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i Marcos Antonio Chaves Ricarte A Logística em pequenos supermercados e o papel da Tecnologia da Informação: um estudo de caso em uma associação de supermercados. Fortaleza, 2005

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Marcos Antonio Chaves Ricarte

A Logística em pequenos supermercados

e o papel da Tecnologia da Informação:

um estudo de caso em uma associação de

supermercados.

For taleza, 2005

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MARCOS ANTONIO CHAVES RICARTE

A Logística em pequenos supermercados

e o papel da Tecnologia da Informação:

um estudo de caso em uma associação de

supermercados.

Dissertação apresentada ao Curso de

Mestrado em Administração de

Empresas da Universidade de

Fortaleza – UNIFOR, como requisito

parcial para obtenção do título de

Mestre em Administração.

Orientador: Prof. Dr. Erico Veras Marques

Fortaleza, 2005

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MARCOS ANTONIO CHAVES RICARTE

A Logística em pequenos supermercados e o papel da

Tecnologia da Informação: um estudo de caso em uma

associação de supermercados.

Área de Concentração: Logística Empresarial

Linha de Pesquisa: Estratégia Empresarial

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Érico Veras Marques:_______________________________ Orientador – UNIFOR)

Profa. Dra. Vera Maria Rodrigues Ponte: ______________________ (Membro – UNIFOR)

Prof. Dr. Fernando Ribeiro Melo Nunes: _______________________ (Membro – UFC)

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Dedicatória:

À minha esposa, Erbênia Maria

Girão Ricarte, e minha filha,

Vanessa Girão Ricarte, pelo

amor que tenho a elas que são

colaboradoras nos momentos

mais difíceis.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, pela chance de educação e apoio durante toda a minha

vida estudantil.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Erico Veras Marques, pela confiança e

dedicação na condução deste trabalho.

À UNIFOR, por disponibilizar toda uma equipe de técnicos para a criação

de um novo tempo em educação com o Mestrado em Administração.

Aos amigos pessoais, alguns inclusive de longe, pelo apoio e preocupação

com os rumos do curso e do cursando.

Aos colegas de curso pela participação conjunta nas aulas.

Especialmente a minha esposa, Erbênia, pela dedicação e paciência, e

pela ajuda que nos últimos tempos tem dado ao trabalho, e

À minha filha, Vanessa, que tanto me animava nos momentos mais difíceis

desta dissertação.

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Perfil do autor: Graduado em Administração pela Escola de Administração do

Ceará – UECE em 1998. Especialista em Logística Empresarial pela

Universidade Federal do Ceará – UFC. Atualmente exerce a função de consultor

em empresas públicas e privadas no estado do Ceará, bem como a de professor

em nível de graduação e pós-graduação.

Resumo:

As mudanças que o varejo tem sofrido e a intensiva competição no setor de

supermercados torna oportuna a realização de um estudo, com o objetivo de

avaliar o uso da Tecnologia da Informação numa associação de pequenos

supermercados, tendo como foco principal os processos logísticos. A partir de

uma população de 21 supermercados pertencentes a uma associação de

compra localizada na cidade de Fortaleza, aplicou-se um questionário baseado

no modelo de Mahmood e Soon (1991), onde o principal objetivo foi selecionar

as empresas que apresentavam melhores resultados quanto ao uso e

investimentos em TI. Feito o estudo exploratório, três empresas foram

selecionadas para participarem da segunda fase do estudo de campo, das quais

duas foram estudadas, além da Associação UNIFORÇA. Por meio da técnica de

estudo de caso, investigou-se como estas empresas estavam utilizando a TI e

seus impactos nos processos logísticos. No geral, verificou-se que a Logística

destas empresas encontram-se ainda em um estágio pouco integrado, onde a

falta de utilização intensiva da TI limita muito o fluxo de informações. Neste

sentido, foi possível entender que os princípios da informação logística são

parcialmente atendidos, ao mesmo tempo em que os principais impactos da TI

na Logística se resumiram no aumento da produtividade, inovação e

flexibilidade.

Palavras-chave:

Logística. Tecnologia da Informação. Supermercados.

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ABSTRACT

The changes that the retails has undergone and the intensive competition in the supermarket sector enabled the studies with the aim of evaluate use of information tecnology in a small supermarkets association having the logistical process as its main goal. Starting from a populations of 21 supermarkets belonging to a sale association located in the city of Fortaleza, a questionnaire has been conducted based in the Mahmood e Soon (1991) model, where the main goal was to select the companies that showed the best results as the use of investments in IT. Have gone through this exploring study, dois companies and the sale association UNIFORÇA were selected to take port in the second phase of the impirical study, where, through the case study technique, it was investigated how this companies were using the IT in their logistical process. In general, it´s been started that those companie s logistics are still in a non-integrated stage where the lack of intense use of IT limitates a lot of inflow of information. In this sense, it was possible to understand that the logistic information principles are partly met, at the same time as principal impacts of the IT in the logistics come up to the rise of productivity, innovation and flexibility. Key words: Logistic. Information Technology. Supermarket.

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Lista de Ilustrações

Figuras

1. A integração Logística...........................................................................................37

2. A dinâmica dos fluxos Logísticos.. ........................................................................38

3. Fluxo de informações e materiais..........................................................................38

4.A cadeia de valor interna........................................................................................39

5.A cadeia de valor ampliada. ...................................................................................40

6. Classificação do varejo. ........................................................................................72

7. Delimitação do trabalho.........................................................................................93

8. Organograma da empresa 11. ............................................................................138

9. Organograma da empresa 12. ............................................................................155

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Tabelas

1. Margens praticadas antes e depois do plano Real................................................76

2 .Crescimento do faturamento das 5 maiores redes de supermercados do Brasil

entre 1997 e 2000.................................................................................................78

3.Participação das 5 maiores redes no faturamento total do setor. ..........................78

4. Comparação do faturamento do setor supermercadista com o PIB brasileiro na

década de 90. .......................................................................................................79

5.Comparação da Wal Mart após a compra do Bompreço........................................80

6.Número de aquisições no setor supermercadista entre 1994 e 2001. ...................81

7. Índice de concentração do setor supermercadista. ...............................................81

8.Faturamento nominal do setor supermercadista e a comparação com o PIB

brasileiro. ..............................................................................................................82

9.Características dos formatos das lojas...................................................................83

10. As 10 maiores associações de supermercados do Brasil. ..................................87

11. Perfil das lojas pertencentes a 56 associações...................................................88

12. Orçamento das empresas em TI. ......................................................................114

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Quadros

Quadro No. 1.Definições da idéia de qualidade. Fonte: Maximiano (2002). .............29

Quadro No. 2. Resumo dos modelos de avaliação da TI nas organizações.. ...........32

Quadro No. 3. Modelo de Mahmood e Soon (1991)..................................................33

Quadro No. 4. Modelo de Byrd e Marshall (1997).....................................................33

Quadro No. 5. Condições de recebimento de mercadorias perecíveis. ....................51

Quadro No. 6. As principais aplicações da TI na Logística. ......................................56

Quadro No. 7. Aplicações de TI consideradas no estudo. ........................................56

Quadro No. 8. Classificação das empresas pelo faturamento bruto anual................72

Quadro No. 9. Classificação das empresas comerciais segundo o número de

funcionários). ........................................................................................................73

Quadro No. 10.Classificação do setor supermercadista ...........................................73

Quadro No. 11.Cenários antes e após o Plano Real.................................................75

Quadro No. 12. Os sete maiores supermercados e a origem do capital. ..................77

Quadro No. 13.Ranking das 5 maiores redes de supermercados do país. ...............80

Quadro No. 14. Adaptação do Modelo de Mahmood e Soon (1991). .......................95

Quadro No. 15.Numeração das empresas que participaram da pesquisa. .............104

Quadro No. 16.Avaliação das empresas de acordo com o modelo de Mahmood e

Soon (1991). .......................................................................................................119

Quadro No. 17. Módulos existentes no SAAC. .......................................................132

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Gráficos

1. Crescimento do setor de TI em relação ao ano anterior .......................................23

2.Classificação das empresas por faturamento ......................................................105

3. Classificação das empresas por número de funcionários ...................................105

4.Classificação das empresas pelo número de check-outs.....................................106

5.Classificação das empresas de acordo com a área de venda .............................106

6.Perfil segundo o tipo de varejo. ............................................................................107

7. Total de funcionários na área de Logística..........................................................108

8.Participação das áreas da Logística na lotação de pessoal.................................109

9. Área de armazenagem das empresas pesquisadas ...........................................109

10. Área de armazenagem relativa .........................................................................110

11. Número de computadores nas empresas .........................................................112

12.Número de computadores por funcionário nas empresas..................................113

13.Distribuição dos computadores nas áreas da Logística .....................................116

14.Número de computadores na área de Logística das empresas .........................117

15. Aplicações de TI utilizadas na Logística das empresas ....................................118

16.Tipos de comunicação utilizados pelas empresas .............................................119

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SUMÁRIO

Introdução .........................................................................................14

1. Tecnologia da Informação e seu papel nas empresas ............22

1.1 Conceito de Tecnologia da Informação ................................................ 24

1.2 Os impactos da TI nas organizações .................................................... 26

1.3 Modelos de avaliação da TI.................................................................... 30

2. Logística Empresarial ..................................................................35

2.1 Conceito de Logística Empresarial ....................................................... 35

2.2 As atividades da Logística..................................................................... 36

2.3 Os fluxos logísticos................................................................................ 37

2.4 A importância da informação para a Logística .................................... 43

2.5 A Logística em supermercados............................................................. 49

3. A Tecnologia da Informação na Logística.................................55

3.1 Equipamentos ......................................................................................... 57

3.2 Softwares................................................................................................. 63

4. O varejo de supermercados ........................................................71

4.1 Conceito e classificação do varejo ....................................................... 71

4.3 O varejo de supermercado..................................................................... 74

5. Metodologia da Pesquisa ............................................................90

5.1 Problemática e objetivo da pesquisa.................................................... 90

5.2 Etapas da pesquisa ................................................................................ 91

5.3 Critérios de análise............................................................................... 101

6. Apresentação da pesquisa exploratória..................................104

6.1 Caracterização dos supermercados ................................................... 104

6.2 Estrutura Logística dos supermercados ............................................ 108

6.3 A TI nos supermercados ...................................................................... 112

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6.4 As aplicações da TI na Logística......................................................... 116

6.5 Escolha das empresas segundo o modelo de Mahmood e Soon (1991)

...................................................................................................................... 119

7. Apresentação dos casos ...........................................................120

7.1 Estudo e caso da Rede UNIFORÇA..................................................... 120

7.2 Estudo de caso da empresa 11 ........................................................... 137

7.3 Estudo de caso da empresa 12 ........................................................... 154

Análises e considerações finais...................................................171

8.1 A Logística nas empresas.................................................................... 171

8.2 A Tecnologia da Informação na Logística.......................................... 181

8.3 Considerações finais............................................................................ 193

Referências .....................................................................................197

Apêndices .......................................................................................212

1. Questionário do Levantamento Exploratório ....................................... 212

2. Protocolo de Pesquisa ........................................................................... 216

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Introdução

Na guerra pela busca da competitividade, as empresas focaram suas atenções

em estratégias voltadas para a área de marketing, finanças e produção, o que é

normal, uma vez que estas áreas são responsáveis pela fabricação e venda dos

produtos e serviços. Contudo, essa abordagem deixa de reconhecer a importância

das atividades que se intercalam entre o momento da produção e a compra do

produto. Estas atividades, mais conhecidas como operação ou Logística, afetam

decisivamente a eficiência e a eficácia das demais áreas (DORNIER et al. 2000).

Se a Logística de uma empresa não é satisfatória, todo esforço da produção e

do marketing pode ter sido em vão (CHRISTOPHER, 1999). Em se tratando de um

ambiente globalizado e de constantes mudanças, as operações Logísticas têm se

tornado cada vez mais complexas, mais onerosas, mais sofisticadas e mais

importantes sob o ponto de vista estratégico (FLEURY, 1999).

O momento da posse do produto, ou seja, o momento em que o cliente decide

levar o produto para casa é, sem dúvida alguma, o mais importante. Este momento é

decisivo, pois determina se a empresa reverterá ou não seus esforços em lucros.

Estima-se que 85% das decisões de levar um produto sejam tomadas no local

de compra (DWEK, 2004) e a falta do produto no ponto de venda fará com que o

cliente prefira, na maioria das vezes, o produto do concorrente (CHRISTOPHER,

1997). Portanto, se essa posse não for concretizada, as possibilidades de

comprometer a lucratividade da empresa são enormes (CHRISTOPHER, 1999).

Pensando neste aspecto, as empresas têm investido de forma crescente no

ponto de venda, fazendo com que o produto certo chegue ao cliente no lugar certo,

na hora certa (CHRISTOPHER, 1997). Fazer isso não é uma tarefa fácil e requer

dos profissionais de Logística algumas técnicas complexas que possibilitem o

gerenciamento dos dois fluxos básicos: o de materiais e o de informações

(BOWERSOX e CLOSS, 2001).

Alguns autores consideram também o fluxo monetário como parte da amplitude

de atuação da Logística (CAVANHA FILHO, 2001).

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Em se tratando do fluxo de materiais, a empresa precisa desenvolver

estratégias para posicionar corretamente seus estoques ao longo da cadeia,

definindo níveis de estoque, políticas de suprimentos, estrutura de armazenagem e

distribuição (BOWERSOX e CLOSS, 2001).

Por outro lado, o fluxo de informações faz com que as necessidades sejam

conhecidas em um prazo menor, facilitando todo o planejamento logístico (CHOPRA

e MEINDL, 2003). Alguns autores e estudiosos têm defendido que o gerenciamento

da informação é tão ou mais importante que o gerenciamento de materiais. A frase

“substituir estoques por informações” tem sido levada a sério pelas empresas que

buscam níveis de competitividade acima da média do mercado (CHRISTOPHER,

1999).

Porém, para que isso ocorra, a Tecnologia da Informação, ou mais conhecida

por TI, exerce um papel determinante, pois ela é base para que as informações

fluam de forma ágil e eficaz. Sem os aplicativos de TI, a troca de informações seria

limitada aos controles manuais (NAZÁRIO, 2004).

As aplicações de TI na Logística são várias, e engloba tanto os equipamentos

como os sistemas de informações. Combinadas, o uso destas tecnologias permite o

gerenciamento integrado e eficiente dos estoques, armazéns, transporte,

processamento de pedidos, compras e manufatura (FLEURY et al. 2000).

No setor de varejo, a TI assume um papel ainda mais preponderante, pois este

segmento de mercado sofre com as constantes mudanças de comportamento do

consumidor final.

Nesse sentido, as empresas têm investido em soluções que permitam o melhor

entendimento deste mercado, bem como na melhor maneira de atendê-lo (NOAVES,

2001).

Em se tratando do varejo supermercadista, considerando o excepcional

aumento da competitividade deste setor nos últimos anos, com a entrada de várias

empresas estrangeiras no mercado brasileiro e o forte movimento de fusões e

aquisições que mudaram substancialmente o perfil desse segmento, a sobrevivência

dos varejistas exige eliminação de desperdícios em toda a cadeia Logística, bem

como profissionalização do pessoal que atua nas lojas (BRAGA, 2004).

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Cientes disso, as grandes redes internacionais, como Carrefour e Wal-Mart,

iniciaram a onda de investimento em TI, em meados da década de 80. Em um

segundo momento, as grandes redes nacionais passaram a modernizar-se. Por fim,

os pequenos e médios varejistas deste setor precisaram acompanhar esta

tendência, sob pena de não conseguirem os níveis de eficiência alcançados pelas

grandes redes. De forma mais tímida, esta parte do setor tem investido na sua

modernização, com a implantação de equipamentos e softwares de gerenciamento

de informações (GONÇALVES e GONÇALVES, 2002).

Com o desenvolvimento do campo de conhecimento das ciências da

computação, as empresas passaram a utilizar os recursos de informática para

otimizar seus procedimentos internos. Desde meados da década de 60, os

computadores já faziam parte das operações internas das empresas, sistematizando

o fluxo de informações (ALBERTIN, 1996).

No entanto, para que as empresas possam aproveitar ao máximo os recursos

computacionais, elas devem contar com uma combinação de equipamentos e

sistemas capazes de proporcionar as informações necessárias para que os gerentes

possam tomar suas decisões (FLEURY et al. 2000).

Neste contexto, a Tecnologia da Informação vem contribuindo

significativamente para que as empresas consigam maiores níveis de produtividade,

ao mesmo tempo em que fornece suporte para a tomada de decisões (SOUSA E

VASCONCELOS, 2003).

Em se tratando da Logística, a TI tem sido a chave para o desenvolvimento

desta área (CALZA e PASSARO, 1997). Como a Logística trabalha com os fatores

tempo e lugar, fornecer respostas rápidas ao cliente consiste no seu principal trunfo.

A resposta rápida tornou-se possível devido ao desenvolvimento da TI, pois as

empresas podem gerenciar melhor seu fluxo de informações (TUMELERO, 2002).

As aplicações da Tecnologia da Informação na Logística englobam os

equipamentos, tais como leitores, palmtops e radiofreqüência, bem como os

sistemas como roteirizadores, sistemas de gerenciamento de armazéns (WMS –

Warehouse Management System), sistemas de informações Logísticas (SIL), dentre

outros (FLEURY, 2000).

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Assim, os Sistemas de Informações (Sis) assumem uma importância relevante.

Estes sistemas integram as operações internas em uma única plataforma,

proporcionando maiores níveis de eficiência, uma vez que as informações trafegam

ao longo dos setores com somente uma fonte de alimentação (FLEURY, 2000).

Além disso, os Sis proporcionam uma melhor organização e disponibilização de

informações, pois os bancos de dados existentes são capazes de contabilizar e

manusear uma quantidade de dados até então impossível (SOUSA e ZWICKER,

2000).

Os Sistemas de Informações devem contemplar também todas as atividades

Logísticas de uma empresa, com uma perspectiva integradora, ou seja, as

informações geradas em um setor devem estar disponíveis para que outros setores

da empresa possam utilizá-las e tomar decisões. Assim, as informações sobre a

demanda podem ser capturadas diretamente no ponto de venda e repassadas

diretamente para outras áreas da empresa e as informações sobre os níveis de

estoque nos diversos armazéns podem ser gerenciadas num só lugar, permitindo a

tomada de decisão sobre abastecimento mais centralizada (TUMELERO, 2002).

No varejo, mais do que em outros setores da economia, o binômio TI e

Logística consiste em um fator de sucesso para pequenas, médias ou grandes

empresas. Inserido em um ambiente conturbado, o varejo sofre constantemente com

as mudanças de clientes, fornecedores e concorrentes. Esse ambiente mutável

requer das empresas uma flexibilidade maior (HUFFMAN, 2003).

Considerando mais especificamente o varejo de alimentação, ou seja, os

supermercados, a utilização da Tecnologia da Informação aplicada à Logística pode

determinar a sobrevivência de uma empresa. Com a estabilização da economia, em

1994, este setor tem sofrido intensas mudanças estruturais, tais como o aumento do

acirramento da concorrência, o crescimento das vendas, diminuição das margens de

lucro, o que levou as empresas deste setor a buscarem novos diferenciais no serviço

e controle mais eficiente do negócio (ROJO, 1998a).

O grande desafio deste setor consiste na aglutinação e dominação das

informações (GONÇALVES, 2001). Pensando nisso, as grandes redes já investiram

e ainda investem milhões de Reais em sistemas que permitam um nível de eficiência

cada vez maior. Em um futuro próximo, até tecnologias recentes, como etiqueta

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eletrônica por rádio freqüência (RFID – Radio Frequency Indentification), se tornarão

comuns no varejo alimentício (HILL, 2004).

No que se refere aos pequenos e médios varejistas deste segmento, observa-

se que há a intenção de acompanhamento do uso das tecnologias existentes.

Porém, estas empresas possuem diferenças significantes em relação às grandes

redes, que acabam por dificultar a adoção de tais ferramentas.

Assim, entender como os pequenos supermercados utilizam a Tecnologia da

Informação em seus processos logísticos internos consiste na grande questão deste

estudo. Dessa forma, o problema central desta pesquisa está relacionado com a

busca de resposta para a seguinte questão:

Como os pequenos supermercados localizados na cidade de Fortaleza têm

utilizado a Tecnologia da Informação em seus processos logísticos?

Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo investigar, em uma

situação concreta, como os pequenos supermercados utilizam a Tecnologia da

Informação na Logística, visto que, nas empresas deste segmento, as atividades

Logísticas são consideradas cruciais para a competitividade.

Além do objetivo principal, esta pesquisa procurou:

1. Descrever o setor de supermercados, tanto nacionalmente, como em relação

ao estado do Ceará, com ênfase para as pequenas empresas deste setor;

2. Entender o funcionamento da Logística em pequenos supermercados.

3. Identificar as principais aplicações da TI na Logística dos pequenos

supermercados.

4. Identificar os principais impactos que a adoção da TI trouxe para estas

empresas, no que se refere aos seus processos logísticos.

O setor supermercadista consiste hoje num dos mais importantes do país, pois

além de ser responsável por uma parcela significativa do PIB brasileiro, este setor

desempenha um importante papel social, uma vez que é responsável por abastecer

os itens básicos para boa parte da população do país.

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Este setor vem passando por uma série de mudanças nos últimos anos.

Observa-se uma tendência de centralização, com respectivo aumento do poder das

grandes redes perante os fornecedores industriais. Para se ter uma idéia desta

concentração, as cinco maiores redes do Brasil respondem por 57% do faturamento

do setor (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SUPERMERCADOS, 2004). Esta é uma

tendência verificada em muitos países, principalmente na Europa, onde redes como

Carrefour, Casino, dentre outras, possuem uma parcela significativa do faturamento.

À sombra das grandes redes internacionais e nacionais, prospera um grande

número de pequenos e médios estabelecimentos regionais e locais. Estas empresas

buscam nichos de mercado que não são atendidos pelas grandes redes,

preponderando a capacidade de oferecer serviços personalizados, ao gosto do

cliente. Para se ter uma idéia, em 2000, os pequenos supermercados, de até 250

m2, já participavam com 23,8% do total de lojas no setor (SAAB et al. 2000a).

Considera-se, portanto, o pequeno supermercado como sendo lojas de auto-

serviço que possuem no mínimo dois check-outs, estão na maioria dos casos

localizados em bairros de periferia das cidades, com área de vendas não superior a

350 m2.

Os produtos que comercializam são, especialmente, alimentos, nos setores de

mercearias, carnes, frios, laticínios e hortifrutigranjeiros, além de artigos de uso e

consumo imediato. Apresentam alto giro e baixa margem de lucro, mantendo preços

competitivos (SAAB et al. 2000a).

Este segmento abastece uma parcela da população que não consegue ou não

se dispõe a adquirir seus produtos nas grandes lojas, chamadas de hipermercados,

e se valem de uma série de serviços personalizados que não são encontrados nas

lojas de maior porte.

Para a realização do presente trabalho, escolheu-se uma associação de

pequenos e médios supermercados em Fortaleza, que congrega 21 (vinte e uma)

empresas.

Inicialmente foi aplicado um questionário exploratório, com base no modelo

proposto por Mahmood e Soon (1991), que teve como objetivo apontar as empresas

que possuem melhores indicadores em relação à utilização e investimento em TI.

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Da aplicação do questionário, chegou-se a três empresas, das quais fez-

sedoisestudos de casos. O estudo contemplou também a Associação em função da

importância exercida no processo logístico como um todo.

A suposição é uma antecipação da resposta ao problema e está mais

associada a pesquisas qualitativas (VERGARA, 1997).

Neste trabalho são assumidas as seguintes suposições:

1. As empresas pesquisadas têm utilizado forma sistemática os aplicativos

de TI na logística.

2. As informações logísticas fluem de forma integrada, proporcionando um

melhor gerenciamento do fluxo de materiais.

3. A TI tem atendido aos princípios básicos da informação logística

4. Os profissionais de Logística utilizam, de forma sistemática, a TI para a

tomada de decisão.

5. A TI tem trazido impactos ou benefícios importantes para a Logística das

empresas.

Considerando que todo trabalho requer uma motivação especial para realizá-lo,

esta pesquisa não poderia ser diferente, pois ela permite uma contribuição

intelectual e acadêmica para o assunto proposto.

Assim, a relevância deste estudo reside no fato de que a Logística é hoje uma

área do conhecimento administrativo que proporciona às empresas níveis

consideráveis de competitividade, necessitando do administrador uma visão mais

apurada sobre o assunto. Ressalta-se ainda que a Logística moderna requer a

utilização intensiva de recursos tecnológicos com o objetivo de tornar os fluxos de

materiais mais rápidos.

Os resultados da pesquisa deverão tornar-se publicações para os meios

científico e empresarial, fornecendo informações que contribuirão para um melhor

entendimento do setor em questão, bem como servirão para futuras reflexões e

pesquisas sobre o assunto abordado.

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Com relação à estrutura do trabalho, o mesmo está organizado de acordo com

os seguintes capítulos:

� Capítulo 2: Conceitua TI sob o ponto de vista empresarial, aborda os impactos

da TI nas empresas e por fim apresenta um modelo que avalia o grau de

utilização da TI nas empresas, que será utilizado no presente estudo.

� Capítulo 3: Aborda os principais conceitos de Logística, enfatizando a

importância do fluxo de informações.

� Capítulo 4: Apresenta as principais aplicações da TI na área da Logística.

� Capítulo 5: Tem como objetivo apresentar a atual conjuntura do setor de

supermercados, com ênfase em dados do setor. Além disso, este capítulo

apresenta como funciona a Logística neste tipo de negócio.

� Capítulo 6: Explica como a pesquisa foi desenvolvida.

� Capítulo 7: Traz as informações colhidas na etapa exploratória do estudo.

� Capítulo 8: Apresenta os estudos de casos que foram realizados para o presente

trabalho.

� Capítulo 9: Apresenta as análises e considerações finais da pesquisa.

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1. Tecnologia da Informação e seu papel nas empresas

São atribuídos inúmeros fatores para explicar as recentes mudanças ocorridas

no campo empresarial. A emergência de uma economia global, na qual os países

dependem cada vez mais do comércio com outros países para sustentar suas

economias, tem forçado as empresas a buscarem novos mercados.

Paralelo a isso, uma mudança significativa na forma como as empresas

encaram seus investimentos fez com que os ativos físicos perdessem espaço para

os ativos intelectuais, ou seja, o que importa não é a quantidade de fábricas,

máquinas ou equipamentos que a empresa possui, mas a capacidade de gerenciar e

produzir conhecimento (LAUDON e LAUDON, 1997).

Por fim, as empresas precisaram desenvolver novas formas de responder mais

rapidamente ao ambiente, com estruturas mais flexíveis e horizontais (LAUDON e

LAUDON, 1997).

Para enfrentar estas mudanças, a inovação consiste em um diferencial

importante, para o qual a aplicação da Tecnologia da Informação (TI) é um aspecto

fundamental. A incorporação de recursos tecnológicos às empresas tem evoluído e

modificado os processos em todos os níveis, o que permite uma melhor adaptação

da empresa ao ambiente. Na verdade, os aplicativos de TI permitem que as

empresas possam gerar, tratar e interpretar as informações advindas de várias

fontes de forma a apoiar as decisões e assim sobreviverem no mercado (WANG,

1997).

É observando estes aspectos que as empresas têm direcionado cada vez mais

seus recursos para investir em TI. Em um estudo com mais de mil empresas em

todo o mundo nos anos 90, foi constatado que 80% estão gastando mais com

atividades de informação e criação de ativos intelectuais, relegando ao segundo

plano os investimentos em ativos fixos ou qualquer outro tipo de capital (TJADEN et

al. 1999).

Em se tratando do maior mercado do mundo, os Estados Unidos, o setor de TI

cresceu a taxas de 11% ao ano até o final da década de 90. Em 2001, chegou a

movimentar aproximadamente 300 bilhões de dólares. A partir de então, houve uma

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diminuição do volume de investimentos em função da maturidade do setor, porém,

estima-se que o mercado de TI nos EUA tenha crescido a taxas de 3% a 5% em

2004. No Brasil, o fenômeno é inverso. Estima-se que, em 2004, o mercado de TI

tenha crescido 11%, segundo o IDC, impulsionado pelo crescimento da economia no

último semestre de 2003 (PADUAN, 2004). O Gráfico No. 1 apresenta a evolução do

crescimento do mercado de TI brasileiro nos últimos 5 anos.

1 9 %

7 %1 1 %

-9 %-3 %

-1 5 %

-1 0 %

-5 %

0 %

5 %

1 0 %

1 5 %

2 0 %

2 5 %

2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4

Gráfico No. 1. Crescimento do setor de TI em relação ao ano anterior. Fonte: IDC Brasil, (2004) apud Paduan (2004).

Os crescentes índices de desenvolvimento do mercado de TI no Brasil

evidenciam a disposição das empresas em utilizar cada vez mais as informações de

forma estratégica, pois o que vai diferenciar uma empresa de outra está na

capacidade de administrar o conhecimento, ou seja, gerar, armazenar e disseminar

informações em todos os sentidos e para todos os níveis da empresa (COSTA e

SIQUEIRA, 2003).

Esta mudança de paradigma propiciou as condições necessárias para a

transição de uma economia industrial para uma economia de informação, na qual,

cada vez mais, o conhecimento representa o elemento diferenciador e estratégico

dentro das economias modernas, culminando com o uso crescente das tecnologias

da informação e de comunicações (LASTRES e ALBAGLI, 1999).

O presente capítulo tem como objetivo apresentar os principais conceitos de

Tecnologia da Informação e seus impactos nas organizações. Por fim, esta parte do

trabalho apresenta também o modelo proposto por Mahmood e Soon (1991), que

será utilizado na presente pesquisa para avaliar o grau de utilização da TI nas

empresas pesquisadas.

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1.1 Conceito de Tecnologia da Informação

O assunto Tecnologia da Informação tem sido pauta de vários estudos, artigos,

pesquisas e seminários desde meados da década de 60. É bem provável que,

dentre os diversos temas que englobam o escopo dos estudos empresariais, este

seja um dos mais abordados atualmente. É fácil compreender por que a TI desperta

tanta curiosidade para acadêmicos e profissionais. Ao mesmo tempo em que a TI é

uma ferramenta para se atingir ganhos de produtividade e novos mercados, sua

utilização de forma satisfatória é algo muito distante para a maioria das empresas

(ALBERTIN e MOURA, 2004).

Qualquer empresa, mesmo aquelas mais rudimentares, utiliza algum tipo de

tecnologia. Na verdade, todas as empresas dependem de alguma tecnologia para

poderem funcionar. Em um conceito mais amplo, considera-se tecnologia como

sendo um conjunto de conhecimentos, constituídos por máquinas, equipamentos,

fórmulas, planos, projetos, marcas, procedimentos, programas e tudo aquilo que

pode auxiliar a empresa a desempenhar suas atividades. A tecnologia envolve

aspectos físicos (hardwares) e aspectos abstratos (softwares) e podem ou não estar

incorporadas a benefícios físicos (CHIAVENATO, 2000).

