a ordem das ideias, a impessoalização do texto e o uso do vocabulário, estilo

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  • A ORDEM DAS IDEIAS

    Luclia Garcez

  • Cada pessoa constri sua prpria tcnica de organizao inicial das ideias:

    Escrever tudo o que vem mente, de acordo com o fluxo do pensamento, para, depois, ento, cortar e ordenar:

    Ajuda a provocar a criao e apreenso de ideias essenciais.

    Organizar mentalmente grandes blocos de texto, escrev-los e reestrutur-los aps a releitura:

    Prprio de redatores maduros. Esse texto, depois de transcrito, passa por pequenas alteraes e ajustes ditados

    pela releitura cuidadosa.

  • A ORGANIZAO DAS IDEIAS

    1. Apresentao

    A ideia principal pode ser apresentada por meio de recursos, como: afirmao, negao, definio, explicitao do objetivo, julgamento, interrogao.

    1.1 Afirmao, declarao ou assero

    Traz em si as vertentes que devem ser ampliadas no desenvolvimento do texto. Ex.:

    A msica popular brasileira resiste permanentemente in-vaso e dominao de ritmos estrangeiros que a indstria cultural dos pases mais desenvolvidos tenta impor.

    A filosofia trabalha com enunciados precisos e rigorosos, busca encadeamentos lgicos entre enunciados, opera com conceitos ou ideias obtidos por procedimentos de demonstrao e prova, exige a fundamentao racional do que enunciado e pensado.

  • 1.2 Negao

    Apresenta uma ideia negando a outra, partindo do pressuposto de que h uma ideia oposta j conhecida,

    estereotipada, equivocada;

    Pretende-se negar essa possibilidade logo de incio. Ex:

    As indagaes fundamentais no se realizam ao acaso, segundo preferncias e opinies de cada um de ns. A

    filosofia no um "eu acho que" ou um "eu gosto de".

    No pesquisa de opinio maneira dos meios de

    comunicao de massa. No pesquisa de mercado

    para conhecer preferncias dos consumidores e montar

    uma propaganda. As indagaes filosficas se realizam

    de modo sistemtico.

  • 1.3 Definio ou conceito

    Representao de um objeto pelo pensamento, por meio de suas caractersticas gerais;

    Formulao de um esclarecimento;

    Conceituao objetiva;

    Verbo ser. Ex.:

    A intuio uma compreenso global e instantnea de uma verdade, de um objeto, de um fato. Nela, de uma s vez. a razo capta todas as relaes que constituem a realidade e a verdade da coisa intuda. E um ato intelectual de discernimento e compreenso.

    Conceituao subjetiva:

    Acredito que a intuio ...; Penso que a intuio ...; Segundo meu ponto de vista...; Minha concepo de intuio Eu acho que...

  • 1.4 Explicitao do objetivo do texto

    Esclarece as intenes, os propsitos, os limites da obra; Ex.:

    O que desejamos nesse trabalho; o objetivo dessa investigao; pretendemos demonstrar; procuramos

    comprovar; estamos tentando provar...

    Este trabalho prope-se a refletir sobre a produo feminina sul-rio-grandense, resgatada dentro de uma

    investigao mais ampla sobre a vida literria do Rio

    Grande do Sul de 1870 a 1930, a partir do levantamento

    de informaes sobre as instituies atuantes e seu

    papel na produo e na difuso da literatura na

    sociedade.

  • 1.5 Julgamento ou avaliao

    Pressupe uma anlise prvia, uma avaliao anterior;

    Envolve julgamentos e tomada de posio acerca do objeto:

    Os captulos que compem este "20 Textos que fizeram Histria" refletem a vida recente do pas e, ao mesmo tempo, testemunham as virtudes e percalos do jornalismo praticado pela Folha. Da relativa ingenuidade dos textos que compem a cobertura do incndio no edifcio Joelma, em So Paulo, ao tom vigilante das coberturas sobre o mau uso do dinheiro pblico, passando pelo engajamento na defesa das eleies diretas, em 1984, o que se abre ao leitor um jornal em permanente movimento, decidido a exercer sua funo crtica e a informar seus leitores acima de qualquer obstculo.

  • 1.6 Interrogao / Problemtica

    Perguntas feitas para fazer uma apresentao mais simples de uma ideia;

    O desenvolvimento do texto ser a resposta questo formulada:

    Muitos fazem essa pergunta: afinal, para que Filosofia? uma pergunta interessante. No ouvimos ningum

    perguntar: para que matemtica ou fsica?

  • 2. Ampliao e explicao

    As ideias so detalhadas e aprofundadas, atravs de recursos, como:

    Esclarecimento do significado das expresses, enumerao de fatores constitutivos, uso de expresses indicando insero de exemplo, de citaes.

