a presenÇa da arquitetura mineira na construÇÃo da ... · 3/5/2016 · a presenÇa da...
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A PRESENÇA DA ARQUITETURA MINEIRA NA CONSTRUÇÃO DA
PAISAGEM MODERNA NA PARAÍBA.
Estádio Ernani Sátyro. Campina Grande. 1974-1975.
AFONSO, ALCÍLIA. (1); SOBREIRA, CINTHYA. (2)
1. Professora Doutora do Curso de Arquitetura e Urbanismo. UFCG. CTRN. UAEC.
Coordenadora do Grupo de pesquisa Arquitetura e Lugar.
Rua Antonio de Sousa Lopes. 100. Apto 1302 A. Catolé. Campina Grande. Paraíba
E-mail: [email protected]
2. Aluna da graduação do Curso de Arquitetura e Urbanismo. UFCG. CTRN.
Pesquisadora PIBIC do Grupo de pesquisa Arquitetura e Lugar.
Avenida Elpídio de Almeida. 2081. Apto 102 A. Sandra Cavalcante. Campina Grande. Paraíba
E-mail: [email protected]
RESUMO O texto abordará como objeto de estudo, as conexões arquitetônicas existentes entre Minas Gerais e Paraíba, através da presença do arquiteto mineiro Raul de Lagos Cirne em obras produzidas no Estado, durante a década de setenta do século XX, tomando como estudo de caso, o Estádio Ernani Sátyro, mais conhecido como "Amigão", construído entre os anos de 1974 a 1975, durante o chamado "milagre econômico". O objetivo desse artigo é observar a arquitetura produzida na Paraíba pelo arquiteto responsável pelo primeiro estádio de grande porte da cidade de Campina Grande, que possui uma importância fundamental na construção de uma cidade que se desejava modernizar. Os estudos realizados procuraram um aprofundamento a respeito do processo que envolveu as fases dessa obra- desde o projeto, até a sua inauguração- através de uma análise arquitetônica e sua inserção na paisagem local, realizando levantamento de documentação projetual, observando as influências mineiras no local, as adaptações sofridas para o diálogo com um meio geográfico, cultural e social, distinto daquele do qual, o arquiteto mineiro estava acostumado a projetar. Mas, vale frisar aqui, que Cirne projetou em parceria com a SEEBLA, outros projetos de estádios, fora da Paraíba, tais como o Albertão, construído em Teresina, Piauí, e nessa época, se dedicou a desenvolver propostas que trabalhavam com esta tipologia arquitetônica em seu escritório em Belo Horizonte. O artigo procura através da divulgação dos resultados desta pesquisa que vem sendo realizado, difundir esta produção de grande valor arquitetônico e histórico, no meio científico, a fim de iniciar processos de conexão entre as arquiteturas desses lugares, colaborando com a circulação de ideias e saberes em regiões brasileiras, ampliando o universo de produção e trazendo à tona, os resultados destes intercâmbios arquitetônicos. Justifica-se o texto, pelo ineditismo temático, pois por primeira vez, procura-se relacionar estas produções arquitetônicas mineiras em solo paraibano. O trabalho de documentar a arquitetura paraibana é desenvolvido pelo grupo de pesquisas do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFCG, Arquitetura e Lugar- que vem investigando e aprofundando questões pertinentes à história da arquitetura do Estado. Nas obras projetadas por Cirne, não apenas na Paraíba, mas em outras cidades brasileiras, observa-se em sua produção projetual, um critério plástico formal moderno, limpo, escultórico, com base na fundamentação teórica e plástica da modernidade arquitetônica, dando atenção especial à estrutura, à limpeza volumétrica, ao uso de poucos, mas significativos materiais, abstração formal, e espaços transparentes- características que influenciaram ao processo de consolidação da linguagem moderna em cidades brasileiras.
Palavras-chave: arquitetura paraibana; patrimônio arquitetônico; documentação arquitetônica; modernidade arquitetônica.
4º COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO Belo Horizonte, de 26 a 28 de setembro de 2016.
