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A QUESTÃO SOCIAL DA JUVENTUDE NA ORDEM DEMOCRÁTICA DE HOJE Roseli Machado L. Nascimento 1 João Clemente de Souza Neto 2 Orlando Coelho 3 A História contemporânea apresenta-se num momento de crise. As mudanças de paradigmas sociais e políticos trouxeram um quadro de impasse que afeta o mundo nas mais diversas dimensões. O Brasil se encontra em um momento bastante delicado que fere a própria ideia de democracia arduamente construída nos últimos quarenta anos. A polarização ideológica nos diversos campos, particularmente na Educação, tende a desconstruir vitórias concretas e centrais à garantia de direitos e ao pleno desenvolvimento do jovem empobrecido das periferias urbanas, por exemplo. Por outro lado, as desenfreadas conquistas tecnológicas, ainda que trazendo inúmeros avanços sociais nos mais diversos campos da vida do brasileiro, não conseguiram atenuar as imensas desigualdades que assolam o país. Resta, do século anterior, a perspectiva da criminalização da pobreza e sua juventude, particularmente em suas capitais brasileiras como é o caso de São Paulo. É nesse contexto de culpabilização que as políticas públicas voltadas para a juventude no Brasil, apesar de um discurso aparentemente emancipador, apresentam uma prática eminentemente autoritária; assim, em seus discursos defende o protagonismo da juventude, mas - ante ao posicionamento destes enquanto cidadão ativo na sociedade - torna-se objeto da polícia. O Brasil apresenta-se na atualidade como o quino país do mundo em homicídio da juventude. Como mostra o diagnóstico, os homicídios são hoje a principal causa de morte de jovens de 15 a 24 anos1 no Brasil e atingem especialmente jovens 1 Doutorando do Programa de Pós Graduação em Educação, Arte e História da Cultura da Universidade Presbiteriana Mackenzie Bolsista CAPES. 2 Professor Doutor da Universidade Presbiteriana Mackenzie. 3 Doutorando do Programa de Pós Graduação em Psicologia Educacional no Centro Universitário FIEO .

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A QUESTÃO SOCIAL DA JUVENTUDE

NA ORDEM DEMOCRÁTICA DE HOJE

Roseli Machado L. Nascimento1

João Clemente de Souza Neto2

Orlando Coelho3

A História contemporânea apresenta-se num momento de crise. As mudanças de

paradigmas sociais e políticos trouxeram um quadro de impasse que afeta o mundo nas

mais diversas dimensões. O Brasil se encontra em um momento bastante delicado que

fere a própria ideia de democracia arduamente construída nos últimos quarenta anos. A

polarização ideológica nos diversos campos, particularmente na Educação, tende a

desconstruir vitórias concretas e centrais à garantia de direitos e ao pleno

desenvolvimento do jovem empobrecido das periferias urbanas, por exemplo.

Por outro lado, as desenfreadas conquistas tecnológicas, ainda que trazendo

inúmeros avanços sociais nos mais diversos campos da vida do brasileiro, não

conseguiram atenuar as imensas desigualdades que assolam o país. Resta, do século

anterior, a perspectiva da criminalização da pobreza e sua juventude, particularmente

em suas capitais brasileiras como é o caso de São Paulo.

É nesse contexto de culpabilização que as políticas públicas voltadas para a

juventude no Brasil, apesar de um discurso aparentemente emancipador, apresentam

uma prática eminentemente autoritária; assim, em seus discursos defende o

protagonismo da juventude, mas - ante ao posicionamento destes enquanto cidadão

ativo na sociedade - torna-se objeto da polícia.

O Brasil apresenta-se na atualidade como o quino país do mundo em homicídio

da juventude.

Como mostra o diagnóstico, os homicídios são hoje a principal causa de

morte de jovens de 15 a 24 anos1 no Brasil e atingem especialmente jovens

1 Doutorando do Programa de Pós Graduação em Educação, Arte e História da Cultura da Universidade

Presbiteriana Mackenzie – Bolsista CAPES. 2 Professor Doutor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

3 Doutorando do Programa de Pós Graduação em Psicologia Educacional no Centro Universitário FIEO .

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negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas

dos centros urbanos. Dados do SIM/DATASUS do Ministério da Saúde

mostram que mais da metade dos 52.198 mortos por homicídios em 2011 no

Brasil eram jovens (27.471, equivalente a 52,63%), dos quais 71,44% negros

(pretos e pardos) e 93,03% do sexo masculino (WAISELFISZ, 2013).