Atualmente, a concorrência é sustentada pela capacidade de adquirir, manter,

interpretar e utilizar a informação de forma eficaz (SOARES, 2000). Neste sentido, a

informação tornou-se um recurso fundamental em qualquer organização. A máxima

que as empresas fabricam cada vez menos produtos e mais informações nunca foi

tão verdadeira.

Resumindo, não existe gerenciamento possível sem informações e, na guerra

da competitividade, as empresas vencedoras são aquelas que dominarem melhor as

informações (MAÑAS, 1999).

A informação é a força motriz para a geração de riqueza e prosperidade, mais

até que os fatores tradicionais de produção, como terra e capital. Porém, o sucesso

de uma empresa é determinado pela capacidade de usar a informação para

benefício próprio e não no fato de possuí-la (MCGEE e PRUSAC, 1995).

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Assim, entender o conceito de informação torna-se essencial no contexto do

trabalho. Dentre as diversas definições destacam-se as seguintes:

Informação é o processo pela qual a empresa informa-se sobre ela mesmo e seu ambiente, e por ele informa ao seu ambiente sobre ela mesma (MAÑAS, 1999, p. 13).

Informação é o dado trabalhado que permite o executivo tomar decisões (OLIVEIRA, 2001, p. 10).

Informação é o dado formatado que deve ser importante e funcional para a vida humana (LAUDON e LAUDON, 1997, p. 35).

A informação tem pouco valor se não houver confiabilidade e rapidez. As

determinantes da qualidade da informação podem ser consideradas sob três

aspectos: Exatidão, agilidade e formato apropriado (CLOSS et al., 1997; GUSTIN et

al. 1995 apud MOBERG et al. 2002).

Assim, o gerenciamento da informação consiste no processo de coordenar e

utilizar a informação disponível em uma organização, obtendo o melhor rendimento

dos recursos disponíveis e garantindo vantagem competitiva sobre a concorrência

(TAYLOR e FARREL, 1994 apud SOARES, 2000).

Se for considerado que a TI se resume aos recursos de informática que são

utilizados pelas empresas para desempenhar algumas atividades, esta concepção é,

no mínimo, limitada. O conceito de TI transcende os aspectos técnicos e envolvem

aspectos organizacionais e humanos (LAURINO, 2002). Assim, o conceito de TI é

mais abrangente do que os de processamento de dados, sistemas de informação,

engenharia de software, informática ou o conjunto de hardware e software, pois

também envolve aspectos humanos, administrativos e organizacionais (LAURINDO,

2001).

A Tecnologia da Informação reúne as contribuições da tecnologia e da

administração para estabelecer uma estratégia integrada (negócios + organização +

tecnologia), projetar e instalar sistemas de informação e as coerentes mudanças

organizacionais (WALTON, 1994).

Em uma amplitude maior, TI é definida como sendo o uso de hardware e

software, telecomunicações, automação, recursos multimídia, dentre outros, de

forma centralizada ou descentralizada, bem como os sistemas de informações,

serviços, negócios, usuários e as relações complexas envolvidas (WEIL, 1992;

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LAUDON e LAUDON, 1997).

A TI possui o potencial de controlar, processar e criar informações, sobretudo

por meio do uso dos sistemas de informação, uma das ferramentas da TI mais

utilizadas no apoio às funções administrativas (MOREIRA, 2003 apud PROTIL e

SOUSA, 2004).

No que se refere ao presente trabalho, adotar-se-á o conceito de TI como

sendo os sistemas de informação, o uso de hardware e software, telecomunicações,

automação, recursos multimídia, utilizados pelas organizações para fornecer dados,

informações e conhecimento (LAURINDO, 2001).

1.2 Os impactos da TI nas organizações

Empresas que falharam ao acompanhar a Revolução da Informação não

prosperaram e têm sido transformadas em retardatárias sob o ponto de vista

tecnológico, colocando-se em desvantagem estratégica (MAHMOOD e SOON,

1991). De fato, a TI tornou-se um fator fundamental para a estratégia competitiva da

empresa (WALTON, 1994), o que a transforma em uma ferramenta empresarial que

altera as bases de competitividade e estratégias empresariais (CAMPOS FILHO,

1994).

O uso da TI, de uma forma geral, permite um aumento da produtividade, um

controle mais ampliado, diminuição das gerências intermediárias e reengenharia dos

processos (TURBAN et al. 1999).

Assim, a TI está provocando profundas alterações na organização do processo

de trabalho, ao mesmo tempo em que viabiliza a integração entre as diversas

unidades do negócio ao nível da organização e além das suas fronteiras, altera a

natureza competitiva dos diversos setores da economia, disponibiliza novas

oportunidades estratégicas para as organizações, provocando uma avaliação e a

redefinição da missão, metas e operações e, por fim, modifica as estratégias de

gestão e, conseqüentemente, a estrutura organizacional (MORTON, 1991).

Porém, existe uma dificuldade em mensurar estes impactos, pois os benefícios

causados pela TI são difíceis de visualizar, porquanto as empresas não conseguem

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indicadores que representem estes impactos (CORNELLA, 1994).

De uma maneira mais simplificada, os impactos da TI para as organizações são

estudados sob a forma de melhorias na eficiência, na produtividade, na qualidade,

na inovação, na flexibilidade e, por conseguinte, nos custos (ALBERTIN e MOURA,

2004).

1.2.1 Os impactos da TI na inovação

Conceitualmente, a inovação consiste em uma pura introdução de novos

produtos e novas técnicas com o objetivo de fazer algo que antes não era possível

fazer, ou pelo menos não era possível do ponto de vista econômico (GÜELL &

VILLA, 2001 apud FONSECA et al., 2004).

O processo de inovação nas empresas se dá por meio de três fases distintas,

que são: invenção, inovação e difusão. A invenção distingue-se da inovação em

decorrência de ser a segunda um fenômeno essencialmente econômico, em que

ocorre a comercialização de um novo produto ou implementação de um novo

processo. Em contraposição, as invenções constituem conhecimento novo, cuja

aplicação pode ou não ser economicamente viável. (SCHUMPETER, 1912; 1943

apud SANTINI e SOUSA FILHO, 2004).

Existem praticamente duas formas de promover o processo de inovação nas

empresas. Na primeira, a empresa pode inovar comercializando novos produtos e

implementando novos equipamentos de processo que ela desenvolveu mediante

suas próprias atividades inventivas. Na segunda, o processo se dá por meio do

investimento em novos equipamentos de processo que ela desenvolveu por meio de

suas próprias atividades inventivas ou comprando de um fornecedor (SANTINI e

SOUSA FILHO, 2004).

Neste contexto, a utilização de novas tecnologias é reconhecidamente um fator

relevante para atingir a melhoria da competitividade e o incremento das inovações,

para a qual a TI desempenha um papel fundamental, uma vez que os equipamentos

e programas de computador permitem que as empresas desenvolvam novos

produtos ou melhorem os existentes, além de propiciar também o ambiente favorável

para a mudança dos processos de trabalho (FONSECA et al. 2004).

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1.2.2 Os impactos da TI na flexibilidade

Nos últimos tempos, com a crescente exigência dos consumidores, as

empresas se viram obrigadas a reaprenderem a criar novos negócios, produtos e

serviços, conforme o ambiente empresarial mudava. Esta é uma característica

imprescindível para atender a um mercado exigente, global e altamente mutável. A

presença cada vez maior da Tecnologia da Informação nas empresas tem-se dado

por razões estratégicas fundamentais: a competitividade crescente leva à

necessidade de maior domínio sobre os parâmetros que estão em jogo, maior

flexibilidade para adaptar-se a novas condições do mercado e maior capacidade de

absorção de novas técnicas e tecnologias (SPINOLA e PESSOA, 1997).

A flexibilidade nas empresas pode ser analisada sob a ótica da capacidade de

variar o volume produzido, de introduzir ou retirar produtos da linha, de alterar o mix

(variedade de modelos); da capacidade de operar com produtos sazonais ou

suportar trabalhar com deficiências no sistema produtivo, além de suportar erros de

previsão de vendas (SALERMO, 1992 apud AVELAR et al., 2004). A flexibilidade

pode ser analisada também como sendo a habilidade da empresa para reinventar

dinamicamente os modelos de negócios e as estratégias conforme as circunstâncias

mudam (HAMEL e VÄLIKANGAS, 2003).

Nesse contexto a TI se insere como uma poderosa arma frente às constantes

mudanças ambientais. A TI torna os processos mais enxutos e rápidos, fazendo com

que as empresas possam modificar seus processos de forma rápida, em face das

mudanças ambientais. Um outro aspecto é a capacidade que os recursos

tecnológicos disponibilizam para coletar e interpretar estas mudanças. Em resumo, a

TI possibilita às empresas uma diminuição do tempo de mudança, um maior grau de

independência e uma maior capacidade de mudança do escopo do negócio

(ALBERTIN e MOURA 2004).

1.2.3 Os impactos da TI na qualidade

O enfoque da qualidade nasceu na administração primeiramente para resolver

o problema da uniformidade. Com o passar do tempo, a palavra “qualidade” tornou-

se mais ampla, englobando os conceitos de excelência, valor, especificações,

conformidade, regularidade e adequação ao uso, conforme apresentado no Quadro

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No. 1 (MAXIMIANO, 2002).

Excelência • O melhor que se pode fazer, o padrão mais elevado de desempenho em qualquer campo de atuação.

Valor

• Qualidade como luxo. Maior número de atributos. Utilização de materiais ou serviços raros, que custam mais caros.

• Valor é relativo e depende da percepção do cliente, seu poder aquisitivo e sua disposição para gastar.

Especificações • Qualidade planejada. Projeto do produto ou serviço. Definição como o produto ou serviço deve ser feito.

Conformidade • Grau de identidade entre o produto ou serviço e suas especificações. Regularidade • Uniformidade: produtos e serviços idênticos. Adequação ao uso • Qualidade do projeto e ausência de deficiências.

Quadro No. 1.Definições da idéia de qualidade. Fonte: Maximiano (2002).

A TI colabora para a definição e manutenção dos padrões de qualidade, uma

vez que as aplicações de TI permitem às empresas elevados índices de

conformidade, diminuindo os índices de desvios, colaborando assim para a

satisfação dos clientes (ALBERTIN e MOURA, 2004).

1.2.4 Os impactos da TI na produtividade

O impacto da TI na produtividade das empresas é, por si só, um assunto

polêmico e que está muito longe de ser consenso entre os estudiosos. Se de um

lado existe uma corrente que defende que não existe relação alguma entre os

investimentos em TI e produtividade, outra corrente afirma exatamente o contrário

(FERREIRA e RAMOS, 2004).

Com relação ao presente estudo, considerou-se que a TI pode influenciar na

produtividade das empresas, conforme já foi demonstrado em pesquisas como as

que foram realizadas nos bancos. Neste segmento, ficou constatada que as

empresas que mais investiram em TI foram a mais eficiente globalmente (BECKER

et al., 1999 apud FERREIRA e RAMOS, 2004).

Outro exemplo pode ser dado no setor automotivo, quando as montadoras de

automóveis japonesas conseguiram invadir os Estados Unidos com produtos de

qualidade superior e preços menores, conceitos como células de produção, just in

time, produção flexível e enxuta, qualidade (MAXIMIANO, 2002).

O conceito de produtividade refere-se a quanto é possível produzir, dado um

limitado número de recursos disponíveis. Neste sentido, um aumento de

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produtividade envolve a ampliação de um dos recursos de produção, seja matéria-

prima, terra, capital, mão-de-obra ou tecnologia (MOREIRA, 2004).

Dentre as estratégias adotadas para o aumento de produtividade nos últimos

anos, a TI é vista como fator de viabilização da competição em abrangência mundial,

bem como de criação de novas táticas de negócios, de novas estruturas

organizacionais e de novas formas de relacionamento entre empresas e entre

empresas e seus consumidores (LAURINDO, 2002).

Neste aspecto, a TI é ferramenta essencial para eliminar as atividades não

necessárias ao mesmo tempo em que diminui o tempo e o custo de processamento

das atividades que são necessárias (SANTOS e LAURINDO, 2004).

1.2.5 Os impactos da TI nos custos

Os impactos da TI nos custos derivam principalmente dos impactos na

produtividade e qualidade. No momento em que a TI propicia a melhoria de novos

produtos e facilita a criação de outros novos, os custos de materiais e

processamento são reduzidos. Da mesma forma, quando a TI colabora na

implementação de processos mais enxutos e, ao mesmo tempo, melhora a

qualidade dos produtos, os custos também são reduzidos (ALBERTIN e MOURA,

2004).

Portanto, a TI, quando bem utilizada, reduz os custos da empresa porque

agiliza, possibilitando maior segurança e confiabilidade aos processos, rotinas e

controles administrativos; simplifica as tarefas burocráticas, reduz os erros e

praticamente elimina o (re)trabalho (PRATES, 2002).

1.3 Modelos de avaliação da TI

A TI pode ser avaliada sob o aspecto da eficiência ou da eficácia. Fazendo

referência genérica aos dois conceitos, eficiência significa escolher o caminho mais

curto ou mais barato para a consecução dos objetivos desejados (CARAVANTES, et

al. 2005). Já a eficácia refere-se à consecução dos objetivos propostos, ou seja, se o

sistema conseguiu ou não cumprir o que foi determinado (CHIAVENATO, 2000).

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Quando se avalia a TI sob o aspecto da eficiência, a preocupação reside nas

saídas que o sistema produz em relação às entradas, ou seja, predomina os

aspectos técnicos, como número de linhas codificadas, custo previsto em relação ao

real, porcentagem de erros na fase de desenvolvimento, dentre outros (LAURINDO,

2000).

Ao avaliar a TI sob o ponto de vista da eficácia, a preocupação reside no

atendimento dos objetivos organizacionais, ou seja, os impactos do sistema nos

negócios, englobando o grau de satisfação dos usuários, impactos nos negócios,

compatibilidade com as estratégias da empresa, dentre outros (LAURINDO, 2000).

Assim, quando se avalia a TI sob o ponto de vista da eficácia, os modelos

existentes podem ser classificados em três grupos, que levam em consideração os

aspectos financeiros, estratégicos e a avaliação da TI em si, conforme descrito a

seguir (LAURINDO, 2000).

1. Avaliação da TI segundo indicadores financeiros: Procura relacionar os

investimentos em TI com o desempenho financeiro da empresa. De uma

forma geral os modelos deste grupo tentam mostrar que as empresas que

mais investem em TI são as que apresentam melhores resultados

financeiros.

2. Avaliação da TI em relação à estratégia da empresa: Neste grupo,

encontram-se os modelos que tentam relacionar a estratégia de negócio

da empresa com a estratégia de TI. Assim, os modelos deste grupo

tentavam relacionar os impactos da TI nas características e ações das

empresas.

3. Processo de avaliação da TI e classificações dos modelos de

avaliação da TI: Neste grupo são incluídos os trabalhos e modelos que

discutem o processo de avaliação da TI em si e também as diferentes

classificações que foram propostas para a avaliação da TI.

O Quadro No. 2 apresenta um resumo sobre os diversos modelos de avaliação

da TI, sob o ponto de vista da eficácia (LAURINDO, 2000).

FOCO NA AVALIAÇÃO FINANCEIRA MODELO IDÉIAS/DESTAQUES

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MAHMOOD e SOON (1991) Relação entre uso de TI e indicadores financeiros mostrando relação positiva.

BYRD; MARSHALL (1997) Relação entre uso de TI e indicadores financeiros, mostrando resultados inconclusivos.

LI;YE (1999) Desempenho da TI e da empresa, conforme contexto ambiental, estratégico e administrativo, a partir dos investimentos em TI.

FOCO NA ESTRATÉGIA MODELO IDÉIAS/DESTAQUES

NOLAN (1979 ) Modelo de Estágios de informatização das empresas DONOVAN (1988) Modelo de Estágios da TI descentralizada

ROCKART (1979) Modelo dos Fatores Críticos de Sucesso, relacionando-os com os sistemas de informação que lhes dêem suporte ou a suas medições.

MCFARLAN (1984) Grid Estratégico: papel estratégico das aplicações presentes e futuros de TI para diferentes tipos de empresas.

MILLAR;PORTER (1985) Matriz de intensidade de informação nos produtos e processos MODELO IDÉIAS/DESTAQUES

HENDERSON; VENKATRAMAN (1993)

Alinhamento entre Estratégias de TI e de negócio e infra-estrutura de TI do negócio. Perspectivas de Alinhamento (quem impulsiona o alinhamento).

AVISON; EARDLEY; LEWIS; POWELL (1996)

Estudo de casos "clássicos" de sucesso de sistemas de TI estratégicos, de acordo com as forças competitivas de Porter.

LUFTMAN (1996) Discussão sobre fatores facilitadores e inibidores do alinhamento, de acordo com a visão dos executivos de TI e do negócio.

PRAIRIE (1996) "Benchmarking" de alinhamento estratégico, tendo em base pesquisa em grandes empresas com uso bem sucedido de TI.

ROCKART; EARL; ROSS (1996)

"Imperativos" para a organização da TI, de acordo com o cenário atual de competição globalizada.

MCFARLAN (1990)

Análise do que viria a ser a "Década da Informação" (anos 90), enfocando as tendências para a TI, características de sistemas estratégicos e razões para fracassos nos projetos de TI.

ROSS; BEATH; GOODHUE; (1996)

Competitividade no longo prazo com base em três “ativos” de TI: “staff” de TI, base tecnológica reutilizável e parceria entre a administração da TI e do negócio. FOCO NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO

MODELO IDÉIAS/DESTAQUES

WILLCOCKS; LESTER (1997)

Discussão dos fatores a serem considerados para a avaliar a TI, explicando a origem do “paradoxo” da produtividade. Modelo de avaliação de "ciclo de vida dos sistemas"

FARBEY; LAND; TARGETT (1995)

"Escada" de avaliação de benefícios: classificação de aplicações de TI em oito grupos e respectivos métodos de avaliação.

HIRSCHEIM; SMITHSON (1998)

Classificação dos modelos de avaliação de TI; histórico da avaliação da TI.

Quadro No. 2. Resumo dos modelos de avaliação da TI nas organizações. Fonte: Laurindo (2000).

Dos diversos modelos apresentados no Quadro No. 2, destacam-se as que

possuem um foco no aspecto financeiro, que são aqueles propostos por Mahmood e

Soon (1991), Byrd e Marshall (1997) e Li e Ye (1999).

Originalmente, o modelo proposto por Mahmood e Soon (1991) relaciona os

investimentos em TI com o desempenho financeiro da empresa, ou seja, quanto

maior o investimento em TI, melhor o desempenho econômico da empresa (Quadro

No. 3).

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INDICADORES DE INVESTIMENTOS EM TI INDICADORES DE DESEMPENHO ECONÔMICO E ESTRATÉGICO

Orçamento de TI para a organização Retorno sobre vendas. Orçamento de TI em relação ao faturamento da organização Retorno sobre investimentos.

Valor dos investimentos em TI na organização Crescimento de receitas. Valor dos investimentos em TI em relação ao faturamento da organização Vendas por funcionário.

Número de PCs e terminais na organização Fluxo de caixa para investimentos. Número de PCs e terminais na organização em relação ao total de funcionários Vendas por ativos totais.

Percentual do orçamento em TI gasto com staff de TI Valor de mercado sobre valor contábil.

Percentual do orçamento em TI gasto com treinamento de staff de TI Endividamento total sobre patrimônio líquido.

Capital sobre vendas líquidas. Pagamento de dividendos

Quadro No. 3. Modelo de Mahmood e Soon (1991). Fonte: Adaptado pelo autor (2005).

O estudo de Byrd e Marshall (1997) foi na verdade um aprofundamento do

estudo de Mahmood e Soon (1991), porém com o uso de outros indicadores,

conforme demonstrado no Quadro No. 4.

INDICADORES DE INVESTIMENTOS EM TI Número de computadores por funcionário % gasto em treinamento dado ao staff de TI em relação ao orçamento da área. Valor gasto em TI em relação á receita da empresa. % gasto com pessoal do staff de TI em relação ao orçamento da área. Orçamento de TI em relação à receita da empresa.

Quadro No. 4. Modelo de Byrd e Marshall (1997). Fonte: Adaptado pelo autor (2005).

O estudo de Byrd e Marshall (1997) foi criticado por apresentar alguns

problemas, dentre os mais relevantes destacam-se a validade em utilizar os gastos

com treinamento do pessoal do staff de TI em vez de utilizar este indicador com os

usuários, o total gasto com pessoal de staff pode estar relacionado com a

quantidade de pessoas da empresa e não com a qualidade, além de não abordar o

contexto organizacional na qual a empresa está inserida (LAURINDO, 2000).

Considerando a instabilidade do ambiente organizacional, Li e Ye (1999)

consideraram este aspecto no estudo. Para os autores, os investimentos em TI

devem ser considerados comparando com os ativos totais da empresa. A propensão

da empresa em expandir sua participação no mercado deve ser medida com base

nos gastos em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) e Marketing e a eficiência deve

ser medida tendo por referência os investimentos em capital (LAURINDO, 2000).

Assim, considerando os modelos que relacionam a TI com o desempenho

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financeiro das empresas, para o presente trabalho optou-se pelo que foi proposto

por Mahmood e Soon (1991). A justificativa para a escolha deste modelo deveu-se à

sua simplicidade e aplicabilidade (LAURINDO, 2000), uma vez que os dados e

informações necessárias para a sua aplicabilidade são de fácil acesso.

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2. Logística Empresarial

Ao longo do tempo, as atividades Logísticas foram sendo incorporadas às

expansões comerciais, marítimas e militares de grandes civilizações. Em uma época

mais recente, a Logística foi incorporada às empresas como meio de redução de

custos e atendimento das necessidades dos clientes (NOVAES, 2001).

O presente capítulo tem como objetivo fazer uma revisão teórica sobre a

Logística, suas atividades, fluxos (de materiais e informações) e a importância da

informação para a Logística.

2.1 Conceito de Logística Empresarial

O conceito moderno de Logística é fornecido por diversos autores, sendo que

um dos mais utilizados é fornecido pelo CLM (Council of Logistics Management),

adotado também por Bowersox e Closs (2001), Novaes (2001), Pozo (2002), Simchi-

Levi et al (2003), Ballou (1993), dentre outros. Para o CLM, Logística é:

O processo de planejamento, implantação e controle eficiente e eficaz do

fluxo e armazenagem de mercadorias, serviços e informações

relacionadas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o

objetivo de atender às necessidades dos clientes.

Outros autores trazem concepções parecidas com a colocada pelo CLM. Numa

visão mais estratégica, Logística pode ser considerada como sendo

(CHRISTOPHER, 1997):

O processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, movimentação e

armazenagem de materiais, peças e produtos acabados (e os fluxos de

informações correlatas) através da organização de seus canais de

marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades presente e futura

através do atendimento dos pedidos a baixo custo.

A missão da Logística está ligada à satisfação das necessidades dos clientes

em termo de serviço, ao menor custo possível, ou seja, colocar as mercadorias ou

os serviços certos, no lugar e no instante corretos, nas condições acertadas, ao

menor custo possível (BALLOU, 1993: 23).

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Um aspecto da missão colocada acima refere-se ao serviço prestado pela

Logística, relacionada à colocação do produto nas mãos do cliente exatamente

como foi combinado (CHRISTOPHER, 1997). O serviço logístico pode ser

representado pelo tempo de entrega, exigências mínimas de compra, porcentagem

de falta de produtos, dentre outros (BALLOU, 1993). A forma como a empresa

administra esta combinação de elementos determina o seu desempenho no

atendimento dos pedidos aos clientes (BOWERSOX e CLOSS, 2001).

Dependendo do desempenho do serviço logístico de uma empresa, a mesma

passa a ser preferida pelos seus clientes, pois, com melhores serviços, algo mais

além do produto em si é oferecido. Enquanto os fatores preço e qualidade são vistos

hoje como uma obrigação, pois eles permitem apenas qualificar a empresa a

competir, o serviço é visto como um fator que decide a preferência de um fornecedor

em relação a outro (ELIAS, 2002).

Um outro aspecto a ser considerado na missão da Logística diz respeito aos

custos envolvidos na prestação do serviço logístico. Em princípio é possível atingir

qualquer nível de serviço logístico, desde que a empresa esteja disposta a alocar os

recursos necessários. Assim uma empresa poderia disponibilizar uma frota de

caminhões de prontidão e manter estoques cada vez mais próximos dos clientes

para possibilitar uma entrega em minutos, por exemplo. Porém, em função das

restrições econômicas, procura-se um equilíbrio entre o serviço e o custo da

prestação deste serviço (BOWERSOX e CLOSS, 2001).

2.2 As atividades da Logística

As atividades que compõem a Logística podem variar de empresa para

empresa, dependendo da estrutura organizacional, do tamanho, da concepção de

Logística pela empresa, dentre outros fatores (BALLOU, 2001). Estas atividades

devem ser consideradas sob o ponto de vista da integração total, ou seja, as

atividades não são isoladas umas das outras, mas sim inter-relacionadas, formando

um todo que compõe a Logística integrada (BOWERSOX e CLOSS, 2001).

A Logística de uma empresa pode ser considerada como uma integração entre

a administração de materiais e a distribuição física e que ambas são compostas

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basicamente das mesmas atividades, diferenciando que a administração de

materiais lida com matérias-primas e a distribuição física com produtos acabados

(GOMES e RIBEIRO, 2004).

As atividades Logísticas podem ser separadas didaticamente em dois grupos.

O primeiro, chamado de atividades-chave, engloba transporte, manutenção de

estoque e processamento de pedidos. Já o segundo, que pode ser chamado de

atividades de apoio, engloba armazenagem, manuseio de materiais, compras,

embalagem protetora, programação de produtos e manutenção da informação

(BALLOU, 2001).

2.3 Os fluxos logísticos

O problema básico de qualquer organização é a administração eficiente dos

fluxos totais, compreendendo desde o processo de previsão de demanda, passando

pelo processamento do pedido do cliente, pela aquisição de matérias-primas e

insumos, para a produção, armazenagem, produção, transporte e distribuição dos

produtos as redes atacadistas, varejistas até a chegada do produto ao cliente final

(BARROSO, 2001). Neste sentido, o gerenciamento da Logística é, na verdade, o

gerenciamento de seus fluxos (CHRISTOPHER, 1997).

A sincronia entre os fluxos de informações e de materiais é um requisito básico

para o melhor desempenho logístico (DORNIER et al. 2000). Para conseguir

melhoria no processo logístico, é necessário considerar o fluxo integrado como um

sistema único em vez de considerar componentes isolados.

Surge então o conceito de Logística Integrada, com seus fluxos funcionando

harmonicamente. Esta integração deve englobar tanto as áreas internas da empresa

como fornecedores e clientes, conforme representado na Figura No. 1.

Figura No. 1. A integração Logística. Fonte: Bowersox e Closs (2001).

Clientes

Fluxo de materiais

Distribuição Física

Apoio à Manufatura

Suprimento

Fluxo de informações

Fornecedores

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Os fluxos de materiais e informações fluem no âmbito interno da empresa,

envolvendo a área comercial (responsável pela interface da empresa com o mercado

consumidor), a área de suprimentos (relação da empresa com o mercado

fornecedor), a produção (geradora do produto final, interagindo suprimento e

distribuição física, responsável pelo planejamento, execução e entrega do produto

final ao cliente), conforme representado na Figura No. 2.

Figura No. 2. A dinâmica dos fluxos Logísticos. Fonte: Elaborado pelo autor (2005).

Assim, os fluxos fluem no âmbito externo, integrando as empresas

fornecedoras de matérias-primas e insumos, o fabricante, o distribuidor, os clientes e

os consumidores, com vistas a obter melhorias na relação tempo e custos,

conduzindo a vantagens competitivas (Figura No. 3).

Figura No. 3. Fluxo de informações e materiais. Fonte: Pereira Filho (2002).

Todos os processos logísticos podem ser vistos como uma rede de atividades

interligadas que somente podem ser otimizadas de forma global, por meio do

enfoque de tempo do ciclo total. Qualquer tentativa no sentido de otimizar elementos

Fluxo de materiais

REMESSAS DE MATÉRIAS-PRIMAS

E INSUMOS

REMESSA DE PRODUTOS ACABADOS

REMESSA DE PRODUTOS ACABADOS

EMPRESA A Fornecedora

EMPRESA B Fabricante

EMPRESA C Distribuidor

CLIENTES E

CONSUMIDORES

PEDIDOS DE MATÉRIAS-PRIMAS

E INSUMOS

PEDIDOS DE PRODUTOS ACABADOS

INFORMA AS NECESSIDADES

Fluxo de informações

Comercial Estoque de

produtos acabados

Produção Estoque de matérias-

primas Compras

Fluxo de materiais Fluxo de informações

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ou atividades individuais levará a um resultado geral subotimizado (CHRISTOPHER,

1997).

2.3.1 Fluxo de materiais

O fluxo de materiais abrange toda movimentação e armazenagem de materiais,

iniciando-se com a expedição do mesmo por parte do fornecedor, terminando com a

entrega do produto final ao cliente (BOWERSOX e CLOSS, 2001).

Analisando sob o ponto de vista interno da empresa, na medida em que um

material passa pelas etapas de produção, ele se transforma, passando de matéria-

prima para produto acabado. As etapas que os materiais seguem neste processo

obedecem ao sentido suprimento-manufatura-distribuição. No transcorrer deste

processo, existe uma agregação de valor. Por fim, quando a posse do produto passa

das mãos da empresa para as mãos dos clientes por meio da distribuição física, os

mesmos são acrescidos de mais um valor, pois os vetores tempo e espaço são

minimizados (BOWERSOX e CLOSS, 2001).

A cadeia de valor interna então pode ser representada pelo conjunto de

atividades que faz com que a matéria-prima se transforme em produto, que o cliente

está disposto a pagar (Figura No. 4).

Figura No. 4.A cadeia de valor interna. Fonte: Christopher (1999, p. 102).

No entanto, o conceito de valor agregado não pode ser considerado somente

do ponto de vista interno. A integração dos processos industriais e comerciais deve

ser vista partindo do consumidor final, chegando até os fornecedores iniciais,

gerando produtos, serviços e informações que agregam valor para o cliente

(NOVAES, 2001). Esse conceito tem recebido diversas denominações: Cadeia de

Valor (PORTER, 1991), Cadeia de Valor Ampliada (CHRISTOPHER, 1999), Cadeia

de Abastecimento (POIRIER e REITER, 1997), Redes de Valor (BOVET & MARTHA,

2001), dentre outros. Miranda et al (2001) complementam o seguinte:

Logística interna Operações Construção da marca

Logística externa

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Para sobreviver de forma competitiva, é preciso que as empresas

participem de cadeias de valor ou cadeias de produção eficientes. É

necessário que as atividades das empresas que compõem a cadeia de

valor sejam organizadas de forma eficiente e competitiva, em relação às

outras cadeias que competem pelo mesmo consumidor final.