1. Introdução
O trabalho que se pretende apresentar neste evento tem como objeto de estudo Estádio
Ernani Sátyro, conhecido como “O Amigão”, localizado à sudoeste da cidade de Campina
Grande, Paraíba. A proposta das investigações que vêm sendo realizadas pelo grupo de
pesquisa Arquitetura e Lugar, cadastrado na UFCG e no Cnpq, e inserido no curso de
Arquitetura e Urbanismo da UFCG, possui como objetivo analisar arquitetonicamente o
Estádio de Futebol, e sua inserção na paisagem local, realizando levantamento de
documentação projetual, observando as influências mineiras no local, as adaptações sofridas
para o diálogo com um meio geográfico, cultural e social.
Justifica-se a apresentação destas pesquisas neste evento, pela importância em difundir, em
nível nacional, a riqueza desse acervo, pouco conhecido e inédito, trazendo à tona, os valores
e princípios que nortearam tal produção.
O grupo de pesquisa, através da linha “História da arquitetura e da cidade moderna “Form CG”
pretende contribuir neste processo de resgate, estudando e divulgando este acervo, propondo
soluções para a sua conservação, e para tanto, vem dialogando com demais instituições
como o IPHAN, Prefeitura Municipal de Campina Grande, DOCOMOMO Brasil
(Documentação e conservação do movimento moderno), apoiado em um referencial teórico
trabalhado pelo programa de doutorado da ETSAB/ UPC de Barcelona, que tem nos livros do
professor catalão Dr. Helio Piñon, e da professora Dra. Teresa Rovira, a sua base conceitual.
Observa-se que a arquitetura vem buscando uma interdisciplinaridade com outros tipos de
conhecimentos, procurando trabalhar com perspectivas mais abrangentes, relacionando
aspectos da vida social, política, econômica e cultural dos objetos estudados.
Partindo deste princípio é que se propôs realizar uma pesquisa voltada para a construção de
uma história da arquitetura campinense produzida entre os anos 70 a 90, analisando de
maneira inter e multidisciplinar os vários aspectos que constroem a compreensão dessa
produção arquitetônica.
Sabe-se que os anos 70, grandes obras foram produzidas: época do sucesso em todas as
áreas, entretanto, provocou a paralisação econômica do país por mais de vinte anos; garantiu
o pleno emprego, registrou altos índices de crescimento econômico, mas não evitou a miséria
e o aumento da concentração de renda nas mãos de uns poucos.
Foi durante o governo do presidente Emílio Garrastazu Médici que ocorreu o chamado
“milagre econômico”, marcado pela realização de grandes obras da iniciativa pública. Obras
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de porte faraônico como a rodovia Transamazônica, a ponte Rio- Niterói e Usina Hidrelétrica
de Itaipu que passavam a impressão de um país que se modernizava a passos largos.
Entretanto, a euforia desenvolvimentista era custeada por meio de enormes quantidades de
dinheiro obtidas por meio de empréstimos que alcançaram a cifra dos 10 bilhões de
dólares,segundo pesquisas realizadas.
A cidade como cenário urbano, e o espaço para as realizações práticas do discurso político
está sendo observada também nesta pesquisa- ao debruçar um olhar sobre as
representações urbanas na época em estudo, sobre as áreas já ocupadas, seus usos e estilo,
e se teria havido algum tipo de intervenção do Governo do Estado na cidade de Campina
Grande.
A arquitetura neste recorte aparece com símbolo do poder econômico e político, e também,
com importantes inovações tecnológicas e construtivas, que acarretaram a construção de
obras monumentais, símbolos de uma época. Pode-se aqui citar, na cidade de Campina
Grande, obras como o edifício sede da Federação das Indústrias da Paraíba; a antiga sede do
Museu Assis Chateaubriand, atual Secretaria de Cultura; a Rodoviária Nova; o estádio de
futebol Amigão, entre outros edifícios- que estão sendo estudados na pesquisa desenvolvida
pelo grupo, e que nesse artigo se aterá a analisar o Estádio de futebol Ernani Sátyro,
projetado pelo mineiro Raul Cirne.
Quanto ao lugar, cenário desta produção, tem-se a cidade de Campina Grande; A
investigação que vem sendo executada realiza coletas através de pesquisas em arquivos
públicos e privados, baseados em uma listagem prévia de obras a serem analisadas, a fim de
levantar seus autores, clientes, soluções projetuais e construtivas, além das contribuições das
mesmas para a construção de uma modernidade urbana.
Como referencial teórico, é fundamental o aporte de autores clássicos que trataram sobre
modernidade arquitetônica universal, como Frampton (1993), Piñon (1997), Rovira e Gaston
(2007), Montaner (2002), além das referências nacionais como Bruand (1981), Segawa
(1997), Cavalcanti (2001).
