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Aula 01 – 21.01.2020 Prof. Rodrigo Sodero Monitora: Priscila Machado A REFORMA DA PREVIDÊNCIA EC 103/19 Nosso foco nas próximas aulas é o REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (ART. 201 da CF/1981) INSTRUÇÃO NORMATIVA n° 77 – “Bíblia” do administrativo do INSS.

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Aula 01 – 21.01.2020 Prof. Rodrigo Sodero

Monitora: Priscila Machado

A REFORMA DA PREVIDÊNCIA EC 103/19

Nosso foco nas próximas aulas é o REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (ART. 201

da CF/1981)

INSTRUÇÃO NORMATIVA n° 77 – “Bíblia” do administrativo do INSS.

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OFÍCIO CIRCULAR n° 64 de 2019 – Regulamentou administrativamente como aplicar diversos

pontos da EC 103/19 e da MP 905/19.

Dica da Monitoria: Ofício Circular não é lei! Administrativamente será difícil conseguir

decisões que vão de encontro à posição do ofício, mas isso não impede que possamos

judicializar determinados pontos, mesmo que o ofício diga o contrário.

Ex.: Cálculo do salário de benefício da aposentadoria da pessoa com deficiência que o

ofício manda calcular com base em 100% dos Salários de contribuição e a interpretação

sistemática da norma, nos permite defender que esse benefício continuará sendo

calculado com base nos 80% maiores salários de contribuição.

PEC /2019 - EC 103/19: A ideia é dificultar o acesso ao benefício e/ou reduzir o valor dos

benefícios concedidos.

Promulgação da EC 103/19: 12/11/2019

Publicação da EC 103/19: 13/11/2019

PEC PARALELA: PEC 133/19 – No ano passado saiu do senado e foi encaminhado para a Câmara.

A PEC 133 altera inclusive pontos aprovados na EC 103/19.

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Quem tem direito adquirido pode se aposentar pelas regras de transição?

Perfeitamente! Se for mais vantajoso, mesmo que tenha direito adquirido, o segurado poderá

optar pelas regras de transição.

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A redação do art. 3° da EC 103/19 usa o termo “até”. “Até” da a ideia de inclusão, ou

seja, inclui o dia da publicação.

Dessa forma, o Professor Sodero defende que o direito adquirido é resguardado “até”

o dia 13.11.2019, ou seja, se preencheu os critérios pela lei anterior até 13/11/2019, poderíamos

defender que o segurado possui direito adquirido.

Porém, se preencheu os requisitos do benefício de 14/11/2019 em diante, já

estaríamos diante de um caso onde teríamos que usar as regras de transição ou a regra definitiva

(a que for mais vantajosa).

COMPETÊNCIA EM DECORRÊNCIA DO TIPO DE BENEFÍCIO: ACIDENTÁRIO

OU COMUM

O INSS é uma autarquia federal. Logo, em regra, a competência de suas ações é da

Justiça Federal (art. 109, caput da CF 1988

O JEF, julga ações cujo valor é de até 60 salários mínimos. A competência nesse caso é

absoluta! Ou seja, se o valor da ação for abaixo de 60 Salários Mínimos, obrigatoriamente terá

que peticionar a ação no JEF.

Lei do JEF: 10.259/2001.

Porém, se o benefício previdenciário é acidentário (decorrente da doença do trabalho

e seus equiparados – art. 19 e ss da Lei 8.213/91), essa ação será julgada pela Justiça Estadual.

ATÉ AQUI VIMOS A COMPETÊNCIA EM DECORRÊNCIA DO TIPO DO BENEFÍCIO

PREVIDENCIÁRIO.

Temos ainda a COMPETÊNCIA DELEGADA.

COMPETÊNCIA DELEGADA

Antes da Lei 13.876/19: Quando não tiver Justiça Federal no foro de domicílio do autor,

o processo pode ser distribuído na justiça Estadual.

Desde 01.01.2020 (lei 13.876/19): Apenas pode ser protocolado na estadual se não

tiver justiça federal dentro de um raio de 70km. Professor entende que essa alteração é

inconstitucional, visto que a Lei 13.876/19 quando foi publicada não poderia trazer tal alteração.

A EC 103/19 deu respaldo para a alteração, mas a EC 103/19 veio após a lei 13.876/19,

então quando ela foi publicada, ela era inconstitucional!!!!

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Mas como medir o raio de 70 km, a CJS publicou lista dos municípios que não poderão

mais utilizar a competência delegada para a Justiça Estadual.

Site: www.cjf.jus.br (Ir em: notícias / notícias do dia / 10.01.2020)

Segundo o CJF, os processos em andamento na Estadual não podem ser remetidos

para Justiça Federal.

Em 17/12/2019, chegou uma ação no STJ na qual já tivemos uma decisão limitar

(conflito de competência n° 170.051/RS) no sentido de que com relação os processos em

andamento, devem continuar sendo analisados na Estadual.

Resumindo com Ex.: do auxílio-doença

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APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO NA EC 103/19

A aposentadoria por tempo de contribuição é extinta na EC 103/19.

Critérios anteriores: 35 anos de tempo de contribuição se homem, 30 anos de tempo

de contribuição se mulher + 180 meses de carência.

Nessa aposentadoria incidia fator previdenciário.

Esse fator poderia ser afastado caso o segurado completasse os pontos para a

concessão do benefício (art. 29-C da Lei 8.213/91).

Algumas das regras de transição que veremos, foram criadas visando a redução dos

impactos sobre os segurados que estavam em vias de se aposentar nessa modalidade de

aposentadoria.

