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Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências da Saúde Programa de Pós-Graduação em Odontologia Área de Concentração Odontologia Preventiva e Social A Perda Auditiva Induzida Pelo Ruído (PAIR) na formação odontológica: conhecimentos e níveis de exposição Bianca Oliveira Tôrres Natal 2007

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Ciências da Saúde

Programa de Pós-Graduação em Odontologia

Área de Concentração Odontologia Preventiva e Social

A Perda Auditiva Induzida Pelo Ruído (PAIR) na

formação odontológica: conhecimentos e

níveis de exposição

Bianca Oliveira Tôrres

Natal

2007

Bianca Oliveira Tôrres

A Perda Auditiva Induzida Pelo Ruído (PAIR) na

formação odontológica: conhecimentos e

níveis de exposição

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Odontologia da UFRN como

requisito parcial para obtenção do grau de

Mestre em Odontologia, área de concentração

Odontologia Preventiva e Social.

Orientadora: Profª. Drª. Iris do Céu Clara Costa

Natal

2007

Catalogação da Publica

Tôrres, Bianca OliveirA Perda Auditiva In

conhecimentos e níveis 96f. Orientador: Iris do C Dissertação (Mestra

de Ciências da SaúdeOdontologia Preventiva

1. Perda auditiva pr

Dissertação. 3. EstudanClara. II. Título.

RN/UF/BSO

Divisão de Serviços Técnicos ção na Fonte UFRN/Biblioteca Setorial de Odontologia

a. duzida pelo Ruído (PAIR) na formação odontológica:

de exposição/ Bianca Oliveira Tôrres. – Natal, RN, 2007.

éu Clara Costa.

do). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro . Departamento de Odontologia. Área de Concentração e Social.

ovocada por ruído – Dissertação. 2. Ruído ocupacional – tes de odontologia – Dissertação. I. Costa, Iris do Céu

Black D585

DEDICATÓRIA

A Deus, pois tudo em minha vida foi permitido e conduzido por Ele.

Aos meus pais Kenard e Júlia, exemplos de honradez e persistência, e aos

meus irmãos Julianna e Iggor pelo carinho, dedicação, compreensão e

apoio, imprescindíveis para vencer cada passo de meus estudos e por não

medirem esforços e proporcionarem todas as condições para que eu me

tornasse a pessoa e profissional que sou. Amo vocês até o limite do meu

entendimento.

AGRADECIMENTOS

À professora Drª. Iris do Céu Clara Costa, mais que orientadora, amiga. Com competência, respeito e carinho me conduziu nesta jornada, não medindo esforços para que ela fosse, além de consistente, agradável. Foi muito bom ter sido orientada por você. Ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na pessoa do seu coordenador, professor Dr. Angelo Giuseppe Roncalli. À minha eterna “patroa” Drª. Solange Soares da Silva Félix, responsável pelo direcionamento de minha formação profissional e minha carreira acadêmica. Obrigada pelo incentivo, apoio e inspiração, além de sua grande amizade. Ao amigo Dr. Franklin Delano Soares Forte, pela colaboração e amizade antes e durante o curso e por compartilhar comigo seus conhecimentos. Ao professor Dr. Kenio Costa de Lima pelo apoio, acolhimento, pelo valioso auxílio na análise e interpretação estatística e pelas contribuições no exame de qualificação. Seu olhar possibilitou o enriquecimento do meu estudo. Ao professor Dr. Antônio Medeiros Júnior pelas ricas sugestões apresentadas no exame de qualificação. À secretária do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Sandra Abrantes, sempre prestativa, receptiva e paciente. Aos amigos do curso de pós-graduação em Odontologia, Aline Louise, Altaíva Jales, Ana Daniela, Dyego Leandro, Ezilda Medeiros, Gilmara Celli, Irlane Alves, Juliêta Fernandes, Jussara Dantas, Lailson Lima, Samara Carollyne e Wilton Medeiros, juntos compartilhamos muitas experiências durante esta jornada, nas aulas, refeições, e horas de reflexões. Quando relembrar de bons momentos, vocês certamente estarão neles. A Allan Patrício, Iara Medeiros e Ricardo Castro, mais que amigos de mestrado, minha família em Natal. Obrigada pela companhia nos momentos difíceis longe dos que amamos, pelo companheirismo, aprendizagem, apoio e incentivos recebidos, além das grandes amizades solidificadas. Vocês são muito preciosos para mim. À Neusa Sales, pelo carinho dispensado, sempre de forma tão alegre.

À bibliotecária Cecília Santos, pelo eficiente trabalho de correção das referências. À professora e amiga Drª. Patrícia Moreira Rabello pelo constante incentivo ao crescimento profissional. À Francileine de Melo Oliveira, por sua amizade verdadeira e por me convencer que era possível. À grande amiga Maria Consuêlo Di Pace Borba, a irmã que Deus me permitiu escolher e incentivadora de uma vida inteira. Ao meu “mega” primo Rodolfo Torres Soares Boulitreau, companheiro incansável no início do curso. Sua presença em Natal me encorajou a aceitar o desafio. Vai por mim! Às acadêmicas Geórgia Souza e Valéria Nogueira pela valiosa ajuda na etapa de coleta dos dados. Aos acadêmicos Heriberto Aguiar e Juliana Bandeira pela disponibilidade em ajudar e eficiência, além da indiscutível simpatia. Aos acadêmicos de Odontologia da UFRN e UFPB participantes deste estudo, pelo consentimento e colaboração imprescindíveis ao desenvolvimento desta pesquisa. E a todos os familiares e amigos que confiaram e acreditaram em mim.

“Mas é claro que o sol vai voltar amanhã Mais uma vez, eu sei

Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã Espera que o sol já vem

Tem gente que está do mesmo lado que você Mas deveria estar do lado de lá

Tem gente que machuca os outros Tem gente que não sabe amar

Tem gente enganando a gente Veja nossa vida como está

Mas eu sei que um dia a gente aprende Se você quiser alguém em quem confiar

Confie em si mesmo Quem acredita sempre alcança

Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena Acreditar no sonho que se tem

Ou que seus sonhos nunca vão dar certo Ou que você nunca vai ser alguém Tem gente que machuca os outros

Tem gente que não sabe amar Mas eu sei que um dia a gente aprende Se você quiser alguém em quem confiar

Confie em si mesmo Quem acredita sempre alcança”

Renato Russo/Flavio Venturini

RESUMO

A racionalização do trabalho na Odontologia tem levado o profissional a trabalhar por meios e

sistemas fundamentados na ergonomia, tornando seu trabalho eficiente e menos cansativo.

Desde sua formação acadêmica, os cirurgiões dentistas são preocupados com a alta

produtividade em clínica e com o resultado final do trabalho, negligenciando a maneira como

este é executado, o que leva a redução de sua capacidade de trabalho e exposição a doenças

ocupacionais que poderiam ser minimizadas e/ou prevenidas. Este trabalho teve como

objetivo principal investigar o conhecimento de acadêmicos de Odontologia de uma

Universidade Pública do Rio Grande do Norte acerca da Perda Auditiva Induzida pelo Ruído

(PAIR), relacionando-o aos níveis de ruído a que estão expostos e à tomada de medidas

preventivas durante as atividades clínicas. Foi observado que 95% dos indivíduos sabem que

o cirurgião dentista é um profissional de risco para a PAIR. Dentre as causas da PAIR, a

caneta de alta rotação foi lembrada por 92,4% dos acadêmicos. Dos que enumeraram medidas

de proteção para a PAIR, 92% citaram o uso do protetor auricular, embora 97% dos

pesquisados tenham relatado não usar nenhum tipo de medida preventiva em relação ao ruído.

Observou-se também que 96% dos acadêmicos percebem o ruído durante o atendimento

clínico, o que chega a incomodar 28,1% deles. Quanto aos níveis de ruído, as canetas de alta

rotação dos acadêmicos apresentaram um valor médio de 80,5 dB variando de 72,3 a 88,3 dB.

Já a média do ruído ambiente observada na Clínica Integrada foi de 74,8 dB. Apesar dos

níveis de ruído observados neste estudo encontrarem-se abaixo dos limites de tolerância

estabelecidos pela legislação, podem provocar prejuízos à saúde dos profissionais da

Odontologia, o que sugere intervenção e uso de medidas preventivas imediatas capazes de

gerar um ambiente ocupacional saudável e com menos riscos.

PALAVRAS-CHAVE

Perda auditiva provocada por ruído; Ruído ocupacional; Estudantes de odontologia

ABSTRACT

The rationalization of work in the Dentistry has been taking the professional to work for ways

and systems based in the ergonomics, turning their work efficient and less tiring. Since their

academic formation, the dentists surgeons are concerned with the high productivity in clinic

and with the final result of the work, neglecting the way as it is executed, which reduce their

work capacity and exhibits them to occupational diseases that could be minimized and/or

forewarned. This research had as the main objective to investigate the knowledge of the

Dentistry academics of Rio Grande do Norte Federal University concerning the Noise-

induced Hearing Loss (NIHL), relating them at the noise levels that they are exposed, as well

as to the preventive measures taken during the clinical activities. Was observed that 95% of

the individuals know that the dentist surgeon is a professional in risk for NIHL. Among the

causes of NIHL, the one that obtained the largest frequency citation was the high-speed

handpieces, reminded by 92,4% of the academics. Among the students which enumerated

protective measures for NIHL, 92% mentioned the use of the ear plugs, although 97% of the

researched have told do not use any kind of preventive measure related to the noise. Was also

observed that 96% of the academics notice the noise during the clinical attendance, what

inconvenience 28,1% of them. Related the noise levels, the high-speed handpieces of the

academics presented a medium value of 80,5 dB varying from 72,3 to 88,3 dB. The average

of the ambient noise observed at the Integrated Clinic was about 74,8 dB. In spite of the noise

levels in this research were observed below the established limits of tolerance by the

legislation, they can provoke damages to the Dentistry professionals' health, or that suggests

the need of an intervention and use of immediate preventive measures able to generate a

healthy atmosphere of work and less risky.

KEY-WORDS

Hearing Loss, Noise-Induced; Noise, Occupational; Students, Dental.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Espectro de freqüência audível............................................................ 20

Figura 2 Diagrama esquemático das estruturas auriculares................................ 28

Figura 3 Estrutura anatômica da cóclea.............................................................. 28

Figura 4 Mapa mental da audição humana......................................................... 29

Figura 5 Decibelímetro utilizado no estudo........................................................ 51

Figura 6 Esquema ilustrativo da Clínica Integrada do DOD-UFRN.................. 52

Figura 7 Participação dos acadêmicos de Odontologia nas etapas do estudo, em percentuais. Natal, RN. 2007.......................................................... 54

Figura 8 Distribuição percentual da amostra estudada conforme sexo. Natal, RN.2007................................................................................................ 55

Figura 9 Distribuição percentual da amostra estudada de acordo com o período em curso. Natal, RN. 2007...................................................... 55

Figura 10 Distribuição percentual da população estudada de acordo com o conceito de PAIR. Natal, RN. 2007..................................................... 56

Figura 11 Freqüência de respostas dadas por acadêmicos de odontologia da UFRN sobre as causas da PAIR no consultório odontológico. Natal, RN. 2007............................................................................................... 58

Figura 12 Freqüência das medidas de proteção geral e/ou individual julgadas importantes pelos acadêmicos de odontologia da UFRN pesquisados. Natal, RN. 2007............................................................... 62

Figura 13 Distribuição percentual da população estudada de acordo com o recebimento de orientações sobre a PAIR e onde este se deu. Natal, RN. 2007............................................................................................... 67

Figura 14 Esquema ilustrativo com os níveis de ruído em decibéis da Clínica Integrada do DOD-UFRN.................................................................... 71

Figura 15 Freqüência de lubrificação das canetas de alta rotação em percentuais. Natal, RN. 2007................................................................ 72

Figura 16 Tempo de uso das canetas de alta rotação em percentuais. Natal, RN. 2007...................................................................................................... 74

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente................... 24

Tabela 2 Comparação entre os limites máximos de exposição diária ao ruído permitida................................................................................................ 25

Tabela 3 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao que eles consideram PAIR. Natal, RN. 2007........................................ 57

Tabela 4 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao cirurgião dentista ser ou não profissional de risco para a PAIR. Natal, RN. 2007............................................................................................... 57

Tabela 5 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação a caneta de alta rotação como causa da PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007............................................................... 58

Tabela 6 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação aos outros aparelhos do consultório como causa da PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007............................................................... 59

Tabela 7 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao ruído do ambiente do consultório como causa da PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007.......................................................... 59

Tabela 8 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação à baixa rotação como causa da PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007..................................................................................... 60

Tabela 9 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao compressor como causa da PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007............................................................................................... 60

Tabela 10 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao sugador como causa da PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007............................................................................................... 60

Tabela 11 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação às outras causas da PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007 61

Tabela 12 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação às repostas ao questionamento se medidas de proteção contribuem para evitar a PAIR. Natal, RN. 2007............................................................. 62

Tabela 13 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao uso do protetor auricular como medida de proteção contra a PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007.......................................... 63

Tabela 14 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação à manutenção do equipamento odontológico como medida de proteção contra a PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007............. 63

Tabela 15 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação a outras medidas preventivas como medida de proteção contra a PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007..................................... 63

Tabela 16 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação à lubrificação dos instrumentos rotatórios como medida de proteção contra a PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007............. 64

Tabela 17 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação à localização adequada do compressor como medida de proteção contra a PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007............. 64

Tabela 18 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao uso racional do sugador como medida de proteção contra a PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007.......................................... 65

Tabela 19 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao planejamento do ambiente como medida de proteção contra a PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007..................................... 65

Tabela 20 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação à questão “Você usa algum tipo de proteção individual?”. Natal, RN. 2007....................................................................................................... 66

Tabela 21 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao recebimento de orientações sobre a PAIR. Natal, RN. 2007................ 68

Tabela 22 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação à situação em que recebeu orientações sobre a PAIR. Natal, RN. 2007.. 68

Tabela 23 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao conhecimento da legislação pertinente aos limites de ruído permitidos no ambiente de trabalho. Natal, RN. 2007.......................... 68

Tabela 24 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, período cursado e nível de ruído das canetas de alta rotação em relação à percepção do ruído durante o atendimento clínico. Natal, RN. 2007................................................... 69

Tabela 25 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, período cursado e nível de ruído das canetas de alta rotação em relação ao incômodo provocado pelo ruído durante o atendimento clínico. Natal, RN. 2007.......................... 70

Tabela 26 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao nível equivalente de ruído das canetas de alta rotação dos acadêmicos de Odontologia da UFRN. Natal, RN. 2007......................................... 71

Tabela 27 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação à freqüência de lubrificação das canetas de alta rotação executada pelos acadêmicos de Odontologia da UFRN. Natal, RN. 2007............ 73

Tabela 28 Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação à esterilização em autoclave da caneta de alta rotação dos acadêmicos de Odontologia. Natal, RN. 2007.......................................................... 73

Tabela 29 Distribuição absoluta, média, desvio-padrão, intervalo de confiança e valor de p, segundo as variáveis nível de ruído e tempo de uso das canetas de alta rotação dos acadêmicos da UFRN. Natal, RN. 2007.... 74

Tabela 30 Distribuição absoluta, média, desvio-padrão, intervalo de confiança e valor de p, segundo as variáveis nível de ruído e freqüência de lubrificação das canetas de alta rotação dos acadêmicos da UFRN. Natal, RN. 2007..................................................................................... 74

Tabela 31 Distribuição absoluta, média, desvio-padrão, intervalo de confiança e valor de p, segundo as variáveis nível de ruído e esterilização em autoclave das canetas de alta rotação dos acadêmicos da UFRN. Natal, RN. 2007..................................................................................... 74

Tabela 32 Distribuição absoluta, média, desvio-padrão, intervalo de confiança e valor de p, segundo as variáveis nível de ruído e marca das canetas de alta rotação dos acadêmicos da UFRN. Natal, RN. 2007................. 75

LISTA DE ABREVIATURAS a.C. - Antes de Cristo Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária ADA - American Dental Association (Associação Dentária Americana) CEP - Comitê de Ética em Pesquisa CNS - Conselho Nacional de Saúde d.C. - Depois de Cristo DCNs - Diretrizes Curriculares Nacionais dB - Decibéis EPI - Equipamento de Proteção Individual Hz - Hertz ISO - International Standard Organization (Organização Internacional de Normalização) kHz - Quilohertz Leq - Nível equivalente de ruído MS - Ministério da Saúde MTE - Ministério do Trabalho e do Emprego NR - Norma Regulamentadora OMS - Organização Mundial de Saúde PAIR - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído rpm - Rotações por minuto SUDEMA-PB - Superintendência de Administração do Meio Ambiente do Estado da Paraíba UFPB - Universidade Federal da Paraíba UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte UNESP - Universidade Estadual Paulista

SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS LISTA DE ABREVIATURAS 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 15 2. REVISÃO DA LITERATURA................................................................................. 19 2.1 - O RUÍDO............................................................................................................... 20 2.1.1 - Ruído Ocupacional..................................................................................... 22 2.2 - O OUVIDO E A FISIOLOGIA DA AUDIÇÃO................................................................ 27 2.3 - DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS PERDAS AUDITIVAS......................................... 29 2.4 - EFEITOS AUDITIVOS CAUSADOS PELO RUÍDO........................................................ 31 2.4.1 - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído – PAIR.............................................. 32 2.4.2 - Zumbido...................................................................................................... 35 2.5 - EFEITOS EXTRA-AUDITIVOS CAUSADOS PELO RUÍDO............................................. 36 2.6 - NÍVEIS DE RUÍDO E PAIR NA ODONTOLOGIA........................................................ 38 2.7 - PREVENÇÃO DA PAIR.......................................................................................... 41 2.8 - FORMAÇÃO PROFISSIONAL E DOENÇAS OCUPACIONAIS......................................... 45 3. OBJETIVOS............................................................................................................... 47 3.1 - OBJETIVO GERAL................................................................................................. 48 3.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................................................... 48 4. METODOLOGIA...................................................................................................... 49 4.1 - CRITÉRIOS ÉTICOS................................................................................................ 50 4.2 - LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTUDO..................................................................... 50 4.3 - UNIVERSO DO ESTUDO.......................................................................................... 50 4.4 - COLETA DE DADOS............................................................................................... 50 4.5 - ANÁLISE DOS DADOS............................................................................................ 52 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................... 53 5.1 - CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES............................................................... 54 5.2 - RESULTADOS OBTIDOS NAS RESPOSTAS DOS QUESTIONÁRIOS............................... 55 5.2.1 - O que é PAIR e suas conseqüências para o cirurgião dentista.................. 55 5.2.2 - Causas da PAIR na Odontologia................................................................ 57 5.2.3 - Medidas de proteção para a PAIR............................................................. 61 5.2.4 - Orientações sobre a PAIR.......................................................................... 66 5.2.5 - Percepção do ruído durante o atendimento clínico e o incômodo por ele

causado.................................................................................................... 68

5.3 - RESULTADOS OBTIDOS NA SEGUNDA ETAPA DA COLETA DE DADOS...................... 70 5.3.1 - Níveis de ruído............................................................................................ 70 5.3.2 - Características das canetas de alta rotação.............................................. 71 6. CONCLUSÕES.......................................................................................................... 76 7. REFERÊNCIAS......................................................................................................... 79 ANEXOS

1. INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO

16

O tema ruído, suas repercussões na saúde e a maneira de estabelecer seu controle, tem

sido objeto de crescentes estudos e preocupações no campo da Saúde Pública, da Fisiologia,

da Acústica e da Engenharia41. Em decorrência do avanço acelerado no campo tecnológico, o

ruído se transformou na forma de poluição que atinge o maior número de pessoas nas últimas

décadas, provocando múltiplas conseqüências sobre o organismo humano22, 53.