As políticas públicas, por ações ou omissões, trazem um ranço de genocídio e

descaso ante ao massacre diário nunca noticiado em suas reais dimensões pelas mídias

tradicionais. Desde a década de 1990, no entanto, a juventude está mais efetivamente a

discussão das políticas sociais, uma vez que tais indivíduos tornaram-se sujeito de

direitos, como destaca o Estatuto da Criança e Adolescência – ECA (BRASIL, 1990).

Para além dos discursos, o que pretende, de fato, a política de juventude no

Brasil – o quinto país, no mundo, em homicídios de jovens? Como isso se aplica às

mais diversas áreas da vida social? Em termo de trajetória e historia de vida, como isso

impacta o jovem brasileiro pobre? A partir desses questionamentos o presente trabalho

busca refletir de forma a desnaturalizar as relações e desigualdades sociais presente no

cotidiano da sociedade brasileira, enquanto processo histórico e social que cria formas

de ser, estar e perecer no mundo, apontando para uma visão mais ampla da questão

social da juventude na contemporaneidade.

Na perspectiva educativa que entenda o humano enquanto sujeito e busque sua

emancipação, destacamos as ações sociais, educativas e culturais, enquanto formas de

Educação Social (escolar ou não) e referenciadas teoricamente pela Pedagogia Social.

Nesses termos, podemos adotar a reflexão acerca da Pedagogia Social que a

caracteriza-se por ser:

... uma área do conhecimento que tenta capturar outras formas de

conhecimento que ocorrem em diferentes espaços de aprendizagem que não

são da escola ... São diferentes tipos de aprendizagem que visam erradicar

violações de direitos. [...] Costumamos dizer que traz em seu coração um

projeto de sociedade, um projeto de educação que valoriza os atributos e

potencialidades dos indivíduos (SOUZA NETO, 2009).

Assim, tem em sua configuração a proposta de se pensar a educação rumo a

novas configurações de mundo, possibilidades de relações sociais melhores e mais

justas em espaços educativos, Para tanto, estuda ainda as relações sociais, os contextos

históricos e políticos e a percepção do humano ante a sua realidade.

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É com nessa perspectiva, por exemplo, que se pensa a proteção integral da

criança e juventude (art. 227 da Constituição Federal), destacando a importância do

olhar que é dado à criança e ao jovem pobre, em vulnerabilidade social/ pessoal

particularmente nos contextos de periferias urbanas e junto ao seguimento educativo.

Assim, pensar a juventude e seu desenvolvimento pleno, emancipação e acesso

ao desfrute de cidadania plena é um dos desafios colocados para a pedagogia social e

que perpassa pelo entendimento do que é a juventude, suas especificidades, a melhor

forma de abordagem e sua complexidade num mundo também complexo.

O QUE É JUVENTUDE, HOJE?

Juventude ou Juventudes?

“Juventude”, como categoria de análise, para além da classificação etária (entre

15 e 29 anos) engloba uma grande pluralidade. Autores como Margulis e Urresti (1996),

destacam que “A condição histórico-cultural de juventude não se oferece de igual forma

para todos os integrantes da categoria estatística jovem”. Juventude, assim, pode ser

entendida como uma construção social histórica que evoca outras categorias como

classe, raça, gênero, origens geográficas, entre aspectos que remetem à cultura

simbólica e materiais de grupamentos humanos.

Por tudo isso, é imprescindível explicitar as diferenças de classes ao se estudar a

juventude, sob pena de contribuir para reprodução de privilégios da ideologia dominante

neste ponto da modernidade, como lembrado por Bourdieu. Apesar da provocação de

que “A juventude é apenas uma palavra”, para o autor desconsiderar as clivagens

socialmente dadas, é o mesmo que tentar manipular a realidade. Nesse sentido, pode-se

destacar pelo menos duas juventudes: a experimentada pelos filhos da burguesia, com

um conjunto privilégios advindos da relação de classe expressada pelo capital cultural

herdados pelos primeiros, e outra juventude, desigual, estigmatizada vivenciada pelos

filhos da classe operária.

