a religião e a juventude

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 EDIÇÕES D EDITôR SCJ EUGENÉSIA E C T O L I C I S ~ r n - Tóth P U ~ f R ~ - Tóth O BRILHO DA MOCIDADE - Tóth O MOÇO DE iCARÃTER - Tóth EVOLUÇÃO E ESPIRITISMO - Dom A. Morais Clt JNCIA E - Donn A. Morais ALMAS DE CRIANÇA - Dom A. Morais PR.OBLEMA SACERDOTAL - Pc . Lacroix EXISTE O I N F E R N O  - Pe. Lacroix CATECISMO ESCOLAR E POPULAR - P. F. Spirago A VIDA INTERIOR - Pe. Dr. L eão Dehon AMOR.. PAZ E ALEGRIA - Pe. Dr. Prévot MEU PONTO DE MEDITAÇÃO - Mons. Brandão IDÉIAS E PATOS - Mons. Brandão NOSSA SENHOR.A APARECIDA - C ônego S eq ue ir a OS GRANDES LOUVORES - Cônego F . S. Brasil OS SANTOS ANJOS - Pe. F erretti A MULHER CRIST \ O SOFRlMENTO - l\IoTiee A PACif:NCIA - Kbrkc O DIA DE UMA F" :LH A DE 1IA RIA - Gentelles A ESCOLA E A VIDA - L . J Lacombe PRECONCEITOS SUPERADOS - Marchant PALMAS DE SANGUE - Por um Pe. Jesuíta NAS MÃOS DA QUADRILHA - Pe. Luterbeck CUP]DO NA fN.DIA - Prnf José Warken A FORMOSA INDIANA - Prof. José Warken O MEU GUIA ORTO G RAFICO - Dr. José Sá Nunes SEGUINDO O MESTRE - Mons. Herôncio MEDITAÇõES EUCARíSTICAS - Audibert COMPENSAÇÃO - O Ér i e m PADROfüRO EUCARíSTJ C O - S. Pascal Bailão HER6IS DE CRISTO REI - Pe. Quardt VOCAÇÃO SACERDOTAL - D e La c r oi x SÃO JOSÉ - Pe. Me.schler CRIST O E OS DEMôNIOS - Polz SEARA DE PENSAMENTOS - Geo r gi na M. Xavier HISTôRIA DO MENINO SABTO - HISTóRIAS DE DONA MATEMÁTICA - Bre ner CHRISTUS APOSTUL·US - Pe. Erasmo COMO FOI S S O ~ - C h agas RAPS6DIA ROMANTICA - Paixão PARA OS VIVOS E PAHA OS MORTOS 1 S C J TAUBATÉ edidos à EDITôR Estado de São Paulo Tip Rossolillo Mons TIH MtR TH Mon• T I H ~ R TóTH TAUIATÊ

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Mons. Thamer Toth

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  • EDIES DA EDITRA SCJ EUGENSIA E CATOLICIS~rn - Tth

    PU~fAR~ - Tth O BRILHO DA MOCIDADE - Tth O MOO DE iCARTER - Tth EVOLUO E ESPIRITISMO - Dom A. Morais Clt!JNCIA E F - Donn A. Morais ALMAS DE CRIANA - Dom A. Morais PR.OBLEMA SACERDOTAL - Pc . Lacroix EXISTE O INFERNO ~ - Pe. Lacroix CATECISMO ESCOLAR E POPULAR - P. F. Spirago A VIDA INTERIOR - Pe. Dr. L eo Dehon AMOR.. PAZ E ALEGRIA - Pe. Dr. Prvot MEU PONTO DE MEDITAO - Mons. Brando IDIAS E PATOS - Mons. Brando NOSSA SENHOR.A APARECIDA - Cnego Sequeira OS GRANDES LOUVORES - Cnego F. S. Brasil OS SANTOS ANJOS - Pe. F erretti A MULHER CRIST ,\ E O SOFRlMENTO - l\IoTiee A PACif:NCIA - Kbrkc O DIA DE UMA F"!:LHA DE 1IA RIA - Gentelles A ESCOLA E A VIDA - L . J. Lacombe PRECONCEITOS SUPERADOS - Marchant PALMAS DE SANGUE - Por um Pe. Jesuta NAS MOS DA QUADRILHA - Pe. Luterbeck CUP]DO NA fN.DIA - Prnf. Jos Warken A FORMOSA INDIANA - Prof. Jos Warken O MEU GUIA ORTOGRAFICO - Dr. Jos S Nunes SEGUINDO O MESTRE - Mons. Herncio MEDITAES EUCARSTICAS - Audibert COMPENSAO - O 'riem PADROfRO EUCARSTJCO - S. Pascal Bailo HER6IS DE CRISTO REI - Pe. Quardt VOCAO SACERDOTAL - De La croix SO JOS - Pe. Me.schler CRISTO E OS DEMNIOS - Polz SEARA DE PENSAMENTOS - Geo rgina M. Xavier HISTRIA DO MENINO SABTO -HISTRIAS DE DONA MATEMTICA - Bre!ner CHRISTUS APOSTULUS - Pe. Erasmo COMO FOI ISSO~ - Chagas RAPS6DIA ROMANTICA - Paixo PARA OS VIVOS E PAHA OS MORTOS

    1

    S C J - TAUBAT Pedidos EDITRA Estado de So Paulo

    Tip. Rossolillo

    Mons. TIHAMtR

    Tt1TH

    Mon. TIHA~R TTH

    TAUIAT

  • ~onsenhor TIHAMR TTH

    A RELIGAO E A JUVENTUDE

    EDITRA SCJ TAUBAT

    Estado de So Paulo

  • IMPRIMI PO'l'EST Taubat, die 8 Decembrie 1951 P. Gerardus C'laassen Sc.J Praep . Prov. Bras. Merid.

    NIHIL OBSTAT Taubat, die 8 Deoombris 1951 P. Theod.Qrus A. Becker SOJ Censor

    REIMPRIMA'rUR

    Ta.uba.t, die 8 Decembri8 1951 t FRANCISOUS EPISCOPUS DIOECESANUS

    MONS.ENHOR TIHAMR TTH

  • PREFCIO

    O volume de Mons. Tihamr Tth, que hoje oferecemos aos leitores brasileiros, representa sem dvida magnfico ref ro ao combate rduo contra a irreligiosida?de juvenil.

    A idade gentil e promissora da adolescncia, a par de tantos predicados e esperdinas, costuma acompanhar-se de lastimveis precalos. E' a sde de independncia a ide'sabrochar, na ;aurora da personalidade que desponta. E' a idia mgica de liberdade, em face de todos os valores, tambm religiosos. E o jovem receia continuar o cultivo da piedade, pois lhe parece que no desabamento das estruturas de sua infncia, uma das primeiras co-lzmas que f raquearam foi precisamente a educao religiosa, o hbito da F. P.le no sabe - ou no lhe ensinaram - a defesa dos princpios d'a reli-gio, na lufa contra as obje:e's que se levantam de tdas as partes, sobretudo de dentro de s1w prpria personalidade.

    E' a crise da f, na juventude. Quantos se dei-xam derrotar/ Por falta, certo, de correspondn-cia aos auxilios da graa, que jamais faltam. Mas

  • lambem pela carneia de: guias seguros., e:cperi-mentados e amigos . . .

    Um guia seguro, experimentado e amigo - o presente livro, de u.m dos mais profundos co-nhecedores, da mocidade, Mons. Tihamr Tth. So-mos felizes de continuar sua obra inaprecwv'iC1 em benemerncia para os moos, e de ampli-la mes-mo, com a divulgao em nossa lngua:.

    A traduo portugusa devida, em sua quase totalidade, ao professor Jos W arken, catedrtico h muitos anos no Ginsio Catarinense d:e Floria-npolis.

    Os EDITORES.

    A ARANHA INSENSATA

    Em bela manh die abril, conta Joerge:nsen uum-a das suas engenhosas parbolas, estava a attmosfera cheia de tnues fios. Tendo-se prellldido um dles na elevada copa de uma rvore, um1a pequenina aranha, valendo-se dle, veio firmar o ip na folhagem. Imediatamente Lana novo fio, prende-o copa e consegUJe1 descer at ao p da rvore. Ali encontrou um arbusto assaz ramifi-cado e logo ps mos obra: tecer uma teia. A -extre1midade superior do tecido foi atadla lio111ga fibra pela qual baixara; as .pontas restantes, pren-deu-as aos ramos da sara.

    Esplndida rdie foi o resultado do seu esf ro, meio excelente para pegar moscas. Mas, ThllS dias aps, pareceu-lhe pequena demais, -e a aranha co-meou a ampli-la em todos os sentidos. Graas ao fio resistente que siegurava no alto, pde reali-zar seu intento. E, quando as gotas de orvalho da manh dle outono cobriam o tecido, le brilhava ,na luz baa do sol, como um vu de prolas .

    Orgulhosa de sua obra, a aranha desenvolvia--se a oJhos vistos. Criou ventre volumoso. Talvez :nem se lie:mbrasse mais corno era miservel e es-faimada quando pousara no alto da rvore, illO co-mo do outono.

  • Mo'.Ns~Nn.oR TIHAMS TTH

    Certa manh, entretanto, ela acordou mal-hu-morada. Tudo estava nebufoso e nenhuma mosca em tda a redondeza. . . Que se poderia fazer em tdia to horrivelmJe.nte fastidioso? "Fiarei uma pe-quena ronda", resolveu enfim, "quero ver se a teia 111o necessita de consrto em algum lugar".

    Cada fio foi examinado, a ver se estava bem seguro. Def1eito no encontrou, m.as apesar disso, seu intratvel mau humor agravava-se.

    Enquanto vagueava indisposta pela rde. a aranha deu sbitamente com um fio comprido, cuja extrem:idade no podia ach'ar. Todos os demais ela ibero os conhecia: ste 'Vai dar ali, ponta que-brada do galh-o, aqul\e~ acol ao espinho: A ara-nha sabia de todos os raminhos e de todos os fios; mas, que pensar ds te fio diferente? Incompreen-svel, ia para o alto, metia-se simplesmente ar a dentro! Que mistrio sse !

    A aranha l!evantou-se nas patinhas traseiras e olhou para cima, com seus mltipJ.os olhos. "Nada se v 1 :t);ste fio no tem fim! Por mais que eu olhe, o fio se perde !Ilas nuvens I" resmungou ela. ...

    Quanto mais a aranha se esforava por des-. vendar o enigma, tanto mais se enfm;ecia. Qual a finalidade do fio que s-e some nas alturas? - Na-turalmente, durante seus intel1Il1inveis festins, per-dera de memria que fra por ste fio que ela descera em abril. Tamibm no se lembrava do qualllto le lhe f ra til no tecer e ampliar a teia, sustentando tda a construo. Tudo j estava esquecido. S uma coisa via: aqui, sobe para o H.r um fio intil, absolutamJente intil, porque de-pendurado da& nuvens.

    A Ri:LIGIO E A JUVENTUDE 9

    "Fora com le !" gritou, desvairada de raiva, e ... cortou o fio ...

    No mesmo instante desmoronou-se a teia ... e quando a aranha recobrou os sentidos, jazia pa-ralizada no solo,o debaixo do arbusto, enquanto os restos do fino vu, semeado de prolas argint1eas, cobriam-na como fiapos molhados. Nesse dia tor-nou-se pobre e sem lar; UIIl1 instante foi suficiente para destruir todo o seu trabalho, porque no com-preendera a finalidade do fio que \conduzia ao alto,

    Jovem 1 Tambm a alma do homem casto est unida a Deus por meio dU!Ill, fio que se eleva a-0 cu.

    ~sse fio a religio. Quem o corta, 'torna-se mendigo errante ie sem

    ptria; quem o g1=1arda com solicitude, nle acha arrimo para uma existncia harmoniosa e penhor da felicidade eterna. Que sse fio, que IIlos une a Deus, nosso Pai Oeleste, nunca venha a romper-se na alma de: cada UIIU de meus jovens leitores.

  • PARTE I

    QUEM E' O SUPREMO SENHOR?

    Refere a lenda que no 3.0 sculo depois de Cristo, um gigante pago, chamado Cristvo, teve -um propsito interessante: "Mostrem-me o maior senhor do mundo, s a le quero servir!"

    "O m.afor senhor o rei'', responderam-lhe. Cristvo entrou pois ao servio do rei.

    Todavia, certa vez, por ocasio de brilhante !festa da crte. Cristvo notou que o rei empali-decia, quando um dos trovadores comeou a cantar o poder de Satans.

    "t;:ste deve ser mais forte que o rei", pensou Cristvo consigo, e entrou a servir o demnio .

    Um dia, a estrada passava diante d'e um cruci-fixo; mas o demnio ~omeou a trelill.Jer, manifes-tando todos os sinais de terror: no tinha C'ragem de passar em frente do crucifixo e retrocedeu co-vardemente.