A exposição ao ruído constitui um dos principais problemas de saúde ocupacional e

ambiental na atualidade, sendo o agente físico nocivo mais freqüentemente encontrado no

ambiente de trabalho, na maioria das profissões. Sabe-se que cerca de 15% dos trabalhadores

de países desenvolvidos estão expostos a intensidades de ruído deletérias à audição,

constituindo-se, dessa forma, em um importante agravo à saúde dos trabalhadores em todo o

mundo11, 18, 34. Segundo a Anvisa12, o ruído assim como os demais agentes físicos, estão entre

os riscos mais freqüentes a que estão sujeitos os profissionais que atuam em assistência

odontológica. O cirurgião-dentista é um dos profissionais mais afetados pelo ruído

ocupacional, uma vez que a prática odontológica envolve o uso de diferentes equipamentos

geradores de ruído34, 53.

A palavra ruído é derivada do latim rugitu que significa estrondo. Acusticamente, é

constituído por várias ondas sonoras com relação de amplitude e fase distribuídas

anarquicamente, provocando uma sensação desagradável1, 17. Os termos som e ruído são

freqüentemente utilizados indiferenciadamente, mas, geralmente, som é utilizado para as

sensações prazerosas como música ou fala; ao passo que ruído é usado para descrever um som

indesejável como buzina, explosão, barulho de trânsito e máquinas33, 41, 52, 54.

O som é definido como a impressão fisiológica causada por uma onda mecânica

quando esta atinge nosso ouvido. A freqüência do som, cuja unidade de medida é o hertz

(Hz), é o número de vibrações realizadas por um corpo num intervalo de um segundo. Para

ser percebido, é necessário que o som esteja dentro da faixa de freqüência captável pelo

ouvido humano, que varia em média, para um ouvido normal, de 20 a 20.000 Hz33, 40, 41, 46, 52,

54.

A intensidade do som é a quantidade de energia contida no movimento vibratório,

podendo ser expressa em termos de energia (W/cm²) ou em termos de pressão (N/m² ou

Pascal). Como ambas as unidades são de difícil tratamento, devido à variação logarítmica da

sensação sonora, recorre-se a uma escala auxiliar para a avaliação da intensidade, que é o

decibel (dB), numa escala logarítmica de 0 a 150 dB17, 26, 46, 52. A literatura relata que os níveis

INTRODUÇÃO

17

suportáveis de ruído devem ter intensidade de até 70 dB. Entre 70 e 90 dB aumenta a

sensação de desconforto; e entre 90 e 140 dB há um alto risco para a acuidade auditiva30, 32, 42,

54.

O ruído em excesso tem o poder de lesar as vias auditivas, desde a membrana

timpânica até regiões do sistema nervoso central. As principais alterações responsáveis pela

perda auditiva induzida pelo ruído ocorrem no órgão de Corti, pois suas células ciliadas

externas são particularmente sensíveis a altas e prolongadas pressões sonoras - a chamada

"exaustão metabólica". A morte dessas células resulta em déficit permanente da capacidade

auditiva, uma vez que o espaço é preenchido por formações cicatriciais3.

A Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) - também conhecida como “Perda

Auditiva por Exposição a Ruído no Trabalho”, “Perda Auditiva Ocupacional”, “Surdez

Profissional”, “Disacusia Ocupacional” ou ainda “Perda Auditiva Neurossensorial por

Exposição Continuada a Níveis Elevados de Pressão Sonora de Origem Ocupacional” - é uma

doença ocupacional de alta prevalência nos países industrializados, apresentando-se como um

dos agravos à saúde do trabalhador mais freqüente nas indústrias brasileiras1, 11, 27. Constitui-

se em doença profissional de grande prevalência no meio odontológico, conceituada como

uma diminuição gradual da acuidade auditiva do tipo neurossensorial decorrente da exposição

contínua a níveis de pressão sonora elevados. É uma patologia cumulativa e insidiosa, que

cresce ao longo dos anos de exposição ao ruído associado ao ambiente de trabalho11, 54. A

PAIR é ainda uma doença de caráter irreversível e de evolução progressiva, passível

totalmente de prevenção, de modo que, uma vez cessada a causa ou minimizada para níveis

não lesivos, a perda se estabilizará3, 11, 22, 24.

No Brasil, a preocupação com as condições do ambiente de trabalho, no que se refere

às condições mínimas de higiene e segurança, é normalizada e fiscalizada pelo Ministério do

Trabalho, que edita as Normas Regulamentadoras (NRs). Contudo, cabe ressaltar que a

preocupação é recente e que devemos empenhar muitos esforços para que a segurança no

ambiente de trabalho seja assimilada por trabalhadores e empregadores38. Devido ao fato da

PAIR, na grande maioria dos casos, não ocasionar a incapacidade para o trabalho, a

notificação desse agravo à saúde do trabalhador no Brasil é dificultada11, 27.

Além da PAIR existem outras manifestações auditivas da exposição ocupacional ao

ruído intenso, tais como os zumbidos, e o comprometimento da inteligibilidade da fala, com

prejuízo no processo da comunicação3, 44. O dentista acometido pela PAIR é capaz de ouvir,

porém incapaz de compreender o que lhe está sendo dito. É importante ressaltar que a PAIR

INTRODUÇÃO

18

não é corrigida cirurgicamente nem com o uso de aparatos auditivos, diferentemente da

presbiacusia (perda auditiva fisiológica)46, 54.

Estudos têm demonstrado os efeitos extra-auditivos da exposição ao ruído e alertam

que os mesmos devem merecer atenção especial dos profissionais de saúde, tendo em vista o

amplo espectro das repercussões observadas11. A cronicidade dos seus efeitos e a dificuldade

de estabelecer correlações diretas com os sintomas extra-auditivos fazem do ruído um agente

reconhecível, mas com repercussões pouco “visíveis”, sendo necessário chamar a atenção

para o real problema que afeta os trabalhadores41, 53, 52. A literatura especializada aponta ainda

que trabalhadores expostos ao ruído ocupacional intenso apresentam risco três a quatro vezes

maior de se acidentarem, quando comparados a trabalhadores não expostos3, 19.

Embora abordado com menor freqüência em estudos e pesquisas que o ruído

industrial, o ruído no ambiente odontológico é um fato que não pode ser negligenciado. Os

cirurgiões-dentistas estão sujeitos a uma série de cargas de trabalho, as quais, em sua maioria,

passam despercebidas na prática diária. É importante que o profissional passe a entender

melhor o seu processo e ambiente de trabalho para exercer um legítimo controle deste, pois a

Odontologia é uma profissão que pode gerar danos irreversíveis, e que as possíveis marcas

dos anos de trabalho geralmente só são observadas ao final da carreira, quando a surdez e

outros danos orgânicos já estiverem incorporados como fatores relacionados à

idade26, 51, 53, 52, 54.

Diante desses fatos, é mister verificar com que ênfase essa problemática vem sendo

discutida nos cursos de graduação, uma vez que a prevenção é o único meio para se preservar

a saúde auditiva dos cirurgiões dentistas, levando-se em conta que o ruído é um fator presente

desde sua formação profissional.

2. REVISÃO DA LITERATURA

REVISÃO DA LITERATURA

20

A revisão da literatura contemplará os aspectos conceituais referentes ao ruído, ao

ruído ocupacional, ao ouvido e à fisiologia da audição, à definição e classificação das perdas

auditivas e aos efeitos do ruído excessivo para a audição, como a Perda Auditiva Induzida

pelo Ruído (PAIR) e os zumbidos. Serão destacados também os efeitos extra-auditivos

provocados pelo ruído, os níveis de ruído no ambiente odontológico, a prevenção da PAIR e

ainda a discussão das doenças ocupacionais na formação profissional.

2.1 - O Ruído

O som é caracterizado por variações de pressão que necessitam de um meio elástico,

como por exemplo o ar, para seu deslocamento. Propaga-se em forma de ondas ou oscilações

mecânicas longitudinais e tridimensionais, produzindo uma sensação auditiva. Nem todas as

flutuações de pressão produzem estímulo auditivo no ser humano. Os animais possuem

sensação auditiva em faixas de freqüências que podem ser mais amplas que a do homem17, 33.

Na faixa de freqüências de 20 Hz até 20 kHz, as ondas de pressão no meio podem ser

humanamente audíveis, mas com graus de sensibilidade diferentes ao longo dessa faixa,

devendo ser levada em consideração, também, a amplitude do som na determinação da

audibilidade humana (Figura 1). Dentro da faixa audível, verifica-se que o ouvido humano

percebe as freqüências de uma maneira não linear17.

Figura 1. Espectro de freqüência audível. Fonte: Creppe e Porto17

Ultra-sons Infra-sons Audição Humana 20 kHz 20 Hz

Um ruído é apenas um tipo de som, mas um som não é necessariamente um ruído.

Félix22 e Mello33 apresentam conceitos do ruído de acordo com diferentes critérios de

classificação:

Subjetivamente, o ruído é um som desagradável e indesejável;

Objetivamente, é um sinal acústico aperiódico, originado da superposição de vários

movimentos de vibração com diferentes freqüências, as quais não apresentam relação entre si;

REVISÃO DA LITERATURA

21

Quantitativamente, é definido pelos atributos físicos indispensáveis para o processo de

determinação da sua nocividade – sua duração em tempo, espectro de freqüência em Hertz e

intensidade sonora (nível de pressão sonora) em decibéis.

Qualitativamente, pode ser classificado segundo a variação de seu nível de intensidade com

o tempo em:

- contínuo: aquele com variações de níveis desprezíveis durante o período de

observação;

- intermitente: quando o nível varia continuamente de um valor apreciável durante o

período de observação;

- de impacto ou impulso: o que se apresenta em picos de energia acústica de duração

inferior a um segundo. O ruído de impacto é um fenômeno acústico associado a explosões e é

considerado um dos tipos mais nocivos à audição, com intensidades que variam de 100 dB

para o ruído de impacto e acima de 140 dB para o ruído impulsivo.

O ouvido humano responde a uma larga faixa de intensidade acústica, desde o limiar da

audição até o limite da dor, uma vez que a 1000 Hz a intensidade acústica capaz de causar a

sensação de dor é de 1014 vezes a intensidade capaz de causar sensação de audição. Pela

dificuldade de se expressar números de ordens de grandezas tão diferentes em uma escala

linear, utiliza-se, então, a escala logarítmica de decibéis (dB)52.

Na medição do ruído são empregados, basicamente, dois tipos de medidores de nível de

pressão sonora, conhecidos como decibelímetros e dosímetros. Os decibelímetros são

compostos de: microfone, atenuador, circuitos de equalização, circuitos integradores e

mostrador graduado em dB. Normalmente, eles possuem 2 curvas de ponderação (equalização

A e C), podendo possuir, em alguns casos, quatro curvas (equalização A, B, C e D), também

chamadas de circuitos de compensação, que são escalas padronizadas internacionalmente e

designadas para reproduzirem a audibilidade em função da freqüência sonora. Como o ouvido

não responde linearmente ao espectro de freqüência, o medidor de nível sonoro procura,

através desses circuitos, reproduzir o comportamento auditivo humano em relação a níveis de

intensidade, respectivamente de 40, 70 e 100 d B a 1000Hz. O circuito A é o mais utilizado na

medição de ruídos contínuos e intermitentes em ambientes de trabalho, pois apresenta

respostas mais próximas do ouvido humano52.

O circuito B também é utilizado para ruído contínuo, mas sua utilização é restrita

devido à pouca semelhança com o ouvido humano. O circuito C é empregado nas medidas de

REVISÃO DA LITERATURA

22

ruído de impacto, por ser um circuito de resposta mais linear; enquanto o circuito D é

utilizado para ruído contínuo de alta freqüência e nível de pressão sonora alto (aeroportos)52.

Os decibelímetros apresentam no mínimo dois circuitos de respostas: lenta (slow), para

ruídos contínuos e intermitentes, e rápida (fast), para ruído contínuo de nível constante ou

valores externos de ruído intermitente. Alguns aparelhos podem apresentar as constantes

impulso e pico, utilizadas para os ruídos de impacto ou impulsivos. A faixa de operação

desses equipamentos está entre 30 e 140 dB 5, 17, 22, 52.

Outra forma de medição de ruído é através da utilização de dosímetros, que é um

aparelho de uso pessoal. Este pode ser colocado no bolso ou cintura do trabalhador, com um

microfone preso próximo ao seu ouvido, sem interferir em seus movimentos. Esse aparelho

avalia o ruído a que o mesmo está exposto durante toda uma jornada de trabalho1, 5, 17.

Como os níveis de ruído variam de maneira aleatória no tempo, utiliza-se medir o nível

equivalente (Leq), expresso em decibéis, que representa a média de energia sonora durante

um intervalo de tempo. É um método de análise de valores médios através de aproximação

matemática. Esse valor já é calculado normal e automaticamente por alguns instrumentos de

medição de ruído52.

A legislação brasileira, através da Norma Regulamentadora nº 1513 - anexo nº1 do

MTE, estabelece que os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser medidos em

decibéis (dB), com instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de

compensação “A” e de resposta lenta (slow). A norma recomenda ainda que as leituras devem

ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador.

2.1.1 - Ruído Ocupacional

Os efeitos deletérios da exposição ao ruído no que se refere à audição têm sido tema de

trabalhos desde a Antiguidade. Segundo Barros5, há documentos onde se encontram relatos de

pessoas, entre os gregos, com aversão ao ruído produzido pelo martelo sobre o bronze. Já os

siberianos, no ano 600 a.C., afastavam dos limites de sua cidade o ruído produzido pelo

trabalho com metais.

Na História Antiga, também existem citações que descrevem receios da humanidade

relacionados aos efeitos nocivos da exposição ao ruído. Caius Plinius Secundus, conhecido

como Plínio, o Velho, que nasceu em 23 d.C., em sua obra “História Natural”, correlacionou

REVISÃO DA LITERATURA

23

surdez e exposição ao ruído ao relatar ensurdecimento das pessoas que viviam próximas às

cataratas do Nilo22, 33.

A Revolução Industrial, em 1789, provocou grandes mudanças na sociedade, com

introdução de novas formas de relacionamento humano, novas formas de produção e criação

de novas necessidades de consumo. Trouxe também a mecanização com o conseqüente

aumento do nível de ruído gerado pelas máquinas, o que, por um lado, proporcionou maior

comodidade ao homem, e, por outro, interferiu demasiadamente no equilíbrio e no

funcionamento do seu organismo, principalmente no que diz respeito à função auditiva5, 17, 33.

Relatos datados de 1951, citados por Araújo3, afirmam que operários que trabalham

em ambiente ruidoso eram sujeitos a hipoacusia e surdez ocupacional, e já sugeriam a

profilaxia individual no ambiente de trabalho através da redução do ruído e do uso de

proteção auditiva.

Kryter, em 1966, citado por Shinohara e Mitsuda46, já alertava que a exposição ao

ruído em níveis acima de 80 dB por oito horas diárias e cinco dias por semana causava perda

permanente da audição.

No Brasil, o Ministério da Saúde determina que os estabelecimentos de saúde devem

apresentar diversos aspectos qualitativos, dentre eles, o conforto acústico26. Na legislação

brasileira relativa à segurança e medicina do trabalho, a Norma Regulamentadora nº 15 da

Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho e do Emprego13, estabelece limites de

tolerância para o ruído contínuo ou intermitente e de impacto, respectivamente em seus

anexos 1 e 2. No anexo 1, consta que os sons potencialmente perigosos são os que estão acima

de 85 dB(A), porém o limiar seguro pode variar de pessoa para pessoa e até de ouvido para

ouvido. Quanto aos limites de tolerância, a tabela 1 mostra, dentre outros, que o tempo

máximo de exposição a um ruído de 85 dB é equivalente a oito horas; sendo que em 86 dB

este tempo passa para sete; em 87 dB cai para seis horas; e em 88 dB, para cinco horas. Ibañez

e Seligman30 e Shiraishi47 criticam que, embora a legislação exista, não é aplicada, e por isso

não tem conseguido evitar o surgimento de surdez profissional no nosso país.

REVISÃO DA LITERATURA

24

Tabela 1. Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente.

Nível de ruído

dB (a)

Máxima exposição diária permissível

85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas 91 3 horas e 30 minutos 92 3 horas 93 2 horas e 40 minutos 94 2 horas e 15 minutos 95 2 horas 96 1 hora e 45 minutos 98 100

1 hora e 15 minutos 1 hora

102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 8 minutos 115 7 minutos

Fonte: Brasil. Ministério do Trabalho e do Emprego13.

A Norma Regulamentadora nº1714 (NR 17), que trata da ergonomia visando

estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características

psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto,

segurança e desempenho eficiente, estabelece que nos locais de trabalho onde são executadas

atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constantes, o nível de ruído aceitável

para efeito de conforto é de 65 dB.