Na verdade, uma típica cadeia é constituída por: fornecedores, centros de

produção, depósitos, centros de distribuição e varejistas. Seu principal objetivo

consiste em atender às expectativas do consumidor final ao menor custo possível

(CHOPRA e MEINDL, 2003). Este objetivo pode ser conseguido por meio da

integração dos processos dos diversos elementos desta rede (CHRISTOPHER,

1999). Na Figura No. 5, é possível observar o conceito de cadeia de valor ampliada,

na qual os fornecedores e clientes são incluídos na abordagem.

Figura No. 5.A cadeia de valor ampliada. Fonte: Christopher (1999, p. 103).

Se forem consideradas tanto a cadeia de valor interna como a cadeia de valor

ampliada, o argumento de que a velocidade do fluxo de materiais é diretamente

proporcional à integração dos processos existentes é válida. Para que isso ocorra,

algumas estratégias foram desenvolvidas pelas empresas, das quais destacam-se

(CHRISTOPHER, 1999):

1. Racionalização da base de fornecedores: Diminuir o número de

fornecedores para melhorar o relacionamento com aqueles selecionados

permite à empresa um maior nível de parceria, o que melhora os

processos de transferência de produtos e serviços.

2. Cooperação entre fornecedor-cliente: A implantação do conceito de

empresa sem fronteiras torna os fornecedores partícipes do processo de

negócio, pois de nada adianta uma empresa da cadeia ser eficiente se

as demais não são. No final o produto oferecido ao cliente será menos

competitivo que o de outra cadeia.

Logística interna

Opera-ções

Constru-ção da marca

Logística externa

Cadeia de valor do forne-cedor

Cadeia de valor do cliente

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3. Transparência nos custos: Consiste na política de contabilidade de

livros abertos, ou seja, os fornecedores compartilham as informações de

custos com o objetivo de identificar oportunidades de uma ação conjunta

para reduzir ou eliminar estes custos.

4. Compartilhamento de informações: Consiste na intenção dos

participantes em trocar informações para o gerenciamento do fluxo de

materiais e serviços agregados. O objetivo é criar uma via de

informações que possibilite a ligação do mercado final com todos os

participantes.

2.3.2 Fluxo de informações

É comum que os executivos da área utilizem a afirmação de que a informação

substitui estoques, o que pode ser verdade, uma vez que é por meio das

informações que o executivo de Logística poderá se antecipar aos acontecimentos,

planejando melhor o uso dos recursos logísticos (SIMCHI-LEVI et al. 2003).

Atender pedidos dos clientes, programar e reprogramar necessidades de

estoque, movimentação de materiais e transportes são atividades de operações

executadas com base em um fluxo de informações (PEREIRA FILHO, 2002). Dessa

forma, o desempenho do planejamento e controle gerencial depende da quantidade,

forma e precisão das informações disponíveis (BALLOU, 1993: 278), o que torna o

fluxo de informações a chave para o sucesso das atividades Logísticas (CHOPRA e

MEINDL, 2003).

Para que as informações atendam às necessidades Logísticas, estas devem

incorporar princípios e apoiar adequadamente o planejamento e as operações da

empresa. Com relação aos princípios da informação Logística, abordar-se-á o ponto

de vista de dois autores.

Existem seis princípios básicos que norteiam o planejamento e controle das

informações Logísticas (BOWERSOX e CLOSS, 2001):

1. Disponibilidade: As informações Logísticas devem estar disponíveis em

tempo hábil e com consistência. Entre os exemplos de informações

necessárias estão o status dos pedidos e os estoques. A rápida

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disponibilidade é necessária para dar resposta aos clientes e aperfeiçoar

as decisões gerenciais.

2. Precisão: Em segundo lugar, as informações devem apresentar um

nível de conformidade entre aquilo que está sendo disponibilizado pelo

sistema e o que está acontecendo na prática. Um exemplo claro seria a

conformidade dos estoques.

3. Atualizações em tempo hábil: As informações Logísticas devem ser

atualizadas em tempo hábil, a fim de proporcionar feedback rápido de

informações. O intervalo de tempo decorrido entre o acontecimento da

atividade e o momento em que ela se torna visível no sistema deve ser

minimizado.

4. Sistema de Informações Logísticas baseadas em exceções: Um

sistema de informações Logísticas deve apontar os erros de operação

para proporcionar um gerenciamento focado na minimização dos

problemas e no melhoramento contínuo.

5. Flexibilidade: Os sistemas de informações Logísticas devem ser

flexíveis para atender às necessidades de usuários e clientes.

6. Formato adequado: As telas e relatórios logísticos devem ser

formatados, o que significa que as informações corretas devem ser

apresentadas com as melhores estruturas de ordenação.

A Logística demanda uma série de informações sobre os produtos que ela

movimenta, as quais podem ser separadas da seguinte forma (NOVAES, 2001):

1. Informações técnicas: São aquelas que envolvem aspectos

relacionados aos produtos. Neste caso, ao acessar o Web Site de um

fornecedor, o sistema exibe as especificações, como tamanho,

potência, resistência, dentre outras. As transações que envolvem

informações técnicas são importantes para a Logística, tendo em vista

que a aquisição de insumos, equipamentos e serviços podem carecer

substancialmente de dados que pode direcionar a decisão de compra a

favor de um fornecedor em detrimento de outro.

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2. Informações comerciais: No processo de transação, as informações

comerciais são imprescindíveis tanto para quem compra como para

quem vende. O comprador quer saber as ofertas dos diferentes

fornecedores, envolvendo prazo, preço e entrega. Já o vendedor busca

saber o máximo de informações do cliente, como características

socioeconômicas e hábitos de consumo, com o objetivo de formar uma

base de marketing consistente e que possa ser revertida em

campanhas direcionadas.

3. Informações administrativas: São aquelas que vêm após a

realização das transações. São informações como o encaminhamento

do pedido, transferência de nota fiscal, faturas, dentre outras. Estas

informações fornecem o suporte necessário para que as transações

saiam do campo informal da negociação e tome um caráter oficial.

4. Informações projetivas: São informações relativas às necessidades

futuras da empresa. Por meio destas informações, é possível se

antecipar às necessidades do mercado. Um exemplo clássico consiste

no gerenciamento de estoques pelo vendedor (Vendor Managed

Inventory – VMI), o qual será detalhado mais adiante.

Em resumo, foi possível entender que a informação é indispensável para a

gestão logística das empresas e que estas informações são de diversos tipos,

considerando aspectos, como pedidos, posição de estoques, características dos

produtos e até projeções. Uma vez entendido o que seja o fluxo de informações, o

próximo tópico abordará a importância da informação para a Logística.

2.4 A importância da informação para a Logística

A literatura consultada aborda a Informação na Logística basicamente sob dois

aspectos (CLOSS et al. 1997):

1. A informação é um recurso logístico: Conforme foi possível constatar,

o sistema logístico transforma materiais em produtos, adicionando valor

para o cliente. Da mesma forma, o sistema de informações converte

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dados em informações, que são utilizados pelos gerentes para a tomada

de decisões. Assim, as informações são recursos logísticos.

2. A informação como uma arma competitiva: Uma das diferenças entre

as empresas de primeira classe e as demais consiste na habilidade de

usar as informações para se antecipar aos fatos. Dessa forma, a

informação é tratada como um fator estratégico, uma arma competitiva

para sobreviver no mercado.

O fato é que ambas as abordagens podem ser consideradas verdadeiras, pois,

em certos casos, a informação traz reduções de custos como em outras propiciam a

antecipação dos fatos. A verdade é que as empresas dependem cada vez mais de

informações precisas e instantâneas para se guiarem.

A integração Logística depende de forma irrestrita da velocidade e qualidade

das informações que nela circulam. Considerando os dois fluxos trabalhados pela

Logística (materiais e informações), é no segundo que as organizações têm

concentrado cada vez mais seus esforços (RICARTE, 2003).

Para citar um exemplo, não adianta muito se um supermercado diminui

consideravelmente o lead time de entrega de um fornecedor se a informação sobre a

necessidade do produto não chega a tempo. Para que haja uma redução de tempo e

custo, existe a necessidade de uma sincronia entre os fluxos de informações e de

materiais (MAZZEO, 2001).

O processo de troca de informações é vital para o desempenho das

organizações. Dessa forma, as empresas têm investido intensamente nesse sentido.

No que se refere mais especificamente ao âmbito externo, o sucesso de uma

relação de parceria, pautada na confiança e no compromisso com metas

compartilhadas depende das informações sobre custos, oferta e procura que são

trocadas entre os membros de uma cadeia (CHRISTOPHER, 1999).

A recente preocupação pela informação pode ser atribuída a dois fatores de

extrema importância. O primeiro diz respeito aos avanços da Tecnologia da

Informação e o segundo aspecto está ligado às constantes mudanças nas

exigências dos clientes (RICARTE, 2003).

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Se for levado em consideração que há um tempo as informações eram

limitadas aos recursos dos papéis, as informações eram limitadas aos trâmites

físicos dos formulários e relatórios. Com o avanço da Tecnologia da Informação (TI)

nos últimos anos, as informações passaram a trafegar na forma digital, o que vem

permitindo às empresas executar operações que antes eram inimagináveis a um

custo razoável (FLEURY, 1999).

Outro fator a se considerar neste fenômeno é a crescente exigência dos

clientes por serviços cada vez melhores, o que envolve a correta informação sobre a

situação de seus pedidos, disponibilidade de produtos, programação de entregas e

faturamento (RICARTE, 2003). Há um tempo, a ênfase dada ao preço e à marca

relegava o fator serviço ao segundo plano, situação esta que tem sido equilibrada ao

longo do tempo. Atualmente os clientes têm preferido empresas que prestam

melhores serviços, mesmo que tenham que pagar a mais por eles (CHRISTOPHER,

1997).

Neste contexto, a informação passou a ser utilizada de forma sistemática pela

Logística, seja para atender às expectativas dos clientes, seja para reduzir custos.

Os gerentes, por sua vez, devem ser capazes de compreender como se analisa a

informação para tomar decisões (RICARTE, 2003).

2.4.1 O uso da informação na Logística

Numa primeira concepção, as informações são úteis na medida em que servem

de base para decisões de estoque, transporte e instalações, ou seja, apoiando todo

processo logístico da empresa, conforme descrito a seguir (CHOPRA E MEINDL,

2003):

1. Estoque: A determinação de políticas ótimas de estoque requer

informações que incluem padrões de demanda, custo e manutenção de

estoque, custos de esgotamento de estoque e custos de pedido.

2. Transporte: As decisões sobre redes de transporte, rotas, meios,

remessas e fornecedores exigem informações sobre custos,

localizações dos clientes e tamanhos dos carregamentos, para que

sejam eficazes.

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3. Instalações: A determinação da localização, capacidade e

cronogramas de uma instalação requerem informações sobre trade-offs

entre eficiência e flexibilidade, demanda, taxas de câmbio, impostos,

assim por diante.

Uma outra concepção considera que as informações são utilizadas no

gerenciamento de pedidos e para projeções futuras, conforme explicado a seguir

(BOWERSOX e CLOSS, 2001):

1. Gerenciamento de pedidos: São as informações utilizadas em todo

processo de atendimento do pedido ao cliente, desde a informação das

necessidades, passando pelas informações sobre disponibilidade de

estoque, crédito e rotas, terminando nas informações geradas no

recebimento do produto, tais como cobrança e pós-venda.

2. Projeções: Consiste nas informações específicas para se antecipar a

uma provável situação futura. Nesse sentido é usada para orientar o

posicionamento dos estoques de modo a satisfazer as necessidades

futuras dos clientes.

Uma terceira concepção afirma que a informação é utilizada basicamente para

tornar as previsões mais eficazes, coordenar melhor os sistemas, auxiliar nas

decisões de localização dos produtos, reduzir os leads-times e integrar os elementos

de uma mesma rede Logística, conforme explicado a seguir (SIMCHI-LEVi et al.

2003):

1. Tornar as previsões mais eficazes: Quanto mais informações sobre o

comportamento da demanda, melhor será a sua previsão.

2. Coordenar melhor os sistemas: Considerando que uma empresa ou

até mesmo uma rede Logística é composta de vários sistemas, o

produto de um é o insumo de outro. Nesta passagem de materiais, as

informações sobre status de produção, custos, níveis de estoques,

capacidade de produção e demanda de clientes são necessárias para

coordenar sistemas de maneira eficiente em relação aos custos globais

associados à sua operação.

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3. Localizar melhor os produtos: As informações podem ser úteis

quando é necessário saber a localização exata de produtos, seja para

dar uma resposta ao cliente, seja para se programar.

4. Redução do lead time: A informação diminui consideravelmente o

lead time de fornecedores. Por meio de sistemas como EDI (Eletronic

Data Interchange) e Internet, as informações sobre o pedido trafegam

em uma velocidade superior ao se comparar com o meio tradicional

(papel). Da mesma forma, ao transferir dados de um PDV (ponto de

venda) de um supermercado para um fornecedor, pode contribuir para

a redução do lead time, visto que o fornecedor pode se antecipar

quanto às necessidades.

5. Integrar a cadeia de suprimentos: A informação permite uma melhor

integração entre os componentes de uma cadeia. Utilizando

informações disponíveis e compartilhadas, é possível reduzir custos,

planejar melhor os produtos, dentre outros.

2.4.2 Os benefícios da informação para a Logística

Os benefícios da informação para a Logística podem ser resumidos em quatro,

conforme colocado a seguir (CHOPRA e MEINDL, 2003):

1. Redução das incertezas;

2. Redução de tempos;

3. Redução de custos;

4. Melhoria do Nível de Serviço.

Em primeiro lugar, a informação diminui as incertezas com relação ao ambiente

e isso é de extrema utilidade para a Logística, uma vez que o planejamento dos

recursos (estoques, instalações, veículos) depende diretamente das informações

advindas do mercado (DIAS, 1993). Assim, na medida em que as informações sobre

as preferências dos clientes são colocados à disposição com maior rapidez e

precisão, a empresa tem maior capacidade de planejar melhor seu estoque,

dimensionar melhor sua frota, localizar seus armazéns, dentre outros.

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Outro benefício da informação para a Logística está na capacidade de redução

de tempo. Na medida em que a empresa disponibiliza sistemas informatizados para

processar pedidos, como Internet e EDI – Eletronic Data Interchange (troca

eletrônica de dados), o tempo decorrido entre o recebimento e o despacho do

mesmo é reduzido, o que permite à empresa um processamento mais rápido,

girando mais rapidamente os estoques e conseqüentemente o caixa da empresa

(BOWERSOX e CLOSS, 2001).

Para citar um caso em especial, tome-se como exemplo o Makro Atacadista,

que adota, desde de 1996, um sistema de troca de informações baseado no EDI –

Eletronic Data Interchange (troca eletrônica de dados) e desde 2000 vem

desenvolvendo estratégias de reposição eficiente com a Coca-Cola numa loja piloto.

Essa estratégia diminuiu os estoques dos produtos do fornecedor em 53%, eliminou

trabalhos de redigitação, as vendas cresceram 32% (contra 5% de outras lojas sem

o sistema) e as vendas dos produtos de menor giro cresceram 106% (LONGARESI,

2001).

Em outras áreas da Logística, a informação contribui para a redução do tempo

de processamento. Quando as informações sobre o posicionamento dos produtos no

armazém estão disponíveis, os processos de identificação e coleta dos produtos se

dão com maior rapidez (FERREIRA, 1998). Outro exemplo se dá quando os pedidos

são passados eletronicamente, via palm tops (computadores de mão): as

informações sobre as necessidades dos clientes são instantaneamente conhecidas

pela empresa. Outros exemplos poderiam ser dados, porém os que foram colocados

acima já possibilitam o entendimento a respeito do que se deseja explicar.

Na medida em que a informação diminui as incertezas e agiliza os processos, a

diminuição de custos e melhoria dos serviços são conseqüências diretas. Os custos

de estoque, transporte, armazenagem e processamento de pedidos são minimizados

na medida em que se planeja melhor os recursos logísticos. Da mesma forma,

quando as informações sobre o cliente estão disponíveis, a empresa pode oferecer

produtos e serviços mais personalizados.

Finalmente, a informação colabora para o aumento do nível de serviço

oferecido ao cliente de diversas formas. Na medida em que uma empresa

disponibiliza no seu site da Internet a informação do pedido ou encomenda do

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cliente, ela está oferecendo a possibilidade deste cliente saber exatamente o status

deste pedido, o que colabora para o aumento da percepção do serviço.

Portanto, não se pode considerar a Logística sem que haja um conjunto de

informações que propicie um gerenciamento mais eficaz de seus recursos para

atender às necessidades dos clientes. No entanto, para que se atinja elevados

níveis de eficiência, faz-se necessária a aplicação de tecnologias que permitem uma

maior agilidade e acuracidade destas informações.

2.5 A Logística em supermercados

A Logística está presente em quase todas as atividades de um supermercado,

uma vez que a função deste tipo de empresa consiste em adquirir os produtos dos

fornecedores, expô-los em prateleiras de forma organizada, para que o consumidor

compre. Em uma primeira análise, as atividades desempenhadas parecem simples,

no entanto, a instabilidade do mercado, a variedade de produtos e a dificuldade dos

meios de distribuição as tornam extremamente complexas.

2.5.1 Compras / suprimentos

No que se refere ao segmento varejista, o processo de compra é uma das

atividades mais críticas, pois na medida em que os produtos são vendidos, estes

precisam ser repostos para que ocorram novas vendas, formando um ciclo vital para

a empresa (PARENTE, 2000; MOREIRA, 2001).

A evolução da área de compras acompanha a evolução da atividade varejista.

À medida que as empresas varejistas se desenvolvem, num ambiente complexo e

de competição crescente, já não basta a intuição do proprietário, que era no início o

principal responsável pela compra.

O empirismo deve ceder lugar à cientificidade no processo de compra, pois a

forma como as compras são gerenciadas afeta diretamente o resultado da empresa,

uma vez que os gestores de compra são responsáveis diretamente pelo custo da

mercadoria vendida (CMV), que pode representar até 82% do total faturado por um

supermercado (MOREIRA, 2001). Assim, uma gestão empírica de compra pode

comprometer o desempenho de um supermercado, podendo levá-lo à falência.

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Existem genericamente três formas de gerenciar o processo de compra em um

supermercado. A primeira, de cima para baixo, consiste em estabelecer um

montante em valores monetários, os quais, a partir de então, os gestores de compra

distribuem para as várias categorias de produtos. A outra forma, de baixo para cima,

inicia-se com os gestores de compra, que estimam o nível do produto, consolidam as

categorias, departamentos, até chegar à empresa como um todo. A última forma

consiste no estabelecimento de um orçamento financeiro de compras, no qual a

partir de então, os gestores estabelecem o orçamento de compra para as categorias

de produtos (PARENTE, 2000).

2.5.2 Gestão de estoques

Todo sistema de gestão de estoques visa principalmente a uma adequação das

compras com a venda, além da minimização dos investimentos de capital em

estoques, ou seja, otimizar o investimento, aumentando o uso eficiente dos meios

internos da empresa (DIAS, 1993).

O Gestor de Materiais deve entender o comportamento da demanda de um tipo

de produto. Para tanto, são utilizadas as séries históricas que mostram os formatos

ou padrões existentes. Ao observar uma série histórica, alguns aspectos devem ser

considerados, tais como a tendência, a presença de sazonalidade, a variação

aleatória e os ciclos (ARNOLD, 1999).

Dependendo do grau de certeza da demanda, existem os modelos de

estoques. A escolha de algum dos modelos existentes no âmbito da Teoria de

Estoques constitui a base para fazer funcionar o planejamento de estoques em uma

empresa real. Para tanto, alguns elementos devem ser determinados: o estoque de

segurança, o ponto do pedido, o lote ou quantidade a ser encomendada e, por fim, o

tempo de ressuprimento (MOREIRA, 2001).

2.5.3 Armazenagem e movimentação interna

Outra área importante é a de armazenagem e movimentação interna, que

engloba desde as atividades de portaria (entrada de mercadorias), passando pela

estocagem destes materiais no armazém, as devidas movimentações internas, as

reposições e a armazenagem no ponto de venda.

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A área de recebimento é o local onde todas as mercadorias compradas são

recebidas e posteriormente destinadas para estoque (BALLOU, 1993). No que se

refere ao recebimento de mercadorias, esta pode ser realizada manualmente ou com

a utilização de coletores ou equipamentos semelhantes.

Além dos procedimentos de conferência e alimentação dos estoques, a área de

recebimento é a responsável pela verificação dos padrões de qualidade dos

produtos, que inclui o controle de entrada de produtos perecíveis. A data de validade

das mercadorias deve ser observada principalmente quando se trata de produtos

com baixo período de validade ou datas críticas. Para tanto, existe uma regra básica

que mostra as condições de recebimento de mercadorias de acordo com as datas de

validade, conforme demonstra o Quadro No. 5 (MOREIRA, 2001).

Validade do produto Recebimento mínimo 45 dias 30 dias 30 dias 20 dias 20 dias 15 dias 15 dias 10 dias 07 dias 05 dias

Quadro No. 5. Condições de recebimento de mercadorias perecíveis. Fonte: Moreira (2001).

Uma vez processada a entrada da mercadoria, faz-se necessário o seu

armazenamento nas áreas de estocagem. Apesar de as iniciativas de reposição

automática terem crescido nos últimos anos, a atividade de armazenagem ainda

encontra-se presente nos supermercados, pois muitas vezes os fornecedores estão

distantes, o que impossibilita realizar uma entrega mais fracionada em menor

quantidade. Basicamente existem três tipos de armazenamento: por agrupamento,

que considera as características dos produtos; por tamanho, que considera o

tamanho dos produtos; e por freqüência, que considera a freqüência com que os

produtos são requisitados (FERREIRA, 1998).

Após projetar cuidadosamente a área de estocagem, um sistema deve ser

estabelecido para permitir a fácil localização de um item desejado, pois cada item

deve ter um endereço onde possa ser encontrado. O sistema de localização do

material em estoque pode ser formado por um número ou código, que identifica

precisamente qualquer ponto da instalação de armazenamento. Este código deve

estar aprovado no cadastro de material e, conseqüentemente, nos documentos de

movimentação, a fim de facilitar sua busca no almoxarifado (BALLOU, 1993).

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Para garantir a correta rotatividade dos estoques de produtos, principalmente

aqueles que têm uma data de validade mais curta, a utilização da técnica PEPS

(Primeiro que Entra, o Primeiro que Sai) é indispensável. Baseado no princípio de

que o primeiro produto a entrar no estoque será consumido primeiro, esta técnica

simples garante que os produtos com data de validade mais crítica sejam postos à

venda primeiro que aqueles com data de validade mais estendida (POZO, 2002).

Além da utilização da técnica PEPS, existem ainda alguns cuidados adicionais

que o responsável por um armazém deve ter para que os produtos não sofram

danos, avarias ou percam seu valor de venda. A correta utilização das embalagens

de acondicionamento é um dos pontos a ser considerado. Geralmente o produto

vem acondicionado em embalagens do fornecedor, no entanto, ao longo do

manuseio dentro do supermercado, o produto pode ser re-embalado. Assim,

entender a correta utilização de embalagens aumenta a vida útil do produto,

evitando que o mesmo seja inutilizado (FERREIRA, 1998).

Por fim, o último aspecto que deve ser considerado na administração de

armazéns em supermercado é a acuracidade dos estoques, ou seja, a capacidade

das quantidades registradas corresponderem ao que está estocado. Neste caso, o

furto é a principal causa dos erros de estoque (ARNOLD, 1999).

Por definição, no contexto do tema que vem sendo abordado, o furto é a

apropriação indébita de um item do estoque que deveria ser mantido em local de

armazenamento. Geralmente o furto tem algumas causas, que podem atuar de

forma isolada ou em conjunto. As principais causas de furtos nos armazém são

atribuídas à facilidade criada pela própria empresa, que não possui sistemáticas de

segurança; as condições socioeconômicas do pessoal envolvido e a falta de

punições no caso de constatação de furto (FERREIRA, 1998).

As principais medidas a serem tomadas neste sentido englobam a implantação

de um programa educacional agressivo, convencendo o pessoal de que a perda é

muito maior que um possível ganho com o produto furtado; a implantação de uma

sistemática de punição severa; treinamento do pessoal com relação à prevenção de

furtos; manutenção de um permanente controle de inventário; um eficiente controle

de saída de mercadorias; limitação da entrada e saída de pessoal no armazém

(ARNOLD, 1999 e FERREIRA, 1998).

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Além do furto, outro fator que gera descontrole nos estoques é a avaria de

mercadorias. Considera-se uma avaria quando uma mercadoria está imprópria para

o consumo, podendo ser uma quebra, uma perda de validade, uma infecção por

insetos ou fungos, dentre outros (MOREIRA, 2001). Ao se verificar uma avaria, a

empresa deve possuir uma sistemática de baixa do estoque, sob pena de não ter um

controle rigoroso dos índices de quebras.

Outros fatores além dos furtos e avarias colaboram para os erros de estoque,

dentre os quais os registros feitos de forma errada, a retirada de mercadorias sem

autorização ou sem registro, a troca de mercadorias que é muitas vezes feita de

forma incorreta, incapacidade do pessoal de controlar a movimentação de

mercadorias, dentre outros (ARNOLD, 1999).

Uma vez considerados todos os aspectos relacionados à entrada e

armazenamento de mercadorias, faz-se necessário considerar as atividades de

manuseio e movimentação interna.

Existem três tipos de movimentação interna que são encontrados nos

supermercados. A manual, que é aquela que é executada pelo homem sem a

utilização de equipamentos. A Segunda, mecanizada, são aquelas nas quais as

operações são executadas por equipamentos dirigidos por homens e, por fim, a

automatizada, que é operada por computador (BALLOU, 1993).

Ao se considerar a movimentação manual, as paleteriras são os equipamentos

mais utilizados nos armazéns e CDs – Centros de Distribuição de supermercados e,

em geral, servem para movimentar caixas da área de armazenagem para as

gôndolas, já quando se considera a movimentação mecanizada, destacam-se as

empilhadeiras.

2.5.4 Distribuição / entrega de mercadorias

A distribuição física é a área da Logística responsável por levar os produtos

certos, para os lugares certos, no momento certo, com o nível de serviço adequado,

ao menor custo possível (NOVAES, 2001).

Existem basicamente dois tipos de sistema de distribuição. O primeiro,

chamado de distribuição “um para um”, é aquele em que um veículo é totalmente

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carregado e se destina a um só cliente. Outro tipo de distribuição, “um para muitos”

ou compartilhada, o veículo é carregado e se destina a vários clientes (NOVAES,

2001).

Ainda com relação à distribuição, as entregas podem ser feitas por meio de

veículos próprios, terceirizados ou das duas formas. Quando se utiliza veículo

próprio para entrega, toda responsabilidade de manutenção, combustível e motorista

recaem sobre o proprietário. Já na forma terceirizada, muitos destes encargos são

passados para o prestador de serviço (NOVAES, 2001).

A distribuição no setor supermercadista pode ser vista sob dois pontos de vista.

O primeiro é quando o cliente se dirige à loja, escolhe os produtos e é o responsável

pelo transporte até a sua residência. Outro aspecto é quando o cliente se dirige à

loja, escolhe os produtos e solicita a entrega em domicílio, ou ainda faz as compras

por telefone ou site e a loja se responsabiliza pela entrega.

No primeiro caso, a função da loja se limita a colocar os produtos na prateleira.

Já no segundo caso, os supermercados oferecem um serviço adicional, que ao

mesmo tempo, agrega valor, mas adiciona custos.

Em se tratando da distribuição dos produtos aos clientes, nas entregas em

domicílio, os supermercados geralmente operam em um sistema de distribuição “um

para muitos”, principalmente quando utilizam veículos como furgões, porém é

possível acontecer, em alguns casos, uma distribuição “um para um”, no caso de

motos ou bicicletas.

Considerando que os supermercados de vizinhança procuram oferecer um

serviço mais diferenciado em relação aos hipermercados, a entrega em domicílio é

um fator importante no composto do serviço (BORGES, 2001).

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3. A Tecnologia da Informação na Logística

Com as mudanças ambientais ocorridas nas últimas décadas, as empresas

passaram a explorar a Logística como arma estratégica. Considerando que a missão

da Logística consiste em atender às necessidades dos clientes ao menor custo

possível, a utilização intensiva da Tecnologia da Informação é o meio para atender a

estes requisitos (FLEURY, 2000).

Se for levado em conta ainda que a informação é crucial para o desempenho

logístico, pois ela é o alicerce sobre o qual os gerentes estruturam suas decisões, a

Tecnologia da Informação consiste nas ferramentas utilizadas para obter e ter

acesso às informações e analisá-las, com o objetivo de tomar as decisões (CHOPRA

e MEINDL, 2003).

Assim, os executivos de Logística vêem na Tecnologia da Informação uma

fonte importante de melhoria de produtividade e competitividade. Ao contrário dos

outros recursos logísticos, a velocidade e capacidade da Tecnologia da Informação

estão aumentando, ao passo que seus custos têm diminuído significativamente

(BOWERSOX e CLOSS, 2001).

A principal meta da Tecnologia da Informação, quando aplicada nas atividades

Logísticas, é vincular de forma natural o ponto de produção com o ponto de entrega

ou compra. A idéia consiste em ter um rastro de informação que segue o rastro físico

dos produtos. Dessa forma, os varejistas precisam conhecer o status de seus

pedidos, e os fornecedores precisam ser capazes de antecipar um pedido do

fabricante (SIMCHI-LEVI et al. 2003).

As aplicações da TI na Logística são várias e podem ser agrupadas em dois

grandes blocos, os hardwares e softwares. O Quadro No. 6 traz de forma resumida

as principais aplicações (FLEURY et al. 2000; FELDENS e MADAÇA, 2000):

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Aplicações de hardwares Aplicações de softwares

Microcomputadores ERP – Enterprise Resource Planning

Palmtops LIS – Logistic Information System

Código de barras WMS – Warehouse Management System

Price Look-Up (PLU) IMS – Inventory Management System

EPC – eletronic Product Code OMS – Order Management System

Sistema de rádio freqüência TMS – Transport Management System

Transelevadores SFA – Sales Force Automation

Sistemas GPS EDI – Eletronic Data Interchange

Computadores de bordo WEB EDI

Coletores de dados Data Warehouse

PDA – Ponto de Atendimento automatizado Sistemas de previsão de vendas

Picking automático Roteirizadores

GIS – Geographical Information System

DRP – Distribution Information System

MRP – Material Requeriment Planning

MRP II – Manufacturing Resource Planning

Quadro No. 6. As principais aplicações da TI na Logística. Fonte: Adaptado de Fleury et al. (2000) e Feldens e Madaça (2000).

