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Desindustrialização e o Plano Brasil Maior

O mês de abril trouxe dois eventos muito importantes para nosso setor e, em ambos, o Sinditêxtil-SP teve ativa influência e participação. O primeiro foi sem dúvida o anúncio de novas medidas dentro do Plano Brasil Maior e, o outro, o movimento “Grito de Alerta” contra a Desindustrialização organizado pela FIESP e pelas centrais sindicais.

No anúncio das novas medidas, o governo atendeu nosso pleito de redução do INSS sobre a folha a zero em troca do imposto de 1% sobre o faturamento no mercado interno para todos os elos da cadeia têxtil. Con-tudo, ainda ficaram pendentes os principais pontos que devem garantir a competitividade de nossa indústria a longo prazo, como a redução da carga tributária, redução dos juros, maior controle das importações e redução das tarifas de energia elétrica.

Várias outras medidas, a nosso ver, foram na direção correta, como a redução do custo dos financiamentos do BNDES nas linhas PSI, Finame e Progeren, além das linhas de crédito para exportação. Também muito acertada foi a assinatura do convênio entre a Receita Federal e o Inmetro para controle qualitativo e de etiquetagem de importações, outro pleito nosso há bastante tempo aguardando regulamentação. Ademais, outro anúncio do governo federal demonstrou clara compreen-são do momento pelo qual passa o setor têxtil ao prorrogar o pagamento de abril e maio de PIS e COFINS por sete meses, liberando capital de giro para as empresas.

Tudo isso, porém, não garante a sus-

tentabilidade do setor têxtil no Brasil a longo prazo. Foi, sim, um remédio para nossos males no curto prazo enquanto as medidas mais profun-das, que realmente necessitamos para competir com as importações asiáticas, não vêm. Daí a importância do movimento “Grito de Alerta” que ocorreu na Assembléia Legislativa no dia 4 de abril e que tocou nas questões mais importantes a serem resolvidas.

O Sinditêxtil-SP também tem traba-lhado incansavelmente para a aprovação da Resolução 72, pelo Senado, que reduzirá e unificará nacionalmente a alíquota de ICMS sobre os importados a 4%, e para a aplicação de salvaguardas para o setor de vestuário e cama, mesa e banho. Estas medidas, sem dúvida, trariam um efeito benéfico e contundente para a produção interna, garantindo o tempo necessário para que reformas mais estruturantes fossem implantadas, buscando promover o crescimento sustentável de nossa indústria e uma condição de maior isonomia competitiva.

Enfim, a vontade política e o reco-nhecimento da importância de nosso setor para o Estado de São Paulo e para o Brasil estão patentes. Falta agora acompanharmos a implemen-tação de todas estas mudanças para que tenhamos um ano de 2012 de recuperação e manutenção do ritmo de investimentos.

PresidenteAlfredo Emílio Bonduki

Presidentes EméritosPaulo Antonio Skaf Rafael Cervone Netto

1º Vice-PresidenteFrancisco José Ferraroli dos Santos

2º Vice-PresidenteAlessandro Pascolato

3º Vice-PresidenteRomeu Antonio Covolan

Diretor TesoureiroLuiz Arthur Pacheco de Castro

1º TesoureiroPaulo Vieira

2º TesoureiroReinaldo José Kroger

Diretor SecretárioOswaldo Oliveira Filho

DiretoresAdilson Sarkis Antonio GrecoBenedito Antonio Yoshimassa Kubagawa Eurípedes de Freitas Fernando Tanus Nazar George TomicGilmar Valera Nabanete Julio Maximiano Scudeler Neto Laerte Serrano Amadeo Marcos Alexandre DiniMario Roberto Galardo Ordiwal Wiezel Junior Ramiro Sanchez Palma Ricardo Antonio Weiss Rogério da Conceição de Melo Ronaldo Daniel Heilberg Sandro Zabani

Conselheiros FiscaisAdriano Chohfi Nacif Gregório de Nadai Filho Guilherme Azevedo Soares Giorgi

Suplentes de Conselheiros FiscaisFernando José Kairalla Jair Antonio Covolan Shigueru Taniguti Juniort

Sinditêxtil em Notícia é uma publicação do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de São Paulo

Supervisão: Ligia Santos • Jornalista Responsável: Roberto Lima (MTb 25.712) • Colaboração: Aline Pereira e Sirlene Farias

Rua Marquês de Itu, 968 - 01223-000 - São Paulo/SP • Tel: (11) 3823-6100 • [email protected] • www.sinditextilsp.org.br

Projeto gráfico e editoração: Elemento Design Publicidade e Propaganda • Tiragem: 3.000 exemplares

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EXPEDIENTE

Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Sinditêxtil-SP, compromisso com o Meio Ambiente.

Alfredo Emílio BondukiPresidente

Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de São Paulo.