    "t;:ste homem na cruz mais forte do que Sat", disse Cristvo consigo mesmo. E interpe-lou o eremita ajoelhado diante da imagem : "Ir-mo, como poderei eu servir ao Crucificado"?

    "Reza!" foi a ~esposta. "Rezar? Que rezar? No sei!" "Ento jejua!"

    A RELIGIO -E A JUVENTUDE 11

    "Jejuar, eu? No vs que colosso sou! Preciso comer muito".

    "Faze, pois, assim, retorquiu o ermito. "s bastante grande; coloca-te aqui junto ao rio, e car-rega nas costas, atravs 1da gua, as pessoas que quiserelm passar".

    E desde ento, durante anos, carregava Cris-tvo os viajantes dum para outro lad:o do rio. Cer-to dia, uma encantadora criana lhe pediu que o transportasse margem oposta. Prontamente Cris-tvo p-lo sbre os ombros 1ei comeou a vadear ' rio. Mas nunca na vida sentira tanto pso ! No ineio .da torrente, as fras quase o abandonaram; s a muito custo pde le alcamar a riiba fronteira com Q gentil menino.

    "Ai, meu menino"! gemeu Cristvo sem f le-go, "s to rpesado que at me pa:rlecia carregar o mundo todo sbre os Omibros".

    "No te admires",. murmurou a encantadora criana ode cachos louros, "pois levaste s costas Aqle que criou o mundo toao'\A-staspalavras o pequeno Jesus desapareceu. So Cristv.o caiu de jOielhos e agJradleceu Bondade divina, que acei-ta de ada um de ns aquilo com que melhor a podemos servir.

    Quem o supremo senhor? S a le quero servir! "Esplndida idia de Cristvo! Costumas tambm, caro jovem, dizer: quero se~vir somente ao maior .Sienhor, a Deus; quero levar s o Salva-dor ... nos ombros? No! Dentro de mim, em meu corao, em minha vird'a. Quero ser verdadeiro "Cristforo",, isto , a;qule que leva Jesus--Cf'sto" l

  • 12 MONSENHOR TIHAMR TTH

    ABENOADA F! Sabes. o que te proporciona a f, o que te d a

    religio? - Vrtebras de ao, convices, inque-brantvel fidelidade aos princpios.

    Pirro, rei do Eipiro, enviou Cneas, seu confi-dente ao senador Fabrcio, a fim de suiborn-lo. Cinea's voltou: "Majestade, antes conseguiremos desviar o sol d!e seu curso secular, doi que a Fabr-cio da senda da honestidade!"

    Vs? Eis o panegrico do homem fiel! No podemos ter confiana n,tim hom~~. que. bas.ei.a o conceito de honra e carater em ideias filosoif1cas versteis ou na efmera frivolidade do munqo. Mas aqule cuja frieza e fidelidade emanam das leis de Deus eterno, ste inspira confiana, como a rocha de granito.

    Nas situaes crticas

  • 14 MONSENHOR TIHAMll )'TH

    Como tu, que tens vida sinceramente religiosa, tambm aqule que no se importa de Deus e re-ligio possui uma ailima; - enh~eitanto, quanta di-ferena! O carvo car'bono, o diamante tambm o , todavia sifo dois antagonismos. A alma sem religio , carvo negro, insensvel lu:z; ao passo que a alma integrada na religio, como diamante cristalino que absorve sfregamente os raios sola-res e juibiJosameinte os reflete em mltiplas ful-guraes.

    O grand:e compositor Chopin perdera sua pie-dade na' licenciosa sociedade francesa. Aqui est sua oon.fisso, por assim dizer seu testamento: Doente, s portas da eternidade, foi visitado por um amigo de infncia, agora sacerdote. A instn-cias dste, Chopin retornou sua f. Banhado eun lgrimas de arrependimento e consiJ:o, recitou o "Credo", e, beijando o crucifix

  • 16 - MONSENHOR TIHAMR TTH

    que? Meu pai est no leme!" Bela imag(m do jo-vem religioso 1 Em todos os fances da ad'Vetsidade, sente-se em segurana nas mos de Deus, por saber que o Pai celeste dirige o leme .de sua vida. Essa certeza lhe d f ras, incita-o perseverana, mes-mo quando, em derredor, os pusilnimes j desfa-leceram.

    Que mais te 1d: tua f? Serenidade em face da morte. A nosso lado, alternam continuamente, "" mo e fim, nascimento e morte. Tremes ante essa evidncia, repugna-te a destruio, o ef ttnero. E entretanto, a nica esperana que ultrapassa at mesmo os limites da morte, nossa f em Deus, em Quem eternamente vivemos.

    Antes de morrer, o clebre msico Haydn, re-sumiu seu ciclo vital nestas palavras: "Na vida fiz como em minhas composies. Comecei-as com a lembrana de Deus e terminei-as coou um louvor de Deus. A lembrana de Deus f

  • 18 MONSENHOR TIHAMR TTH

    herdade humana, seno proteo, e defesa, indis-pensveis a uma vida digna de sres racionais:

    S ao Deus V'erda,deiro adorars - reza o pri-meiro mandamento. - Despertam em nossa me-mria todos os horrores da idolatria, imagens de :cruis e sanguinolentos sacrificios hrtmanos. -- An-tes de sua ca1m1panha 001ntra. a Grcia, mandou Xer-xes enterrar vivos nove rapazes 1e nove meninas, a fim de dispor favorvelmente os deuses. Os In-ds ainda hoje adoram vacas, serpenN~s e maca-cos. . . Em que trevas espirituais deveriam os viver. no fra o primeiro mandamento!

    Salvagurdando a santidade do juramento. o seg:undo preceito fortalece a fidelidade dos ho-m,ens. a lealdade e o amor verdade.

    O terceiro garante ao corpo o descanso que todo sr vivo necessita.

    . A autoridade da famlia e do Estado, base de qualquer sociedade humana, 1da rodem e do pro-gresso, assegurada pelo quarto :mandamento.

    Ainda hoje, na China, podeun as mes expor e msemo matar seus filhos. O quinto mandamento protege a vida dos homens.

    O que resguarda o ctxpo e as geraes dos des-varios dos instintos carnais e suas conseqncias? O sexto e o nono mandamento.

    O stimo e dcimo zelam a posse kgal de teus bens, a propriedade.

    Quem nos protege, a ti, sociedade, contra a falsi,dade e a mentira? E' o oitav.01 mandamento.

    V. O Declogo um bem precioso, tesouro e bno para a humanidade.

    Quo empolgante o s imaginar-se a transfor-llnao em nossa msera existncia, se os homens

    A RELIGIO E A JUVENTUDE

    observassem os mandamentos! P,oHcia e prises seriam suprfluas. No haveria tantos hospitais, institutos psicopatas, famlias abaladas e lares des-triuidos. Para que guardar os lares a chav'e's e tran-cas? No h mais felicidades perdidas, juventude "Se.duzida, pais na misria, jornais ateus e oalunia-dores. . . Meu Deus! Quo diferente seria tudo, se os homens serviss,em realmente ao Srnpremo Se-nhor, se observassem a lei divina!

    No depende sempre ,de ti que outros a cum-pram ... De ti depende, todavia, ,que lhe obedeas.

    Trata-se de tua felicidade temporal e terna, na opo de UJma obedincia irrestrita, de alma e corao, ao teu Supremo Senhor.

    E os rque no no querem? Que ser dles? Acontecer-lhes- o que sucedeu s rvores rebel-des.

    A REVOLUO DAS ARVORES

    Elm sutil alegoria de Joergensen, um altaneiro jequitib concebeu um plano arrojado:

    "Irms, ,disse le s rvores da selva, deveis saber que a terra nos pertence: pois vde, tanto o homem como os animais de. ns dependem; sem ns n podem existir. Alimentam0ts as vacas, as ovelhas, as aves, as abelhas, tudo enfim de ns vive, somos o centro de tudo, o prprio humus da floresta formado por nossas f lhas cadas e de-compostas. S U'm poder h acima de ns: o sol. Verdade que dizeim depender dle nossa vida. Contudo, irms, reparai bem, estou convencido que isso no passa de fbula para meter-nos mrlo. Qual 1 No podermos viver sem o sol? Antiquada

  • 20 MONSENHOR TIHAM_R TTH

    lenda supersticiosa, indigna

  • 22 MONSENHOR TIHAMta Trn

    A histria das rvores rebeldes repete-se na vida de muitos homens modernos, que julgam poder levar vida humanamente dign~, i;fa~tados de Deus o Sol vivificador de nossa existencia.

    Alei:ta, meu filho, def eu.de tua f! Cuida que no ta roubem!

    Se durante tua juventude, freqentares a so-ciedaide, vers CC!m pavor em quo cas e ft~i~ palestras a mocidade ?e hoije passa ho,ras a fi~. Cotrn que esP.antosa altivez e ~esdem da .sua opi-nio, pretensiosamente esclarecida nas mais graves questes d:a existnda.

    Oh! quantos encontrars, cuj~ n~ca aspirao recheiar a carteira, arrecadar dmheiro, para p~der gozar todos os prazeres, quer l.citosi que~ proi-bidos. Quantos, de horizonte estl'eito, escrav_izados em peias morais, cegos dalma ! So como vis par-dais comparados guia altaneira.

    De que precisa o pardal? De uns vermes, se-mentes e alguma fruta. Fa.rta-se com mes.quinh'o alimento e no obstante, como engol'da, com>OI sabe pavonea;-s~, com.o se torna atrevido! Da guia, ~as felicidades da guia que paira nas alturas, muito acima das baixezas terrenas, - que saber le?

    V, caro jovem, tamb~ entre os h.ome,?s, h-os com estmagos e ooranes de pardais. Quem so"? Aqules que tm um corao vazio,. uma ~ma estril .e deserta, apesar, de seus tesouros e ri-quezas; aqules que ficam alheios aos valores infi-nitos da alma; aqu1es que desfalecem de fome e sde, enquanto se afogam na torrente dos gozos materiais.

    ~les

  • .MONSENHOR TIHAMR TTH

    ficas para le indigestas, ou certos princpios no bem assimHados das cincias naturais. t-lo-o de-sencaminhado.

    Aqule outro assustou-se, quem sabe, com a excentricidade de um amigo tido como "religioso". e no quer ser "assim".

    A maiiotr parte porm s pode apresentar o mo-tivo, muito triste alis, que encontra o indiferen-tismo religioso tanto na famlia, como em qualquer meio social. Infolizmente a plena verdade 1 O ho-melm moderno corre atrs ,de tudo. cuida de tudo mas foge com corvarde timidez da questo mais im-portante e 'decisiva - a questo da f. "Que me importa isso?" - e encolhe os ombros.

    Mas agora., meu amigo, vais responder-me: Que h de mais importante e decisivo do que dar soluo cabal questo da. f? No dela que de-pende tda a existncia. a ,orrientao e finalidade da vida? Como ,decorrero ess,encialmente diferen-tes as vidas de dois homens: um que no espera nada alm-tmulo. o materialista; e outro que acredita na continuao perfeita e eterna da vida terrena, depois de uma morte feliz!

    Quanto mais depressa e seriamente te ocupa-res dsse magno assunto. tanto mais fcil ser o problema de tua mocidade.

    - Embora me aplique com o mximo esf ro, emlbora desenvolva o mais P'erf eitamente possvel meus dotes espirituais, se no tiver religio, minha sorte ser: obra inacabada, pssaro sem asas, vida sem sentido, um dnamo a que falta corrente _el-trica!

    Que sera minha cincia, meu invejvel carter, se me faltar Deus? Bela moldura sem imagem. -

    r-

    A RELIGIO E A JUVENTUDE 25

    De que serve a mais forte lmpada; se no estiver no circuto da f ra eltrica? - Quanto vale uma es-plndida carreira. uma vida que parece brilhan-tssima, se no estiver ligada a Deus, o centro vital das almas por :i;:1e criadas? - "Terra sem sol, noite sem estrleas, corpo sem vida. viajar sem destino, hoonem senn ptria, criana rf. corao sem feli-cidade: eis o que a alma sem Deus ... "

    '

    MALDIO DA IMPIEDADE Inteligncia e v,ontarle sofrem, no ateu. ~le v~

    o mundo em derredor, cheio de inesgotveis bele-zas, pleno de harmonia. mas sua "convico" no lhe permite admitir um Cria,dor e Conservador para tudo isso! Quantas aes boas e nobres, reso-lues hericas e caritativas roda d}e., mas sua "convic.a" deve negar Aqule que tudo recom-pensa! Um salteador assassino consegue fugir justia, viyer em abastana no estrangeiro, e morre

    enti~e riquezas; e a mesquinha "convico" do ateu lhe diz que sse ter a mesma sorte que o hollllem de carter, virtuoso e honrado ...

    O mpio est obrigado a dizer que ' homem fiel a Deus, cumpridor de seus deveres enganou-se e foi estulto; mas que foi hbil e eng:enhoso quem soube adquirir bens e vantag~ns merc de fraudes, m f e ardis inconfessveis.