Esses dois tipos de juventude estão colocados subliminarmente nos processos e

concepções das instituições e do Estado brasileiro, em particular. Assim o é na

Educação, no atendimento aos mínimos sociais, na aplicação da lei, entre outros, que

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remetem a uma série de posturas discriminatórias que tendem a caracterizar o cotidiano

da vida nacional segregando privilegiados e expropriados.

Aspectos ideológicos difundidos como sensos comuns constituírem aspectos de

um imaginário coletivo e estigmas que carimbam o destino dos jovens pobres e

desprivilegiados. Isso é ainda ratificado pela forma como o Estado o trata e concebe esta

juventude, em termos das condições objetivas dadas. A observação mais atenta a essa

situação denota, por exemplo, que no Brasil, os ordenamentos jurídicos são

interpretados a partir de dois princípios ou óticas:

a) O jovem pertencente a “raça” virtuosa (classe média, ricos, universitário, branco,

bem empregado);

b) O jovem pertencente à “raça” perigosa (pobre, negro, baixa escolaridade,

desempregado, nordestino e, por vezes, em conflito com a lei).

Esta perspectiva fica patente no Atlas da Violência elaborado pelo IPEA

(Instituto de Pesquisa e Estudos Aplicados) FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança

Pública) contra a juventude que descreve os seguintes dados:

Quando analisamos a violência letal contra jovens, verificamos, sem

surpresa, uma situação ainda mais grave e que se acentuou no último ano: os

homicídios respondem por 56,5% da causa de óbito de homens entre 15 a 19

anos. Quando considerados os jovens entre 15 e 29 anos, observamos em

2016 uma taxa de homicídio por 100 mil habitantes de 142,7 - ou uma taxa

de 280,6, se considerarmos apenas a subpopulação de homens jovens (IPEA/

FBSP, 2018).

Considera-se que a questão esta entre os mais graves problemas brasileiros.

Reporta-se a uma “Juventude Perdida” que reflete um severo dano no caminho do

desenvolvimento social brasileiro. Nesse contexto, destacam-se ainda na análise, a

assustadora velocidade com a qual vem aumentando essa incidência nos estados do

Norte e entre os jovens oriundos da população negra brasileira.

Outra questão que já abordamos em outras edições do Atlas da Violência é a

desigualdade das mortes violentas por raça/cor, que veio se acentuando nos

últimos dez anos, quando a taxa de homicídios de indivíduos não negros

diminuiu 6,8%, ao passo que a taxa de vitimização da população negra

aumentou 23,1%. Assim, em 2016, enquanto se observou uma taxa de

homicídio para a população negra de 40,2, o mesmo indicador para o resto da

população foi de 16, o que implica dizer que 71,5% das pessoas que são

assassinadas a cada ano no país são pretas ou pardas. (IPEA/ FBSP, 2018)

Neste cenário de tragédia na sociedade brasileira, destaca-se a importância de se

compreender os impactos das práticas e das políticas públicas e sociais voltadas à

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juventude pobre marginalizada. Como proposta preliminar estudo desenvolveu uma

pesquisa piloto na perspectiva de escutar os jovens sobre como eles veem, sentem,

entendem e percebem as políticas públicas voltadas para sua faixa etária.

Não basta entender as políticas públicas a partir dos ordenamentos jurídicos para

captar sua repercussão na vida e na experiência compartilhada, no caso aqui dos jovens,

mas é importante entende-las no cotidiano, em seu locus e cultura. Ali onde a criança e

o jovem vulnerabilizado socialmente vive, cresce, brinca, conversa, estuda, trabalha,

aprende e ensina - onde materializa suas formas de socialização e de convivência.

Problematizando Juventude,

Criminalização e Políticas Públicas

Num cenário nacional composto por inúmeros sensos comuns, imaginários

coletivos que compõem a base das relações sociais carregadas de preconceitos,

discriminações e racismo estruturais, destaca-se a importância de se problematizar a

realidade dada, no sentido de desnaturalizar os processos que criaram e perpetuam

desigualdades e injustiças sociais.

Se por um lado o mundo do consumo idolatra uma juventude “virtuosa”, que é

reverenciada por seu vigor, irreverência, beleza e disposição e tomada como a geração

do futuro, na História brasileira, os jovens pobres sempre foram considerados imaturos,

ignorantes e delinquentes, pivetes, trombadinhas, menor.