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O presidente do Sinditêxtil-SP, Alfredo Emílio Bonduki, participou no dia 4 de abril da manifestação do “Grito de Alerta”, que aconteceu na Assembleia Legislativa, em São Paulo (SP). Em uma ação inédita, o evento reuniu empresários, trabalhadores e estudantes contra o risco de eminente desindustrialização no País. De acordo com a Polícia Militar, mais de 90 mil pessoas estiveram no ato. O manifesto itinerante já esteve em outros estados e passará por mais cidades com o intuito de chamar a atenção do governo para a necessi-dade de recuperar a competitividade da indústria nacional.

Bonduki salientou a necessidade da manifestação. “Nosso principal objetivo aqui é defender os traba-lhadores e a produção. O Brasil está sendo invadido por produtos asiáticos”, enfatizou. Ainda preocupado com o surto de importações no País, ele destacou a necessi-dade de acabar com a chamada guerra dos portos. “Precisamos pedir ao Senado Federal que aprove a Resolução 72, que unifica a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) entre os estados para artigos importados, com a máxima urgên-cia”, disse. Bonduki ainda alerta: “No ano passado, a indústria têxtil paulista perdeu mais de 20 mil empregos. Devemos dar condições para que a produção nacional se fortaleça”.

Sobre o Movimento “Grito de Alerta”

A estagnação da indústria de transformação é algo extre-mamente grave e preocupante. Por este motivo, a Fede-ração das Indústrias de São Paulo (FIESP), através de todos os seus Sindicatos e Associações Patronais asso-ciadas, juntamente com as Centrais de Trabalho, se uniram para ressaltar que apesar do forte crescimento do consumo, o setor industrial reduziu drasticamente a geração de empregos, acentuando ainda mais o processo de desindustrialização no Brasil.

Juros altos, câmbio valorizado, guerra fiscal favorecendo as importações, entre outros fatores, incentivam artificial-mente a entrada de produtos importados, fazendo com que a indústria pouco contribuísse para o crescimento do PIB em 2011. Esses dados revelam o descompasso entre as ações promovidas pelo governo, e a realidade da indústria que demanda medidas emergenciais e efetivas.

Em 2030, o Brasil contará com uma população economi-camente ativa de 150 milhões de pessoas. Visando garantir a manutenção dos empregos atuais e ser capaz de gerar mais postos de trabalho para todo esse novo contingente de brasileiros, o Movimento “Grito de Alerta”vai às ruas nas principais cidades brasileiras, chamando a atenção da sociedade civil e do governo. A intenção é acelerar profundas mudanças no regime tribu-tário, de juros e de defesa comercial.

Grito de Alerta! Sinditêxtil-SP vai às ruas contra a desindustrialização

Milhares protestam contra desindustrialização na Assembleia Legislativa de S.Paulo

Alfredo Bonduki é convidado a falar para a multidão

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CenárioVermelho

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Certamente o ano passado ficará guardado na memória de empresários e

trabalhadores do setor têxtil e de confecção paulista. Mas, infelizmente, não por um bom motivo: é

que 2011 registrou o pior resultado histórico da balança comercial, com déficit de US$ 1,03 bilhão (excluindo a

fibra de algodão).

“É um dado alarmante”, enfatiza o presidente do Sinditêxtil-SP, Alfredo Emílio Bonduki.“O nosso setor está sendo massacrado pelas importações

desleais, principalmente com países asiáticos”, afirma o executivo. Somente em 2011, o setor têxtil

paulista importou US$ 1,51 bilhão sendo que, desse total, US$ 532 milhões vieram da China. Entre os países que mais exportam produtos têxteis e confeccionados para São Paulo, os Estados Unidos estão em segundo lugar, com apenas US$ 150 milhões (veja tabela na página 5).

Desde 2006, quando o déficit foi de US$ 89 milhões, o setor tem registrado, seguidamente, saldo negativo na balança comercial. “É significativo e crescente o dese-quilíbrio na balança a favor da China”, comenta o coorde-nador da área Internacional do Sinditêxtil-SP, Domingos Mosca. Nos últimos cinco anos, o déficit aumentou 1.165%. Segundo Mosca, há inconsistências de dados no comércio bilateral. “O monitoramento das nossas impor-tações provenientes da China identifica a existência de indícios de subfaturamento, descaminho, falsa classifi-cação e falsa declaração de origem”, salienta. Um exem-plo seria que, ao longo de 2010, a China declarou ter enviado cerca de 350 toneladas de tecidos de seda ao Brasil. No entanto, as aduanas brasileiras registraram importações de apenas 94,7 toneladas desse tipo de produto originário daquele país.

Os tecidos, inclusive, estão entre os produtos que São Paulo importa cada vez mais da China: foram 7,1 mil toneladas em 2004 contra 21,4 mil no ano passado. Cres-

cimento que também tem sido observado no segmento de Cama, Mesa e Banho. “O volume importado pulou de 348 toneladas em 2004 para mais de 5 mil toneladas em 2011”, relata Domingos Mosca. “A importação de produ-tos de vestuário praticamente triplicou no mesmo período”, acrescenta (veja tabela na página 6). “O ano de 2011 se desenvolveu na sequência do processo de importação de produtos confeccionados, iniciado há alguns anos e que se transformou em surto a partir da crise mundial que gerou grandes excedentes nos países asiáticos produtores de vestuário”, comenta o diretor do Grupo Rosset, Oswaldo de Oliveira.

