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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE FACULDADE DE DIREITO, CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E ECONÔMICAS CURSO DE DIREITO Robert Salles Oliveira A NECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PESSOAL PARA INCIDÊNCIA DA MULTA DO ART. 475-J DO CPC Governador Valadares 2011

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE FACULDADE DE DIREITO, CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E ECONÔMICAS

CURSO DE DIREITO

Robert Salles Oliveira

A NECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PESSOAL PARA INCIDÊNCIA DA MULTA DO ART. 475-J DO CPC

Governador Valadares 2011

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ROBERT SALLES OLIVEIRA

A NECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PESSOAL PARA INCIDÊNCIA DA MULTA DO ART. 475-J DO CPC

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito pela Faculdade de Direito, Ciências Administrativas e Econômicas da Universidade Vale do Rio Doce. Orientador: Prof. Rosemeire Pereira

Governador Valadares 2011

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ROBERT SALLES OLIVEIRA

A NECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PESSOAL PARA INCIDÊNCIA DA MULTA DO ART. 475-J DO CPC

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito pela Faculdade de Direito, Ciências Administrativas e Econômicas da Universidade Vale do Rio Doce.

Governador Valadares, 24 de Março de 2011

Banca examinadora:

________________________________________

Prof. Rosemeire Pereira da Silva - Orientador

Universidade Vale do Rio Doce

_________________________________________

Prof. Marlene Franklin Alves

Universidade Vale do Rio Doce

_________________________________________

Prof. Vanessa Armond Campanha

Universidade Vale do Rio Doce

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DEDICATÓRIA.

A Deus que é minha luz, minha salvação, a

força presente em minha vida

Aos meus pais José Maria e Maria, pelo amor

incondicional, pela dedicação e apoio, bem

como o incentivo proporcionado.

A meu irmão camarada Romenyk Salles, pela

compreensão e amizade.

A Joara, minha namorada, pelo amor, pela

cumplicidade e felicidade proporcionada

nestes anos de namoro.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, em cujo infinito amor, tudo posso, e que me porta com inteligência no

caminho reto.

Aos meus Mestres.

Em especial a minha orientadora, Professora Rosemeire Pereira da Silva,

exemplo e referência de profissional do direito, cuja orientação foi imprescindível

para a realização deste trabalho.

Aos meus amigos, pessoas que no decorrer destes anos foram essenciais a

esta caminhada, mesmo àqueles que por ironia do destino não tive oportunidade de

lhes informar da minha sincera amizade.

A minha turma de direito da Universidade Vale do Rio Doce, onde ganhei

experiência, não somente como aluno de direito, mas como pessoa, graças ao

conhecimento de vida dos amigos aqui feitos e que serão eternos.

À Polícia Militar de Minas Gerais, instituição essencial à preservação do

Estado Democrático de Direito, que me acolheu quando aqueles, dos quais eu

esperava uma mão estendida, foram os primeiros a me ignorar.

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EPÍGRAFE

A efetividade do injusto é, na verdade, a consagração da

inefetividade do processo e da tutela jurídica.

(Calmon de Passos)

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RESUMO

A reforma do Código de Processo Civil de 2005 instaurou o processo sincrético,

abolindo a necessidade de instauração de um processo autônomo para a execução

de títulos judiciais, salvo as exceções. É sabido que, o processo sincrético é

originário de Roma, que após a invasão dos germanos, sofreu um choque de

cultura. Enquanto os primeiros adotavam um sistema técnico de justiça, com a

predominância da autonomia entre o processo de conhecimento e de execução, os

segundos, os bárbaros, executavam com o emprego de força, antes mesmo de um

processo; lembrando que nesta época a alusão que se faz a processo é referente às

técnicas utilizadas por esses povos e não o que se conhece hoje. Não obstante, a

presente monografia visa analisar uma das alterações introduzidas pela lei

11.232/05, a qual muniu o credor de mecanismos para a satisfação de seu crédito,

mas que devido a algumas imprecisões legislativas, trouxe controvérsias, e talvez a

mais polêmica delas, esteja no art. 475-J do CPC. Ante o exposto alhures, o estudo

em questão analisou as três correntes doutrinárias acerca do prazo para

cumprimento de sentença, sendo que uma defende a contagem automática, a partir

do momento em que o título se torna exigível, quer porque interposto recurso sem

efeito suspensivo; a outra, a partir do momento da publicação da sentença e por

conseqüência a intimação na pessoa do advogado e, por último, a que preleciona a

necessidade da intimação pessoal na pessoa do réu para que cumpra a sentença no

prazo de quinze dias sob pena de incidência de multa de 10%. Não obstante, a

analise parte sobre o enfoque do paradigma do processo constitucionalizado, além

da interpretação harmônica entre os dispositivos processuais civis.

Palavras-chave: Cumprimento de sentença; intimação, prazo; princípios.

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ABSTRACT

The reform of the Code of Civil Procedure of 2005 initiated the process syncretic,

abolishing the need to establish an autonomous process for the implementation of

judicial, unless exceptions. It is known that the syncretic process originates in Rome,

after the invasion of the Germans, suffered a culture shock. While the former was

adopting a technical system of justice, with the predominance of the autonomy

process between knowledge and execution, the latter the barbarians, performed with

the use of force, even before a process, remembering that this time the allusion it

makes the process refers to techniques used by these people and not what is known

today. Nevertheless, this monograph seeks to analyze one of the amendments

introduced by Law 11.232/05, which mustered a creditor of the mechanisms for the

satisfaction of his claim, but due to some inaccuracies laws, brought controversy, and

perhaps most controversial of them, is in the art. 475-J of the CPC. Elsewhere on the

foregoing, the present study examined the three doctrinal trends about the deadline

for completion of sentence, and argues that an automatic counting from the moment

when the security becomes enforceable, either because an appeal without

suspensive effect; the other, from the time of publication of the sentence and

therefore the subpoena on the person's lawyer and, finally, the need to lecture the

subpoena on the person of the defendant to comply with the award within fifteen

days under penalty of incidence of 10% fine. Nevertheless, the analysis focused on

the part of the paradigm of constitutionalized process, besides the harmonic

interpretation of the civil procedural devices.

Key-words: Sentence execution; Writ; Term; Principles.

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LISTA DE ABREVIATURAS

CF - Constituição Federal

CPC - Código de processo civil

STJ – Superior Tribunal de Justiça

TJ – Tribunal de Justiça

RESp – Recurso Especial

Rel. – Relator

Des. – Desembargador

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SUMARIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

2 EVOLUÇÃO HISTÓRICO DA EXECUÇÃO ........................................................... 12

2.1 DIREITO ROMANO ............................................................................................. 12

2.2 DIREITO MEDIEVAL ........................................................................................... 14

2.3 DIREITO COMUM (DIREITO ROMANO-GERMÂNICO) ..................................... 15

2.4 DIREITO BRASILEIRO ....................................................................................... 17

3 CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO PROCESSO CIVIL ............................................ 20

3.1 PRINCÍPIOS PROCESSUAIS INSERIDOS NA CONSTITUIÇÃO ...................... 22

3.1.1 Devido processo legal ................................................................................... 22

3.1.2 Contraditório e ampla defesa ........................................................................ 23

3.1.3 Razoável duração do processo ..................................................................... 24

4 ATOS PROCESSUAIS .......................................................................................... 26

4.1 PRAZOS PROCESSUAIS ................................................................................... 27

4.2 COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS ................................................... 30

5 O TERMO INICIAL PARA O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ........................... 34

5.1 DESNECESSIDADE DE INTIMAÇÃO – INCIDÊNCIA AUTOMÁTICA ............... 34

5.2 NECESSIDADE DE INTIMAÇÃO DO ADVOGADO ............................................ 36

5.3 NECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PESSOAL ...................................................... 39

5.4 POSICIONAMENTO DOS TRIBUNAIS ............................................................... 42

6 NATUREZA JURÍDICA DA MULTA DO ART. 475-J ............................................ 45

7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 47

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 50

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho propõe a análise da controvérsia existente sobre o termo

inicial do art. 475-J do Código de Processo Civil, com a finalidade de abordar as

principais correntes doutrinárias, sob um enfoque da interpretação sistemática do

ordenamento jurídico, pontificando que a Constituição é a primeira fonte do direito

processual.

É sabido que o judiciário vem passando por reformas, sobretudo o Código de

Processo Civil, que desde o início da década de 90, vem sofrendo reformas,

principalmente após a Emenda Constitucional nº 45/2004, que lhe deu um enfoque

especial. O que decorrera no surgimento do cumprimento de sentença como mera

fase do processo de conhecimento, titulado como processo sincrético nas

obrigações por quantia certa, trazido pela lei 11.232/05, com o objetivo de celeridade

processual, no intuito de atender ao princípio da razoável duração do processo,

introduzido pela emenda supracitada, além do clamor social por uma justiça rápida.

Assim, abandona-se o actio iudicati, da antiga Roma, e ressuscita das

profundezas da plena Idade Média, o executio per officium iducis, surgido com a

invasão dos germanos a Roma, para ser aplicado no direito processual

contemporâneo pátrio, com a missão de dar efetividade e justiça. Com isso, não

mais persiste a tradicional dicotomia entre processo de conhecimento e de

execução, tendo, na atualidade, a execução do título judicial ocorrendo no mesmo

processo de conhecimento, ou seja, tem se uma efetivação forçada da sentença

condenatória a pagar quantia certa.

Fala-se efetivação forçada, pois o juiz sai da sua condição de inerte para dar

efetividade ao título judicial através do cumprimento de sentença, que se apresenta

como a simples continuação do processo de conhecimento, agora mesclado com

fase de cognição e execução.

Com essa nova etapa do ordenamento brasileiro, inaugura se também as

controvérsias sobre alguns pontos polêmicos decorrentes da imprecisão legislativa,

marco de nossa cultura moderna. Afinal, o legislador muniu o credor de mecanismos

processuais para proporcionar o cumprimento da sentença, mas com uma

característica marcante, ou seja, a lei é vaga e imprecisa em determinado pontos,

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deixando, como de praxe, ao militante do direito a adequação ou adoção das

correntes doutrinárias, ou seja, interpretações pessoais.

Destarte, tem se como um dos pontos mais polêmicos da recente reforma do

Código de Processo Civil, a definição do termo a quo do prazo dos 15(quinze) dias

para o cumprimento da sentença estipulado no art. 475-J do diploma em epígrafe.

Diante deste contexto, existem alguns questionamentos que orientaram a

pesquisa, quais sejam: Deverá o artigo se adequar aos princípios constitucionais

aplicados ao processo, em harmonia, ou com a supressão de uns em detrimento de

outros? Terá que ser o artigo interpretado em harmonia com os outros dispositivos

do CPC, no tocante a contagem de prazo? Qual o termo inicial do prazo?

Como procedimento metodológico utilizou se a revisão sistemática da

literatura descritiva e qualitativa, através de doutrinas, artigos científicos, bem como

a utilização de jurisprudência dos tribunais.

O trabalho encontra se dividido em cinco capítulos, com os seguintes títulos: a

evolução histórica da execução, sendo neste, estudado o direito romano, o direito

medieval e o direito comum, bem como a evolução no direito brasileiro; a

constitucionalização do processo, analisando os princípios constitucionais aplicáveis

ao processo; atos processuais, no que diz respeito aos prazos processuais e a

comunicação destes às partes; o termo inicial para o cumprimento de sentença, no

qual se desenvolverá o tema principal deste estudo, analisando-se as correntes

doutrinárias dominantes bem como o posicionamento de alguns tribunais e natureza

jurídica da multa do art. 475-J.

