a rede de atenção à saúde mental no paraná e a competência … · • respeito aos direitos...
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A Rede de Atençãoà Saúde Mental no Paraná e a
competência da APSCoordenação Estadual de Saúde Mental
Março 2014
Da segregação à conquista da cidadania1980 – mobilização dos usuários, familiares e trabalhadores de saúde visando a mudar a realidade dos manicômios.
Política Nacional de Saúde Mental2001 – Lei 10.216 – redireciona o modelo assistencial em saúde mental e direitos da pessoa com transtorno mental.2003 – Lei 10.708 - PVC2011- Decreto presidencial 7508 - ampliação da RAPS - “rede indispensável nas regiões de saúde”
Portaria 3.088, (23 de dezembro de 2011) Institui a Rede de Atenção Psicossocial – RAPS - para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de saúde (SUS).
DIRETRIZES – RAPS
• Respeito aos direitos humanos, garantindo a autonomia e a liberdade das pessoas;• Promoção da equidade, reconhecendo os determinantes sociais da saúde;• Combate a estigmas e preconceitos;• Garantia do acesso e da qualidade dos serviços, ofertando cuidado integral e assistência multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar;• Atenção humanizada e centrada nas necessidades das pessoas;• Diversificação das estratégias de cuidado;• Desenvolvimento de atividades no território, que favoreçam a inclusão social com vistas à promoção de autonomia e ao exercício da cidadania.
DIRETRIZES RAPS
• Desenvolvimento de estratégias de Redução de Danos;• Ênfase em serviços de base territorial e comunitária, com participação e controle social dos usuários e de seus familiares;• Organização dos serviços em rede de atenção à saúde regionalizada, com estabelecimento de ações intersetoriais para garantir a integralidade do cuidado;• Promoção de estratégias de educação permanente;• Desenvolvimento da lógica do cuidado para pessoas com transtornos mentais e com necessidades decorrentes do uso de álcool, crack e outras drogas, tendo como eixo central a construção do projeto terapêutico singular.
1995 - Lei Estadual nº 11.189
Segue os princípios e diretrizes do SUS e da Política Nacional de Saúde Mental, respeitando a realidade e necessidades do Estado.
Desde 2011 - Redefinição da Política Estadual de Saúde Mental por meio da realização do planejamento estratégico, considerando a realidade do Estado e procurando abranger o que a Política Nacional não contempla.
A Rede de Atenção à Saúde Mental é uma das cinco redes prioritárias de implantação e implementação nesta gestão.
PolPolíítica Estadual de tica Estadual de SaSaúúde Mentalde Mental
PolPolíítica Estadual de tica Estadual de SaSaúúde Mentalde Mental
• Os serviços assistenciais são de responsabilidade municipal, cabendo ao Estado, em seu papel regulador, a incumbência de estimular a criação de políticas municipais em consonância com a Reforma Psiquiátrica, articular as negociações regionalizadas, fiscalizar (controle, avaliação e acompanhamento) e oferecer suporte técnico às equipes.
• As ações de saúde mental deverão ser estruturadas a partir da realidade municipal, microrregional / regional / macrorregional, observando-se a estruturação do sistema de referência e contra-referência, a porta de entrada do sistema e a rede de assistência de retaguarda, de acordo com as estruturas propostas na política.
• CISMEEP e Comitês Regionais Intersetoriais de Saúde Mental
• Contratualização dos hospitais psiquiátricos
• PNASH/Psiquiatria
• Regulação dos leitos psiquiátricos – Macro Leste e Norte
• I Encontro de Saúde Mental do Estado do Paraná: implementando a rede de atenção à saúde mental, em 10 e 11 de julho de 2012 – 500 participantes.
• Elaboração dos planos de ação regionais: 10 pactuados
• Instituição do Grupo Condutor Estadual da RAPS e Comissão de Desinstitucionalização
Perspectivas de processos e de gestãoPerspectivas de processos e de gestão
- Comitês Regionais em todas as Regionais de Saúde
- Condicionar o recurso financeiro destinado aos leitos de psiquiatria à critérios de qualidade da assistência.
- Regulação dos leitos psiquiátricos nas 04 Macrorregiões
- Pactuação de todos os planos de ação regionais
- Monitoramento
Perspectivas de processos e de gestãoPerspectivas de processos e de gestãoPropostasPropostas
CapacitaCapacitaççãoãoPropostasPropostas
APSUS – Saúde Mental
Projeto Caminhos do Cuidado (ACS e Aux. Enfermagem – todo o PR)
Linha guia de Saúde Mental
Oficinas de trabalho no evento de lançamento da Rede (Gestores, CAPS e Urgência em Saúde Mental)
Perspectiva FinanceiraPerspectiva Financeira
- Leitos em hospital especializado em psiquiatria : complementação de diária para adultos e diária integral para adolescentes.