A indústria têxtil brasileira também acusou um grande volume de importação de tecidos da China. “Em termos de volume, aumentou 902% entre 2003 e 2010. No mesmo período, as importações de vestuário dessa mesma origem aumentaram 598%”, ilustra Domingos Mosca.

Alfredo Bonduki acrescenta outros fatores que contribuem para o desequilíbrio das exportações e importações entre os dois países. “Enquanto a moeda brasileira se aprecia em relação ao dólar, o iuan se mantém fixo. Além disso, uma série de aspectos da com-petitividade chinesa também impactam na nossa econo-mia, tais como a baixa taxa de juros, o desrespeito com o meio ambiente, concessão de vários subsídios aos produtores e exportadores, entre outros”, enumera. De acordo com Oswaldo de Oliveira, que também é diretor Secretário do Sinditêxtil-SP, os custos sociais e previden-ciários também pesam nessa concorrência. “As indús-trias que têm na mão de obra seu principal insumo produ-

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tivo, como é o caso das confecções onde esta partici-pação pode ultrapassar 50%, são alvos fáceis já que este fator de produção não é regulado pelo mercado mas, sim, pelo arcabouço legal, regulatório e normativo brasileiro que torna um salário de R$ 500 num custo para a empresa de R$1,5 mil, vis a vis os US$150 pagos pelos produtores internacionais. É uma diferença de dez vezes no maior insumo produtivo, inegociável. É a lei”, ressalta o executivo. “Certamente isso demanda medidas com-pensatórias de grande porte, se desejarmos manter este tipo de atividade em operação no Brasil”, acrescenta.

Confira, a seguir, alguns destaques do cenário econômico que o setor têxtil e de confecção paulista registrou em 2011:

Estados – Para agravar ainda mais a questão das importações, alguns esta-dos brasileiros como Santa Catarina e Espírito Santo isentam o ICMS para produtos vindos de outros países, gerando lá fora os postos de trabalho que poderiam ser criados no território nacional. A denomi-nada “guerra dos portos”, fez com que o Brasil deixasse de gerar 915 mil empregos na última década. Uma solução apontada para o caso é a resolução 72/2010, do Senado Federal, que uniformiza a alíquota do ICMS nas operações interestaduais com bens e mercadorias importadas. Os 4% propostos pela resolução seriam cobrados na origem, ou seja, nos estados onde os produtos importados desembarcam. O restante do ICMS

passará a ser pago no estado de destino, onde a mercadoria é vendida ao consumidor final. “O Sinditêxtil-SP, juntamente com centrais sindicais e entidades patronais, apoia o fim desse incentivo aos importadores”, comenta Alfredo Bonduki.

Demissões – Além do desequilíbrio na balança comer-cial, o aumento das importações também tem refletido

diretamente na geração de empregos. “Outro aspecto considerável são as demis-sões sazonais, que também interferiram negativamente nos resultados”, salientou o presidente do Sindicato. Para se ter uma ideia, o setor têxtil paulista criou 15,8 mil vagas em 2010. No entanto, no ano passado, fechou o período com aproxi-madamente 5,4 mil demissões. “Se algo não for feito rapidamente, a situação do emprego na indústria têxtil está compro-metida”, alerta o presidente do Sindicato que apoia a campanha “Moda Brasileira: eu uso, eu assino”, lançada em janeiro em parceria com a Abit e a manifestação “Grito

de Alerta” (leia mais na página 03).

Mercado interno – O ano de 2011 acusou, ainda, outros resultados desfavoráveis. A produção e vendas de Vestuário, por exemplo, fechou o ano com variação nega-tiva de 7,43% contra o crescimento de 11,69% do ano anterior. O mesmo aconteceu com a produção e comer-cialização de Têxteis que fechou o período com retração de 8,74%. Em 2010, o crescimento foi de 5,64%. Mesmo

“O nosso setor está sendo massacrado pelas importações desleais, principalmente com países asiáticos” , Alfredo Bonduki

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não sendo negativa, a produção e vendas no Varejo também teve queda nos resultados. Enquanto em 2010 o índice foi de 11,39%, no ano passado ele ficou em apenas 0,55%. “Mais uma vez percebemos o impacto nas impor-tações asiáticas na saúde do nosso setor”, pontua Alfredo Bonduki.

Otimismo – Mesmo com todas as dificuldades, o setor têxtil paulista não para. Através das suas entidades repre-sentativas, o setor luta com uma série de pleitos junto ao governo federal como, por exemplo, defender os mais de 500 mil trabalhadores em que nele atuam entre os mais de 1,7 milhão espalhados por todo o Brasil. “Felizmente, o trabalho de conscientização realizado, com enorme esforço, por nossas entidades (Sinditêxtil-SP e Abit) fez com que importantes ministérios do governo Dilma, particularmente o MDIC e a Fazenda, e a própria Presi-denta se sensibilizassem com a situação do setor e deter-minassem medidas de desoneração de custo e outras que foram recém anunciadas para fomentar a produção. Temos que continuar o trabalho e o diálogo com o governo e trabalhadores, buscando medidas com o senso

de urgência e imediatismo que o setor precisa para se manter operando em 2012”, destaca Oswaldo de Oliveira.