Conforme é possível observar no Quadro No. 6, as aplicações de TI

apresentadas envolvem todas as áreas da Logística, inclusive algumas aplicações

sendo destinadas à área industrial. Para o presente trabalho, foram selecionadas as

aplicações que estão mais presentes nas atividades de supermercados (Quadro No.

7).

Aplicações de hardwares ou equipamentos Aplicações de softwares ou programas

Microcomputadores ERP – Enterprise Resource Planning

Palmtops LIS – Logistic Information System

Código de barras WMS – Warehouse Management System

Price Look-Up (PLU) IMS – Inventory Management System

EPC – Eletronic Product Code EDI – Eletronic Data Interchange

Sistema de rádio freqüência WEB EDI

Coletores de dados Data Warehouse

PDA – Ponto de Atendimento automatizado Sistemas de previsão de vendas

Quadro No. 7. Aplicações de TI consideradas no estudo. Fonte: Adaptado pelo autor (2005).

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Dessa forma, os recursos de hardwares envolvem toda infra-estrutura

necessária para que as informações sejam coletadas e processadas com a maior

segurança e velocidade possível, ao passo que os softwares são os responsáveis

pela automatização de atividades que antes eram realizadas com o auxílio de

formulários e relatórios de papéis.

3.1 Equipamentos

O conceito de hardware ou equipamento passa essencialmente por

computadores e periféricos (equipamentos utilizados para alguma função, como

imprimir, visualizar, captar). Todo e qualquer equipamento computacional pode ser

denominado hardware. Assim, temos como exemplo os computadores, impressoras,

minicomputadores, dentre outros, sem os quais a comunicação eletrônica não seria

possível (GOMES e RIBEIRO, 2004).

As empresas devem dimensionar bem seus recursos tecnológicos ao

projetarem os equipamentos necessários. Quando se dimensiona mal os recursos

de hardwares, as transações eletrônicas tendem a ocorrer de forma mais lenta e

com o maior número de erros. Da mesma forma que, se superdimensionada, a

estrutura de hardwares pode ficar ociosa, acarretando custos não necessários. O

correto dimensionamento da estrutura de hardware em uma empresa deve levar em

conta três aspectos básicos: a necessidade da rede de negócio, a disponibilidade de

recursos financeiros da empresa e a oferta de equipamentos no mercado e seus

serviços de assistência técnica. O casamento destas três variáveis vai determinar o

nível de estrutura de hardware a ser utilizada na empresa, de forma a maximizar a

relação custo-benefício (RICARTE, 2003).

3.1.1 Computadores

Há inúmeros exemplos do uso dos computadores na Logística, dos quais

destacam-se aqueles que podem ser instalados em caminhões, melhorando a

comunicação e permitindo a identificação da localidade do veículo (BOWERSOX e

CLOSS, 2001). No entanto, é no ambiente interno que os computadores pessoais

têm sido utilizados com maior intensidade.

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Impulsionado pelo desenvolvimento das redes locais (LAN – Local Area

Network), que se tornaram mais velozes e menos onerosas, a substituição do

processamento centralizado pelo descentralizado trouxe às empresas flexibilidade,

capacidade de resposta rápida, integração dos dados e diminuição de custos.

Posteriormente, o desenvolvimento de redes regionais (WAN – Wide Área Network)

ampliou a cobertura geográfica e a capacidade de se obter informações além das

fronteiras das empresas (SIMCHI-LEVI et al. 2003).

Assim, não seria possível imaginar a Logística sem o processamento de dados

por computador, pois em se tratando de um ambiente onde a velocidade e a

capacidade de reação rápida imperam, o computador é um grande aliado para a

melhoria do desempenho logístico.

3.1.2 Palmtop - computador de mão

Os Palms são computadores de mão, ou assistentes pessoais digitais, que têm

como funções básicas os programas para cadastro de endereços, controle de

tarefas a fazer, agenda, bloco de anotações e e-mail. Além dessas funções, uma

gama enorme de programas e documentos podem ser instalados no Palm, como

planilhas, editores de texto, jogos, navegadores para a Internet, sistema para

vendas, dentre outros (PALM BRASIL, 2004).

Na Logística, os palms assumem diversas funções. Em empresas de

distribuição eles são utilizados pela força de venda para coletar e transmitir pedidos

para a retaguarda, bem como para consultar posição dos estoques, roteiros, dentre

outras funções. Porém, não é só na área de venda e distribuição que os palmtops

tem utilidade. Existem aplicações específicas para reposição de estoques,

inventários, dentre outros (MEDA, 2004b).

3.1.3 Códigos de barra

O código de barras é a tecnologia de colocação de códigos legíveis por

computador em itens e consiste no meio mais eficaz para a identificação rápida de

produtos mediante a conversão pelo computador da leitura feita por um sensor. Os

códigos de barras reduzem os erros de recebimento, manuseio ou expedição de

produtos (BOWERSOX e CLOSS, 2001).

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O código de barras encontrado, por exemplo, em um pacote de pão não

contém o nome do produto, tipo de pão ou o preço; em vez disso, contém um

número de produto com 12 dígitos. Porém, quando o caixa do supermercado realiza

a leitura, este número é transmitido ao computador da loja, verificando o registro

associado a ele no banco de dados. Este item contém uma descrição do produto, o

nome do fornecedor, o preço, a quantidade em estoque, dentre outros. O

computador instantaneamente faz uma verificação de preço e o disponibiliza na

forma de registro no caixa (subtrai também a quantidade adquirida da quantidade

em estoque). Toda a transação é feita automaticamente. Dessa forma, o código de

barras tem tipicamente dados de identificação nele codificados, e tais dados são

usados por um computador para examinar todas as informações específicas

associadas aos dados (SCB, 2004).

3.1.4 PLU – Price Look-Up

Os números PLU são utilizados pelos supermercados desde 1990 para fazer

com que o controle do ponto de venda e de estoque seja mais fácil, rápido e preciso.

Os números PLU são utilizados para identificar produtos que são vendidos a granel,

e itens similares como ervas e amêndoas. Estes números indicam ao operador de

caixa qual a variedade de uma determinada fruta, por exemplo. Esta identificação

reduz os erros no ponto de venda e conseqüentemente as perdas financeiras

causadas por eles.

Atualmente, existem mais de 1.300 números PLU globais atribuídos a produtos

hortícolas. No Brasil, o EAN, em conjunto com a ABRAS – Associação Brasileira de

Supermercados e a IBRAF – Instituto Brasileiro de Frutas, criou uma lista com 135

itens para padronizar a codificação de produtos agrícolas (MEDA, 2004b).

Dessa forma, é possível concluir que os códigos PLU desempenham

importante função para o controle das informações Logísticas, uma vez que se

destina a produtos não padronizados, que não podem receber códigos de barras.

Apesar das tecnologias PLU e código de barras, tem-se desenvolvido um novo

padrão de codificação por meio de etiquetas eletrônicas lidas por aparelhos de rádio

freqüência. Esta tecnologia será abordada no tópico seguinte.

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3.1.5 Código Eletrônico do Produto (EPC – Eletronic Product Code):

A etiqueta eletrônica com identificação por rádio freqüência (RFID) é uma

tecnologia bastante utilizada em itens de maior valor agregado, vagões ferroviários,

contêineres e caminhões há quase dez anos (HILL, 2004). No entanto, a partir de

um esforço da EAN Internacional e UCC (United Code Council), o EPC (Eletronic

Product Code) foi desenvolvido a partir de um novo padrão de identificação de

produtos, baseado na tecnologia RFID (MALINVERNI, 2004a).

O EPC funciona com etiquetas colocadas em produtos, caixas ou paletes.

Estas etiquetas são dotadas de um microship que funciona como um RG do produto,

com informações de preço, validade, número do lote, dentre outras (MEDA, 2004b).

O EPC guarda princípios capazes de efetivamente substituir, a médio ou longo

prazo, o código de barras. No entanto, em função do baixo custo e a facilidade de

manuseio, o código de barras é ainda mais difundido que o EPC (CARIDI et al.

2004).

Apesar do seu pouco uso nos dias atuais, espera-se que o mercado de RFID

cresça 162% no ano de 2005, em relação a 2004, o que significaria um salto dos

atuais U$ 16,4 milhões para U$ 43,1 milhões, só nos Estados Unidos (LIARD, 2004).

No Brasil ainda não existem dados sobre o assunto, porém estima-se que o uso da

tecnologia ainda é incipiente.

No varejo, existe uma tendência de migração da tecnologia de códigos de

barras para a tecnologia RFID, no entanto não existe ainda uma certeza de que uma

tecnologia substituirá totalmente a outra (ALBRIGHT, 2004). Se comparado ao

tradicional código de barras, o RFID possui duas vantagens, das quais destacam-se

a maior capacidade de armazenamento de dados e a flexibilidade operacional, uma

vez que esta tecnologia dispensa o uso de operadores com leitores (CARIDI et al.

2004):

É por estas e outras vantagens que as grandes redes e fornecedores já estão

se mobilizando no sentido de adotar a tecnologia. A Wal-Mart decidiu implementar

as etiquetas eletrônicas nos Estados Unidos e na Europa (CARIDI et al. 2004).

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A expectativa era de que, no início de 2005, os 100 maiores fornecedores já

utilizassem as etiquetas eletrônicas em seus paletes. Com isso, espera-se uma

redução de custo de aproximadamente 1% de seu faturamento. Se for considerado

que a rede faturou U$ 245 bilhões em 2003, isso representaria U$ 2,45 bilhões por

ano (LIARD, 2003).

A inglesa Tesco, que possui mais de 2.200 lojas na Europa e na Ásia, foi mais

além e exigia que seus fornecedores já operassem com RFID até o fim de 2004

(YURI, 2004). No Brasil, o Pão de Açúcar já iniciou o uso de tecnologia de rádio

freqüência e o uso da etiqueta eletrônica já é considerado certo até o próximo ano

(ZANDONADI, 2004).

Apesar de todas as iniciativas citadas e das vantagens da tecnologia RFID,

existe uma grande barreira a ser transposta: o custo ainda proibitivo da tecnologia.

No entanto, espera-se que, com a utilização da tecnologia por parte das grandes

redes, este custo seja diminuído e o uso seja ampliado para médias e pequenas

redes em um futuro próximo (YURI, 2004).

3.1.6 Coletores de dados

Os coletores de código de barras são amplamente utilizados no varejo, seja na

entrada, na movimentação e na saída de produtos, contagem de estoque e

inventários.

Existem quatro tipos de leitores de códigos de barras e cada um usa uma

tecnologia diferente para ler e decodificar um código de barras, que são os leitores

do tipo esferográfico, a laser, do tipo CCD (Charge Coupled Device) e com câmeras

de vídeo (EAN BRASIL, 2004):

Uma outra concepção classifica os coletores em dois tipos, os manuais e os

fixos.

Os coletores manuais são aqueles que podem ser movimentados em um

determinado espaço físico. Os fixos, por sua vez, são aqueles que ficam em um

determinado local. Enquanto no primeiro tipo, o operador vai até o produto, no

segundo tipo, o produto vai até o operador. Cada um pode obedecer a uma

exigência de contato. Alguns tipos de coletores exigem que o dispositivo de leitura

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toque o código de barras, o que diminui a incidência de erros. Outros tipos

dispensam esta exigência, propiciando mais flexibilidade, sendo assim a tecnologia

mais preferida pelas empresas (BOWERSOX e CLOSS, 2001).

3.1.7 Sistemas de rádio freqüência

Os sistemas de rádio freqüência são constituídos de coletores de dados

operados a distância, um sistema de rádio-base e antenas, que, em conjunto com

um software de WMS (Warehouse Management System), otimizam a movimentação

interna em armazéns e depósitos (MEDA, 2004b).

No momento em que um leitor faz a identificação de um código de barras, esta

informação é automaticamente transferida, via rádio freqüência, para uma estação

de rádio-base, que processa e repassa esta informação para o sistema de

gerenciamento de armazém (WMS), que faz a devida operação, atualizando a

informação do produto no banco de dados (HILL, 2004).

3.1.8 Pontos de Atendimento ou check outs automatizados

Os Pontos de Atendimento Automatizados, PDAs, PDVs ou check outs

automatizados consistem em caixas dotados de leitor óptico (GONÇALVES e

GONÇALVES, 2002). Na medida em que os produtos passam por esta leitora, os

dados de estoque são atualizados automaticamente. Além desta função, os PDAs

realizam as operações de fechamento da venda ao cliente.

Com o PDA, as informações sobre a venda dos produtos são registradas no

momento em que o cliente está levando o produto, permitindo que haja uma

reposição mais eficiente dos estoques nas prateleiras. Portanto, para que o

conhecimento dos níveis de estoque possa gerar pedidos de reposição é preciso

que essa informação, vinda dos check outs e dos sistemas dos depósitos, esteja

atualizada no sistema de compras ou no sistema que faz os pedidos, de forma

permanente, com freqüência que não comprometa a operação (ANGELO e

SIQUEIRA, 1999).

Da mesma forma que a utilização de leitoras, combinada com sistemas de rádio

freqüência, é extremamente útil no processo de entrada e movimentação interna de

mercadorias, é na saída destas mercadorias que as leitoras desempenham uma

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função primordial. Em se tratando de supermercado, diferentemente de outros tipos

de empresas, as saídas das mercadorias se dão por meio dos caixas, em vez das

tradicionais docas de expedição. Portanto, se estes pontos de atendimentos não

estiverem totalmente integrados com os sistemas de retaguarda, o controle dos

estoques torna-se impossível.

3.2 Softwares

Os equipamentos não podem ser considerados de forma isolada, pois, sem os

aplicativos, os mesmos não conseguem desempenhar satisfatoriamente suas

funções. Para tanto, a Logística utiliza vários programas ou softwares que apóiam os

gerentes na administração dos problemas operacionais impostos pelo ambiente

empresarial.

Assim como os equipamentos, existe uma infinidade de aplicativos que são

utilizados na Logística. O presente trabalho procurou apresentar aqueles que são

mais utilizados em supermercados, conforme apresentado no Quadro No. 7.

3.2.1 ERP – Enterprise Resource Planning

Os Sistemas de Informações (SI), conhecidos no mercado pela Sigla ERP

(Enterprise Resource Planning), desempenham a função de integração das várias

funções de uma empresa. Por meio de um pacote de software único, do tipo cliente-

servidor, estes sistemas integram a maioria dos processos de negócio, processa a

maioria das transações organizacionais, usa uma base de dados empresarial e

permite acesso aos dados em tempo real (O´LEARY, 2000 apud VILELA e

ERDMANN, 2003).

Os sistemas ERP são softwares altamente complexos que planejam, executam

e controlam todas as necessidades da empresa, englobando todas as atividades,

como recursos humanos, finanças, produção, Logística, dentre outros. Na verdade, o

ERP funciona de forma estruturada para otimizar a cadeia de valor interna de uma

empresa (NORRIS et al 2001).

O que vem sendo observado nos últimos anos é que os sistemas ERP têm

ultrapassado os limites da empresa, ou seja, há muito deixaram de fornecer somente

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uma visão intra-organizacional. Os modernos sistemas de ERP oferecem também

uma visão interorganizacional, voltada também para o relacionamento com os

clientes (ROQUETE et al. 2000).

Com relação à sua estrutura, o ERP é composto de diversos módulos, sendo

que cada um executa uma função específica na empresa. Esses módulos são

conectados entre si para que os usuários de cada função possam enxergar o que

acontece em outras áreas da empresa. Estes módulos são (CHOPRA e MEINDL,

2003):

1. Finanças: Responsável por rastrear informações de finanças, tais como

dados sobre receita e custos, por diversas áreas da empresa;

2. Logística: Este módulo é muitas vezes desmembrado em diversos

submódulos que lidam com funções diferentes de Logística, como

transportes, gerenciamento de estoques e depósito;

3. Fabricação: Rastreia o fluxo de produtos pelo processo de fabricação,

coordenando o que é feito em que peça e em que momento;

4. Atendimento do pedido: Monitora o ciclo de atendimento de pedido

inteiro, acompanhando o progresso feito pela empresa na satisfação da

demanda;

5. Recursos humanos: Lida com todas as tarefas de recursos humanos,

como, por exemplo, turnos de funcionários;

6. Gerenciamento de fornecedor: Responsável por monitorar o

desempenho do fornecedor e rastreia a entrega de seus produtos.

Uma outra forma de estruturar um ERP considera as aplicações nas áreas de

operações e cadeia de suprimentos, finanças e contábil e recursos humanos. Em

função da quantidade de módulos envolvidos, serão relacionados a seguir somente

aqueles que de alguma forma estão envolvidos no escopo do sistema logístico e que

são utilizados em empresas varejistas do ramo supermercadista (ROQUETE et al.

2000):

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1. Módulos relacionados a operações e cadeia de suprimento: São os

módulos que gerenciam a cadeia de valor interna, bem como a

ampliada.

1 Previsões/análises de vendas (Forecasting/Sales Analysis):

Auxilia a função de previsão de vendas da empresa. Em geral, esses

módulos trazem alguns modelos matemáticos simples para

correlações por mínimos quadrados.

2 Compras (Purchasing): O módulo de compras visa a apoiar

informacionalmente o processo decisório da função de suprimentos

dentro da empresa.

3 Controle de estoques (Control Inventory): O módulo de controle

de estoques apóia a função de controle dos inventários. Posições de

níveis de estoque, transações de recebimento, transferências, baixas,

alocações de materiais, entre outras são apoiadas por esse módulo.

2. Módulos financeiro e contábil:

• Custos: Módulo que apóia a apuração de custos integrado com os

módulos que geram as transações físicas que originam as transações

de custos.

• Contabilidade geral: Módulo que contempla todas as funções

tradicionais necessárias para atender a necessidade de contabilidade

geral.

• Faturamento: Módulo que apóia a emissão e controle de faturas e

duplicatas emitidas e apóia também as receitas fiscais referentes à

venda de produtos.

• Contas a pagar: Módulo que apóia o controle das obrigações e

pagamentos devidos pela empresa, cadastro de fornecedores, entre

outros.

• Contas a receber: Controle dos recebíveis da empresa, cadastro de

clientes, entre outros.

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• Recebimento fiscal: Módulo que apóia as transações fiscais

referentes ao recebimento de materiais.

• Contabilidade fiscal: Módulo que apóia as transações da empresa

em seus aspectos de necessidade de cumprimento de requisitos

legais.

• Gestão de caixa: Módulo financeiro de apoio à gestão de encaixes

e desencaixes.

• Gestão de ativos: Módulo que apóia o controle dos ativos da

empresa.

• Gestão de pedidos: Módulo de apoio à administração dos pedidos

de clientes.

• Definição e gestão de processos de negócio (workflow): Módulo

que apóia a empresa no sentido de mapear e definir seus processos

administrativos.

Em se tratando do presente trabalho, o ERP será analisado sob o ponto de

vista dos módulos que englobam a Logística, pois a análise dos demais módulos

está além do escopo da pesquisa.

3.2.2 LIS – Logistic Information System

Os Sistemas de Informações Logísticas (SIL) funcionam como elos que ligam

as atividades Logísticas em um processo integrado, combinando os hardwares e

softwares para medir, controlar e gerenciar as operações Logísticas, tanto no âmbito

interno da empresa como no âmbito externo da cadeia (FLEURY et al. 2000).

O principal objetivo do SIL é propiciar a tomada de decisões, abrangendo

desde o nível estratégico até o operacional (BALLOU, 2001). Acompanhando todo o

fluxo de materiais, o SIL deve incorporar cinco módulos: entrada de pedidos,

processamento de pedidos, transporte e expedição, operações de distribuição e

gerenciamento de estoque (BOWERSOX e CLOSS, 2001).

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3.2.3 WMS – Warehouse Management System

A automatização de armazéns não pode ser considerada como um fator

simples e ser tratada de forma isolada uma vez que um armazém é apenas parte

integrante da cadeia Logística, podendo ser considerado um dos elos de ligação

entre as áreas de vendas e o cliente final. Quando a necessidade de automação de

um armazém é necessária, os sistemas especialistas são indispensáveis. Entre

estes sistemas enquadra-se o WMS (Warehouse Management System) ou Sistema

de Gerenciamento de Armazém (CHOPRA e MEINDL, 2003).

O WMS é uma ferramenta de gerência sofisticada do armazém que fornece

uma série de funções integradas como um pacote configurável (BAUHOFF, 2003). É

um sistema que otimiza todas as atividades operacionais e administrativas do

processo de armazenagem, englobando as funções de controle de portaria,

recebimento, conferência e inspeção de mercadorias, movimentação interna,

endereçamento, ressuprimento, controle do paletizado, captação dos pedidos,

formação de cargas, separação e conferência de mercadorias, expedição e

carregamento, controle e gestão de custos e controle de produtividade (MEDA,

2004a).

Sem dúvida os possíveis ganhos com os processos de automação estão

ligados diretamente com a realidade atual do armazém em relação ao seu atual grau

de automatização.

A utilização de sistemas especialistas, como o WMS, deve ser considerada sob

o ponto de vista da integração com os sistemas maiores, como o ERP, pois as

informações geradas pelo WMS devem ser incorporadas pelo ERP para análise e

tomada de decisões. Dessa forma, o presente tópico contribuiu no sentido de

apresentar os principais conceitos de um sistema WMS. Os tópicos seguintes

continuam a explanação sobre outros sistemas específicos aplicados nos processos

logísticos.

3.2.4 IMS – Inventory Management System

As decisões sobre estoques são aquelas mais cruciais para os executivos de

Logística de qualquer empresa. Quando uma empresa possui diversos itens em

estoques, como é o caso de supermercados, gerenciá-los pode ser extremamente

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difícil. Sistemas que gerenciam estoques, utilizando informações de transporte e

custos de estocagem, juntamente com lead time e demanda projetada, para sugerir

políticas de estoque auxiliam os tomadores de decisão sobre a melhor alternativa

que combine baixo custo com um elevado serviço ao cliente (SIMCHI-LEVI et al.

2003).

Neste sentido, os Sistemas de Gerenciamento de Inventário são programas

que otimizam o controle dos estoques de uma empresa. Estes sistemas trabalham

em conjunto com os sistemas WMS, porém sua aplicabilidade está no controle de

inventários, enquanto os sistemas WMS se preocupam mais especificamente com o

controle das rotinas de um armazém.

O IMS desempenha diversas atividades, das quais destacam-se as operações

de estoque, gestão do inventário e controle de perdas e avarias. Os principais

benefícios consistem no maior controle dos estoques, ao mesmo tempo em que

possibilitam desempenhar um melhor serviço ao cliente (MEDA, 2004a).

Em uma cadeia Logística, a utilização de sistemas IMS é de fundamental

importância, tendo em vista que atualmente os custos de estoques podem

representar uma boa parcela dos custos logísticos. Nesse aspecto, esse sistema

contribui de forma significativa, otimizando os níveis de estoques aos patamares

mais adequados para a empresa, bem como fazendo todo o controle de rotatividade

destes estoques.

3.2.5 EDI – Eletronic Data Interchange

A transferência eletrônica de dados (Eletronic Data Interchange – EDI) é uma

técnica que permite trocar automática e eletronicamente mensagens padronizadas

entre organizações (BUENO, 2002). Outra definição considera o EDI como sendo

um formato padrão para trocar dados de negócios, nos quais uma mensagem

contém uma seqüência de dados, cada qual representando um fato singular, como

preço, um número de série ou uma quantidade (GOMES E RIBEIRO, 2004). Por fim,

o EDI pode ser definido como um sistema baseado em Tecnologia da Informação

que liga os membros do canal, proporcionando facilidade no fluxo de bens e serviços

ao longo do canal (CALZA e PASSARO, 1997).

Os formatos comuns de EDI permitem às empresas transmitirem

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eletronicamente dados que costumavam estar em formulários de papel e para a

entrada de dados, quando executam uma compra, remessa ou qualquer outra

transação (SIMCHI-LEVI et al. 2003).

Uma característica do EDI é que, em função do alto custo de implantação, o

retorno sobre o investimento está diretamente relacionado ao número de transações,

havendo a necessidade de um volume razoável de transações (BUENO, 2002). No

entanto, as vantagens como a agilização das ordens de produção, acompanhamento

em tempo real destas ordens, o reforço das parcerias entre membros da cadeia,

redução dos custos de compra e estoques, dentre outros, têm aumentado cada vez

mais a sua utilização (CALZA e PASSARO, 1997; GOMES e RIBEIRO, 2004).

No que se refere ao setor de supermercado, a maioria das grandes redes já

utiliza a tecnologia EDI. Estima-se que, atualmente, aproximadamente um terço dos

supermercados brasileiros já utilize o EDI e a principal barreira de implementação

consiste exatamente nos custos envolvidos (BUENO, 2002).

3.2.6 WEB EDI

Ao passo que o EDI utiliza-se de estrutura privada para estabelecer os canais

de comunicação, o WEB EDI utiliza uma estrutura pública, a Internet, para cumprir o

mesmo objetivo. A Internet é uma rede construída de determinados padrões, os

padrões Internet, os quais são utilizados por todos os participantes para conectarem-

se uns aos outros (AMOR, 2000).

Dessa forma, o WEB EDI consiste na troca de informações entre membro da

cadeia por meio da Internet. A grande vantagem desta nova tecnologia é sem dúvida

alguma o custo menor que o EDI convencional, porém problemas de conexão e

segurança são alguns dos limitadores para a adoção desta ferramenta (RICARTE,

2003).

O E-Business, como é comumente conhecido qualquer iniciativa, tática ou

estratégica usando a Internet, que transforma os relacionamentos comerciais, é

atualmente o grande foco das iniciativas de TI das empresas (HARTMAN, et al.

2000).

No setor de supermercados, é possível citar alguns poucos exemplos da

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utilização efetiva da Internet para integrar a cadeia de suprimentos. O Wal Mart foi o

primeiro grupo no Brasil a fazer transações eletrônicas de compras e reposição de

estoques. Quando a rede chegou ao País, em 1995, trouxe a tecnologia de sua

matriz, nos Estados Unidos. A exemplo das outras redes, o Wal Mart preocupou-se

em utilizar um sistema que demandasse equipamentos sem requisitos específicos.

Apesar disso, dos cinco mil fornecedores da rede, apenas 250 recebem, pelo

sistema, informações sobre o desempenho dos seus produtos nos pontos-de-venda

e sobre a situação dos estoques, além de pedidos - e, com base neles, emitir notas

fiscais. As indústrias interligadas são basicamente os fornecedores mundiais. A rede

informa que a intenção é expandir a plataforma para todos os outros

No Brasil, a primeira rede varejista a desenvolver processos para otimização e

automação da cadeia de suprimentos foi o Pão de Açúcar. Uma tentativa inicial foi

feita em 1996, quando iniciou o processo de EDI, que não utilizava a Internet como

canal de comunicação, e sim, uma rede privada de telefonia. Em três anos, a rede

conseguiu a adesão de apenas 135 fornecedores, todos de grande porte.

O projeto não teve o sucesso desejado porque poucos podiam arcar com os

custos de utilização dessa tecnologia (infra-estrutura e remuneração da empresa

provedora do serviço).

Em 1999, a rede adequou seu sistema à Internet. O fornecedor passou a não

ter custos adicionais. Bastava ter um computador e uma linha de telefone. Para

garantir a adesão de todos os 6,2 mil fornecedores, o Pão de Açúcar promoveu

palestras em 2000 e 2001 abordando os benefícios do sistema e as condições

especiais para a aquisição de computadores (YURI, 2004).

O resultado foi que todos os fornecedores passaram a operar com a

plataforma, a Pdanet, que movimenta anualmente cerca de R$ 6 bilhões. Dados de

julho de 2002 mostram que os cerca de 300 mil pedidos emitidos no mês geraram

economia de tempo de 50 mil horas, considerando um ganho médio de 10 minutos

por emissão (pedidos simples, de cinco itens). No processo de recepção de

mercadorias, houve um ganho médio de quatro minutos na emissão de cada uma

das 250 mil notas fiscais (YURI, 2004).

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4. O varejo de supermercados

O setor de varejo alimentício se desenvolveu muito a partir dos anos 90 e hoje

é um dos mais importantes do Brasil. Alguns fatores contribuíram para a mudança

verificada nas ultimas décadas, dentre as quais a estabilização da moeda, a

intervenção governamental, a abertura da economia e o crescimento da Tecnologia

da Informação. Estes fatores fizeram com que as empresas deste setor adotassem

uma postura mais ativa, sob o risco de padecerem para a concorrência

(GONÇALVES e GONÇALVES, 2002; FIGUEIREDO, et al. 2002; KUMSCHLIES e

CRISPIM, 2003).

Como resposta, as grandes redes de supermercados passaram a automatizar

suas operações para atingir maiores níveis de competitividade e, por conseguinte,

diminuírem custos (MACHADO e WITTMANN, 2004). Assim, as novas tecnologias

deixam de ser apenas uma forma de melhorar a eficiência interna do ponto de venda

e passam a intermediar as relações do varejo com fornecedores e clientes finais

(GONÇALVES e GONÇALVES, 2002).

O entendimento de varejo passa, necessariamente, pela sua definição,

classificação e importância para a economia. Em se tratando mais especificamente

do varejo de supermercado, o capítulo aborda também os aspectos conceituais, o

desenvolvimento, as mudanças ocorridas e as estatísticas do setor.

4.1 Conceito e classificação do varejo

O varejo, de uma forma geral, pode ser conceituado como sendo as atividades

de negócio envolvidas com a venda de bens e serviços aos consumidores, em

pequena quantidade, para seu uso pessoal, familiar ou residencial (KOTLER, 1998;

(FERREIRA, 1998 apud MARQUES, 2001). É, portanto, o estágio final no processo

de distribuição (BERMAN e EVANS, 1989), desenvolvendo o papel de intermediador

entre a indústria e o consumidor final (SANDHUSEN, 1998; BAMOSSY, 1995 apud

KUMSCHLIES e CRISPIM, 2003).

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Não obstante as diversas classificações do varejo em geral (KOTLER e

AMSTRONG, 1993; KOTLER, 1998 e PARENTE 2000), para o presente trabalho

serão utilizadas as seguintes classificações:

O varejo pode ser classificado de acordo com a presença física de um local

para vender seus produtos ou serviços. Neste aspecto tem-se o varejo com loja e o

varejo sem loja. Com relação aos varejistas com lojas, estes, por sua vez, podem ser

classificados de acordo com o tipo de produtos que comercializam, podendo ser

varejistas de gêneros alimentícios (que incluem os supermercados) e varejistas de

mercadorias em geral. Já os varejistas sem loja classificam-se de acordo com o tipo

de venda, podendo ser varejo de catálogo, máquinas de venda e de venda em

domicílio. Por fim, tem-se os varejistas de serviço, como por exemplo, os

restaurantes. A Figura No. 6 representa esta classificação (LEVY e WEITZ, 2000).

Figura No. 6. Classificação do varejo. Fonte: Adaptado pelo autor (2005).