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DICA DE ESTUDO DO PROFESSOR SODERO: Ao estudar as regras de transição, em um primeiro

momento, se concentrem em aprender as regras. Não pensem inicialmente nos casos dos seus

clientes, faça isso em um segundo momento, após entender as regras

REGRA DE TRANSIÇÃO 1

Art. 15 da EC103/19. Ao segurado filiado ao Regime Geral de Previdência

Social até a data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional, fica assegurado o direito à aposentadoria quando forem preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos:

I - 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se homem; e

II - somatório da idade e do tempo de contribuição, incluídas as frações, equivalente a 86 (oitenta e seis) pontos, se mulher, e 96 (noventa e seis) pontos, se homem, observado o disposto nos §§ 1º e 2º.

§ 1º A partir de 1º de janeiro de 2020, a pontuação a que se refere o inciso II do caput será acrescida a cada ano de 1 (um) ponto, até atingir o limite de 100 (cem) pontos, se mulher, e de 105 (cento e cinco) pontos, se homem.

§ 2º A idade e o tempo de contribuição serão apurados em dias para o cálculo do somatório de pontos a que se referem o inciso II do caput e o § 1º.

§ 3º Para o professor que comprovar exclusivamente 25 (vinte e cinco) anos de contribuição, se mulher, e 30 (trinta) anos de contribuição, se homem, em efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio, o somatório da idade e do tempo de contribuição, incluídas as frações, será equivalente a 81 (oitenta e um) pontos, se mulher, e 91 (noventa e um) pontos, se homem, aos quais serão acrescidos, a partir de 1º de janeiro de 2020, 1 (um) ponto a cada ano para o homem e para a mulher, até atingir o limite de 92 (noventa e dois) pontos, se mulher, e 100 (cem) pontos, se homem.

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RESUMINDO:

Os pressupostos dessa regra são cumulativos (assim como as demais), ou seja, precisa

cumprir todos os requisitos!!!!!

DICA: Os critérios não precisam ser cumpridos no mesmo momento.

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Percebam que, tanto para o professor, como para o não professor, a pontuação

aumenta ao longo dos anos.

Abaixo tabela retirada do Ofício SEI Circular nº 064/2019/DIRBEN/INSS indicando

como ficará essa pontuação ao longo dos anos:

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Ok, mas como fica o cálculo do valor do benefício nessa regra de transição?

Art. 15 da EC103/19. § 4º O valor da aposentadoria concedida nos termos

do disposto neste artigo será apurado na forma da lei.

Sempre que o artigo falar: “na forma da lei”, lembre-se que o art. 26 da Ec 103/19 é

quem disciplina a matéria.

Resumidamente o art. 26 da Ec 103/19 vai dizer que: o cálculo será realizado com base

em 100% dos salários de contribuição existentes de jul/1994 até o momento da aposentadoria.

Salário de contribuição é o valor sobre o qual incide a contribuição previdenciária

Na redação olhávamos apenas para os 80% maiores salários de contribuição, ou seja,

descartamos os 20% menores.

Sobre esse salário de benefício encontrado com a média dos 100% dos salários de

contribuição, aplicamos uma alíquota de 60% + 2% a cada ano trabalho além dos 20 anos de

Tempo de contribuição para o homem e além dos 15 anos de Tempo de contribuição para a

mulher.

MÍNIMO DIVISOR:

Quando o segurado tinha poucas contribuições após jul/1994 e o INSS

ia fazer a conta do valor do benefício, ele aplicava o mínimo divisor.

Ex.: Digamos que o segurado tivesse apenas 1 salário de contribuição

após jul/1994. Se eu fizesse a média dele, o Salário de benefício seria

exatamente ele, pois teríamos 1 dividido por 1. Então o segurado que

antes de julho de 1994 sempre recolheu com base em um salário

mínimo e fizesse apenas uma contribuição no teto após esse período,

teria seu benefício concedido no teto.

Para evitar isso, surge o mínimo divisor. Ou seja, condicionada um

número mínimo de contribuições. Esse número mínimo equivale a pelo

menos 60% do período básico de cálculo usado na concessão da

aposentadoria.

O professor entende que não existe mais divisor mínimo.

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Ex.: Vamos imaginar que o segurado vai se aposentar por essa regra de transição e que

a média dos Salário de contribuição desse segurado deu R$ 3.000,00 (salário de benefício R$

3.000,00).

Esse segurado tem 35 anos de tempo de contribuição.

Esse é um segurado homem e como vimos, o cálculo é feito sobre 60%+2% a cada ano

de contribuição que passar os 20 anos de TC no caso do homem.

Quantos anos de TC ele tem além dos 20 anos? Ele possui 15 anos além dos 20 anos.

Esses 15 anos multiplicamos por 2%, logo, teremos 30% que deverá ser somado a

alíquota base de 60%, chegando então a 90% de alíquota.

R$ 3.000,00 x 90% = R$ 2.700,00

Logo RMI = R$ 2.700,00

Ex2.: Vamos imaginar uma mulher com 32 anos de TC e SB = R$ 3.000,00

Ela possui 17 anos além dos 15 anos.

17x2% = 34%

34% + 60% = 94%

Alíquota de 94%

RMI = 3.000,00 x 94% = 2.820

Dica do Sodero: NÃO TEM LIMITADOR DO COEFICIENTE DE CÁLCULO!!!!

ISSO QUER DIZER QUE PODE SUPERAR OS 100% !!!!

Dica do Sodero: A reforma não fala em teto sobre a RMI!

Isso quer dizer que o teto seria aplicado apenas sobre o Salário de Benefícios e não sobre a

RMI!!!!! Ou seja, temos espaço para discutir que o valor do benefício pode superar o teto

previdenciário!!!

Dica do Sodero: A EC 103/19 trouxe que o cálculo do salário de benefício será feito com base

nos 100% dos salários de contribuição. Porém a PEC 133/19 prevê uma alteração nessa regra

conforme tabela abaixo

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