Apesar do cenário de crise, o setor têxtil paulista não deixou de investir em equipamentos e tecnologia. Somente em 2011 foram investidos US$ 900 milhões, sendo US$ 331 milhões em importação de máquinas, US$ 333 milhões em têxtil e outros US$ 236 milhões em confecção. “Mesmo sofrendo a brutal concorrência com os produtos manufaturados da Ásia, os empresários seguem investindo na modernização de suas fábricas”, ressalta o presidente do Sinditêxtil-SP.

Para 2012, estima-se que a cadeia produtiva têxtil (em termos de volume) tenha aumento sobre 2011 de 1,5% na produção, de 3% na venda interna e de 3% na expor-tação. O faturamento deve girar em torno de US$ 25 bilhões. “Apesar do forte aumento das importações (30%), devemos manter a estabilidade no número de empregos”, acredita Bonduki.

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O Brasil foi inserido na economia global com a abertura de importação, ainda no governo Collor. Do ponto de vista industrial, a abertura foi feita sem o devido planejamento e de forma desorganizada, ocasionando perda desnecessária de ativos. Com isto, o regime de preços internos passou a ter importante ajuste aos preços internacionais.

Acontece que a indústria têxtil e de confecções, há mais de quatro décadas, tem sido usada pelos governos asiáticos a partir do Japão, passando pela Coreia e chegando à China nas últimas décadas como fator de inclusão social, início de ciclos industriais de exportação e transferência de mão de obra do campo para as cidades. Portanto, sempre com fortes incentivos governamentais através de financiamento amplo e barato, transferência de ativos Estatais a fundo perdido, e outros incentivos que na realidade são renúncias fiscais.

Nada foi feito no Brasil neste sentido, apenas o uso de alíquotas altas de imposto de importação. Esta proteção foi tornando-se ineficaz em função de todo tipo de descaminho ou prática de subfaturamento por parte dos importadores de produtos têxteis e confecções.

Esta tendência, aliada à falta de estrutura de fiscalização nos inúmeros portos brasileiros e potencializada a absurdas práticas de Estados que deram incentivos no ICMS aos produtos importados, culminou com condições totalmente díspares de isonomia de competição da indústria têxtil e de confecções brasileira.

Toda esta situação ficou muito mais aguda em função da apreciação violenta da nossa moeda, o Real.

Se este desequilíbrio cambial já está afetando todo os setores industriais, pode-se imaginar o que está acontecendo com os têxteis e confeccionados, cujas importações já vêm sendo paulatina-mente estruturadas há mais tempo, em torno de vinte anos. Foi o setor mais afetado.

Portanto as perspectivas não são boas para 2012, se nada for feito.

Por outro lado, as indústrias estão modernizadas, muito eficientes e prestando um alto nível de serviços, com velocidade e qualidade, que é a única razão por ainda sermos a quinta maior indústria do planeta. Fizemos a nossa “lição de casa”, dentro de nossas fábricas.

Resta o governo fazer a sua, que a meu ver, deveria ser mais fácil, mas parece somente reagir quando os números indicam tendências muito negativas, ou seja, com prejuízos muito maiores, alguns irreversíveis.

É uma pena, pois o País tem vocação têxtil e se beneficiaria muito desta indústria que poderia ter, no mínimo, o dobro do seu tamanho atual.

Não me parece fazer sentido agir somente sobre números francamente negativos, principalmente após anos seguidos de avisos e sugestões de soluções por parte dos órgãos de classe (têxteis e confecções).

Um setor industrial não conseguir crescer conforme o seu potencial, devido a ambiente de negócios desfavorável em função dos fatores que dependem da administração pública, já deve ser motivo amplamente negativo a ser corrigido merecendo uma ação contundente do Estado. Assim que deve ser tratado o crescimento pífio e não sustentando e não esperar-se pelos números absolutos ficarem negativos para iniciar alguma ação de governo.

Alessandro PascolatoVice-Presidente do Sinditêxtil-SP

OPINIÃO

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O Sinditêxtil-SP e a Abit fecharam acordo com a Agência USP de Inovação para o lançamento do Programa “Tecendo a Inovação” que é voltado para o desenvolvi-mento do setor têxtil do estado de São Paulo. O projeto tem como objetivo estabelecer um plano de formação potencializando e ampliando as possibilidades do Programa de Pós-Graduação, Mestrado em Têxtil e Moda, e impulsionando a formação de universitários brasileiros e o próprio setor.

Durante o encontro foram propostas duas linhas a serem executadas: missões temporárias de professores e especialistas mundiais para ministrar temas específicos no Mestrado em Têxtil e Moda da Universidade de São Paulo e a realização de intercâmbios dos professores e alunos deste Mestrado para a realização de pesquisas, cursos e práticas em centros universitários têxteis da Europa e Estados Unidos.