Outra classificação que pode ser utilizada para o varejo considera o porte das

empresas. Com relação à esta variável, será utilizado o critério do BNDES, conforme

publicação da sua circular 64/02 de outubro de 2002, que estabelece quatro

tamanhos de empresas, conforme o Quadro No. 8.

Faturamento mínimo Faturamento máximo Microempresa ------------------------ R$ 1,2 milhão Pequeno Porte R$ 1,2 milhão R$ 10,5 milhões Médio Porte R$ 10,5 milhões R$ 60 milhões Grande Porte R$ 60 milhões --------------------- Quadro No. 8. Classificação das empresas pelo faturamento bruto anual. Fonte: Brasil (2005).

Varejo com loja

Varejo sem loja

VAREJO Varejo de

mercadorias em geral

Lj.Departamento

Lj.Descontos

Lj.Especialistas Venda por catálogo

Venda por máquina

Venda em domicílio

Varejo de serviço

Varejo alimentício

Supermercado

Lj.Conveniência

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Considerando ainda a classificação do porte das empresas, enquanto que o

BNDES considera o faturamento, o SEBRAE utiliza o número de funcionários

(Quadro No. 9).

PORTE EMPREGADOS Microempresa Até 09 empregados Empresa de Pequeno Porte De 10 a 49 empregados Empresa de Médio Porte De 50 a 99 empregados Empresa de Grande Porte Mais de 99 empregados

Quadro No. 9. Classificação das empresas comerciais segundo o número de funcionários. Fonte: Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (2005).

Considerando uma classificação mais específica para o setor, a ABRAS –

Associação Brasileira de Supermercados classifica o porte dos supermercados de

acordo com a área de venda, que corresponde ao espaço compreendido entre os

caixas até o último produto exposto, conforme demonstrado no Quadro No. 10

(WILDER, 2003).

Formato da loja Área de vendas (m2)

No. médio

de itens

% de vendas não alimentícios

No. de caixas Seções

Loja de conveniência 50-250 1.000 3 1-2 Mercearia, frios e laticínios,

bazar e snacks

Loja de sortimento limitado

200-400 700 3 2-4 Mercearia, hortifruti, frios e laticínios e bazar.

Supermercado compacto 300-700 4.000 3 2-6

Mercearia, hortifruti, carnes e aves, peixe, frios, laticínios e bazar.

Supermercado convencional

700-2.500 9.000 6 7-20 Mercearia, hortifruti, bazar, carnes e aves, peixe, padaria, frios e laticínios.

Superloja 3.000-5.000 14.000 12 25-36

Mercearia, hortifruti, bazar, carnes e aves, peixe, padaria, frios e laticínios, têxtil e eletrônicos.

Hipermercado 7.000-16.000 45.000 30 55-90

Mercearia, hortifruti, bazar, carnes e aves, peixe, padaria, frios e laticínios, têxtil e eletrônicos.

Loja de depósito 4.000-7.000 7.000 8 30-50

Mercearia, hortifruti, carnes e aves, têxtil, frios e laticínios, bazar e eletrônicos.

Clube atacadista 5.000-12.000 5.000 35 25-35

Mercearia, hortifruti, carnes e aves, têxtil, frios e laticínios, bazar e eletrônicos.

Quadro No. 10.Classificação do setor supermercadista. Fonte: Brito (1998).

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As classificações colocadas no trabalho serão utilizadas para enquadrar a

população da pesquisa, com o objetivo de contextualizar melhor as características

dos seus elementos.

4.3 O varejo de supermercado

O presente tópico apresenta os principais conceitos relacionados ao varejo de

supermercados, além de considerar os aspectos históricos e o atual momento vivido

por este setor na economia.

4.3.1 Definição de supermercado

A maioria das definições de supermercado leva em conta os tipos de produtos

que estas empresas comercializam. Assim sendo, um supermercado é o local onde

se expõe à venda, em ampla área, grande variedade de mercadorias, principalmente

gêneros alimentícios, bebidas, artigos de limpeza doméstica e perfumaria popular

(FERREIRA, 1995; ROJO, 1998a apud GONÇALVES e GONÇALVES, 2002).

Ainda numa definição baseada nos produtos, considera-se que o supermercado

constitui uma operação de grande porte, com baixo custo, pequena margem de

lucro, grande volume e auto-serviço, que visa à satisfação praticamente total das

necessidades do consumidor no tocante a alimentos, produtos de higiene pessoal,

limpeza e produtos de manutenção do lar (KOTLER e ARMSTRONG, 1993).

Apesar de referenciar os produtos comercializados, o Food Marketing Institute

adota o faturamento como base para a sua definição. Dessa forma, um

supermercado é uma loja alimentar de auto-serviço com departamento de mercearia,

hortifrutigranjeiros e carnes, com vendas mínimas anuais de US$ 2 milhões ou

aproximadamente US$ 170.000 mensais (BERMAN e EVANS, 1989).

Outra definição leva em conta a estrutura mínima necessária para caracterizar

um supermercado. Neste contexto, um supermercado são lojas de auto-serviço, que

têm como característica fundamental o check-out, ou seja, balcão na saída da loja,

com caixa registradora ou qualquer outro equipamento que permita a soma e

conferência das compras. Além disso, deverá ter carrinhos ou cestas à disposição

dos clientes, que se servem por conta própria (ACNIELSEN, 1993).

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4.3.2 O setor supermercadista brasileiro

O setor supermercadista cresceu muito desde o seu surgimento, em meados

da década de 50 (MORGADO e GONÇALVES, 1999 apud CHAVES, 2002),

chegando a ser responsável por 26% do total de gêneros alimentícios do mercado

brasileiro (ROJO, 1998b). A transição de uma economia rural para uma urbana

(CHAVES, 2002) e mudanças no regime tributário (FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS

DO ESTADO DO CEARÁ, 2005) são alguns dos aspectos que contribuíram para

este crescimento.

Este cenário favoreceu o surgimento dos hipermercados, onde o conceito one

stop shop (todos os produtos em um só lugar) passava a ser utilizado (CYRILLO,

1987), “roubando” espaços das pequenas lojas e mercearias, que utilizavam ainda o

atendimento de balcão (SILVA e FAMÁ, 1999). O número de lojas saltou de 992, em

1966, para 7.823, dez anos depois (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

SUPERMERCADOS, 1993), chegando a 12.493 no final de 1979 (ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DE SUPERMERCADOS, 2004).

A partir da metade dos anos 90, o ambiente, até então caracterizado pelo

fechamento da economia, alta inflação e desemprego, falta de uma legislação

específica que protegesse o consumidor, modificou-se (CYRILLO, 1987).

Com o advento do Plano Real, em 1994, a inflação caiu para índices mais

aceitáveis e o poder de compra da população, principalmente a de baixa renda,

aumentou enormemente e os supermercados, mais uma vez, puderam retomar o

caminho da expansão (SANTOS et al. 1998). O ambiente empresarial tornou-se

instável, com alta concorrência, baixas taxas de inflação e com um consumidor mais

exigente, conforme é possível observar no Quadro No. 11 (ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DE SUPERMERCADOS, 2002).

Antes Após Economia fechada Economia aberta Pouca competição Muita competição

Altas taxas de inflação Inflação reduzida Alterações constantes nos preço Estabilidade nos preços

Ineficiência escondida Busca constante pela eficiência Ganhos financeiros – altas margens Redução substancial das margens

Prejuízos – perdas operacionais Ganhos operacionais Consumidor pouco exigente/consciente Consumidor exigente/consciente

Quadro No. 11.Cenários antes e após o Plano Real. Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SUPERMERCADOS (2002).

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Com uma relativa estabilidade econômica, o foco das empresas foi

redirecionado para o operacional, em vez do financeiro (CHAVES, 2002). Como a

ciranda financeira não proporcionava mais os lucros equivalentes ao período pré-

plano Real, as empresas do setor se viram obrigadas a aumentar suas margens

para compensar as perdas, conforme é possível observar na Tabela No. 1

(LEPSCH, 1996 apud SILVA e FAMÁ, 1999).

Tabela No. 1. Margens praticadas antes e depois do plano Real.

Margem Seções Pré-Real Pós-Real

Mercearia alimentícia 11,8% 15,6% Mercearia não alimentícia 14,5% 18,5% Mercearia líquida 15,4% 17,8% Perecíveis 10,2% 15,6% Refrigerados/congelados 11,7% 16,6% Hotifrutigranjeiro 13,0% 19,5% Padaria 35,3% 44,5% Bazar/eletrônico 24,8% 30,8% Têxtil/magazine 25,4% 33,2% Cesta básica ampliada 4,9% 8,0%

Fonte: Lepsch (1996) apud Silva e Fama (1999).

A abertura de mercado iniciada no governo Collor, trouxe consigo o interesse

de grandes empresas em investir no país. No varejo, esse fenômeno pôde ser

observado com mais intensidade, pois as redes multinacionais passaram a aumentar

sua presença no país.

Utilizando estratégias diferentes, as grandes redes internacionais passaram a

investir fortemente no Brasil. Uma das estratégias adotadas consistia na expansão

por meio de lojas próprias, como fez o Wal-Mart (SAAB et al. 2000a).

Outra estratégia adotada se deu por meio da associação com redes nacionais,

como foi o caso do Casino, que adquiriu 21% de participação da Rede Pão de

Açúcar (CAETANO, 2004), o Sonae que, em 1989, se associou com a rede Josepar,

para criar a CRD (Cia Real de Distribuição), para em 1997 adquiri-la de vez

(WILDER, 2003) e a própria Wal-Mart que em 1995 realizou uma joint venture com

as Lojas Americanas para inaugurar as primeiras lojas (SESSO FILHO, 2003).

Em 1996, o Royal Ahold adquiriu 50% do capital do Bompreço, para, em 2000,

adquiri-la totalmente (SAAB et al. 2000a), a compra do Eldorado pelo Carrefour, em

1997, do Cândia e Mercadorama pelo Sonae, em 1998 (SANTOS et al. 1998).

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O processo de compra e associação aumentou o nível de internacionalização

do setor. Em 1991, das 7 maiores empresas do setor, somentedoistinham

participação estrangeira. No ano de 2001, somente 1 empresa era totalmente

nacional (WILDER, 2003). Já em 2002, das 5 maiores redes, nenhuma era de capital

totalmente nacional (SESSO FILHO, 2003). O Quadro No. 12 resume este

fenômeno.

1991 2001 2002

Empresas Origem do capital Empresas Origem do

capital Empresas Origem do capital

Carrefour Com. E Ind S/A Francês Cia Brasileira

de Distribuição Brasileiro/ Francês

Cia Brasileira de Distribuição

Brasileiro/ Francês

Paes Mendonça S/A Brasileiro Carrefour Com.

E Ind S/A Francês Carrefour Com. E Ind S/A Francês

Cia Brasileira de Distribuição Brasileiro

Sonae Distribuição Brasil S/A

Português Bompreço S/A Holandês

Casas Sendas Com e Ind S/A Brasileiro Bompreço S/A Holandês

Sonae Distribuição Brasil S/A

Português

Bompreço S/A Brasileiro Casas Sendas Com e Ind S/A Brasileiro Wal Mart Brasil

S/A Americano

Quadro No. 12. Os sete maiores supermercados e a origem do capital. Fonte: Adaptado de Wilder (2003) e Sesso Filho (2003).

Com o avanço das redes internacionais, restava às empresas nacionais

somente a compra de outras redes menores ou a associação com outras redes de

supermercados.

O Pão de Açúcar, antes da associação com o Casino em 2001, seguiu a

estratégia de aquisição de redes menores. No ano de 1997, a rede adquiriu a

Freeway, Milo´s e algumas lojas da rede Mambo, Ipcal e SAB. Em 1998, a

seqüência de compra incluiu o Barateiro (SANTOS et al. 1998). Em 2000, o Pão de

Açúcar registrou o maior número de compra do setor no Brasil, ao adquirir algumas

lojas do Mercadinho São Luiz, Paulo J. Reimberg, Nagumo, GePires, Senff Parati,

Supermercados Rosado, Cibus/Ipanema e Boa Esperança (SAAB et al. 2000a).

A conseqüência direta das aquisições pôde ser sentida de duas formas, a

primeira no próprio crescimento do setor e a segunda quando se analisa o nível de

concentração do setor nos últimos anos.

Entre 1997 e 2000, o número de lojas das 5 maiores redes cresceu 40%,

enquanto que o faturamento cresceu 130% (SANTOS et al. 1998; SESSO FILHO,

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2003), conforme detalhado na Tabela No. 2.

Tabela No. 2 .Crescimento do faturamento das 5 maiores redes de supermercados do Brasil entre 1997 e 2000.

1997 2000

Empresas Faturamento em milhões de Reais Empresas Faturamento em

milhões de Reais

Carrefour 4.683 Companhia Brasileira de Distribuição (CBD) 9.550

Pão de Açucar 3.169 Carrefour 9.520 Bompreço 1.176 Bompreço 3.042 Sendas 1.324 Sonae 2.478 Paes Medonça 876 Wal-Mart 1.211 TOTAL 11.228 TOTAL 25.801

Fonte: Adaptado de Santos et al (1998) e Sesso Filho (2003).

Comparando o faturamento total do setor supermercadista, observa-se que

houve um aumento na concentração das 5 maiores redes. Em 1997, estas redes

respondiam por aproximadamente 22% do faturamento total do setor. Em 2000, este

percentual aumentou para 38%, representando um aumento de 72% em três anos

(SANTOS et al. 1999; SESSO FILHO, 2003; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

SUPERMERCADOS, 2004), conforme demonstra a Tabela No. 3.

Tabela No. 3.Participação das 5 maiores redes no faturamento total do setor.

1997 2000 Faturamento (U$ milhões) Faturamento (U$ milhões) Das 5 maiores 11.228 Das 5 maiores 25.801 Do setor 50.400 Do setor 67.600 Percentual 22% Percentual 38%

Fonte: Santos et al (1999); Sesso Filho (2003) e ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SUPERMERCADOS (2004).

Na década de 90, o faturamento do setor cresceu 136%, o que corresponde a

uma taxa anual média de 9% ao ano. Se comparado ao PIB (Produto Interno Bruto)

do país, que no mesmo período cresceu somente 28,5%, é possível afirmar que o

setor cresceu acima da média da economia (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

SUPERMERCADOS, 2004; BRASIL, 2004), conforme apresentado na Tabela No. 4.

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Tabela No. 4. Comparação do faturamento do setor supermercadista com o PIB brasileiro na década de 90.

Anos Faturamento do setor

supermercadista – Em bilhões de Reais

PIB brasileiro – Em bilhões de

Reais

Participação do setor supermercadista no

PIB brasileiro 1991 25,7 1.143,75 2,25% 1992 26,9 1.137,53 2,36% 1993 28,1 1.193,55 2,35% 1994 31,5 1.263,41 2,49% 1995 35,1 1.316,77 2,67% 1996 46,8 1.351,78 3,46% 1997 50,4 1.396,00 3,61% 1998 55,5 1.397,85 3,97% 1999 60,1 1.408,83 4,27% 2000 67,6 1.470,26 4,60%

Variação da década – Em % 136% 28,5% 104% Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SUPERMERCADOS (2004) e Brasil (2004).

Conforme é possível observar, no início da década passada, o setor participava

com 2,2% do total produzido pelo país, passando para 4,5% no final da mesma

década, o que significa um acréscimo de 104% no período. Dessa forma, é possível

concluir que a década de 90 foi marcada por um crescimento significativo do setor.

Com a chegada do século XXI observa-se que o setor mantém o processo de

fusões e aquisições. Apesar do número ser bem menor que o ocorrido na década de

90, o impacto gerado com a nova onda de compras é bem maior, uma vez que

envolveu as empresas posicionadas entre as maiores do setor, no caso Pão de

Açúcar, Sendas, Wal Mart e Bompreço (MANO e HERZOG, 2004).

Com a venda de parte do capital para a rede francesa Casino em 2001, e com

dinheiro em caixa, a Companhia Brasileira de Distribuição (CDB) iniciou o processo

de compra dos supermercados Sendas no final de 2003. O acordo firmado previa a

criação de uma nova empresa que contava com 106 lojas das duas redes no estado

do Rio de Janeiro. O faturamento estimado da nova empresa para 2004 era de R$

3,5 bilhões, enquanto que as projeções de faturamento da CDB para o mesmo ano

são de R$ 15 bilhões (GRANGEIA, 2004; EXAME, 2004a).

Porém, a maior aquisição do setor estava ainda por acontecer. No Mês de

março de 2004, a Wal Mart, a maior empresa do mundo, segundo a revista Fortune,

com vendas de 245 bilhões de dólares em 2003, adquiriu a rede de supermercados

Bompreço, que pertencia à Rede holandesa Royal Ahold desde o ano de 2000

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(MANO 2004).

A negociação, de aproximadamente 300 milhões de dólares expandiu a área de

atuação da Wal Mart no nordeste e alavancou a rede do sexto para o terceiro lugar

no ranking da Associação Brasileira de Supermercados, conforme é possível

observar a Tabela No. 5 (MANO e HERZOG, 2004).

Tabela No. 5.Comparação da Wal Mart após a compra do Bompreço.

Antes Depois Faturamento (em bilhões de Reais) 1,7 5,0 Posição no Ranking 6o 3o Número de lojas 25 143

Fonte: Diniz (2004).

Ao adquirir o Bompreço, a Wal Mart deu sinais de que iria disputar o mercado

nacional, apesar da distância dos líderes Pão de Açucar e Carrefour, que faturam

acima de 10 bilhões de Reais. Porém, por se tratar da maior empresa do mundo, a

rede de varejo americana é atualmente a grande favorita para adquirir outras

empresas do setor (DINIZ, 2004).

Depois de todo processo de compra e fusão, os líderes Pão de Açucar e

Carrefour conseguiram manter a hegemonia do setor até o ano de 2004. No entanto,

entre o 3o e 5o lugares, aconteceram grandes modificações de posições. O destaque

sem dúvida alguma foi a perda do 3o lugar da rede portuguesa Sonae para o Wal

Mart. Outra grande novidade foi o surgimento da rede Zaffari em 5o lugar, uma vez

que ela nunca tinha ocupado nenhum lugar entre as 5 maiores (Quadro No. 13).

Empresas 2000 2001 2002 2003 2004 Companhia Brasileira de Distribuição (CBD) 1o 1o 1o 1o 1o Carrefour 2o 2o 2o 2o 2o Bompreço 3o 4o 3O 4o ----- Sonae 4o 3o 4O 3o 4o Wal-Mart 5o ----- ----- ----- 3o Sendas ----- 5o 5o 5o ----- Zaffari ----- ----- ----- ----- 5o

Quadro No. 13.Ranking das 5 maiores redes de supermercados do país. Fonte: Pesquisa de campo (2005).

Fazendo um balanço das principais fusões e aquisições do setor, é possível

constatar que a maioria delas ocorreu entre os anos de 1998 e 2000, atingindo seu

ápice em 1999, onde se registrou 24 aquisições (Tabela No. 6).

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Tabela No. 6.Número de aquisições no setor supermercadista entre 1994 e 2001.

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 No. de fusões e aquisições 2 1 2 9 13 24 10 8 1

Fonte: Wilder (2003).

As diversas compras verificadas no setor aumentaram consideravelmente o

índice de concentração. De 1994 até 2003 as duas maiores redes quase duplicaram

sua participação entre as 300 maiores do setor, saindo de 26% para 41%. O

aumento de participação é verificado também se for considerado as 5, as 10 e as 20

maiores empresas, onde, em 2003, estas empresas respondiam por 77% do

faturamento se considerado as 300 maiores do setor (Tabela No. 7).

Tabela No. 7. Índice de concentração do setor supermercadista.

FATURAMENTO 1994 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Das 2 maiores/ 300 maiores 26% 26% 39% 40% 41% 40% 41% 41% Das 5 maiores/300 maiores 37% 40% 48% 60% 59% 60% 59% 57% Das 10 maiores/300 maiores 47% 49% 58% 69% 67% 70% 69% 67% Das 20 maiores/ 300 maiores 57% 60% 66% 76% 78% 78% 78% 77%

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SUPERMERCADOS (1998) apud Santos e Gimenez (1999); Saab et al (2000b); Kumschlies e Crispim (2003); Junior (2003) e ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SUPERMERCADOS (2004).

A concentração do setor traz vantagens para as grandes redes, pois tem

permitido incrementos consideráveis no resultado operacional das cadeias de

supermercados, em virtude da redução de despesas e, principalmente, da redução

dos custos com aquisição de mercadorias, esta última obtida basicamente em

função da negociação de preços com os fornecedores (SAAB et al. 2000a).

Se por um lado, a concentração das redes supermercadista trouxe benefícios

para as redes; por outro, fornecedores parecem não estar tão satisfeitos assim. O

maior poder de barganha das grandes redes passou a pressionar os fornecedores

que viram suas margens diminuírem sistematicamente (SESSO FILHO, 2003).

Porém, não é só na pressão por descontos que residem as maiores

reclamações dos fornecedores. Desgastes no processo de negociação, taxas para

cadastrar e colocar os produtos nas prateleiras, gastos com marketing no ponto de

venda, bonificações, “enxovais” (contribuições para inauguração de lojas), dentre

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outros, têm desgastado o relacionamento entre indústria e supermercados nos

últimos anos (BLECHER, 2002).

Entre 2001 e 2003, o setor cresceu 20% em termos de faturamento, enquanto o

PIB brasileiro cresceu, no mesmo período, somente 2% (ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DE SUPERMERCADOS, 2004; BRASIL, 2004). A perspectiva é que,

em 2004, o setor tenha crescido 3%, (EXAME, 2004b), conforme demonstrado na

Tabela No. 8.

Tabela No. 8.Faturamento nominal do setor supermercadista e a comparação com o PIB brasileiro.

Anos

Faturamento do setor

supermercadista – Em bilhões de Reais

PIB brasileiro – Em bilhões de Reais

Participação do setor supermercadista no PIB

brasileiro

2001 72,5 1.459,56 5,0% 2002 79,8 1.518,26 5,2% 2003 87,2 1.514,92 5,7% 2004 89,8 1.593,69 5,6% Variação – Em % 24% 9% 12,0%

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SUPERMERCADOS (2004) apud Exame (2004b) e IPEA (2004) apud Valor Econômico (2004).

De acordo com o que foi apresentado, é possível observar que o setor

supermercadista ocupa um lugar de destaque na economia brasileira, uma vez que

sua participação na produção nacional é bastante significativa. Apesar de boa parte

desta contribuição se dever às grandes redes, as pequenas empresas do setor vêm

assumindo uma posição cada vez mais de destaque, conforme será demonstrado no

próximo tópico.

4.3.4 As pequenas empresas supermercadistas

O aumento da concentração do setor em termos de faturamento bruto e o maior

poder de mercado das grandes empresas afetam diretamente as pequenas firmas,

as quais possuem poucos recursos para adotar novas tecnologias e manterem-se

competitivas (SESSO FILHO, 2003). Assim, para fazer frente ao crescimento das

grandes redes, as pequenas e médias empresas do setor passaram a reagir de

forma sistemática (SAAB et al. 2000a).

Apesar de o crescimento do setor supermercadista estar diretamente ligado ao

processo de compra e aquisições das grandes redes, foi exatamente entre os

pequenos e médios varejistas que a ampliação se tornou mais latente nos últimos

anos, se forem considerados valores absolutos (WILDER, 2003).

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Considera-se pequeno supermercado as lojas de auto-serviço que possuem no

mínimo dois check-outs, e que estão, na maioria dos casos, localizados em bairros

de periferia das cidades, com área de vendas de até 350 m2. Os produtos que

comercializam são, especialmente, alimentos, nos setores de mercearias, carnes,

frios, laticínios e hortifrutigranjeiros, além de artigos de uso e consumo imediatos.

Apresentam alto giro e baixa margem de lucro, mantendo preços competitivos

(SAAB et al. 2000b).

Outro conceito importante é o de supermercado de vizinhança. Desenvolvidos

pelos americanos, os supermercados de vizinhança visam aos consumidores mais

sensíveis a serviço e são os que mais se aproximam dos pequenos varejistas

(SANTOS et al. 1998).

O segmento do pequeno varejo alimentício está em crescimento. Para se ter

uma idéia, em 2000, os pequenos supermercados, de até 250 m2, já participavam

com 23,8% do total de lojas no setor (Tabela No. 9).

Tabela No. 9.Características dos formatos das lojas.

Tamanho das Lojas No. médio de itens No. médio de check-outs

Participação no total de lojas

Até 250 m2 765 3 23,8% Entre 251 e 1.000 m2 6.939 7 37,3% Entre 1.001 e 2.500 m2 11.693 14 26,1% Entre 2501 e 5.000 m2 16.274 26 7,6% Acima de 5.000 m2 35.406 57 5,3%

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SUPERMERCADOS (2000) apud SAAB et al. (2000a).

Segundo a ABAD – Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores, o

setor atacadista que abastece o auto-serviço de até quatro check-outs registrou um

crescimento de 11% em 2002 em relação a 2001, o que é um indicador importante

para se medir o comportamento dos pequenos estabelecimentos que são atendidos

por este tipo de atacadista (CAMPOS, 2004b).

Este indicador pode ser interpretado em função do aumento da preferência dos

consumidores por este tipo de loja. Em São Paulo, por exemplo, caiu de 19% para

15% o percentual de clientes que preferem fazer compras em algumas das dez

maiores redes, entre os anos de 2001 e 2003, enquanto o pequeno supermercado

cresceu de 15% para 16% no mesmo período (MUNIZ, 2005). Nos últimos cinco

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anos, esse foi o segmento que mais proliferou. O número de lojas com quatro ou

menos caixas aumentou 35% no período, chegando a 52 mil (BLECHER, 2003).

O fato é que estas lojas passaram a desenvolver diversas estratégias para

aumentar sua participação no mercado e concorrerem com as grandes redes. As

principais estratégias adotadas englobam a adequação de seus produtos ao tipo de

cliente atendido, a diminuição das margens de lucro, o aumento do giro, a

modernização e a associação em grupos de compra (SESSO FILHO, 2003;

WILDER, 2003).

Enquanto as grandes redes estabelecem uma estratégia de localização em

áreas de grande influência, onde o poder de compra é concentrado, os pequenos

supermercados localizam-se em áreas mais próximos dos consumidores, como os

bairros da periferia, onde prevalecem as classes C e D da população, ou nas

cidades do interior (SAAB et al. 2000a). Estes consumidores apresentam um perfil

de compra caracterizado pela pequena compra e uma freqüência maior. Geralmente

não possuem carro, o que aumenta a importância da entrega em domicílio

(CAMPOS, 2004a).

Por estarem mais próximos dos consumidores, os pequenos supermercados

têm uma vantagem comparativa em relação às grandes redes, uma vez que é

possível adequar-se melhor às necessidades destes clientes, ao passo que as

grandes redes precisam adotar um padrão de mix de produtos em função dos

ganhos de escala com compras e distribuição (SESSO FILHO, 2003).

Um outro fator que explica o crescimento do pequeno varejo alimentício

verificado nos últimos anos consiste na modernização e busca pela melhoria na

produtividade e eficiência administrativa. Sem perder as características de empresas

menores, a utilização de técnicas de gestão e a profissionalização já estão

presentes neste tipo de empresa. Dentre as diversas iniciativas, observa-se: a

automação comercial, a adoção de ferramentas que objetivam a reposição rápida e

contínua, o marketing de relacionamento, o gerenciamento de categorias, o

gerenciamento rigoroso de espaços e treinamento dos funcionários (SAAB et al.

2000a).

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Por fim, uma estratégia que tem sido cada vez mais adotada pelo pequeno

varejo consiste na união em associações de supermercados e parcerias com

atacadistas e distribuidores (SANTOS et al. 1998).

As associações de compra funcionam como consolidadores dos pedidos dos

supermercados e será detalhado mais adiante (SESSO FILHO, 2003).

Um segundo tipo de associação consiste na criação de redes de pequenos

supermercados com a coordenação de grandes atacadistas. Este tipo de

associação, conhecido nos EUA sob a sigla IGA (International Grocers Alliance),

ganhou força no Brasil quando o grupo Martins criou a rede Smart (WILDER, 2003).

4.3.5 As associações de compra no setor supermercadista

O maior problema da pequena empresa, nos tempos atuais, é que ela trabalha

sozinha. Os poucos recursos, a falta de informações, a dependência das decisões

concentradas no empresário, tudo contribui para o seu isolamento e falta de

dinamismo. Se sozinha uma empresa não vai muito longe, a união de empresas que

têm os mesmos problemas permite encontrar soluções para uma série de

dificuldades comuns a todas. Esse é o princípio do associativismo (CERVI, 2002).

Assim, é possível definir o associativismo como qualquer iniciativa formal ou

informal que reúne um grupo de empresas, com o principal objetivo de superar

dificuldades e gerar benefícios comuns nos níveis econômico, social e político

(SEBRAE, 1994 apud CERVI, 2002).

Já as associações ou cooperativas de compra constituem a união de várias

empresas com características semelhantes que consolidam as demandas para

alavancar vantagens com os fornecedores, visando à redução de preços, melhoria

da qualidade dos produtos, redução dos custos administrativos, compartilhamento

dos conhecimentos do mercado, padronização e aumento na rivalidade com as

grandes redes (LEENDERS e FEARON, 1997 apud , Wilder, 2003).

A central de compras ou compras compartilhadas pode ser a forma mais

simples de integração comercial e consiste no acordo, formal ou informal, entre

empresários que se juntam para efetuar compras comuns às empresas (CERVI,

2002).

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A compra é vista pela organização bem-sucedida de hoje como uma atividade

de importância estratégica considerável. O fato de o papel estratégico e de

contribuição de compras e suprimentos serem bem reconhecidos em muitos

negócios relevantes significa que as decisões estratégicas de compras podem ser

tomadas ao nível de diretoria (BAILY e JONES, 2000, p. 16).

As vantagens da centralização da atividade de compras dependem da

habilidade com que o executivo responsável pelo trabalho usa mais eficazmente o

poder de compra da empresa. Isso incluirá a consolidação das exigências, o

desenvolvimento de fontes, a racionalização dos estoques, a simplificação dos

procedimentos, o trabalho com fornecedores para eliminar custos desnecessários

em vantagem mútua e o trabalho com colegas para assegurar um fluxo de

informações eficaz, que possibilitará o atendimento dos objetivos da empresa

(BAILY e JONES, 2000, p. 78).

A central de compras funciona não como um atacadista, mas como uma

distribuidora de produtos que, enquanto empresa, não visa a lucros. A central de

compras tem mais chances de ter sucesso quando as empresas parceiras compram

os mesmos tipos de produtos (CERVI, 2002).

A criação de uma central exige de seus associados um forte espírito coletivo,

pois se trabalha por um bem comum, ou seja, ninguém tira vantagens de ninguém.

As centrais de compras apresentam algumas características em comum. Todas têm

uma estrutura enxuta, com poucos funcionários, contratados exclusivamente para

negociar preços e prazos com fornecedores. As despesas são divididas entre os

associados no final do mês (CERVI, 2002).