- Deliberação CIB nº 296 de 27/08/13 - Incentivo Financeiro Estadual para implantação de CAPS ad III Regionais novos e Unidades de Acolhimento Regionais, que forem implantados conjuntamente, por meio de recursos financeiros do Tesouro do Estado, sendo:
Para implantação:- CAPS ad III regional em parcela única de R$150.000,00- Unidade de Acolhimento Regional em parcela única de R$ 70.000,00Para custeio mensal:- CAPS ad III regional - R$ 39.400,00- Unidade de Acolhimento Regional - R$ 12.500,00
Matriz de competênciasMatriz de competênciasdos pontos de atendos pontos de atençção da Rede ão da Rede
de Atende Atençção ão àà SaSaúúde Mentalde Mental• Clareza das competências de cada ponto de atenção• Campo da saúde mental: transversal, complexo e amplo• Diversos pontos de atenção que promovem o cuidado em saúde
mental, inclusive da rede de apoio/intersetorial• Rede intrassetorial e intersetorial• O objetivo da rede sempre é a articulação entre estes pontos, a
melhoria do acesso aos usuários, buscando promover o cuidado integral.
Matriz de competência dos pontos de Matriz de competência dos pontos de atenatençção da Rede ão da Rede -- AtenAtençção Primão Primááriaria
PONTO DE ATENÇÃO COMPETÊNCIAS TERRITÓRIO SANITÁRIO
Domicílio AutocuidadoBusca ativaAtenção domiciliarIdentificação de fatores de risco
Domicílio
Grupos de ajuda mútua AcolhimentoSocialização / reinserçãoAjuda entre paresInformaçãoCompartilhamento de vivências
Comunidade
Consultório na rua AcolhimentoRedução de DanosBusca ativaCadastramentoIdentificação de riscoOrientação e encaminhamentosVínculo
Rua
Matriz de competência dos pontos de Matriz de competência dos pontos de atenatençção da Rede ão da Rede -- AtenAtençção Primão Primááriaria
PONTO DE ATENÇÃO COMPETÊNCIAS TERRITÓRIO SANITÁRIO
UBS / ESF AcolhimentoEstratificação de riscoOrdenadora do CuidadoArticulação da Rede Intra e IntersetorialCadastramentoVínculoResponsabilidade pelos usuários do seu territórioGarantir o cuidado e a resolubilidade da atenção para usuário de baixo e médio riscoCompartilhamento com o CAPS do cuidado ao usuário de alto riscoEducação em saúdeAtividades coletivas
Território de abrangência
Academia da Saúde Práticas corporais/atividades físicasPráticas artísticasPromoção de atividades de segurança alimentar e nutricional e de educação alimentarPlanejamento das ações em conjunto com a equipe de APS
Território de abrangência
Matriz de competência dos pontos de Matriz de competência dos pontos de atenatençção da Rede ão da Rede -- AtenAtençção Primão Primááriaria
PONTO DE ATENÇÃO COMPETÊNCIAS TERRITÓRIO SANITÁRIO
NASF/Equipe matricial MatriciamentoAtendimento multiprofissionalCompartilhamento do cuidado ao usuário de médio riscoCompartilhamento do cuidado ao usuário de alto risco – para municípios que não possuem CAPSEducação permanente da APS
Território de abrangência
CRAS Identificação de fatores de risco e de proteçãoEncaminhamentosPromoção de saúde mental e prevenção de agravosReinserção socialViabilização do acesso às condições de cidadaniaAtenção às famílias
Território de abrangência
Matriz de competência dos pontos de Matriz de competência dos pontos de atenatençção da Rede ão da Rede -- AtenAtençção Primão Primááriaria
PONTO DE ATENÇÃO COMPETÊNCIAS TERRITÓRIO SANITÁRIO
Escolas Prevenção de agravos e promoção de saúde mentalIdentificação de fatores de risco e de proteçãoEncaminhamentosInclusãoOrientação familiarPrograma Saúde na Escola (PSE)
Território de abrangência
Associações, ONGs, Centros de Convivência, Igrejas e similares.