Ainda em relação aos níveis de ruído, a Organização Mundial de Saúde36 (OMS)

preconiza que o limiar seguro é de 55 dB, recomendando a utilização de algum tipo de

proteção em níveis acima deste. Quando o nível de ruído ultrapassa 75 dB as pessoas

começam a sentir desconforto acústico, e além de 80 dB as mais sensíveis podem sofrer perda

da audição, o que se generaliza quando ocorrem níveis acima de 85 dB. A tabela 2 mostra os

REVISÃO DA LITERATURA

25

limites máximos de exposição diária aos níveis de ruído no Brasil, Europa e Estados Unidos

segundo a legislação de cada um desses locais52.

Tabela 2. Comparação entre os limites máximos de exposição diária ao ruído permitida.

Leq (Bra) Leq(EU) Leq (EUA) Tempo de exposição diária máxima 85 dB(A) 90 dB(A) 95 dB(A) 100 dB(A) 105 dB(A) 110 dB(A)

85 dB(A) 88 dB(A) 91 dB(A) 94 dB(A) 97 dB(A) 100 dB(A)

90 dB(A) 95 dB(A) 100 dB(A) 105 dB(A) 110 dB(A) 115 dB(A)

8 4 2 1

30 min 15 min

(Bra) Legislação Brasileira - NR 15 anexo n° 1 (EU) Legislação Européia (EUA) Legislação Americana - OSHA

Fonte: Souza52.

Na Europa, a exposição diária ao ruído era limitada pela legislação ao valor máximo

de 85 dB, entretanto, em fevereiro de 2006, entrou em vigor uma norma que reduziu esse

limite para 80 dB40.

Félix22 apresenta níveis médios de intensidade para alguns ruídos, que vão do muito

silencioso, 0 a 10 dB; passando pelo moderado, de 60 a 70 dB; chegando ao ruído estrondoso

de 150 dB. Cita como ruído de 10 dB uma respiração normal; de 60 dB, uma conversação

entre vários indivíduos; de 85 dB, o ambiente de um escritório barulhento ou uma fábrica,

destacando que esse nível é considerado zona de perigo auditivo; de 120 dB, o barulho de

uma motocicleta, sendo o limiar do desconforto; e de 140 dB, a decolagem de aviões a jato ou

um tiro de revólver, sendo este o limiar da dor auditiva. No que se refere à freqüência do

ruído, são consideradas perigosas para o ouvido humano aquelas situadas a partir de 4000 a

9600 Hz32.

Sabe-se que o cirurgião-dentista no exercício de sua profissão necessita de um grau

elevado de concentração onde o nível de ruído não deve exceder de 30 a 40 dB, pois acima

desses valores o ruído leva o profissional à irritação e perda de concentração; e ainda, se for

acima de 65 dB, pode provocar hipertensão26. Entretanto, os cirurgiões-dentistas estão

expostos diariamente a altos níveis de ruído que são provenientes de diversas fontes, como

compressores de ar, sugadores de saliva, bombas de aspiração a vácuo e turbinas de alta

rotação, além de outros fatores como som ambiente, choro e gritos de crianças e ainda ruídos

externos ao ambiente de trabalho, como conversação de clientes na sala de espera e barulho

de trânsito8, 12, 37, 42, 49, 54.

REVISÃO DA LITERATURA

26

Assim como nos consultórios odontológicos, nas faculdades de Odontologia as

atividades de ensino-aprendizagem requerem o uso de equipamentos que emitem ruído. Os

níveis de ruído produzidos por diferentes equipamentos (instrumentos rotatórios de alta e

baixa rotação, máquinas de laboratório, etc.) inerentes a essas atividades educacionais são os

principais indicadores do conforto acústico nessas áreas. Nas aulas práticas, a acústica

ambiente é caracterizada por altos níveis de ruído em relação a outras áreas de ensino,

atribuídos ao ruído exagerado produzido por alguns desses dispositivos e ao uso do

equipamento odontológico por várias pessoas ao mesmo tempo40.

Diferentemente da indústria de eletrodomésticos que, atualmente, para colocar no

mercado seus produtos, precisa atestar, através de selos especificando os níveis de ruído

emitidos, que estes estão dentro dos limites toleráveis preconizados pela legislação nacional, a

indústria odontológica não fornece dados sobre o ruído emitido por seus equipamentos, sem

nenhuma cobrança dos profissionais que a mantêm. Vale ressaltar que o ruído é passível de

ser controlado por mudanças tecnológicas e que seria importante um posicionamento da

classe odontológica a esse respeito53.

Apesar dessa omissão, o Conselho de Materiais Dentários e Equipamentos da ADA35

reconheceu, em 1974, que a exposição contínua ao ruído das turbinas de alta rotação poderia

causar danos ao aparelho auditivo. Tais efeitos ocorrem especialmente quando os níveis de

ruído estão acima de 80 dB e dependem da idade e suscetibilidade individual, freqüência de

exposição, intensidade, distância da fonte de ruído, tempo de exposição e intervalos entre as

exposições29, 35, 40.

Sabe-se que na prática odontológica as turbinas de alta rotação podem emitir sons de

intensidade acima de 90 dB, dependendo do modelo, da idade e conservação, da distância do

ouvido do operador e da circunstância de estar a broca cortando um material duro ou mole31,

32, 54. Entretanto, alguns autores afirmam que as turbinas modernas, se mantidas sob

manutenção técnica periódica e adequadamente lubrificadas, apresentam um nível de ruído

abaixo de 85 dB, apresentando, assim, um risco baixo ou nulo de perdas auditivas

significativas para o cirurgião dentista46, 49, 58. É importante observar que o uso simultâneo de

várias turbinas, como acontece em clínicas universitárias, aumenta a intensidade total dos

ruídos de cada turbina31.

A ADA considera qualquer valor acima de 1.000 Hz perigoso para a audição humana.

Enquanto as turbinas mais antigas atingiam ruídos com freqüências acima de 8.000 Hz, os

modelos mais recentes tiveram essa freqüência reduzida para a faixa de 2.000 a 6.000 Hz29.

REVISÃO DA LITERATURA

27

Quanto às brocas, durante procedimentos operatórios, as pequenas produzem ruídos na

freqüência média de 5.000 a 6.000 Hz; aquelas gastas podem registrar freqüências de até

12.500 Hz; enquanto as de diâmetro maior podem atingir até 25.000 Hz32.

2.2 - O ouvido e a fisiologia da audição

Os dois mais importantes dos cinco sentidos humanos, a audição e a visão, sofrem

deterioração mais rapidamente e mais freqüentemente que os sentidos do olfato, tato e

paladar. A audição tem importante função social, assim como, a privação auditiva causa

danos no comportamento individual, social e psíquico, influenciando na qualidade de vida dos

seres humanos29, 33.

O órgão responsável pela audição é o ouvido, que está dividido em três partes: ouvido

externo, médio e interno. O ouvido externo é formado pelo pavilhão auditivo, que tem como

função captar e canalizar os sons para o ouvido médio; e pelo canal auditivo externo ou meato

auditivo, que estabelece a comunicação entre o ouvido médio e o meio externo. O canal

auditivo externo termina numa delicada membrana, o tímpano, firmemente fixada ao conduto

auditivo externo por um anel de tecido fibroso, chamado anel timpânico.

O ouvido médio começa na membrana timpânica e consiste, em sua totalidade, de um

espaço aéreo – a cavidade timpânica – no osso temporal. Dentro dele estão três ossículos

articulados entre si: martelo, bigorna e estribo. Esses ossículos encontram-se suspensos no

ouvido médio, através de ligamentos. O martelo está encostado no tímpano, enquanto o

estribo apóia-se na janela oval, um dos orifícios dotados de membrana do ouvido interno que

estabelecem comunicação com o ouvido médio. O outro orifício é a janela redonda. O ouvido

médio comunica-se também com a faringe, através de um canal denominado tuba auditiva ou

Trompa de Eustáquio.

O ouvido interno, chamado labirinto, é formado por escavações no osso temporal,

revestidas por membrana e preenchidas por líquido. Limita-se com o ouvido médio pelas

janelas oval e a redonda. O labirinto apresenta uma parte anterior, a cóclea, e uma parte

posterior, constituída pelo vestíbulo e pelos canais semicirculares56 (Figura 2).

REVISÃO DA LITERATURA

28

Fonte: www.corpohumano.hpg.ig.com.br/apr_sensoriais/ouvido/ouvido_a.jpg

Figura 2. Diagrama esquemático das estruturas auriculares

No que diz respeito à audição, as ondas sonoras percorrem o ouvido externo até atingir

a membrana do tímpano, provocando vibrações que, por sua vez, são transferidas para os três

ossos do ouvido médio, que trabalham como uma série de alavancas, transferindo a energia da

vibração do ar para vibração no líquido do ouvido interno. O ouvido médio atua como um

amplificador, transmitindo as vibrações das ondas de pressão até a cóclea. Nesse processo, as

paredes finas da cóclea vibram, e as ondas passam para o tubo central e depois para o tubo

inferior até a região conhecida como janela redonda. As vibrações das membranas basilar e

tectórica, em sentidos opostos, estimulam as células do órgão de Corti a produzirem sinais

elétricos estimulando o nervo coclear (Figura 3), iniciando assim o sinal para o cérebro. A

figura 4 sintetiza o mecanismo da audição humana17, 33, 52.

1- escala ou rampa média ou coclear 2- escala ou rampa vestibular 3- escala ou rampa timpânica 4- gânglio espiral 5- nervo coclear

Figura 3. Estrutura anatômica da cóclea.

REVISÃO DA LITERATURA

29

Funcionando em conjunto, as estruturas do ouvido externo, médio e interno

discriminam cerca de 400.000 sons, além de desempenharem papéis vitais para o homem,

tanto relacionados à sua locomoção e manutenção do equilíbrio estático e dinâmico, quanto à

localização da direção e da distância de fontes sonoras, além de funcionarem como importante

mecanismo de alerta e defesa. Porém, acima de tudo, elas possibilitam a aquisição e o

desenvolvimento de um sistema simbólico estruturado que diferencia os humanos das outras

espécies animais: a linguagem verbal33.

Fonte: Anatomia e Fisiologia Humanas - www.biologia.cjb.net

Figura 4. Mapa mental da audição humana

2.3 - Definição e classificação das perdas auditivas

Segundo Barros5 e Mello33, os efeitos do ruído se classificam em três categorias:

trauma acústico, mudança temporária no limiar ou perda auditiva temporária e mudança

permanente no limiar ou perda auditiva permanente. O trauma acústico consiste numa perda

auditiva de instalação súbita, provocada por ruído repentino e de grande intensidade, como

REVISÃO DA LITERATURA

30

uma explosão ou uma detonação. Em alguns casos, a audição pode ser recuperada total ou

parcialmente com tratamento (antiinflamatórios, expansores do plasma e ativadores da

microcirculação). Eventualmente, o trauma acústico pode acompanhar-se de ruptura da

membrana timpânica e/ou desarticulação da cadeia ossicular, o que pode exigir tratamento

cirúrgico. A perda auditiva temporária ocorre após a exposição a ruído intenso, por um curto

período de tempo. O ruído que por exposição aguda provoca perda temporária também pode

ocasionar a perda auditiva permanente, caso a exposição seja crônica. Entretanto, os

mecanismos de perda são distintos nas duas situações, e as alterações observadas no órgão de

Corti são de naturezas diferentes.

É importante ressaltar que qualquer redução na sensibilidade de audição é considerada

perda de audição. As perdas auditivas podem ser classificadas de acordo com diversos

critérios, dentre eles: o fator causador, sua localização topográfica, sua expressão clínica e o

grau da perda5, 23, 25, 33 :

Quanto ao fator causador:

Presbiacusia – é a inevitável perda auditiva relacionada com a idade. Ela acontece

devido a alterações no sistema auditivo, basicamente por processos de calcificação e perda de

elasticidade das fibras do ouvido interno;

Nosoacusia – perda auditiva causada por patologia otológica ou condições médicas;

Socioacusia – perda decorrente da exposição ao meio ambiente habitual de vida,

induzida pelo ruído não ocupacional;

Perda auditiva induzida pelo ruído ocupacional – relacionada ao trabalho, é uma

diminuição gradual da acuidade auditiva, decorrente da exposição contínua a níveis elevados

de pressão sonora.

Quanto à localização topográfica:

Condutivas - aquelas que resultam de alterações do ouvido médio ou externo.

Consistem na dificuldade ou impedimento da passagem das vibrações sonoras para o ouvido

interno. São, muitas vezes, provocadas por processos de obstrução tubária causadas por

fatores mecânicos ou inflamatórios, otites agudas ou recidivantes, bem como malformações

do pavilhão da orelha, do meato auditivo ou dos ossículos auriculares do ouvido médio;

Neurossensoriais - originam-se no ouvido interno, no órgão de Corti e nervo auditivo.

São também chamadas de surdez de percepção, nervosa ou de ouvido interno. São causadas

REVISÃO DA LITERATURA

31

por doenças ou malformações de origem hereditária. Este tipo de surdez pode ser provocado

também por fatores tóxicos, traumas ou exposição do ouvido a sons de elevada intensidade

por muito tempo;

Mistas - apresentam lesões ou alterações do ouvido médio e interno associadas;

Centrais - causadas pela lesão ou mau desenvolvimento das vias nervosas centrais ou

do córtex cerebral encarregado da audição.

Quanto à expressão clínica:

Hipoacusia - diminuição do sentido da audição;

Disacusia - Distúrbio auditivo em que os sons são deturpados, em sua freqüência ou

em sua intensidade.

Anacusia - Perda total da audição.

Quanto ao grau da perda: São observados comportamentos e características distintos

entre os diferentes graus nos indivíduos. São eles:

Perda auditiva de grau leve - Pessoas com dificuldade de ouvir sons baixos, como um

sussuro;

Perda auditiva de grau moderado - Quando há dificuldade em ouvir sons de média

intensidade. Os indivíduos geralmente aumentam o volume da TV ou rádio, falam mais alto

que os demais e, freqüentemente, pedem para repetir o que foi dito;

Perda auditiva acentuada - Quando as pessoas têm dificuldade para ouvir sons baixos e

médios, necessitando de um estímulo médio-alto para captar a mensagem. Este é o caso do

idoso que coloca a mão na orelha enquanto o falante grita a mensagem;

Perda auditiva de grau severo - Os indivíduos só conseguem ouvir sons de alta

intensidade, como buzina ou uma porta batendo;

Perda auditiva de grau profundo - Seus portadores são pessoas que raramente têm

consciência do mundo sonoro, podendo reagir apenas para sons muitos altos, como tiro de

revólver ou barulho de um avião.

2.4 - Efeitos auditivos causados pelo ruído

REVISÃO DA LITERATURA

32

2.4.1 - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído – PAIR

Sendo a PAIR o objeto deste estudo, necessário se faz que se aprofunde sua discussão.

A perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR) resulta de alterações dos limiares auditivos do

tipo neurossensorial, decorrentes da exposição ocupacional sistemática a níveis de pressão

sonora elevados. Tem como características principais a irreversibilidade e a progressão

gradual com o tempo de exposição ao risco. A sua história natural mostra, inicialmente, o

acometimento dos limiares auditivos em uma ou mais freqüências da faixa de 3.000 a 6.000

Hz. Uma vez cessada a exposição, não haverá progressão da redução auditiva11, 22, 24. Por

causa de características como ser gradual, progressiva e não apresentar dor, a PAIR

geralmente não é percebida29.

A PAIR é um comprometimento auditivo passível de prevenção, podendo acarretar

várias alterações importantes que interferem no cotidiano das pessoas. Uma dessas alterações

é a incapacidade, que se refere aos problemas auditivos experimentados pelo indivíduo com

relação à percepção da fala em ambientes com ruído competitivo, como televisão, rádio,

cinema, teatro, sinais sonoros de alerta, música e sons ambientais52.

A perda induzida pelo ruído é conseqüência da exposição prolongada a um ambiente

ruidoso, existindo dois aspectos fundamentais: as características do ruído e a suscetibilidade

individual3, 29, 35, 46. As características do ruído são: intensidade, freqüência, tempo de

exposição e natureza do ruído. A intensidade a partir de 84 - 90 dB de ruído causa uma lesão

irreversível, e a lesão será mais importante quanto maior for o ruído, o que tem sido

razoavelmente comum em alguns ambientes industriais como metalúrgicas, teares, bancos de

prova de motores e outros. Na freqüência, qualquer área do espectro sonoro é capaz de

desencadear problemas cocleares, tendo como mais traumatizantes os ruídos compostos pelas

freqüências altas. Em relação ao tempo de exposição, a lesão é diretamente proporcional ao

tempo em que o indivíduo fica exposto ao ruído. Com 100 horas de exposição, já se pode

encontrar patologia coclear irreversível. Por esse motivo, intervalos para descanso acústico

em ambientes adequados são fundamentais na tentativa de recuperação enzimática das células

sensoriais. A natureza do ruído refere-se à distribuição da energia sonora durante o tempo,

podendo ser contínua, flutuante e intermitente. Ruídos de impacto são particularmente

prejudiciais.

A suscetibilidade individual está relacionada com o sexo, idade e doenças do ouvido.

O sexo masculino apresenta preponderância na prevalência e no grau de perda auditiva. A

idade é importante, pois os mais jovens e os mais idosos apresentam maior suscetibilidade.

REVISÃO DA LITERATURA

33

Doenças do ouvido como disacusia neurossensorial de qualquer etiologia podem significar

maior prejuízo se o paciente for submetido ao ruído3.