O associativismo, no entanto, apresenta alguns problemas, principalmente,

aqueles relacionados à necessidade de integração de diferentes culturas

empresariais, bem como a garantia de que os interesses de todos sejam

preservados. Outras dificuldades estão ligadas à não previsão das centrais de

compras como figura tributária, havendo, assim, a necessidade de os fornecedores

emitirem uma nota fiscal para cada supermercado, além de realizarem as entregas

empresa por empresa (SAAB et al. 2000b), bitributação, desacordo entre

associados, falta de definição clara do mix de produtos, atuação restrita à compra de

produtos essenciais e problemas administrativos (LOKIANOCENKO, 2001).

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Apesar dos problemas apontados, o número de associações de varejistas do

segmento alimentício tem aumentado no Brasil. Em 2000, estimava-se que existiam

aproximadamente 86 centrais de compra no país, que, em conjunto,

faturavamdoisbilhões de Reais por ano, o que representavam 2,8% da receita bruta

do setor supermercadista (LOKIANOCENKO, 2001).

Compostas por 1.150 empresas com 1.500 lojas, estas associações

representam 16% do total das lojas. Das dez maiores associações de

supermercados do país, a maior parte encontra-se nas regiões sul e suldeste

(LOKIANOCENKO, 2001).

Em média, estas associações congregam em média 28 empresas e 41 lojas,

que juntas faturam em média 160 milhões de Reais por ano, o que equivale a um

faturamento médio de 5,6 milhões de Reais por empresa.

A Tabela No. 10 apresenta as 10 maiores associações de supermercados do

Brasil, em relação ao faturamento total das empresas associadas.

Tabela No. 10. As 10 maiores associações de supermercados do Brasil.

Razão Social Nome Fantasia UF No. de

firmas No. De lojas

No. de caixas

Faturamento (R$ mi)

Associação Redeconomia de supermercados do estado do RJ

Redeconomia RJ 13 72 555 610

Associação de varejistas do Espírito Santo AVAES ES 64 79 362 264

Rede Super Ltda Rede Super RS 50 59 214 154 Associação de Empreendimentos de Varejo de Auto-Serviço do Ceará

Super Rede CE 06 24 175 132

Associação de Redes de Supermercados de MS

Rede Econômica MS 38 52 250 120

Associação Supermais Varejo

Rede Supermais MG 11 19 110 92,8

Associação Central de Supermercados Central Super RS 38 38 120 69

Nova Rede Mercado do estado do RJ Nova Rede RJ 26 26 92 65

Rede de Supermercados do Sul do Brasil Rede Mais RS 21 30 108 53,2

Associação de Supermercados do Vale do Itajaí

Assuvale SC 15 20 85 42,6

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SUPERMERCADOS (2000) apud Lokianocenko (2001).

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Como é possível observar, o associativismo pode proporcionar uma redução

nos custos das empresas e permitir a prática de menores preços para os clientes. A

utilização do associativismo, na estruturação das empresas menores, já vem

despertando, sobre as mesmas, o interesse dos grupos maiores, ou seja, torna-as

competitivas o suficiente para atrair a atenção de outras redes (SAAB et al. 2000b).

Porém, o perfil das lojas que participam de associações ainda é essencialmente

de pequeno porte, prepondera uma única loja por associado, com área média de

venda de 400 m2, 23 funcionários por loja, 4 check-outs e faturamento de R$ 3,1 mil

por m2, conforme é possível observar na Tabela No. 11.

Tabela No. 11. Perfil das lojas pertencentes a 56 associações.

Item Valor Média de lojas por firma 1,3 Média de área de venda por loja 400 m2

Número de funcionários por loja 23 Número de check outs por loja 4 Faturamento por m2 R$ 3,1 mil

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SUPERMERCADOS (2000) apud Lokianocenko (2001).

4.3.6 O setor supermercadista no Ceará

O setor supermercadista é um dos mais importantes do segmento comercial no

Estado. Estima-se que o faturamento chegue a R$ 140 milhões por mês, ou

aproximadamente R$ 1,6 bilhão por ano somente em Fortaleza (SCALIOTTI, 2004a).

Considerando todo Estado, estima-se que o faturamento ultrapasse R$ 2,0 bilhões

(BRASIL, 2002).

Se forem considerados esses números, o setor supermercadista de Fortaleza

representaria aproximadamente 33% de todo faturamento do comércio varejista do

Estado, enquanto o setor supermercadista no Estado representaria 40% (BRASIL,

2002).

Atualmente, o setor é bastante disputado principalmente na Capital, onde o

mercado é dividido entre as grandes redes Wal-Mart (Bompreço) e Extra / Pão de

Açúcar, as médias redes, como Hiper Mercantil, Super Frangolândia, Supermercado

Do Povo, Center Box, São Luiz (J Melo), Super Família, Super Lagoa, Pinheiro

Supermercados, Cometa Supermercados e Chalana, além dos pequenos

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supermercados e lojas de vizinhança. No total, o setor supermercadista no Estado

stá representado por mais de 50 empresas e 170 lojas (ACESU, 2004 apud

SCALIOTTI, 2004a).

Mesmo com a concorrência das grandes redes, os pequenos empreendimentos

têm conseguido estabelecer seu espaço. Iniciando como “mercadinhos” de bairro,

essencialmente familiares, algumas redes já conseguiram alcançar diversos bairros

da cidade, até mesmo o interior do Estado (BENEVIDES, 2004).

Seguindo uma tendência de todo o País, o pequeno e médio varejo do Estado

têm procurado a associação como forma de fazer frente às grandes redes. Estima-

se que existem 10 associações do tipo em Fortaleza, das quais destacam-se a

Super Rede, a UNIFORÇA. Dos 140 milhões de Reais por mês faturados pelo setor,

50 milhões são provenientes de mercadinhos e pequenos supermercados com

menos de 4 caixas. Os supermercados de vizinhanças faturam em média 60 milhões

de Reais e o restante, 30 milhões, representa a participação das grandes redes

(CORDOVIL, 2004 apud SCALIOTTI, 2004b).

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5. Metodologia da Pesquisa

O delineamento ou metodologia da pesquisa refere-se ao planejamento em sua

dimensão mais ampla, envolvendo tanto a sua diagramação, quanto à previsão de

análise (GIL, 1991). Assim, o referido delineamento consiste na estratégia ou plano a

ser seguido para o desenvolvimento da pesquisa com ênfase nos procedimentos

que serão adotados.

Assim, para descrever a metodologia da pesquisa, o presente capítulo está

estruturado da seguinte forma:

1 Revisão da problemática e do objetivo da pesquisa: nesta parte do

capítulo, a problemática, bem como os objetivos central e secundários

da pesquisa serão recolocados.

2 Etapas da pesquisa: parte do capítulo que explica as etapas e fases da

pesquisa. Para cada etapa serão explicados os procedimentos e

técnicas de pesquisa utilizados.

3 Critérios de análise: Parte do capítulo na qual serão esclarecidos os

pontos que serão analisados ao longo da pesquisa de campo.

5.1 Problemática e objetivo da pesquisa

De acordo com o capítulo introdutório, a pergunta que pautou a pesquisa foi a

seguinte:

Como os pequenos supermercados localizados na cidade de Fortaleza têm

utilizado a Tecnologia da Informação em seus processos logísticos?

Em consonância com a pergunta de pesquisa, o objetivo geral do presente

trabalho é:

“ Investigar, em uma situação concreta, como os pequenos supermercados

utilizam a Tecnologia da Informação na Logística.”

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Ainda relembrando os objetivos específicos, constantes na introdução, tem-se:

1. Descrever o setor de supermercados, tanto nacionalmente, como em

relação ao estado do Ceará, com ênfase para as pequenas empresas deste

setor;

2. Entender o funcionamento da Logística em pequenos supermercados.

3. Identificar as principais aplicações da TI na Logística dos pequenos

supermercados.

4. Identificar os principais impactos que a adoção da TI trouxe para estas

empresas, no que se refere aos seus processos logísticos.

5.2 Etapas da pesquisa

A pesquisa ora desenvolvida dividiu-se em duas grandes etapas, das quais a

primeira se caracterizou pela pesquisa bibliográfica. Em um segundo estágio,

desenvolveu-se um estudo de campo em duas fases. A primeira, de caráter

exploratório, procurou identificar, dentro do universo de 21 empresas

supermercadistas pesquisadas pertencentes a uma associação, aquelas que

estavam em um estágio mais avançado no que se refere à utilização da Tecnologia

da Informação. A partir daí, selecionou-se alguns elementos desta população, com o

objetivo de se fazer os estudos de casos, conforme explicado a seguir:

5.2.1 Etapa de levantamento bibliográfico

A primeira etapa do trabalho consistiu no levantamento bibliográfico, que

envolveu diversas fontes de pesquisa. A pesquisa bibliográfica teve o objetivo de

conhecer e analisar as contribuições científicas do passado, existentes sobre o

assunto, tema e problema (CERVO e BERVIAN, 1996).

Esta etapa da pesquisa envolveu o levantamento por meio de fontes

secundárias. Assim, utilizou-se trabalhos como monografias, dissertações, livros,

relatórios técnicos, artigos científicos em revistas e anais de congresso.

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A pesquisa bibliográfica englobou inicialmente a fase de elaboração das fichas

de referência. As fichas de referência foram separadas por assunto, de acordo com

os tópicos relacionados na pesquisa.

No que se refere aos pontos mais importantes do referencial teórico, é

interessante deixar claro que a pesquisa partiu de três temas macros, que foram

Tecnologia da Informação, Logística e Pequenos Supermercados.

Estudar a TI nas empresas por si só é um tema vasto e complexo que requer

um aprofundamento nos diversos aspectos que envolvem o assunto. Além do mais,

ao estudar este tema, existem diferenças significativas quando se analisam diversos

segmentos de negócio. Neste aspecto, o presente trabalho procurou estudar a

Tecnologia da Informação em seus aspectos mais gerenciais, considerando

principalmente as aplicações existentes, os usos das tecnologias, os principais

benefícios e impactos que ela proporciona às empresas.

Da mesma forma, estudar a Logística em todos os seus aspectos significa o

desenvolvimento de um amplo e complexo sistema de análise que varia de acordo

com porte das empresas, segmentos de mercado, áreas de atuação, dentre outros

aspectos. Assim, ficaria complicado desenvolver um estudo com esta amplitude.

Portanto, o referencial teórico abordou principalmente a mecânica de

funcionamento da Logística, considerando suas atividades e a necessidade de

integração entre elas. Além disso, outro ponto importante desta parte do referencial

teórico se refere ao gerenciamento da informação logística, em que aspectos como

os tipos de informações requeridas, a importância destas informações e os

benefícios que a informação proporciona para a Logística foram considerados.

Por fim, estudar o segmento de supermercados como um todo é uma tarefa

difícil que requer uma amplitude de análise maior, pois ao considerar este segmento,

as variações com relação ao porte, aos tipos de produtos que comercializam e aos

tipos de clientes que são atendidos dificultam comparações. Assim, fez-se

necessário um corte no sentido de se analisar somente uma parte deste segmento.

Então, com relação aos supermercados, o principal objetivo consistiu em

contextualizar este setor, tanto em relação a dados nacionais como locais (estado do

Ceará). A partir de então, o trabalho focou na contextualização do pequeno

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supermercado, enfatizando os principais números e tendências desta parte do

segmento.

Assim, no que se refere à parte teórica do trabalho, procurou-se relacionar os

três temas e estudar exatamente a interseção entre eles, ou seja, a Tecnologia da

Informação aplicada na Logística de Pequenos Supermercados (Figura No. 7).

Figura No. 7. Delimitação do trabalho. Fonte: O autor (2005).

5.2.3 Etapa do estudo de campo

O estudo de campo foi desenvolvido em duas fases distintas. A primeira

consistiu basicamente em um levantamento com o objetivo de identificar, dentre os

21 supermercados pertencentes a uma associação, aqueles que estão em um

estágio mais avançado com relação à Tecnologia da Informação, considerando

alguns indicadores do modelo proposto por Mahmood e Soon (1991). A segunda

fase envolveu os estudos de casos com os supermercados selecionados, além da

associação (UNIFORÇA) na qual esses supermercados participam.

5.2.3.1 Fase de levantamento preliminar

Quanto ao fim, esta fase da pesquisa caracteriza-se por ser um estudo de

campo do tipo exploratório, essencialmente quantitativo, com a utilização da técnica

de questionários.

A utilização do estudo de campo se justifica em função da necessidade de

observação in situ, sendo o pesquisador um investigador e observador, que não

manipulou qualquer variável para poder estudar as relações entre atitudes, crenças,

valores, percepções e condutas dos indivíduos e dos grupos (KERLINGER, 1973

apud MOREIRA, 2000).

Tecnologia da

Informação

Logística

Pequenos Supermerca

dos

Foco do trabalho

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O caráter exploratório se deve ao fato de a mesma ser preliminar, ou seja, não

havia, no momento, um conhecimento acumulado e sistematizado suficiente sobre o

assunto (VERGARA, 1997). O estudo exploratório restringe-se a definir objetivos e

busca maiores informações sobre determinado assunto de estudo (CERVO e

BERVIAN, 1996). Portanto, por ser preliminar, esta fase da pesquisa de campo

procurou tornar o problema evidente (MC DANIEL e GATES, 2003; GIL, 1991).

Além disso, no presente estudo, a fase exploratória servirá de base para a

definição das empresas que participarão dos estudos de caso, cuja metodologia

será explicada mais adiante.

O caráter quantitativo desta fase está relacionado ao fato de predominar os

métodos estatísticos, com utilização de variáveis bem definidas e cálculos, utilizando

a estatística descritiva e matemática (FORTE, 2003). Os métodos estatísticos

utilizados na presente pesquisa, apesar de simples, permitiram obter uma

representação do fenômeno estudado (LAKATOS e MARCONI, 1991).

Por fim, a utilização da técnica de questionário se justifica em função de

permitir a coleta objetiva de dados, o que é apropriada para esta etapa da pesquisa

(MC DANIEL e GATES, 2003).

Inicialmente, a partir do modelo de Mahmood e Soon (1991), elaborou-se um

questionário estruturado que foi aplicado a todos os 21 supermercados associados.

Este questionário envolve uma série de variáveis que permite uma classificação com

base em indicadores, quanto ao uso e nível de investimento da Tecnologia da

Informação (Apêndice 1).

Originalmente, o modelo de Mahmood e Soon (1991) procura relacionar o grau

de investimento realizado em TI com a performance da empresa (faturamento),

envolvendo uma variável independente (investimento em TI) e outra dependente

(performance). Em se tratando do presente estudo, não se utilizou o referido modelo

para este fim, nem tampouco todas as suas variáveis. Do modelo como um todo,

utilizaram-se alguns indicadores (Quadro No. 14).

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INDICADORES DE INVESTIMENTOS EM TI

Orçamento de TI para a organização

Orçamento de TI em relação ao faturamento da organização

Valor dos investimentos em TI na organização

Valor dos investimentos em TI em relação ao faturamento da organização

Número de PCs e terminais na organização

Número de PCs e terminais na organização em relação ao total de funcionários

Quadro No. 14. Adaptação do Modelo de Mahmood e Soon (1991). Fonte: O autor (2005).

Para levantar as informações previstas no modelo de Mahmood e Soon (1991),

optou-se pela utilização de um questionário totalmente estruturado, com perguntas

fechadas. O questionário estruturado se justifica nesta fase em função da

necessidade de objetividade com relação às respostas, enquanto a utilização de

respostas fechadas conduziu a pesquisa no sentido do seu objetivo, minimizando,

nesta fase, qualquer tipo de interpretação, muito comum nos questionários abertos.

No que se refere à divisão do questionário, tem-se quatro grandes grupos de

perguntas. No primeiro grupo encontram-se perguntas que caracterizam as

empresas pesquisadas, englobando informações como a faixa de faturamento

mensal, o número de lojas e os tipos de produtos comercializados.

A segunda parte do questionário envolveu perguntas que caracterizassem a

estrutura Logística das empresas, em que questões como a estrutura Logística, área

de armazenagem, número de itens cadastrados, presença da entrega em domicílio,

forma como os pedidos de clientes são processados e como são realizadas as

entregas foram pontos levantados.

A terceira parte do questionário envolveu os levantamentos relacionados aos

investimentos em TI. As principais questões levantadas foram o número de

computadores, a existência ou não de um sistema de informações, as rotinas ou

módulos que este sistema contempla, a existência ou não de um setor de

informática, a quantidade de pessoas lotadas neste setor, se há um orçamento

formalizado para a área de informática e quanto representa em relação ao

faturamento da empresa.

Por fim, a última parte do questionário explora as aplicações da TI na Logística

de supermercados, na qual, por meio de uma série de perguntas, questionou-se a

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respeito da presença de computadores nas áreas da Logística, como compras,

portaria, armazém e transporte. Em seguida, questionou-se a respeito da utilização

das tecnologias, tais como código de barras, PLU, sistema de rádio freqüência,

dentre outros.

A população ou universo considerado são todos os 21 supermercados

pertencentes a uma associação. Para obter os dados que farão parte da pesquisa

preliminar, optou-se pela realização de um censo, uma vez que os dados foram

obtidos de todos os participantes pertencentes à população (MC DANIEL e GATES,

2003).

Uma vez respondidos, os questionários foram avaliados, dos quais se extraíram

aqueles supermercados que apresentaram melhores desempenhos tanto em relação

aos aspectos logísticos, como em relação aos investimentos em TI.

Dos 21 supermercados que participaram da pesquisa exploratória, extraiu-se

inicialmente três que apresentaram melhores resultados, sendo que

destes,doisparticiparam dos estudos de caso. Além destes supermercados, optou-se

por fazer o estudo de caso com a associação de compra (UNIFORÇA), que

congrega todos supermercados. A escolha da associação deveu-se ao fato de a

UNIFORÇA ser um componente importante sob o ponto de vista logístico, uma vez

que parte das atividades de compra, armazenagem e distribuição é realizada por ela.

Considerando que nos estudos de casos, os elementos estudados devem ser

contextualizados, considera-se essencial, portanto, averiguar como funciona a

Logística na associação e como a TI é utilizada nos processos logísticos nesta fase

da cadeia Logística.

Por fim, escolhidos os elementos que participaram da pesquisa, os mesmos

foram convidados a participarem dos estudos de casos, que consiste na próxima

fase da etapa do estudo de campo.

5.2.3.2 Estudos de casos

Esta fase da pesquisa caracteriza-se por ser um estudo de campo do tipo

descritivo, essencialmente qualitativo, com a utilização de técnicas de estudo de

caso.

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Esta fase da pesquisa de campo é descritiva, pois o objetivo principal é

descrever um fenômeno, no caso a utilização da Tecnologia da Informação na

Logística em pequenos supermercados. Assim, não consiste no foco da pesquisa

tentar modificar a realidade constatada (CERVO e BERVIAN, 1996).

A pesquisa descritiva visa a descrever as características de determinada

população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o

uso de técnicas padronizadas de coleta de dados, questionário e observação

sistemática, e não tem o compromisso de explicar os fenômenos que descreve, mas

somente entendê-los (VERGARA, 1997).

Esta fase se caracteriza também por ser qualitativa, pois responde a questões

muito particulares, trabalha com um universo muito significativo de motivos,

aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais

profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser

reduzidos à operacionalização de variáveis, voltando-se para o campo da

subjetividade e do simbolismo, das intenções, dos projetos dos autores, a partir do

qual as ações, as estruturas e as relações tornam-se significativas (MINAYO, 1993).

O foco desta fase está na interpretação em vez da quantificação. A ênfase está

na subjetividade das respostas e na flexibilidade em conduzir a pesquisa, apesar de

as mesmas terem sido conduzidas por meio de um questionário estruturado. Houve

também uma orientação para o entendimento das respostas, no qual preocupação

com o contexto foi o principal aspecto (CASSEL e SYMON, 1994 apud MOREIRA,

2000).

A pesquisa qualitativa caracteriza-se também por partir de alguns

pressupostos, que foram enumerados no início do presente capítulo. As suposições

são mais associadas a este tipo de pesquisa, pois não implicam em testes, mas sim,

apenas, confirmação ou não, via mecanismos não estatísticos (VERGARA, 1997).

Assim, não foram empregados elementos estatísticos para análise dos dados.

Houve uma preocupação em entender os fenômenos, segundo as perspectivas dos

participantes da situação estudada para, a partir daí, situar a interpretação do

pesquisador (NEVES, 1996).

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O desenvolvimento de um estudo qualitativo supõe um corte temporal-espacial

de determinado fenômeno por parte do pesquisador. Este corte define o campo e a

dimensão em que o trabalho desenvolver-se-á, isto é, o território a ser mapeado. O

trabalho de descrição tem caráter fundamental em um estudo qualitativo, pois é por

meio deles que os dados são coletados (MANNING, 1979 apud NEVES, 1996).

A presente fase se caracteriza também por ser um estudo de caso. Este tipo de

pesquisa constitui-se numa estratégia de pesquisa que se concentra na

compreensão das dinâmicas presentes dentro de cenários únicos, combinando

métodos de coleta de dados como documentos, entrevistas, questionários e

observações, podendo a evidência ser qualitativa, quantitativa ou ambas

(TRIVIÑOS, 1987).

O estudo de caso consiste em uma investigação detalhada de uma ou mais

organizações, ou grupos dentro de uma organização, com vistas a prover uma

análise do contexto e dos processos envolvidos no fenômeno em estudo. O

fenômeno não está isolado de seu contexto (como nas pesquisas de laboratório), já

que o interesse do pesquisador é justamente entender essa relação entre o

fenômeno e o seu contexto. A abordagem de estudo de caso não é um método

propriamente dito, mas uma estratégia de pesquisa. (HARTLEY, 1994 apud DIAS,

2000).

A preferência pelo uso do estudo de caso deve ser dada quando do estudo de

eventos contemporâneos, em situações nas quais os comportamentos relevantes

não podem ser manipulados, mas nas quais é possível se fazer observações diretas

e entrevistas sistemáticas (YIN, 2004). Este método é útil quando um fenômeno é

amplo e complexo, quando um fenômeno não pode ser estudado fora do contexto no

qual ele naturalmente ocorre (BONOMA, 1985 apud BRESSAN, 2000).

O estudo propõe também um aprofundamento com relação ao tema no

segmento empresarial estudado, analisando de forma contextual o problema da

pesquisa, possibilitando a descoberta de novos problemas e sugerindo hipóteses

previamente estabelecidas, visando a estudos futuros que possibilitam a utilização

do estudo de caso.

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O desenvolvimento desta fase obedeceu a uma série de passos metodológicos

que vai desde o planejamento, passando pela coleta de informações, finalizando

com o processo de interpretação e redação das entrevistas. Estes passos serão

explicados a seguir.

O ato de planejar pesquisas com recursos qualitativos, em particular com

entrevistas qualitativas, requer considerar minuciosamente o que focalizar, quem e,

principalmente, o porquê das interrogações de determinadas pessoas. O projeto

assegura direção, rumo às informações que o problema requer (ZANELLI, 2002).

No planejamento de pesquisas qualitativas, a leitura inicial intensiva sobre o

tema estudado e os seus desdobramentos teóricos é crucial, pois é a partir desta

leitura inicial que o pesquisador começa a estabelecer uma perspectiva, amplia seus

limites pessoais e estabelece inclinações. Por fim, a consistência do projeto depende

da clareza dos pressupostos do estudo, das crenças que o pesquisador possui

acerca do tema, da construção científica e quão coerentemente estes pressupostos

são operacionalizáveis (ZANELLI, 2002). Assim, conforme explicado anteriormente,

houve uma ampla pesquisa bibliográfica sobre o tema, na qual se aprofundou sobre

os assuntos abordados, o que subsidiou o planejamento desta fase da pesquisa.

O passo seguinte consistiu na coleta dos dados e informações da pesquisa.

Neste aspecto, optou-se pela utilização de duas técnicas combinadas, que são a

análise documental e a entrevista, que teve como base um questionário estruturado

(protocolo de pesquisa).

A análise documental foi necessária uma vez que se sentiu a necessidade de

investigar alguns aspectos que levasse o pesquisador a entender melhor o

funcionamento das empresas pesquisadas. Essencialmente, a análise documental

foi feita com base em dos manuais, normas, regulamentos e regimentos internos.

Outra técnica utilizada na coleta de dados foi a entrevista estruturada. A técnica

de entrevista é justificável, uma vez que, em se tratando de um estudo de caso

qualitativo, no qual se procurou analisar as respostas dos pesquisados, a presença

física do pesquisador é fundamental (VERGARA,1997). Além disso, a técnica de

entrevista foi utilizada com o objetivo de complementar as informações obtidas na

análise documental (CERVO e BERVIAN, 1996).

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As entrevistas foram realizadas principalmente com os proprietários das

empresas, porém, alguns questionamentos mais específicos, que requeriam mais

profundidade, foram feitos aos gerentes da área de tecnologia, responsáveis pela

área de operações e Logística.

É possível afirmar também que as entrevistas foram realizadas com base em

pautas, pois o entrevistador-pesquisador relacionou vários pontos a serem

abordados com os entrevistados (VERGARA, 1997).

Estes pontos seguiram um roteiro determinado por um questionário estruturado,

o que se denominou de protocolo de pesquisa (Apêndice 2). O referido protocolo foi

dividido em pautas, que foram constituídas de perguntas abertas, o que possibilitou

a obtenção de respostas livres do entrevistado (CERVO e BERVIAN, 1996).

Os tópicos a seguir explicam os pontos focalizados em cada pauta do protocolo

utilizado nos estudos de caso.

1. Contextualização: Teve-se como objetivo entender o contexto no qual a

empresa está inserida, em que aspectos como mercado, tipos de clientes

atendidos, estrutura da empresa, dentre outros, foram levantados.

2. Estruturação Logística: Buscou-se entender o funcionamento da Logística

na empresa, considerando todas as suas atividades.

3. Estruturação da Tecnologia da Informação: Procurou-se entender como

a empresa utiliza a Tecnologia da Informação em seus processos internos,

no que se refere a programas e equipamentos.

4. Aplicações da TI na Logística: Identificação das principais aplicações de

TI na Logística da empresa, no que se refere aos programas e

equipamentos utilizados. Além disso, o questionário procurou evidenciar se

a TI utilizada consegue atender a princípios básicos da informação logística

e se é capaz de gerar informações que possibilitem o gerenciamento nesta

área.

5. Impactos da TI na Logística: Entendimento dos principais impactos e

benefícios advindos do uso da TI na Logística, considerando diversos

aspectos, tais como produtividade, custos, qualidade.

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101

A etapa seguinte dos estudos de caso consistiu no tratamento dos dados e

informações coletadas. Neste aspecto cabe ressaltar inicialmente que foi dada uma

ênfase no tratamento qualitativo dos dados, no qual se procurou também codificá-las

e apresentá-los de forma mais estruturada com o objetivo de analisá-los (VERGARA,

1997).

Com relação à interpretação e análise das entrevistas, o procedimento de

tratamento empregado para os dados obtidos foi o de análise do discurso. Esta

técnica de análise inscreve-se numa sociologia do discurso e procura estabelecer

ligações entre a situação (condições de produção) na qual o sujeito se encontra e as

manifestações semântico-sintáticas da superfície discursiva (BARDIN, 1977 apud

MAIA et al., 2003).

Os discursos dos informantes devem exemplificar as descrições e explicações

para os fenômenos identificados. Isso implicou na leitura e agrupamento das

respostas a fim de encontrar o sentido contido no conjunto das falas que estava

sendo fornecido como resposta a cada uma das questões.

Após a realização das entrevistas e suas respectivas análises, faz-se

necessária a redação dos relatórios de estudo de caso. O ato de escrever é

recorrente, porque exige revisões e sucessivas versões. Ao escrever, o pesquisador

deve ter cuidado de levar o leitor a entender a lógica que articula os pressupostos,

os conceitos e os dados, em interpretações claras e coerentes. Assim, o relatório de

estudo de caso para a presente pesquisa será do tipo linear, uma vez que este tipo

de estrutura é a mais propícia para pesquisas científicas, como dissertações (YIN,

2004).

5.3 Critérios de análise

A última parte do capítulo sobre a metodologia tem como objetivo explicar os

critérios de análises utilizados no trabalho, considerando as duas fases da etapa de

campo, ou seja, a exploratória e os estudos de casos.

No que concerne à fase exploratória, o objetivo consistiu em selecionar, dentre

uma população de 21 supermercados, as empresas que apresentassem melhores

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102

indicadores de uso da Tecnologia da Informação, tendo como base a utilização do

modelo de Mahmood e Soon (1991). Assim, os critérios utilizados para selecionar

estas empresas foram os seguintes:

1. O número absoluto de computadores: Considerou-se a quantidade

de computadores que a empresa utiliza, nas mais diversas áreas.

2. Número de computadores por funcionário: Consiste no indicador que

compara a quantidade de computadores na empresa com o número de

funcionários.

3. Investimentos em TI: Quanto do faturamento as empresas investem

em Tecnologia da Informação.

Com relação à fase dos estudos de casos, o principal objetivo foi avaliar a

utilização da TI na Logística dos supermercados que foram selecionados na etapa

anterior. Para tanto, alguns aspectos foram analisados e serviram de critério para o

estudo qualitativo, conforme explicado a seguir:

1. Os principais equipamentos e softwares que são utilizados pelas empresas

selecionadas (SIMCHI LEVI et al. 2003).

2. Se a Tecnologia da Informação que é utilizada nos supermercados é capaz

de atender aos princípios básicos da informação Logística, que são:

disponibilidade, precisão, capacidade de atualização rápida, se apontam

erros, flexibilidade e formato adequado (BOWERSOX e CLOSS, 2001).

3. Se a Tecnologia da Informação que é utilizada nas empresas é capaz de

gerar as informações necessárias para o gerenciamento da Logística, ou

seja, se geram informações técnicas, comerciais, administrativas e

projetivas (NOVAES, 2001).

4. Se as informações geradas pelos sistemas de informações logísticas são

utilizadas realmente para a tomada de decisões logísticas (CHOPRA e

MEINDL, 2003; BOWERSOX e CLOSS, 2001; SIMCHI LEVI et al. 2003).

5. Os principais impactos e benefícios que a TI trouxe para a Logística das

empresas, considerando aspectos como ganho de produtividade,

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capacidade de gerar inovações, flexibilidade, qualidade dos processos,

redução das incertezas, diminuição de custos e, por fim, de melhoria do

serviço logístico (ALBERTIN e MOURA, 2004; CHOPRA e MEINDL, 2003).

Se forem observados os critérios de análise, estes vêm ao encontro do objetivo

da pesquisa, pois os mesmos permitirão entender, de forma simples e clara, como

os supermercados pesquisados utilizam a Tecnologia da Informação em seus

processos logísticos, no que se refere à capacidade dos sistemas informatizados

gerarem as informações necessárias, bem como a utilização destas informações

para a tomada de decisões logísticas.