A partir do final dos anos 1980, os grupos em defesa dos direitos e adolescentes

desenvolveram uma série de discussões e mobilizações que culminaram com a

aprovação do Estatuto da Criança e do adolescente (ECA), que instituía a proteção

integral, já indicado no art. 227 da Constituição Federal de 1988, modificando o status

desses jovens de “menor” para sujeito de direitos.

Nem por isso a juventude pobre e negra deixou de ser alvo das demandas do

medo das classes medianas e altas que, com base em seus sensos comuns, exigiam a

repressão e punição, mesmo que isso incorresse em perdas de garantias de direitos e o

exercício de ações arbitrárias.

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Para Tereza Caldeira:

"a ordem simbólica engendrada na fala do crime não apenas discrimina

alguns grupos, promove sua criminalização e os transforma em vítimas da

violência, mas também faz o medo circular através de histórias e ajuda a

deslegitimar as instituições da ordem e legitimar a privatização da justiça e

uso de meios violentos e ilegais" (p. 43).

Sergio Adorno aponta que:

[...] em conjunturas em que os sentimentos coletivos de medo e insegurança

diante da violência parecem exacerbados, estimulando o pânico moral contra

suspeitos de cometerem crimes, acirram-se e radicalizam-se as posições pró e

contra a adoção de políticas exclusivamente repressivas, em especial

destinadas aos adolescentes autores de infração penal. (ADORNO, 1999,

p.67)

Nesse sentido, Zygmut Bauman (1998) ressalta que os sentimentos de medo e

ansiedade advindos da chamada pós-modernidade/ globalização e o Estado neoliberal

(como falta de garantias de proteção social gerada pelo fim do estado de bem-estar)

seriam, assim, direcionados para a questão da segurança pública - lei e ordem em última

instância.

Dentro deste cenário, em que a violência simbólica e material é direcionada a

um segmento da população tido por “perigoso”, o jovem pobre, negro, do sexo

masculino se constitui envolto na luta por não ser atingido por esse imaginário social

ainda mantido pela sociedade contemporânea.

Esta é uma das questões que vieram a tona na pesquisa piloto empreendida nesta

investigação. Ali, os jovens apontaram - como uma questão de fundo para a

compreensão do que é ser jovem em uma periferia urbana – a discriminação da qual são

vítimas, inclusive a policial. Assim, a partir dos

... preconceitos dos agentes policiais, jovens (trabalhadores, estudantes ou

bandidos) pobres passam a ser o outro lado indiscriminado dessa guerra sem

tréguas que pretende livrar-nos do mal. Essa imagem do „menor‟, isso é, da

criança e do adolescente pobres é a parte da estratégia para justificar a ação

policial violenta e corrupta, na qual já se tornou difícil distinguir o que é

repressão ao crime do que é crime de extorsão (ZALUAR, 2004, p. 49-50).

A proteção da população infanto-juvenil está direta ou indiretamente atrelada a

politicas públicas, tanto em termos de programas e serviços de atendimento, seja em

forma de legislação e mesmo enquanto pesquisas que desenvolvem estudos para

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subsidiar tais ações e implementação de políticas públicas. O texto de Souza Neto

(1992) De menor a cidadão: filantropia, genocídio, políticas assistenciais, destaca um

panorama amplo do que vem a ser as políticas e ações voltadas para a infância e

juventude pobre e negra, demonstrando, ainda, a anatomia de uma política de genocídio

contra crianças e adolescentes, especialmente os afrodescendentes.

Tais reflexões fazem emergir a dubiedade das políticas públicas que, pelo menos

em seus discursos, indicam beneficiar as pessoas que realmente necessitam delas, no

entanto, perversamente estão atendendo os interesses do poder econômico vigente.

Ainda segundo, Souza Neto, tal análise evidencia a existência de um Estado “do mal-

estar social” que segrega e esconde as desigualdades que desembocam num conjunto de

práticas que vão contra as populações negras, em particular a juventude negra brasileira.

O extermínio de “menores” foi e continua sendo útil para manutenção e a

permanência de dados grupos políticos no poder, fato este que Souza Neto aponta como

já expressos na obra de autores como Balzac, Marx, Durkheim e outros que já

descreveram de que modo o crime impulsiona o desenvolvimento da economia e, ao

mesmo tempo, reconfigura a organização societária.

