) apresenta-se na

modalidade bibliográfica, onde também é apresentada a pesquisa de campo. A pesquisa

chamada de campo para Vergara (2011) é a investigação empírica realizada no local onde

ocorre ou ocorreu um fenômeno. Pode incluir aplicação de questionário, sendo possível este

ser fechado ou aberto; incluir entrevistas através da modalidade estruturada ou não, aplicação

de testes e observação de participantes.

3. RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO E ENTREVISTA

Nesta seção será apresentada a pesquisa obedecendo em primeiro momento a apuração

dos dados tendo como sequencia resumo das informações levantadas, tendo em primeiro

momento demonstração da pesquisa de campo através da entrevista a 14 respondentes e

finalizando com o questionário fechado aplicado a outros 126 profissionais executivos.

Quadro 01 – Resumo da entrevista dos executivos.

Entrevistado

identificado

como

Idade

do

profissional

Tempo

em anos

no cargo

Carga

horária

D+Ind

Qdt.

de

telefones

Qdt.

de

e-mails

Prática

de

esportes

S/N

Mais de 3

aparatos

tecnológicos

S/N

E1 42 2 14 100 100 X X

E2 40 3 16 100 100 x X

E3 40 5 15 120 200 x X

E4 42 5 13 115 80 X X

E5 42 2 13 40 90 X X

E6 40 3 13 60 100 X X

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E7 35 2 15 50 100 X X

E8 55 4 15 50 60 X X

E9 51 3 14 50 200 X X

E10 43 2 14 100 130 X X

E11 39 5 16 120 200 X X

E12 64 2 14 50 60 X X

E13 57 6 12 100 100 X X

E14 51 4 12 60 120 X X

Média S N S N

14 46 3,5 14 80 118 4 10 14 0

Fonte: autor, 2013.

A coleta de dados da entrevista apresentada no quadro 01, demonstra que no universo

pesquisado, o profissional que hoje ocupa o extrato executivo de empresa representa a figura

de um profissional jovem tendo mais de 40 anos e estando no cargo/função por um período

médio de pouco mais de 3 anos.

A carga horária dos profissionais entrevistado apresenta um dia de trabalho girando

em torno de 14 horas, tendo em média distribuídos de forma direita e indireta. Tal dedicação é

recheada em média por 80 ligações telefônicas e não recebe menos de 100 e-mails de trabalho

por dia trabalhado. Tal pesquisa ainda aponta que este profissionais em sua maioria não

desenvolvem atividade física com constância e para serem mais competitivos não abrem mão

de tecnologias de comunicação para serem mais produtivos ou “eficientes”.

A apresentação do questionário e da entrevista será elaborada seguindo a blocos

temáticos que fazem parte integrante da investigação de campo cujo foco, é o gerente e o

estresse envolvido em sua atividade de trabalho.

Para a modalidade de entrevista foi seguido o seguinte roteiro com cada entrevistado:

faixa etária, quantidades diárias de e-mails e telefonemas recebidos diariamente (relacionados

a atividade de trabalho), níveis de estresse provocados pelas atividades dos executivos,

problemas de saúde relacionados às atividades dos executivos, a importância da tecnologia no

trabalho dos executivos.

3.1. RELAÇÕES ENTRE OS ATRIBUTOS DOS EXECUTIVOS E AS

EMPRESAS.

3.1.1. Faixa etária

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As faixas etárias dos executivos com as respectivas frequências estão distribuídas no

Gráfico 01.

Gráfico 01 - Faixas etárias com as frequências de 126 executivos pesquisados.

0

10

20

30

40

50

60

Quantidades 10 58 40 13 5

20/30 31/40 41/50 51/60 acima 60

Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

A realidade apresentada no Gráfico 01, pode-se afirmar que 77,78% (98/126) dos

executivos estão entre 31 a 50 anos de idade, 3,97% (5/126) acima dos 60 anos e 7,94%

(10/126) entre 20 a 30 anos. Pode-se praticamente afirmar que em cada 5 executivos, 4 deles

estão na faixa de 31 a 50 anos. Observa-se que somente poucos executivos estão na faixa de

20 a 30, isto talvez se explique analisando a idade mínima para a obtenção da graduação gira

em torno de 23 anos de idade.