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104

6. Apresentação da pesquisa exploratória

O presente capítulo tem como objetivo principal apresentar os resultados da

pesquisa. O primeiro tópico apresenta os resultados do levantamento exploratório.

Já o segundo, traz os resultados dos estudos de caso.

Para efeito de simplificação na apresentação dos resultados, optou-se por

utilizar números para se referir aos supermercados pesquisados. Esta numeração

será utilizada no decorrer da apresentação dos resultados (Quadro No. 15).

NÚMERO EMPRESA NÚMERO EMPRESA 1 C&A 12 PORTELA 2 CABRAL 13 SANTA RITA 3 CANTINHO DAS FRUTAS 14 SÃO JOÃO 4 CASA BRANCA 15 SÃO RAIMUNDO 5 FONSECA 16 STA EDIWIRGENS 6 LENE 17 SUPER MANIA 7 MELHOR OPÇÃO 18 SUPER MAPEL 8 NIDOBOX 19 SUPER POLAR 9 O LIRA 20 WALTER

10 O LOURO 21 WANDERBOX 11 O ZEZÃO

Quadro No. 15.Numeração das empresas que participaram da pesquisa. Fonte: Pesquisa de campo.

6.1 Caracterização dos supermercados

O primeiro aspecto a ser abordado na fase preliminar será a caracterização

dos supermercados. O objetivo desta caracterização está na necessidade de

enquadrar os supermercados pesquisados nas classificações colocadas no item 4.2.

De acordo com os levantamentos, 41% dos supermercados faturam entre

3,6 e 6 milhões de Reais, enquanto 26% faturam entre 2,4 e 3,6 milhões de Reais. O

restante fatura abaixo de 2,4 milhões de Reais anuais (Gráfico No. 2).

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105

Entre 1,2 e 2,4 mi lhões

21%

Entre 2,4 e 3,6 milhões

26%

Entre 3,6 e 6 mi lhões

42%

Entre 6 e 12 milhões

11%

Gráfico No. 2.Classificação das empresas por faturamento. Fonte: Pesquisa de campo.

Com relação ao número de pessoas empregadas, a média é de 29

funcionários, o que confirma o pequeno porte destas empresas (Gráfico No. 3).

De 10 a 49 funcionários

90%

Acima de 100 funcionários

0%

Até 9 funcionários0%De 50 a 99

funcionários10%

Gráfico No. 3. Classificação das empresas por número de funcionários. Fonte: Pesquisa de campo.

Com relação à estrutura de venda, cinco aspectos foram analisados, número de

lojas, total de caixas, área de venda, tipo de serviço oferecido e seções disponíveis

na loja.

A maioria das empresas possui 1 única loja, o que demonstra que estes

supermercados estão focados na região em que atuam. Somentedoisempresas

possuem mais de 1 loja, que são as empresas 8 e 18. A empresa 8 localiza as suas

duas lojas em bairros próximos um do outro; já a empresa 18 possui uma loja em um

bairro periférico de Fortaleza e uma filial em Quixadá, uma cidade distante 159

quilômetros de Fortaleza.

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Já com relação ao número de check-outs (caixas), as empresas pesquisadas

apresentaram uma variação também significativa (Gráfico No. 4). Em média, cada

empresa conta com 6,3 check-outs. Como existem empresas que possuem mais de

1 loja, é mais plausível considerar todas as lojas da rede. Se este detalhe for

considerado, a média de check-out por loja diminui para 5,7.

Entre 6 e 1024%

Entre 11 e 1510%

Entre 16 e 205%

Entre 1 e 561%

Gráfico No. 4.Classificação das empresas pelo número de check-outs. Fonte: Pesquisa de campo.

A área de venda média por empresa é de 450 m2. Com relação a este aspecto,

observou-se a maior variação dentre os demais avaliados (Gráfico No. 5). Enquanto

a menor empresa possui 200 m2 de área de vendas, a maior, que é a empresa 18,

possui uma área de venda que totaliza 1.800 m2, ou seja, 8 vezes mais. Novamente

cabe ressaltar que a empresa 18 possui duas lojas, o que aumenta

consideravelmente a área de venda.

Entre 500 e 100010%

Entre 1000 e 15005%

Acima de 15005%

Até 50080%

Gráfico No. 5.Classificação das empresas de acordo com a área de venda. Fonte: Pesquisa de campo.

Todas as empresas trabalham com o conceito de auto-serviço e disponibilizam

as seções de alimentação, bebidas, limpeza doméstica, bazar e utilitários,

perfumaria e higiene pessoal. As seções de artigos infantis, brinquedos e cigarros

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107

são disponibilizadas pela maioria das empresas. Já as seções de confecções,

sapataria e eletrodoméstico não são disponibilizadas por nenhuma empresa

pesquisada. O resultado desta análise mostra que, por possuírem reduzidos

espaços de venda, estas empresas se focam para os produtos de primeira

necessidade, inerentes à região em que atuam.

Considerando o modelo de classificação proposto pelo BNDES, disponível no

Quadro No. 8, é possível afirmar que a grande maioria das empresas pesquisadas

pode ser considerada de pequeno porte, pois faturam entre 1,2 e 10,5 milhões de

Reais por ano (Gráfico No. 2).

Considerando a classificação proposta pelo SEBRAE (Quadro No. 9), é

possível concluir que a grande maioria, 90% das empresas, podem também ser

consideradas de pequeno porte, pois possuem entre 10 e 49 funcionários, enquanto

que 10% podem ser classificados como de médio porte, pois possuem entre 50 e 99

funcionários, (Gráfico No. 3).

O último modelo utilizado para classificar as empresas pesquisadas é a

proposto pela ABRAS, disponível no Quadro No. 10. De acordo com o levantamento

realizado, 7 empresas têm até 250 m2, podendo ser classificadas como lojas de

conveniência. Já outras 9 possuem entre 250 e 400 m2 de área de venda, podendo

ser classificadas como lojas de sortimento limitado. Somente 1 empresa possui entre

400 e 700 m2 de área de venda, podendo ser considerada como supermercado

compacto. Finalmente, 4 empresas apresentaram área de venda entre 700 e 2.500

m2, podendo ser classificadas como supermercado convencional (Gráfico No. 6).

Loja de sortimento l imitado

43%

Supermercado compacto

5%

Supermercado convencional

19% Loja de Conveniência

33%

Gráfico No. 6.Perfil segundo o tipo de varejo. Fonte: Pesquisa de campo.

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Considerando ainda que o pequeno supermercado caracteriza-se por ter lojas

de auto-serviço que possuem no mínimo dois check-outs, com área de vendas de

até 350 m2 e que estão na maioria dos casos localizados em bairros de periferia das

cidades (SAAB et al. 2000b), é possível concluir que os supermercados pesquisados

apresentam este perfil.

6.2 Estrutura Logística dos supermercados

O primeiro ponto a ser analisado está relacionado ao grau de formalização da

Logística nas empresas. Neste aspecto, utilizou-se o critério do número de

funcionários que estão envolvidos nas áreas da Logística (compra, portaria,

armazenagem e entrega ao cliente). Analisou-se também o percentual de

funcionários de Logística em função do total de funcionários das empresas,

resultando em um índice, que será explicado mais adiante.

Em média, cada empresa disponibiliza 8 funcionários para desempenhar as

funções logísticas, o que representa 28% do total de funcionários destas empresas

(Gráfico No. 7).

20 20

13

109

8 8 8 87 7 7

6 6 6 6 65 5 5

4

11 18 13 19 12 05 10 15 21 01 02 03 06 07 09 16 17 04 08 14 20

Em presas

Fu

nc.

Lo

gís

tica

Gráfico No. 7. Total de funcionários na área de Logística. Fonte: Pesquisa de campo.

Analisando especificamente as áreas que compõem a Logística de

supermercados, é possível observar que a maioria dos funcionários está lotada no

setor de entrega ao cliente, com 53% do total, o que explica a preocupação destas

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109

empresas com o fator serviço, representada pela entrega em domicílio (Gráfico No.

8).

ARMAZEM31%

ENTREGA53%

PORTARIA11%

COMPRA5%

Gráfico No. 8.Participação das áreas da Logística na lotação de pessoal. Fonte: Pesquisa de campo.

Outro ponto que foi considerado na análise da estrutura Logística das

empresas foi a área de armazenagem disponível. Para analisar este ponto,

considerou-se a área de armazenagem absoluta e relativa, em comparação com a

área de venda.

Em se tratando de área absoluta de armazenagem, as empresas pesquisadas

possuem pequenos armazéns, pois a maior área de armazenagem foi de 700 m2,

enquanto a menor foi de somente 100 m2. Em média, a área de armazenagem foi de

288 m2 (Gráfico No. 9).

700

450400 400 380 350 330 300 300 300

250 250 230 200 200 200 200 200150 150

100

18 11 09 19 13 10 12 02 03 08 04 15 05 01 07 17 20 21 06 16 14

Empresas

Áre

a d

e A

rmaz

enag

em

Gráfico No. 9. Área de armazenagem das empresas pesquisadas. Fonte: Pesquisa de campo.

Comparando a área de armazenagem com a área de venda da loja, tem-se um

índice que não pode ultrapassar o valor de 1, pois significaria que a empresa teria

mais área de armazenagem que área de venda, o que não é muito desejável em

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110

tempos de estoques reduzidos.

Fazendo os cálculos para compor o índice, obtém-se que, para cada 1 m2 de

loja, estas empresas mantêm, em média, 0,63 m2 de armazém. Considerando que

estas empresas pertencem a uma associação que possui um centro de distribuição,

esta razão poderia ser um pouco menor em função da concentração natural dos

estoques, quando a operação envolve um armazém central. Analisando de forma

individual, 6 empresas apresentaram índices acima de 1, 7 apresentaram índices

entre 0,70 e 1 e as demais empresas apresentaram índices normais (Gráfico No.

10).

1,75

1,50

1,331,27 1,25

1,000,90 0,87 0,87 0,83 0,83 0,80

0,71 0,660,54 0,50 0,50 0,50

0,39 0,350,25

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

2,00

10 03 09 13 04 20 11 01 12 14 15 17 07 05 06 16 19 21 18 02 08

Gráfico No. 10. Área de armazenagem relativa. Fonte: Pesquisa de campo.

O terceiro fator analisado para entender a estrutura Logística das empresas

refere-se ao número de itens, ou SKU´s (skeeping units) cadastrados. Em média,

cada supermercado mantém aproximadamente 3.000 itens cadastrados em seus

bancos de dados. Considerando que a área média de venda dos supermercados é

de 450 m2, o número de itens cadastrado está bem abaixo do perfil das lojas do

porte das que foram pesquisadas.

O último ponto analisado com relação à estruturação Logística refere-se ao

setor de entrega ao cliente. Foi verificado no levantamento que todas as empresas

pesquisadas disponibilizam a entrega em domicílio.

Este serviço é um requisito fundamental para a sobrevivência destas empresas,

uma vez que elas são consideradas de vizinhança e estão localizadas em bairros

periféricos da cidade de Fortaleza, onde o poder aquisitivo da população é baixo,

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não possibilitando a aquisição de automóveis.

Analisando as formas de transporte utilizadas, destaca-se a moto. Este meio de

transporte é utilizado por todos os supermercados pesquisados. O fato de a moto ser

utilizada reflete o comportamento de compra dos clientes que, na grande maioria,

fazem compras várias vezes na semana, em pequena quantidade, o que reflete em

compras fracionadas, mais fáceis de transportar em motos. Além disso, contribui o

fato de que este tipo de transporte permite uma maior agilidade nas entregas,

considerando que o raio de influência de um supermercado de porte pequeno é

bastante limitado.

Outro dado curioso é a utilização de bicicletas para realizar entregas. Este meio

de transporte é utilizado na entrega em pequenas distâncias, no caso de pequenas

compras e na entrega de garrafões de água e gás butano. A bicicleta, por utilizar a

tração humana como fonte de energia para locomoção, é também o meio mais

barato de transporte e, por se tratar de pequenas distâncias, torna-se uma boa

opção.

Ressalta-se também a utilização das kombis para entrega ao cliente. Este tipo

de veículo é utilizado principalmente para as compras de maior volume. Neste caso,

porém, existe a necessidade de um maior planejamento. Por razões econômicas,

não se justifica a entrega de uma só compra em um veículo de maior capacidade

como é a Kombi. Assim, espera-se que se acumule uma quantidade de compras que

justifique uma viagem, o que requer também um planejamento de rota. Estas

exigências fazem com que a atuação das kombis neste tipo de supermercado seja

mais restrita, apesar de bastante utilizada.

De forma geral, é possível observar que as empresas pesquisadas, apesar de

pequenas, apresentam alguma estrutura logística, se considerados os fatores

analisados neste estudo. No entanto, existe ainda um caminho a percorrer,

principalmente no que diz respeito às adequações de áreas de armazenagem, uma

vez que o espaço de venda é considerado hoje fundamental.

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112

6.3 A TI nos supermercados

Analisando primeiramente o uso de computadores, cada supermercado possui

em média 11 equipamentos. Analisando de forma individual, é possível observar que

as empresas 11, 12 e 18 possuem uma quantidade maior que as demais, enquanto

as empresas 4, 7 e 14 apresentaram os piores resultados com relação a este

aspecto (Gráfico No. 11).

25

20 2018

1512 12 12

10 9 9 8 8 8 7 7 7 6 5 4 4

0

5

10

15

20

25

30

11 12 18 19 13 06 08 16 15 05 09 10 20 21 02 03 17 01 07 04 14

Supermercados

Fu

nci

on

ário

s

Gráfico No. 11. Número de computadores nas empresas. Fonte: Pesquisa de campo.

Em se tratando do número relativo de computadores em função do número de

funcionários, é possível também fazer uma análise geral e em seguida tirar

conclusões individuais de cada empresa.

A relação de computador por funcionário é de 0,38. Individualmente, a empresa

11 foi a que apresentou melhor desempenho, com 0,63 computador para cada

funcionário. Em seguida, tem-se a empresa 12, com 0,57. Por fim, a terceira

empresa que apresentou melhor desempenho foi a 19, com 0,56 (Gráfico No. 12).

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0,63 0,600,57 0,56

0,48 0,46 0,450,41 0,40 0,40 0,39

0,36 0,33 0,320,27 0,27 0,25 0,25

0,220,19 0,18

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

11 13 12 19 16 01 09 06 15 20 03 05 18 17 10 14 07 21 04 08 02

Supermercados

No

. co

mp

uta

do

res

Gráfico No. 12.Número de computadores por funcionário nas empresas. Fonte: Pesquisa de campo.

Em se tratando de um setor que vem sofrendo constantes ondas de

automação, é plausível que a utilização de computadores seja maior. Porém, o que

se observou ao longo da aplicação dos questionários é que, na grande maioria dos

casos, prepondera ainda os controles manuais, o que colabora decisivamente para a

não utilização de computadores, tornando assim desnecessário um maior número de

máquinas a disposição. Além disso, há de se considerar o baixo grau de instrução

dos funcionários e até muitas vezes dos proprietários, que ignoram a importância da

automação como meio de atingir a produtividade neste setor.

O segundo ponto a ser analisado está relacionado à existência de orçamento

em TI, bem como estimar o valor anual deste orçamento. Faz-se necessário explicar

que o orçamento em TI engloba tanto os investimentos realizados na área (compra

de equipamentos e programas) e os respectivos gastos (pessoal, manutenção,

serviços terceirizados).

Das 21 empresas pesquisadas, somente 4 afirmaram possuir um orçamento

para a TI. A empresa 19 apresentou o melhor desempenho, com 3% do total do

faturamento, o que resulta em aproximadamente 108 mil Reais por ano,

considerando o faturamento mínimo de 3,6 milhões de Reais no período. Em

segundo lugar ficou a empresa 12, que afirmou reservar aproximadamente 2% do

faturamento anual para a TI, o que representa 72 mil Reais, considerando o

faturamento mínimo de 3,6 milhões de Reais no período. Em seguida, a empresa 2,

que afirmou destinar 1,5% do total do faturamento anual para a área de TI, o que

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representa 54 mil Reais, considerando o faturamento mínimo de 3,6 milhões de

Reais no período. Por fim, a empresa 11 afirmou fazer um orçamento de TI, com

aproximadamente 1% do total faturado por ano, o que representa 60 mil Reais

(Tabela No. 12).

Tabela No. 12. Orçamento das empresas em TI.

EMPRESAS FATURAMENTO MÍNIMO

(em milhões de R$) % TI / FAT

INVESTIMENTO EM TI

(em mil Reais)

19 3,6 3,0% 108

12 3,6 2,0% 72

02 3,6 1,5% 54

11 6,0 1,0% 60

Fonte: Pesquisa de campo.

Outro ponto analisado neste tópico consiste na existência de sistemas de

informações (SI), bem como de módulos existentes. Todas as empresas

pesquisadas afirmaram que possuem este tipo de sistema funcionando, sendo que

estes programas são todos de empresas especializadas em desenvolvimento, o que

apresenta uma tendência há muito verificada de terceirização de softwares.

Ao analisar os módulos do SI que são utilizados, observou-se uma

preocupação com a utilização dos módulos da área financeira e de frente de loja

(caixas).

Os módulos da área financeira apresentaram índices de utilização superiores a

57%. As rotinas de contas a pagar e contas a receber são as mais utilizadas, com

81% do total de empresas, seguidas das rotinas de controle de caixa e bancos, com

57%.

Com relação aos módulos da área de Logística, com exceção dos módulos de

compra e controle de estoque, as demais apresentaram resultados pouco

expressivos.

O módulo de compras, que envolve a cotação, emissão e acompanhamento de

pedidos, é utilizado em 71% das empresas, o mesmo índice verificado para o

módulo de controle de estoque. Em seguida, o módulo de recebimento de

mercadoria é utilizado somente por 48% do total das empresas, enquanto os

módulos de controle de armazenagem, planejamento de venda, entrega,

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115

administração de frota e controle de ativos não são utilizados.

O baixo índice de utilização dos módulos de Logística explica-se em parte pelo

desconhecimento desta área por parte dos proprietários, que não entendem ainda a

importância para o desempenho das empresas. Outro ponto está relacionado ao

tamanho das empresas, que, em geral, não justifica a utilização de rotinas

complexas que envolvem uma série de variáveis que tornaria a operacionalidade

muito onerosa.

Assim, no que se refere à área de Logística, a preocupação recai nas áreas

mais importantes na concepção das empresas pesquisadas, que são as compras e o

controle de estoque. A preocupação com as rotinas de compra se justifica em função

das mudanças ambientais ocorridas desde a introdução do Plano Real, que resultou

numa política de estoques mínimos e compras reguladas. A preocupação com as

rotinas de estoque se justifica em razão da necessidade que estas empresas têm de,

em primeiro lugar, programar melhor as compras e, em segundo lugar, prevenir-se

contra roubos e furtos.

Considerando ainda a análise da TI nas empresas pesquisadas, outro ponto

levantado foi a existência de um setor formal que se responsabilizaria pela gestão de

tecnologia. Somente 33% das empresas afirmaram existir tal setor, o que representa

somente 7 empresas. Destas, somente duas empresas possuemdoisfuncionários

lotados neste setor, as demais possuem somente 1. Somados todos os funcionários

de TI das empresas e comparando com o total de funcionários destas mesmas

empresas, conclui-se que somente 1% do efetivo está realmente lotado no setor de

TI. Novamente o fator desconhecimento e o tamanho das empresas colaboraram

para o inexpressivo resultado verificado.

As empresas que não possuem funcionários específicos no setor de TI

apontaram dois motivos básicos. O primeiro motivo apontado por 63% das empresas

foi o pequeno número de computadores que não justificaria a contratação de um

funcionário exclusivo. Em segundo lugar, ficou o elemento custo, apontado por 37%.

O que se observou ao longo da aplicação dos questionários e durante as

conversas informais com os participantes, é que a TI é vista basicamente como a

administração dos computadores da empresa, pois no que se refere aos programas,

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116

as empresas entregam totalmente às empresas terceirizadas a responsabilidade

pelo desenvolvimento e implantação. A grande maioria das empresas nem sequer

utiliza o termo TI para designar o setor de tecnologia, preferindo o velho termo

Centro de Processamento de Dados (CPD).

Além disso, foi possível observar claramente uma cultura de resistência à

implantação de novas tecnologias, tais como a utilização de Internet. O perfil dos

empresários, geralmente pequenos comerciantes que expandiram seus negócios em

bairros periféricos que não tiveram oportunidade de ampliar os conhecimentos,

contribui para este fenômeno.

6.4 As aplicações da TI na Logística

Com relação às aplicações de TI na Logística das empresas, o presente tópico

abordará alguns pontos importantes.

Primeiramente observou-se uma baixa utilização de computadores nas áreas

de Logística. A área que apresentou maior utilização de computadores foi a de

portaria ou recebimento de mercadoria, na qual 52% das empresas afirmaram

possuir computador nesta área. Em seguida, tem-se a área de compra, com 24%,

seguido da área de armazém, com apenas 5% (Gráfico No. 13).

compra40%

portaria55%

armazém5%

transporte0%

Gráfico No. 13.Distribuição dos computadores nas áreas da Logística. Fonte: Pesquisa de campo.

Considerando a análise por empresa, dois critérios foram utilizados: o número

absoluto de computadores e a relação dos computadores na área de Logística em

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relação ao total de computadores na empresa.

Observando o número absoluto de computadores na área de Logística, é

possível observar no Gráfico No. 14, que a empresa 11 apresentou o melhor

resultado, com 5 computadores, seguida das empresas 12 e 18, com três cada uma.

Em terceiro lugar têm-se as empresas 9, 13 e 19, com três computadores cada uma,

e, por fim, as empresas 6, 8 e 21, com 1 cada.

5

3 3

2 2 2

1 1 1

0

1

2

3

4

5

6

11 12 18 09 13 19 06 08 21

Supermercados

Co

mp

uta

do

res

na

log

ísti

ca

Gráfico No. 14.Número de computadores na área de Logística das empresas. Fonte: Pesquisa de campo.

Os dados obtidos com relação a este ponto da pesquisa mostram que a

utilização de computadores na Logística é ainda pequena, o que leva a concluir que

as rotinas ainda não são totalmente registradas no momento e local onde elas

ocorrem, em função da ausência de computador. Isso leva a um registro posterior,

ou até mesmo ao não registro, o que torna o problema maior, pois os fatos não

passam pelo sistema, não gerando dados que podem ser transformados em

informações.

Outro ponto analisado nesta etapa da pesquisa está relacionado à utilização de

aplicações de TI na Logística. A partir das aplicações apresentadas no Quadro No.

4, perguntou-se se as empresas a utilizam. Analisando o Gráfico No. 15, é possível

observar que a aplicação mais utilizada pelas empresas é o check-out automatizado,

com 17 empresas, seguida do PLU, com 16, código de barras, com 13 e, por fim, o

coletor de dados, com 2. As aplicações palm, etiqueta eletrônica e sistema de rádio

freqüência não foram citados.

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118

1716

13

20 0 0

02

46

810

1214

1618

Check-Out PLU C. de Barras Coletor Etiq. Eletrônica RádioFrequênc ia

Palm

A p l i ca çõ e s

Qd

e

Gráfico No. 15. Aplicações de TI utilizadas na Logística das empresas. Fonte: Pesquisa de campo.

Confirmando o que foi comentado a respeito do baixo número de

computadores, observa-se também que as aplicações de TI na Logística não são

muito utilizadas. Até mesmo aplicações consolidadas como é o caso do código de

barras, são pouco utilizadas pelas empresas. Isso reflete o nível de utilização da TI

neste tipo de empresa, que é baixíssimo.

Finalizando esta parte da análise, considera-se agora as formas de

comunicação que estas empresas mantêm com clientes e fornecedores. Para tanto,

perguntou-se que tipos de comunicação eram mantidos com ambos. Das formas de

comunicação existentes, desconsiderou-se a pessoal, pois é a mais óbvia de todas.

Foram considerados ainda o telefone e o FAX, porém formas de comunicação como

o e-mail, internet e EDI foram consideradas.

Com relação aos fornecedores, o meio de comunicação mais utilizado é ainda o

telefone e o FAX, com 100% dos casos. Somente 6 empresas afirmaram que

utilizam o e-mail como forma de comunicação e somente 1 empresa afirmou que

utiliza a Internet. Com relação aos clientes, o desempenho é ainda pior, pois além do

telefone, somente 1 empresa afirmou usar o FAX (Gráfico No. 16).

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119

21 21

6

1

21

1 0 00

5

10

15

20

25

telefone fax e-mail internet

Tipos de comunicação

Qd

e Fornecedores

Clientes

Gráfico No. 16.Tipos de comunicação utilizados pelas empresas. Fonte: Pesquisa de campo.

6.5 Escolha das empresas segundo o modelo de Mahmood e Soon

(1991)

O Quadro No. 16 apresenta as empresas que obtiveram os melhores

resultados, de acordo com os indicadores avaliados no modelo de Mahmood e

Soon (1991). Para todos os indicadores, foi inserida a colocação de cada empresa,

dentre as 21 pesquisadas. Para a escolha das três melhores empresas, levou-se em

consideração o melhor desempenho em todos os indicadores.

EMPRESAS No DE COMPUTADORES COMPUTADOR POR FUNCIONÁRIO

% TI EM RELAÇÃO AO FATURAMENTO

02 15a 21a 3a 11 1a 1a 4a 12 2a 3a 2a 13 5a 2a ------ 18 3a 12a ------ 19 4a 4a 1a

Quadro No. 16.Avaliação das empresas de acordo com o modelo de Mahmood e Soon (1991). Fonte: Pesquisa de campo.

Considerando que a empresa 2 obteve resultados inexpressivos com relação

ao número de computadores e baixo índice de computadores por funcionário, esta

empresa foi descartada do estudo. Com relação às empresas 13 e 18, a inexistência

de um orçamento para TI inviabiliza a escolha de ambos para a próxima etapa do

trabalho. Dessa forma, as empresas 11, 12 e 19 foram selecionadas para a

realização dos estudos de caso, que serão apresentados no próximo tópico.

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7. Apresentação dos casos

A fase exploratória do presente estudo teve como objetivo principal selecionar,

no universo de 21 empresas, aquelas que apresentavam uma melhor estrutura de TI

para a fase seguinte, que consiste nos estudos de caso.

Assim, três empresas foram selecionadas para a próxima fase do trabalho,

além da própria Associação. A escolha da Associação deveu-se ao fato de que essa

entidade é um dos elementos importantíssimos para a Logística das empresas e a

sua desconsideração no estudo prejudicaria a análise como um todo.

A apresentação dos casos obedecerá às perguntas elaboradas e apresentadas

conforme o protocolo de pesquisa, disponível no apêndice 2 deste trabalho. Assim,

foram feitos os estudos de caso da Associação e de duas empresas, sendo que, em

relação à terceira empresa, as entrevistas foram realizadas, mas o caso não foi

relatado no presente trabalho.

A principal razão para o descarte do terceiro caso se deveu ao fato da pouca

contribuição para o estudo, pois, ao longo das entrevistas, foi possível entender que

os resultados eram parecidos com o que foi relatado nos casos anteriores. Assim, ao

suprimir o terceiro caso, as perdas de conteúdo foram as mínimas possíveis, não

comprometendo, assim, a qualidade do trabalho.

Dessa forma, o presente capítulo apresenta inicialmente o relato do estudo de

caso da UNIFORÇA, para, em seguida, abordar os levantamentos das demais

empresas.

7.1 Estudo e caso da Rede UNIFORÇA

A UNIFORÇA é uma associação de pequenos varejistas que atuam na periferia

da cidade de Fortaleza. Fundada há 11 anos, a Associação é composta atualmente

por 21 empresas varejistas, das quais a maioria localizada na região metropolitana

da cidade de Fortaleza, com o foco no mercado de baixa renda, formada pelas

classes C e D da população.

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Estima-se que a Associação, por meio de seus associados, seja responsável

por um faturamento estimado de aproximadamente 80 milhões de Reais por ano e

empregue diretamente mais de 600 funcionários.

A Associação é regida com base em um estatuto e um regulamento interno. O

estatuto é o documento que determina os objetivos da associação, a distinção dos

tipos de sócios e dos órgãos competentes. Já o regulamento interno define as regras

para reuniões, pagamentos, procedimentos de negociação e retirada de mercadorias

no depósito, o código de ética, utilização de rádios de comunicação, utilização da

marca da Associação e as penalidades previstas para o descumprimento do

regulamento.

Segundo o estatuto, são os seguintes os objetivos da associação:

1. Prover meios para melhorar a infra-estrutura e o bem-estar da área de

atuação, zelando pelos interesses dos associados;

2. Representar judicial e extrajudicialmente os interesses coletivos dos

sócios, sempre que deliberado pela Assembléia Geral;

3. Promover condições de competitividade aos Associados, por meio da

oferta de serviços como Assessoria em Recursos Humanos,

Contabilidade, Assessoria Jurídica, Assistência na Área de Saúde,

Cobrança e Marketing;

4. Fortalecer a imagem da Associação e dos seus Associados;

5. Estimular a implementação de parcerias com fornecedores;

6. Estimular a visão de crescimento e participação dos Associados;

7. Promover eventos sociais, culturais e recreativos entre os Associados,

os Colaboradores e a Comunidade;

8. Promover cursos e simpósios para aprimoramento dos sócios e

colaboradores.

Para ingressar na rede UNIFORÇA, existem algumas exigências, tais como a

obrigatoriedade de possuir mais de seis anos de funcionamento, uma área de venda

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mínima de 300m², acima de três check-outs, espírito de associativismo, localização

relativa do supermercado (para que não se torne um concorrente), bom

relacionamento com fornecedores e possuir seções de mercearia e horti fruti.

A entrada do pretendente a sócio deve ser aprovada em Assembléia Geral e,

uma vez aprovada, o mesmo passa a ser sócio contribuinte, ou seja, participa das

atividades da Associação, porém não possui nenhuma cota patrimonial. Após 24

meses, o sócio contribuinte passa a ser sócio patrimonial. Tanto o sócio contribuinte

como o sócio patrimonial têm as mesmas obrigações e direitos, diferindo somente o

aspecto patrimonial.

A estrutura organizacional da Associação é composta por um presidente, que é

o responsável por liderar os demais associados, assinar todos os cheques, ofícios,

declarações e qualquer documento oficial da associação; um vice-presidente, que

auxilia o presidente, o substitui na sua falta sendo co-responsável; um diretor

financeiro, que tem como função garantir escrita contábil e manter os valores da

associação debitados em conta; um diretor administrativo, que normaliza os

processos da associação e os acompanha, um diretor de marketing, responsável

pelos materiais publicitários, como encartes e campanhas comemorativas; um diretor

de recursos humanos, responsável pelo setor pessoal; um conselho fiscal, que

fiscaliza as contas da gestão do presidente.

A escolha da presidência era feita de dois em dois anos, porém, com as

mudanças ocorridas, passou a ser realizada anualmente. Com a eleição do

presidente, o mesmo determina os associados que farão parte da diretoria.