Para melhor compreensão da análise feita neste artigo, é necessário que se faça uma relação
entre o desenvolvimento dos estádios de futebol no país e os momentos políticos vividos,
tanto a nível nacional como regional. Essa relação é importante para que se possa identificar
o valor cultural e arquitetônico da obra construída, bem como o impacto que ela causa na
sociedade contemporânea. Tem como finalidade chamar a atenção da população brasileira
para um exemplar da arquitetura brutalista existente na cidade de Campina Grande.
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2. Referencial teórico
Iniciado na Europa, o modernismo foi um movimento que envolvia as áreas artísticas e
culturais. Os principais ideais modernistas tiveram sua chegada ao Brasil no a partir da
primeira de década do século XX. Segundo Lúcio Costa, o Modernismo brasileiro justifica-se
como estilo, afirmando a identidade de nossa cultura e representando o “espírito da época”.
Um dos fatores predominantes para difusão do estilo modernista no Brasil foi o apoio do
Estado Novo que via nesse estilo um símbolo de modernidade e progresso.
Podemos afirmar que a arquitetura moderna se baseia num jogo dinâmico de planos, visa a
simplificação, busca uma forma dinâmica e nega o emprego de decoração em suas
composições. Funcionalismo e racionalismo são critérios fortemente presentes na arquitetura
moderna. Seus princípios norteadores são os critérios que adotam como pontos básicos: a
arquitetura como volume e jogo dinâmico de planos; a tendência à abstração, à simplificação;
utilização de malhas geométricas estruturantes do projeto; busca de formas dinâmicas e
espaços transparentes, com o predomínio da regularidade substituindo a simetria axial
acadêmica e a ausência de decoração que surge de perfeição técnica.
A abstração e o racionalismo aparecem como critérios desta arquitetura, partindo ambos dos
mesmos métodos redutivos da ciência clássica, ou seja, a decomposição de um sistema em
seus elementos básicos, a caracterização de unidades elementares simples e a construção
da complexidade a partir do simples. (Montaner, 2002, p. 82).
Vale à pena, aqui, recordar PIÑON (1981, p.42) que reflete sobre a forma moderna e sua
identidade, colocando que:
“A modernidade arquitetônica é, portanto, um modo de intensificar a construção
da forma, pois a libera da coação dos princípios compositivos classicistas, sem
renunciar à precisão e à consistência da estrutura formal do objeto.”
A forma moderna se caracteriza assim, pela adoção da abstração, pelo caráter universal, pela
especificidade, pela autonomia, não sendo determinada por convenções prévias,
diferentemente do que ocorria com a forma concreta, da qual, o tipo arquitetônico era o
elemento essencial.
As temáticas do patrimônio e da preservação ganharam destaque nas últimas décadas devido
ao forte apelo junto à opinião pública e investimentos considerávies por parte de instituições
culturais e financeiras, impulsionadas pelo crescimento do turismo nacional e internacional.
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Essa recente visibilidade e a crescente relevância das intervenções de restauro de áreas e
centros históricos para o planejamento e os projetos urbanos, vêm suscitando reflexões e
debates sobre as políticas de preservação do patrimônio cultural e também sobre a
legitimidade das intervenções realizadas contemporaneamente.
As décadas do pós-guerra foram marcadas, no cenário internacional, por uma nova
linguagem arquitetônica que propunha a exposição direta dos materiais e dos elementos
tectônicos, o resgate de materiais tradicionais, a preferência por jogos de volumes mais
dinâmicos e o uso extensivo do concreto, postura esta comumente chamada de Brutalismo.
O conceito da arquitetura brutalista vem sendo trabalhado por autores, que colocam sobre o
tema:
"Termo de cunhagem relativamente recente, entretanto não é fácil definir-se o
brutalismo de maneira acurada e isenta. Tão usado quanto esnobado pela literatura
arquitetônica da segunda metade do século XX, está longe de configurar um conceito
unânime, as diferentes acepções que lhe são atribuídas superpondo-se de maneira
pouco clara, parecendo ser uma só quando são muitas, e para deslindá-las é necessária
certa paciência de detetive." (ZEIN, 2007).
Dessa forma, alguns autores classificam o brutalismo em dois momentos: o primeiro
"brutalismo" e o "novo brutalismo".