Michel Foucault destaca um aspecto interessante para esta análise:

Desde 1820 se constata que a prisão, longe de transformar os criminosos em

gente honesta, serve apenas para fabricar novos criminosos ou para afundá-

los ainda mais na criminalidade. Foi então que houve, como sempre nos

mecanismos de poder, uma utilização estratégica daquilo que era um

inconveniente. A prisão fabrica delinquentes, mas os delinquentes são úteis

tanto no domínio econômico como no político. Os delinquentes servem para

alguma coisa. Por exemplo, no proveito que se pode tirar da exploração

sexual: a instauração, no século XIX, do grande edifício da prostituição só foi

possível graças aos delinquentes que permitiram a articulação entre o prazer

sexual quotidiano e custosos e a capitalização.

Outro exemplo: todos sabem que Napoleão III tomou o poder graças a um

grupo constituído, ao menos em seu nível mais baixo, por delinquentes de

direito comum. E basta ver o medo e o ódio que os operários do sec. XIX

sentiam em relação aos delinquentes para compreender que estes eram

utilizados contra eles nas lutas políticas e sociais, em missões de vigilância,

de infiltração, para impedir ou furar greves, etc. (FOULCAULT, 1998, p. 131

e 132).

A sociedade exclui para incluir, e esta transmutação é condição de uma ordem

social desigual. Mesmo que não seja de forma decente e digna, todos estamos inseridos,

de algum modo, no círculo reprodutivo das atividades econômicas. Uma inserção

desigual que envolve grande parte da população brasileira, em sua maioria negra e

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migrante, fazendo com que sejam assumidas posições sociais indiscutivelmente

precarizadas e desprezadas.

Se, as Políticas Sociais a favor da juventude, trazem consigo um ranço de

criminalização, de estigma, e até mesmo de uma política de genocídio contra a

juventude pobre, qual seria o resultado social de indivíduos sem direitos, expostos a

situações de violência, crimes e ausências do Estado entre outros desvios e patologias

sociais? De que forma reage uma sociedade em que o medo é reproduzido e

potencializado para o controle social, como apontado por Foucault, entre outros? Como

esse jovem espoliado em seus direitos apropria-se (ou não) de políticas sociais e que

impacto isso tem em sua própria existência e de seu grupo social?

A PESQUISA PILOTO

Esta etapa da pesquisa inicia uma investigação mais ampla sobre a apropriação e

o impacto das politicas públicas e sociais junto a juventude. Os resultados referem-se a

avaliação realizada junto aos grupos de jovens participantes de uma Comissão de

Festividade do local pesquisado, em meados do mês de Junho/2018, no Conjunto

Residencial Jardim Gaivotas – Grajaú.

Enquanto metodologia de pesquisa social, em termos do desenvolvimento de

processos de avaliação, foi utilizada uma técnica de pesquisa qualitativa, derivada das

entrevistas grupais, que desenvolve a coleta de dados a partir das interações entre os

membros de um referido grupo. Apesar de necessitar de planejamento uma boa

estruturação prévia, essa técnica foi escolhida pelo baixo custo, por proporcionar a

obtenção de dados válidos e confiáveis e, particularmente por ser um procedimento que

abrevia o tempo da pesquisa de campo.

Foram feitos dos dois encontros com grupos de jovens moradores do extremo sul

da região metropolitana de São Paulo, caracterizado por algumas carências e

vulnerabilidades sociais, particularmente em termos de acesso a bens e serviços

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públicos e sociais, moradias precarizadas, baixa renda familiar/ per capta e um forte

processo de estigmatização territorial e social.

Na perspectiva de escutar os jovens sobre como eles veem, sentem, entendem e

percebem as políticas públicas voltadas para a juventude, tanto do ponto de vista da

garantia de direitos quanto, e principalmente, do ponto de vista de seu entendimento

enquanto aspecto do cotidiano, este trabalho propôs-se a discutir sobre juventude,

criminalização e políticas públicas, com base em um referencial teórico bibliográfico,

aprofundado nos encontros do grupo de estudos (GEPEPS/Mackenzie). Também

buscou analisar a situação do marco legal da juventude na atualidade brasileira, e

desenvolveu uma pesquisa de campo junto a jovens de uma região específica e

periférica da cidade, com o intuito de captar suas vivências, entendimentos e

representações no que tange às políticas públicas, às relações de criminalização e

cultura em que estão envoltos.