Por fim, a conclusão do trabalho, em que será demonstrado qual das

correntes doutrinárias encontra-se em sintonia com o Estado Democrático de Direito,

óbvio que, sem o escopo de exaurir o tema ou mesmo mencionar verdades

intangíveis.

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2 EVOLUÇÃO HISTÓRICO DA EXECUÇÃO

2.1 DIREITO ROMANO

Considerado como uma das mais antigas fontes de direito, de quase todos os

sistemas do mundo ocidental, sendo necessário para o estudo. A análise da

evolução histórica do processo executivo tem como ponto de partida alguns dos

institutos do Direito Romano. Segundo Edson Prata (1987, pag. 52):

A primeira manifestação do direito processual de forma sistemática surgiu com o povo romano, que dominou a Europa e grande parte do mundo civilizado até então conhecido. [...] Na verdade, Roma é a pátria do direito processual civil [...]

No ínicio a mentalidade primitiva romana era muito cruel com o devedor em

prol dos direitos dos credores. Sendo que, nesta fase nem havia propriamente um

processo de execução, uma vez que no período da legis actionesi, a execução

ocorria por meio da justiça privada. Alcides de Mendonça Lima (1987) lembra que, a

partir da condenação, o devedor tinha 30 dias para pagar o débito. Caso contrário, o

credor arrastava o devedor à presença do juiz, este por sua vez lhe dizia que ele

estava apreendido devido ao inadimplemento. Sendo facultado ao vindex1 solver a

dívida; se não o fizesse o devedor seria vendido como escravo ou obrigado a

trabalhar para o credor, ou mesmo morto pelo credor. Além disso, se houvesse

pluralidade de credores, esses teriam o direito de esquartejar o corpo do devedor,

dividindo-o em pedaços. Mas óbvio que, esta prática quase sempre não ocorria,

devido aos credores entrarem em consenso de que o melhor era vendê-lo e dividir o

valor entre os credores.

No entanto, Edson Prata (1987) discorre sobre a existência de duas ações de

execução neste período, a manus iniectio dita alhures e a pignoris capionem que

recaia sobre os bens móveis do devedor, sendo utilizada para tornar efetivo o

pagamento de alguns créditos conforme os costumes e algumas leis especiais.

1 Terceiro estranho ao “processo” que poderia solver a dívida e livrar o devedor de se tornar escravo

ou mesmo ser morto ou vendido.

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Em substituição a este período, tem-se o período formular, o qual ocorreu no

período clássico do Direito Romano, iniciado com a Lex Aebutia, 149 a.C, e

finalizada com o término do reinado do Imperador Diocleciano, em 305 d.C. Pontifica

José Frederico Marques (2000, pag. 97) que: “Em lugar das formas solenes das

actiones legis, redige-se uma fórmula escrita, mediante cooperação entre as partes.”

Embora com menor intensidade, ainda havia as duas espécies de execução já

referidas.

Na medida em que o Estado se consolida e o poder de fazer cumprir o direito

se jurisdicionava, passou-se a humanizar a execução, tendo a execução patrimonial

se tornado usual em detrimento da pessoal. Dando um enfoque ao direito de defesa

do devedor, em vez do direito do credor.

Contudo, após a sentença proferida, pelo juiz privado, o credor não poderia

executá-la por meios próprios e nem por ordem do juiz que a proferiu, deveria sim

propor nova ação para sua execução, a actio judicati, perante o magistrado que

possuía o poder de império.

Sendo relevante que o devedor nesta nova ação tivesse duas atitudes, ou

confessava a dívida ou a contradizia. Havendo oposição, instaurava se uma nova

ação, e caso a contestação fosse inadmitida, o devedor era onerado em dobro, fato

este que segundo Liebman (2003), impedia a procrastinação da execução.

Caso o devedor confessasse a dívida, haveria a execução bonorum venditio2.

Posteriormente, já na época de Marco Aurélio, a execução se dava pelo distractio

bonorum3. Sendo que, a distractio bonorum, inicialmente foi criada para os

senadores e devedores que mereciam tratamento especial e só posteriormente foi

estendida aos demais. (LIMA, 1987)

Posteriormente, vislumbra se o período cognitio extra ordinem (PRATA,

1987), que trouxe como grande inovação o procedimento pignus in causa iudicati

captum, representando o mais alto grau de evolução do Direito Romano. Nos

ensinamentos de Edson Prata (1987), este período é o inicio da justiça pública,

afinal rompe-se com a necessidade de um magistrado com poder de império e um

cidadão destituído de poder de império com o encargo de prolatar a sentença.

2 O bonorum venditio, consistia na venda total dos bens do devedor para satisfação dos credores.

3 O distractio bonorum, significava a venda parcial dos bens, dispondo o devedor apenas daquilo que

era necessário para a purgação da divida.

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2.2 DIREITO MEDIEVAL

Já no século V d. C. a sociedade romana vê seu corpo jurídico, até aquele

momento formado, ser ofuscado com a invasão dos germanos, com a penetração no

mundo romano do processo germânico, profundamente diverso (MARQUES, 2000).

Os germanos, nas palavras de Edson Prata (1987), era um povo bárbaro e o

seu direito primitivo era essencialmente costumeiro. Adverte ainda, que os germanos

não formavam uma nação, pois seu povo era dividido em um punhado de tribos, fato

que dá ensejo à afirmativa de que o direito germânico primitivo era um direito tribal.

De acordo com Athos Gusmão Carneiro (2006), os germanos era um povo

bárbaro que acabou derrubando o Império Romano do Ocidente, e por ignorar as

conquistas jurídicas, pois os germanos persistiam dominantes na justiça privada,

com a realização desta pelas próprias mãos, ou seja, a execução era realizada pelas

próprias forças do credor sobre o patrimônio do devedor.

O que é demonstrado, no magistério de Humberto Theodoro Junior, ao

pontificar que:

[...] os novos dominantes praticavam hábitos bárbaros nas praxes judiciárias: a execução era privada, realizada pelas próprias forças do credor sobre o patrimônio do devedor, sem depender do prévio beneplácito judicial. Ao devedor é que, discordando dos atos executivos privados do credor, caberia recorrer ao Poder Publico para formular sua impugnação. (THEODORO JUNIOR, v. II, pag. 5)

Assim, só depois de realizada a penhora é que o executado poderia,

incidentalmente, contestar a execução provocando um juízo de conhecimento.

Nessa fase, Humberto Theodoro Júnior (2009, v. II, pag. 5), chama de, “[...] uma

total inversão em face das tradições civilizadas dos romanos: primeiro se executava,

para depois discutir-se em juízo o direito das partes.” Portanto, a atividade cognitiva

em sua forma primitiva era a posteriori a atividade executiva, sendo que a última

ocorria de forma privada.

Todavia, a invasão germânica não foi capaz de desaparecer por completo

com o direito romano, sendo que este continuou a ser aplicado em algumas regiões.

Além do mais, como bem lembra Edson Prata (1987), os germanos adotavam o

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princípio da personalidade do direito, estendendo a possibilidade da vigência de

vários direitos no mesmo território, aplicando se a cada pessoa o direito de sua

própria raça. O que implica que entre os romanos se aplicavam o direito romano, ou

seja, as relações entre as pessoas pertencentes aos povos dominados haveriam de

reger-se pelas normas desse povo.

Assevera Humberto Theodoro Junior (2009, v. II, pag. 5) que esse “[...]

choque de culturas, acabou por verificar-se uma conciliação de métodos.” E nos

ensinamentos de José Frederico Marques (2000), surge o processo comum

originado da conciliação do direito germânico e romano, devido a criação das

Universidades. Sendo que Edson Prata (1987), completa tal argumento pontificando

que o marco de tal direito é a fundação da Escola de Bolonha. Tendo assim, o

surgimento de um novo direito, fruto da união entre dois povos.

2.3 DIREITO COMUM (DIREITO ROMANO-GERMÂNICO)

Na tradição romanística, como ressalta Humberto Theodoro Junior (2009), só

se chegava a execução depois da prévia cognição, onde era prolatada a sentença, a

qual daria direito ao credor de adentrar ao patrimônio do devedor, mas isso levaria à

necessidade de propositura de uma nova ação a actio iudicati. Logo, os romanos

eram formalistas e preocupavam se em impedir execuções injustas.

Já o direito germânico, no magistério de Alcides de Mendonça Lima (1987),

não se contentava com as soluções demoradas, necessitando assim, de uma pronta

resposta ao direito do credor, ou seja, seu ressarcimento. Com isso, vislumbrava-se

a realização dos atos executivos e, após, de modo eventual, é que a oposição do

devedor poderia ser oferecida.

Com a junção desses dois institutos surgiram várias alterações na forma de

satisfazer a pretensão do credor. Em primeiro lugar, fortaleceu-se o poder publico,

excluindo assim a figura da execução privada. Sendo que, a tal fortalecimento,

Edson Prata qualifica o como fator político, e discorre dizendo que:

[...] os monarcas perceberam a conveniência da adoção do direito comum, enxergando no ressurgimento do direito romano um bom instrumento para fortalecer seu poder e reduzir, consequentemente, o dos nobres, que

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legislavam e impunham o direito, quase todo local, dentro dos limites de suas dilargadas propriedades. (PRATA, pag. 98)

Assim sendo, a adoção de um direito comum, implicava em acréscimo de

força ao poder do rei e, por via de mão dupla, uma redução dos poderes dos nobres.

Portanto, “submetendo-se a realização do direito do credor ao prévio acertamento

judicial [...]” (THEODORO JUNIOR, 2009, v. II, pag. 5)

Em segundo lugar, terminada a fase de cognição e sendo julgada procedente

a pretensão do credor, o juiz de ofício tomava as providências para a satisfação do

crédito, tudo em um único processo. Eliminado, assim, a necessidade de propositura

de um novo processo para ocorrer a execução. Nos ensinamentos de Humberto

Theodoro Junior (2009, v. II, pag. 5),

[...] eliminou-se a duplicidade de ações que o direito romano tanto cultivara. O cumprimento de sentença passou a não mais sujeitar-se à abertura de um novo juízo. [...] Em lugar da velha e complicada actio iudicati implantou-se, em plena Idade Média, a nova e singela executio per officium iudicis.

Pontifica Athos Gusmão Carneiro (2006) que a conciliação de métodos foi um

ponto eficiente e útil compromisso entre as duas culturas, alcançados pelos juristas

da Idade Média, a qual culminou na atribuição de uma eficácia nova, a sentença, até

então desconhecida, ou seja, a de ser suficiente para ser executada sem uma nova

ação.

Assevera ainda, o autor, que com o crescimento do comércio, surge a

necessidade de criar um mecanismo eficiente que evitasse a necessidade de o

mercador submeter-se a um processo sob o rito ordinário. Passando assim, a admitir

que em algumas condições, nos negócios particulares, se atribuísse a determinados

instrumentos4 eficácia semelhante à sentença. E que posteriormente foi estendido às

letras de câmbio e aos créditos constantes em outros documentos.

Com isso, criou-se o processus executivus, uma verdadeira ação executiva,

em que havia prazos especiais para discussão das defesas do executado. Logo,

passou a existir duas execuções de institutos diferentes. Uma era a executio per

officium iudicis, ou seja, a simples execução de um direito já acertado judicialmente,

4 Instrumenta guarentigiata como eram chamados os títulos executivos lavrados perante tabeliães na

Itália e lettres obligatoires faites e passées sous Scel Royal, como era chamado na França. Sendo que, esta eficácia originaria da invocação do supedâneo o prístino princípio romano de que a confissão em juízo permitia a execução imediata, confessus in jure pro condemnato habetur. GUSMÃO (2006)

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com escassas oportunidades de defesa ao devedor. Já a outra era um novo

processo, uma nova ação executiva, no qual, haveria um tramitamento completo,

com alegações, produção de provas e por fim a prolação da sentença.