Alfredo Emílio Bonduki, presidente do Sinditêxtil-SP, ressaltou a importância do papel de uma universidade pública de devolver à sociedade os investimentos que os cidadãos depositam nela. “Esta parceria é importantís-sima para o setor têxtil, pois será na inovação que vamos diferenciar e gerar competitividade. Este trabalho que apoiaremos a partir de agora é o que pode fazer a dife-rença”, declarou.

Segundo o coordenador da Agência USP, prof. Dr. Wan-derlei Salvador Bagnato, a universidade tem o dever de contribuir com a sociedade em tudo o que for possível. “Precisamos inovar mais. As coisas mudam rapidamente e necessitamos tornar nossas empresas mais competiti-vas. Temos que unir empresários e pesquisadores e sensibilizar as agências de investimento, como o BNDES para esta situação”, disse.

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Sindicato fecha parceria com a Agência USP de Inovação

Retalho Fashion dá a largada

O Projeto Retalho Fashion vai ganhar as ruas do Bom Retiro neste mês de abril. Após inúmeras reuniões com órgãos do governo municipal e estadual, com o CDL local, empresas de coleta, entidades de classe e univer-sidades, o projeto que visa a coleta e reciclagem de reta- lhos no bairro do Bom Retiro começa a sair do papel. “Levamos muito tempo realizando reuniões e fazendo o planejamento. Agora, estamos iniciando uma segunda etapa que envolve os confeccionistas, através de um levantamento mais preciso sobre volumes e tipos de resíduos. Esta pesquisa está sendo realizada pelo Senai Antoine Skaf e pela Universidade Mackenzie, parceiros nossos no Projeto Retalho Fashion” explica Rogério Melo, coordenador do Comitê de Responsabilidade Social do Sinditêxtil-SP. Segundo dados do início da década, o famoso bairro de vendas de atacado e varejo têxtil possui cerca de 1.600 confeccionistas e chega a gerar 12 toneladas de retalhos e resíduos por dia. “O problema é que este material é colocado na rua, em sacos de lixo, e acabam indo para um aterro sanitário ou, pior, entupindo as galerias das ruas e provocando enchentes. Com a mudança no horário de coleta, a questão do entupimento foi parcialmente resolvida, mas não podemos permitir que esse resíduo vá para aterros, onde levará anos para decompor. Não é sustentável.

Podemos reciclar esse material”. Conforme estabelecido na Lei 13.478/02, os grandes geradores de resíduos, ou, 60% das empresas da região, devem contratar empresa especializada em coleta de lixo para dar um destino aos rejeitos. Foi constatado que as empresas que realizam a coleta nessa região encaminham os resíduos têxteis para os aterros sanitários sem qualquer separação. Hoje, o Brasil importa perto de 14 mil toneladas de resíduos e trapos do exterior, pagando até US$ 1,15 /kg. Como não há fiscalização eficiente, entra de tudo nesse container onde é declarado trapos/retalhos/resíduos. Até lençol contaminado entra, como aconteceu recentemente. “É um absurdo o Brasil importar algo que temos em abun-dância. Basta organizar a coleta seletiva. Isso ajudará a gerar renda para os catadores, tornará a cadeia produ-tiva mais sustentável e reduzirá o risco desse tipo de importação. Tem mercado e demanda para este produto. Basta organizar”. Após a atualização dos dados, o Sinditêxtil-SP iniciará a etapa de implantação e capaci-tação técnica dos catadores e empresas coletoras. “É um projeto piloto. Apresentamos o Retalho Fashion para o governo federal que considerou um exemplo de inovação e sustentabilidade e, após consolidação, poderá ser replicado em todo o Estado de S.Paulo e até no Brasil. “Ficamos muito animados com o apoio do governo e de ter o Retalho Fashion incluído nos Fascícu-los da Indústria para a Rio+20”, conclui Melo.

Da esquerda para direita: Márcio Matheus, pres. da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb); Rogério Melo, coord. Comitê Responsabilidade Social do Sinditêxtil; Alfredo Bonduki, pres. do Sinditêxtil; Drázio Barreto, sec. de Serviços do Estado S.P; Valdecir C. Papazissis, dir. da Limpurb

Alfredo Emílio Bonduki, presidente do Sinditêxtil-SP, participa de reunião para assinatura de acordo com Agência USP

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Empresários do setor têxtil estiveram reunidos com o alto comando do Exército Brasileiro responsável pela logística de compras para debater o fornecimento de produtos nacionais para as forças armadas. “Temos interesse em comprar produtos têxteis de vocês e vocês de vender para nós. Essa aproximação é muito importante para discutir-mos a melhor forma dessa relação, visto que agora a indústria brasileira contará com a margem de preferência”, declarou o General-de-Exército, Renato Joaquim Ferrarezi, Comandante Logístico do Exército Brasileiro.