Portanto, 77,78% dos executivos estão entre 31 a 50 anos, enquanto que 22,22% estão

fora deste intervalo.

Na entrevista com 14 executivos, que ocupam funções variáveis nas empresas, a média

de idade entre eles foi em torno de 46 anos, caindo na faixa de 31 a 50 anos conforme descrita

anteriormente.

3.1.2. Quantidades diárias de e-mails recebidos pelos executivos

As quantidades diárias de e-mails recebidos pelos executivos nas empresas encontram-

se descritas no Gráfico 02.

Gráfico 02 - Quantidades diárias de e-mails recebidos pelos executivos nas empresas.

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10

0

10

20

30

40

50

60

Quantidades 60 52 8 6

Até 50 51 a 100 101 a 150 Acima de 150

Fonte: elaborado pelo autor (2013).

Observando-se o Gráfico 07 pode-se afirmar que 88,89% (112/126) dos executivos

recebem até 100 e-mails por dia.

Os dados obtidos através do modelo de pesquisa através de entrevista aponta que 5

profissionais executivos recebem mais de 100 e-mails por dia o que denota quanto mais alto o

posto de comando dentro da organização a quantidade de e-mails recebidos diariamente tende

a aumentar, pois a amostra através de entrevista demonstrou 10 profissionais ligados à função

de Direção no extrato executivo.

3.1.3. Quantidades diárias de telefonemas recebidos pelos executivos

As quantidades diárias de telefonemas recebidos pelos executivos nas empresas

encontram-se descritas no Gráfico 03.

Gráfico 03 - Quantidades diárias de telefonemas recebidos pelos executivos nas empresas.

0

20

40

60

80

100

Quantidades 98 22 5 1

Até 50 51 a 100 101 a 150 Acima de 150

Fonte: elaborado pelo autor (2013).

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Pelo Gráfico 03 pode-se verificar que 95,24% (120/126) dos executivos recebem até

100 telefonemas por dia.

O método de entrevista aponta um percentual muito próximo do questionário,

apresentando o resultado de 13 dos 14 executivos recebem até 100 telefonemas relacionados

ao trabalho diariamente.

3.1.4. Níveis de estresse provocados pelas atividades dos executivos

Os níveis de estresse provocados pelas atividades dos executivos encontram-se com as

respectivas frequências apresentadas no Gráfico 04.

Gráfico 04 - Frequências dos níveis de estresse dos executivos em suas atividades.

0

10

20

30

40

50

60

Quantidades 1 13 47 54 11

Nenhum Pouco Médio Intenso Extremo

Fonte: elaborado pelo autor (2013).

Pelos dados do Gráfico 04 pode-se dizer que 11,11% (14/126) dos executivos têm

pouco ou nenhum estresse, enquanto que 88,89% (112/126) são estressados.

Na entrevista também se constatou que a maior parte dos executivos vivem sua rotina

diária muito estressados.

3.2.5. Problemas de saúde relacionados às atividades dos executivos.

As ocorrências de problemas de saúde relacionadas com as atividades dos executivos

encontram-se descritos no Gráfico 05.

Gráfico 05 - Problemas de saúde relacionados às atividades dos executivos.

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12

56

58

60

62

64

66

Quantidades 66 60

Sim Não

Fonte: elaborado pelo autor (2013).

Pelos dados do Gráfico 05 pode-se afirmar que a maioria (52,38%) dos executivos

apresentaram problemas de saúde relacionados às suas atividades.

O método de campo através da entrevista apontou um número maior de executivos

afirmando sofrerem algum problema de saúde relacionado à sua atividade laboral sendo 9 dos

14 entrevistados.

Os dois métodos utilizados confirmam que a atividade gerencial traz em sua dinâmica

laboral cenários a serem melhor compreendidos por estes profissionais de forma a não afetar

sua saúde.