O primeiro Brutalismo, como explica ZEIN (2007), foi adotado por primeira vez, em 1947, pelo
mestre franco suíço, Le Corbusier, na obra da Unidade habitacional de Marselha na França,
que adotou a linguagem em demais produções até os anos 60, por meio de um conjunto
característico de pequenos e macro detalhes.
O segundo momento brutalista, denominado por "novo brutalismo", surgiu na Inglaterra, nos
anos 50, com a produção da família Smithson para um concurso de uma escola em
Hunstanton-Norfolk, na qual foi empregada a solução pela "honesta manifestação de
estrutura de materiais" (FUÃO, 2000).
Fuão discorda dessa afirmativa de ter sido a obra da Escola em Hunstanton-Norfolk a primeira
a adotar o estilo brutalista, pois concorda com Reyner Banham, em: "O Brutalismo em
arquitetura, ética ou estética?", quando este autor cita que de fato, o primeiro edifício que
levou o título de Brutalismo, foi o Instituto de Illinois (1945-47) projetado pelo arquiteto alemão
Mies van der Rohe.
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Através de leituras iniciais, observou-se que dos anos de 1953 a 1960 começaram a ser
produzidas obras inaugurais do estilo Brutalista pelo mundo, tendo o Brasil também acolhido o
estilo, guardando entre si importantes aproximações formais, construtivas e plásticas.
De acordo com FRAMPTON (1995, p. 360), o Brutalismo está relacionado também com a
tectônica, podendo ser considerado como uma retomada desta cultura, pois a arquitetura
brutalista demonstra um claro retorno à expressão da estrutura e da construção.
O conceito de tectônica, conforme foi desenvolvido por Kenneth Frampton, procura relacionar
a arquitetura com o saber fazer, mediante o entendimento das técnicas construtivas passadas
de geração em geração pelos mestres de obras, empreiteiros e técnicos da construção, como
algo importante e essencial para a cultura e identidade de um povo.
Desse modo, o estudo da tectônica, ou seja, a apreensão e o cuidado com os detalhes e
articulações de materiais e junções, assim como a forma como os materiais são tratados na
arquitetura brutalista, a exposição de partes e arremates, a busca por uma honestidade
construtiva, a utilização dos materiais brutos, a evidenciação do processo construtivo, serão
abordados neste artigo, promovendo um novo olhar sobre o ‘brutalismo’.
3. Algumas informações sobre o arquiteto Raul de Lagos Cirne
AFONSO (2014) vem realizando pesquisas sobre o arquiteto Raul Cirne e sua atuação no
nordeste brasileiro, havendo escrito artigos publicados em periódicos e em congressos sobre
modernidade arquitetônica.
Raul de Lagos Cirne é filho de Otto Pires Cirne e Maria de Lourdes de Lagos Cirne, e nasceu
no dia 04 de agosto de 1928, em Belo Horizonte. Graduou-se Engenheiro Arquiteto pela
Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1951, quando iniciou, em
seguida, suas atividades como arquiteto. Sobre a importância de sua formação como
arquiteto nesta escola, no site da UFMG (2014) há um texto que coloca que:
"A Escola de Arquitetura da UFMG fundou-se em 1930, no propósito de formação de
profissionais engenheiros-arquitetos, conforme o desejo de seus idealizadores. No
Brasil, foi a primeira escola a se organizar de forma autônoma em seu conhecimento
estrito de arquitetura, pois é sabido que nesta época existiam apenas cursos de
arquitetura anexos a Escolas de Engenharia ou de Belas Artes."
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Na sua formação como arquiteto, Cirne (figura 1) conviveu com a implantação da linguagem
moderna na cidade, tendo a presença de Juscelino Kubitschek para prefeito, em 16 de abril de
1940, que foi decisiva para a instalação definitiva do modernismo na capital mineira. JK, como
era conhecido, médico de 38 anos, mesmo com seus ideais democráticos frente a
questionável legitimidade do Estado Novo, aceitou a nomeação do cargo de prefeito. Ainda no
texto do site da UFMG (2014) , há uma observação importante sobre este momento:
"Observa-se nesse momento de consolidação do Modernismo em Belo Horizonte após
1940, uma relação dialógica entre as artes, arquitetura e demais linguagens artísticas,
incentivada por uma política determinada de JK - transformar a cidade em uma
metrópole moderna. Kubitschek ao implantar a Pampulha não criou uma nova
arquitetura a partir apenas da criatividade de Niemeyer, mas a relacionou com outras
manifestações de arte como o paisagismo de Burle Marx e a plástica de Portinari e
Ceschiatti, caracterizando o conjunto em uma expressão mais ampla da cultura."