O presidente do Sinditêxtil, Alfredo Bonduki, e o diretor superintendente da Abit, Fernando Pimentel, fizeram uma breve exposição sobre as questões que mais impactam no fornecimento desses produtos para as forças armadas, bem como todo o problema de licitação de compras governamentais que permitem que importadores vençam as concor-rências. “É preciso criar mais mecanis-mos que garantam uma concorrência mais equilibrada, pois somente uma margem de 8% será insuficiente para vencermos as impor-tadoras”, esclareceu Pimentel. “Exigências como elimi-nação de alguns agentes químicos que fazem mal à saúde, toxidade de produtos, além dos parâmetros de qualidade, são medidas que o Exército deveria adotar nas licitações”, sugeriu Bonduki.

O orçamento de compras para o Exército Brasileiro para 2012 é de R$ 178 milhões, dos quais, R$ 78 milhões são para aquisição de itens têxteis, como uniformes, lençóis,

Compras públicas é tema de seminários no Sinditêxtil-SP

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camisetas, bonés, ponchos, redes, entre outros. “A margem de preferência será válida para as licitações de 2012, mas é preciso verificar juridicamente o que mais é possível dentro das exigências das compras, a fim de que não seja contestado”, explicou o General-de-Brigada, José Carlos Nader Mota, Diretor de Abastecimento. Ainda segundo Nader, o Exército contratou o Senai Cetiqt para revisar todas

as normas técnicas de 19 produtos têxteis, realizando todos os ensaios laboratoriais. Com parâmetros mais específicos o Exército acredita que não haverá mais tantas roupas rejeitadas como existem hoje. “Esperamos apresentar as novas especificações têxteis até meados de 2012”, informou o Ariel Vincentini, professor do Cetiqt. “Foi um encontro muito proveitoso, facilitado pelo nosso diretor Rubens da Silva, e que serviu para abrir um franco diálogo entre nós e os militares que cuidam das compras do Exér-cito”, comentou Bonduki.

Logo após esse encontro, o Sinditêxtil-SP realizou um novo seminário, em fevereiro de 2012, para discutir um dos mais relevantes pleitos da Abit e do Sindicato junto ao

governo federal: a aplicação da margem de preferência em compras governamentais. Durante o evento “Nova Política de Compras Públicas”, representantes dos ministérios da Fazenda, do Planejamento, Orçamento e Gestão, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Ciên-cia e Tecnologia detalharam aos empresários os novos instrumentos de compras do governo federal ao setor têxtil e de confecção.

Diretoria do Sinditêxtil-SP se reúne com representantes do governo e do exército na sede da entidade

Setor têxtil e representantes do governo discutem margem de preferência

O orçamento de compras para o Exército Brasileiro para 2012 é de R$ 178 milhões, dos quais, R$ 78 milhões são para aquisição de itens têxteis.

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Panorama

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O presidente do Sinditêxtil-SP, Alfredo Emílio Bonduki, e outros importantes analistas, como Newton Rosa, Voltaire Nazi e Álano Tiburtius, foram convidados pela FBDE/Ne- xion Consulting para expor

suas opiniões a respeito de prováveis cenários de mercado para 2012/13. Na ocasião, Alfredo Bonduki falou sobre a desindustri-alização no setor têxtil. Os empresários discutiram o impacto de crises externas no mercado nacional, o ritmo de consumo da população brasileira e as estratégias de marketing comercial que devem ser utilizadas pelas empresas. O comportamento do câmbio nos próximos 12 meses também foi discutido no encontro.

Site

CampanhaSegue firme a campanha lançada pela Abit “Moda Brasileira: eu uso, eu assino” que busca reunir 1 milhão e 300 mil assinaturas (1% do eleitorado nacional) para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular por um Regime Tributário Competi-tivo para o Setor Têxtil e de Confecção. No mês de abril, o Sinditêxtil-SP realiza pa-

lestras de conscientização e arre-cadação de assinaturas na FATEC e Senai de Americana.

Mais informações em www.abit.org.br/empregabrasil

CURT

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Com novo layout e distribuição de conteúdo repaginada, a nova plataforma online do Sinditêxtil-SP traz como principal novidade a área exclusiva. Nela, os associados terão acesso a documentos, balanços do setor, pano-ramas, apresentações e outras informações restritas. Além disso, o site conta também com o canal “TV Sinditêxtil-SP”, que trará conteúdo audiovisual com assuntos relacionados ao setor e ao Sindicato. O conteúdo do novo site, que foi publicado em março, está disponível também em inglês e espanhol.

HomenagemA última reunião de 2011 da Diretoria do Sinditêxtil-SP, em conjunto com o Conselho da Abit, foi marcada por homenagens. As conde-corações começaram com a inauguração do quadro do presidente emérito do Sinditêxtil-SP, Rafael Cervone Netto, líder do sindicato de 2005 a 2010. “É com muita honra que recebo esse quadro que me coloca ao lado de outras importantes figuras do setor têxtil brasileiro. Passei por muitos desafios, enquanto presidente desta entidade. Vamos continuar nossa luta”, agradeceu. “Para mim, é um grande desafio falar sobre as ações e a coragem do compa-nheiro Rafael. Hoje, sou seu sucessor e tenho a árdua tarefa de dar continuidade aos seus pleitos, que foram muitos e que ajudaram a fortalecer a indústria têxtil paulista”, disse o atual presidente do Sindicato, Alfredo Emílio Bonduki. O empresário Fuad Mattar, presidente do grupo Paramount Têxteis, foi agraciado com a “Medalha do Mérito Abit”, condecoração concedida às pessoas e instituições, nacionais ou estrangeiras, dignas do reconhecimento e da admiração do setor.