São características principais da PAIR, segundo o Comitê Nacional de Ruído e

Conservação Auditiva5, 22, 33, 38, 52:

A PAIR é sempre neurossensorial, em razão do dano causado às células do órgão de Corti;

Uma vez instalada, a PAIR é irreversível e quase sempre similar bilateralmente;

Raramente leva à perda auditiva profunda, pois geralmente não ultrapassa os 40 dB(A) nas

baixas freqüências e os 75 dB(A) nas freqüências altas;

Manifesta-se, primeira e predominantemente, nas freqüências de 6, 4 ou 3 kHz e, com o

agravamento da lesão, estende-se às freqüências de 8, 2, 1, 0,5 e 0,25 kHz, as quais levam

mais tempo para serem comprometidas;

Tratando-se de uma patologia coclear, pode apresentar intolerância a sons intensos e

zumbido, comprometendo a inteligibilidade da fala em prejuízo do processo de comunicação;

Não deverá haver progressão da PAIR, uma vez cessada a exposição ao ruído intenso;

A instalação da PAIR é, principalmente, influenciada pelos seguintes fatos: características

físicas do ruído (tipo, espectro e nível de pressão sonora), tempo de exposição e

susceptibilidade individual;

A PAIR não torna o ouvido mais sensível a futuras exposições a ruídos intensos. À medida

que os limiares auditivos aumentam, a progressão da perda torna-se mais lenta;

A PAIR geralmente atinge o seu nível máximo nos primeiros 10 a 15 anos de exposição

sob condições estáveis de ruído;

Apesar de a PAIR ter como uma de suas características principais ser quase sempre

similar bilateralmente, em dentistas um ouvido pode encontrar-se mais afetado que o outro,

dependendo da posição da cabeça do operador em relação à turbina de alta rotação22, 29.

O diagnóstico nosológico da PAIR ocupacional somente pode ser estabelecido por

meio de um conjunto de procedimentos que envolvem anamnese, exame físico, avaliação

audiológica e, se necessário, outros testes complementares11, 52.

Quanto à evolução clínica da PAIR ocupacional, distinguem-se quatro estágios. O

primeiro estágio compreende as 2 ou 3 primeiras semanas da exposição. Nesse período, o

trabalhador pode referir zumbidos em finais de jornada, sensação de plenitude auricular,

REVISÃO DA LITERATURA

34

cefaléia e tontura. A audiometria pós-exposição ao ruído pode mostrar aumento de limiares

auditivos em freqüências agudas, reversíveis após afastamento da exposição11.

O segundo estágio caracteriza-se por ser completamente assintomático, exceto por

eventuais zumbidos. Pode durar de meses a anos, e a audiometria pode mostrar perda de 30 a

40 dB na freqüência de 4 kHz, atingindo às vezes as freqüências de 3 e 6 kHz. No terceiro

estágio, o trabalhador passa a referir dificuldades para ouvir o tique-taque de relógios, o som

de campainhas de residências e/ou telefones, necessidade de aumentar o volume do rádio e

TV, dificuldade para compreender alguns sons de consoantes principalmente em ambientes

com ruídos de fundo (inclusive de baixa intensidade), e pode começar a pedir que repitam o

que foi falado. O déficit audiométrico nas freqüências atingidas no segundo estágio aumenta

de intensidade, podendo atingir de 45 a 60 dB11.

Por sua vez, o quarto estágio coincide com a surdez pelo ruído. O indivíduo encontra

dificuldade para ouvir a voz de familiares e colegas de trabalho, pede que falem mais alto. Os

sons são percebidos de maneira distorcida, já descrita como “se fosse um rádio mal

sintonizado”. A audiometria mostra comprometimento também das freqüências de 2, 3 e 8

kHz11.

Para Travaglini55 e Hyson Jr29, a perda auditiva causada pelo ruído não deixará uma

pessoa surda, mas a evolução resultará num comprometimento social do indivíduo, além de

gerar estresse e irritabilidade.

Almeida e colaboradores1 relatam estudo que observou que o maior contingente de

perdas instala-se nos primeiros cinco anos de exposição e atingiram a freqüência de 4.000 Hz

principalmente. Com o passar dos anos, a lesão nessa freqüência não evolui tão rapidamente e

as outras freqüências passam, então, a manifestar nova deterioração.

Um estudo audiométrico realizado com 137 dentistas e 80 médicos verificou diferença

estatisticamente significativa na sensibilidade auditiva entre os grupos, sendo que os dentistas

apresentavam maior perda auditiva que o outro grupo. Os resultados também demonstraram

que os dentistas destros apresentavam maior perda no ouvido esquerdo, que os autores

relacionaram à proximidade da fonte de ruído, enquanto tal diferença não foi observada entre

os médicos29, 49.

O Ministério da Saúde11 afirma que é comum a coexistência de outros fatores que

podem agredir diretamente o órgão auditivo e influir no desenvolvimento da perda auditiva

por meio da interação com os níveis de pressão sonora ocupacional ou não-ocupacional,

REVISÃO DA LITERATURA

35

destacando, entre os agentes físicos, as vibrações. O anexo nº 8 da NR 1513 refere que as

atividades e operações que exponham os trabalhadores, sem a proteção adequada, às

vibrações localizadas serão caracterizadas como insalubres, através de perícia realizada no

local de trabalho, que deve tomar por base os limites de tolerância definidos pela ISO.

A exposição concomitante ao ruído e vibrações pode agravar a perda auditiva induzida

por níveis de ruído elevados3, 24, 44. Saquy e colaboradores44 destacam ainda que, no caso do

cirurgião-dentista, esses são componentes presentes no uso da caneta de alta rotação. Hétu e

Phaneuf28 relatam que, quando foram formuladas recomendações para os níveis permitidos de

exposição ao ruído, as perdas auditivas observadas foram atribuídas exclusivamente ao ruído,

e outros agentes físicos e químicos foram e ainda têm sido ignorados.

2.4.2 - Zumbido

O zumbido, também conhecido como tinitus ou acúfeno, é um sintoma e não uma

doença, podendo ser definido como “uma ocorrência na ausência de atividade vibratória ou

mecânica correspondente nos ouvidos médio ou interno” ou ainda como “uma ilusão auditiva,

isto é, uma sensação sonora não relacionada com uma fonte externa de estimulação”, o que

significa que o mesmo é uma percepção auditiva fantasma. Essa sua característica subjetiva

leva à incapacidade de mensurá-lo objetivamente18, 33, 48. Está presente em 50% dos casos de

PAIR, sendo descrito ao longo da história como sussurros, chiados, assovios, vozes na cabeça

ou ainda badalo de sino, tratando-se de um sintoma de difícil tratamento que causa extremo

desconforto. Pode afetar a qualidade de vida das pessoas, e ainda, de acordo com sua

gravidade, excluí-las do convívio social e até levá-las ao suicídio18, 46, 48. O zumbido grave é

considerado o terceiro pior sintoma que pode acometer o ser humano, sendo superado apenas

pelas dores e tonturas intensas e intratáveis18, 46.

Os zumbidos não têm tratamento específico, mas podem desaparecer

espontaneamente. As pessoas que associam o zumbido a uma situação desagradável ou

indício de perigo não são capazes de se habituar ao seu som, enquanto outras são capazes de

ignorá-lo totalmente33.

Em pesquisa realizada com cirurgiões dentistas, Félix22 observou que

aproximadamente 30% dos indivíduos sentiam algum desconforto auditivo, tendo sido citados

como sintomas mais prevalentes os zumbidos nos ouvidos ou na cabeça, dores de cabeça e

fadiga mental.

REVISÃO DA LITERATURA

36

2.5 - Efeitos extra-auditivos causados pelo ruído

O dano causado ao aparelho auditivo é o efeito melhor conhecido e quantificado da

exposição ao ruído, embora existam também aspectos extra-auditivos, como alterações

fisiológicas e psíquicas que podem comprometer as relações do indivíduo na família e no

trabalho, prejudicando o desempenho de suas atividades da vida diária3, 44, 52. Souza52, 53 relata

que a surdez pode ser considerada um mal menor frente outras alterações causadas pelo ruído

que podem chegar a colocar em risco a vida do trabalhador.

Os efeitos extra-auditivos induzidos pelo ruído podem ser explicados pelo fato de o

estímulo auditivo, antes de chegar ao córtex cerebral, passar por inúmeras estações

subcorticais, principalmente pelas funções vegetativas 33.

Diversos autores enumeram manifestações extra-auditivas ou sistêmicas que a

exposição ocupacional ao ruído intenso pode trazer concomitantemente à perda auditiva,

como: 3, 8, 11, 16, 17, 18, 22, 24, 29, 32, 33, 37, 44, 52, 53, 54, 55.

Aparelho circulatório - aceleração da freqüência cardíaca e respiratória e elevação da

pressão arterial, além de taquicardia. Em pessoas com surdez provocada pelo ruído, observa-

se uma queda de pressão. Alterações sangüíneas, modificando os índices do colesterol,

triglicerídios e cortisol plasmático;

Aparelho digestivo - alterações no movimento peristáltico e ainda gastrites, úlceras,

enjôos, vômitos e alterações da função intestinal;

Sistema endócrino - alteração no funcionamento glandular, como aumento da

produção de hormônios tireoidianos;

Sistema imunológico - altera os elementos que atuam na defesa imunológica;

Mulheres grávidas - uma vez que o ouvido do feto está formado no 5° mês de

gestação, o mesmo também pode sofrer com o ruído excessivo. A reação deste ao ruído pode

ser observada através do aumento do batimento cardíaco e movimentação do corpo;

Função sexual e reprodutiva - nos homens, pode diminuir a libido, levando à

impotência e/ou infertilidade; nas mulheres, pode alterar a menstruação, provocando ciclos

anovulatórios;

Vestibulares - produzem dificuldade de equilíbrio, vertigens, desmaios e labirintite,

que pode se tornar crônica de acordo com a exposição;

REVISÃO DA LITERATURA

37

Sistema nervoso - tremores de mãos, diminuição de estímulos visuais,

desencadeamento ou piora de crises epiléticas;

Sono - elevação do nível geral de vigilância, insônia ou dificuldade de adormecimento

e ainda diminuição da fase de sono profundo;

Comunicação oral - afeta também a privacidade das pessoas, uma vez que precisam se

comunicar em um tom mais elevado. A compreensão de algumas palavras fica prejudicada

interferindo no relacionamento pessoal;

Psiquismo - surgimento de depressão e aparecimento da neurose do ruído, além de

ansiedade, inquietude, desconfiança, insegurança, pessimismo, estresse, irritabilidade,

agitação, fadiga mental, frustração e falta de memória.

A exposição a níveis de ruído acima de 120 dB estimula a produção de adrenalina,

podendo provocar distúrbios nervosos, enfartes e úlceras gástricas. O convívio constante com

o ruído pode provocar ainda uma queda de 60% na produtividade por diminuir a habilidade,

dificultar a atenção e concentração, propiciando erros e desperdícios, atuando como fator

predisponente à ocorrência de acidentes de trabalho por distração. Tal exposição também

pode ser responsável por altas taxas de absenteísmo e acidentes em condução de veículos8, 33.

O ruído causa alterações cerebrais que irão repercurtir também nas glândulas

endócrinas, uma vez que a maioria delas é regulada por hormônios produzidos no hipotálamo.

Mesmo as glândulas que não são diretamente reguladas por hormônios hipotalâmicos, como o

pâncreas, vão sofrer ação prejudicial do ruído através da ação neurológica ou de outros

hormônios alterados33.

A reação da visão à exposição ao ruído é a dilatação da pupila. Esse efeito, em

trabalhos de precisão que exigem controle visual intenso, assim como os procedimentos

odontológicos, poderiam ter vital importância, uma vez que o trabalhador teria de reajustar

continuamente a distância do foco, o que aumentaria sua fadiga e probabilidade de erros22, 33.

Para Santos41, diversos estudos têm evidenciado os efeitos nocivos do ruído, os quais

não se limitam apenas às lesões do aparelho auditivo, mas também ao comprometimento de

diversos outros órgãos, aparelhos e funções do organismo, e reitera que no Brasil os

investimentos no seu controle ainda são escassos e localizados.

O Ministério da Saúde do Brasil11 relata que, apesar de os efeitos extra-auditivos

provocados pela exposição ao ruído serem ainda pouco conhecidos, as evidências clínicas e

REVISÃO DA LITERATURA

38

epidemiológicas alertam para sua importância, destacando que apresentam grande repercussão

sobre a qualidade de vida dos trabalhadores.

2.6 - Níveis de ruído e PAIR na Odontologia

O desenvolvimento dos instrumentos rotatórios – desde suas origens, como

instrumento manual, passando pelo instrumento acionado pelos pés, até os instrumentos

elétricos – foi o maior avanço na tecnologia disponível para procedimentos odontológicos.

Porém, depois que a velocidade dos instrumentos elétricos aumentou para cerca de 3.000 rpm,

por volta de 1914, veio um período de relativa estagnação que durou até metade da década de

50, quando as canetas de alta rotação foram introduzidas na Odontologia, com velocidade de

aproximadamente 300.000 rpm29.

As suspeitas de que a turbina de alta rotação poderia produzir a PAIR surgiram nesse

mesmo período, quando foi observado o alto nível de ruído emitido (aproximadamente 100

dB) e em alta freqüência (acima de 6.000 Hz). A primeira evidência conclusiva de que a

exposição a esse tipo de ruído poderia causar dano à audição foi observada em estudo com 40

dentistas expostos diariamente, durante 3,7 anos, em média, ao ruído das turbinas de alta

rotação, os quais tiveram uma perda de 5 a 7 dB numa freqüência de 4.000 a 6.000 Hz31, 46.

Em 1959, Dr. Jerome Mittelman, dentista nova-iorquino, advertiu os profissionais

sobre a periculosidade do ruído emitido pelas turbinas. Sua primeira preocupação foi que as

vibrações sonoras poderiam causar danos irreparáveis e definitivos após um tempo de

exposição29.

Weatherton, Melton e Burns57, em estudo com 30 estudantes de Odontologia e

dentistas da Universidade de Tennessee, verificaram que os níveis de audição dos dentistas

eram notadamente diferentes daqueles dos estudantes. Os autores atribuíram esse fato à

diferença de idade entre os grupos, e acreditavam que a exposição ao ruído era provavelmente

limitada na academia.

Reston e colaboradores39 realizaram estudo para verificar o nível do ruído provocado

por 300 instrumentos rotatórios, sendo 150 de alta rotação e 150 de baixa rotação, em

consultórios odontológicos e em uma clínica universitária. Verificaram que os instrumentos

de alta rotação apresentaram um nível de ruído mais intenso, entre 70 e 75 dB, principalmente

na clínica universitária.

REVISÃO DA LITERATURA

39

Em trabalho onde verificaram a intensidade de ruído emitido por 30 turbinas de alta

rotação com um ano de vida útil, Saquy e colaboradores44 observaram que a marca Rucca

apresentou, em média, ruído acima de 85 dB (89,72 dB), enquanto as marcas Dabi Atlante

(68,87 dB) e Kavo (71,57 dB) apresentaram, em média, ruído abaixo de 85 dB. Uma vez que

o estudo não especificou quantas canetas de cada marca foram pesquisadas, suas conclusões

tornam-se frágeis.

Garbin e colaboradores26 realizaram estudo para analisar e identificar o ruído

produzido no consultório odontológico do Núcleo de Pesquisa em Saúde Coletiva da

Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP. A análise do ruído emitido pela cadeira

odontológica e pelas canetas de alta e baixa rotação durante o atendimento clínico revelou que

a média do ruído emitido pelas canetas de alta e baixa rotação foi de 79,6 dB e 70,7 dB,

respectivamente, sendo atingido o ruído máximo de 81,6 dB e 73,7 dB. Apesar de ter sido

realizado apenas em um consultório, os autores concluíram que os níveis de ruído encontram-

se abaixo do nível de 85 dB preconizado pelo MS, mas ultrapassa o nível máximo para o

conforto acústico de 65 dB, uma vez que a Odontologia é uma profissão que exige precisão e

concentração.

Dyson e Darvell20, em pesquisa para avaliar canetas de alta rotação quanto à segurança

e conveniência do seu uso clínico, obsevaram que as mesmas mostraram-se inaceitavelmente

ruidosas, além de apresentarem vibração, performance insuficiente e variabilidade de

comportamento. Por sua vez, Bahannan, el-Hamid e Bahnassy4 estudando o ruído emitido

pelos diversos instrumentos odontológicos na Arábia Saudita, encontraram a média de ruído

de 72,91 dB para a caneta de alta rotação; de 60,71 dB para o micromotor; de 81,42 dB para

máquinas de laboratório (vibrador, aparador de gesso e unidade de polimento); e de 74,95 dB

para motor elétrico de laboratório, observando ainda que os níveis de ruído aumentavam

durante os procedimentos de corte.

Sorainen e Rytkönen50 realizaram pesquisa em consultório odontológico e em

laboratório de acústica na Finlândia, com 16 instrumentos rotatórios, sendo 6 micromotores e

10 turbinas de alta rotação. Os resultados mostraram que os níveis equivalentes de ruído

foram de 76 dB durante o tratamento dentário; e de 76-77 dB para o micromotor e de 77-82

dB para a alta rotação no laboratório de acústica. Os autores atribuem as diferenças entre as

medidas ao fato de, durante o atendimento odontológico, o corte e o spray de água ocorrerem

principalmente dentro da boca do paciente, o que provavelmente absorve fortemente os ruídos

REVISÃO DA LITERATURA

40

de alta freqüência. Dessa forma, o ruído no laboratório não corresponderia àquele produzido

nas condições normais de trabalho.

Os mesmos autores, em estudo realizado em laboratório de acústica analisaram 20

instrumentos rotatórios (8 de baixa e 12 de alta rotação) novos e usados e um aparelho de

ultra-som. Durante a tomada de medida sem realização de procedimento e com o spray de

água desligado, os níveis de ruído dos instrumentos rotatórios estiveram entre 65-76 dB.

Durante procedimento de corte, com o spray de água ajustado no máximo, os níveis de ruído

foram de 76-82 dB. O aparelho de ultra-som apresentou ruído de 83 dB. Os autores

concluíram que não houve diferença significativa entre o ruído emitido pelas canetas novas e

as usadas49.

Os níveis de ruído de diferentes equipamentos de uso odontológico também foram

pesquisados no Reino Unido por Setcos e Mahyuddin45, em quatro consultórios e três

laboratórios odontológicos (selecionados como representativos das variedades dos locais de

trabalho para coleta dos níveis de ruído). Nos consultórios pesquisados, os níveis estiveram

abaixo de 85 dB. Nos laboratórios, o nível de ruído esteve mais alto, atingindo o máximo de

96 dB.