2.4 DIREITO BRASILEIRO

No Brasil, em 1850 foi baixado o Regulamento nº 737, sendo o primeiro

grande diploma processual brasileiro que passou a vigorar em todo país. Até porque,

antes eram seguidos as Ordenações Filipinas e algumas leis extravagantes, isso,

mesmo após a declaração de independência. Não obstante, José Frederico Marques

(2000), relata que a priori o regulamento era destinado apenas às causas comerciais

e posteriormente, com a República, estendeu se às causas cíveis.

No tocante a execução, esta continuou sendo uma atividade estatal, a ser

exercida pelo juiz que conduziu o processo de cognição. Sendo que a execução se

dava per officium iudicis. Assim, as vias executivas eram: a ação de assinação de

dez dias em que o réu pagava nos dez dias ou defendia se por embargos; a ação

executiva para títulos extrajudiciais, originários de atos de comércio e não

assegurados pela ação de assinação; e execução de sentença de competência do

juiz que conduziu o processo de cognição e iniciava se com a citação do réu para

pagar ou nomear bens no prazo de 24 horas, sendo que, a defesa era restrita e se

dava por meios de embargos.

Segundo José Frederico Marques (2000, v. I, pag. 115), tendo sido:

Promulgada a Constituição federal de 24 de fevereiro de 1891, passaram os Estados a legislar sobre o Direito Processual Civil e Penal, bem como sobre a organização judiciária. Os Estados-membros da Federação, com essa prerrogativa, muito pouco fizeram pela renovação de nossas instituições processuais.[...]

Rosana Josefa Martins Dias (1994) ressalta que o primeiro Estado a baixar

seu estatuto de processo civil, foi o Pará, sem, contudo, configurar um código.

No entanto, o código do Rio Grande do Sul, o mais antigo de todos e talvez o

mais intelectual ao passo que suprimiu ação de assinação e ação executiva,

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concentrando a execução sem a diversidade de vias consagradas nos demais

códigos processuais dos Estados-membros.

Com a vitória da revolução de 1930, ocorreu uma grande reforma no setor do

Direito Processual, sendo decretada a nova lei fundamental do país, a Constituição

Federal de 1934. Destarte, passou a competir privativamente à União legislar sobre

o Direito Processual. (MARQUES, 2000)

Mas a “reunificação do processo tornou-se realidade no Brasil com o advento

do Decreto-lei n.º 1.608, de 18 de setembro de 1939.” (ROSANA JOSEFA

MARTINS, 1994, pag. 60). Assim, só em 1939 é que realmente vislumbrou se a

unificação do sistema processual, e que segundo a autora mostrou a clara intenção

do legislador em efetivar o direito, elevando o caráter publicístico do processo, além

de traçar regras sobre a probidade processual.

Mas, no campo da execução, o diploma manteve a opção pelo sistema

dualista, tendo assim, a execução de sentença e a ação executiva. Na primeira,

havia nova citação do réu com a defesa por meio de embargos, geralmente ocorreria

após trânsito em julgado da sentença, mas admitia se na forma provisória, sendo

que havia três modalidades de sentença: por quantia certa; para entrega de coisa

certa ou em espécie; de obrigação de fazer ou não fazer. Já a segunda, a ação

executiva, iniciava se com o mandado para pagamento ou penhora em 24 horas.

Sendo que, feita a penhora, o réu defendia se por meio de contestação, seguindo o

procedimento ordinário e após o julgamento de procedência iniciava se a execução.

Mas como assinala José Frederico Marques (2000, v. I, pag. 119), “[...] que,

em 11 de janeiro de 1973, foi promulgado, com a lei nº 5.869, o atual Código de

Processo Civil.” Prossegue o autor afirmando que aquele diploma trouxe inovações

e conquistas para a moderna processualística.

Destarte, o CPC de 1973 passou a adotar somente um processo de

execução, não prevalecendo mais a distinção quanto aos efeitos executórios entre

título executivo judicial e extrajudicial. Contudo, significou um avanço naquele

momento a unificação das duas formas de execução, mas por outro lado, o simples

procedimento incidental de execução da sentença passou a exigir a propositura de

um novo processo.

A essa necessidade, Humberto Theodoro Junior (2009, v. II, pag. 2) faz a

seguinte ressalva:

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[...] o caso da dualidade de processos que teima em tratar como objeto de ações distintas e completamente separadas o acertamento e a execução dos direitos subjetivos violados, com perda de tempo e acréscimo de custos, incompatíveis com a efetividade esperada da tutela jurisdicional.

No entanto, o processo civil brasileiro seguiu uma tendência em ser alvo de

sucessivas reformas, e em 2005 após a EC 45/2004, sobreveio a Lei nº 11.232, de

22 de dezembro de 2005, que finalizou na abolição da dicotomia processual com o

escopo do aperfeiçoamento da execução por quantia certa contra devedor solvente

fundada em título judicial. Assim, institui-se o novo procedimento intitulado como

Cumprimento de Sentença, tido por alguns como mera fase do processo de

conhecimento.

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3 CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO PROCESSO CIVIL

Com a nova ordem instaurada na Carta Magna de 1988, vislumbra-se a

necessidade de adequação do Processo Civil aos novos paradigmas constitucionais

informadores do Estado Democrático de Direito, com o objetivo de dar efetividade às

garantias fundamentais.

Assim, não mais se concebe a figura de um direito processual isolado das

necessidades sociais, puramente técnico, preocupado simplesmente com a

descrição dos atos processuais e exigências formais. (DINAMARCO, 2000)

Na contemporaneidade, o direito deve se ocupar em conceber o ideal de

justiça, afinal o judiciário ganhou um enfoque especial, com o Estado Democrático

de Direito, sendo o judiciário o responsável pela sua manutenção e exigibilidade de

seus fundamentos. José Frederico Marques, um dos precursores do estudo do

direito processual constitucional no Brasil, assevera que:

Não se compreende que numa república de linhagem democrática, o processo se transforme em instrumento de aplicação inquisitiva da lei. O interesse público de restauração da legalidade deve realizar-se em harmonia e colaboração com as partes. (MARQUES, v. I, pag. 82)

Destarte, o processo abandona o estudo puramente “técnico-jurídico dos

institutos e mecanismos processuais” (DINAMARCO, 2000, v. 2, pag. 730), deixando

de ser apenas um instrumento a serviço do direito material, para a abertura do

estudo do processo à luz da constituição.

Candido Rangel Dinamarco (2000, v. 2, pag. 731) em seu magistério

assevera que:

O direito processual constitucional põe o estudo do procedimento sob o enfoque da garantia do devido processo legal e com isso [...] as exigências do Código constituem projeção de uma norma de maior amplitude e mais alta posição hierárquica, sendo indispensável uma interpretação sistemática.

Com isso, um processo estranho aos princípios e garantias constitucionais,

constitui-se um processo deficiente, inapto a produzir um processo justo. Para

Dinamarco (2000), o processo justo será alcançado quando o procedimento for

entendido como um meio técnico capaz de efetivar o postulado democrático.

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Além disso, como bem lembra José Frederico Marques (2000), tornou-se

imprescindível às leis processuais, a adequação de seus imperativos aos

paradigmas e matrizes político-constitucionais. Prossegue pontificando que:

Nos preceitos programáticos da Constituição e em seu substrato ideológico, deita raízes o Direito Processual, para plasmar o seu procedimento e assegurar os direitos das partes, definir as atribuições dos juízes e regular a estrutura do judicium. (MARQUES, 2000, v. I, pag. 81)

Contudo, Ronaldo Bretras de Carvalho (2007), de forma sábia em seu

magistério, demonstra que o processo na modernidade segue uma disciplina

constitucional principiológica - devido processo constitucional. Adverte que:

A esse desiderato, tem de estar qualquer processo plenamente ajustado à referida estrutura normativa (devido processo legal) [...] por exigência do devido processo constitucional, sem exceção de espécie alguma. (BRETAS, 2007, pag. 226)

Logo, a aplicação do devido processo constitucional, no magistério de Marcus

Firmino Santiago (2005), necessita de uma interpretação sistemática, encargo da

hermenêutica que busca, toda vez que analisado um dispositivo de textos

infraconstitucionais, fazê-la sob uma ótica constitucional, permitindo e concretizando

assim, os princípios constitucionais através do direito processual, o qual, por

conseqüência não poderia isolar esses princípios de um ordenamento maior. Por via

de mão dupla não cabe mais a velha e tradicional, e não obstantes, as novas

alterações introduzidas na seara processual não se encontram em perfeita

consonância com o ordenamento constitucional.

Esse é o processo a que nos obriga o sistema político vigente, pois na Lei Constitucional é que o direito processual vai hauri os princípios informadores de suas normas. (MARQUES, 2000, v. I, pag. 82)

Portanto, o objetivo não é repudiar as regras positivadas pela dogmática

processual, mas sim que estas sejam compreendidas sob o enfoque de um novo

paradigma, ou seja, sobre os valores instituídos no ordenamento maior, que afetam

o Direito no todo, e que se justificam pela edificação de um Processo justo.

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3.1 PRINCÍPIOS PROCESSUAIS INSERIDOS NA CONSTITUIÇÃO

Pelo explanado é imperioso notar que, ao lado das alterações legislativas, a

interpretação das regras e conceitos processuais à luz dos paradigmas

constitucionais fundadores de uma nova ordem estatal, centrada na dignidade

humana e voltada à realização do principio democrático, é tarefa essencial de cuja

realização não possa os juristas se furtar. O aprimoramento da prestação

jurisdicional, entendida sob uma ótica participativa, onde o Processo se afigura como

um canal de comunicação social e participação democrática, somente pode

acontecer se não se perder de mira a posição central que a Constituição e toda a

sua pauta de valores fundamentais possuem na atual ordem jurídica estatal.

Logo, os princípios inseridos na Constituição, são normas jurídicas

qualificadas, embora assentadas de forma genérica, servindo como norte para a

edificação de normas jurídicas e para a aplicação do direito processual ao caso

concreto. Assim, faz-se mister analisar alguns princípios constitucionais voltados ao

processo civil.

3.1.1 Devido processo legal

A começar pelo princípio do devido processo legal, um supra princípio, haja

vista que engloba os demais princípios da motivação, do contraditório e da ampla

defesa, da coisa julgada, do juiz natural, dentre outros. Neste sentido Alexandre

Freitas Câmara (2007, v. I, pag. 33), pontifica que:

Dos princípios constitucionais do Direito Processual o mais importante, sem sombra de dúvida, é o do devido processo legal. Consagrado no art. 5º, LIV, da Constituição da República, este princípio é, em verdade, causa de todos os demais.

Tal afirmativa assevera que os demais princípios constitucionais do processo

seriam corolários do devido processo legal, lembrando o autor que, caso não

houvesse previsão expressa no ordenamento dos demais princípios, mesmo assim,

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se encontrariam no sistema positivo em virtude do devido processo legal. (CÂMARA,

2007)

Este princípio, alocado no inciso LIV do art. 5º da Constituição de 1988,

consiste no dever de o processo ser conduzido na forma da lei, não permitindo a

realização de atos inexistentes no ordenamento. Alexandre de Moraes (2007, pag.

100) leciona que:

O devido processo legal configura dupla proteção ao individuo, atuando tanto no âmbito material de proteção ao direito de liberdade, quanto no âmbito formal, ao assegurar-lhe paridade total de condições com o Estado-persecutor e plenitude de defesa [...]

Mas, o devido processo legal, sendo uma garantia fundamental, estabelece

uma ordem jurídica justa, um processo que se desenvolverá dentro dos dogmas

estabelecidos constitucionalmente e pelos valores consagrados pela coletividade.