Momento em que foi descerrado o quadro de Rafael Cervone

Conquista A empresa Golden Tecnologia, associada do Sinditêxtil-SP, recebe patente dos direitos de comercialização da tecnologia Dye Clean, que pode reduzir em mais de 50% o consumo de água, sal, produtos químicos e auxiliares. Além do Brasil, a empresa tem depósitos de patente para outros 22 países, que juntos representam 90% da produção têxtil mundial. “Temos como objetivo levar soluções técni-cas aos clientes, priorizando tecnologias inovadoras e sustentáveis para o mercado. E a união destes valores é indispensável para estar à frente das exigências da legislação suprindo as deficiências técnicas do setor têxtil”, explica Alessandro De Marchi, diretor comercial da Golden, que espera que, até 2016, o Dye Clean represente 30% do faturamento da empresa.

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Agenda do Presidente Veja, abaixo, alguns dos principais compromissos do presidente do Sinditêxtil-SP, Alfredo Emílio Bonduki, nos últimos meses.

EVENTOS

08/12

03/02Cerimônia de inauguração da Incubadora Social

e Tecnológica USP – Leste

Recebeu o secretário municipal do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho, Marcos Cintra. Na pauta, o

Parque Tecnológico de São Paulo –Leste.

02/03

22/12

14/02

Reunião com o secretário executivo do ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Alessandro Teixeira, na sede do Sindicato-SP

Alfredo Bonduki participou de reunião com o Secretário da Fazenda do Estado de São Paulo, Andrea Calabi, que contou com a participação de Milton Melo Santos, presidente da Agência de Fomento PaulistaReunião com a diretoria de crédito da Área

Têxtil do Banco do Brasil, na capital

AGEN

DA

DO

PRE

SID

ENTE

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Comércio Exteriortecidos especiais, rendas, bordados, fitas, etc. (+33,9%) e roupas de cama, mesa e banho (+47,3%).

Santa Catarina, São Paulo, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Paraná, pela ordem, foram os cinco principais estados importadores do setor no Brasil.

Como resultado, o Estado de São Paulo apresentou déficit de US$ 395 milhões em sua balança comercial de produtos têxteis e confeccionados (exceto fibra de algodão) no período janeiro a março de 2012, contra um déficit de U$ 252 milhões registrados nos mesmos meses do ano de 2011.

Diante das circunstâncias nacionais e internacionais, potencializadas pelo Real que embora tenha flutuado ainda continua bastante valorizado, o Setor Têxtil e de Confecção do Estado de São Paulo deverá fechar a balança comercial de 2012 com um déficit de aproximadamente US$ 1,6 bilhão.

No período de janeiro a março, as exportações de produtos têxteis e confeccionados (exceto fibra de algodão) de São Paulo apresentaram queda de 0,9%, em valor, se comparado ao mesmo período de 2011. Destacaram-se: tecidos de algodão (+55,5%); tecidos de malha artificiais e sintéticas (+33,7%) e vestuário (+2,2%). Alguns segmentos apresenta-ram queda em suas exportações na comparação com o mesmo período de 2011: filamentos de poliamida (-8,9%) e pastas, feltros e não tecidos (-9,6%).

São Paulo mantém-se como principal estado exportador brasileiro responsável, no período de janeiro a março 2012, por 33,0% do total das exportações brasileiras do setor (exceto fibra de algodão), seguido por Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Bahia.

As importações de produtos têxteis e confeccionados (exceto fibra de algodão) de SP apresentaram aumento de 39,9%, em valor, se compara-das ao mesmo período de 2011. Destacaram-se: vestuário (+120,6%);

EconomiaPRODUÇÃO INDUSTRIAL

EMPREGO

INFLAÇÃO

O saldo de admissões e demissões no setor têxtil e de confecção, tanto no Brasil quanto no Estado de São Paulo, foi positivo no primeiro bimes-tre de 2012, ou seja, o setor gerou novos postos de trabalho, movimento que pode ser fruto de uma retomada de atividades em relação ao mês de dezembro de 2012, assim como as perspectivas de melhora ao longo do ano que, conforme comentado acima, estão condicionadas a adoções de medidas de combate a competição externa predatória e desleal e de aumento de competitividade da indústria nacional por parte do governo.