O percurso metodológico referenda os estudos como os de Gaskell (2002),

Stewart; Shamdasani (1990), Patton (1990), Silva e Trad, (2005) que destacam o uso

do grupo focal, ou entrevistas coletivas como técnica em avaliações de marketing, bem

como programas e políticas públicas que particularmente trabalham com

regulamentação pública, além das áreas de Saúde e Ciências Sociais.

O estudo, que se pretende ser mais amplo e englobar outras regiões da metrópole

paulistana, dadas as condições objetivas do momento, desenvolveu-se na região do

Grajaú, distrito de Capela do Socorro, Zona Sul da cidade de São Paulo.

O intuito foi coletar os dados amostrais, observar o resultado dos instrumentais e

procedimento metodológico de entrevista coletiva e analisar os resultados obtidos à luz

do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC)4.

Com a uma finalidade de captar as impressões dos participantes, o procedimento

de entrevista coletiva buscou valorizar a percepção de cada sujeito participante,

destacando as dimensões simbólicas e/ou subjetivas advindas da experiência do

4 LEFÉVRE, F. e LEFÉVRE, A. M. C. O Discurso do Sujeito Coletivo: Um novo enfoque à pesquisa

qualitativa (desdobramentos). Caxias do Sul: UDUCS – Coleção Diálogos, 2005.

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processo de discussão coletiva do tema em questão. A técnica de pesquisa é uma forma

de entrevista grupal, baseada na comunicação e na interação entre os participantes.

Assim, procurou-se identificar tendências e padrões de respostas associadas com o tema

de estudo, no caso a Juventude e as Políticas Públicas. O aspecto da criminalização e a

percepção que os jovens têm dela e como se percebem enquadrados ou inseridos nela

também foi assunto da discussão.

A escolha por esse procedimento de pesquisa atende a demanda de tempo

exíguo, mas também proporciona observar de perto os resultados de tal procedimento.

Nesse sentido, a experiência mostrou-se bastante rica e interessante. Possibilitou

identificar percepções, procedimentos, comportamentos, mudanças e aprimoramentos

nas reflexões, mostrando-se, ainda um processo didático e de construção de

conhecimento coletivo, na medida que ampliou os debates, trouxe questionamentos e,

por vezes polarizações.

Os participantes dos grupos destacam-se por serem todos jovens (entre 15 e 27

anos) o que os tornam homogêneo em termos de características que interferem em sua

percepção do tema (juventude e políticas públicas) que, apesar de tão plenamente

vivida, tende a ser tão pouco refletida em sua experiência cotidiana.

Assim a partir de categoria social juventude tais sujeitos foram sub classificados

em diferentes subgrupos: faixas etárias, gênero, escolaridades. Estas características

acrescentam variáveis que podem influenciar de modo não controlado os resultados do

estudo.

Esta etapa preliminar foi desenvolvida com dois grupos (um com 17

participantes e outro com 15), ambos realizados no mesmo dia, sendo um pela manhã e

outro a tarde. O critério para tanto foi a disponibilidade dos participantes.

Com 32 participantes no total, escolhidos por convite/aceitação, os encontros

realizaram-se na associação de moradores local. Eles já estavam se reunindo

periodicamente para organizar uma festa Julina na comunidade, para arrecadar fundos

para o time de futebol.

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Participaram ao todo 23 rapazes (integrantes do time, organizadores, amigos e

irmãos) e 9 moças (irmãs, amigas, namoradas), subdivididos nas seguintes faixas

etárias: entre 15 e 18 anos (8); entre 18 e 21 (18); entre 21 e 25 (4); entre 25 e 29 (2).

Tabela 1

Idade e Gênero

Idade (anos) Total

%

em relação ao

total

Gênero

Feminino Masculino

N. abs. % N. abs. %

De 15 até 18 8 3 33,33 5 21,74

De 18 até 21 18 4 44,45 14

De 21 até 25 4 1 11,11 1

De 25 até 29 2 1 11,11 1

Total 32 100,00 9 100,00 23

Desse grupo, 1 indivíduo estava cursando o Ensino Fundamental I, 7 estavam ou

haviam parado no Ensino Fundamental II, 22 estavam ou haviam concluído e parado

seus estudos no Ensino Médio e 2 haviam ingressado no Ensino Superior.