Brilhante faz-se a asseveração de Alexandre Freitas Câmara (2007, v. I, pag. 35)

sobre o principio em tela:

Assim é que o devido processo legal substancial (ou material) deve ser entendido como uma garantia ao trinômio “vida-liberdade-propriedade”, através da qual se assegura que a sociedade só seja submetida a leis razoáveis, as quais devem atender aos anseios da sociedade, demonstrando assim sua finalidade social.

Logo, o autor ainda pontifica que esta garantia substancial do devido

processo legal, poderia por si só ser compreendida como a garantia da razoabilidade

das leis.

3.1.2 Contraditório e ampla defesa

Destarte, na citação de Câmara (2007), os demais princípios são corolários

do devido processo legal, mas dentre eles há dois que são de suma importância

para o estudo em tela, principalmente em um Estado Democrático de Direito, sendo

eles o contraditório e a ampla defesa, previstos no inciso LV do art. 5º da CF/88, os

quais deverão ser interpretados de forma sistemática e com as devidas restrições,

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pois a interpretação meramente gramatical acarretaria a produção ilimitada de

provas como também de recursos, logrando uma perpetuação do processo.

Tais princípios são de extrema importância, pois dinamizam o processo, ao

conferir as partes, dentro da isonomia, o direito de produzir todas as provas que

entendam necessárias, limitadamente, à formação do convencimento do juiz.

(FIDÉLIS, 2007) No entanto, como leciona Câmara (2007), o princípio do

contraditório deve ser interpretado tanto do ângulo político como jurídico, afirmando

que não existe um mundo jurídico isolado da realidade. Mas no presente estudo, far-

se-á o estudo do aspecto jurídico. O autor relata ainda, que o exercício do

contraditório se dá de duas formas, a primeira é o direito de o ser em litígio, ter

ciência dos atos processuais praticados durante o curso do processo e, em

segundo, a concessão do direito de se manifestar sobre tais atos. Para a

compreensão de tal afirmativa basta lembrar que:

[...] proposta uma ação, deve-se citar o réu (ou seja, informá-lo da existência de um processo em que este ocupa o pólo passivo), para que o mesmo possa oferecer sua defesa. Da mesma forma, se no curso do processo alguma das partes juntar aos autos um documento qualquer, é preciso intimar a parte adversa, para que esta, tomando conhecimento da existência do documento, possa sobre ele se manifestar. (CÂMARA, 2007, v. I, pag. 52-53)

Portanto, o contraditório deve ser observado sempre, e a sua inobservância

pode causar a nulidade do processo, proporcionado oportunidade à parte de usar o

direito de manifestar-se sobre o alegado bem como de produzir prova em contrário.

3.1.3 Razoável duração do processo

Por fim, o princípio da razoável duração do processo, topograficamente

alocado no inciso LXXVIII do art. 5º da CF/88, inserido pela Emenda Constitucional

nº 45/2004, a qual tratou da reforma do judiciário, que vem ocorrendo por leis

esparsas.

O princípio em exame assegura ao litigante um processo com razoável

duração, utilizando meios que proporcionem a celeridade de sua tramitação. Mas

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este princípio inserido pela EC 45/04 levou aproximadamente 15 (quinze) anos para

ser aprovado. Logo, o processo legislativo se adequou perfeitamente à celeridade.

Todavia, tal princípio, afirmado por muitos que sua inclusão veio em boa hora,

já se encontrava em nosso ordenamento há algum tempo, face ao inciso I do art. 8º

do Pacto de San Jose da Costa Rica, do qual o Brasil é parte desde 1992; o qual é

mister transcrever:

[...] Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.(grifo nosso)

Como o Decreto 678/92, integrou o Pacto a ordem jurídica interna da

Republica Federativa do Brasil, ostentando assim natureza de norma constitucional,

por trazer em seu rol valores fundamentais, é evidente, que tal princípio elevado a

patamar constitucional, há tempo já se encontrava no ordenamento pátrio.

(CÂMARA, 2007) Não obstante, este princípio também é inerente ao devido

processo legal.

Porém, a razoável duração processual não pode ser posta em voga com

predominância aos demais, nem pode servir de criação para processos

instantâneos, deve sim, evitar dilações indevidas e protelatórias, mas não suprimir

direitos. Cabe aqui transcrever uma conclusão de Câmara (2007, v. I, pag. 61):

O processo excessivamente lento é incapaz de promover justiça, pois justiça que tarda, falha. De outro lado, porém, o processo excessivamente rápido gera insegurança, sendo quase impossível que produza resultados justos.

Com isso, o preceito da tempestividade da tutela jurisdicional refletiu no

„surgimento‟ do cumprimento de sentença, mas este novo procedimento ou mera

fase do processo de cognição deve ser interpretado sob o paradigma do Estado

Democrático de Direito, com o intuito de não incorrer na prática de uma justiça

célere, mas autocrática. Afinal, como lembra Câmara (2007) não é a afirmação

constitucional de celeridade processual, isolada, que vai curar as patologias do

judiciário intempestivo, é necessário uma reforma estrutural no sistema judiciário.

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4 ATOS PROCESSUAIS

É sabido que o processo é a relação jurídica existente entre as partes e o

magistrado, a qual se desenvolve por sucessivos atos de seus sujeitos, até o findar

do processo, ou seja, até estabelecer a solução final do litígio.

Destarte, estes atos qualificados como processuais, e que darão

desenvolvimento e encerramento ao processo, podem ser praticados pelas partes,

pelo juiz ou seus auxiliares. Elpídio Donizetti (2008, pag. 149) conceitua atos

processuais dizendo que:

Ato processual é espécie do gênero ato jurídico. [...] tem por fim instaurar, desenvolver, modificar ou extinguir a relação jurídico-processual. Em outras palavras, ato processual é toda ação humana que produz efeito-jurídico em relação ao processo.

Mas, além dos atos processuais, há acontecimentos que influirão no processo

independente da manifestação humana. Quando isto ocorre estamos diante do fato

processual ou “fato jurídico” (MONTENEGRO, 2009, v. I, pag. 212). São exemplos

de fatos processuais: a morte de uma das partes; a paralisação dos serviços

forenses em decorrência da greve dos serventuários da Justiça; o perecimento do

bem litigioso; a perda da capacidade processual, dentre outras.

Assim, o processo é uma sequência ordenada de fatos e atos processuais,

que não podem ser praticados isoladamente um dos outros, ou seja, seguem uma

ordem sequenciada. Nas ilustres palavras do autor, Misael Montenegro (2009, v. I,

pag. 212):

[...] podemos verificar que os atos apresentam um desdobramento sequenciado, [...] O primeiro passos é dado pelo autor no momento em que apresenta a petição inicial em juízo, sendo todos os demais de colaboração mútua e recíproca das pessoas indicadas em linhas anteriores. Os atos processuais não são praticados de forma isolada, sem um sentido lógico. Muito pelo contrário. Um ato processual é praticado para que outro dele se origine [...]

Portanto, os atos processuais observam um sentido lógico, é como se o

processo fosse uma vida humana, nasce (inicio), se desenvolve (meio) e um dia

morre (fim). (MONTENEGRO, 2009)

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Além disso, cabe aqui a ressalva quanto à classificação dos atos processuais,

os quais podem aderir a vários critérios. Sendo que alguns os classificam segundo o

critério objetivo, outros quanto ao critério subjetivo. O que destaca Humberto

Theodoro Júnior (2007, v. I, pag. 250):

Não há, na doutrina, um consenso quanto à classificação dos atos processuais. Enquanto muitos preferem critérios objetivos (isto é, que consideram o objeto do ato praticado), outros se orientam pela visão subjetiva, baseada no sujeito que tenha praticado o ato processual.

Sobre o tema Alexandre Freitas Câmara (2007, v. I, pag. 248-249) adverte

que:

[...] as duas formas de classificar os atos processuais antes se complementam do que se excluem, razão pela qual já sustentamos [...] uma forma de classificação que leve em conta os dois critérios: subjetivo e objetivo.

Mas, posteriormente, o autor afirma a classificação subjetiva do ato com uma

subdivisão por um sistema objetivo. Assim, quanto ao critério objetivo, distribuir se

segundo três momentos: o nascimento (atos de iniciativa, como a petição inicial), o

desenvolvimento (sendo os atos que movimentam o processo, aglomerando atos de

instrução e de ordenação) e a conclusão (ou seja, atos de decisão, sejam do juiz ou

das partes, a exemplo, a renúncia, a transação e a desistência).

Mas segundo o entendimento majoritário da doutrina e o adotado pelo CPC, o

critério é o subjetivo, entendendo que o ato processual é gênero, do qual os atos das

partes, do juiz e dos auxiliares da justiça são espécies.

4.1 PRAZOS PROCESSUAIS

Este tema é de fundamental importância para a possível argumentação

quanto a interpretação do art. 475-J do CPC. Afinal, é graças à fixação de prazos

aos sujeitos do processo, que lhe proporciona impulso, pois com ou sem a

colaboração das partes o processo seguira sua marcha/caminhando rumo ao fim.

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(FIDÉLIS DOS SANTOS, 2007) Nesse sentido aponta Misael Montenegro Filho

(2009, v. I, pag. 228):

A fixação de prazos para a prática de atos é de suma importância na realidade processual, para garantir que a demanda não se eternize em vista da ausência de previsão legal acerca do instante final em que as manifestações devem ser externadas pelas partes e pelos demais protagonistas ou coadjuvantes da demanda.

Assim, prazo é o espaço de tempo disponibilizado à parte para a realização

de um ato, em outras palavras, prazo seria o quantitativo de anos, de meses, de

dias, de horas ou de minutos disponibilizados em favor dos litigantes para a prática

de um ato, originado de outro que lhe antecedeu. Ou como bem lembra Fidélis

(2007, v. I, pag. 313), “[...] é o espaço de tempo que medeia entre determinado ato

ou fato e o momento final fixado para a consumação ou cessação completa de seus

efeitos.” Sendo que, os atos, só serão válidos se praticados dentro deste prazo.

Além disso, o prazo é delimitado por dois termos, o inicial (dies a quo) e o

final (dies ad quem). A esse respeito, escreve Carnelutti (2000, pag. 609):

[...] o prazo tem dois extremo, que são exatamente dois pontos, ou seja, dois dias, dia de começo ou de partida (dies a quo) e dia de cumprimento ou de vencimento (dies ad quem); a distância entre os dois extremos é a duração.

Nos ensinamentos de Humberto Theodoro Júnior (2007, v. I, pag. 277):

Pelo primeiro, nasce a faculdade de a parte promover o ato; pelo segundo, extingue-se a faculdade, tenha ou não sido levado a efeito o ato. Em processo, o termo inicial é, ordinariamente, a intimação da parte; e o final, o momento em que se encerra o lapso previsto em lei. Ambos costumam ser documentados nos autos por certidões do escrivão.

Na verdade, a grande maioria dos prazos processuais estará previsto no

ordenamento, mas, na omissão da lei, o magistrado terá a faculdade de conceder o

prazo levando em conta sua complexidade, caso não estipule, seguiremos a regra

do art. 185 do CPC. (FIDÉLIS DOS SANTOS, 2007)

Quanto à natureza, os prazos podem ser dilatórios ou peremptórios. Os

primeiros caracterizados pela possibilidade de serem acordados pelas partes. Os

segundos, pela impossibilidade de convenção pelas partes sobre o prazo, logo, são

fixados de forma imperativa. Além disso, há prazos próprios e impróprios, haja vista,

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que tanto as partes possuem seus prazos como os magistrados e seus auxiliares

possuem também um determinado prazo com uma diferença, não sofrem o efeito da

preclusão, por isso, classificados como impróprios.