Félix22, analisando o nível de ruído emitido por 179 canetas de alta rotação em

consultórios odontológicos, sem realização de qualquer procedimento, verificou que o nível

médio de ruído esteve abaixo de 85 dB, variando entre 74,96 a 78,67 dB. A autora destaca

que, embora não tenha atingido o valor de 85 dB, tal ruído pode ser prejudicial para o

cirurgião-dentista de acordo com o nível de 55 dB, considerado pela OMS como início do

estresse auditivo. Nesse estudo, foi observado ainda que a marca da caneta de alta rotação

exerceu influência significativa sobre os níveis de ruído ocupacional, com a marca Topair

apresentando níveis de ruído mais baixos que todas as outras marcas.

Em pesquisa realizada por Sampaio Fernandes e colaboradores40 durante as atividades

de ensino-aprendizagem na Faculdade de Odontologia da Universidade do Porto, Portugal, os

níveis de ruído foram medidos em cinco diferentes salas e laboratórios, representativos da

variedade de atividades de ensino-aprendizagem em Odontologia (Laboratório de prótese,

laboratório de gesso, anexo do laboratório de gesso, laboratório de atividade pré-clínica e

clínica de atendimento). Os níveis de ruído variaram entre 60 e 99 dB, sendo as áreas mais

ruidosas os laboratórios de prótese e de gesso (94-99 dB). Em geral, os instrumentos

rotatórios usados apresentaram-se mais ruidosos (entre 1 e 6 dB) que os novos.

REVISÃO DA LITERATURA

41

Souza, Mattos e Nunes51, em estudo para verificar os níveis de ruído produzidos por

duas marcas de canetas de alta rotação durante a realização de procedimentos em consultório

odontológico, encontraram níveis situados entre 74,4 dB e 95,7 dB. Observaram também que,

durante os procedimentos, o valor máximo observado estava associado ao uso da caneta de

alta rotação.

A freqüência do ruído emitido pelas turbinas de alta rotação foi pesquisada sob

diferentes condições de trabalho, por Altinoz e colaboradores2 na Turquia. Cada uma das 5

turbinas testadas foi submetida a medidas em 8 situações diferentes, sendo algumas sem

procedimento (sem broca e com diversos tipos de broca) e outras durante procedimento de

corte em diferentes superfícies (bloco de amálgama, bloco de compósito e superfície oclusal

de molares extraídos). Os resultados indicaram que, sob qualquer condição de trabalho,

turbinas de alta rotação emitem ruído em freqüência que pode causar perdas auditivas. Não foi

verificada diferença estatisticamente significativa nas freqüências registradas sob as diferentes

condições de trabalho, nem entre as turbinas estudadas.

2.7 - Prevenção da PAIR

A perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR) relacionada ao trabalho é perfeitamente

prevenível. Seu simples diagnóstico já significa o resultado da falência de todo um sistema

preventivo que deveria estar colocado à disposição do trabalhador33.

Hyson Jr29 relatou que em 1959 já era recomendada aos dentistas a realização regular

de audiogramas para verificar a existência de perda auditiva resultante do uso da turbina de

alta rotação e aparelhos de ultra-som. Era sugerido ainda o uso de algodão embebido em

azeite de oliva como protetor auditivo para minimizar os danos do ruído, ressaltando a

importância da tomada de precauções para resguardar a audição.

Na década de 60, Dr. Howard Kessler foi o principal defensor da proteção auditiva no

consultório odontológico. Preocupado com a possibilidade de ocorrência de perdas auditivas

em dentistas, ele também recomendou a realização de avaliações audiométricas 29.

Considerando-se a prevenção de doenças ocupacionais, o cirurgião-dentista deveria

tomar medidas preventivas como incluir o protetor auricular no Equipamento de Proteção

Individual (EPI), uso de material fonoabsorvente para promover o isolamento acústico e

realização de manutenção técnica periódica dos instrumentos rotatórios, principalmente das

REVISÃO DA LITERATURA

42

turbinas de alta rotação, a fim de minimizar o ruído no consultório odontológico12, 33, 44, 54.

Além dessas medidas, Boacnin8 e a ADA35 propõem ainda colocar o compressor em um local

longe da sala de atendimento e fazer acompanhamento do perfil audiológico por meio de

audiometria para a prevenção da perda auditiva.

Apesar de indicar o uso de protetores auriculares pelos profissionais de Odontologia

para minimizar os riscos físicos durante o atendimento clínico, a Anvisa12 não inclui o

protetor auricular no equipamento de proteção individual para os profissionais da equipe de

saúde odontológica, em sua publicação intitulada “Serviços odontológicos: prevenção e

controle de riscos”.

O Ministério da Saúde através da NR 615, indica o uso do protetor auricular como

Equipamento de Proteção Individual quando o nível de ruído estiver superior ao estabelecido

pela NR 15, de 85 dB.

Reston e colaboradores39 afirmam que o ruído no consultório odontológico parece

perturbar mais pelas características agudas e irritantes que pela sua intensidade propriamente

dita, sendo os protetores auriculares importantes para amenizar o desconforto provocado.

Para prevenção de perdas auditivas no trabalho, há concordância entre inúmeros

autores de que o controle da exposição deve ser sempre a primeira alternativa a ser

considerada. Por ser pouco dispendiosa e de fácil acesso, a medida mundialmente adotada e

difundida é o uso de protetores auriculares24.

Existem diversos tipos de protetores auriculares. O tipo ideal para cada indivíduo deve

levar em consideração fatores como: tipo de ambiente ruidoso, conforto, aceitação do usuário,

custo, durabilidade, problema de comunicação, segurança e higiene. Segundo Mello33 os tipos

de protetores existentes são:

Protetores de Inserção

São também conhecidos pelos termos plug de ouvido ou tampão. Podem ser:

Do tipo descartável - são bastante utilizados devido ao baixo custo dos

materiais usados em sua confecção: algodão, parafina, espuma plástica e tipos especiais de

fibra de vidro.

Do tipo pré-moldado - devem ser fabricados com materiais elásticos e não tóxicos para

que se adaptem às várias formas de canais auditivos e possam ser higienizados com água e

sabão. A forma do protetor não deve alterar-se com o uso.

REVISÃO DA LITERATURA

43

Do tipo moldável - são geralmente fabricados com algum tipo de “borracha de

silicone”, e sua forma final é moldada no canal auditivo externo. Esses tampões, quando bem

colocados, propiciam atenuação de ruído comparável à dos protetores tipo concha.

Protetores do Tipo Concha

São fabricados com material rígido, denso e imperfurável em forma de concha, e estão

ajustados a vedações macias e flexíveis, feitas geralmente de uma capa de plástico macio, o

qual é preenchido por um material do tipo fluido ou espuma. A atenuação obtida com esse

tipo de protetor está relacionada, em parte, à pressão que o protetor exerce sobre a orelha nos

dois lados. Ele veda o volume de ar que está diretamente relacionado à atenuação da baixa

freqüência, além de seu interior ser parcialmente cheio com material que absorve os ruídos

ressonantes de alta freqüência.

Protetores Especiais

Existem tipos especiais, projetados para situações específicas de trabalho em que se

deve ter melhores condições para comunicação e em casos de níveis altos de ruído de trânsito.

Esses protetores não lineares possuem sistemas de filtros acústicos (orifício) ou filtro

eletrônico, do tipo passa-baixo, que garantem baixa atenuação nas freqüências inferiores a 2

kHz aproximadamente, permitindo assim que as freqüências da voz humana passem. Esses

protetores são eficazes para ruído de altas freqüências. Existem ainda protetores auditivos

com circuitos eletrônicos para emitir música ou mensagens de comunicação.

O objetivo principal dos protetores auditivos é reduzir os níveis excessivos de ruído

aos quais o usuário está exposto. Os tampões, em geral, são menos eficazes que os protetores

do tipo concha, e a eficiência de ambos pode ser comprometida se os mesmos forem

colocados de maneira incorreta33.

O uso intermitente dos protetores auriculares reduz dramaticamente sua efetividade.

Um protetor que atenua 30 dB em oito horas de exposição atenuará apenas 15 dB se o

trabalhador deixar de usá-lo por um período cumulativo de 30 minutos durante um dia de oito

horas de trabalho. É importante destacar que o protetor deve ser capaz de manter a exposição

auditiva ao ruído abaixo de 85 dB24.

Embora alguns usuários se queixem de dificuldades de comunicação durante o uso de

protetores auriculares, em ambientes com níveis de ruído em torno de 95 dB, em faixas de

freqüências distintas daquela da fala humana, as atenuações dos protetores não devem

interferir e, na realidade, podem melhorar a inteligibilidade da comunicação quando a voz for

REVISÃO DA LITERATURA

44

mantida razoavelmente alta. Na implantação do uso regular de protetores, o usuário deve se

adaptar à nova situação e usar os movimentos dos lábios, das mãos e/ou do rosto como

complementos da comunicação33.

O Ministério da Saúde11 orienta que a prevenção da PAIR baseia-se na vigilância dos

ambientes, das condições de trabalho e da saúde dos trabalhadores expostos. A eliminação ou

redução da exposição ao ruído é importante para a prevenção da PAIR e de inúmeras outras

repercussões sobre o organismo humano. Idealmente, o controle do ruído deve se dar ainda na

fase de projeto de instalação da unidade produtiva. Nesse sentido, deve ser desenvolvido um

programa de conservação auditiva que inclua:

avaliação dos níveis de exposição a ruído;

adoção das medidas de proteção auditivas coletivas e individuais;

monitoramento ambiental, médico e audiométrico;

educação, motivação e supervisão;

registro e guarda de documentos, consolidação, análise e divulgação dos achados, assim

como providências administrativas e legais cabíveis;

acompanhamento das ações.

No sentido de complementar o referido programa, podem ser adotadas medidas de

controle da exposição sobre a fonte emissora ou na trajetória de propagação do ruído a partir

dos seguintes procedimentos:

enclausuramento de processos e isolamento de setores de trabalho, se possível utilizando

sistemas hermeticamente fechados;

normas de higiene e segurança rigorosas, incluindo colocação de barreiras e anteparos;

monitoramento ambiental sistemático;

adoção de formas de organização do trabalho que permitam diminuir o número de

trabalhadores expostos e o tempo de exposição;

fornecimento, pelo empregador, de equipamentos de proteção individual adequados, de

modo a complementar as medidas de proteção coletiva.

REVISÃO DA LITERATURA

45

2.8 - Formação profissional e doenças ocupacionais

As faculdades de Odontologia, na realidade, são verdadeiras ilhas de produção

científica, onde técnicas sofisticadas são pesquisadas, aumentando mais a distância entre o

ensino e a realidade. Ao lado das questões sociais, é encontrado também um distanciamento

em relação às questões de Saúde do Trabalhador. Os cursos de graduação assumem uma

posição tecnicista, não proporcionando ao aluno condições de melhor preservar sua saúde.

Existe uma grande defasagem entre a formação profissional dada pelas Universidades (que

visam o consumo de alta tecnologia) e a necessidade de se formarem profissionais voltados

para as reais condições de vida da população e mais motivados para debater os métodos de

prevenção do desgaste profissional, seja com os órgãos de classe, seja com as fábricas de

equipamentos52.

No período de formação dos cirurgiões dentistas, é interessante notar que não existem,

nos projetos político-pedagógicos, tópicos claramente específicos relativos a cuidados com a

saúde desses trabalhadores, no sentido de informá-los, orientá-los, e chamar a atenção dos

futuros profissionais para a questão da manutenção de sua saúde. É importante enfatizar que,

para esse profissional proporcionar saúde a seus pacientes, sem riscos, ele também deve

cuidar de sua própria saúde21.

As escolas de Odontologia brasileiras constroem seus currículos baseadas nas

determinações do Conselho Federal de Educação. Cabe a este determinar as diferentes

matérias concernentes a um currículo mínimo a ser adotado pelas Faculdades. O artigo 9º da

Resolução nº 4 de 03/09/1982 do Conselho Federal de Educação9, parece ser o que mais se

aproxima da questão relativa à orientação desses profissionais em relação à sua própria saúde.

Tal artigo relata que “Na Odontologia Social estudar-se-ão os aspectos preventivos sociais,

deontológicos, legais e os de orientação profissional”. Existem nos currículos algumas

disciplinas que fazem referências a alguns riscos, mas estas são pouco específicas para

tratarem de uma questão tão séria, que a cada dia toma um maior vulto na vida desses

profissionais. Normalmente, a disciplina responsável pelo tema é denominada de Orientação

ou Economia Profissional, entretanto o assunto também é abordado em disciplinas como

Odontologia Social e Preventiva e Saúde Pública21, 52.

Em fevereiro de 2002, o Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação

Superior, através da Resolução nº 310, instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs)

do Curso de Graduação em Odontologia a serem observadas na organização curricular das

REVISÃO DA LITERATURA

46

Instituições do Sistema de Educação Superior do País. Tais diretrizes definem os princípios,

fundamentos, condições e procedimentos da formação de cirurgiões dentistas para aplicação

em âmbito nacional na organização, desenvolvimento e avaliação dos projetos pedagógicos

dos Cursos de Graduação em Odontologia. As DCNs preconizam como perfil do formando

egresso, o cirurgião dentista com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, para

atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor técnico e científico e ainda

capacitado ao exercício de atividades referentes à saúde bucal da população, pautado em

princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social, cultural e econômica do seu

meio, dirigindo sua atuação para a transformação da realidade em benefício da sociedade.

Embora sejam bastante abrangentes, as DCNs não tratam claramente em nenhum artigo a

questão da orientação desses profissionais em relação à sua própria saúde.

Em 1998, foi realizada uma pesquisa sobre a relação entre trabalho e saúde nas 87

faculdades de odontologia então existentes no país. As coordenações didáticas das faculdades

foram consultadas a respeito da disciplina responsável pela orientação dos profissionais em

formação, sobre os problemas que poderão ser observados durante a sua atividade

profissional. De um total de 26 faculdades participantes, 14 responderam de forma negativa,

ou seja, não possuem em seu currículo nenhuma disciplina responsável pela discussão do

problema trabalho versus saúde. Das 12 respostas afirmativas, 11 foram aproveitadas, uma

vez que para ser considerada afirmativa, as cartas deveriam apresentar o programa da

disciplina responsável com os assuntos especificados e a relação da bibliografia adotada. É

interessante enfatizar que apenas uma bibliografia tratava da questão do ruído dentro do

consultório odontológico 52.

A não-motivação por temas que possam gerar alguns questionamentos, através dos

quais o outro lado da profissão seria mostrado, pode estar intimamente ligada ao papel das

instituições formadoras. O atual modelo de ensino, na realidade, vem de encontro aos anseios

dos acadêmicos, não sendo capaz de alterar as práticas odontológicas dominantes ou

questionar o “status” do profissional de Odontologia52.

3. OBJETIVOS

OBJETIVOS

48

3.1 - Objetivo Geral

Apreender o conhecimento de acadêmicos de Odontologia da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte acerca da Perda Auditiva Induzida pelo Ruído, relacionando-o aos

níveis de ruído a que estão expostos, bem como à adoção de medidas preventivas no

desenvolvimento das atividades clínicas.

3.2 - Objetivos Específicos

Identificar se os acadêmicos conhecem o risco ocupacional à PAIR a que estão

expostos;

Averiguar se os mesmos conhecem e usam as medidas de proteção adequadas

contra o ruído;

Observar se variáveis como sexo, período em curso e idade dos acadêmicos estão

relacionadas com o nível de conhecimento dos mesmos acerca da PAIR e com o uso de

medidas de proteção;

Verificar se os níveis de ruído emitidos pelas canetas de alta rotação dos

acadêmicos de Odontologia da UFRN estão dentro dos limites estabelecidos pela legislação

pertinente;

Avaliar se a marca da caneta, o tempo de uso, a freqüência de lubrificação e a

esterilização em autoclave interferem nos níveis de ruído emitidos pelas canetas;

Conhecer os níveis de ruído do ambiente da Clínica Integrada a que estão expostos

os acadêmicos do curso de Odontologia da UFRN.

4. METODOLOGIA

METODOLOGIA

50

4.1 - Critérios Éticos

Foram observados os aspectos éticos preconizados pela Resolução 196/96 do

Conselho Nacional de Saúde (CNS), que regulamenta a pesquisa em seres humanos no Brasil.

Os participantes do estudo tiveram respeitado o direito de decidir sobre sua participação na

pesquisa, manifestando sua anuência através da assinatura do Termo de Consentimento Livre

e Esclarecido (Anexo A). O projeto de pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética em

Pesquisa da UFRN para análise, sendo aprovado sob o Protocolo 34/06 (Anexo B).

4.2 - Local de realização do estudo

Este estudo descritivo foi realizado no Departamento de Odontologia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) no município de Natal – RN.

4.3 - Universo do estudo

O universo do estudo foi constituído por 167 acadêmicos de ambos os sexos

matriculados no sexto, sétimo, oitavo ou nono períodos do curso de Odontologia da UFRN. A

escolha desse universo deveu-se ao fato de, nessas fases do curso, os acadêmicos estarem

desenvolvendo atividades que envolvem atendimento clínico, já estando assim em contato

com o ruído ocupacional. Foi adotado como critério de inclusão estar regularmente

matriculado e freqüentando um dos períodos supracitados do curso de Odontologia da UFRN.

4.4 - Coleta de dados

A coleta de dados foi realizada a partir da utilização de dois instrumentos. No primeiro

momento, foi utilizado um questionário (Anexo C) com a finalidade de verificar o

conhecimento dos participantes do estudo acerca da Perda Auditiva Induzida pelo Ruído. O

METODOLOGIA

51

questionário foi testado previamente através de realização de estudo piloto envolvendo

acadêmicos do curso de Odontologia da Universidade Federal da Paraíba.

A quantificação dos níveis de ruído das canetas de alta rotação dos acadêmicos foi

realizada através de um segundo instrumento – um medidor de nível de pressão sonora

(decibelímetro). Os dados foram registrados em ficha elaborada para tal estudo (Anexo D).

Nessa ocasião, foram também coletadas informações como: marca da caneta de alta rotação,

tempo de uso, freqüência de lubrificação e esterilização em autoclave. Os dados foram

coletados no período de maio de 2006 a fevereiro de 2007 por três pesquisadores que

passaram por um processo de treinamento para padronização da coleta dos dados.