    2.1 Esclarecimento do significado das expresses, palavras ou conceitos utilizados

    Expresses: isto , ou seja, o que quer dizer, essa expresso significa.

    Quando se diz que a filosofia um fato grego, o que se quer dizer que ela possui certas caractersticas, apre-senta certas formas de pensar e de exprimir os pensa-mentos, estabelece certas concepes sobre o que sejam a realidade, o pensamento, a ao, as tcnicas, que so completamente diferentes das caractersticas desenvolvidas por outros povos e por outras culturas.

  • 2.2 Enumerao de fatores constitutivos ou acumulao de

    elementos que complementam a ideia inicial

    No caso do conhecimento, mtodo o caminho ordenado que o pensamento segue por meio de um

    conjunto de regras e procedimentos racionais, com trs

    finalidades: 1. conduzir descoberta de uma verdade at

    ento desconhecida; 2. permitir a demonstrao e a

    prova de uma verdade j conhecida; 3. permitir a

    verificao de conhecimentos para averiguar se so ou

    no verdadeiros.

  • 2.3 Algumas expresses indicam de forma explcita que h

    uma insero de exemplo

    Os dados, as estatsticas, os testemunhos reforam a ideia que defendida pelo autor;

    Os exemplos podem tornar o texto menos abstrato e facilitar a compreenso.

    para exemplificar podemos observar, por exemplo, para comprovar o que foi dito, exemplo disso , como

    exemplo pode-se observar, assim o que ocorre no caso

    em que...

    Um exemplo de luta social para interferir nas decises sobre as pesquisas e seus usos encontra-se nos

    movimentos ecolgicos e em muitos movimentos sociais

    ligados a reivindicaes de direitos.

  • 2.4 Uso de expresses indicando insero de citao

    segundo o especialista X, de acordo com o que afirma X, X j afirmou que, conforme X, em sua obra Y, para X a questo ...

    Ao inserirmos uma declarao de outro, usamos verbos dicendi:

    falar, ordenar, referir, asseverar, perguntar, afirmar, declarar, esclarecer, testemunhar, explicar, enunciar, concluir, registrar, informar, discorrer, acentuar, ponderar, expressar, discursar, indicar, proferir, exclamar, narrar, descrever, preceituar, declamar, bradar, pronunciar, aconselhar, comprovar, corroborar, ratificai; confirmar, demonstrar, refutar, argumentar, justificar, expor, mencionar, denunciar, citar, considerar, alegar, comunicar, negar, contestai; contradizei; replicar, discutir, questionar...

    Cada verbo pode agregar algum significado adicional ao simples ato de dizer.

    Ex.: o verbo ponderar informa que a posio de quem fala de reflexo.

  • 3. Diviso

    Abre novas vertentes de desenvolvimento do raciocnio; Pode ser feita a partir de enumerao para antecipar o

    assunto;

    Cada aspecto representa progresso das informaes: Uma escola alem de Filosofia, a escola de Frankfurt, elaborou uma concepo conhecida como Teoria Crtica, na qual distingue duas formas da razo: a razo instrumental e a razo crtica.

    A razo instrumental a razo tcnico-cientfica, que faz das cincias e das tcnicas no um meio de libertao dos seres humanos, mas um meio de intimidao, medo, terror e desespero. Ao contrrio, a razo critica aquela que analisa e interpreta os limites e os perigos do pensamento instrumental e afirma que as mudanas sociais, polticas e culturais s se realizaro verdadeiramente se tiverem como finalidade a emancipao do gnero humano e no as ideias de controle e domnio tcnico-cientfico sobre a natureza, a sociedade e a cultura.

  • 4. Oposio

    A ideia apresentada em confronto com outra posio ou forma de pensamento;

    Normalmente, h duas (ou mais) linhas de desenvolvimento: ora se ope, ora se explicam, ora

    convergem, focalizando diferenas:

    A diferena entre os sofistas, de um lado, e Scrates e Plato, de outro, dada pelo fato de que os sofistas

    aceitam a validade das opinies e das percepes

    sensoriais e trabalham com elas para produzir

    argumentos de persuaso, enquanto Scrates e Plato

    consideram as opinies e as percepes sensoriais, ou

    imagens das coisas, como fonte de erro, mentira e

    falsidade, formas imperfeitas do conhecimento que

    nunca alcanam a verdade plena da realidade.

  • 5. Comparao ou analogia

    Duas ou mais ideias so apresentadas, mas numa posio de equilbrio;

    So focalizadas as semelhanas, as igualdades:

    As experincias radicais tanto de Clarice Lispector como de Guimares Rosa foram os limites do gnero

    romance e tocam a poesia e a tragdia. O heri procura

    ultrapassar o conflito que o constitui existencialmente

    pela transmutao mtica ou metafsica da realidade.