Quanto ao curso dos prazos, a regra é continuidade, não se interrompendo

por superveniência de feriado ou dia útil (art.178). No entanto, o recesso forense de

fim de ano suspende o prazo, ressalvada a exceção do art. 174 do CPC.

Sobrevindo as férias, a contagem do prazo suspenderá, ou seja, paralisará, e este

começará a fluir a partir do primeiro dia útil seguinte ao término das férias. Outras

previsões de suspensão encontram se no art. 180 do CPC.

Sem dúvida, uma das partes mais importante de atos processuais para o

estudo em tela é o marco inicial dos prazos processuais, que segundo o art. 240 do

CPC, é a própria intimação. Assim, o prazo somente começará a fluir a partir do dia

útil seguinte ao da intimação. Além disso, cabe transcrever uma citação do

Humberto Theodoro Junior (2007, v. I, pag. 280) que em seu magistério preleciona

que:

Como é a intimação o marco inicial dos prazos (art. 240), o começo de fluência só se dá, realmente, a partir do dia seguinte. Mas é preciso que esse dia seja útil, pois nenhum prazo processual começa em dia não-útil (art. 184, § 2 º).

Com isso, as regras de fixação do dies a quo da contagem do prazo

processual estão estabelecidas no art. 241 do CPC, e devem ser aplicadas tanto às

citações como às intimações.

Cabe ainda ressaltar que, aos prazos processuais é aplicável um princípio de

hermenêutica, de suma importância, que o doutrinador Humberto Theodoro Júnior

discorre com riqueza de detalhes, e por isso, é imperioso transcrevê-lo:

Encontramos, finalmente, um princípio de hermenêutica importante e que tem sido aplicado de maneira uniforme pela jurisprudência, que consiste em considerar restritivas as normas relativas a prazos processuais. Em conseqüência, “havendo dúvida sobre a perda de prazo, deve-se entender que ele não se perdeu”, isto é, “a solução deve ser a favor de quem sofreu o castigo da perda duvidosa”, mediante presunção de que “o prazo não foi ultrapassado”. Em matéria de prazos, a regra básica, enfim, é a de que o intérprete, “sempre que possível, deve orientar-se pela exegese mais liberal.” (THEODORO JUNIOR, 2007, v. I, pag., 282)

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Por fim, tal princípio, explanado pelo autor em epígrafe, leva à conclusão de

que não pode haver dúvida sobre o prazo, e caso haja alguma dúvida sobre o prazo,

a solução deve ser a favor daquele que perdeu o prazo processual, ou seja,

presumir que não houve a perda.

4.2 COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS

O provimento jurisdicional que dará solução ao litígio instaurado é o escopo

do processo, mas este provimento decorre de uma série de atos processuais, que

consequentemente decorre de uma ordem preestabelecida legalmente. Mas este

provimento se estabelecerá pelo impulso oficial, ou seja, os agentes do órgão

judicial promoverão o andamento processual, independente da manifestação de

vontade das partes. Afinal, se não houvesse este impulso oficial ter-se-ia um

processo perpétuo.

Para tanto, exige se dos agentes que seus atos sejam comunicados para que

se dê publicidade aos protagonistas do processo, bem como a terceiros, com a

finalidade da cientificação do provimento. Neste contexto Theodoro (2007, v I, pag.

268) propõe que: “Para atingir sua finalidade, no entanto, os atos jurídicos

processuais devem ser documentados e comunicados às partes.”

A comunicação dos atos processuais encontra-se prevista no Código de

Processo Civil nos arts. 200 a 242, e são de suma importância, pois são eles que

proporcionam o conhecimento dos atos ocorridos no processo e por via de mão

dupla, habilitam o sujeito à prática de ato, seja, de pleitear um direito ou suportar o

ônus que a lei lhe impõe. Donizetti (2008, pag. 167), afirma que:

Os direitos e as obrigações decorrentes da relação processual só se estabelecem após a comunicação do ato. O réu só se vincula ao processo, sujeitando-se aos efeitos da sentença após a citação. O prazo para apresentar quesito só começa a fluir após a intimação do despacho que nomeou o perito (art. 421, § 1 º). Daí a importância da comunicação dos atos processuais.

Os principais atos de comunicação são: citação (art. 213) e intimação (art.

234) sendo a regra a comunicação pessoal, havendo algumas exceções previstas

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na lei. (CÂMARA, 2007) Assim, tem-se que a citação é um dos atos de maior

importância na marcha processual, constituindo um chamamento a juízo do réu ou

interessado, para se defender. E mais, sem essa, não se tem a formação da relação

processual, mas apenas uma relação bilateral entre autor e magistrado, que em

verdade, o réu não foi chamado ao processo para o exercício do contraditório e

ampla defesa. Pontifica Humberto Theodoro Júnior (2007, v. I, pag. 296) que:

Tão importante é a citação, como elemento instaurador do indispensável contraditório no processo, que sem ela todo o procedimento se contamina de irreparável nulidade, que impede a sentença de fazer coisa julgada. (...) Na verdade, será nenhuma a sentença assim regularmente prolatada.

Também sobre a importância Misael Montenegro Filho tece alguns

comentários:

A citação é um dos atos de maior importância no processo civil, já que completa a relação que apenas atava o autor ao magistrado. O propósito de um processo judicial, como resultado do exercício do direito de ação, é o de permitir que o autor formule pedido em face de um réu, geralmente (mas não necessariamente) também se qualificando como sujeito da lide, ou seja, como protagonista da relação de direito material que gerou a formação do processo. (MONTENEGRO FILHO, 2009, v. I, pag. 234)

Não obstante, a necessidade de citação é sem dúvida de suma importância e

o código exige citação válida, sobre pena de nulidade expressa as citações e

intimações que ignorem as prescrições legais (art. 247).

Logo, a citação acontecerá de vários modos, ou seja, feita pessoalmente ao

réu, ao procurador legalmente autorizado ou ao seu representante legal, se for

incapaz. Além disso, temos o suprimento da citação com o comparecimento

espontâneo do réu, pois a relação processual terá se consolidado com sua

presença, afinal o objetivo foi alcançado. Haja vista ao art. 214, § 1º, que a falta ou

nulidade da citação se supre pelo comparecimento espontâneo do réu.

Caso ele compareça e alegue nulidade, e esta for decretada, não haverá,

mesmo nessa hipótese, a necessidade de realizar novas diligências para a citação,

pois, considerar-se-á feita a citação na data que ele ou seu advogado for intimado

da decisão. Caso a alegação seja examinada pela segunda instância, os prazos

processuais para defesa só correrão, quando forem baixados os autos com a

decisão de segunda instância, haja vista, que o prosseguimento do processo sem

esta decisão poderá causar um embaraço judicial.

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Destarte, o código, no art. 221, prevê como modalidades de citação: pelo

correio; por oficial de justiça; por edital; por meio eletrônico, conforme regulamento

em lei própria. No entanto, a citação pelo correio passou ser regra no processo civil,

sendo as demais exceções, portanto, devem preencher alguns requisitos.

Além disso, a citação válida implica cinco efeitos, sendo três de natureza

processual e dois de natureza material, que o doutrinador Donizetti, explica de forma

sucinta:

A citação válida tem cinco efeitos, sendo três de natureza processual e dois de natureza material. São efeitos processuais da citação: tornar prevento o juízo, induzir litispendência e fazer litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, gera dois efeitos materiais, quais sejam: constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição (art. 219). (DONIZETTI, 2008, pag. 169)

Já a intimação, o instituto de maior interesse para o presente estudo, face aos

pontos controvertidos a respeito do termo a quo do art. 475-J, deve ser analisada no

tocante aos seus requisitos e feitos.

Primeiramente cabe conceituar intimação que, na definição legal do art. 234

do CPC, “é ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo”,

para que faça ou deixe de fazer alguma coisa. Misael Montenegro Filho (2009, v. I,

pag. 234-244), fornece-nos ilustrativa lição doutrinária:

A intimação é a espécie de comunicação processual de maior repetição e incidência na dinâmica forense, tendo por objetivo dar às partes, a terceiros e aos auxiliares do juízo conhecimento de pronunciamentos e de outros atos processuais praticados pelo juiz da causa. Com a intimação, a parte é convocada para que faça ou deixe de fazer alguma coisa nos autos.

Assim, a intimação após a instauração da relação processual através da

citação é um dos atos de comunicação processual mais importante, lembrando,

depois da citação. Pois, como preleciona Câmara (2007), é da intimação que

começam a fluir os prazos processuais para as partes exercerem seus direitos,

deveres e faculdades processuais. Isso, em face, da previsão do art. 240, que

dispõe em seu caput, “salvo disposição em contrário, os prazos para as partes, para

a Fazenda Pública e para o Ministério Público contar-se-ão da intimação”. Ou seja,

a intimação é o marco inicial para quaisquer prazos, sendo assim, o dies a quo da

contagem de prazo processual.

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Destarte, em razão do princípio do impulso oficial, as intimações não

dependem das partes, logo, são efetuadas de ofício, no curso do processo

caminham, seguindo para o fim, como a própria vida, gerando preclusões das fases

vencidas, rumo à solução do litígio, ou melhores termos à decisão judicial.

As intimações podem ser feitas pelo escrivão, pelo oficial de justiça e por

publicação na imprensa. Quanto à intimação por edital e hora certa podem ser feitas,

nas mesmas hipóteses admitidas na citação. No mais, tem se agora a previsão da

intimação eletrônica de acordo com a lei 11.419/06, sendo que para o manuseio

desta, o destinatário deve estar cadastrado no Poder Judiciário e se o ato for feito

em portal próprio, mediante assinatura eletrônica, de acordo com a lei ou nos

moldes do respectivo tribunal (art. 5º e 2º).

No entanto, deve-se pontificar que, no sistema jurídico processual, há

intimações que serão dirigidas às partes, e intimações que serão dirigidas aos

advogados, ou seja, quando o ato a ser praticado depender de capacidade

postulatória. Mas, caso o ato a ser praticado seja de competência do réu, ou seja, o

cumprimento de uma obrigação, originada do litígio, a intimação será à parte,

pessoalmente, e não ao advogado, pois não constitui ato de postulação, mas sim,

cumprimento de ordem judicial. O que é afirmado pelo próprio Humberto (2007, v. I,

pag. 310), da seguinte forma:

Não valem as intimações feitas à parte quando o ato processual a praticar deve ser do advogado. A contrario sensu, não pode ser a intimação feita ao representante processual, se o ato deve ser pessoalmente praticado pela parte.

Portanto, “é necessário distinguir os atos processuais que exigem capacidade

postulatória dos atos materiais de cumprimento de obrigação.” (WAMBIER, ALVIM

WAMBIER e MEDINA, 2006). Com isso, tem-se que, quando a intimação não

ocorrer por meio de impressa oficial, esta obedecerá às regras pertinentes à citação,

devendo a comunicação ser feita, preferencialmente, por via postal. (CÂMARA,

2007)

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5 O TERMO INICIAL PARA O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

Com o advento da lei 11.232/05, que alterou parte significativa do CPC, em

nome da razoável duração do processo, introduzindo mecanismos de efetivação da

decisão proferida no processo cognitivo, dispensando a duplicidade de ações, foi

possível ao autor ver sua pretensão efetivada em um processo sincrético a partir do

pedido inicial, e que segundo Rodrigo Barioni (2006, pag. 231), “rompeu-se com a

formulação anterior, com o nítido escopo de conferir maior celeridade à fase

executória.”