A arquitetura de Belo Horizonte inseriu-se no ambiente modernista dos anos 50 e 60 pelas
resoluções de programas voltados apenas para as necessidades das classes abastadas e
construções de equipamentos que garantissem o funcionamento e afirmação da nova política
municipal, estadual e federal.
Figura 1: Raul de Lagos Cirne em seu escritório em novembro de 2013,durante entrevista com Alcilia Afonso.
Fonte: Fotografia de Afonso, A. Belo Horizonte. 2013.
Notabilizaram-se, nesta época, a verticalização e a estética da arquitetura, principalmente no
centro da cidade, e os edifícios institucionais como representantes autênticos de um novo
tempo do modernismo belo-horizontino, como por exemplo: Edifício Clemente Faria Banco da
Lavoura, 1951. Pç. Sete – Centro - Arquiteto Álvaro Vital Brasil; Edifício Banco Nacional,
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1952. Rua Espírito Santo, 593 - Centro - Arquitetos Raul de Lagos Cirne e Luciano Alfredo
Santiago; Edifício Sede do BDMG, 1969. Rua da Bahia – Funcionários - Arquitetos Márcio
Pinto de Barros, Marcus Vinícius Meyer e William Ramos Abdalla; Sede do BEMGE,1953, Pç.
Sete – Centro - Arquiteto Oscar Niemeyer; Faculdade de Direito da UFMG, 1957. Praça
Afonso Arinos - Centro - Arquiteto Décio Corrêa Machado;Secretaria do Tribunal de Justiça,
1950. Rua Goiás, 229 – Centro - Arquiteto Raphael Hardy Filho; Assembleia Legislativa do
Estado. Pç. da Inconfidência – Sto Agostinho - Arquitetos Ricardo Kohn e Paul Liberman;
Sede do DCE da UFMG, 1953. R. Gonçalves Dias, 1581 - Funcionários - Arquiteto Silvio de
Vasconcelos; Edifício Sede do IPSEMG, 1964. Pç. Da Liberdade – Funcionários - Arquiteto
Raphael Hardy Filho; Biblioteca Pública Estadual, 1954. Pç. da Liberdade - Arquiteto Oscar
Niemeyer; Estádio Magalhães Pinto, 1966. Pampulha - Arquitetos Eduardo Mendes
Guimarães Jr e Gaspar Garreto, entre outros.
Após sua formação como arquiteto, Cirne iniciou uma brilhante carreira profissional,
prestando consultoria como arquiteto para diversas instituições, tais como, a CEMIG- Centrais
Elétricas de Minas Gerais, para a elaboração de projeto do edifício da sede situado na Av.
Barbacena, bairro Santo Agostinho, Belo Horizonte; para a SEEBLA- Serviços de Engenharia
Emilio Baumgart Ltda; para a Engevix- Estudos e Projetos de Engenharia, filial de Belo
Horizonte; e para a SUDECAP para estudos de soluções dos sistemas viários da Praça Sete
e Praça Raul Soares.
Além disso, sempre foi um profissional engajado às associações profissionais, estando
vinculado ao I. A. B./ Instituto de Arquitetos do Brasil, no qual foi diretor; à S. M. E. -
Sociedade Mineira de Engenheiros, na qual também atuou como diretor e, ao C. R. E. A. -
Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.
Participou de diversos concursos públicos, havendo sido vencedor nos realizados para a sede
do Banco do Comércio e Indústria, em 1952 e para sede do CREA de Minas Gerais, em 1978.
Na sua produção arquitetônica destacam-se os projetos desenvolvidos para o Hospital de
Olhos em Nova Lima, Minas Gerais; o estádio municipal João Havelange de Uberlândia, e o
Palace Hotel de Belo Horizonte.
Durante os anos setenta trabalhou como arquiteto da empresa mineira SEEBLA/ Serviços de
Engenharia Emilio Baumgart LTDA, que desenvolvia projetos para várias cidades brasileiras,
inclusive, para o estado da Paraíba e Piauí, tais como o Estádio Albertão (Teresina), e o
Monumento do Jenipapo, localizado em Campo Maior, o estádio Ernani Sátyro (Amigão) em
Campina Grande e o Estádio Almeidão, em João Pessoa.