    Ein sua vi,da h dias e horas em que at gozos lhe -causam nojo, o mundo todo lhe aborrecimen-to, a vida - insuportvel fardo e tortura. Teve um grande desengano? ... Indescritvel amargura dle se apossa... Nada consegue entusiasm-lo; de nenhuma resoluo capaz. E le pergunta:

  • 26 MONSENHOR TIHAMR TTH

    "Qual realmente a razo de m_nha existncia?" "A quem aproveita ter eu sado do nada. e estar aqui? E que seria se eu pusesse fim a esta vida intil e indigna ... ?"

    Vida sem Deus insuportvel. Tamblm Bis-mark o diz: "No posso compreender como pode ainda suportar a vida, quem se considera a. si mes-mo, e, todavia no sabe, ou no quer saber de Deus". (Carta a sua spsa, 1851) .

    Quem no cr em Deus no te]Jl ideais. alegria, 1esperana, valor na adversidade, nada possui se-no instintos de animal. E um povo que per

  • 28 MONSENHOR TIHAMR TTH

    enfermidade suspirava freqentemente: "Meu Deus, meu Deus!" O mdico 1perguntou-lhe ad-mirado: "Ento h mesmo um Deus para o filso-fo?" O doente replicou: Na dor, V>ejo que a filoso-fia sem Deus nada vale; se e.u convalescer, toma-rei outro rumo". Schopenhauer curou-se, mas es-queceu sua resoluo. Outra vez atirado ao leito de dor, o mdico lembrou-lhe o propsito que fizera. Furioso grita o mpio: "Deixe sses fantasmas. to-lices boas para as crianas; o filsofo no precisa de Cristo!" Na unesma noite morria o infeliz ...

    Reine, grande inilmigo da religi o, alguns anos antes da morte, escrevia a seu irmo: "Atrevida-mente levantei a fronte contra o cu ... e por isso estou agora atirado no p, como um verme pisado. Glria e louvor a DeuSi nas alturas. Teu pobr,e irmo, Henrique".

    E o mesmo Reine, que em_ seus cantos glorifi-cara o corpo como nica fonte de felicidade, escre-via em seu testamento: "H quatro anos rejeitei os frvolos sfismas d:a Filosofia, e retornei s idias religiosas, ao nico Deus. Morro na f do Redentor do mundo, cuja piedade humildemente imploro".

    H uma tima ironia do escritor hngaro Gar-donyi: "Seis sbios estavaan sentados no barco j carcomido ,dum velho marujo. Entretinham-se a falar sbre a ingenuidade; do povo, que acredita num Deus que no existe . . . O barco principiou a fazer gua.

    - Ag.ora, quem puder nadar - avisou o bar-queiro.

    - O' meu Deus! gritaram ento todos os seis. Tambm Nietzsche, o arevi.do blasfomador,

    que morreu louco, foi tomado de assustadora me-lancolia ao considerar sua vida rida e v: "Onde

    A RELIGIO E A JUVENTUDE 29

    hei de ir?... A cada monte !Perguntei pela casa paterna . . . Em parte alguma adiei meu lar ... Onde est minha ptria? Perguntd, ansfoso a pr-curei ... No a 1pude achar. . . O' eterna angstia, eterno vazio, deseS[>ero !"

    Em 1924 faleceu o ro1mancista Anatole France, talvez o mais frvolo blasfemador e mpio de todos os tempos. Por assim dizer, no escrevia seno1 li-vr,os imorais e irreligiosos. Graas a sses livros tornou-se riqussimo. Tinha tudo o que desejava. Apesar disso, notam seus bigrafos, sse patriarca dos gozos desenfreados estava sempre mal-humo-rado e descontente. Seu secretrio Bruisson conta que Anatole France declarou a um amigo: "Se pu-desses ver meu corao, ficarias assustado. No creio que haja homem mais infeliz do que eu. Mui-tos invejam l!ninha ventura, eJ eu nunca soube o que f sse felicidade, nem um dia, nem um minuto sequer!"

    Jovem, eis como a a1ma clama e suspira pelo paraso perdido, por Deus. . . porque abandon-Lo perecer.

    "ABANDONAR A DEUS E' PERECER"

    Antes da conflagrao europia de 1914, o es-critor francs Henri Lavedan, era tambm ateu fantico. Ningum como le, sabia zombar de Deus e da religio. Todavia, ao romper a guerra, cha-mado s armas, retratou sua incredulidade, em como:v,ente confisso ao povo francs:

    "Escarneci da f e julguei-:me sibio ... Iludi-me, a mim e a vs, que lestes os meus livros e can-

    lasN~s os meus versos. Fi rnma miragem, uma em-

  • 30 MONSENHOR TIHAMR TTH

    hriaguez, um sonho vo. Abandonar a Deus pe-recer. No sei se amanh estarei vivo. Mas aos amigos devo izer: Lavedan no ousa morrer como mpio. Rejubila. minha alma, ipois tive a felici-dade de viver a hora em que ca de joelhos para 1r1izer: "Creio em Deus, creio, creio!"

    Foi apavorante o film rle Voltaire, o patriarca da impiedade. As armas de seu atilado esprHo. empregava-as literalmente para espezinhar a f .p, a moral crist. Seu lema era : i:crasez l'infame!" (Esmagava a infame, isto , a Igreja Catlica). In-calculvel o nmero dos que se tornaram imorais e d'escrentes por causa da leitura de seus livros. Com razo chamado "Pai da incredulidade". Duma feita, contudo, o furioso negador de Deus ficou gravemente doente. Mandou chamar um sa-cerdote e quis confessar-se. Antes da absolvio retratou publicamente, em escrito ratificado por duas testemunhas, suas calnias contra a Igreja

    ~ a Religio, e exprimiu sua confiana no perdo divino.

    Ora, Voltaire no morreu. Restabelecido de sua enfermidade, foi a.o. teatro. Representava-se uma de suas peas, e lhe haviam preparado pom-JlOSa recepo. Seu busto foi levado ao palco e adornado de flores e grinaldas. E no fim de tudo, Ulm dos atores ps na cahea do prprio Voltaire, uma ooroa de louros. To envaidecido le ficou, que novamente abandonou sua converso, voltou para a companhia dos mpios, continuando a ser o que dantes fra: um incrdulo zombador.

    Mas recaiu gravemente doente. Outra vez pede um confessor. Porm, seus amigos incrdulos vi-gi::im seu leito e no o atendem . . Voltaire suplica-lhes tenham compaixo dle. . . ernl vo. Ento

    ,

    A RELIGIO E A JUVENTUDE 31 comea a gritar e esbravejar desesperadamente: Um punho me agarra e me arrasta ao tribunal de

    ~e~s .... O demnio est a e quer levar-me ... '' eJo o mferno, oh! por piedade, escondei-me!" Um dos presentes no agenta e se precipita para fora: "No, no possvel ver uma coisa destas!"

    No ltimo momento os amigos, afinal, man-dam, chamar o sace.r.dote, mas a agonia chegava ao termo; o doente J entrara em estado de carna e no mais recobrou os sentidos.

    Essa foi a morte do "pai da incredulidade"! ... Da em diante, a Irm que cuidara de Voltaire,

    quando. ch~mada para tratar um doente, pergun-tava prlJ1lle1ro se era ref!i.oso. "Pois" dizia "es-

  • 32 MONSENHOR TIHAMR TTH

    re~ no que eterno, sentirs tua alma dilatar-se em generosidade. A religio, e s ela, capaz de dar-te a chave de todos os problemas da vida. Ora, se a vida mortal no mais que preparao para a imortal, percebers fcilmente que sua finalida-de no consiste em mergulhar nos praz1eres. mas em educar e prenarar nossa alma para sua sublime e eterna predestinao.

    Conheces o "Fausto" de Goethe? E' a 'J)ersoni-ficaco do combat1e contra o crnal, em nrocura do bem'. Seu heri tenta tudo, lanca mo de todos ()S meios; mas o poeta encontra ~uenas uma nica soluco satisfatria; a f num Deus remunerador e numa eternidade. A "Divina Com.dia" de Dan-te, a "Missll Sollemnis" de Beethoven, o "Re-auiPm" df' Mozart, a "Criaco" de Havdn. a "Par-sifal" de W aaner, as ohras de Bach, Liszt Brahms, etc., onde ressoa como nota predominante o anelo e nostalgia da alma em busca de Deus, elas tdas confirmam a 1expresso de Tertuliano: "A alma humana crist por natureza."

    Sim, em vo procuras abafar a labareda per-severante. J Homero afirma na Odissia: "Todo homem tem fome 1de Deus."

    Flmbora no tenhas ainda visto muita coisa do mundo e da "vida moderna", ;provvelmente ters ti-do momentos em que defrontaste os grandes pro-hlemas da vida. Com o correr dos anos, hs de reconhecer sempre mais claratmente, que quanto maior fr o progresso da humanidade no campo da tcnica e da indstria, quanto mais requintados seus gozos, tanto menos po,dem essas conquistas satisfazer a alma predestinada a realidades mais sublimes.

    A RELIGIO E A JUVENTUDE 33

    O corao do homem suspira por Deus. Por mais .que nos esforcemos por satisfazer sse anelo com as maravilhas da civilizao, automveis, tea-tro. rdio, divertimentos, tanto mais, nas horas tranqilas, nosso corao ansiar por Deus, pela Ptria celeste.

    fmpossvel 1expulsar a Deus do mundo. Em muitos escritores incrdulos notamos um

    curioso paradoxo: mais acirradamente negam a Deus, mais freqentemente Dle falam. Parece que tanto ho de falar contra Deus, porque sua al-ma est continua

  • 34 MONSENHOR TIHAMR TTH

    um mundo melhor, ideal. No1 tem sentid:o tal an-seio? Sim! Deve existir uma perfeio absoluta, completa, Deus.

    --- No esquea;p,ois, meu amigo que tanto mais esplndido florescimento de alma te esper.a, quan-to mais rprofundamente. a encheres do sublnne P'en-salmento do eterno e onipotente Pai Celeste, que te ama com ternura infinita.

    Muitos, moos principalmente, tentam con-quistar a felicidrude sem Deus. Temo sempre ao ver jovens de nobres sentimentos, que procura1m estultamente acomodar-se siem Deus. E' verdade que na maturidade muitos retornam a_os i1de~is abandonados; sem embargo, a recordaao d:a JU-ventude despier.diada os acompanha a vida in-teira, como sotrnlbra triste.

    Goethe vivia na maior abastana, glorificado por todos. E entretanto! ... Ouve sua declarao, j na velhice: "A opinio ~eral faz d:e mim um homem particularmente favorecido pela sorte. No me quero .queixar, nim censurar o curso de minha vida, embora nada.mais tenh'a sido do que trabalho e luta. Posso afirmar que, ao longo dos meus 75 anos, nem quatro semanas fui realmente feliz." H entre os rabes a honita lenda d:o pranto do Saara: Nas lmpidas noites estreladas, quando suave aura sopra no interminvel areal do deserto, bilhes e bilhes de tminscu'los grozinhos de areia se mo-vimentam em leve atrito. sse f enmeno produz um som plangente, como o gemido lasti\lllOS de animal gigantesco feri

  • 36 MoN5!':NHOR TIHAMR TTH

    manh: Em nome do Padre e do F:ilho e do Esp-rito Santo. - Como se passava alegre o dia intei-ro! -- noite, dep:ojs de rezar e dar boa noite aos pais, era adormecer co1m o sorriso nos lbios. Co-mo eras feliz ento ...

    Mas depois ... Depois, lste um livro~ ou tiveste conversas

    com um companheiro leviano., ou, no sei porque, em tua razo que se desenvolvia surgiu o pensa-mento: "Ser realmente tudo como eu acredito? Ser verdade tudo o que creio?"

    A princpio, as dvidas se apresentavam tlmi-damente. Assustado, as enxotavas do esprito. Em vo! Elas ~oltavalm mais fortes. Agora, eu que-ro clareza!. . . Cada estgio de nossa vida xige uma dis1posio particular em face da religio. Quem sabe sie foste negligente em ocupar-te cada vez mais seriamente com as coisas da f? Julgavas--te sbio demais para isso, e relegaste f e orao ao esquecimento.

    Sobrevieram as dvidas! Sim, mas na realida-1de, no foi da raz,o. que surgiram as dificuldades; no foram argumentos cientficos; a verdadeira causa foi a indisc'iplina de tuas inclinaes, o des-regrado desejo de_ Iiberda~e, a v;ont.ade de fugi~ autoridade dos pais; ou, nao teras tido uma desm-teligncia com o .professor de Religi:o?