Mas que, como discorre Paulo Hoffman e Leonardo Ferres da Silva Ribeiro

(2006) na apresentação do livro “Processo de Execução Civil”, por eles

coordenados, não é somente a reforma processual que irá sanar todas as mazelas

do judiciário e sim, a eficiência atrelada a investimentos no Poder Judiciário.

Destarte, como um dos pontos mais polêmicos da reforma do CPC, pela lei

11.232/05, tem-se a definição do termo a quo do prazo dos 15 dias previstos no art.

475-J, que preceitua em seu caput :

Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.

Mas, como visto, o caput do artigo não relata quando se inicia o prazo, qual é

o termo inicial, o que proporcionou o surgimento de algumas correntes doutrinárias a

respeito do tema, base central do estudo em tela.

5.1 DESNECESSIDADE DE INTIMAÇÃO – INCIDÊNCIA AUTOMÁTICA

A primeira corrente doutrinária, digladia que o prazo prescinde de qualquer

intimação e ocorrerá com a exigibilidade da sentença transitada em julgado, ou seja,

o prazo iniciará a partir do momento em que a sentença seja exigível.

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Tendo como defensor desta tese um dos mentores intelectuais do projeto que

deu origem à lei 11.232/05, excelentíssimo ministro aposentado do STJ, senhor

Athos Gusmão Carneiro (2006), que em artigo publicado sobre o título: “Do

„cumprimento da sentença‟, conforme a lei 11.232/05. Parcial retorno ao

medievalismo? Por que não?”, preleciona que:

[...] na sentença condenatória por quantia líquida (ou na decisão de liquidação de sentença), a lei alerta para o tempus iudicati de quinze dias, concedido para que o devedor cumpra voluntariamente sua obrigação. Tal prazo passa automaticamente a fluir, independente de qualquer intimação, da data em que a sentença (ou o acórdão, CPC art. 512) se torne exeqüível, quer por haver trânsito em julgado, quer porque interposto recurso sem efeito suspensivo. (GUSMÃO CARNEIRO, 2006)

Devido a imprecisão do artigo em comento, e sobre o discurso da celeridade

processual, é possível compreender que, possivelmente a intenção legislativa era

realmente dar uma maior efetividade à sentença, excluída a obrigatoriedade de

comunicação dos atos processuais, colocando o devedor em estado de alerta, para

que, quando a sentença se tornasse exigível, este prontamente a cumprisse, sob

pena de incidência de dez por cento sobre o valor do débito, caso não respeitasse o

prazo legal. Afinal o art. 475-J não faz ressalva sobre qualquer intimação. Assim,

“tem o devedor que tomar a iniciativa de cumprir a condenação no prazo legal”.

(THEODORO JÚNIOR, v. II, 2009, pag. 48)

Humberto Theodoro Júnior (2009, v. II, pag. 49), adepto desta corrente

doutrinária, pontifica que:

[...] não há necessidade de prévio mandado de pagamento ou prévia intimação pessoal do devedor para que a fluência do prazo do art. 475-J se dê e a multa de 10% se torne exigível. O cumprimento da sentença não se instaura como uma nova ação que exigisse citação ou intimação do devedor. É apenas continuidade do processo que a sentença condenatória não teve o condão de encerrar.

Entendimento também afirmado pelo Desembargador Alberto Vilas Boas do

Tribunal de Justiça de Minas Gerais, no Agravo de Instrumento Nº

1.0421.07.003129-7/002, publicado no dia 14 de abril de 2009. Faz se necessário

transcrever algumas partes desse julgado:

O art. 475-J do CPC não prevê a INTIMAÇÃO do executado para que cumpra a sentença após formalizada a coisa julgada material; ao contrário,

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estatui que, se não satisfeita espontaneamente a obrigação contida no título judicial, acresce-se ao valor da condenação a multa acima especificada: Assim sendo, reputo equivocado o entendimento segundo o qual somente após a INTIMAÇÃO para cumprimento da sentença inicia-se o prazo de espera fixado no artigo [...]

Destarte, tem se outros adeptos dessa corrente como Araken de Assis (2006),

o qual alega que o prazo flui do momento em que se tornou exigível, e aí, quanto a

contagem faz menção ao art. 184 do CPC, que em seu caput, estabelece que, “salvo

disposição em contrário, computar-se-ão os prazos, excluindo o dia do começo e

incluindo o do vencimento” . Ou seja, o prazo iniciaria no primeiro dia útil

subsequente à exigibilidade da sentença.

Outro adepto dessa corrente é Leonardo Greco (2006), que discorre sobre o

tema, deixando claras suas distinções, principalmente quanto à incidência da multa,

pois este entende que para a interposição do recurso de apelação no prazo dos

quinze dias o réu deveria proceder ao depósito judicial, nos casos em que o recurso

seja dotado apenas de efeito devolutivo.

Por fim, o STJ vinha se posicionando adepto a esta corrente doutrinária, mas

ainda não era um posicionamento solidificado, sendo que a terceira turma de tal

tribunal tinha estabelecido a orientação de que bastava o trânsito em julgado da

sentença para que se iniciasse o prazo ali previsto, REsp. 954.859/RS, Rel. Min.

Humberto Gomes de Barros. Alguns tribunais observaram esta orientação a exemplo

da Quarta Câmara civil do Tribunal de Bahia que no dia 20 de janeiro de 2010, ao

julgar o agravo de instrumento nº 0011432-89.2009.805.0000-0, Rel. Des. José

Olegário Monção Caldas, faz ressalva a tal orientação da STJ.

5.2 NECESSIDADE DE INTIMAÇÃO DO ADVOGADO

Com um entendimento intermediário, a segunda corrente defende a

necessidade de intimação, mas esta deverá ocorrer na pessoa do advogado. Dentre

os adeptos a esta corrente, tem se, Elpídio Donizetti (2008, pag. 401) que na sua

obra didática de direito processual civil, pontifica que, “[...] considera-se inadimplente

o devedor que, no prazo de quinze dias contados da intimação, não efetua o

pagamento.” É interessante notar que o autor faz ressalva expressa à intimação

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para a cientificação da parte, sendo que, este menciona que a lei 11.232/05, não fez

nenhuma ressalva quanto à necessidade de intimação, o que teria levado parte da

doutrina a defender a desnecessidade do ato intimatório.

Entretanto, como toda execução por quantia, de regra, é precedida de cálculo do credor (art. 614, II) creio que a execução deva iniciar por requerimento (instruído com a memória de cálculo), seguindo-se a intimação do devedor, na pessoa do seu advogado, para efetuar o pagamento. Aliás, é o que se extrai da interpretação do art. 475-J, caput, por extensão. (DONIZETTI, 2008, pag. 401)

Outro doutrinador que também acolhe esta corrente é Daniel Amorim

Assumpção Neves (2006), que em sua obra faz uma ressalva às duas correntes, da

intimação ao advogado e da intimação pessoal, mostrando pontos positivos e

negativos de ambas. Afirma que realmente é possível a intimação na pessoa do

patrono, mas, alega que possivelmente essa forma pode trazer incertezas, pois

ter-se-ia apenas uma presunção de que o devedor teria sido cientificado de sua

condenação.

Leciona, ainda, que não se pode elevar o princípio da segurança jurídica a um

patamar intocável, ao passo de comprometer a prestação jurisdicional. Além disso,

relata que a busca por certezas processuais acabaria por conduzir o judiciário a um

caos, pelo travamento jurisdicional. Sendo assim, a intimação na pessoa do patrono

por mais que possa acarretar incertezas, é uma válvula de escape para as possíveis

injustiças que poderiam ocorrer pelo curso do prazo automático sem intimação

alguma.

Adeptos a esta corrente são Carreira Alvim e Luciana Gontijo Carreira Alvim

Cabral (2006), os quais prelecionam que é criticável o mandamento do art. 475-J, a

observância ao art. 614, II do CPC, em que o débito deve ser atualizado até a data

da propositura da ação, afinal, não se tem mais ação e simplesmente uma fase, que

segundo os autores necessita de um simples requerimento, da qual o devedor será

intimado na pessoal de seu advogado para que cumpra a sentença no prazo dos

quinze dias.

Se a sentença for líquida, o devedor deverá cumpri-la no prazo de quinze dias -, contado também da intimação ao seu advogado -, e, caso não o faça, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento [...] (CARREIRA ALVIM e ALVIM CABRAL, 2006, pag. 66)

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No entanto, cabe aqui também transcrever a lição de um renomado

doutrinador que corrobora desta corrente, sendo Nelson Nery Junior e Rosa Maria

de Andrade Nery (2006, pag. 641), os quais pontificam que:

A intimação do devedor deve ser feita na pessoa de seu advogado, que é o modo determinado pela Reforma da L 11232/05 para comunicação do devedor na liquidação de sentença e na execução para o cumprimento da sentença. A intimação do advogado do devedor, que se faz, de regra, pela imprensa oficial do CPC 262.

Não obstante, destacam que de outra forma poderá ocorrer a intimação na

pessoa do advogado, devendo o juiz simplesmente proceder a determinação no

dispositivo da sentença, e exemplificam:

[...] o juiz, no dispositivo da sentença, determinar algo como: „transitada em julgado, intime-se o devedor, na pessoa de seu advogado, para pagar em quinze dias, sob pena de multa de 10% sobre o valor da condenação‟. Pode fazer isso porque é providência que deve ser tomada ex officio. (NERY JUNIOR e ANDRADE NERY, 2006, pag. 641)

Destarte, como a nova lei preconiza a celeridade, efetividade processual e a

razoável duração do processo, e não faz ressalva a qualquer intimação, como já foi

dito, tais doutrinadores entendem que é dispensável a intimação pessoal, e que

apenas justifica-se a intimação ao patrono, talvez por excesso de zelo, e para não

abalroar em nenhum dispositivo constitucional, do devido processo legal, do

contraditório e da ampla defesa. Sendo que, Antônio Notariano e Gilberto Gomes

Bruschi (2006), salientam que seria um contra senso exigir a intimação pessoal sem

nenhuma objetividade, e mais, tal exigência não se adequaria aos princípios

norteadores da reforma processual.

Além disso, Scarpinella (2008, v. 3, pag.169) pontifica que:

O advogado é, nos casos em que representa o seu constituinte em juízo, verdadeira ligação entre o que ocorre no plano material e no plano processual. Trata-se de múnus ínsito à profissão, de inspiração, por isso mesmo, constitucional [...]

Conclui, ainda, Scarpinella (2008), que a intimação pessoal só se justificará

quando não houver advogado devidamente constituído nos autos, e que mesmo

nessa hipótese deverá a comunicação se dar por via postal.

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No entanto, em recente precedente (Resp 940274/MS), julgado em 07 de abril

de 2010, o Superior Tribunal de Justiça, por sua Corte Especial, consolidou o

entendimento, em seu informativo jurisprudencial nº429, que o prazo de quinze dias

para aplicação da multa do art. 475-J do CPC, deve fluir a partir da intimação do

devedor na pessoa de seu advogado, lembrando que o julgado não foi unanime,

sendo voto vencido o Ministro Ari Pargendler que defendeu a intimação pessoal do

devedor, os demais Ministros João Otavio de Noronha, Fernando Gonçalves e

Arnaldo Esteves acompanharam a posição do Ministro relator Humberto Gomes de

Barros, também no sentido da intimação na pessoa do advogado, o Ministro Luiz

Fux, contudo, divergiu na fundamentação mais a conclusão foi à mesma.