A inflação medida pelo IPCA-IBGE para o setor têxtil e de confecção foi de -0,78% entre os meses de janeiro a março de 2012, enquanto a inflação geral foi de 1,22%, mostrando que o setor tem, mais uma vez, contribuído para o controle da inflação. Evidentemente, o comportamento de preços do setor também reflete a evolução dos preços das matérias primas, a redução do nível de crescimento do mercado e a concorrência predatória e desleal dos produtos importados. No Estado de São Paulo, a variação de preços medida pelo IPC-Fipe mostrou que entre os meses de janeiro a março de 2012 os preços do setor variaram 0,34%, enquanto o índice geral variou 0,74%, mais de duas vezes superior à variação do vestuário.

SALDO DE EMPREGOS GERADOS

Brasil

Textil e Confecção

São Paulo

Textil e Confecção

2011

-12.105

2011

-5.463

Jan-Fev 11

11.363

Jan-Fev. 11

2.951

Jan-Fev 12

4.690

Jan-Fev. 12

1.229

Os dados atualizados de Economia e Comércio Exterior estão sempre disponíveis no site do Sinditêxtil-SP: www.sinditextilsp.org.br.

Os dados divulgados pelo IBGE sobre a produção industrial referente ao primeiro bimestre de 2012 indicam que o setor têxtil e de confecção terá mais um ano difícil pela frente. Em relação aos produtos têxteis, a produção brasileira apresentou queda de produção física de 7,8% em relação ao mesmo período de 2011, enquanto no Estado de São Paulo a queda registrada foi de 11,9%. No segmento de vestuário, a queda de produção foi de 19,6% no Brasil, quando comparamos o primeiro bimestre dos anos 2012 e 2011, e 33,9% no Estado de São Paulo.Desconsiderando a sazonalidade, no mês de fevereiro de 2012 a produção física brasileira do segmento têxtil apresentou queda de 1,1%, e a produção da confecção registrou crescimento de 0,3%, quando comparado ao mês anterior.O varejo apresentou um desempenho negativo no primeiro bimestre de 2012, registrando queda de 0,89% no volume de vendas do Brasil, e 4,06% no

Estado de São Paulo, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Houve nesse período uma desaceleração das vendas, mas há no registro negativo o impacto do feriado de Carnaval que nesse ano ocorreu no mês de fevereiro e no ano passado no mês de março. Mesmo diante do desempenho negativo do mês de fevereiro, a expectativa do mercado é que as vendas de 2012 cresçam, em volume, 3%. Esse cenário, aliado às medidas de combate à concor-rência externa desleal e predatória e de aumento da competitividade da indústria nacional, indica que a indústria brasileira poderá se recuperar ao longo do ano, especialmente no segundo semes-tre. Outros fatores serão também importantes para que esta recuperação se confirme, como o comportamento da taxa de câmbio e a continui-dade da política atualmente em curso de redução das taxas de juros.

Exportação Importação SaldoJan-Mar 11 Jan-Mar 12 Jan-Mar 11 Jan-Mar 12 Jan-Mar 12 Jan-Mar 12

BALANÇA COMERCIAL DO SETOR TÊXTIL & CONFECÇÃOUS$ FOB em milhões

BRASIL

Exportação Importação SaldoJan-Mar 11 Jan-Mar 12 Jan-Mar 11 Jan-Mar 12 Jan-Mar 11 Jan-Mar 12

SÃO PAULO

Total (sem fibra)

Têxtil (sem fibra)

Vestuário

Total (sem fibra)

Têxtil (sem fibra)

Vestuário

340.7

301.9

38.8

305.2

268.8

36.4

1,518.5

1,050.9

467.6

1,762.3

1,054.3

708.0

(1,177.8)

(749.0)

(428.8)

(1,457.1)

(785,5)

(671,6)

103.0

90.7

12.3

102.0

89.4

12.6

355.0

225.2

129.8

496.7

210.4

286.3

(252.0)

(134.5)

(117.5)

(394.7)

(121.0)

(273.7)

Fonte: ALICEWEB/MDIC

Fonte: MTE - CAGED

Inflação no ano de 2012 (Jan. e Fev.)Em %

0,651,62

Habitação-0,01

1,30

Alimentação

0,400,52

Transporte

0,912,15

DespesasPessoais

1,28 1,39

Saúde

0,34

-0,78

Vestuário

6,93

6,60

Educação

0,741,22

Geral

IPC IPCA

IND

ICA

DO

RES

MERCADO INTERNO 2012 - PRODUÇÃO X IMPORTAÇÕESBRASIL

Base de comparação:Jan-Fev. 12/Jan-Fev. 11

+41,0%

-19,6%

-0,89%

-7,8%

Têxtil Vestuário

Volume

PRODUÇÃO FÍSICA

IMPORTAÇÕESVESTUÁRIO**

VENDAS NOVAREJO

* Jan-Mar 12/Jan-Mar 11

Volume

MERCADO INTERNO 2012 - PRODUÇÃO X IMPORTAÇÕESSÃO PAULO

Base de comparação:Jan-Fev. 12/Jan-Fev. 11

+103,1%

-33,9%

-4,06%

-11,9%

Têxtil Vestuário

Volume

PRODUÇÃO FÍSICA

IMPORTAÇÕESVESTUÁRIO**

VENDAS NOVAREJO

* Jan-Mar 12/Jan-Mar 11

Volume