    Procura fazer uma sincera introspeco, a cer-tificar-te do que aconteceu. Mas uma coisa quero dizer-te ainda: onde h dvidas, a instruo se torna necessria. Vai e interroga utrn amigo mais velho, instrudo em religio, ou um saoerd:o.te. ex-pe singelamente tuas dificuldad~s ~ . aprende o modo de provar com s~gurana, c1enbf1c~mente. a existncia de Deus. Amda quero p~evemr-te con-

    A RELIGIO E A JUVENTUDE 37

    tra a soberha: no imagines. poder provar o Sr Divino como se soluciona um problema matem-tico. L onde nossa compreenso encontra seu li-mite, s nos resta inclinar-nos reverent1es ante o impenetrvel infinito de Deus Uno e Trino. Com-preender ste mistrio, no o p:o.deremos nunca. Alcanamos apenas fazer conjeturas, basieadas na trindade do mundo que nos cerca, o mundo da es-sncia. da substncia e do valor.

    No verdade meu caro amigo, que agora re-conheces no serem tuas dvidas ainda increduli-dade? Tua f infantil comeca: a transformar-se., a agir, tornar-se juvenil. Mas ~uidado ! muito cuida-do ! No venhas a perder tua f. no perodo em que ela procura encaminhar-te da crena infantil e cndida para a compreenso varonil. Entremen-tes, ~eza com maior fervor: "Creio, Senhor; creio, mas preservai-me da incredulidade!"

    FE' JUVENIL - FE' VARONIL

    E' bem possvel, - oxal todos o conseguis-sem! qrie tenhas podido levar, da meninice para a mocidade, so e salvo o teu maior tesouro, tua f infantil: e cons1eguido vencer, seim mafores abalos, os escolhos e tempestades dos anos da adolescn-cia. lnf elizmente. ainda assim, no ests fora de perigo. Uma ltirrna e grande prova te espera: cumpre transformar tua f juvenil 1em f varonil.

    Aqui preciso mencionar o grande nmero de moos que perderam a preciosa jia da f, du-rante o perodo universitrio, aps a terem con-servado. intata, apesar das tentaes, no decorrer do curso secundrio.

  • 38 MONSENHOR TIHAMR TTH

    Ao entrar no mundo, tua primeira observao ser, infelizmente, que a reJigio, na vida de mui-tos camaradas teus e na de muitos adultos, tem ulm papel de somenos importncia, se no estiver de todo estiolada. Por -tda parte hs de ver quo fcilmente moos sem experincias se metem pelo caminho da descrena. Contudo, no conseguirs ver quantos, j

  • 40 :MONSENHOR TIHAMR TTH

    as pessoas como moscas. Em quantas vielas no restou sobrevivente algum para atender ao cha-mado do1 cocheiro do carro morturio, que pergun-tava pelos vitimados. . . A atividade judicial ficou paralisada. . . Quem s:e importava ainda de leis!? Horrendo!

    Mas ainda hoje grassa terrvel peste nos gran-des e pipulosos centros. Se fsse preciso sepultar a todos os que trazem a alma j contaminada, em quantos lugares no deveria parar i carro fu111e-rrio, para carregar jovens ao cemitrio

  • MONSENHOR TIHAMR TTH

    Verdade profunda encerra o .provrbio russo: "Podemos dispensar nosso pai, prescindir de nossa me, mas sem Deus no podemos viver".

    E pois, meu cal'O, jamais querers perder teu maior tesouro -- tua f, no exato? Sabes como a podes conservar? A1plica-te a conhec-la o melhor possvel, permanece humilde de corao, vive se-

    ~ndo a tua crena e guarda-te de leituras e am-bient1e que a possam fazer periclitar. Observa a palavra do poeta:

    O que Deus esculpiu no corao Para mirnha alma lei, obrigao.

    Um menino da cidade, que nunca estivera no ca/mrpo, l chegou justamente aps uma chuva. Em-bora tivesse todo o cuida0do, enlameou-se at os tornozelos, 1enrquanto os. sapatos do. rapaz do stio, que lhe ia na frente, ficaram limpos.

    -- "Meus sapatos esto horrivelmente sujos; como faz voc para ficar limpo?"

    - "Quando se passa no meio de poas dgua, respondeu !O, rapaz, a gente no deve olhar para a lama, porque assim sie1 pisa mesmo. E' preciso sempre escolher os lugares limpos, e a .gente no se suja".

    Seja .qual fr o meio em que te achares, ou devas viver, no olhes nunca quo per\lle.rtidos es-to teus camaradas; pelo cont:r~rio, d tua aten.o e afeto somente aos limpos de corao.

    A I\EIJGIO E A JUVENTUDE \ QUANDO O CU SE COBRIR DE NUVENS

    Se durante muito tempo no movermos uma ;pedra, ela se cobrir de musgo; s1e deixarmos de fazer exerccios fsicos, os ;membros ficam flcidos. O mesmo vale da f: quem no pratica sua reli-gio, envolvido primeiramente pelo musgo da in-diferena; em s1eguida vm. as dvidas; e o fim qual ser? ... F tbia. e talvez descrena completa.

    No deves, portanto, apenas salvaguardar tua f; deves viv-la. Exercita-a na orao. Reza, tdas as manhs o "Creio em Deus". lenta 1e devotada-mente. Rende graas a Deus, porque te f z nascer na verdadeira f catlica. Principalmente, porm, pratica-a por uma vida ideal que busca na religio suas f ras. Como causa primordial dos desvios fundamentais da alma de rmuitos e muitos }01Vens, podemos indicar o fato de manifestarem em sua vida, um esprito de f deplorvelmente mesqui-nho. A religio terica, que se no manifesta em prtica, vale tanto como um carro sem 1eixo.

    Por essa razo compreenders, etrnJbora te pa-rea curioso primeira vista, .o conselho que uma vez dei a um moo:

    ~le se queixava: "Quisera crer, llll:as no posso".

    - "Meu caro, faa violncia sua vontad1e! A f graa divina, mas supe a vontade humana. Sim, Deus concede a graa; depende porm do ho-mem querer colaborar com ela ou no. No pode crer? Pouco importa! Repita o clamor dos apsto-los: "Senhor, robustecei nossa f!" (Luc. 17,5). Ou diga como o pai da criana doente: "Creio Senhor, mas aumentai a: minha f!" (Marc. 9, 23). Voc

  • MONSENHOR TIHAMR TTH

    murmura que a orao o deixa frio, que no acha atrativo na S. Missa, que a vida religiosa lhe en-fadonha. Ainda uma vez, pouco, importa! Apesar de tudo. recite conscientemente as oraes de cos-tum:e; apesar de tudo procure seguir as oraes da missa. do princpio ao fian".

    "Mas uma religiosidade assim forada, de nada vale", dirs talvez.

    "Engano! O Pai Celeste no considera os re-sultados, mas sempre leva em conta a boa vontade. Aceita com complacncia a luta de nossa vontade contra a preguia e as tentaes". .

    Quando pois te atormentarem dv1das contra a f, embora o faas a contra-gsto, no deixes de rezar com regularidade e freqentar os sacramen-tos da confisso e comunho. O jovem que reza., conf1essa e partidpa do Banquete Sagrado no per-der a f, muito embora o assaltem as mais terr-veis tentaes. Repete a mido esta orao:

    "Senhor, no posso crer! Ou, pelo rn enos, pa-rece-me que o no posso: O cu se tolda, sh:rie a minha cabea ... mas, quero crer em vs, Senhor 1 Quero, sim, quero crer! Ajudai-me contra a incre-dulidade !"

    D~IDAS

    Queixas-te porque sur.gem dvidas que. te ator-mentam. No te impressiones. O que os jovens chamam dvidas da f, geralmente no passa de tentaces neun constitui descrena pecaminosa. E' vierda'de que a fidelidade f requer de muitos, combate rduo que deve ser levado a bom trmo; mas os prprios santos, ean geral, no estavam li-vres

  • 46 MONSENHOR TIHAMR TTH

    compreenso igual. Eis justamente a razo por que a f 'Oi fundamento da vida r eligiosa: todo o ho-mem, seja quem fr, pode possuir uma f slida.

    Donde prov)n pois a incrie.dulidade? Da estul-ticia e do orgulho dos homens. "Em Deus h trs Pessoas e no entanto num s Deus e no trs. Como poder ser isso? No entendo, portanto, no creio!" -~ "O sacerdote, na missa, pronuncia sbre a hs-tia estas palavras: Isto uneu corpo - e desde sse instante j no h mais po, mas o Corpo do Salvador. No posso compreender, no. posso crer!" A inteligncia limitada do homem no quer crer o que le no pode compreender. A causa de muitas dvidas sbrie a religio pois uma estulta pretenso de sabedoria.

    Responders que tuas dvidas no proivm dsse orgulho; que desejarias muito crer com al-ma humilde, e no obstante sofres de incertezas. No; ternas, so tentaes contra a f, permitidas por Deus, para que aprendas a lutar e sias forta-lecido da lia. De tais provaes nem as almas rpiedosas se isentam. Com elas. Deus tem em mira determinado fim. Realmente, qual seria o mrito em acreditar verdades da religio, depois que as tivessemos compreendido como o 2 x 2 so 4? E' merecimento acreditar nos resultados da talbuada? Oerto que no. Pois, no h como fugir; nossa razo percebe claramente que s pode ser assim.

    . Com as verdades da f, todavia, bem dif.e-rente. Entre elas no !J. nenhuma que seja contr-ria razo, embora muitas 1estejoon, acima de nossa inteligncia. Sua aceitao exige a submisso, no s da razo mas ainda da vontade. E' nisso que consiste o mrito da f.

    A RELIGIO E A JUVENTUDE 47

    Quanto mais lutas contra as dvidas, tanto mais meritria a f. Muitos mocos. comentam a:in-da o motiv porque Deus no ;evelou mais clara e positivamente certas verda.des. Por exemplo: "Jesus Cristo ressurgiu dos mortos'', creio-o. En-tretanto, no teria sido muito trn:ais fcil' a f se, em vez de mostrar-se imica+mente aos .discpulos, O tivessem visto tambm s;eus inimigos? Por que no prostrou por terra, com sua apario, aos es-cribas e fariseus triunfantes, como o fizera com os soldados no Jardim das Oliveiras?

    Ou: "o Papa infalvel quando ensina ex-ca-thedra uma ver dade da f ou de moral", 1eu o creio. Mas, quanto mais fcil seria cr-lo, se Cristo ti-ves~e. dito a S. Pedro: "Tu s o chefe da Igreja; 1quando pois tu ou teus sucessores ensinardes um artigo de f ou de moral, sereis infalveis ... ?"

    Por que Jesus no disps as coisas assim, bem concreta e explicitamente? pensar algulm. Ora, o ponto de vista acima apresentado, dar-lhe-ia a resposta. Deus no nos quer obrigar f, o que no seria !meritrio para ns; le quer que nossa boa vontade tenha seu papel. :i;:1e revelou as ver-dades com suficiente dal'le.za, para que sem cons-trangimento possamos reconhec-las; deixou tam-bm algumas coisas s escuras, em mistrio, para que a f, isto , a humilde e meritria submisso. da vontade, tenha tambm sua p~rte.

    Que fars pois, quando as dvi1das te assalta-rem? - Combate o inimigo cdm suas prprias ar-

    "Q ib . mas. - urem sa e se existe realmentei um Deus .. . , no h alm-tmulo ... " qui, venha as-sim a tentao. Em resposta, reza devotamente o "Credo"! Ou o esprito te insinue taJvez: "Sel" que Jesus Cristo est, realmente, no S. S. Sacramento?"

  • 48 MONSENHOR TII-IAMR TTH

    Ajoelha-te diante do tabernculo, para entre-ter-te com o Divino Prisioneiro.

    Ao sobrevirem hesitaes e dvidas acrca de dogmas da f, que ultraipassam nossa fraca com-p~eenso, cuidado! no se obstine tua razo, que-rendo ver claramente o que no pode alcanar o linnitado entendimento humano. Pois, se na ordem materia1 podemos provar a realidade da 1existncia de fenmenos vrios, sem sabermos explicar sua essncia, no temos direito. de duvidar da reali-dade e veracidade ,de dogmas, porque. no' pode-mos perceber imediatamente o 'como". O mais seguro expulsar logo da mente sses pensamen-tos, com decidida erue.rgia.

    Se as dvidas surgirem em questes coi'.itidas no mbito da razo, vai-lhes no encalo, procura instruir-te, pois possvel que estas dvidas sejam um estmulo para que dis,P'enses llll,aior intersse

    i~eligio e alcances a clareza desejada. - L um bom livro que trate do assunto em que precisas esclarecer-te.

    Pretenso e falsa confiana em si mesmo po-dem levar-nos ,descrena. Muito mocinho est convencido de que inteligente, superior, esclare-cido, rquando, bca cheia, anuncia aos compa-nheiros que j no cr na doutrina da religio, que "j no mais criana" e que ,deixou de sub-meter-se s

  • 50 MONSENHOR TIHAMR TTH to vontade como os dois mendigos de S. Mar-tinho.