  • 6. Situao no tempo e no espao

    Contextualizao de ideias, fatos e fenmenos;

    Tm relao com a cronologia e o lugar:

    Com o desenvolvimento das cidades, do comrcio, do artesanato e das artes militares, Atenas tornou-se o

    centro da vida social e poltica e cultural da Grcia,

    vivendo seu perodo de esplendor conhecido como o

    Sculo de Pricles. E a poca de maior florescimento da

    democracia.

  • 7. Concluso

    em vista disso podemos concluir; diante do que foi dito; diante desse quadro; concluindo; em suma; em outras

    palavras; portanto; assim...

  • 8. Organizao textual

    Pargrafos organizadores explicando como o texto est estruturado;

    Esclarecem objetivos, antecipam ideias, resumem o que j foi dito;

    Citam o prprio texto, seus captulos e subdivises, articulando as ideias entre si:

    No captulo anterior vimos que a lngua grega possua duas palavras para referir-se linguagem: mythos e

    logos. Vimos tambm, tanto no estudo da linguagem

    quanto no da inteligncia, que falar e pensar so

    inseparveis. Por isso mesmo, podemos referir-nos a

    duas modalidades do pensamento, conforme predomine

    o mythos ou o logos.

  • A IMPESSOALIZAO

    DO TEXTO E O USO

    DO VOCABULRIO

  • Texto pessoal e subjetivo:

    Pronomes pessoais e possessivos;

    Verbos conjugados em primeira e em terceira pessoas.

    Posio impessoal:

    Aparentemente neutra;

    Atenua a dialogia;

    Oculta o agente das aes.

    Maneiras de se fazer isso:

  • 1. Generalizar o sujeito, colocando-o no plural

    Uso da primeira e da terceira pessoas do plural:

    Atenuam a subjetividade da primeira pessoa, sem uma neutralidade absoluta:

    Procuramos demonstrar..., Os pesquisadores reconhecem..., Nossas concluses...

  • 2. Ocultar o agente

    Transformar o que dito numa realidade geral, neutra, objetiva, sem intermedirios:

    preciso, necessrio, urgente, imprescindvel

    Quem precisa? Quem necessita? Para quem urgente? Para quem imprescindvel?

  • 3. Colocar um agente inanimado

    Agentes: seres inanimados, um fenmeno, uma instituio ou uma organizao;

    A responsabilidade em relao ao est diluda;

    No se pode identificar claramente de onde ou de quem emanou a iniciativa:

    O Ministrio decidiu..., A diretoria ordenou..., O governo protelou...

  • 4. Uso gramatical do sujeito indeterminado

    Insere uma informao da qual no sabemos a procedncia exata:

    Vive-se esperando o aumento de preos.

    Acreditava-se em uma diminuio dos impostos.

    Fala-se muito em renovao dos quadros funcionais.

  • 5. O uso da voz passiva

    O agente pode estar oculto:

    Novas descobertas foram realizadas em centros de estudo e laboratrios ao redor do mundo. Est sendo

    revelado ao mundo que o crebro um rgo mais

    fascinante, complexo e poderoso do que antes se

    imaginava

    Quem realizou? Quem est revelando?

  • USO DO VOCABULRIO

    Escolha do vocabulrio:

    Estrutura melhor o texto;

    Adqua-o situao e aos objetivos do redator.

    Texto sobre trabalhadores rurais brasileiros de diversas regies ... p. 130

    A escolha depende da anlise dos objetivos do texto;

    Alguns termos podem enfatizar o trabalho ou a origem da pessoa;

    Outros tm um sentido pejorativo.

    Campo semntico do verbo ter: p. 131.

    Verbo dar: p. 132.

  • importante assegurar a clareza e a comunicao;

    Fugir das expresses gastas, clichs:

    O sol nasceu para todos...

    Ns, enquanto brasileiros,...

    A questo passa por...

    A nvel de filosofia, importante...

    Desde tempos imemoriais...

  • ESTILO: CLAREZA E CONCISO

    1. Clareza

    Pensamento claro para uma comunicao efetiva;

    Fatores que podem concorrer para uma comunicao imperfeita:

    Pontuao incorreta;

    M disposio das palavras na frase,

    Omisso de alguns termos,

    Impreciso vocabular,

    Excesso de intercalaes,

    Ambiguidade causada pelos pronomes possessivos, relativos etc.

    Ex.: p. 75 e 76.

  • 2. Conciso

    Comunicao linguisticamente econmica;

    Mensagem concisa:

    Redigida com poucas palavras, comunicando apenas o essencial e desprezando as explicaes bvias e/ou no-

    pertinentes. Ex.:

  • Verso concisa:

    Anlise das afirmaes desnecessrias: p. 77.