As medidas do ruído foram tomadas com o auxílio de decibelímetro modelo SL-4001

da marca Lutron (Figura 5), posicionado a aproximadamente 30 centímetros de distância da

caneta de alta rotação acionada em sua rotação máxima. Foram tomados 30 registros

seguidos, com intervalos de aproximadamente 5 segundos entre um e outro, durante o

funcionamento da caneta sem qualquer procedimento clínico, tomando como base o trabalho

de Félix22. A coleta obedeceu a NR 1513, anexo nº 1, que recomenda que os níveis de ruído

devem ser medidos em decibéis, com instrumento de nível de pressão sonora operando no

circuito de compensação “A” e de resposta lenta (slow), sendo realizadas próximo ao ouvido

do operador.

Figura 5. Decibelímetro utilizado no estudo

Os níveis de ruído podem ser influenciados pelo tipo de broca utilizado, pela eficiência

de corte da broca, pela consistência do material que estiver sendo cortado e ainda pela posição

do elemento na arcada dentária, que pode funcionar como uma caixa de ressonância, podendo

METODOLOGIA

52

influenciar diretamente o resultado final do estudo. Dessa forma, a medida dos níveis de ruído

não foi realizada durante a execução de procedimento odontológico, uma vez que exigiria

uma padronização rigorosa que inviabilizaria nossa coleta.

Durante a realização da segunda etapa, foram tomadas também medidas do ruído

ambiente da Clínica Integrada, utilizando a mesma metodologia da tomada de ruído das

canetas. A coleta foi realizada, conforme figura 6, no fim da ala esquerda (1), no meio da ala

esquerda (2), no centro da clínica (3), no meio da ala direita (4) e no fim da ala direita (5). O

procedimento de coleta das medidas de ruído foi realizado durante a realização de atividades

de ensino-aprendizagem, em variados horários dos turnos manhã e tarde, totalizando seis

medidas em cada um dos cinco pontos.

54

3

21 P *

* mesa destinada aos professores

Figura 6. Esquema ilustrativo da Clínica Integrada do DOD-UFRN.

4.5 - Análise dos dados

Para o cálculo do nível equivalente de ruído (Leq) para cada caneta a partir dos 30

registros obtidos durante a coleta de dados, foi utilizada planilha elaborada pelo professor

João Crisóstomo de Morais, do Centro de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba –

UFPB, e utilizada pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente do Estado da

Paraíba – SUDEMA-PB em seu Programa de Controle de Ruídos (Anexo E).

Após o cálculo do nível equivalente de ruído de cada caneta de alta rotação e da

categorização das respostas do questionário, todos os dados coletados foram submetidos à

análise estatística através do programa SPSS versão 13.0, utilizando-se os testes Exato de

Fisher, Qui-quadrado, t de Student e Coeficiente de Correlação de Pearson para um nível de

significância de 5%.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

RESULTADOS E DISCUSSÃO

54

Neste capítulo serão apresentados a caracterização dos participantes do estudo, os

resultados obtidos nas respostas do questionário aplicado aos acadêmicos de Odontologia, os

valores observados nas medições do nível médio de ruído das canetas de alta rotação dos

participantes, bem como o nível médio de ruído da Clínica Integrada do curso de Odontologia

da UFRN.

5.1 - Caracterização dos participantes

A população do estudo foi composta por 137 acadêmicos participantes das etapas da

pesquisa. Na primeira etapa, 100 acadêmicos responderam ao questionário e, na segunda

etapa, foram tomadas as medidas de ruído das canetas de alta rotação de 104 acadêmicos.

Uma vez que as etapas eram independentes e realizadas em momentos distintos, 33

acadêmicos participaram apenas da primeira etapa, 37 apenas da segunda etapa, e 67

participaram de ambas as etapas do estudo (Figura 7). Aqueles acadêmicos que não foram

encontrados ou que se negaram a participar do estudo foram considerados perdas, que

totalizaram o valor de 18%.

1ª etapa24%

2ª etapa27%

1ª e 2ª etapas49%

n = 137

Figura 7. Participação dos acadêmicos de Odontologia nas etapas do estudo, em percentuais. Natal, RN. 2007.

Dos acadêmicos pesquisados, 56 (40,9 %) são do sexo masculino e 81 (59,1%) do

sexo feminino (Figura 8). A idade foi categorizada de acordo com a mediana, de forma que

53% tinham até 22 anos e 47 % apresentavam idade acima de 22 anos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

55

Feminino59,1%

Masculino40,9%

n = 137

Figura 8. Distribuição percentual da amostra estudada conforme sexo. Natal, RN. 2007.

No que se refere ao nível do curso em que se encontravam, 27 (19,7%) estavam no

sexto período; 33 (24,1%) no sétimo; 34 (24,8%) no oitavo; e 43 (31,4%) no nono período

(Figura 9).

6º período20%

7º período24%

8º período25%

9º período31%

n = 137

Figura 9. Distribuição percentual da amostra estudada de acordo com o período em curso. Natal, RN. 2007.

5.2 - Resultados obtidos nas respostas dos questionários

5.2.1 - O que é PAIR e suas conseqüências para o cirurgião dentista

Com relação aos que responderam ao questionário, quando perguntados sobre o que

seria a PAIR, 62 (63,9%) definiram-na como uma diminuição gradual da capacidade auditiva

provocada pela exposição contínua a ruídos em alta freqüência e intensidade; 19 (19,6%)

responderam de forma mais completa, acrescentando que essa diminuição da acuidade

auditiva seria uma doença ocupacional; e 16 (16,5%) indivíduos emitiram outras descrições

RESULTADOS E DISCUSSÃO

56

(Figura 10). As respostas fornecidas pelos acadêmicos estão, em sua maioria, em harmonia

com a literatura, que define a PAIR como uma alteração dos limiares auditivos do tipo

neurossensorial, decorrente da exposição ocupacional sistemática a níveis de pressão sonora

elevados e que tem como características principais a irreversibilidade e a progressão gradual

com o tempo de exposição ao risco11, 22, 24, 31. Esses resultados são semelhantes aos

encontrados por Tôrres e colaboradores54 em estudo realizado na Universidade Federal da

Paraíba.

19,6%

16,5%

63,9%

Diminuição da acuidade auditivaDoença ocupacionalOutras descrições

n = 100

Figura 10. Distribuição percentual da população estudada de acordo com o conceito de PAIR. Natal, RN. 2007.

Dentre os participantes da pesquisa, 95 (95%) vêem o cirurgião dentista como

profissional de risco para a PAIR, enquanto apenas 5 indivíduos discordam; o que indica que

os acadêmicos têm conhecimento do risco ocupacional a que estão expostos. Félix22, em

estudo com cirurgiões dentistas, verificou que 96,6% dos participantes admitem que são

profissionais de risco para a PAIR, enquanto Tôrres e colaboradores54 , em pesquisa com

acadêmicos de Odontologia, verificaram que a totalidade dos pesquisados também fizeram tal

afirmação.

Na análise dos dados, não foi encontrada associação estatisticamente significativa ao

relacionar as variáveis sexo, idade e período cursado com as respostas emitidas pelos

acadêmicos, quando perguntados sobre o que consideram perda auditiva induzida pelo ruído

(Tabela 3). Situação idêntica aconteceu quanto ao questionamento se o cirurgião dentista é um

profissional de risco para PAIR (Tabela 4).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

57

Tabela 3. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao que eles consideram PAIR. Natal, RN. 2007.

O que você considera PAIR? Perda relacionada

ao ruído Doença

ocupacional Outras

n (%) n (%) n (%)

p

Masculino 29 (67,4) 6 (14,0) 8 (18,6) Sexo Feminino 33 (61,1) 16 (29,6) 5 (9,3) 0,116

Até 22 anos 35 (68,6) 10 (19,6) 6 (11,8) Idade Acima de 22 anos 27 (58,7) 12 (26,1) 7 (15,2) 0,596

6º e 7º períodos 27 (60,0) 12 (26,7) 6 (13,3) Período em curso 8º e 9º períodos 35 (67,3) 10 (19,2) 7 (13,5) 0,674

Tabela 4. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao cirurgião dentista ser ou não profissional de risco para a PAIR. Natal, RN. 2007.

O cirurgião dentista é profissional de risco para a PAIR?

Sim Não

n (%) n (%)

p

Masculino 43 (97,7) 1 (2,3) Sexo Feminino 52 (92,9) 4 (7,1) 0,381

Até 22 anos 49 (92,5) 4 (7,5) Idade Acima de 22 anos 46 (97,9) 1 (2,1) 0,367

6º e 7º períodos 44 (91,7) 4 (8,3) Período em curso 8º e 9º períodos 51 (98,1) 1 (1,9) 0,192

5.2.2 - Causas da PAIR na Odontologia

Dos indivíduos que vêem o cirurgião dentista como profissional de risco para a PAIR,

85 (92,4%) citaram a alta rotação como causa dessa perda auditiva no exercício da

Odontologia; 57 (62%) mencionaram a baixa rotação; 35 (38%), o sugador; 29 (31,5%), o

compressor; 11 (12%), outros aparelhos do consultório (amalgamador, vibrador e cortador de

gesso); 20 (21,7%), o ruído do ambiente clínico como um todo; e 17 (18,5%) enumeraram

outras causas, como o ruído da sala de espera, ruído do trânsito, televisão e outros (Figura 11).

As respostas emitidas pelos alunos estão condizentes com a literatura pesquisada, que relata

que os cirurgiões-dentistas estão expostos diariamente a altos níveis de ruído que são

provenientes de diversas fontes, como compressores de ar, sugadores de saliva, bombas de

aspiração a vácuo e turbinas de alta rotação, além de outros fatores como som ambiente, choro

e gritos de crianças e ainda ruídos externos ao ambiente de trabalho, como conversação de

clientes na sala de espera e barulho de trânsito8, 12, 42, 49. Observa-se que a caneta de alta

rotação recebeu a maior freqüência de citações, sendo apontada por 92,4% dos que

RESULTADOS E DISCUSSÃO

58

responderam à questão, estando de acordo com Félix22 e Pereira37 que relatam que as canetas

de alta rotação produzem níveis de ruído extremamente altos e são consideradas como

principais causadoras da perda de audição.

85 (92,4%)

57 (62%)

35 (38%)

29 (31,5%)

20 (21,7%)

17 (18,5%)

11 (12%)

0 20 40 60 80 100

Outros aparelhos

Outras causas

Ruído ambiente

Compressor

Sugador

Baixa rotação

Alta rotação

n = 95

Figura 11. Freqüência de respostas dadas por acadêmicos de odontologia da UFRN sobre as causas da PAIR no consultório odontológico. Natal, RN. 2007.

Quando foi realizada a análise estatística buscando associação entre as causas da PAIR

no exercício da Odontologia enumeradas pelos acadêmicos e as variáveis sexo, idade e

período cursado, não foi verificada associação significativa para caneta de alta-rotação, outros

aparelhos do consultório e ruído ambiente da sala de atendimento, conforme tabelas 5, 6 e 7

respectivamente.

Tabela 5. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação à caneta de alta rotação como causa da PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007.

Causa da PAIR - Caneta de alta rotação Sim Não

n (%) n (%) p

Masculino 39 (92,9) 3 (7,1) Sexo Feminino 46 (92,0) 4 (8,0) 1,000

Até 22 anos 45 (95,7) 2 (4,3) Idade Acima de 22 anos 40 (88,9) 5 (11,1) 0,262

6º e 7º períodos 39 (92,9) 3 (7,1) Período em curso 8º e 9º períodos 46 (92,0) 4 (8,0) 1,000

RESULTADOS E DISCUSSÃO

59

Tabela 6. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação aos outros aparelhos do consultório como causa da PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007.

Causa da PAIR – Outros aparelhos do consultório

Sim Não

n (%) n (%)

p

Masculino 4 (9,5) 38 (90,5) Sexo Feminino 7 (14,0) 43 (86,0) 0,749

Até 22 anos 6 (12,8) 41 (87,2) Idade Acima de 22 anos 5 (11,1) 40 (88,9) 1,000

6º e 7º períodos 6 (14,3) 36 (85,7) Período em curso 8º e 9º períodos 11 (12,0) 81 (88,0) 0,758

Tabela 7. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao ruído do ambiente do consultório como causa da PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007.

Causa da PAIR – Ruído ambiente Sim Não

n (%) n (%) p

Masculino 6 (14,3) 36 (85,7) Sexo Feminino 14 (28,0) 36 (72,0) 0,182

Até 22 anos 10 (21,3) 37 (78,7) Idade Acima de 22 anos 10 (22,2) 35 (77,8) 1,000

6º e 7º períodos 6 (14,3) 36 (85,7) Período em curso 8º e 9º períodos 14 (28,0) 36 (72,0) 0,182

Para as demais causas da PAIR citadas pelos pesquisados – caneta de baixa rotação,

compressor, sugador e outras causas – foi encontrada associação estatisticamente significativa

para a variável período em curso, o que não ocorreu com as variáveis sexo e idade. Pode-se

verificar, respectivamente nas tabelas 8, 9, 10 e 11, que os acadêmicos do oitavo e nono

períodos percebem mais a caneta de baixa rotação (p = 0,017), o compressor (p < 0,001), o

sugador (p < 0,001) e outras causas, tais como conversação, ar condicionado e aparelho de

som (p = 0,014) como fontes de ruído no consultório odontológico, concordando com o que

relatam Boacnin8, Saquy e Pécora43 e Saquy e colaboradores44. Os resultados observados

podem estar relacionados ao fato de os alunos do oitavo e nono períodos possuírem uma

maior vivência no cotidiano do atendimento clínico e assim uma melhor percepção das fontes

de ruído no ambiente odontológico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

60

Tabela 8. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e

período cursado em relação à baixa rotação como causa da PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007.

Causa da PAIR – Baixa rotação Sim Não

n (%) n (%) p

Masculino 25 (59,5) 17 (40,5) Sexo Feminino 32 (64,0) 18 (36,0) 0,822

Até 22 anos 30 (63,8) 17 (36,2) Idade Acima de 22 anos 27 (60,0) 18 (40,0) 0,870

6º e 7º períodos 20 (47,6) 22 (52,4) Período em curso 8º e 9º períodos 37 (74,0) 13 (26,0) 0,017*

* diferença estatisticamente significativa

Tabela 9. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao compressor como causa da PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007.

Causa da PAIR – Compressor Sim Não

n (%) n (%) p

Masculino 12 (28,6) 30 (71,4) Sexo Feminino 17 (34,0) 33 (66,0) 0,739

Até 22 anos 15 (31,9) 32 (68,1) Idade Acima de 22 anos 14 (31,1) 31 (68,9) 1,000

6º e 7º períodos 4 (9,5) 38 (90,5) Período em curso 8º e 9º períodos 25 (50,0) 25 (50,0) < 0,001*

* diferença estatisticamente significativa

Tabela 10. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao sugador como causa da PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007.

Causa da PAIR – Sugador Sim Não

n (%) n (%) p

Masculino 14 (33,3) 28 (66,7) Sexo Feminino 21 (42,0) 29 (58,0) 0,524

Até 22 anos 15 (31,9) 32 (68,1) Idade Acima de 22 anos 20 (44,4) 25 (55,6) 0,306

6º e 7º períodos 1 (2,4) 41 (97,6) Período em curso 8º e 9º períodos 34 (68,0) 16 (32,0) < 0,001*

* diferença estatisticamente significativa

RESULTADOS E DISCUSSÃO

61

Tabela 11. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação às outras causas da PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007.

Causa da PAIR – outras causas Sim Não

n (%) n (%) p

Masculino 7 (16,7) 35 (83,3) Sexo Feminino 10 (20,0) 40 (80,0) 0,888

Até 22 anos 9 (19,1) 38 (80,9) Idade Acima de 22 anos 8 (17,8) 37 (82,2) 1,000

6º e 7º períodos 3 (7,1) 39 (92,9) Período em curso 8º e 9º períodos 14 (28,0) 36 (72,0) 0,014*

* diferença estatisticamente significativa

5.2.3 - Medidas de proteção para a PAIR

Quando perguntados sobre a existência de contribuição das medidas de proteção na

prevenção dos distúrbios auditivos, 17 (17%) acadêmicos não souberam responder, e 6 (6%)

afirmaram que as medidas de proteção não interferem na instalação de distúrbios auditivos. Já

77 (77%) acreditam no efeito protetor das medidas preventivas no tocante ao

desenvolvimento de tais patologias. Dentre estes, 92% enumeraram o uso do protetor

auricular como medida preventiva para a PAIR no ambiente odontológico; 29,3% citaram a

manutenção do equipamento odontológico; 13,3% recomendaram também a lubrificação dos

instrumentos rotatórios; e 25,3% lembraram a necessidade da localização adequada do

compressor. O planejamento do ambiente da clínica foi recomendado por 21,3%; o uso

racional do sugador foi citado por 10,7%; e 37,3% mencionaram outras medidas preventivas,

dentre elas a manutenção dos aparelhos condicionadores de ar (Figura 12).

Uma vez que as medidas de proteção citadas pelos indivíduos participantes da

pesquisa estão em consonância com as recomendações da literatura consultada8, 11, 12, 19, 33, 35,

44, 54, podemos afirmar que os resultados revelam que os acadêmicos conhecem as medidas

básicas de proteção para a prevenção da PAIR, estando assim preparados para o

desenvolvimento de atividades clínicas de forma ergonômica no que diz respeito a esse risco

ocupacional.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

62

69 (92%)

28 (37,3%)

22 (29,3%)

19 (25,3%)

16 (21,3%)

10 (13,3%)

8 (10,7%)

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Uso racional do sugador

Lubrif icação das canetas

Planejamento da clínica

Localização do compressor

Manutenção do equipamento

Outras medidas

Uso do protetor auricular

n = 77

Figura 12. Freqüência das medidas de proteção geral e/ou individual julgadas importantes pelos acadêmicos de odontologia da UFRN pesquisados. Natal, RN. 2007.

Quando relacionamos as variáveis sexo, idade e período com a resposta ao

questionamento sobre a contribuição das medidas de proteção na prevenção de distúrbios

auditivos, não foi verificada associação estatisticamente significativa entre os grupos,

conforme tabela 12.

Tabela 12. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação às repostas ao questionamento se medidas de proteção contribuem para evitar a PAIR. Natal, RN. 2007.

Medidas de proteção contribuem para evitar a PAIR?