5.3 NECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PESSOAL

Apesar de alguns autores afirmarem que a intimação pessoal é um retrocesso

e que incorreria nas mesmas hipóteses da citação, argumento de Rogério Licastro

Torres (2006, pag. 288), os doutrinadores adeptos a esta corrente defendem que a

intimação é primordial para a comunicação dos atos processuais, além de que, o

processo deve assegurar à parte as garantias constitucionais, através de uma

interpretação sistemática e harmônica do ordenamento jurídico, em que a

Constituição é a primeira fonte do direito processual. Nesse sentido Evaristo de

Aragão Santos (2006, pag. 32), enfatiza que:

O desejo de atribuir maior efetividade à execução não pode ser causa de menosprezo a igualdade das partes e ao devido processo, mesmo porque sob circunstancia alguma os litigantes podem ser privados das garantias que a Constituição lhes outorga. A tão buscada „efetividade do processo‟ não será alcançada por meio do sacrifício desmedido de direitos.

Destarte, a interpretação do art. 475-J do CPC, não poderia se furtar a esta

regra, em que todo o ordenamento infraconstitucional deve adequar se aos preceitos

contidos no ordenamento maior, haja vista, a inauguração do Estado Democrático

de Direito em 1988. Implicando, com isso, a observância por parte de todas as

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normas dos princípios do contraditório, ampla defesa, da isonomia, sendo estes

manifestações do Due Process of Law 5.

Assim, a incidência automática da multa, decorridos os quinze dias, nos

ensinamentos de Alexandre Freitas Câmara (2006, pag. 115), incorreria em uma

“violação à garantia constitucional do processo justo, decorrente do princípio do

devido processo legal”.

Além disso, tem-se que os dispositivos do cumprimento de sentença devem

se amoldar, aos demais dispositivos processuais, a exemplo do art. 234 do CPC, o

qual dispõe que, “intimação é ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e

termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa”. Destarte, esta

serve de intercâmbio processual, na medida em que comunica às partes em litígio,

de fato que deva tomar conhecimento.

E na atualidade, devido à instauração de um processo sincrético, havendo

cognição e execução em um mesmo procedimento, implica uma postura diferente do

juiz para Evaristo de Aragão Santos (2006, pag. 26), chegando a afirmar que:

Como não há mais intervalo entre as fases cognitiva e executiva, isso exige postura mais ativa do órgão judicial. Pronunciada a condenação, de ofício deverá determinar a intimação do devedor para que a cumpra espontaneamente, sob pena de majoração em 10% e penhora de bens. [grifo nosso]

No entanto, cabe lembrar que o art. 240 do CPC exige uma disposição em

contrário para a sua não observância: “Art. 240. Salvo disposição em contrário, os

prazos para as partes, para a Fazenda Pública e para o Ministério Público contar-

se-ão da intimação.” (grifo nosso) Nesta linha de pensamento Alexandre Freitas

Câmara (2006, pag. 115) pontifica que:

[...] é expresso o art. 240 do CPC em afirmar que, salvo disposição em contrário, os prazos para as partes correm da intimação. Ora, se não há expressa disposição em contrário no art. 475-J (ou em qualquer outro lugar), o prazo de quinze dias ali referido tem de correr da intimação. Não pode, pois ser uma opinião data vênia contraria à lei.

Assim, é imprescindível que seja realizada a intimação, a qual segundo

Evaristo Aragão (2006) deve ser efetivada validamente, e só após esta é que se

5 O devido processo legal, considerado um supra-princípio, haja vista que, englobaria os demais,

este princípio topograficamente alocado no inciso LIV do art. 5º da CF/88.

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teria o início do curso do prazo do 475-J do CPC, pois, a intimação é ato necessário

para o prosseguimento do processo ruma a solução do litígio. Sendo um impulso

oficial que não depende das partes, logo, ato de ofício, e consequentemente para

que estabeleça direitos e obrigações decorrente da relação processual, devem ser

comunicadas às partes.

Luiz Wambier, Teresa Alvim Wambier e José Medina (2006), ressaltam a

necessidade da distinção de atos processuais postulatórios de atos materiais de

cumprimento de obrigação. Alegam que no sistema jurídico processual, existem

intimações que serão encaminhadas ao patrono para atos processuais que

dependam de capacidade postulatória. No entanto, haverá intimações que serão

encaminhadas à parte, e para tanto é imprescindível transcreve-se aqui o

ensinamento dos autores:

[...] para prática de atos processuais da parte, atos subjetivos que dependem de sua participação e que dizem respeito ao cumprimento da obrigação que é objeto do litígio, a parte deve ser intimada pessoalmente. [...] (WAMBIER, ALVIM WAMBIER e MEDINA, 2006)

Continuam o raciocínio, dizendo que o cumprimento da sentença é ato da

parte, e não do patrono, e se expressam da seguinte forma:

O cumprimento da obrigação não é ato cuja realização dependa de advogado, mas é ato da parte. Ou seja, o ato de cumprimento ou desenvolvimento do dever jurídico é algo que somente será exigido da parte, e não de seu advogado, salvo se houver exceção expressa, respeito, o que inexiste no art. 475-J, caput, do CPC. (WAMBIER, ALVIM WAMBIER e MEDINA, 2006)

No mesmo sentido Misael Montenegro Filho (2008, pag. 517), pontifica que:

Além da necessidade do aperfeiçoamento da intimação, entendemos que esta é pessoal, não bastando a intimação do advogado que representa o devedor em juízo, já que o ato a ser praticado (pagamento) depende da iniciativa da parte, não do profissional constituído.

Entendimento esposado por Alexandre Freitas Câmara (2006), o qual

argumenta que caberá intimação pessoal sempre que a finalidade seja a prática de

algum ato, e que este seja executado pessoalmente, devido provocação processual,

complementa dizendo que, sem sobra de dúvida, o ato de cumprir sentença é ato a

ser praticado pessoalmente pela parte e não pelo seu advogado. Por isso, o autor

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entende como essencial a intimação pessoal do devedor, sob o argumento de que:

“Basta pensar nos casos em que o advogado não comunica à parte o momento

inicial da eficácia da sentença [...]” (Câmara, 2006, pag. 115). E por essa falha, vem

a incidir sobre o débito uma multa de 10%. Não obstante, lembra também dos casos

em que devido algum motivo, há uma dificuldade em estabelecer o momento em que

a sentença começou a produzir seus efeitos.

Não tenho, pois, qualquer dúvida em sustentar a necessidade de intimação pessoal do executado para que pague o valor da dívida, sob pena de incidir a multa referida no art. 475-J do CPC. Intimação pessoal, e não ao seu advogado [...] (CÂMARA, 2006, pag. 115)

Portanto, a interpretação do ordenamento processual não pode isolar a

realidade fática (WAMBIER, ALVIM WAMBIER e MEDINA, 2006), atendo-se ao

mundo jurídico, tão somente. Mas deve sim, vislumbrar o mundo real, onde

advogado que atuou no processo de conhecimento houver renunciado aos poderes

que lhe foram atribuídos, antes mesmo da fase de cumprimento. Logo, não pode a

parte devedora, pelo fato de viver em um país de maus pagadores, surpreender-se

com a penhora de seu patrimônio. Para Luiz Wambier, Teresa Alvim Wambier e

José Medina (2006), o processo deve desenvolver-se de forma simples e de modo

que cause menos incidentes processuais.

Por fim, a exigência de intimação pessoal não é postulado contrário a

razoável duração e efetividade do processo. É sim, uma garantia de que aquele que

suportará o ônus da decisão judicial seja cientificado. É a garantia de um processo

justo. (CÂMARA, 2006)

5.4 POSICIONAMENTO DOS TRIBUNAIS

No tocante ao posicionamento dos tribunais de justiça, tendo como objeto de

pesquisa São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro não há um entendimento

pacífico, sendo que, cada tribunal segue uma linha de raciocínio e a maioria das

vezes esses tribunais possuem cortes com entendimentos divergentes.

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No entanto, cabe aqui uma pequena análise dos posicionamentos desses

tribunais após o posicionamento da corte especial do STJ. Haja vista, que

anteriormente o STJ afirmara em julgado que o prazo não necessitava de qualquer

intimação para inicio do prazo do art. 475-J, e em recurso submetido a corte especial

o STJ, contrariando o posicionamento anterior consolidou o entendimento de que o

prazo começará a fluir a partir da intimação ao advogado.

Destarte, fez mister a consulta nos sites de tais tribunais entre o período de

15 de abril de 2010 a 15 junho de 2010, na qual, verificou se que o TJ de São Paulo

em sua quase totalidade converge no entendimento de que para a fluência do

prazo, reclama se intimação na pessoa do advogado, face aos seguintes julgados:

Agravo de Instrumento nº 990093201399, Relator (a): Paulo Hatanaka, 19ª Câmara

de Direito Privado, julgado no dia 11/05/2010; Agravo de Instrumento nº

994092787281, Relator (a): Ana de Lourdes Coutinho Silva, 10ª Câmara de Direito

Privado, julgado no dia 11/05/2010; Agravo de Instrumento nº 991090546386

(7413876400), Relator (a): Eduardo Siqueira, 37ª Câmara de Direito Privado,

julgado no dia 12/05/2010; Agravo de Instrumento nº 990101504456, Relator (a):

Ricardo Negrão, 19ª Câmara de Direito Privado, julgado no dia 11/05/2010; Agravo

de Instrumento nº 990100777394, Relator (a): Silveira Paulilo, 21ª Câmara de

Direito Privado, julgado no dia 12/05/2010.

No TJ de Minas Gerais há predominância da corrente que se orienta pela

fluência do prazo a partir do trânsito em julgado, e nesses primeiros meses após a

decisão da corte especial, no período analisado em seu site, não modificou muito o

seu entendimento, havendo decisões no sentido da fluência automática e no sentido

de intimação do patrono, as quais decidiram acolhendo a mesma corrente acolhida

pela Corte Especial do STJ, sendo as respectivas decisões: Agravo de Instrumento

nº único 7681666-96.2007.8.13.0024, Relator (a): Irmar Ferreira Campos, julgado

no dia 06/05/10, número do processo 1.0024.07.768166-6 (1); Agravo de

Instrumento nº único 0116959-12.2000.8.13.0521, Relator (a): Almeida Melo,

julgado no dia 27/05/10, número do processo 1.05.21.00.011695-9/007 (1); Agravo

de Instrumento nº único 0150550-24.2010.8.13.0000, Relator (a): Nilo Larcerda,

julgado no dia 12/05/10; Agravo de Instrumento nº único 0134192-

81.2010.8.13.0000, Relator (a): Alvimar de Ávila, julgado no dia 12/05/10; Agravo

de Instrumento nº único 0117248-04.2010.8.13.0000, Relator (a): Alberto Henrique,

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julgado no dia 13/05/10; Agravo de Instrumento nº único 0054986-

18.2010.8.13.0000, Relator (a): Electra Benevides, julgado no dia 13/04/10.