    Quem so os mendigos de S. Martinho? Certa ocasio, como se transladaiSsem; as reliJquias do santo, com soliene prstito, todos os doentes que se achavam no percurso ficavam curados. Percebe-ram-no dois 1mendigos aleijados, e um, todo assus-tado, diz ao outro: "Vamo-nos embora depressa; que ser de ns, se ficarmos tambm curados? De _ que havera\mos de viver? ... "

    V: por essa razo muita g1ente no quer crer. Que seria dles? No poderiam continuar a viver em suas enfermidades m'Orais, em seus pecados.

    O pecador geralmente se ,dJef ende contra as re-criminaes da conscincia, como o avestruz perse-guido. A ave foge desatinada, embora pudesse opor .eficaz resistncia comi seu bico possante. Quando finalmente est de todo extenuada, escon-de a cabea na areia e pensa que seus perseguido-res desapareceram, porque n'O os v. .

    Tatmhm o pecador poderia livrar-se dos re-morsos; !bastaria renunciar ao pecado. Mas no!

    Prefere faze,r-se surdo e negar a vida eterna, Deus e a religio, para no precisar vier o perigo ameaador .da condenao eterna.

    Anota o que diz o escritor francs Rousseau, nada religioso alis: "Conserva: tua alma em tal disposio, que ela tenha de desejar a Deus, e ja-mais duvidars ida existncia divina".

    A MORAL SEM DEUS

    A imoral jia to indispensvel humani-dade, que todos consideram sua defesa como ahso-

    A RELlGIO E A JUVENTUDE 51

    lutamente necessria. Por mais errados que sejam os conceitos de muitos acrca da religio, todos proclamam unnimemente a necessidade de pro- -teger os bons costumes e de salv-los, em prol da humanidade.

    Mas esta justamente a pergunta: pode-se fa-lar >de moral sem religio? Pode algum ter bons costumes sem ter f?

    Quando se instala a bssola num navio, pro-cura-se isol-la, o melhor possvel, da influncia de correntes magnticas que ipoderiam provir da couraa do casco. A razo a bssola da vida hu-mana; correntes estranhas, oriundas do corpo -a inclinao para o mal - desviam-na fcilmente e desgovernam nossa vida, Sie ela no estiver orien-tada para determinado ponto, muito acima de tda corrente de egosmo e d~ ilus'O prpria. Se os ho-mens, e no Deus, tivessem determinado o quie moral ou imoral. andariam muito mal parados a resipeito da moralidade. Pois o que eu chamo pe-cado, com o mesmo direito outro poderia chamar virtude.

    Portanto, quem no cr no Supremo Legisla-dor, superior natureza, quem no cr numa vida sobrenatural, depois da terrena no pode falar etrn moral. Em primeiro lugar deve o homem saber 1que a criatura humana e quelm Deus; s ent'O compreender o que dieve fazer ou omitir.

    Uma vi.da morigerada exige luta; no pode ser diversamente. Um colegial se exprimia assim: "Por que to difcil ser bom e to fcil ser mu ?" No notaste ainda, ie repetidas ivzes, sse antago-nismo trgico em teu corao? A razo reconhece

  • 52 MONSENHOR TIHAMR TTH ' o bem e o deseja; nossa natureza decada, pelo

    contrrio, arrasta-nos ao mal ... No entanto, s poderei suportar os mltiplos

    sarrifcios e a mortificao de mim mesmo, que, uma vida ,die carter, exige liriamen te, se minhas aspiraes se apegarem ao Sumo Bem, a Deus, para Quem vivo, de Quem tudo recebo, e que, so-mente ~le, pode conceder minha vontade a ne-cessria inabalvel fortaleza.

    Um grande pensador grego tinha como pensa-mento favorito, que a alma hrnmana provm de Ulm. mundo totalmente perf

  • I

    MONSENHOR TIHAMR TTH

    A primeira esterla interroga novamente: "Ir-Q A ?" m, olha de novo .para a terra. ue ves agora.

    -- "Uma infinidade de formiguinhas bpedes que se agitam sbre ela".

    - "So os homens". Mais uma vez escoam cem mil anos. - "E agora que enxergas sbre a terra?" - "Nada se move. Glo e neV1e cobrem tu-

    do ... " At aqui o 1dilogo dos astros. No sentes, cari

    jovem, o bafo glido e destruidor da caducidade da matria? Se a vida humana transitria, se no h uma vida eterna, quem nos emprestar fras para perseverar na honradez, no carter, na moralidade, tambm quando tivermos de sacrifi-car ipara isso o nosso progresso material, o xito, o bem-estar, os apetites sensuais? Sim, para uma vida imortal estamos prontos a sacrificar os inte-rsses temporais. Quem quisera, porm. trocar os bens passageiros por outros igualmente transit-rios?

    O PRINCIPAL E' A HONRA

    "A qualquer credo pertenas, - nem sei se tens religio ou no - no importa, isso secun-drio: o principal ser honrado. Isso !basta!"

    Ouvirs por certo stes conceitos: "Isso bas-ta!" dizem les. O escritor francs Sgur,

  • 56 MONSENHOR TIHAMB TTH

    roupas perfumadas. Eis a opinio de um escritor de renome, acrca dessa espcie de homens corre-tos: "Segundo a mnderna honradez, honesto aqule que paga suas dvidas mais urgentes, no se deixa apanhar 1em flagrante Imentira, no pro-voca escndalo, em seus negcios consulta o cdigo penal, contribui para coletas, anda b~m. vestido, dispe de regular educao cientifica e pode apre-sentar os mesmos atributos 1em seu pai legtimo. (Walter Rathenau)". Eis tudo.

    A sociedade humana precisa de gente honrada. Mas verdadeira honestidade s se encontra em ho-mens religiosos. Aqule a quem falta a religio, carece de fra interior que o sustente, em tdas as situaces dificeis, na senda do dever. Para que no te deixes subornar por vantagens indbitas, embora te oprima a misria material; para que, como juiz., sejas imparcialmente justo; como !mes-tre julgues com justia, etc., s uma vida reafanen-te religiosa te poder habilitar. Por isso iescreve Plato acertadamente: "Quem ataca a religio. ataca os fundamentos ,da sociedade humana".

    Se apesar disso vires homens de carter, real-mente honrados, descrentes segundo tua opinio, podes estar certo de que tambm sua honorabili-dade se funda na religio, muito embora no quei ram saber dela. Talvez tenham recebido na infn eia uma educao religiosa, qual infelizlrll!ente se tornaram infiis; mas isso bastou para que os prin-cpios religiosos os tenham apurado de tal modo que considerami a honradez como virtude natural. Um campo no irrigado se apresenta, muitas vzes, verdejante de vio porque no sub-solo corrie um fio de gua vivi.ficante, sem que ningum o saiba.

    l .;., .,

    L 1'

    A REUGI E A JUVENTUDE 57

    A sociedade moderna no vive totalmente sem Deus, embora parea o contrrio. O cristianismo de vinte sculos embebeu de tal modo nossa vida coon pensamentbs cristos, que todos so nutridos por suas f ras ocultas, inesmo aqules que julgam .possvel uma honradez sem religio. Quando o sol desaparece no ocaso,. o cu no escurece iunedia-tamente; h uns raios dispersos que brilham ainda algum tempo.

    Se no entantd encontrares algum incrdulo honrado, examina de perto o que o afastou do cris-tianismo. Ser o que nobr-e e grande? No; mas alguma coisa estreita, apoucada ou superficial foi o que o arr.edou do caminho.

    "Procurai um povo sem religio, escreve Hu-me, .pensador ingls, s eo achardes, sabei de ant0-rrno que le no diferir muito das feras".

    E' assim mesmo: sem Deus, torna-se a socie-dade humana um !bando de salteadores e a vida dP. cada um em particular torna-se insuportvel. E"-pantados n.s lemos, todos os dias, notcias sbrf' suicidios, um dos maiores pecados que se possam cometer. Contudo, no nos admiriemos que sse crime ocorra com tanta freqncia. A vida no um brinquedo de crianas, seno um tempo de tra-balho rduo e de srias provaes. Quando sobre-vlm uma torrente de desgraas, nossa nica espe-rana, apio e fortaleza, nossa f em Deus, a cer-teza de que esta vida smente uma estaco de passagem, que o tennpo da fidelidade, do traba-lho, da perseverana; a convico de que "quem fr fiel at a morte, receber a coroa da vida eter-na". Sem esta f no se ;pode viver, e no de es-tranhar pois que ante as provaes procure ref-gio no suicdio aqule que perdeu a f!

  • I

    58 MONSENHOR TIHAMR TTH

    A CARICATURA DA FE'

    Um sbio educara o filhinho completamente afastado do convvio do mundo e. nunca pronun-ciava diante dle, a palavra "DEUS". Queria ex-perimentar se a alma, abandonada a si mesma. poderia chegar ao conhecimento de Deus. Quando a criana atingira seus dez anos, o pai notou que o rapazinho se esgueirava de madrugada para o jardim. Seguiu-o de mansinho, e que viu? O meni-no, ajoelhado no solo, erguia as mos postas para o sol.

    Pobre rapaz! Tomava o servo pefo Rei! Mas, me~m,o assim, deu uma brilhante prova de que a alma humana religiosa por natureza. Fechando--lhes as !fontes apropriadas, ela se apega a grossei-ras iluses e erros. -

    Podemos retroceder at os tempos mais remo-tos da histria dos homens e no encontraremos um nico povo que no tivesse religio. A religio-sidade exigncia da prpria natureza humana . Negar a existncia de Deus violentar a natureza.

    Observamos, hoje em dia, a cada passo a con-firmao de que a alma do homem anela pela re-ligio, e que sem esta fica desassossegada, impa-ciente, ,enferma. Vemo-lo naqules homens, dig-nos de lstima, que se afastram da religio. Acre-ditas que sses "descrentes" sejam realmente in-crdulos? No! A alma tem sde de f; ao desviar--se da vevdadeira religio, ela se apega com fr.e-nesi aos mais diversos substitutos da religio, a caricaturas grotescas de f.

    Floresce em nossos dias a mais crassa e est-pida superstio, no s entre ignorantes, mas tam-

    A RELIGIO E A JUVENTUDE 59

    bm entre os cultos. Provam-no os adeptos do teo-sorfismo, do espiritismo, da astrologia, da carto-mncia de todos os Hpos, ou como quer que se chameun todos sses "fenmenos ocultos".

    Quem no aceitar a alma com a verdadeira re--ligio, h de acreditar em fantasmas envoltos em lenis; qrnem se diz incrdulo, torna-se ingnuo; quenn no crer no Credo, acreditar em coisas ri-dculas. E' como aqule homem que conta o natu-ralista dinamarqus Oerstedt: "Conheci um indiv-duo que blasonava uma soberba descrena; de noi-te, porlmi no se atrevia a passar diante do oemi-trio".

    Entre o povo simples muitas vzes a igno-rncia a causa da superstio; contudo, para as pessoas cultas, essa atenuante no vale. Cleibres descrentes como Diderot, D' Alenrnbiert, eram ridi-culamente supersticiosos. Frederico II, o "esclare-cido" rei da Prssia, considerava prenncio

  • 60 MONSENHOR TIHAMR TTH

    "N. 13? No existe". - "Como? Por que no exis-te?" - "Ora holas, nirnrnm se atreveria a tom--lo!" E no Hotel: "Poderia mostrar-me o auarto n. 13?" - "18? Isso no temos. No h hspede que nle se aloie". - "E quando o hotel est r~pleto, superlotado?" - "Mesmo assim: o hspede preferiria dormir numa banheira, a ocupar o quar-to n. 13. Nada disso! E' nmero aziago !"

    Pobre 13! Por aue s nmero die mau agouro? Nem o 12, nem o 14 o so ...

    Do mesmo modo, a quinta-feira no dia aziago, o sbado tambm no; mas a sexta-feira sim! Quem se atreveria a empreender viagem nu-ma sexta-feira. fechar um negcio importante ou comear uma obra de valor? Quantas vzes ns ouvimos: No sou supersticioso, entretanto somos 13 . m.esa, seria bom se viesse mais algum", ou: E' verdade que no s supersticioso, 1mas no viajes amanh, sexta-feira".

    Um gato prto cruza teu caminho: mau sinal, o resto do dia est perdido. Se te zumbir a orelha idireita ou sentires ccegas na palma da mo, algo de bom vai acontecer. Contam que fulano morreu o que no se verificou na realidade, sinal certo de que sse fulano ter longa vida. Uma coruja grita sbre o telhado ou o relgio de parede parou? Em breve morrer algum da famlia ... Quem no co-piar seis ou nove vzes certa orao e outras tantas a depositar na igreja ou enviar a igual nmero de pessoas, ser infeliz; pelo contrrio; quem o fizer, ver realizado um desejo que formulou.

    Bm seguida, a infinidade de adivinhaes. re-velaes dos espritos, a cartomncia, ler a sorte pelas linhas da mo, determinar o horscopo pelas

    A RELIGIO E A JUVENTUDE 61 1:

    constaleces da hora do n~scimento. etc., mas em particul~r a estultcia do espiritismo com seu ocul-tismo abalador dos nervos e destruidor da sade, fazendo de seus sectrios, candidatos ao mani-cmio.