AcolhimentoSocializaçãoReinserção socialPromoção de saúde
Comunidade
Matriz de competência dos pontos de Matriz de competência dos pontos de atenatençção da Rede ão da Rede -- AtenAtençção Secundão Secundááriaria
PONTO DE ATENÇÃO
COMPETÊNCIAS TERRITÓRIO SANITÁRIO
CAPS AcolhimentoReabilitação psicossocial (reinserção social, assembleias, oficinas, atenção aos familiares, projeto de geração de renda, atividades em grupo ou coletivas, etc)Projeto Terapêutico SingularMatriciamentoCompartilhamento com a APS do cuidado ao usuário de alto riscoAtenção às situações de crisesHospitalidade noturna (CAPS III e ad III)Atendimento multiprofissionalArticulação de redes intra e intersetoriaisRedução de DanosAcompanhamento de SRT – Serviço Residencial Terapêutico (caso tenha SRT vinculada)Definição de acolhimento na UA e no Serviço de Atenção em Regime Residencial (caso tenha estes serviços vinculados)
Território de abrangência
Matriz de competência dos pontos de Matriz de competência dos pontos de atenatençção da Rede ão da Rede -- AtenAtençção Secundão Secundááriaria
PONTO DE ATENÇÃO
COMPETÊNCIAS TERRITÓRIO SANITÁRIO
CREAS Ofertar e referenciar serviços especializados de caráter continuado para famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social, por ameaça e/ou violação de direitos
Território de abrangência
Unidade de Acolhimento ou Serviço de Atenção em Regime Residencial
Acolhimento definido pelo CAPSAcompanhamento terapêutico e protetivo de caráter transitórioMoradia transitória com saída programadaVinculação ao CAPSProjeto Terapêutico Singular em conjunto com o CAPSAtenção aos familiaresArticulação com a Rede Intersetorial visando a reinserção social, familiar e laboral.
Território de abrangência
Centro Regional de Atenção Especializada
Tutoria/TelessaúdeMatriciamento (supervisão, capacitação, etc)Atenção ao usuário de médio risco referenciado pela APSAtenção ao usuário de alto risco referenciado pela APS – para municípios que não possuem CAPSAtendimento multiprofissionalAções de prevenção e promoção de saúde mental em conjunto com os municípiosCompartilhamento com a APS do cuidado ao usuário de médio e alto risco
Regional de Saúde
Matriz de competência dos pontos de Matriz de competência dos pontos de atenatençção da Rede ão da Rede -- AtenAtençção Secundão Secundááriaria
PONTO DE ATENÇÃO
COMPETÊNCIAS TERRITÓRIO SANITÁRIO
Hospital Geral Atendimento a usuários de médio e alto risco, após esgotados os outros recursos terapêuticosAtendimento a criseInternamento de curta permanênciaAtendimento a comorbidades clínicasRemissão de sintomas e estabilização do quadro clínico-psiquiátricoReferenciar para a continuidade do cuidadoOrientação aos familiares
Território de abrangência
Hospital especializado em psiquiatria
Atendimento a usuários de alto risco, após esgotados os outros recursos terapêuticosAtendimento a criseOrientação aos familiaresRemissão de sintomas e estabilização do quadro clínico-psiquiátricoReferenciar para continuidade do cuidadoInternamento de curta permanência
Território de abrangência
Matriz de competência dos pontos de Matriz de competência dos pontos de atenatençção da Rede ão da Rede -- AtenAtençção Secundão Secundááriaria
PONTO DE ATENÇÃO
COMPETÊNCIAS TERRITÓRIO SANITÁRIO
Pronto atendimento
Atendimento a criseClassificação de risco (clínico/psiquiátrico)Orientação aos familiaresReferenciar para continuidade do cuidado
Território de abragência
SRT Atendimento de egressos de HP e HCTP de longa permanência e sem vinculo familiarMoradiaReinserção social e reabilitação psicossocialVinculado ao CAPS
Comunidade
Centro de AtenCentro de Atençção Psicossocial ão Psicossocial -- CAPSCAPS
107 CAPS habilitados
• 45 CAPS I• 24 CAPS II• 03 CAPS III• 21 CAPS AD• 11 CAPS i• 03 CAPS AD III
Taxa de cobertura de CAPS por 100 mil habitantes: 0,83 Parâmetros de cobertura do indicador: Cobertura muito boa - acima de 0,70
ServiServiçços Residenciais os Residenciais Terapêuticos Terapêuticos –– SRTSRT
19 SRT
05 - Curitiba
08 - Campina Grande do Sul
03 - Cascavel
03 - Maringá
Hospitais PsiquiHospitais Psiquiáátricostricos14 Hospitais Psiquiátricos
- 01 próprio;
- 07 contrato Estado;
- 06 contrato Municípios.