Sim Não Não Sabe

n (%) n (%) n (%)

p

Masculino 33 (75,0) 3 (6,8) 8 (18,2) Sexo Feminino 44 (78,6) 3 (5,4) 9 (16,1) 0,908

Até 22 anos 37 (69,8) 4 (7,5) 12 (22,6) Idade Acima de 22 anos 40 (85,1) 2 (4,3) 5 (10,6) 0,190

6º e 7º períodos 32 (66,7) 4 (8,3) 12 (25,0) Período em curso 8º e 9º períodos 45 (86,5) 2 (3,8) 5 (9,6) 0,061

Ao relacionar as variáveis sexo, idade e período em curso com as medidas de proteção

gerais ou individuais julgadas importantes pelos pesquisados para a prevenção da PAIR no

exercício da Odontologia, verificamos, conforme pode ser visto na tabela 13, que não houve

associação significativa para o uso do protetor auricular. Para a manutenção periódica do

RESULTADOS E DISCUSSÃO

63

equipamento odontológico (Tabela 14) e para outras medidas de proteção (Tabela 15) também

não foi verificada associação estatística com as mesmas variáveis.

Tabela 13. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao uso do protetor auricular como medida de proteção contra a PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007.

Uso de protetor auricular Sim Não

n (%) n (%) p

Masculino 32 (97,0) 1 (3,0) Sexo Feminino 37 (88,1) 5 (11,9) 0,220

Até 22 anos 33 (91,7) 3 (8,3) Idade Acima de 22 anos 36 (92,3) 3 (7,7) 1,000

6º e 7º períodos 26 (86,7) 4 (13,3) Período em curso 8º e 9º períodos 43 (95,6) 2 (4,4) 0,210

Tabela 14. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação à manutenção do equipamento odontológico como medida de proteção contra a PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007.

Manutenção do equipamento odontológico

Sim Não

n (%) n (%)

p

Masculino 7 (21,2) 26 (78,8) Sexo Feminino 15 (35,7) 27 (64,3) 0,265

Até 22 anos 8 (22,2) 28 (77,8) Idade Acima de 22 anos 14 (35,9) 25 (64,1) 0,296

6º e 7º períodos 6 (20,0) 24 (80,0) Período em curso 8º e 9º períodos 16 (35,6) 29 (64,4) 0,234

Tabela 15. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação a outras medidas preventivas como medida de proteção contra a PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007.

Outras medidas preventivas Sim Não

n (%) n (%) p

Masculino 12 (36,4) 21 (63,6) Sexo Feminino 16 (38,1) 26 (61,9) 1,000

Até 22 anos 15 (41,7) 21 (58,3) Idade Acima de 22 anos 13 (33,3) 26 (66,7) 0,613

6º e 7º períodos 14 (46,7) 16 (53,3) Período em curso 8º e 9º períodos 14 (31,1) 31 (68,9) 0,262

RESULTADOS E DISCUSSÃO

64

Situação diferente se verifica quando as medidas de proteção analisadas são a

lubrificação dos instrumentos rotatórios (Tabela 16), a localização adequada do compressor

(Tabela 17), o uso racional do sugador (Tabela 18) e o planejamento do ambiente da clínica

(Tabela 19). Foi observado que os acadêmicos do oitavo e nono períodos conseguem perceber

mais a necessidade de utilização das medidas preventivas supracitadas durante o atendimento

clínico. Acredita-se que esse fato deve-se à maior vivência clínica de tais acadêmicos, bem

como ao fato da disciplina que contempla os conteúdos relacionados às doenças ocupacionais

ser oferecida no oitavo período. Berbare6 relata que os instrumentos rotatórios devem ser

lubrificados periodicamente, bem como devem receber manutenção periódica, juntamente

com o sugador, para a diminuição do nível de ruído.

Tabela 16. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação à lubrificação dos instrumentos rotatórios como medida de proteção contra a PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007.

Lubrificação dos instrumentos rotatórios Sim Não

n (%) n (%) p

Masculino 4 (12,1) 29 (87,9) Sexo Feminino 6 (14,3) 36 (85,7) 1,000

Até 22 anos 7 (19,4) 29 (80,6) Idade Acima de 22 anos 3 (7,7) 36 (92,3) 0,181

6º e 7º períodos 0 (0,0) 30 (100,0) Período em curso 8º e 9º períodos 10 (22,2) 65 (86,7) 0,005*

* diferença estatisticamente significativa

Tabela 17. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação à localização adequada do compressor como medida de proteção contra a PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007.

Localização adequada do compressor Sim Não

n (%) n (%) p

Masculino 4 (12,1) 29 (87,9) Sexo Feminino 15 (35,7) 27 (64,3) 0,131

Até 22 anos 6 (16,7) 30 (83,3) Idade Acima de 22 anos 13 (33,3) 26 (66,7) 0,164

6º e 7º períodos 1 (3,3) 29 (96,7) Período em curso 8º e 9º períodos 18 (40,0) 27 (60,0) < 0,001*

* diferença estatisticamente significativa

RESULTADOS E DISCUSSÃO

65

Tabela 18. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao uso racional do sugador como medida de proteção contra a PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007.

Uso racional do sugador Sim Não

n (%) n (%) p

Masculino 1 (3,0) 32 (97,0) Sexo Feminino 7 (16,7) 35 (83,3) 0,071

Até 22 anos 4 (11,1) 32 (88,9) Idade Acima de 22 anos 4 (10,3) 35 (89,7) 1,000

6º e 7º períodos 0 (0,0) 30 (100,0) Período em curso 8º e 9º períodos 8 (17,8) 37 (82,2) 0,019*

* diferença estatisticamente significativa

Tabela 19. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao planejamento do ambiente como medida de proteção contra a PAIR no exercício da Odontologia. Natal, RN. 2007.

Planejamento do ambiente da clínica Sim Não

n (%) n (%) p

Masculino 8 (24,2) 25 (75,8) Sexo Feminino 8 (19,0) 34 (81,0) 0,794

Até 22 anos 7 (19,4) 29 (80,6) Idade Acima de 22 anos 9 (23,1) 30 (76,9) 0,919

6º e 7º períodos 2 (6,7) 28 (93,3) Período em curso 8º e 9º períodos 14 (31,1) 31 (68,9) 0,019*

* diferença estatisticamente significativa

Embora 95% dos participantes da pesquisa tenham afirmado que o cirurgião dentista é

um profissional de risco para a PAIR, e 77% acreditarem na importância do uso de medidas

de proteção na prevenção de distúrbios auditivos, 97% do total dos acadêmicos não usa EPI

durante o atendimento clínico, conforme tabela 20. Resultados semelhantes foram

encontrados por Félix22 em seu estudo, onde 97,8% dos dentistas participantes não utilizavam

equipamentos de proteção individual.

Apenas 3 acadêmicos relataram usar algum tipo de proteção individual em relação ao

ruído, sendo que um deles relatou executar a lubrificação dos instrumentos rotatórios e fazer

uso racional do sugador, e 2 afirmaram utilizar protetor auricular, embora durante o período

de coleta de dados a equipe não tenha observado a utilização de nenhum tipo de protetor

auricular. Acreditamos que esse quadro de completa falta de motivação quanto à prevenção

aos distúrbios que podem ser causados pelo ruído ocupacional pode ser atribuído à falta de

RESULTADOS E DISCUSSÃO

66

hábito do uso de protetores auriculares entre os profissionais responsáveis pela formação de

cirurgiões-dentistas, bem como ao fato de que a proteção contra distúrbios auditivos não está

incluída no equipamento de proteção individual de uso obrigatório para os acadêmicos dos

cursos de Odontologia, e ainda à negligência dos mesmos com sua própria saúde.

Tabela 20. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação à questão “Você usa algum tipo de proteção individual?”. Natal, RN. 2007.

Você usa proteção individual? Sim Não

n (%) n (%) p

Masculino 1 (2,3) 43 (97,7) Sexo Feminino 2 (3,6) 54 (96,4) 1,000

Até 22 anos 1 (1,9) 52 (98,1) Idade Acima de 22 anos 2 (4,3) 45 (95,7) 0,599

6º e 7º períodos 1 (2,1) 47 (97,9) Período em curso 8º e 9º períodos 2 (3,8) 50 (96,2) 1,000

5.2.4 - Orientações sobre a PAIR

Apesar de a maioria dos pesquisados saber definir a PAIR, conhecer suas causas e

medidas de prevenção, 47% dos indivíduos afirmaram nunca ter recebido algum tipo de

orientação sobre a mesma. Dos 53 (53%) que relataram algum tipo de orientação, 88% a

receberam na Faculdade de Odontologia, enquanto os 12% restantes tiveram contato com tais

informações em outras ocasiões, como no serviço militar, na aviação civil e com profissionais

de Fonoaudiologia (Figura 13).

Sim53%

Não47%

Outros12%

Faculdade88%

n = 100

Figura 13. Distribuição percentual da população estudada de acordo com o recebimento de orientações sobre a PAIR e onde este se deu. Natal, RN. 2007.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

67

Quando o questionamento foi acerca da legislação relacionada à tolerância ao ruído,

77 (77%) desconhecem a mesma. Dentre os indivíduos que afirmaram conhecê-la, 12 (54,5%)

citaram a NR 15 ou valores em decibéis próximos ao preconizado pela mesma legislação

(entre 75 e 100 dB), enquanto 10 (45,5%) não lembraram, ou emitiram outras respostas.

Ao analisar-se estatisticamente a questão “Você já recebeu algum tipo de orientação

sobre a PAIR? Onde?”, não foi verificada associação significativa com as variáveis sexo e

idade. Entretanto, foi observada associação para a variável período em curso, onde o grupo de

acadêmicos do oitavo e nono períodos relatou mais ter recebido orientações acerca da PAIR,

com p < 0,001 (Tabela 21), bem como tais orientações terem sido adquiridas

predominantemente na faculdade de Odontologia, com p = 0,002 (Tabela 22). Esses

resultados podem ser atribuídos novamente ao fato de que, na UFRN, a disciplina responsável

pelo conteúdo referente às doenças ocupacionais é oferecida no oitavo período do curso de

Odontologia.

Já na análise da questão “Você tem conhecimento sobre a legislação com relação à

tolerância ao ruído?”, foi observado, conforme pode ser visto na tabela 23, que os alunos do

oitavo e nono períodos conhecem mais a legislação que aqueles do sexto e sétimo períodos

(p < 0,001), o que pode ser justificado, mais uma vez, pelo fato de os alunos do primeiro

grupo já terem cursado a disciplina de Orientação Profissional, que contempla os riscos

ocupacionais em seu conteúdo, embora tenha sido relatado pelos participantes da pesquisa que

a disciplina de Dentística, oferecida no sexto período, também aborda tal assunto, porém com

menor ênfase, uma vez que este não consta no seu conteúdo programático.

Tabela 21. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao recebimento de orientações sobre a PAIR. Natal, RN. 2007.

Recebeu algum tipo de orientação sobre a PAIR?

Sim Não

n (%) n (%)

p

Masculino 25 (56,8) 19 (43,2) Sexo Feminino 28 (50,0) 28 (50,0) 0,634

Até 22 anos 26 (49,1) 27 (50,9) Idade Acima de 22 anos 27 (57,4) 20 (42,6) 0,523

6º e 7º períodos 12 (25) 36 (75) Período em curso 8º e 9º períodos 41 (78,8) 11 (21,2) < 0,001*

* diferença estatisticamente significativa

RESULTADOS E DISCUSSÃO

68

Tabela 22. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação à situação em que recebeu orientações sobre a PAIR. Natal, RN. 2007.

Onde recebeu essa orientação? Faculdade Outros

n (%) n (%) p

Masculino 22 (88,0) 3 (12,0) Sexo Feminino 24 (88,9) 3 (11,1) 1,000

Até 22 anos 24 (92,3) 2 (7,7) Idade Acima de 22 anos 22 (84,6) 4 (15,4) 0,668

6º e 7º períodos 7 (58,3) 5 (41,7) Período em curso 8º e 9º períodos 39 (97,5) 1 (2,5) 0,002*

* diferença estatisticamente significativa

Tabela 23. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao conhecimento da legislação pertinente aos limites de ruído permitidos no ambiente de trabalho. Natal, RN. 2007.

Conhece a legislação? Sim Não

n (%) n (%) p

Masculino 9 (20,5) 35 (79,5) Sexo Feminino 14 (25,0) 42 (75,0) 0,767

Até 22 anos 9 (17,0) 44 (83,0) Idade Acima de 22 anos 14 (29,8) 33 (70,2) 0,200

6º e 7º períodos 3 (6,3) 45 (93,7) Período em curso 8º e 9º períodos 20 (38,5) 32 (61,5) < 0,001*

* diferença estatisticamente significativa

5.2.5 - Percepção do ruído durante o atendimento clínico e o incômodo por

ele causado

Dentre os indivíduos participantes da pesquisa, uma minoria (4%) não percebe o ruído

durante o atendimento clínico. Dos 96 (96%) que percebem, 27 (28,1%) se sentem

incomodados; enquanto 69 (71,9%) não sentem nenhum tipo de incômodo na presença do

ruído ocupacional. Segundo Félix22, aproximadamente 30 % dos 179 dentistas participantes

de seu estudo, com idades entre 20 e 59 anos e o mínimo de três anos de atuação profissional,

relataram algum desconforto auditivo. Berbare6 verificou que dois terços dos dentistas

examinados em sua pesquisa apresentaram perdas auditivas características de PAIR.

Ao analisarmos, através do Qui-quadrado, a relação entre sexo, período em curso e

nível de ruído das canetas de alta rotação com a percepção do ruído durante o atendimento

RESULTADOS E DISCUSSÃO

69

clínico, não verificamos associação estatisticamente significativa, conforme pode ser

verificado na tabela 24.

Tabela 24. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, período cursado e nível de ruído das canetas de alta rotação em relação à percepção do ruído durante o atendimento clínico. Natal, RN. 2007.

Percebe o ruído durante o atendimento?

Sim Não

n (%) n (%)

p

Masculino 42 (95,5) 2 (4,5) Sexo Feminino 54 (96,4) 2 (3,6) 1,000

6º e 7º períodos 47 (97,9) 1 (2,1) Período em curso 8º e 9º períodos 49 (94,2) 3 (5,8) 0,619

Até 80,5 dB 34 (97,1) 1 (2,9) Nível de ruído da caneta Acima de 80,5 dB 30 (93,8) 2 (6,3) 0,603

Quando se realizou a análise das respostas ao questionamento concernente à existência

de incômodo causado pelo ruído durante o atendimento clínico, verificou-se associação

significativa para sexo (p = 0,015) e período em curso (p = 0,002), onde as mulheres sentem-

se mais incomodadas com o ruído durante o atendimento clínico que os homens, e o grupo

dos alunos do oitavo e nono períodos se sente mais incomodado que o grupo do sexto e

sétimo períodos (Tabela 25). Tais resultados podem estar relacionados, respectivamente, ao

fato de as mulheres serem mais sensíveis e possuírem melhor percepção do que ocorre a sua

volta, mesmo que estejam concentradas em seu trabalho, bem como ao maior tempo de

convivência dos alunos do oitavo e nono períodos com o ruído ocupacional em relação

àqueles do sexto e sétimo períodos.

Tabela 25. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, período cursado e nível de ruído das canetas de alta rotação em relação ao incômodo provocado pelo ruído durante o atendimento clínico. Natal, RN. 2007.

O ruído lhe incomoda? Sim Não

n (%) n (%) p

Masculino 6 (14,3) 36 (85,7) Sexo Feminino 21 (38,9) 33 (61,1) 0,015*

6º e 7º períodos 6 (12,8) 41 (87,2) Período em curso 8º e 9º períodos 21 (42,9) 28 (57,1) 0,002*

Até 80,5 dB 10 (29,4) 24 (70,6) Nível de ruído da caneta Acima de 80,5 dB 14 (46,7) 16 (53,3) 0,244

* diferença estatisticamente significativa

RESULTADOS E DISCUSSÃO

70

5.3 - Resultados obtidos na segunda etapa da coleta de dados

Na segunda etapa do estudo, foram mensurados os níveis de ruído das canetas de alta

rotação dos acadêmicos do sétimo, oitavo e nono períodos, e ainda o ruído ambiente da

Clínica Integrada do curso de Odontologia da UFRN. Por motivos operacionais, não foi

possível a realização da medida do ruído dos acadêmicos do sexto período, de modo que estes

participaram somente da primeira etapa do estudo, não tendo medidos os níveis de ruído das

suas canetas de alta rotação.

5.3.1 - Níveis de ruído

Quanto ao nível de ruído, 51% das canetas de alta rotação da amostra (n=53)

apresentaram ruído de até 80,5 dB; enquanto 49% da amostra (n=51) emitiram ruído acima de

80,5 dB. Os níveis de ruído encontrados neste estudo variaram de 72,3 a 88,3 dB, com média

de 80,5 dB. Embora estejam abaixo do limite de risco para perda auditiva de acordo com a

NR 1513, de 85 dB, ainda se encontram acima do nível de 65 dB preconizado para o conforto

acústico, segurança e desempenho eficiente durante a execução de atividades que envolvam

raciocínio, atenção e concentração, de acordo com a NR 1714, bem como se encontram

também acima do limite de 55 dB preconizado pela OMS36. Esses resultados corroboram

estudos realizados no Brasil e em diversos países22, 26, 39, 44, 45, 50.

É relevante lembrar Souza, Mattos e Nunes51, os quais observaram em seu estudo que,

durante os procedimentos odontológicos, o valor máximo de ruído observado estava

associado ao uso da caneta de alta rotação. O nível de ruído observado em nosso estudo não é

o ruído real do consultório odontológico, uma vez que utilizamos em nossa coleta apenas a

caneta de alta rotação, que embora seja considerada a maior causadora de perdas auditivas,

não é a única fonte de ruído, tendo como coadjuvantes diversos outros aparelhos do

consultório odontológico.

Neste estudo não foi observada associação significativa entre o nível de ruído emitido

pelas canetas de alta rotação e as variáveis sexo, idade e período em curso dos participantes,

como podemos visualizar na tabela 26.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

71

Tabela 26. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação ao nível equivalente de ruído das canetas de alta rotação dos acadêmicos de Odontologia da UFRN. Natal, RN. 2007.