    Pobre "homem moderno", que no queres crer! At as orelhas ests metido nas crendices, porque no queres ter f! Bem te quadram as palavras de Ccero: "Ningum te;me tanto a morte e a ira dos deuses, coono os que negam a divindade".

    Talvez te admires de que eu tanto insista nas supersties. Fao-o para que vejas onde vai a falta de religio, a incredulidade; para que notes em quantas coisas acredita quem no quer crer em Deus.

    O homem culto" moderno" sorri do homem do povo que espera a cura de sus males mediante ervas duma cigana; sem embargo, h nas cidades cartomantes em luxuosos apartnmentos ou mesmo em casebres miserveis, consultadas por "cultos" e "esclarecidos" snhores e damas. Aquela senhora no vai nem confisso nem comunho - quem ainda acredita nisso? - mas espera ansiosamente, horas a fio, na antecmara duma cartomante. Aquela mesma que no costuma rezar - por no ser moderno - procura sabrer o futuro mediante o bilhetinho puxado por mn rato branco. Numa casa "moderna" no fica bem um crucifixo na pa-rede e sim uma ferradura enferrujada na soleira da .porta: porque traz sorte! Medalha de N. Senho-ra ao pescoo a fim de lmbrar-nos a imitao das virtudes de Maria Santssima? No, fora com as coisas da Idade Mdia! Hoje tem-se um trevo qua-driflio: nada como isso para dar sorte!

  • '62 MONSENHOR TIHAMR TTH

    V, ou somos religiosos ou supersticiosos. Quando se malogra o anseio da alma humana pela religio, viva, real e pura, le se manifest~r em extravagncias doentias. Se fecharmos a porta f. a superstio entrar :pela janela. Quenn no cr ~m Deus, acredita em fantasmas da meia-noite. As crendices so um substituto para a f: entanto, como sucedneos, valem tanto como milho torrado em lugar de caf.

    Os prprios pagos criteriosos zombavam dos supersticiosos. Certa vez um soldado achegou-se a Cato e perguntou todo trmulo: "a noite passada, os ratos roeram minhas botas: que significaria isso? "Que os ratos tenham rodo tuas botas, res-pondeu o romano, nada significa. Importai.1te seria se as botas tivessem roido os ratos".

    A verdadeira f para a humanMade um rio vivificante e abenoado; a incr-edulidade, pelo con-trrio, um dilvio devastador, .que sepulta o terre-no frtil debaixo de lodo nauseante.

    Caro jo~em, defnde e conserva tua f. No acredites no trevo ouadriflio nem na cartomn-cia, mas cr em Deus .Pai, Todo Poderoso. Criador do cu e 1da terra. No acredites no rato branco ou na ferra dura, seno no Filho de Deus, Jesus Cristo, Salvador nosso. No acredites em fantas-mas ou nas iluses espritas; cr no Esprito Santo, na ressurreio da carne e na vida eterna .

    NO POSSO SER SANTO

    Muitos jovens tm arrepios ao ouvirem falar dos santos do cristianismo, principalmente quando lhes so propostos como modlos.

    A RELIGIO E A JUVENTUDE 63

    "Querem que tambm eu seja um santo?! No! No! ~no quero! E muitos se assustam s' ietm: pen-sar msso.

    Mas.que a santidade, e quem chamado san-t?? Santidade possuir um carter n6bre que visa fms_ ele~ados . Santidade no fuga do munido, senao trmnf o sobre o mundo. Santidade a ener-.gia de alma levada ao infinito., Santidade a ava-liao exata dos valores da vida.. Os santos so heris: heris da liberdade de alma.

    Que que no pertence essncia da Santi-da1de? Retrair-se furtivamente, inclinar a caheca :para o lado, revirar os olhos, entregar-se tristez~. a melancolia, indolncia, ao extermnio de no~ bres aspiraes naturais, enfim nada do que tanto amedronta, ao ouvir a palavra "santo", necess-rio para ser santo.

    Que pois o santo? Um heri! O heri da vitria sbre si mesmo! Um sublime e aliciante modlo daquilo que a vonta1de humana capaz de realizar. O slo da inabalvel f na insig11e pre-

    d~s.ti~a~o da humanidade. O 1exemplo da magna vitoria sobre o eu, exe1nplo que comunicou entu-siasmo e vida a vrios sculos. Santo aqule que d:e~envolve, com conseqncias hericas, o que pos-sm de nobre, para q.ue a imagem do Salvador se torne uma obra prima na sua alma.

    E agora, ~neu .an11igo, dize-me, no gostarias de s~r Uln! ~er?I assim?. Responders talvez que isso sao ex1~enc1as demas1~das , que sse ideal no pode s1~r reahza1do; menos amda por um jovem do sculo vmte.

    D.igamos que. tens r~zo. r;1o deves .esquecer todavia, que um ideal nao nos e proposto somente para que o alcancemo&, mas tambm para que lu-

  • 64 MONSENHOR TIHAMR TTH

    temos p0r le, e nos esforcemos por al_can-lo. Quanto mais relevada . m~ta que ~}meJas, tanto mais te elevars, exercitaras tuas foras, mesmo quando no a alcanares completamente.

    Porque a imitao dos santos nos eleva tan~bm s alturas da vida espiritual. Os santos aph-cam, por assim dizer, a doutrina de Cristo vida cotidiana: em exemplos prticos, em fatos vividos. nos mostram. como ela pode ser realizada e cum-prida na vida humana. Uma grande energia se co-munica nossa fraca vontade, ao contemplarmos tais exemplos, e nos prova que no somente se deve, mas tambm se pode imitar a Jesus Crist?. E isto em qualquer carneira. S. Lus. S. Estams-lau, S. Joo Berchmans conquistaram a liberdade espiritual, tornaram-se. santos COlll1o estudantes, tanto como o rei Santo Estvo, no trono. S. Mar-tinho como guerreiro, santa Zita como simples em-pregada. . . .

    No h negar: na vida de mm tos santos en-contramos particularidades que podemos admirar. mas no imitar. Quero chaimar-te a ateno para isso, a fim de que no te desanimes. E' verdade que no podemos mitar certas ~nortificaes e pe-nitncias, que muitos santos se nnpunham. E tam-bm certo que no se exige a imitao de uma ou outra aco da vida dos santos, mas o esprito que os anhi'iou a tais atos extraordinrios. No ~~istianismo primitivo houve santos, que por pemten-cia se faziam murar, para tda a vida, no jazigo de uJm tmulo onde nem podiam estend:er-se em todo o comprimento. E' natural que isso no se pode imitar. Mas - no verdade? - o esprito de onde emana sse profundo e verdadeiro arre-pen.dimento, ns o deveramos aprender! Os cha-

    A RELIGIO E A JUVENTUDE 65

    mados estilistas, durante decnios, no baixavam ida coluna sbre a qual permaneciam. Quem os poder imitar? Entretanto procuremos adquirir aquela fra de vontade, aqule herosmo, aquela abnegao que lhes inspirava a realizao de coisa to extraordinria.

    A tda hora lemos que nesta ou naquela ci-dade se erigia um monumento a tal ou tal homem: unn artista, um: sbio, um general, etc. Quem rea-lizou uma grande obra para a humanidade, agra-decem-lhe com um monumento. Alm disso, os grandes e ilustres vares no so honrados some~1te com esttuas; os objetos do seu uso, mvieis, rou-pas, escritos, etc., so recolhidos e reunidos em museus. Est tudo muito bem. A venerao dos grnd'es coisa profundamente arraigadrn na natu-reza humana.

    No entanto, maiores do que os heris da cin-cia so os heris da vida! Mais ilustres: do que todos os exploradores dos polos, pintores, qumi-co5, so as almas hericas que, com vitoriosa re-nuncia do prprio eu, souberam modelar em si o eternamente helo, a imagem divina. Sim, com tda a razo enaltecemos os grandes escritores, ar-tistas, sJbios, estadistas; contudo, aos heris da vMa moral, a quem chamamos santos, a stes, no devemos exaltar somente, mas, havemos de imitar seus exemplos.

    "Santo". Agora sabes o que a palavra signi-fica. No quererias ser um heri assirrn?

    TENHO CA AS MINHAS IDIAS Uma das caractersticas d:a adolescncia, dos

    14 aos 18 anos, o desejo desenfreado de indivi-

  • 66 MONSENHOR T1HAMR TTH

    dualismo. "Ningum me d ordens! A mim no agrada o ,que eu mesmo no concebi!"

    :t::stes no so incrdulos, mas apenas

  • 68 MONSENHOR TIHAMR TTH

    mais ampla divulgao das verdades por ~le en-sinadas.

    Do soberbo edifcio que chamamos Igreja, no se pode retirar uma nica pedra, sem abalar a cons-truo tda. Porque no posso compreender um ou outro dogma, porque esta ou aquela lei me pare~e errada, no hei de dizer logo: isso no verdade. a religio catlica antiquada, um jovem moderno no pode mais ser catlico ... E' :bem possvel que a causa de minhas dvidas esteja no conhecimento deficiente, na minha pouca prtica da vida. Olho em meu derredor, lano o olh'ar para o passado e verifico que os mais ilustres representantes 1do esp-rito humano, sbios g:eniais, artistas, personalida-des criadoras, no procuraram uma "religio inde-pendente'', mas foram filhos fiis da f catlica. Da 1mesma forma, meu crebro ainda novo no sofrer humilhao se eu inclinar a cabea ante a Igreja, e aceitar fielmente todos os seus dogmas e mandamentos, inclusive aqules que, durante os anos de efervescncia, eu considero como velhos e pouco slidos .

    E se notares falhas 1e fraquezas, qui nos mais sagrados pontos da histria bimilenar da Igreja? Que fazer ento? Escuta! Diante do famoso quadro de Ticiano o 1doge Grimani e seu sJquito, eshlv8 certa vez um sapateiro. Examina a maravilha ge-nial db artista. Olha, olha e finalmente diz: "Todo o quadro nada vale; a costura do sapato de uma das figuras est errada!" Cuidado, no venhas a ser ulm sapateiro de Veneza, que no vai alm da costura e que por causa disso no pode perceber o sublima e grandioso conjunto.

    A RELIGIO E A JUVENTUDE 69

    ENTRE LOBOS

    Sabes, meu amigo, 1que coisa no uivar com os lobos? Ora,! Esta pergunta te .espanta? No en-tanto, ela aponta o grande perigo que ameaa muitos jovens que tm, infelizmente, carter fraco. Lembro-me a profunda impresso que me ca'usou a histria da covardia.. de Pilatos. "No acho culpa nesse homem", disse.

    1-- Pe-te ento no lado de Jesus acusado! Li-berta-o! Defende-o contra o populacho! - No, Pilatos no capaz disso, porque lhe gritam ao ouvido que o acusaro diante de Csar. - Ah! jun-to a Csar? Ento encerrarei minha carreira? -Pois que perea Jesus, eu quero progredir!

    Esta covarde falta de princpios repete-se na vida de tantos jovens... Eles gostam de sua reli-gio e praticam-na, contanto que ningum em sua presena pense diversamente. Pois, se algutm co-mear a zombar da religio, se um cabecinha de vento ridicularizar as coisas mais sagradas les se :retraem receosos, calam-se. envergonham-se: po-deriam dirigir-lhes motjos, cham-los de carola ou ingnuo ... A princpio sorriem sem jeito, "para no ofender os de outra opinio"; com o~ tempo aceitam opinies mais livres; por fim les uivam com os lbos, isto , por mdo dos homens, rene-gam covardemient:e sua f.

    Bastava que refletissem uin pouco : por amor a quem trairam a verdade? Pilatos f-lo por cau-sa do populacho; e les? Por causa de uns tolinhos de cabea ca.

    Grandes idias exigem mrtires. E' fcil filo-sO'far em cmoda poltrona, junto mesa posta ou

  • 70 MONSENHOR TIHAMR TTH

    lareir a confortvel. Mas, a f ra de um'. ideal s se manifesta d everas quando em luta de vida e morte, quando a defesa dum .princpio pede o sa-crifcio da queza, do bem ~estar, da famlia, da prpria vida.

    Belm podes orgulhar-te da f catlica, quando mais no o fizeses seno por ter proporcionado fortaleza a milhes de mrtires, a fim de perseve-rarem mau grado as mais hor r veis torturas ..

    H uma biblioteca inteira sibre os sofrimentos dos mrtires. E' impossvel narrar pormenoriza-damente aqui seus feitos sublimes.

    Servir-te-, entretanto de incentivo na0

    f, a lei-tura freqente de suas vidas, 1e. o espetculo d:e sua inabalvel firmeza ante o martrio; no somente homens, mas ainda mulheres, ancios, !meninas e rapazes. Os imperadores romanos, os sacerdotes dos dolos, os filsofos 1e os algozes sedentos de sangue jamais os poupara:m, movidos pelo deses-pro do paganismo agonizante.