Tabela 2

Escolaridade, segundo gênero

Escolaridade Total

%

em relação

ao total

Gênero

Feminino Masculino

N. abs. % N. abs. %

Fundamental incompleto 1 3,12 1 4,35

Fundamental completo 7 21,88 1 11,11 6 26,10

Ensino médio incompleto 10 31,25 5 55,56 5 21,74

Ensino médio completo 12 37,50 2 22,22 10 43,56

Superior incompleto 2 6,25 1 11,11 1 4,35

Superior completo - - -

Total 32 100,00 9 100,00 23 100,00

Em relação ao quesito raça/cor e gênero, houve a auto declaração de ambos os

aspectos. Assim, 7 pessoas se consideraram brancas (3 fem. e 4 masc.); 5 se auto

declararam pretas (1 fem. e 4 masc.); houve 19 declarações como pardos (6 fem. e 13

masc.) e 1 homem se declarou como indígena.

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Tabela 3

Informantes por raça/cor e gênero

Raça/ Cor Total %em relação ao total Gênero

Feminino (28,12%) Masculino (71,88%)

N. abs. % N. abs. %

Branca 7 21,87 3 33,33 4 17,40

Preta 5 15,62 1 11,11 4 17,40

Parda 19 59,37 6 66,66 13 56,50

Indígena 1 3,12 0 - 1 4,34

Total 32 100,00 9 100,00 23 100,00

As entrevistas e seus resultados

As entrevistas coletivas, acompanhadas de breve questionário, foram guiadas por

um roteiro temático conduzido pelo moderador, com um observador, encarregado da

filmagem. Ambas as reuniões foram gravadas e filmadas para posterior transcrição. O

contato entre o grupo de jovens e os pesquisadores foi intermediado pelo líder da

comunidade. Os jovens foram indagados e ouvidos na sede da associação amigos do

bairro local.

Os procedimentos para a coleta de dados seguiram os seguintes critérios: a

pesquisadora mediadora é uma profissional já treinada e apta a desenvolver atividades

coletivas tanto educativas como para a pesquisa. Foi lido e explicado o documento de

livre consentimento para a cessão dos depoimentos. As gravações só serão utilizadas

para auxiliar na digitalização dos depoimentos, não sendo objeto de manipulação em si.

As assinaturas dos menores de idade foram ratificadas pelos pais.

Faremos aqui uma avaliação geral dos dois grupos trabalhados, indo direto para a

análise dos dados obtidos. Assim, a pesquisa destaca que os jovens de uma forma geral

conhecem as políticas públicas, muito embora, por vezes alguns as confundam com a

política partidária. Destacaram algumas como a escola, os postos de saúde, hospitais, o

policiamento, bem como programas como o Leve-Leite e cessão de cestas básicas, por

parte de algumas entidades.

Questionam algumas das iniciativas locais, como os CEUs, muito embora também

reconheçam sua importância na região. Da mesma forma, valorizam a educação, apesar

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de não acreditar totalmente na possibilidade da transformação social apenas pela

questão da escolarização.

Tendo em vista sua origem socioeconômica, o fato de serem migrantes, ou filhos

de migrantes, negros e mestiços também têm uma noção do preconceito e da

discriminação que vivenciam – particularmente os rapazes – constantemente

“escolhidos” para serem revistados pela polícia. Por tudo isso, destacaram a importância

de “ralar” em dobro para alcançar “algo de bom na vida” uma vez que se sabem

“pobres, pretos e pardos, sem acesso e morando longe” como citado por eles.

Com tudo isso, no entanto, apesar do aspecto ruim dessa situação, da defasagem

em relação aos grupos privilegiados da sociedade - os “Burguesinhos/ Mauricinhos”-,

também se veem como mais amadurecidos e capazes de assumir a responsabilidade pela

própria vida. A permanência nas casas paternas, no mais das vezes, se dá por uma

questão de composição de renda ou, como relatado: “uns [os burgueses] não saem [da

casa dos pais] porque não querem largar o osso; outros [os jovens pobres] não saem

porque é a carne dele que ajuda a manter a casa em pé”.