No TJ do Rio de Janeiro poucas decisões foram encontradas sobre fluência

automática, há predominância da corrente da intimação na pessoa do advogado,

que por consequência encontra se em consonância com o novo posicionamento do

STJ, sendo as seguintes decisões: Apelação nº 0001106-13.2002.8.19.0037, Relator

(a): Des. Jorge Luiz Habib, julgamento 11/06/2010, 18ª Câmara Civil; Apelação nº

0057113-26.2008.8.19.0001, Relator (a): Des. Celso Ferreira Filho, julgamento

02/06/2010, 15ª Câmara Civil; Agravo de Instrumento nº 0005846-

47.2010.8.19.0000, Relator (a): Des. Cherubin Helctas Schamartz, julgamento

01/06/2010, 12ª Câmara Civil; Agravo de Instrumento nº 0063781-

79.2009.8.19.0000, Relator (a): Des. Eduardo Gusmão Alves de Brito, julgamento

26/05/2010, 7ª Câmara Civil; Agravo de Instrumento nº 0029047-05.2009.8.19.0000

(2009.002.25681), Relator (a): Des. Jorge Luiz Habib, julgamento 25/05/2010, 18ª

Câmara Civil; Agravo de Instrumento nº 0012672-89.2010.8.19.0000, Relator (a):

Des. Claudio Dellorto, julgamento 25/05/2010, 12ª Câmara Civil; Agravo de

Instrumento nº 0022465-52.2010.8.19.0000, Relator (a): Des. Pedro Freire

Raguenet, julgamento 25/05/2010, 18ª Câmara Civil; Apelação nº 0127000-

34.2007.8.19.0001, Relator (a): Des. Elton Leme, julgamento 19/05/2010, 17ª

Câmara Civil; Agravo de Instrumento nº 0013921-75.2010.8.19.0000, Relator (a):

Des. José Carlos Paes, julgamento 19/05/2010, 14ª Câmara Civil; Agravo de

Instrumento nº 0015213-95.2010.8.19.0000, Relator (a): Des. Ismenio Pereira de

Castro, julgamento 19/05/2010, 14ª Câmara Civil; Agravo de Instrumento nº

0012382-74.2010.8.19.0000, Relator (a): Des. Sergio Lucio Cruz, julgamento

18/05/2010, 15ª Câmara Civil; Agravo de Instrumento nº 0006432-

84.2010.8.19.0000, Relator (a): Des. Luisa Bottrel Souza, julgamento 12/05/2010,

17ª Câmara Civil; Agravo de Instrumento nº 0011664-77.2010.8.19.0000, Relator (a):

Des. Pedro Saraiva Andrade Lemos, julgamento 12/05/2010, 10ª Câmara Civil.

Por fim, o tribunal do Rio de Janeiro foi além dos demais tribunais em seu

Enunciado e Recomendações PJERJ Civil de número 8, tendo consolidado o

entendimento, com os seguintes dizeres: “Dispensável intimação pessoal do

devedor no cumprimento da sentença. Precedentes: AgInst 2009.002.22843, TJERJ,

7ª C. Cível, julgado em 03/08/2009. AgInst 2009.002.28416, TJERJ, 5ª C. Cível,

julgado em 31/07/2009.”

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6 NATUREZA JURÍDICA DA MULTA DO ART. 475-J

Além das questões acerca do início do prazo, é pertinente que se faça de

forma breve, a análise da natureza jurídica da multa em epígrafe, visto que, na

doutrina há uma divergência quanto a natureza deste instituto.

Pois bem, a primeira corrente defende a natureza coercitiva da multa, ou seja,

a sua simples existência deveria compelir psicologicamente o réu a purgar o débito,

dentro do tempo estipulado, o prazo dos quinze dias, abordado no capitulo alhures,

que tem como adeptos os seguintes doutrinadores Luiz Rodrigues Wambier; Teresa

Arruda Alvim Wambier; José Miguel Garcia Medina e Cássio Escarpinella Bueno.

Destarte, alegam que a multa teria uma clara natureza coercitiva, tendo em

mira o escopo de incutir no espírito do devedor a obrigatoriedade no cumprimento

imediato das decisões judiciais, sem procrastinação, a partir do momento em que

tais decisões se tornem eficazes. Para tanto pontifica Escarpinella (2008, v. 3, pag.

166):

Este acréscimo monetário no valor da dívida, aposta o legislador, tem o condão de incentivar o devedor a pagar de uma vez, acatando a ordem judicial. [...] Trata-se, portanto, de uma verdadeira técnica de acatamento de ordens judiciais que foi usada pelo legislador processual civil.

Uma outra parte da doutrina defende que, a natureza jurídica da multa, é

punitiva, pois a incidência dessa reclama o descumprimento da obrigação no tempo

legal, e, portanto, a multa seria a pena cominada a este descumprimento, e logo

acrescido ao total do débito. Dentre os defensores dessa corrente estão Luiz

Guilherme Marinoni e Sergio Cruz Arenhat, adeptos também são Fredie Didier Jr.;

Leonardo José Carneiro da Cunha; Paula Sarno Braga; Rafael Oliveira com algumas

distinções.

Marininoni e Arenhat (2007) prelecionam que esta multa não tem natureza

coercitiva, visto que, não teria o condão de incentivar/constranger o réu a purgar o

débito, ou seja, cumprir a sentença. Lembram os autores que, desta forma, este

instrumento distancia se do previsto no art. 461, § 4º do CPC, sendo que, a multa do

art. 461, é definida segundo a capacidade econômica do devedor e as

circunstâncias do caso concreto, o que demonstra a finalidade de incentivar o

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cumprimento da decisão, o que, no art. 475-J, é antagônico, pois não vislumbra as

circunstâncias do caso concreto. E mais, que o caráter coercitivo vislumbrado por

alguns na multa do art. 475-J é comum a toda e qualquer pena. E para tanto

assevera que: “A multa em exame tem natureza punitiva, aproximando-se da

cláusula penal estabelecida em contrato.” (MARININONI e ARENHAT, 2007, v. 3,

pag. 238)

Já para Fredie Didier Jr.; Leonardo José Carneiro da Cunha; Paula Sarno

Braga; Rafael Oliveira (2009) a multa em tela tem dupla finalidade, ou seja, funciona

como coerção, a partir do momento em que motiva o cumprimento da decisão

judicial e como sanção no momento em que pune pelo descumprimento.

Para melhor elucidação cabe trazer à baila o ensinamento das sumidades

alhures:

O legislador instituiu uma multa legal com o objetivo de forçar o cumprimento voluntário da obrigação pecuniária. Trata-se de medida de coerção indireta prevista em lei, que dispensa manifestação judicial: é hipótese de sansão legal pelo inadimplemento da obrigação. (DIDIER JR.; CUNHA; BRAGA e OLIVEIRA, 2009, v. 5, pag. 515)

Assim, conclui-se que a natureza jurídica da multa prevista no art. 475-J do

CPC, seria a mais correta a de natureza híbrida, seguindo o ensinamentos dos

eminentes doutrinadores em tela que abordam a multa sobre essa dupla finalidade,

a qual será vivenciada no caso concreto.

Por fim, cabe ressaltar o ensinamento de Carreira Alvim e de Luciana Gontijo

(2006), ao prelecionarem que a incidência desta multa independe de pedido da

parte, devendo ser imposta de ofício pelo juiz.

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7 CONCLUSÃO

A crise em que se encontra o Brasil e o Poder Judiciário tem nutrido os leigos

e até mesmo os operadores do direito de uma tamanha insatisfação. Tal crise,

associada à morosidade judiciária se tornou, nos últimos anos, talvez, o obstáculo

maior, ou pelo menos um deles, ao ideal de concretização da justiça. Em função

disso, vem ocorrendo incansáveis mudanças no Código de Processo Civil com o

intuito de somente estas sanarem os clamores sociais.

Mas, no que diz respeito ao processo de execução, que nos últimos anos foi o

principal alvo das reformas, haja vista a sua inadequação aos tempos modernos, e

que, com a reforma operada pela lei nº 11.232/2005, transformou se em mera fase

do processo de cognição, havendo algumas exceções. Contudo, tal lei, incorporada

com o escopo de buscar um processo moderno e eficiente, um instrumento

adequado e célere para o cumprimento das sentenças, e que, consequentemente,

atingiria a satisfação do direito material com a exclusão do tecnicismo.

No entanto, o abandono dos aspectos técnicos da ciência jurídica aplicada ao

processo viu-se substituída por um desapego total e até impreciso em sua

legislação, o que fulminou em controvérsias polêmicas, sendo uma delas o termo

inicial do prazo do art. 475-J, foco principal desse estudo.

Tendo alguns doutos, dentre eles Athos Gusmão (2006), a ousadia de afirmar

o porquê não do retorno ao medievalismo. Que a execução dos povos germânicos,

então considerados bárbaros pelos romanos, era muito mais efetiva e célere.

Contudo, não se pode esquecer, que tais técnicas bárbaras não se alinham ao

patamar teórico do processo no paradigma do Estado Democrático de Direito.

Afinal, o processo é uma instituição constitucionalizada que se conjuga pelos

princípios do contraditório, ampla defesa e isonomia. Logo, o cidadão tem o direito

fundamental a um devido processo, é direito garantia fundamental. Não se quer

repudiar as regras positivadas pela dogmática processual, mas sim que essas sejam

compreendidas sob o enfoque de um novo paradigma, ou seja, sobre os valores

instituídos no ordenamento maior, que afetam o Direito no todo, e que se justificam

pela edificação de um Processo justo.

O contraditório deve ser analisado de forma a garantir, no processo de

formação das decisões, a participação e comunicação dos afetos, pois além de

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destinatários, figuram também como autores do ato, na medida em que sofrerão

seus efeitos. Além disso, o instituto do devido processo legal impõe que as lacunas

e obscuridades da lei processual sejam sanadas à luz do princípio do contraditório,

dando à contraparte o mais amplo, democrático e discursivo direito de defesa, ainda

que em processo/fase de execução.

Quanto à razoável duração do processo, não se pode insurgir no

enquadramento de uma estrutura abstrata de duração do tempo, e no mais, tal

princípio, como dito no estudo, já se encontrava se em nosso ordenamento há

tempo, só sua elevação a garantia constitucional não altera a realidade.

O que altera a morosidade judiciária é um judiciário eficiente, que será

alcançado com o cumprimento por parte do poder público de certos preceitos do

próprio texto constitucional, a exemplo daqueles que determinam número de juízes

proporcional à demanda e à população (art. 93, XIII), distribuição imediata dos autos

em todos os graus de competência (art. 93, XV), “justiça itinerante” e funcionamento

descentralizado dos órgãos jurisdicionais (art. 107, §§ 2º e 3º; art. 115, §§ 1º e 2º;

art. 125, §§ 6º e 7º; art. 126, § único), dentre outras. Além disso, pode-se citar o

gerenciamento da máquina judiciária por profissionais habilitados, ou seja, da

ciência da administração e não por magistrados, como ocorre na atualidade, onde

juízes acumulam as atribuições jurisdicionais com funções de diretor do foro.

Com isso, o preceito estabelecido no princípio da razoável duração do

processo, sobre o reflexo dele originado no cumprimento de sentença deve ser

interpretado sob o paradigma do Estado Democrático de Direito, com o intuito de

não incorrer na prática de uma justiça célere, mas autocrática.

Destarte, os dispositivos que regem o cumprimento de sentença devem ter

como mira a concretização do Estado democrático de Direito. Devendo desenvolver-

se validamente em simétrica paridade entre as partes e por meio de uma construção

participativa em meio aos atos executórios a serem praticados, logo, a corrente

defensora da intimação pessoal adéqua-se a tais paradigmas constitucionais. Até

porque, a exigência de intimação pessoal não é postulado contrário a razoável

duração e efetividade do processo. É sim, uma garantia de que aquele que

suportará o ônus da decisão judicial seja cientificado. Como bem lembra Câmara

(2006), é a garantia de um processo justo.

No mais, não se pode admitir que os dispositivos referentes ao cumprimento

de sentença sejam interpretados isoladamente, ignorando a existência dos demais

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dispositivos referentes à comunicação dos atos processuais e mesmo os prazos

processuais. O que se clama é a interpretação harmônica do cumprimento de

sentença com os demais dispositivos e princípios.

Por fim, a inobservância de tais paradigmas constitucionais, é um retrocesso,

é o retorno da execução medieval, impaciente de qualquer demora, totalmente

individual, em um estado rude e violento, a um total retorno ao estado de direito

romano arcaico, tudo isso, em nome do engodo da celeridade, da razoável duração

do processo e da efetividade. Portanto, tais engodos são momentâneos, não se

justificam, ao ponto de se desfazer da segurança jurídica e dos princípios

constitucionais.

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