    Entre les houve meninos, que se poderiam ter subtrado s terrveis torturas, caso cedessem numa ninharia apenas: deitar uns grozinhos de incenso no altar do Molo; com uma nica palavra renegar a Cristo. Mas no, no o fizeram!

    Lenidas o pai de O ri genes f ra encarcerado. O menino escreveu uma carta, em que pedia a seu pai no renegase sua f por amor famlia. Le-nidas sofreu serenamente a morte, e o rfo Or-genes suportou hericame1e com sua :me .e seus seis irmos menores, a pobreza em que vieTam a cair .

    Cirilo, rapaz de doze anos, foi ex,pulso de casa por seu pai, por causa da f crist. O juiz pago mostrou-lhe os horrorosos instrumentos de tortura.

    A RELIGIO E A JUVENTUDE : 71

    para causar-lhe mqo. Cirilo exclamou: "Andem depressa, depressa, para que mais cedo eu cheglie ao cu". E, durante a execuo, era le quem con-solava os assistentes que choravam.

    Contudo, no somente nos primeiros sculos que correu o sangue de fiis confesso~es da f; sempre houve almas fortes que souberam suportar as 1dores por Jesus Cristo e pela f catlica. En-contrars nas pginas da h'istria inmeros homens d carter que terminaram seus dias sob o cutelo do algoz, por.que no quiseram abjurar. a f ca-tlica (na Inglaterra, por ex., o bispo Fisher, o chanceler Toms Moro, etc.). No pois uma ino-minvel covardia, repudiar tua convico religiosa. por mdo a gente frvola e leviana?!

    "Mas so rapazes de famlias distintas!" No, no so! .quem fala levianamente de coisas reli-giosas, d prova cabal da baixeza de seu carter. "Contudo, so jovens da melhor sociedade!" No! Onde no se respeita a Deus, no h boa sociedade.

    "Mas les so muito mais velhos ido que eu! Que posso fazer?" Queun quer que ataique a reli-gio, embora seja muito mais idoso do que tu, di-ze-lhe tua opinio calma e refletida, mas corajosa e decididaimente. No entres e1n discusso com os adversrios - isso no d resultado - mas no suportes sem reao nenhuma calnia. Imagina, ento, a Jesus de novo diante de Pilatos, e indig-na-te como se algum fiz,esse mal a tua me:

    No prmito que espezinhem minha f cat-lica 1 No suporto calado que sie insultem coisas sagrad'as ! No quero ouvir, covardemente, passivo. os inimigos de minha religio! No permito, cOiJ:U.~ Pilatos, que se ultraj a verdade! Guardo no cora-o as palavras .de Jesus: "Quem me confessar

  • 72 MONSENHOR TIHAMR TTH

    diante dos homens, eu o confessarei diante do Pai Celeste. Quem me negar diante dos homens. eu o negarei diante de meu Pai Celeste" (Mat. 10, 32-33).

    RELIGIOSIDADE EXTERIOR E INTERIOR

    "Sou religioso, sincieramente religioso; toda-via, o 'que se passa entre Deus e mim, no o revelo aos outros. Isso no da conta de ningum! A vida religiosa manifestao to delicada da alma humana, que no se deve p-la mostra; cada um resolva o assunto consigo imesmo, em segrdo, no seu ntimo. O principal ser interiormente reli-gioso; tudo o mais, exterioddades, formas, cere-mnias,

  • 74 MONSENHOR TIHAMR TTH

    "no devo ofend-los, no rindo tambm" - ento ds exemplo de covarde traio a teus princpios.

    V! O essencial a religiosidade interior, mas 1devemos provar, tambm externamente, as nossas convices. Essa apar.ente "exterioridade" no , muitas vzes, seno um aprofundamento elo "in-terior". Pois, no de todo natural que o corpo cia de joelhos, quando a alma fala com Deus?

    Com que franqueza confessa o grande hnga-ro, conde Estvo Szchnyi, em seu dirio: "Pas-sei minha juv.entude em cio e ignorncia. Eu no era ruim e pervertido, mas no reconhecia os mltiplos defeitos que tinha. Na grande luta da existncia e observando a vida humana, recobrei a calma e aprendi a recnhecer que no basta alma seguir a voz interior, mas que preciso ob-servar tambm as formas exteriores da religio" .

    Segue, pois, as formalidades exteriores de tua religio, embora se afirme: O essencial a religio-sidade interior, sem a qual t-da a exterioridade fingimento. Suponl!amos, entretanto, que urge con-fessar a F, e nosso modo de pensar? No hesit-e-mos ento um s instante! E' fato curioso que nesse particular, mesmo catlicos bem formados, se vejam to fracos. Adeptos de outros credos mostram-se muito mais orgulhosos de sua crena. Entre ns, a vergonha, o respeito humano h.irna-ram-se verdadeira "doena catlica".

    se refletires um pouco sbre a incomensur-bno, que durante 2.000 anos, o cristianisu110 lf]erramou sbre a humanidade, reconhecers que

    tens tda a razo para te orgulhares da F:--Deixemos, por agora, de lado os valores pu-

    ramente espirituais do aistianismo; consideremos

    A RELIGIO E A JUVENTUDE 75

    apenas a questo: que valor Leve ela para a civili-zao humana? fanagina 1que nifo houvesse crisiia- nismo: quanto mais pobre em valores estaria o mundo! Visita os museus e suprime os quadros e esttuas que sejam obras primas crists : quo pouco ficaria das colees! As suntuosas catedrais deveriam ser derrubadas, pois nasceram do esp-rito cristo. O gnio musical de um Handel , Pa-1estrina, Beiethoven, Mozart , Rossini~ 'acendeu-se na religio . Os primeiros hospitais, orfanatos, asi-los ,e educandrios brotavam da caridade crist. Os princpios das escolas e universidades remontam at o cristianismo. Vs? Que vcuo haveria na vi-da da humanidade, se dev sseJnos eliminar seu centro, a cruz de Jesus Cristo .

    N ! minha f no tem r ealmente nada, de que deva envergonhar-me. Tanto mais razo tenho para orgulhar-me dela!

    RELIGIOSIDADE VARONIL

    Muitos jovens se afastam da vida religiosa ao verificarem o contraste entre a aparen te religiosi-dade exterior de alguns companheiros e sua este-rilidade espiritual. Outros, trazem ' prtica da re-ligio demasiado sentimento e por seu sentimen-talismo fazem com que a religiosidade seja mal interpretada pelas pessoas srias. Religiosidade o culto de Deus conjuntamente prestado pela r a -do, o corao ,e a vontade. O corao ou senti-:miento tem, pois, tambm seu papel, mas um ele-mento no deve demasiar-se em deterimento

  • MONSENHOR TIHAMR TTH

    timental pode-se dizer o que, infelizmente, alguns afirmam ,de tda a religiosidade: ela prpria s pa:ra o. povo e as mulheres.

    Como? A religio boa smente para o povo e as mulheres'! Para os cultos, inteligentes homens modernos no serve? - Certo que serve! A reli-giosidade bem compreendida, real, varonil, serv& e sem contestao!

    E quando ser ela, real e varonil? Podem alguns ter idias de religio adultera-

    da quanto o quiserem; no podero negar que ela um dos mais belos ornatos que constituem a ver-dadeira nobreza do homem.

    Em nossos tempos,, tentaram tirar religio sua autenticidade, e substitu-la por diversas espe-culaces cientficas; em vo! Onde se atacou a re-ligi~, comeou a decadncia da virtude, da hones-tidade, do sentimento do dever, da conscincia, do carter, - numa palavra, dos mais !belos ideais da humanidade. Podemos buscar exemplos na hist-ria dos antigos gregos, 0dos romanos e outros povos. Ali, a vida dos prprios s !bios, que procuravam tudo o que era bom e nobre, no se isentava de fa-lhas, porque les no conh eciam a ver da deira re-ligiosidade.

    Mas, que a verdadeira religiosidade? Verdadeira religiosidade a submisso da al-

    ma humana a Deus, nosso Criador e Supr.emo Fim. ~sse "dobrar-se" nos d fras contra nosso egos-mo, faz-nos independentes do mundo e de nossas inclinaes desregradas. A religiosidade prodiga-liza alma tal ascendncia sbre o mundo, que Kant a chamou com r azo "Medicina universal'', pois nos torna capazes de suportar tdas as penas.

    ( -1$ f

    A RELIGIO E A JUVENTUDE 77

    Um grande general dizia: "Ser soldado no comer quando se tem fome, no beber quando ~e tem sde, ajudar o companheiro ferido, quando a gente meS!I11o apenas consegue arrastar-se".

    Soldados de Cristo, no entanto, significa ser um jovem religioso; quer dizer, no cometer peca-do, muito embora a tentao nos alicie; cumprir a todos os momentos o dever, por mais aborrecido que nos parea; servir a Deus pelo herico cum-primento de tdas as obrigaes da vida.

    Se salvares algum de um incndio, ou retira-r.es da gua quem est a afogar-se, fars uma ao herica. Contudo, em outras circunstncias, ters o mesmo 1merecimento se recolheres um caco .de vi-dro ou uma casca de laranja, para evitar que al-gum corte o p ou quebre uma perna. Ouvi con-tar que u~ jovem aventuroso sentara-se margem do Danbio, esperando que algum casse na gua, para salv-lo. Acho que ainda hoje l est sentado e que envelheceu de tanto esperar. Entrementes le perdeu mil ocasies pequenas, que se teriam apresentado diariamente, para fazer algum bem. O valor duma boa ao . no depende da dificul-dade que apresentou, do tempo que durou, mas da prontido, ateno, alegria e esprito de sacrifcio colml que foi realizada.

    Meu ideal no um jovem a quem errnea. in-terpretao de religiosidade tira a alegria, o tem-peramento juvenil. Na realidade h dMes ''jo-vens piedosos", que se retraem timidamente dos camaradas, no tm amizades e que consideram

    inconvenincia e at .pecado um bom humor tu-multuoso, balbrdia e chistes inocentes. So in-dubitvelmente jcwens sinceros ~ dianos ide reapei~

  • 78 MONSENHOR TIHAMR TTH

    to; mas julgam, ilusorialmente, que o sentimento religioso se restringe apenas a exterioridades.

    O jovem deveras r eligioso nunca excntrico. No fala muito de religio, mas vive segundo ela; com isso no quero dizer que dela se envergonhe. Entre bons companheiros, no procura ser a todo custo mais valente; em companhia, porm, de camaradas levianos, no cede nfuni um ponto sP--quer de suas convices.

    Infelizmente, na alma de muitos moos, o sen-timento religioso murmura apenas como um fio de gua! H por a, l longe, acima das nuvens, um bom velhinho, Deus, a quem devemos rezar, dei vez em quando, ou porque dle queremos. algu-ma coisa, ou por:que o temei.nos"; nisso consiste tda a sua religiosidade ...

    Santo Deus! Que esqueleto de religiosidade essa,. que po sco em vez dre alimento vivificante! O moo de f profunda no rep11esenta. a Deus muito acima das nuvens, urna vez que incomen-survel e ocupa o mundo inteiro, "pois, nle vive-Imos, nos inovemos e somos", e mesmo que o qui-sssemos Dle no podleramos fu gir.

    Nem por sombra deveramos fugir de Deus: ~le o amor infinito que nos obriga a dobrar os joelhos; a bondade inesgotvel que atrai o cora-o do homem com fr.a magntica.

    Para o jovem verdadeiram1ente religioso, Nos-so Senhor no uma idia ca, uma vida que se aprende: onde nasce, onde viveu, onde padeceu: Jesus para le uma realidade, cujo ser divino se grava em sua alma e nela se incoripora. Sem .:l:le a alma uma' glida cmara frigorfica; no

    A RELIGIO E A JUVENTUDE 79 melhor dos casos, um jazigo morturio, ornado de jias preciosas, sempre contudo um tmulo sem vida, sem calor, sem corao a pulsar.

    Muitos jovrens julgam religiosidade certo gsto de rezar e ir igreja. So apenas formas exterio-r~s de relig:io, alis necessrias; mas se a religio-s1dade se resumir s nisso, corre o perigo de ser mera exterioridade .

    Por verdadeira e varonil religiosidade, eu en-tendo 1muito mais. Entendo a idia, que ench'e tda minha vida; o pensamento de que, em todo o meu ser cada pulsao do corao, a todo instante, com todos os meus p ensamentos, sou humilde servo do Pai Onipotente, ao qual portanto gosto d1e rezar, cujas igrejas visito com alegria, mas a quem tam-bm quero servir a tdas as horas, c~m todos os meus alentos. Para o jovem realmente religioso, rezar no somente recitar o Padre Nosso, mas qualquer trabalho e 'O prprio recreio. Oraco sua refeio, seu estudo, o cumprimento de. seus deveres, sua vida1 tda, porqUle quer com isso glo-rificar a Deus . '

    V, filho meu, isso religiosidade varonil! J refletiste desta maneira sbre o que quer dizer ser jove..n neligioso?