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Uma informação curiosa foi descobrir o elo existente entre Raul Cirne e a SEEBLA.
Investigando-se sobre os vínculos pessoais e profissionais, chegou-se aos nomes do
engenheiro Gil César Moreira de Abreu. A esposa de Raul Cirne, Marília, era irmã do
engenheiro Gil César, graduado em Engenharia Civil pela Universidade de Minas Gerais
(UMG), que foi o construtor do estádio de futebol Mineirão, conhecido como Gigante da
Pampulha. Gil Moreira foi nomeado aos 26 anos, para coordenar os trabalhos de engenharia
do estádio Mineirão, juntamente com outros engenheiros que formavam a equipe responsável
pelo grande empreendimento de Belo Horizonte, que exerceu grande influência na solução
arquitetônica do estádio Albertão (figura 2), que Raul Cirne projetou nos anos 70 no Piauí.
Figura 2: Estádio Albertão. Teresina. Projeto de Raul Cirne
Fonte: Afonso. 2013.
Gil César Moreira de Abreu transformou-se ao longo dos anos, em um importante construtor e
empreendedor mineiro, com relações profissionais bem articuladas em nível nacional, e
através de parcerias com a SEEBLA, deu oportunidade ao seu cunhado e arquiteto Raul Cirne
a desenvolver projetos em várias cidades brasileiras.
4. A obra do Estádio Ernani Sátyro – “O amigão”
O ex-presidente do Campinense Clube, Germano Cruz, contou no programa de rádio “Debate
da Caturité” fatos inéditos sobre a construção do “Colosso da Borborema”, apelido dado pelo
narrador esportivo Joselito Lucena. Germano disse que em 1973, ocorreu uma reunião de
prefeitos em Fortaleza, no Ceará. Dorgival Terceiro Neto representou João Pessoa e Evaldo
Cruz, Campina Grande.
Evaldo estava decidido a construir um Estádio em Campina Grande, já que na época, essa
era a grande vontade do município. Políticos, Imprensa e Sociedade estavam imanados
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nesse sentido, ou seja, da construção de um campo de futebol de grandes dimensões, para
uma cidade que sempre respirou esse esporte.
Em Fortaleza, Evaldo Cruz após uma conversa com o prefeito da capital cearense, que
construiu um grande estádio por lá, procurou o húngaro Janos Tatray, para que esse fosse a
Belo Horizonte procurar o arquiteto do Mineirão e que esse fizesse uma maquete para o
Estádio de Campina Grande.
O governador da Paraíba na época Ernani Sátyro, em visita a Prefeitura de Campina Grande,
viu a maquete que tinha vindo de Recife e perguntou ao prefeito de Campina Grande com qual
recurso iria ser financiado tal projeto. Evaldo Cruz disse que seria com a ajuda do Governo do
Estado. Como sempre ocorreu em nossa histórica Paraíba, para que algum local tenha de ser
beneficiado, primeiro tem de se fazer na capital. Assim foi feito, o prefeito de João Pessoa
cedeu um terreno para a construção do Almeidão e o de Campina Grande, o local do Amigão.
O estádio infelizmente não chegou a ser totalmente concluído, tendo apenas a metade sul da
marquise terminada. Aquilo que era pra ser uma réplica do Estádio do Mineirão em Belo
Horizonte ficou mais parecendo um canteiro de obras. O mesmo ocorreu com o Almeidão em
João Pessoa. Talvez o dinheiro destinado às obras, que daria para se construir um Estádio de
verdade, foi desviado para que interesses fossem atendidos.
O Estádio foi inaugurado em 08 de março de 1975, com um jogo entre Botafogo do Rio de
Janeiro, time do então governador do Estado e o Campinense, clube local. Segundo o
ex-presidente do Treze em 1975, Zé Agra, o Treze foi preterido por este (Agra) fazer algumas
exigências ao governador, que foram consideradas desaforo por Ivan Bichara, o mandatário
da Paraíba na época.
5. O local - Campina Grande e o bairro Itararé
Como esclarecimentos iniciais para a compreensão do objeto de estudo, serão colocadas
aqui, algumas informações sobre a localização do município de Campina Grande e sua
formação histórica.