3.1.6. Tipos de problemas de saúde relacionados às atividades dos

executivos.

A ocorrência dos tipos de problemas de saúde relacionados com as atividades dos

executivos encontra-se descrita no Gráfico 06.

Gráfico 06 - Tipos de problemas de saúde relacionados às atividades dos executivos.

0

5

10

15

20

25

Quantidades 12 24 11 3 9 7

Cardiopatia/

hipertensãoAnsiedade

Aumento de

pesoDiabetes LER/DORT Outros

Fonte: elaborado pelo autor (2013).

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13

Analisando o Gráfico 06, pode-se notar que 54,55% (36/66) dos executivos que têm

problemas relacionados às suas atividades nas empresas sofrem de cardiopatia/hipertensão ou

ansiedade.

Na análise das entrevistas dos 14 dos executivos entrevistados, 9 informaram sofrer

problemas de saúde relacionado à sua atividade laboral sendo que 6 destes profissionais

apresentam maior incidência de problemas de saúde relacionados à cardiopatia/hipertensão ou

ansiedade.

Combinando o cruzamento de dados com os dois métodos adotados nesta pesquisa

obtém-se que a modalidade de entrevista confirmou o resultado obtido com o questionário

aplicado ao apontar que a maioria dos executivos sofrem de problemas de saúde relacionados

à sua atividade laboral com destaque de maior a incidência de problemas relacionados à

cardiopatia/hipertensão ou ansiedade.

Confirma a dedução acima a descrição de relatos obtidos através da exposição

resumida das entrevistas com profissionais que fizeram parte desta pesquisa, contribuindo

com a informação de que a maior parte dos problemas de saúde ligados a atividades laboral

dos executivos estão relacionados à maior incidência a problemas relacionados a

cardiopatia/hipertensão ou ansiedade.

A seguir, o relato de profissionais executivos entrevistados, identificados por E

(executivo 1, executivo 2, executivo 3 e assim por diante):

E3: “Foi perguntado ao profissional entrevistado se conseguia identificar algum

problema de saúde relacionado à sua atividade laboral onde foi obtido como resposta que

apesar de gostar de praticar esportes está com problemas relacionados à pressão alta, tomando

remédios para controlar a cardiopatia, o entrevistado mencionou que tal problema é comum

em momentos de extremo estresse da atividade e, que após o susto passou a se cuidar melhor

e hoje lida melhor com esta situação”.

E4: “Sobre o quesito saúde, a E4, relata que anda com uma bolsinha de remédios em

sua bolsa e tenho gastrite, ansiedade, refluxo, resfriado constantemente. Tudo isso creio que

seja do estresse por essa correria que representa minha atividade profissional”.

E11: “Foi perguntado ao profissional entrevistado se conseguia identificar algum

problema de saúde relacionado à sua atividade laboral onde foi obtido como resposta que

apesar de gostar de praticar esportes, está com problemas relacionados à pressão alta,

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tomando remédios para controlar a cardiopatia, a pressão alta e insônia. O entrevistado

mencionou que tal problema é comum em momentos de pressão e reuniões”.

3.1.7. A importância da tecnologia no trabalho dos executivos.

A tecnologia torna-se ferramenta para ditar o ritmo dos profissionais executivos de forma que

sem esses aparatos, representa emperrar todo o processo de trabalhar, produção, construção e

execução. A este aparato incluem-se: telefone, telefone celular, rádio nextel, Black Barry,

notebook, internet, ipod, ipad, e-mail, skype, smartphone, Bluetooth no rádio do carro,

datashow para reuniões e vídeo-conferência

Gráfico 07 - Importância da tecnologia no trabalho dos executivos.

0

20

40

60

80

100

Quantidades 0 1 100 25

Nenhuma/pouco RazoávelImportante/muito

importanteNecessária

Fonte: elaborado pelo autor (2013).

4. DISCUSSÃO, ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS DA

PESQUISA.