2228 Leitos, sendo:
- 2066 leitos para adultos
- 162 leitos para adolescentes
Leitos SM em Hospital GeralLeitos SM em Hospital Geral
20 Hospitais Gerais
274 Leitos
21 leitos para crianças e adolescentes
• CAPS I – Em 18 municípios• CAPS II – Em Arapongas e São José dos Pinhais• CAPS III – Em Curitiba• CAPS AD – Em Campo Mourão, Arapongas, Francisco Beltrão e Jacarezinho• CAPS AD III – Em Guarapuava (02), Toledo, Marmeleiro, Congoinhas e Jandaia do Sul• CAPS i – Em Foz do Iguaçu, Paranavaí e Toledo• Unidade de Acolhimento – Em Ponta Grossa (02 UAa), Curitiba (01 UAi e 01 UAa) e Guarapuava (01 UAa e 01 UAi)
CAPS e UAs incentivadosCAPS e UAs incentivados
CAPS AD III + UA RegionaisCAPS AD III + UA RegionaisGuarapuava, Jandaia do Sul, Marmeleiro, Congoinhas, Cascavel, Toledo, Piraquara.
Saúde Mental na atenção primária é um tema que parece complexo, mas que, no cotidiano efetivo de trabalho dos profissionais desta esfera de atendimento, já se encontra plenamente presente. As pessoas acometidas por sofrimento e/ou transtorno mental decorrentes ou não do uso de substâncias psicoativas, desde alterações leves até as mais graves, merecem cuidado na APS como as demais condições crônicas de saúde.
• Promover saúde mental hoje é uma tarefa que compete a todos os profissionais de saúde. Cada vez menos se busca separar a saúde física da saúde mental. Os usuários são os mesmos e a experiência vem demonstrando que o trabalho conjunto é mais eficaz e menos danoso para os profissionais de saúde.Amarante & Lancetti (2009).
• É preciso “colocar a doença entre parênteses para se tratar e lidar com os sujeitos concretos que sofrem e experimentam o sofrimento”. Seguindo este direcionamento, todas as ações desenvolvidas devem ser pautadas pelo conceito de cidadania -o usuário é, antes de mais nada, um cidadão. (Mudança de paradigma do modelo assistencial psiquiátrico proposto por Franco Basaglia).
• Com as novas diretrizes ocorridas na área da saúde nos últimos anos no plano mundial (por recomendação da OMS), outros profissionais, especialmente os que operam na atenção primária, são convocados a intervir nos processos de reabilitação das pessoas que ouvem vozes, usam drogas de maneira suicida, sofrem angústias, violências e opressões graves.
• O hospital psiquiátrico deixou de ser o foco da assistência, da organização das políticas e da formação profissional, da mesma maneira como não se considera que sejam eficientes para a recuperação das pessoas em grave sofrimento psíquico.
• Hoje, entende-se que o meio privilegiado para tratamento de pessoas com sofrimento mental,drogadictos, violentados e pessoas que sofrem de angústias profundas e intensas ansiedades é o bairro, as famílias, as comunidades, e, logicamente, as unidades de saúde encravadas nos terrítórios onde as pessoas residem.
• São muitos os benefícios de integrar a saúde mental àAtenção Primária em Saúde (APS). Algumas das vantagens principais são que a integração assegura o acesso aos cuidados de saúde mental que a população no seu todo precisa e o aumento da probabilidade de resultados positivos, tanto para problemas de saúde mental como para problemas de saúde física.
7 razões principais para 7 razões principais para integrar a SM integrar a SM àà APSAPS1. A carga das perturbações mentais é grande.2. Os problemas de saúde mental e física estão interligados.3. O déficit de tratamento para perturbações mentais é
enorme.4. Atenção primária à saúde mental melhora o acesso.5. A APS para a saúde mental promove o respeito pelos
direitos humanos.6. Os cuidados para saúde mental na APS são baratos e têm
uma boa relação custo-benefício.7. A saúde mental na APS gera bons resultados de saúde.
Relatório da OMS e da Organização Mundial de Médicos de Família – Wonca (2008)
O foco O foco éé o cuidado da o cuidado da pessoa pessoa (que sofre pela sua patologia e (que sofre pela sua patologia e suas consequências)suas consequências)
““Nenhuma tNenhuma téécnica vale mais cnica vale mais que um sujeito.que um sujeito.””
Alfredo JerusalinskiAlfredo Jerusalinski
Desejamos que, quando chegar nos pontos Desejamos que, quando chegar nos pontos
de atende atençção, o ão, o ““loucolouco””, o , o ““bêbadobêbado””, o , o ““drogadodrogado””, o , o ““pitipiti””... ... Enxerguemos e sintamos antes de tudo o Enxerguemos e sintamos antes de tudo o João, a Maria, o JosJoão, a Maria, o Joséé, a Am, a Améélia... Que são lia... Que são pessoas que respiram, têm corapessoas que respiram, têm coraçção, ão, pensam... E, se estão ali pensam... E, se estão ali éé porque sofrem.porque sofrem.““E se estou ali, em um ponto de atenE se estou ali, em um ponto de atençção, ão, ééminha missão cuidarminha missão cuidar…… cuidar de pessoas.cuidar de pessoas.””