Campina Grande está localizada na região agreste do estado da Paraíba, nordeste brasileiro,
e "durante as primeiras cinco décadas do século XX foi uma das maiores produtoras de
algodão do país, exportando o chamado “ouro branco” para várias cidades do mundo, bem
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como, implantando na cidade, fábricas têxteis importantes e empresas beneficiadoras do
produto", conforme escreveu AFONSO (2015).
Figura 3 – Mapa de Localização da cidade de Campina Grande na Paraíba.
Fonte: Wikipédia e Google Maps. Adaptado pela autora.
A cidade (figura 3) é considerada polo de oito microrregiões que compõem o Compartimento
da Borborema – área que abrange 79 municípios, 44% do território paraibano e uma
população que soma mais de um milhão de habitantes.
Segundo ARANHA (2001), o apogeu econômico de Campina Grande se deu quando o trem
chegou à cidade, em 1907, impulsionando o comércio local, e a população deu um salto de
mais de 600%, chegando à marca de 130 mil habitantes no transcurso de pouco mais de três
décadas- a cidade virou um polo atrativo de pessoas que foram trabalhar em volta da indústria
algodoeira.
A ferrovia, atrelada à infraestrutura que compunha o ciclo do algodão, trouxe a implantação de
várias fábricas, escritórios, galpões de armazenamento, que configuraram uma nova forma
urbana para a cidade de Campina Grande. Até 1931, a Paraíba liderava o ranking de
produção algodoeira no Brasil, e Campina Grande chegou a ser denominada como a
“Liverpool do sertão”, exportando o produto para a Europa e para vários outros continentes
(Basílio, 2009).
Nas décadas de 20 e 30, a cidade atraiu empresas de outros lugares, como Pernambuco, e
vários empresários investiram na cidade, tais como os irmãos Marques de Almeida, o
empresário José Tavares de Moura, entre outros.
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De acordo com estimativas de 2014, sua população é de 402.912 habitantes, sendo a
segunda cidade mais populosa da Paraíba, possuindo uma população estimada em 630. 788
habitantes. Está a uma altitude média de 555 metros acima do nível do mar. A área do
município abrange 594,2 km².
Fazem parte do município de Campina Grande os seguintes distritos: Catolé de Boa Vista,
Catolé de Zé Ferreira, São José da Mata, Santa Terezinha e Galante.
O Estádio Governador Ernani Sátyro, mais conhecido como Estádio "Amigão", está localizado
no bairro Itararé (figura 4) na cidade de Campina Grande – PB, no local onde antes só
existiam plantações das mais variadas, onde foram necessários 14 meses para o
desmatamento do local, até a situação de se poder sediar jogos. A área de 25 hectares de
plantação foi desapropriada para a construção do estádio.
Com cerca de 15.000 metros cúbicos de concreto, a escavação da obra foi feita com
explosivos, com aproximadamente 800 homens trabalhando dia a dia.
O bairro Itararé está localizado na zona sul da cidade de Campina Grande, na Paraíba, que
teve seu nome dado devido ao termo tupi que significa "pedra escavada"; Designa rios
subterrâneos, que correm no interior de pedras calcarias. A boa localização se dá também
pela saída e chegada da cidade, contando perto dali o Aeroporto de Campina Grande.
Figura 4 – Mapa de Localização do Estádio no Bairro. Fonte: Modelo digital adaptado por Sobreira,C.
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6. O projeto - análise projetual
O Estádio Governador Ernani Sátyro, o “Amigão”, possui a mesma configuração espacial do
Estádio José Américo de Almeida Filho- Almeidão, em João Pessoa, por terem sido
projetados pelo mesmo arquiteto, e executados pela construtora Seebla (figura 5).
O Amigão foi construído entre 1974 – 1975 e inaugurado em 08 de março de 1975; O estádio
ficou assim conhecido, devido ao prefeito Ernani que tratava seus companheiros como "velho
amigo". Observa-se, inicialmente, que estas duas obras, adotaram como estilo, a arquitetura
brutalista, que se caracteriza pela adoção de estruturas robustas, em concreto armado,
aparente, e que se expressam plasticamente, através da "verdade" plástica dos materiais.
Figura 5- Estádio José Américo de Almeida Filho- Almeidão (João Pessoa) e Estádio Governador
Ernani Sátyro, o “Amigão- em Campina Grande”.