Apesar disso, têm percepção de que, enquanto comunidade e população periférica

lhes falta muito do mínimo necessário para uma vida digna. Também destacam a

ausência do poder público e a presença do poder local ligado ao tráfico de drogas e

outras contravenções.

Sabem que são associados à criminalidade, só por morarem onde moram. Alguns

relataram que eles mesmos e/ ou membros de suas famílias por vezes mentem sobre o

local de moradia para conseguirem emprego. Assim, veem e convivem com a

criminalização em seu cotidiano – seja nas “Gerais” da polícia, seja no comportamento

da chamada burguesia ante a sua presença na rua, num estabelecimento comercial, nos

recintos de culto ao consumo. A esse respeito, lembraram dos “rolezinhos” dos quais

alguns participaram, bem como do “churrasco dos diferenciados” na praça Buenos Aires

em Higienópolis.

Um dos aspectos interessantes que nos remonta a avaliação de Magnani sobre o

pedaço é justamente a visão positiva que têm de sua comunidade e a relação que se

estabelecem entre muitos de seus membros. Apesar de reconhecerem as mazelas que

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embasam a existência/ sobrevivência nas suas localidades, também reconhecem a

movimentação proposta pela própria comunidade.

Destacamos aqui o histórico de lutas reivindicatórias, movimentos culturais e

combatividade da região (Grajaú – movimento de moradia, Casa da Mulher do Grajaú,

Mães Crecheiras, Balaio Cultural, Pagode da 23 etc.). Assim, seja pelo engajamento

político – dos quais muitos pais e parentes participaram – seja pela vivência artística e

cultural ou ainda pelas associações religiosas, festividades e mobilizações de caráter

reivindicatório e participativo alguns dos jovens se reconhecem e reconhecem a história

de sua família nesses processos.

Tais aspectos referem-se diretamente aos vínculos de pertencimento, aos elos de

identidade e de solidariedade que unem os grupos quase que em comunidades, no

sentido mais sociológico do termo, ao invés do eufemismo geralmente usado para

descrever as favelas, cortiços, ocupações e outras formas precarizadas de habitação.

Assim, apesar do Estado não se fazer presente na medida minimamente necessária,

CONCLUSÃO

Na realidade do cotidiano as relações são mais que interdisciplinares,

transpassam suas fronteiras em experiências que constituem a cotidiano e a história

oculta em cada ser humano e seus grupamentos. A oportunidade de discutir a história do

cotidiano nos permite entrelaça-la com as diversas vertentes do conhecimento de forma

a trata-la de forma mais integrada e complexa e, acima de tudo, poder refletir sobre cada

uma de suas nuances.

Assim, vimos que a categoria juventude longe de ser um constructo homogêneo

ressalta os aspectos das desigualdades, enquanto questão social posta, como algo crucial

para o entendimento do que vem a ser essas juventudes e seus trajetos sociais.

A educação, particularmente a educação comprometida com a emancipação,

pode criar novos paradigmas e novas perspectivas de vida, de si e do mundo para o

jovem empobrecido pelas perversidades dos sistemas sociais historicamente

constituídos.

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Dos resultados da pesquisa piloto pode-se, ainda, pensar em uma autonomia

pessoal advinda da precariedade vivenciada nos contextos de inclusão perversa – que

exige dos indivíduos dos grupos socialmente vulnerabilizados muito mais (em termos

das condições objetivas da existência) do que dos indivíduos dos grupos privilegiados –

e numa dependência social/ coletiva no que tange às deficiências no atendimento dos

mínimos sociais (saneamento, saúde, empregabilidade, educação entre outras

obrigações do Estado democrático de Direitos) nos territórios periféricos, segregados e

desassistidos.

E há, também, o aspecto das construções e das relações sociais, dos movimentos

ligados à cultura local e suas práticas (esportivas, de festividades, de mutirões, das

mobilizações reivindicatórias) que desencadeiam nos jovens a busca por agremiações,

por pertencimento, por formas de organização – ainda que não amadurecidas – mas que

lhes permitam espaços de discussão, de percepção e de tomada de decisões.

Nas ausências do Poder Público e fora das estruturas da criminalidade, os jovens

“Manos e Minas em suas quebradas” forjam um espaço social a partir das suas relações

sociais, da percepção histórica da realidade e da construção de suas afetividades.

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