Nível de ruído das canetas de alta rotação até 80,5 dB Acima de 80,5 dB

n (%) n (%) p

Masculino 22 (52,4) 20 (47,6) Sexo Feminino 31 (50,0) 31 (50,0) 0,969

Até 22 anos 14 (46,7) 16 (53,3) Idade Acima de 22 anos 21 (56,8) 16 (43,2) 0,564

7º período 14 (48,3) 15 (51,7) Período em curso 8º e 9º períodos 39 (52,0) 36 (48,0) 0,903

A média do nível equivalente de ruído ambiente na Clínica Integrada foi de 74,78 dB,

com médias de 74,57 dB no fim da ala esquerda; 74,33 dB no meio da ala esquerda; 78,15 dB

no centro da Clínica, ponto com maior nível de ruído; 74,32 dB no meio da ala direita e, no

ponto menos ruidoso da clínica, o fim da ala direita, o nível de ruído foi de 72,55 dB (figura

14). Acredita-se que o centro da clínica apresentou o maior nível de ruído devido à

proximidade desse ponto com a porta de entrada e com a mesa dos professores, onde

normalmente existe um acúmulo de pessoas que, na maior parte do tempo, encontra-se em

conversação.

72

78,15 *

7474 **,33

* ponto da clínica integrada com o maior nível de ruído.

** mesa dos professores

Figura 14 - Esquema ilustrativo com os níveis de ruído em decibéis da Clínica Integrada do DOD-UFRN.

Esses dados corroboram a afirmação de Lopes e Genovese31, que relatam que em

clínicas universitárias o uso simultâneo de diversos aparelhos pode aumentar a intensidade do

ruído de cada um deles, bem como o estudo de Reston e colaboradores39 que verificaram, em

pesquisa realizada em consultórios odontológicos e em clínica universitária, que os

,55 74,32 ,57

RESULTADOS E DISCUSSÃO

72

instrumentos de alta rotação apresentaram o nível de ruído mais intenso, entre 70 e 75 dB,

principalmente na clínica universitária. Também estão de acordo com o estudo de Sampaio

Fernandes e colaboradores40, que afirma ser a acústica ambiente das aulas práticas nas

faculdades de Odontologia caracterizada pelo ruído exagerado produzido por diferentes

equipamentos (instrumentos rotatórios de alta e baixa rotação, máquinas de laboratório, etc.) e

devido ao uso desse equipamento por várias pessoas ao mesmo tempo.

5.3.2 - Características das canetas de alta rotação

No tocante à marca das canetas de alta rotação, 57 (54,8%) eram Dabi Atlante,

enquanto 47 (45,2%) eram Kavo. Dentre os pesquisados, 56 (53,9%) relataram lubrificar as

canetas de alta rotação sempre que as usam; 19 (18,3%) o faz uma vez ao dia; 7 (6,7%), uma

vez por semana e 22 (21,1%) afirmaram realizar tal procedimento com outra freqüência,

sendo as mais citadas duas vezes por semana e “quando lembro” (Figura 15). Para a análise

estatística, as respostas foram categorizadas em dois grupos, sendo eles: ao menos uma vez ao

dia, com 75 (72,1%); e duas vezes por semana ou menos, com 29 (27,9%).

Outra21,1%

1 vez/semana6,7%

1 vez/dia18,3%

Sempre que usa53,9%

n = 104

Figura 15 - Freqüência de lubrificação das canetas de alta rotação em percentuais. Natal, RN. 2007.

Quando analisados os dados referentes à freqüência de lubrificação das canetas de alta

rotação dos pesquisados, verificamos que, embora não tenham citado a lubrificação dos

instrumentos rotatórios como medidas preventivas para a PAIR, 89,7% dos acadêmicos do

sétimo período lubrificam suas canetas ao menos uma vez ao dia; sendo assim, o fazem com

maior periodicidade que o grupo dos acadêmicos do oitavo e nono períodos, com p = 0,015

(Tabela 27).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

73

Tabela 27. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e

período cursado em relação à freqüência de lubrificação das canetas de alta rotação executada pelos acadêmicos

de Odontologia da UFRN. Natal, RN. 2007.

Freqüência de lubrificação da caneta de alta rotação

Pelo menos uma vez ao dia

Duas vezes por semana ou menos

n (%) n (%)

p

Masculino 31 (73,8) 11 (26,2) Sexo Feminino 44 (71,0) 18 (29,0) 0,925

Até 22 anos 19 (63,3) 11 (36,7) Idade Acima de 22 anos 27 (73,0) 10 (27,0) 0,561

7º período 26 (89,7) 3 (10,3) Período em curso 8º e 9º períodos 49 (65,3) 26 (34,7) 0,015*

* diferença estatisticamente significativa

Em relação à esterilização em autoclave, apenas 12 (11,9%) responderam

positivamente, enquanto a maioria (88,1%) nunca submeteu sua caneta a tal procedimento. Na

análise estatística, não se observou associação entre a esterilização e as variáveis sexo, idade e

período em curso, conforme tabela 28.

Tabela 28. Distribuição absoluta e percentual de indivíduos e valor de p, segundo as variáveis sexo, idade e período cursado em relação à esterilização em autoclave da caneta de alta rotação dos acadêmicos de Odontologia. Natal, RN. 2007.

Já esterilizou sua caneta de alta rotação em autoclave?

Sim Não

n (%) n (%)

p

Masculino 8 (19,0) 34 (81,0) Sexo Feminino 4 (6,8) 55 (93,2) 0,070

Até 22 anos 5 (17,2) 24 (82,8) Idade Acima de 22 anos 5 (13,5) 32 (86,5) 0,738

7º período 2 (7,4) 25 (92,6) Período em curso 8º e 9º períodos 10 (13,5) 64 (86,5) 0,507

Quanto ao tempo de uso da caneta (em anos), observou-se que 26 canetas (25%)

tinham um ano e meio de uso; 27 (26%), dois anos; 40 (38,5%), dois anos e meio e 11

(10,5%) apresentavam mais de três anos de uso (Figura 16). Tal variável foi posteriormente

categorizada nos grupos até dois anos de uso, com 53 (52,5%); e mais de dois anos de uso, 48

(47,5%).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

74

2 anos26%

3 anos ou mais10,5%

2,5 anos38,5%

1,5 anos25%

n = 104

Figura 16 - Tempo de uso das canetas de alta rotação em percentuais. Natal, RN. 2007.

Foi realizada a análise entre as variáveis tempo de uso, freqüência de lubrificação e

esterilização das canetas de alta rotação em autoclave em relação aos níveis de ruído em

decibéis, os quais não apresentaram diferenças estatisticamente significativas como pode ser

visualizado nas tabelas 29, 30 e 31. Ademais, foi verificada uma inexistência de correlação

(r = 0,061, com p = 0,548) entre tempo de uso e nível de ruído das canetas, através do

Coeficiente de Correlação de Pearson.

Tabela 29. Distribuição absoluta, média, desvio-padrão, intervalo de confiança e valor de p, segundo as variáveis nível de ruído e tempo de uso das canetas de alta rotação dos acadêmicos da UFRN. Natal, RN. 2007.

Tempo de uso n média ± dp IC (95%) p Até dois anos de uso 53 80,80 ± 2,91 80,05 – 82,45 Nível de

ruído em decibéis Mais de dois anos de uso 48 80,35 ± 3,15 79,60 – 82,00 0,459

Tabela 30. Distribuição absoluta, média, desvio-padrão, intervalo de confiança e valor de p, segundo as variáveis nível de ruído e freqüência de lubrificação das canetas de alta rotação dos acadêmicos da UFRN. Natal, RN. 2007.

Freqüência de lubrificação n média ± dp IC (95%) p Pelo menos uma vez ao dia 75 80,36 ± 3,01 78,21 – 80,81 Nível de

ruído em decibéis

Duas vezes por semana ou menos 29 81,21 ± 2,91 79,06 – 81,66 0,196

Tabela 31. Distribuição absoluta, média, desvio-padrão, intervalo de confiança e valor de p, segundo as variáveis nível de ruído e esterilização em autoclave das canetas de alta rotação dos acadêmicos da UFRN. Natal, RN. 2007.

Esterilização em autoclave n média ± dp IC (95%) p

Sim 12 80,98 ± 2,52 79,66 – 83,29 Nível de ruído em decibéis Não 89 80,48 ± 3,02 79,16 – 82,79 0,588

RESULTADOS E DISCUSSÃO

75

Na tabela 32, podemos observar que houve diferença significativa entre os níveis de

ruído das marcas de caneta de alta rotação, de modo que as canetas da marca Kavo

apresentaram um nível de ruído inferior (79,79 dB) ao daquelas da marca Dabi Atlante (81,25

dB), com p = 0,013. Esses resultados concordam com aqueles encontrados por Lopes e

Genovese31, os quais, entre suas conclusões, afirmam que a intensidade de ruído depende do

modelo do instrumento, entre outros fatores. Entetanto, Souza, Mattos e Nunes51 destacam

que, em trinta e cinco anos de pesquisas, os níveis de ruído apresentaram variações bastante

semelhantes, independente dos países ou das marcas.

Tabela 32. Distribuição absoluta, média, desvio-padrão, intervalo de confiança e valor de p, segundo as variáveis nível de ruído e marca das canetas de alta rotação dos acadêmicos da UFRN. Natal, RN. 2007.

Marca da caneta de alta rotação n média ± dp IC (95%) p

Dabi Atlante 57 81,25 ± 2,58 80,93 – 83,85 Nível de ruído em decibéis Kavo 47 79,79 ± 3,28 79,47 – 82,39 0,013*

* diferença estatisticamente significativa

6. CONCLUSÕES

CONCLUSÕES

77

Os resultados encontrados neste estudo nos levam às conclusões apresentadas a seguir.

A maioria dos acadêmicos participantes do estudo sabe o que é a PAIR, admite que o

cirurgião dentista é um profissional de risco para tal patologia, conhece suas causas e suas

medidas de proteção. Entretanto, não usam equipamento de proteção individual no que se

refere à mesma quando do atendimento clínico, o que mostra a necessidade de um trabalho

motivacional no sentido da inclusão do protetor auricular no EPI.

Dentre os acadêmicos, a grande maioria percebe o ruído durante o atendimento

clínico, com destaque para aqueles que já se sentem incomodados na presença desse agente

físico.

As marcas de caneta de alta rotação encontradas neste estudo apresentaram níveis

médios de ruído abaixo de 85 dB, podendo ser prejudicial à saúde auditiva dos acadêmicos de

Odontologia. As canetas da marca Kavo apresentaram um nível médio de ruído inferior ao das

canetas da marca Dabi Atlante, com significância estatística. Não foi observada associação

entre os níveis de ruído e o tempo de uso, a freqüência de lubrificação e a esterilização em

autoclave.

Foi observado ainda que o nível médio de ruído na Clínica Integrada, assim como os

níveis de ruído das canetas, apesar de encontrarem-se abaixo dos limites de tolerância

estabelecidos pela legislação, podem provocar prejuízos à saúde de todos os que convivem

diariamente naquele ambiente.

O profissional de Odontologia possui uma característica especial por sua prática ser

basicamente liberal e vem sofrendo as conseqüências dos novos tempos. A presença da

Odontologia de grupo e a grande concorrência estabelecida pelo mercado de trabalho fazem

com que as questões de saúde não sejam prioritárias. A visão de uma vida melhor, com

ascensão social, proporcionada pelo exercício da profissão parece obscurecer o pensamento e

apagar qualquer questionamento a respeito do processo de trabalho e saúde.

Sendo a PAIR um comprometimento auditivo neurossensorial sério que atinge um

número cada vez maior de trabalhadores em nossa realidade, e tendo em vista o prejuízo que

causa ao processo de comunicação, além das implicações psicossociais que sobremaneira

interferem e alteram a qualidade de vida de seu portador, é imprescindível que todos os

esforços sejam feitos no sentido de evitar a sua instalação.

Por fim, maior ênfase sobre os riscos inerentes ao ruído ocupacional na Odontologia

deve ser dada nos cursos de graduação, enfocando os aspectos preventivos relacionados ao

CONCLUSÕES

78

ruído com a mesma persistência com são tratadas as medidas de biossegurança para os

agentes biológicos, incentivando cada vez mais o aluno a prevenir-se das doenças

ocupacionais e melhor preservar a sua saúde.

7. REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS

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Ruído (PAIR) na formação acadêmica: conhecimentos e medidas de prevenção. Odontologia

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REFERÊNCIAS

58 Wilson CE, Vaidyanathan TK, Cinotti WR, Cohen SM, Wang SJ. Hearing-damage risk

and communication interference in dental practice. J Dent Res 1990; 69(2):489-93.

ANEXOS

Anexo A

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências da Saúde

Programa de Pós-Graduação Odontologia Área de Concentração Odontologia Preventiva e Social

PPGO-UFRN - [email protected] Av. Sen. Salgado Filho, 1787 – Lagoa Nova – 59056-000 – Natal / RN – Fone/Fax: 84-3215-4133

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TÍTULO: Conhecimento de alunos de Odontologia sobre a Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR): um estudo de caso. PESQUISADORA RESPONSÁVEL: Bianca Oliveira Tôrres

As informações a seguir descreverão esta pesquisa e o papel que você terá como participante. A pesquisadora responsável responderá a quaisquer dúvidas que você possa ter sobre este termo e sobre o estudo.

Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa cujo objetivo é avaliar o grau de conhecimento dos acadêmicos de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Serão avaliados acadêmicos dos 6º, 7º, 8º e 9º períodos do curso de Odontologia da UFRN. Aqueles acadêmicos que concordarem em participar da pesquisa, responderão, a um questionário próprio para tal estudo e terão os níveis de ruído de suas canetas de alta rotação mensurados.

A sua participação neste estudo é voluntária e você poderá recusar-se a consentir ou poderá interromper sua participação a qualquer momento, sem qualquer constrangimento. A possibilidade de danos durante a realização da pesquisa é mínima e não haverá por qualquer meio, qualquer forma de discriminação dos participantes do estudo. Informo, ainda, que não haverá nenhuma despesa para o participante da pesquisa.

Todas as informações obtidas em relação a este estudo permanecerão em sigilo absoluto, assegurando a proteção da sua imagem e respeitando valores morais, culturais, religiosos, sociais e éticos. Os resultados desta pesquisa serão apresentados em eventos ou publicações científicas, porém não serão utilizadas imagens ou informações que permitam a sua identificação. CONTATO: Se houver qualquer dúvida sobre o estudo, você poderá receber mais esclarecimentos com a pesquisadora através dos telefones 3215-4133. Eu, ___________________________________________________________ aceito participar da pesquisa cujo título é: “Conhecimento de alunos de Odontologia sobre a Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR): um estudo de caso.” que tem como pesquisadora responsável Bianca Oliveira Tôrres. Declaro que tenho pleno conhecimento e concordo com os direitos e as condições que me foram assegurados e que autorizo a análise dos dados coletados e publicação, em qualquer meio de divulgação, dos resultados obtidos.

Natal,_____de______________de_______

__________________________________________ Assinatura do participante

Anexo B

Anexo C

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências da Saúde

Programa de Pós-Graduação Odontologia Área de Concentração Odontologia Preventiva e Social

PPGO-UFRN - [email protected] Av. Sen. Salgado Filho, 1787 – Lagoa Nova – 59056-000 – Natal / RN – Fone/Fax: 84-3215-4133

Dados Gerais 1. SEXO: ( )Masc. ( ) Fem.

2. IDADE:______(anos)

3. SEMESTRE QUE CURSA:___________

Conhecimento sobre a PAIR 4. O que você considera como perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR)? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5. Você acha que o cirurgião-dentista é um profissional de risco para a PAIR? ( )NÃO ( )SIM Se SIM, qual(is) a(s) causa(s) da PAIR no exercício da Odontologia? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 6. Você já recebeu algum tipo de orientação sobre a PAIR ? ( )NÃO ( )SIM ONDE?__________________________________________________________ 7. Você acha que a proteção geral e/ou individual contribuem para evitar distúrbios auditivos? ( )NÃO ( )SIM ( )NÃO SABE Se sim, que medida(s) de proteção geral e/ou individual julga ser(em) importante(s) para a prevenção da PAIR no ambiente odontológico? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 8. Em relação ao ruído, você usa algum tipo de proteção individual? ( )NÃO ( )SIM QUAL?_______________________________________________ 9. Você tem conhecimento sobre a legislação com relação à tolerância ao ruído? ( )NÃO ( )SIM QUAL?______________________________________________________________

10. Durante o atendimento, como você percebe o ruído?

( ) Não percebo ( )Percebo, mas não me incomoda ( ) Me incomoda

Anexo D

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências da Saúde

Programa de Pós-Graduação Odontologia Área de Concentração Odontologia Preventiva e Social

PPGO-UFRN - [email protected] Av. Sen. Salgado Filho, 1787 – Lagoa Nova – 59056-000 – Natal / RN – Fone/Fax: 84-3215-4133

FFiicchhaa ppaarraa ccoolleettaa ddaa mmeeddiiddaa ddoo rruuííddoo

Medidas 1 16 2 17 3 18 4 19 5 20 6 21 7 22 8 23 9 24 10 25 11 26 12 27 13 28 14 29 15 30

Marca da Caneta:_____________________________ Tempo de uso:_______________________________ Freqüência de lubrificação: ( ) sempre que usa ( ) Uma vez por dia ( ) Uma vez por semana ( ) Outra:_____________________________ Já foi autoclavada?____________________________ Aluno:_____________________________________________________________

Anexo E

~

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

Programa de Pós-Graduação em OdontologiaPerda Auditiva Induzida pelo Ruido em Odontologia: conhecimentos e medidas de prevenção na formação acadêmica

RuíDO DA TURBINA DE ALTA ROTAÇÃO

Níveis medidos

</);;::o-;

100,0

80,0

60,0

40,0

20,0

0,01 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29

NíVELDE ACORDO COM A lEGISLAÇÃO

CARACTERIZAÇÃODA OCORRNCIAZona urbana Período

Residencial IDiversilicada I Industrial Matutino I Vespertino I Noturno

I X I I I

01 02 03 04 05 06

07 08 09 10 11 12

13 14 15 16 17 18

19 20 21 22 23 24

25 26 27 28 29 30

O

Leq(dBA) Máx.permitido(dBA) 85,0