Fonte: http://www.templosdofutebol.com/pb/JoaoPessoa.htm
A essência das obras brutalistas pode ser observada em seu sistema estrutural, que se faz
presente, compondo a volumetria. Na ideia de que “a verdade estrutural” dos edifícios não
pode ser escondida, vigas, pilares e outros elementos da construção ficam expostos, sendo
eles os responsáveis pela plasticidade da obra (figura 6).
Figura 6 – Vista da Fachada Principal. Fonte: Grupo Arquitetura e Lugar. Daniela Porto Diniz. UFCG
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O Edifício do Estádio Amigão é constituído de uma planta baixa em forma elíptica marcada
pela estrutura aparente dos pórticos em concreto armado e utilizada como recurso estético da
composição. Possui dimensões da arena de 110m x 75m, e a capacidade para cerca de 25mil.
Figura 7 – Vista da volumetria e planta de locação e coberta. Fonte: SUPLAN.
A proposta da volumetria trabalha com a repetição da soma de arcos e brises de concreto
armado. Estes estão dispostos obliquamente dando a impressão de que avançam para o
exterior, o que reforça seu caráter monumental, porém sem causar impressão de peso, pois
são utilizados jogos de cheios e vazios.
Na fachada principal, que ficou voltada para o Oeste, foi observado que o arquiteto utilizou
uma marquise em balanço e o alongamento da composição: arco e brises, que tanto protege
parte do campo da insolação, quanto hierarquiza o acesso principal ao prédio. O interior
(figura 8) da edificação é bastante brutalista, e a estrutura à mostra marca a composição
interna espacial.
Figura 8 – Vistas Internas da estrutura de concreto. Fonte: Grupo Arquitetura e Lugar. Daniela Porto Diniz. UFCG
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Em 31 de Março de 2009, foi apresentado, no plenário da Câmara Municipal de Campina
Grande, um relatório contendo as melhorias necessárias para o estádio. A reforma deu-se no
início em 2013 e contemplou banheiros modernos e adaptados para Portadores de
Necessidades Especiais (PNE), bares, cabines de imprensa e arquibancadas, substituição de
todas as instalações elétricas e uma nova subestação (rede de distribuição de energia).
O estádio agora conta com estacionamento com capacidade de vagas para 845 automóveis,
sendo 30 delas destinados aos portadores de necessidades especiais (PNE) e mais 137
vagas para motos, totalizando 982 vagas em uma área de mais de 21 mil m². A urbanização
do estacionamento foi concluída recentemente, com instalação de postes e cabeamento,
iluminação, drenagem, construção de pista de skate e ciclovias.
7. Conclusão
O projeto de Raul Lagos Cirne apresenta-se, atualmente, completamente inserido na malha
urbana de Campina Grande, e tornou-se mais uma identidade para a cidade, porém,
espera-se que nos próximos anos, as reformas prometidas sejam implantadas e finalizadas
no Estádio, a fim de que a obra possa atender às exigências de segurança, acessibilidade.
A obra de Raul Cirne possui grande valor no cenário arquitetônico nacional, e os projetos
desenvolvidos para a implantação de estádios de futebol no Brasil durante a década de 70
deixaram um grande legado, no que é referente às soluções projetuais, estruturais e
construtivas. As formas dialogando com as funções, buscaram resultados compositivos de
uma riqueza volumétrica marcante, que se tornaram ícones urbanos, como por exemplo, os
estádios projetados para o Albertão em Teresina, o Amigão em Campina Grande e o
Almeidão, em João Pessoa.
O grupo de pesquisas Arquitetura e Lugar, vinculado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal de Campina Grande/UFCG, iniciou o processo de salvaguarda da
memória arquitetônica da obra de Raul Cirne, desenvolvendo pesquisas sobre sua produção
em cidades do nordeste brasileiro e os resultados são divulgados em congressos e
seminários nacionais e internacionais.
O grupo vem desenvolvendo trabalhos de investigação na área de história da arquitetura
nordestina, tanto em nível de graduação, como orientando dissertações de mestrado na
pós-graduação em história, educando os futuros arquitetos sobre a importância do acervo e
seu valor, desenvolvendo trabalhos que procurem difundir cada vez mais o patrimônio cultural
local.
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8. Referencias Bibliográficas
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