A presente pesquisa objetivou conhecer a realidade da saúde de profissionais

ocupantes do extrato gerencial no contexto de negócios frente a realidade atual, com as

demandas diárias, seus desafios e com isso evidenciar o como anda a saúde desses

profissionais.

A trabalho de campo na modalidade de questionário, abrangendo 126 executivos,

verificou-se que 88,10% deles têm no máximo 15 anos na empresa, cujos resultados

concordam em parte com os obtidos por Gastaldello et al. (s/d) ao estudarem a influência de

valores pessoais de executivos brasileiros e argentinos em negociações comerciais,

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encontrando em torno de 8 anos em cada empresa, sendo que no Brasil a média é um pouco

superior pois a extensão territorial é maior, bem como o número de empresas.

Na entrevista aplicada a 14 executivos, que ocupam funções variáveis nas empresas, a

média de idade entre eles foi em torno de 46 anos, caindo na faixa de 31 a 50 anos conforme

descrita anteriormente.

Realmente, a maioria dos executivos são jovens, sendo que as empresas atualmente

preferem a jovialidade entre os seus gestores, de modo a serem mais adaptados à globalização

atual.

Os executivos ocupantes de cargos mais elevados na organização respondem por uma

quantidade de e-mails muito próxima ou acima de 100 e-mails diários, sendo este, um dos

maiores vilões do trabalho fora de expediente assim como o telefone celular.

A pesquisa demonstrou que alguns executivos recebem em torno de 120 e-mails por

dia o que para uma carga horária de 10hrs por dia daria algo em torno de 1 e-mails a cada 5

minutos demonstrando que estes profissionais vivem em ritmo de alta produtividade. Outras

pesquisas apontaram resultados semelhantes como Scanfone, Neto & Tanure (2008),

informam que metade dos executivos responde e-mail fora do local de trabalho e que suas

empresas permitem o acesso o que contribui para aumentar o trabalho indireto. Segundo

Echevest et al (1990), as tecnologias de informação permitem aos executivos do mundo

globalizado aumento de produtividade, por isso a grande quantidade de e-mails que estes

profissionais respondem diariamente.

O método de entrevista apontou que os profissionais que ocupam posição próxima ao

topo de comando nas organizações como Diretor Geral e Diretor executivo, 6 dos 14

profissionais entrevistados, recebem mais de 100 e-mails por dia estabelecendo uma relação

de que quanto mais alta a posição no extrato de comando recebe-se mais de 100 e-mails por

dia.

A totalidade dos profissionais que ocupam o extrato de executivo da organização

atende a uma quantidade grande de telefones relacionados ao trabalho e principalmente fora

do ambiente de trabalho contribuindo para a carga horária indireta como resultado de uma

rotina diária desgastante (ROSSI, 2005 & CHANLAT, 2005).

O aumento da carga horária indireta contribui para que os profissionais executivos

encontrem superação de limites diariamente como cita Pereira, Braga e Zille (2011).

Este aumento de carga horária indireta significa o tempo que não será destinado ao lazer, ao

cônjuge/companheiro (a) e que terá de compreender até que momento? (SCANFONE, 2006).

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Os métodos de pesquisa quantitativa e qualitativa constatou que a maioria dos

executivos têm rotina diária muito estressante. Dos atenuantes dessa realidade está carga

horária muita extensa, falta de intervalo entre as demandas advindas do cotidiano, alto nível

de estresse, quantidades absurdas de e-mails e ligações telefônicas relacionadas ao trabalho

como citado por Cooper (2005); Tonelli e Alcadipani (2011).

Os dois métodos utilizados confirmam que a atividade gerencial traz em sua dinâmica

laboral cenários a serem melhor compreendidos por estes profissionais e por empresas de

forma a não afetar sua saúde.

A falta de tempo destinada ao lazer acaba sendo utilizada para gerar relatórios,

projetos, reuniões, e-mails, eliminação da vida social contribuem também para a perda da

saúde desses profissionais. A prática do lazer propicia ganhos para o profissional, como citado

por Aguiar (2000).