    Que sabe de: tudo isso o moco sem vibraco de alma, para quem a religiosid~de consiste ~m recitar sem ateno noite, sua orao, e assistir missa aos -domingos porque est obrigado! Po-bnezinho ! Contenta-se com um fio de gua, quando tm mo torrentes copiosas de guas vivificantes. Verdadeira religiosidade alegria e consolao, estmulo e vibrao na vida do hommn .

    ..

  • 80 MONSENHOR TIIIAMR TTH

    A IMAGEM DA VIRGEM NA FLORESTA

    Numa das nm;sas excurses de frias com lmleus alunos, chegamos de uma feita a uma flores-ta esplndida e acampamos numa linda clareira Em derredor havia veredas silenciosas, e, a alguns minutos do acampamento, onde se divertiam ps-saros e esquilos, um carvalho colossal, onde se afi-xava belssima imagem de Nossa Senhora.

    tarde houve uma briga entre alguns rapaze!I. Caoavam um com o outro e se provocavam. Afi-nal, um dles perdeu a pacincia; avanou contra o contendor e, f)em hesitaes, crn:neou uma pan-cadaria '.em Iiegra. No foi bonito, isso no, mas o que aconteceu, aconteceu!

    Mais ou menos uma .hora mais tarde, eu an-dava szinho por um dos atalhos e refletia sbre a repreenso que daria aos pequenos delinqentes

    Chego imagem da Virgmn. Que vejo? Um dos briguentos est l, de joelhos. O sol derrama seus raios sbre sua cabeca inclinada. Sieu cora-o pulsa forte. A. Me d~ Deus olha complacente o menino ajoelhado, j estou perto dle, quando me avista. Depressa, quase assustado, se levanta. Uma grossa lgrima lhe corre 1pelas faces. Disse-lhe algumas palavras e segui meu cooninho, ma1> com intensa alegria no corao ...

    Isso sim, um jovem varonilmente piedoso. A religio lhe f ra e consolao. tle deu um passo em falso, como a qualquer pode acontecer, mas tratou de reparar sua falta e aprender para o fu-turo: nem todos costumam proceder assim, noite, os contendores eram de novo bons amigos.

    L

    A RJl:LIGIO E A JUVENTUDE 81

    No grupo havia tambm um rapaz iracund. Tinh? dificuldade em perdoar e esquecer. Mesmo dep01s de comear a orao da noite, os piensamen-tos de vingana lhe ferviam no crebro. "Padre N@sso 1que estais no cu ... Espera, aqule cama-rada que ~omb.~m de mim h de me pagar ... Meu Deus, assim nao posso rezar. Vou comecar de novo: Padre Nosso... santificado seja vos~o no~ me ... " Mais uma vez lhe foge a ateno, e le pensa de novo na briga. Comeca de novo a orao pela terceira, pela quinta vez ... . . "p1erdoai as ~os~ i.as dvidas, assim como ns perdoamos aos nossos

  • 82 MONSENHOR TIHAMR TTH

    A lmpada do Sacrrio tremeluz, o Crucificado olh'a com benevolncia para seu filho fiel. Eis ai um jovem varonilmente piedoso; a religio lhe fonte de energias na hora da tentao.

    Depois de tudo isso, responde: a religio realmente s para crianas e mulheres?

    Por nada no mundo quisera eu que pensasses (muitos o fazem, infelizmente), que a verdadeira, profunda religiosidade te impediria viV1er uma be-la e nobre e eficiente vida terrena. No penses que deve ficar para trs, retrgrado, desajeitado por todos, quem permanece no estado de graa que , na realidade, a vida piedosa.

    H muitos moos que pensam assim da reli-gio, e naturalmente se amedrontam.

    ' - " t" " l" 'Nao quero ser uun san o , um caro a as-sim! - me dizia um moo de .17 anos, cheio de frca vendendo sade, ardoroso esportista, bom es-tud~~te, e .que cuidava de manter em ordem a sua alma, porm que no queria ser "um santo assim".

    Mas que "um santo assim"? . "Ora, gente cabisbaixa, que sempre se retrai,

    no posso ser; um "ai J1esus", que em tudo s v o que ruim, que no ri, que nem se atreve a fazer Ui1I1a arte inocente ... "

    Mas, meu filho, cruem te meteu na ~abea que isso verdadeira religiosidade'! Muito pelo contr-rio 1 E' verdade que a religio nos quer preparar para a vida eberna, mas tambm nos ensina que podemos ganhar o cu P!-' uma vida terrena ~?nradamente vivida. Cam isso ela eleva e santifica o valor da vida terrestre, seu trabalho e deveres. No haV'ers de ser alegre, praticar o esporte. fre-qentar a sociedade, procurar progredir, se qui~ seres levar uma vida piedosa?

    1 t

    A RELIGIO E A JUVENTUDE

    Mas no! De forma alguma! Viver na graa de Deus, ser realmente religioso, ouvie e1h que con-siste: Quando rezas, considera que Jesus est con-tigo, aumentando assim o valor da orao; quando estudas, pensa que Jesus 1est presente e teu traba-lho transforma-se em orao; se te recreias, jogas, fazes uJma brincadeira inocente, ;procuras uma com-panhia, tambm aJi est Jesus contigo e elieva a vida cotidiana a obra meritria, a hino de louvor a Deus. V, isso a vida dum jovem realmente religioso, isso religiosamente varonil.

    Que que impressiona mais os homens? Gran-de fra muscular? No? No! A fra domada e dirigida, sim. Quantas vzes considero um trem expresso, quando penetra na estao. H um mo-mento, essa massa colossal ainda voava fragorosa sbre os trilhos, a locomotiva devorava o espao; agora, um ligeiro movimento de mo do maqui-nista, e o monstro de ao pra arquejante, camo pregado ao solo. Maravilhoso! E uma sensao de poder nos enche o corao. Que foi? A fra do-mada, obediente. - A religiosidade forn ece alma justam1ente essa fra.

    Os grandes homens estavam prontos a fazer os maiores sacrifcios por sua alma. s, Bernardo, atacado por tentaes de sensualidade, pulou num lago gelado e disse: "Agora vejamos se o corpo ainda exige alguma coisa!" S. Francisco tinha fortes tentaes impuras; aeitou-se nas urtigas: "Quero ver se meu corpo ainda exige alguma coi-sa!" S. Martinho tambm tinha de lutar contra ter~ rveis tentaes. Ps o p no fogo: "Di? Se fres condenado, quanto. mais no doer?" Que heris da conscincia., heris do carter!

  • 84 MoNSl":NHOR TIHAMR TTH

    No quero mesmo que sejas "tal santo". No! O jovem religioso deve ser hbil, esforado, sah~r impor-se no mundo cientefico. Em tda a linha, ser homem. Se D!eus te tiver concedido um esprito atilado, dotes especiais de inteligncia, forma-te especialista nesta ou naquela cincia, s sbio que faz honra sua f. Um homem assim orgulho da Igreja e pode siervir como exemplo edificante -de religiosidade a (milhares de concidados. Se Deus te ;deu talento artstico, torna-te artista, fiel observador dos preceitos, 1e numera-te entre os por-tadores dos mais ilustres nomes, que durante :mi-lnios, foram ornamento da verdadeira arte e or-gulho da Igreja Catlica. Contudo, o que quer que sejas, 1engenheiro, jornalista, mdico, advogado, soldado, comerciante, cuida de duas coisas: v va-ronilmente religioso e perito nas coisas de tua ati vidade. A uma profunda religiosidade, alias um profundo conhecimento profissional, para que todo o mundo te consideue como valio~;o representante do moderno homem culto.

    Vterdade que qualquer atividade moral re-presenta certo receio do mundo, certa resistncia contra as inclinaes da natur1eza decada, nias uma resistncia que se faz am vista de uma vida mais elevada, mais nobre, mais livre. S. Paulo viajou num navio consagrado s ,divindades pags Castor e Pollux, mas, por isso no se tornou pago. Da mesma forma, talvez, tambm ns devemos viver 12m ambiente corrompido e imoral, sem per-mitir contudo que nos arrastem imoralidade e faHa de carter.

    Nas guerras napolenicas, deu-se uni como-vente fato, aps um combate. O campo de batalha estava juncado de cadveries. Quando Napoleo

    1 '

    A RELIGIO E A JUVENTUDE 85

    pa~~ava Com seu Estado Maior atravs da enorme sera da morte, de entre os mortos ergue-se a custo um jovem ferido e assenta-sie, bracos Cruzados no peito. Admira,do, o general pra. .. Que fazes a?" perguntou: "Ontem, respondeu o jovem, eu lutei porque sou soldado, agora rezo porqrne sou cris-to". Napoleo lhe estende comovido a mo: "Isto sim, que Thm verdadeiro soldado!"

    Sim, cumprir seu dever rpara com Deus e exer-cer consciienciosamente a profisso, prprio do homem religioso, verdadeiro carter varonil.

    RELIGIO E CARTER

    . Carter varonil! A jia mais bela e mais pre. c10sa do mundo! Um homem que descortina ela ramente seu fim, que sabe y,encer as tentaces. que no se desvia do caminho nem para a di~eita nem para a esquel'da, que conserva puro seu co-

    r~o, que amvel !e ,delicado para coln: seu pr-ximo, mas que perananece firme e fiel s suas con-vices - eis um carter varonil! Coisa rara, hoje em dia ...

    Mas no o queres ser? Sabes qrue a verdadeira e profunda reliaio

    sidade que, sobretudo, te ajudar a consegui~lo? O jovem religioso preza o seu valor. Sarber

    que somos fi_Ihos de Deus fonte de justificada ufania no conceito prprio. Prezo minha alma consJervo-a isenta de culpa, adorno-a com boa~ obras, porque sei que ela um bem mais precioso do que a natureza inteira. Cuido porm, igual. mente do meu corpo, no permito que se rebaixe

  • 86 MONSENHOR TIHAMD TTH

    ao servio die hbitos pecaJminosos, porque sei que templo do Esprito Santo, ao qual ,devo preservar da profanao. .

    Elevado conceito de si mesmo, s o pode ter o homem religioso. Somente aqule que sabe incli-nar-s:e diante de Deus, pode andar de cabea er-guida. A religiosidade e a boa conscincia no nos tornam orgulhosos e impertinentes, mas do-nos firmeza inquebrantvel, em face da moral incon-sistente de hoje. Olha em '.derl'!edor: os 1que se ma-nifestam estouvadamente contra Deus e a religio, dobram-se, geralmente, submissos ante intiersses materiais e fins egosticos. A religiosi,dade nos d confianca em ns imesmos, no permite que con-siderem>os timidamente a opinio dos outros, para regular segundo ela as nossas aes. O moo re-ligioso sabe dominar com mo firme o fluxo da vida exterior, to bem como sabe ser o senhor absoluto de sua vida interior, d1e seus ,desejos, in-clinaes e aspiraes.

    O jovem religioso no oportunista. Nunca h de renegar cov~rdemente seus princpios e con-vicces, embora est1e:ja entre pessoas de parecer

    dif~rente. No compartilha os conceitos dos liber-tinos, no adota o modo de ver dos moteja:dores, no duvida com os incrdulos, s "para que no sorriam compadecidos de mim". Ademais, no escravo de caprichos: ora todo bondade, ora como se tivesse '"pulado da: cama com o p esquerdo": no, le obra e fala sempre dignamente, como ho-mem, refletida e sensatamente.

    O moco religioso no materialista. No corre sempre at~s ,de lucro material smente. Alm do bem estar terreno, material, le conhece e ama

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    A RELIGIO E A JUVENTUDE 87

    tannibm valores espirituais. soibrenaturais. Se pu-der enriquecer nicamente por meios ilcitos, pre-fere ficar pobJ:'le: tudo pode sacrificar, menos a. honra. Cada dia, reza (naturalmente tambm tra-balha) por uma existncia feliz; seu corao. no entanto, que Deus criou .para Si, no se apega a bens terrenos.

    O jovem religioso no !egosta. ~le sabe cni-,dar de suas inclinaes e desejos e domin-los. Sabe que alm dle h outros homens no mundo, que no em redor dle que tudo gira, mas, que 1em suas aces e omisses deve tomar em consi

  • 88 MONSBNPl:OR TIHAMR TT1'1

    o ?" "Voc est enganado, foi a resposta; le ti-nha muitas recomendaes. Limpou os sapatos antes de entrar e fechou a porta; conclu dai que amava a ordem. Sem refl;etir ofereceu sua cad.eira

    _ a um ancio; notei que tinha educao e bom co-rao. Levantou um li:vro que eu, propositalmente. tinha psto no cho, enquanto todos os doonais tro-pearam nle e o empurraram para o lado; aten-cioso e cuidadoso. Esperou pacientronente sua vez. no empurrou para a frente: discreto. Enquanto falava com le, notei que a roupa 1estava bem esco-vada, o cabelo em ordem ; os dentes limpos.