O método de entrevista confirmou o resultado obtido com o questionário ao apontar

66,66% dos executivos sofrem de problemas de cardiopatia/hipertensão ou ansiedade, todos

relacionados às suas atividades profissionais ao ter 9 profissionais que apresentam os mesmos

problemas de saúde.

Nos dois métodos de pesquisa de campo utilizados nesta pesquisa revelou que a

maioria dos executivos entrevistados possuem problemas de saúde relacionados às suas

atividades nas empresas e sofrem de cardiopatia/hipertensão ou ansiedade.

Veja a descrição do relato de uma executiva entrevistada

E11: “Foi perguntado a profissional entrevistada se conseguia identificar algum

problema de saúde relacionado à sua atividade laboral onde foi obtido como resposta que

apesar de gostar de praticar esportes, está com problemas relacionados à pressão alta,

tomando remédios para controlar a cardiopatia, a pressão alta e insônia. O entrevistado

mencionou que tal problema é comum em momentos de pressão e reuniões”.

O referencial teórico apontou que profissionais executivos vivem uma realidade

estressante e sua atividade laboral favorece o surgimento de problemas de saúde relacionados

à ansiedade, hipertenção, doenças do coração, assim como gastrites e também problemas de

fundo emocional como citou Goldberg (1986); Lastres e Albagli (1999); Pereira, Braga e Zille

(2011) e Chanlat (2005).

Os modelos de estudo de campo testados na presente pesquisa demonstrou que a

tecnologia está inserida no trabalho dos profissionais executivos para gerar aumento de

produtividade. Como exemplos têm-se: telefone, telefone celular, rádio nextel, Black Barry,

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notebook, internet, ipod, ipad, e-mail, skype, smartphone, Bluetooth no rádio do carro,

datashow para reuniões e vídeo-conferência (TONELLI & ALCADIPANI, 2004).

A tecnologia faz parte de seu cotidiano ditando o seu ritmo de trabalho. Daí surgirem

expressões encontradas na literatura como gerente-ciborgue mencionado por Tureta, Tonelli

& Alcadipani (2011).

5. CONCLUSÃO

Conforme os resultados obtidos com o cruzamento dos dois métodos de pesquisas

aplicados, a média de idade destes profissionais está no intervalo de 31 a 50.

O tempo médio deste profissional na empresa é cerca de 5 anos sendo que

aproximadamente 60% destes, permanecem pelo mesmo tempo como executivos,

apresentando forte relação de fidelidade a seu projeto individual de carreira e muitos

executivos fazem uso de ferramentas de planejamento de carreira, headhunters, networks,

competências, habilidades e formação continuada para ser mais atrativo ao mercado.

Em média os gerentes que ocupam cargos mais elevados, permanecem por cinco anos

na empresa.

Sua dinâmica de trabalho apresentou uma quantidade grande de e-mails e telefonemas

e uma carga horária extensa, apresentado reflexo na saúde de grande parte dos profissionais

que ocupam este extrato da organização.

O estresse, problemas relacionados a cardiopatia, ansiedade e hipertensão representam

a maior incidência no nível gerencial. Isto aponta uma oportunidade para as empresas

repensarem o dia a dia destes profissionais que tomam decisões em nome da organização.

O presente artigo objetivou trazer a discussão da saúde de profissionais executivos,

pressionados por números e resultados acabam relevando sua saúde em último lugar na lista

de prioridades. A reflexão também está voltada a empresas a repensarem a questão laboral de

seus profissionais em posição de comando, o que para Goldberg (1986), se acrescentarmos a

esses números o que se perde em habilidades, experiência, conhecimentos pessoais e saber

dos administradores cujas carreiras são interrompidas abruptamente, e a eficiência reduzida de

gerentes atormentados por enfermidades apoquentadoras e distúrbios emocionais, o custo

ultrapassa quaisquer cálculos. Realmente, a inteligência e energia humanas são nossos

recursos mais decisivos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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