A associação conta também com os cargos de apoio, que se responsabilizam

por executar as atividades inerentes aos processos da associação. Geralmente

ocupados por profissionais de mercado, as pessoas que ocupam esses cargos não

seguem o tempo de mandato da presidência.

Existem, portanto, 4 setores básicos na associação, que são compras,

comercial, financeiro e armazém. Existe um funcionário lotado no setor de compras,

cuja principal função é a de acompanhar os pedidos feitos aos fornecedores. Um

funcionário se responsabiliza pelo setor comercial, cuja principal função consiste em

elaborar os encartes, bem como controlar alguns projetos pagos por fornecedores à

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Associação. Três funcionários ocupam o armazém, cuja principal função é a de

receber, armazenar e despachar as mercadorias. Dois outros funcionários se

responsabilizam pelo setor financeiro da associação, recebendo os valores dos

associados e pagando os fornecedores. Por fim, um gestor se responsabiliza por

administrar toda esta estrutura, além de outras atividades burocráticas.

7.1.1 A Logística da UNIFORÇA

7.1.1.1 Compras / suprimentos

A área de compras da Associação funciona basicamente como uma

consolidadora de pedidos, ou seja, a partir de levantamentos realizados com os

associados, as negociações de mercadorias são realizadas.

As compras são feitas por equipes previamente definidas. Cada equipe se

responsabiliza por uma categoria específica de produtos. A divisão das equipes se

dá da seguinte forma: cereais, mercearia, hortifrutigranjeiro, bebidas,

higiene/limpeza, frios/congelados e massas/biscoitos. Dessa forma, é possível

afirmar que o processo de compra é totalmente descentralizado.

O primeiro ponto a se considerar quando se está analisando a compra da

Associação é o planejamento. Constatou-se ao longo das entrevistas com o gestor

da associação que na maioria dos casos as compras são feitas sem que tenha

havido um prévio planejamento.

Neste aspecto, segundo o entrevistado, falta uma definição de mix de produtos,

cronograma de compras, adequação de lotes de compra, dentre outros, conforme é

possível observar em um trecho da entrevista do gestor da Associação.

As compras são quase todas realizadas com o sentido de urgência, ou

seja, não existe uma previsão do que se vai comprar, nem uma

programação de quando se deve comprar. A falta de um número de

produtos estabelecido para negociação acaba por limitar muito o poder de

barganha com fornecedores, pois prejudica a concentração em marcas de

maior volume.

Outro fator importante a ser considerado é o levantamento das necessidades

de compra. Neste aspecto, existem duas possibilidades diferentes. A primeira é

quando o fornecedor oferece uma condição e encaminha ao líder da equipe. Outra

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possibilidade é quando os associados solicitam a negociação de um tipo de produto

ao respectivo líder.

No primeiro caso, após o recebimento da proposta do fornecedor, o líder da

equipe repassa, por meio de rádio comunicador, as condições para os demais

associados.

Se houver interesse, os associados solicitam que passem uma planilha de

compra por meio da Internet. Ao receber tal planilha, o associado solicita a

checagem do estoque e sugere a quantidade a ser adquirida. As necessidades são

repassadas para a associação que consolida o pedido e repassa para a equipe

competente.

O passo seguinte consiste em verificar se a quantidade solicitada está em

conformidade com as condições exigidas pelo fornecedor, tais como lotes mínimos

de compra, preço, dentre outras. No caso das necessidades estarem abaixo das

condições do fornecedor, o encarregado da equipe tem autonomia de negociar até

30% do volume solicitado.

No outro tipo de compra, os associados sugerem a negociação de um

determinado produto, que é repassado ao líder da equipe responsável, que se

responsabiliza por levantar as necessidades, procedendo da mesma forma que no

caso anterior.

Perguntado sobre as deficiências deste processo, o gestor da Associação

relatou o seguinte:

Na verdade, quase não existe um planejamento organizado de compras.

Não existe um calendário estabelecido, metas, padrões ou até mesmo um

procedimento que seja realmente obedecido. Além disso, a demora com

que as informações trafegam entre a associação e associados muitas

vezes inviabilizam as compras.

Faz-se necessário considerar também que o próprio processo de compra é

considerado ineficiente por muitos associados. Quando se fecha uma negociação,

geralmente feita pela equipe competente, um pedido de compra deveria ser gerado,

onde todas as informações com relação àquela negociação deveriam estar

relacionadas. Porém, observa-se que, na maioria dos casos, ocorre exatamente o

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contrário, ou seja, não se gera pedido algum, o que torna o processo ineficiente sob

os aspectos da segurança e da agilidade, conforme comentado por um associado:

Muitas vezes, o processo de compra demora e é ineficiente. Como não

existe um procedimento que é obedecido, ficamos dependentes das

informações desencontradas. Muitas vezes repasso as necessidades para

a equipe, mas a conformação da negociação demora a chegar. Com isso,

já aconteceu de ter adquirido o produto na loja e depois chegar a

confirmação de que o mesmo produto foi negociado.

Com relação a este problema, o gestor da Associação comentou que o que

mais colabora é o fato de não haver um procedimento realmente definido, bem como

um sistema que permita uma troca mais eficiente da informação.

Outro ponto importante a ser considerado foi a utilização de técnicas para o

planejamento de compra. No decorrer das entrevistas não foi constatada nenhuma

técnica neste sentido. O que se observou é que existe uma predominância da

experiência dos associados neste aspecto, ou seja, baseado numa crença de que

conhecem bastante o mercado, os empresários se sentem confortáveis em utilizar

somente o feeling para realizar as compras.

Fechando a análise da área de compras da Associação, foi possível observar

que nesta área predomina ainda a informalidade, apesar de existir alguns

procedimentos definidos. O planejamento de compra ainda é precário, pois a

inexistência de parâmetros com relação a mix de produtos, necessidades, lotes de

compra acaba por prejudicar os associados com relação aos seus próprios

planejamentos.

7.1.1.2 Gestão de estoques

No que se refere à gestão de estoques, a pesquisa foi conduzida no sentido de

saber que técnicas e políticas de estoques a Associação utiliza, no sentido de

otimizar seus recursos materiais.

O primeiro aspecto analisado foi a existência de ferramentas para previsão de

demanda. Apesar de existir uma base de dados que permita saber com boa precisão

a demanda dos produtos, não existe nenhuma análise neste aspecto. No máximo, o

histórico de demanda é analisado em uma situação específica.

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Outro aspecto analisado diz respeito às informações necessárias para o

gerenciamento dos estoques. Neste aspecto constatou-se que a associação não tem

informações precisas sobre a quantidade de estoque disponível. Estima-se que o

erro seja em torno de 10%, apesar de não ser um dado preciso. Perguntado sobre a

cobertura dos estoques, o gestor da Associação não soube responder para quanto

tempo o estoque é suficiente, uma vez que não possui dados referentes às

demandas das lojas. Porém, como aproximação, foi citado que os estoques são

suficientes para aproximadamente 15 dias, podendo chegar a 1 mês.

Perguntado sobre a existência de políticas de estoques mínimos, o gestor da

Associação afirmou que não existe uma política oficial de manutenção de estoques,

nem sequer existe um índice ou informação sobre isso. Sabe-se que os associados

tentam manter um estoque regulador das lojas no armazém da associação, apesar

de existir algumas vezes um excesso, conforme trecho a seguir.

Apesar de existir um direcionamento no sentido de se manter em estoque

somente o necessário para as lojas, sabe-se que em muitos casos as

quantidades excedem a demanda do produto. Isso se deve a algumas

negociações extraordinárias para fechar um determinado volume de

compra.

Perguntado sobre as conseqüências da falta de uma política de estoque para

as empresas associadas, comentou-se sobre o excesso de certas mercadorias que,

para serem vendidas, devem ser colocadas em promoção, o que diminui a margem

comercializada. Este fato, segundo o gestor, é bastante comum.

Não foi constatada também a utilização de ferramentas de abastecimento

automatizado, que garanta uma regularidade nos níveis de estoque. Essas

ferramentas são muito úteis no varejo ao passo que permitem um controle melhor

dos produtos, além de não comprometer muito o capital.

Já com relação à administração das faltas, relatou-se que, quando um

fornecedor deixa de entregar um produto e este passa a faltar nas lojas, o associado

da equipe responsável pela negociação é que entra em contato com o fornecedor

com o objetivo de sanar o problema. Caso o problema não seja resolvido, a própria

equipe se encarrega de providenciar o produto junto a fornecedores similares. No

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entanto, não foi citado nenhum tipo de critério de avaliação de fornecedores, com o

objetivo de identificar aqueles que prestam um bom serviço.

7.1.1.3 Gestão da armazenagem

Ainda sobre a Logística da Associação, este tópico tem como objetivo

apresentar como a função armazenagem tem sido gerenciada, no que se refere aos

aspectos de cadastro de produtos, procedimentos de recebimento, armazenamento

e expedição.

O cadastro de produtos é o ponto de partida para um bom gerenciamento da

Logística, pois é por meio de um bom cadastro que será possível obter informações

precisas sobre o movimento de mercadorias. Na Associação, o setor responsável

pelo cadastramento de produtos é o setor de compra, que efetua o cadastro no

momento em que a mercadoria chega à empresa, apesar de, em alguns casos,

outros setores fazerem cadastro de produtos.

Com relação a esta rotina, não se observou nenhum critério pré-definido para

cadastramento. Foi comum verificar produtos com critérios de cadastramento

diferentes, o que dificulta a busca por um determinado produto. Outro aspecto

importante é que o cadastramento não leva em conta o código de barras dos

produtos, o que impossibilita uma movimentação mais precisa dos materiais.

Segundo dados do setor de compra, existem aproximadamente 9 mil itens

cadastrados.

Com relação às características do armazém, a Associação está instalada em

um prédio próprio que tem aproximadamente 800 m² de área, onde hoje são

acondicionados produtos da linha seca, congelados e resfriados.

Constatou-se ao longo das entrevistas que a demanda é bem maior que a

oferta de espaço, pois, segundo o gestor, a necessidade de se fazer “mutirões” para

desovar mercadorias se tornou uma constante, pois não havia espaço suficiente

para armazenar mercadorias que chegavam.

Porém, recentemente, a Associação decidiu mudar-se para um armazém maior,

de 5.000 m2, bem próximo ao atual.

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128

Com relação aos aspectos do recebimento de mercadorias, as mesmas são

recepcionadas pelo responsável pelo armazém que, na maioria das vezes, não está

informado a respeito do pedido, uma vez que na maior parte das negociações os

pedidos não são gerados.

Ao chegar uma carga ou remessa de um determinado fornecedor, o

encarregado pega a nota fiscal e vai até o setor de compra para verificar se essa

negociação foi realmente realizada. Como na maioria das vezes as negociações

feitas não geram pedidos, essa informação não está disponível no momento, o que

gera alguma demora até que o setor de compra identifique o associado que

negociou o pedido e faça as devidas divisões para os associados. Depois de

identificado e dividido, o setor de compra libera a mercadoria para recebimento.

Segundo o gestor da Associação, esse processo é demorado e oneroso, uma

vez que exige uma quantidade de tempo muito grande para identificação da

negociação e a respectiva divisão, pois muitas vezes negocia-se uma quantidade

superior à necessidade para fechar um volume e quando essa mercadoria chega, os

associados não querem, o que gera negociações extras e desnecessárias, conforme

afirmação do próprio gestor da associação.

Se todas as compras fossem totalmente negociadas dentro do

estabelecido, ou seja, dentro das reais necessidades dos associados e

com a emissão do pedido de compra, o tempo gasto com o recebimento

poderia diminuir em 50%.

Outro aspecto analisado foi a segurança no recebimento, ou seja, se existem

critérios para o recebimento de mercadorias.

Com relação à conferência das quantidades, o que se observou foi que a

possibilidade de erros no recebimento é grande, uma vez que as mercadorias não

são contadas e registradas no mesmo local, nem sequer existe uma tecnologia que

facilite esse processo. Assim, é possível que um conferente conte uma mercadoria

pensando que era outra, o que pode gerar erros de estoque.

Da mesma forma que a conferência é precária, a checagem das validades dos

produtos não poderia ser diferente. Não foi constatada nenhuma norma ou

especificação que determine os critérios de aceitação de mercadorias com data de

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validade avançada. Assim, é possível que uma mercadoria chegue com uma data

crítica e seja normalmente recebida pela recepção.

Perguntado sobre os motivos que colaboram para a atual situação do

recebimento das mercadorias, o gestor da Associação comentou o seguinte:

É evidente que temos problemas como falta de tecnologia e capacitação

humana para que o processo de recebimento de mercadorias seja mais

eficiente, porém em função dos investimentos que são necessários, os

próprios associados parecem estar conformados com a atual situação.

Com relação ao armazenamento das mercadorias, há de se lembrar que a atual

estrutura da Associação comporta produtos da linha seca e produtos da linha

congelada.

Os produtos da linha seca são acondicionados no piso do armazém, sobre

paletes, com empilhamento vertical apoiado sobre o próprio produto, ou seja, não

existe nenhuma estrutura do tipo estante ou porta-paletes. Com relação à linha

congelada, esta é armazenada em um contêiner frigorificado que fica dentro do

armazém.

Questionado sobre a atual estrutura de armazenamento, o gestor da

Associação foi enfático ao afirmar que a atual estrutura não é a ideal para este tipo

de armazenamento, pois o empilhamento vertical não favorece a rotatividade dos

produtos, o que pode gerar mais perdas com relação à deterioração ou à data de

validade vencida.

Outro aspecto importante é que não foi verificada a utilização de técnicas de

armazenamento, nem tampouco endereçamento. Assim, na medida em que os

produtos vão chegando vão ocupando os espaços disponíveis, misturando-se com

os demais já armazenados. Como o armazém tem uma área pequena, esta

desorganização não influencia muito na produtividade dos operadores, porém, com

a mudança para um armazém maior, como está previsto, a não utilização de

técnicas de armazenamento pode se tornar um problema.

Além disso, não existe a preocupação com endereçamento de produtos nem

sequer com a rotatividade, principalmente quando se considera a linha fria e

congelada, para os quais a rotatividade não é feita de forma adequada, o que gera

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desperdícios de mercadorias vencidas ou estragadas, conforme é possível observar

no relato do gestor da Associação:

A questão do manuseio de mercadorias é o principal problema do armazém

da Associação, uma vez que não temos condições físicas ideiais para o

correto armazenamento. O principal gargalo está nos produtos da linha

congelada, que acondicionamos em um contêiner resfriado. Assim, os

produtos são acondicionados sem nenhuma preocupação com a validade,

nem tampouco com a correta rotatividade.”

Com relação à movimentação interna, constatou-se que há ausência de

equipamentos, ou seja, existe a utilização intensiva de mão-de-obra para o

descarrego e carrego de caminhões, bem como para a movimentação interna dentro

do armazém. A Associação não utiliza empilhadeiras, nem tampouco equipamentos

mais simples como as paleteiras.

A expedição de mercadorias é feita de acordo com o agendamento da entrega

para cada associado. A partir de uma listagem fornecida pela Associação por meio

da Internet, os associados ficam sabendo as mercadorias que têm para retirar.

Assim, cada associado, obedecendo a um cronograma de entrega semanal, retira as

mercadorias de que necessitar.

Com relação à movimentação do armazém, estima-se que sejam carregados e

descarregados aproximadamente 150 caminhões por mês, contando fornecedores e

associados.

Assim, fazendo um resumo da atual situação das atividades da armazenagem

na Associação, foi possível constatar que existe uma falta de estruturação,

principalmente com relação aos procedimentos e técnicas de armazenamento.

7.1.1.4 Distribuição

A distribuição começa quando a UNIFORÇA repassa aos associados, por meio

da Internet, um relatório com os produtos disponíveis no armazém. Neste relatório

constam as quantidades que um determinado associado tem reservadas das

mercadorias que foram divididas nos processos de negociação.

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131

Obedecendo a um cronograma estabelecido, os associados definem quais

produtos serão levados, uma vez que em função dos tamanhos e da estrutura física

de acondicionamento nas lojas, nem sempre todas as mercadorias são levadas.

Após ter decidido, o associado se encarrega de mandar um caminhão até a

Associação para recolher as mercadorias. Chegando à Associação, o carregamento

obedece à seqüência de chegada dos caminhões, sendo as notas emitidas no

momento da expedição.

No que se refere ainda à distribuição, verificou-se que os associados utilizam

veículos diferentes, de capacidades diferentes, sendo que alguns utilizam

caminhões tipo “trucks”, enquanto outros utilizam veículos menores, do tipo furgão

(kombis).

7.1.2 A TI na Logística da UNIFORÇA

No que se refere a este tópico da apresentação do estudo de caso da

UNIFORÇA, será relatado primeiramente como a TI está estruturada na Associação

para, em seguida, analisar como é utilizada nos processos logísticos.

Com relação aos equipamentos utilizados, a associação restringe-se ao uso

somente de computadores, que somam 7, e mais um servidor de rede, totalizando 8

máquinas. Existe uma estrutura de rede que conecta esses computadores, o que

permite a troca de informações e acesso a um banco de dados único. O que se

observou foi que a maioria das máquinas utilizadas na Associação já têm mais de 1

ano, algumas mais de três anos.

Perguntado sobre a capacidade das pessoas em manusear corretamente os

computadores, o gestor da Associação foi categórico ao afirmar que a maioria não

possui nenhuma noção da parte técnica, porém está preparada para operacionalizar

as rotinas que são exigidas para o funcionamento da empresa. Ainda questionado

sobre a preparação das pessoas, o gestor afirmou que a Associação não promoveu

ainda nenhum curso de computação para os seus funcionários.

Dessa forma, não foi constatada a utilização de nenhum tipo de equipamento,

tais como palmtops, códigos de barras, códigos PLU, leitores ópticos ou etiquetas

eletrônicas.

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Com relação ao sistema de informações, a Associação conta hoje com um

programa chamado SAAC (Sistema de Automação de Associações Comerciais).

Este programa foi desenvolvido por uma empresa externa há

aproximadamentedoisanos especialmente para a UNIFORÇA.

Questionado sobre a funcionalidade do SAAC, o gestor da Associação deu o

seguinte depoimento:

Implantamos o SAAC há aproximadamentedoisanos e atualmente o

sistema nos fornece uma boa base para o funcionamento, pois engloba

boa parte das nossas rotinas. Porém a parte que ainda compromete sem

dúvida alguma é o módulo financeiro.

O SAAC está dividido em módulos que são: financeiro, logística, comercial e

fiscal. O Quadro No. 17 representa os módulos e as funções que o sistema

desempenha.

MÓDULOS FUNÇÕES

Financeiro Contas a pagar, contas a receber e tesouraria.

Logística Compras, recebimento de mercadorias e expedição.

Comercial Elaboração de encartes e gerenciamento de projetos.

Fiscal Controle de notas fiscais de entrada e saída.

Quadro No. 17. Módulos existentes no SAAC. Fonte: Pesquisa de campo.

O funcionamento dos módulos se dá na medida em que o fluxo de materiais se

movimenta, ou seja, tanto no que se refere à compra como distribuição de

mercadorias.

No que se refere à compra, no momento da emissão de um pedido, o sistema

entende que existe uma previsão de chegada de mercadorias que, quando

confirmada por meio da entrada de uma nota fiscal de compra, automaticamente

atualiza os módulos de estoque e financeiro, ou seja, aumenta o saldo de estoque e

gera obrigações futuras.

Da mesma maneira quando uma mercadoria se destina à distribuição para os

associados. Neste caso, a emissão de uma nota fiscal de venda gera

automaticamente uma baixa no estoque e um direito de recebimento futuro.

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Além das funcionalidades tradicionais de um sistema, o SAAC traz alguns

módulos específicos que auxiliam o gerenciamento das áreas comercial e fiscal.

Na parte comercial, existe um módulo específico que gerencia a elaboração e

recebimento de encartes, que são publicidades impressas com promoções de

produtos ofertados pela rede. Neste caso, a Associação arrecada junto aos

fornecedores as verbas de publicação no encarte, sendo obrigatória a passagem

pelo sistema, que cataloga o produto a ser veiculado e o valor a ser pago pelo

fornecedor.

Outra funcionalidade do módulo comercial é o gerenciamento de projetos.

Neste caso, fornecedores colaboram com a Associação com projetos específicos,

como para a aquisição de novos veículos, construção de sede, dentre outros.

Neste caso, o sistema calcula, do volume comprado pela associação de um

determinado fornecedor, um percentual que é revertido em verba, gerando um direito

de recebimento, atualizando respectivamente saldo de recebíveis.

Com relação ao controle fiscal, o sistema oferece a possibilidade de se calcular

os impostos federais e estaduais, como ICMS, PIS e COFINS. Com base no relatório

emitido pelo sistema, é possível comparar com os dados fornecidos pelos órgãos

públicos e verificar o imposto a ser pago.

Apesar de vários processos estarem integrados no sistema, foi relatado que

algumas rotinas ainda não estão totalmente concluídas e, conseqüentemente, são

executadas de forma isolada, seja em planilhas eletrônicas, seja em módulos que

ainda não estão devidamente integrados.

Com relação ao uso de planilhas eletrônicas, foi relatado que o sistema não

disponibiliza algumas rotinas específicas, sendo necessário o uso de controles

paralelos. Assim, foi possível constatar que as informações, em muitos casos,

encontram-se ainda fragmentadas e em vários locais diferentes, o que pode dificultar

o acesso a estas informações.

Mais especificamente com relação à Logística, foi possível constatar que o

sistema disponibiliza funções básicas que permitem o gerenciamento das rotinas.

Conforme é possível observar no Quadro No. 17, o SAAC disponibiliza as funções

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de compra, recebimento e expedição de mercadorias, porém deixa algumas funções

necessárias de lado, como será detalhado mais adiante.

Com relação ao módulo de compra, este é programado para gerenciar todo o

fluxo de pedidos, desde a negociação até a respectiva chegada das mercadorias. No

momento em que é emitido um pedido no sistema, este registra a data da emissão,

os dados dos produtos solicitados, condições de pagamento e entrega. Além dessas

informações, o sistema já faz a divisão das mercadorias por associado, de acordo

com a proporção negociada.

No que se refere ao módulo de recebimento de mercadorias, o que foi possível

constatar, com base nos relatos dos entrevistados, é que o sistema desempenha as

funções de conferência entre o que foi pedido e o que está realmente chegando.

Dessa forma, ao chegar um pedido, o seu número é digitado no sistema, onde

automaticamente aparecem todas as informações referentes àquela solicitação.

Conferidas as informações cadastrais e fiscais, procede-se à conferência manual, ou

seja, sem a utilização de leitores nem códigos de barras. Portanto, o conferente

conta manualmente os produtos e digita as quantidades no sistema.

Feita a conferência, o recebimento é confirmado e automaticamente o sistema

faz a atualização dos saldos de estoque, bem como a destinação das quantidades

por associado, de acordo com a proporção negociada.

Uma vez processada a entrada de mercadorias, estas são armazenadas, o que

requer um módulo específico que faça o gerenciamento desses estoques. Neste

sentido, o SAAC desempenha em parte esta função, pois disponibiliza uma rotina

específica para a realização de inventários, porém não disponibiliza ferramentas

específicas para o gerenciamento dos níveis ótimos de estoques, controle de

validade e rotatividade ou até mesmo um módulo de controle de avarias.

No que se refere à expedição, o sistema gerencia todas as rotinas que se

encarregam de emitir as notas fiscais de venda, bem como baixar as quantidades

nos estoques.

Uma vez relatada a atual situação da TI na Logística no que se refere à

utilização de equipamentos e programas, comenta-se a seguir sobre as ferramentas

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de comunicação que são utilizadas. A Associação não utiliza nenhum tipo de

sistema EDI para conectar fornecedores ou associados, porém o uso da Internet

para trocar informações entre a Associação e os associados é freqüente. Para tanto,

utiliza-se o programa MSN Messenger, por onde pedidos, planilhas de compras e

outras informações são trocadas.

De uma forma geral, a tecnologia existente na Associação tem disponibilizado

uma série de informações que possibilita a gestão logística, das quais é possível

destacar informações sobre as características dos produtos, as transações

realizadas com os fornecedores e suas respectivas formalizações. No entanto,

informações projetivas, que permitam um gerenciamento mais eficaz dos estoques,

ainda não são contempladas no SAAC, conforme relato do gestor a seguir:

O sistema ainda não consegue oferecer algumas informações que

possibilitem um gerenciamento mais eficaz da logística, dos quais há de

destacar uma ferramenta que possibilite um planejamento melhor das

quantidades a serem compradas, informações de lotes de compra,

localização das mercadorias no depósito, dentre outras. (sic)

Porém, o que se observou é que o sistema da empresa está voltado mais para

a geração de dados operacionais, que facilitem o gerenciamento do dia-a-dia. A

capacidade de gerar informações mais estratégicas que possibilitem a tomada de

decisões por parte dos gestores é bastante limitada, conforme comentou o gestor da

associação:

As informações geradas pelo SAAC estão mais direcionadas para as

decisões operacionais. Vejo poucas informações que permitam a gestão

estratégica da empresa.

Com relação à forma como essas informações são disponibilizadas,

prepondera a utilização de relatórios específicos. Não foi verificada a presença de

outras ferramentas, tais como gráficos, indicadores, dentre outras.

Ao ser questionado sobre a capacidade de o sistema gerar informações

precisas para o gerenciamento logístico, o gestor da Associação foi enfático ao

afirmar que, em função de alguns fatores, o sistema ainda não consegue cumprir

totalmente essa função, conforme relato a seguir:

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É fato que ainda existem alguns problemas com o SAAC, porém o sistema

em si tem conseguido fornecer algumas informações de certa forma

precisas, como, por exemplo, as entradas de mercadorias, dados de

pedidos, dentre outros. No entanto, existem ainda algumas deficiências

principalmente com relação às informações sobre as quantidades

existentes no estoque.

Em se tratando da agilidade das informações, parece indiscutível de que neste

aspecto a TI vem cumprindo seu papel. Conforme foi possível observar ao longo das

entrevistas com as pessoas da empresa, o sistema trouxe agilidade nos processos,

o que possibilitou uma informação mais rápida. Citou-se como exemplo o caso da

entrada de nota fiscal que antes era feito manualmente e agora, com a utilização do

SAAC, tornou-se mais ágil.

Antes do SAAC a informação sobre as mercadorias que chegavam

demoravam muito, pois o processo manual exigia o preenchimento de uma

série de planilhas que controlava a movimentação das mercadorias. Agora,

esta informação está disponível no sistema no momento em que os dados

são informados, o que facilitou o gerenciamento

Por fim, foi questionado a respeito da utilização do sistema de informações para

a tomada de decisões. Conforme já foi comentado anteriormente, o SAAC tem

gerado informações mais direcionadas ao nível operacional. Neste aspecto,

observou-se uma utilização mais freqüente das informações para a tomada de

decisões. Porém, como o sistema ainda não tem o foco na geração de informações

para a diretoria, a maioria das decisões estratégicas é tomada sem a utilização de

informações do sistema, conforme relato do gestor:

O SAAC não foi desenvolvido ainda para gerar informações estratégicas

que possibilitem a tomada de decisões mais elevadas. Assim, a maior parte

das informações estratégicas são formatadas manualmente por mim, que

levo ao conhecimento dos administradores.

De uma maneira geral, foi possível observar que a Associação conta com

alguma estrutura logística e tecnológica que permitiu uma série de benefícios e

facilitou o fluxo de informações logísticas. Porém, há de se considerar que existem

alguns pontos relevantes que precisam ser melhorados sob a prerrogativa de que a

eficiência operacional seja prejudicada, conforme será explicado mais adiante

quando as análises dos casos serão realizadas.

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7.2 Estudo de caso da empresa 11

Fundada há 15 anos, a empresa a ser estudada está localizada em uma das

regiões mais populosas e carentes de Fortaleza, que é a região leste da cidade.

A história da empresa se confunde com a do proprietário, que veio do interior

do Ceará para iniciar as atividades comerciais com um amigo, as quais não

prosperaram. Após a primeira experiência, optou por fundar sozinho um pequeno

mercantil, o qual até hoje está no mesmo local.

Atualmente, a empresa continua a ser uma firma individual, com gestão

predominantemente familiar. As principais decisões são ainda tomadas pelo

proprietário, que delega algumas atividades para esposa e filhos (financeiro,

administrativo, dentre outras).

Com uma área de venda que supera os 500 m2, 12 mil itens à disposição, mais

de 50 funcionários e um faturamento de aproximadamente R$ 1 milhão por mês, a

empresa é hoje uma das maiores da zona leste de Fortaleza.

A estrutura organizacional da empresa é dividida de forma a abranger as

principais funções de um supermercado. Dessa forma, tem-se um departamento

comercial, que é responsável pelas vendas, tanto no varejo como no atacado, já que

a empresa também vende em grande quantidade.

O departamento administrativo/financeiro se responsabiliza por todas as

atividades de apoio às operações, tais como pessoal, informática e serviços gerais,

contas a pagar, receber e tesouraria.

Por fim, o departamento operacional se responsabiliza por todo o fluxo de

materiais na empresa, desde a compra, passando pelo armazenamento, chegando

até a reposição. A Figura No. 8 representa o organograma da empresa.

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DIREÇÃO GERAL

GERÊNCIA OPERACIONALGerente Operacional

ESTOQUEEnc. Estoque

COMPRAEnc. Compra

RECEBIMENTOConferentes

DEPÓSITOEstoquistas

REPOSIÇÃORepositores

PEDIDOSAss. Compra

DIGITAÇÃODigitador

GERÊNCIA ADMINISTRATIVA / FINANCEIRAGerente Administrativo / Financeiro

FINANCEIROEnc. Financeiro

TESOURARIATesoureiro

CONTAS APAGAR

Aux. C. a Pg.

CONTAS ARECEBER

Aux. C. a Rec.

ADMINISTRATIVOEnc. Administrativo

PESSOALAux. Setor Pessoal

INFORMÁTICAAux. Informática

S. GERAISAux. Serv. Gerais

GERÊNCIA COMERCIALGerente Comercial

LOJAEnc. de Loja

FRENTE DE LOJAFiscais / Caixas /

Recepção

SEÇÕESEnc. Seções

SACOp. Telemarketing

ATACADOEnc. de Atacado

MARKETINGAss. Marketing

R.H.Ass. R.H.

Figura No. 8. Organograma da empresa 11. Fonte: Pesquisa de campo.

Atendendo a um público pertencente às classes C e D da população, o perfil

destes clientes se caracteriza pela baixa renda, entre 1 e 2 salários mínimos, ou

seja, pessoas sensíveis aos preços.

Em se tratando desta faixa de renda, a compra média dos clientes é baixa, em

torno de R$ 11,00, e se limitam muito aos gêneros alimentícios de primeira

necessidade, tais como cereais e hortifrutigranjeiros. Outra característica do cliente

que a empresa atende é a freqüência de compra, por se tratar de um supermercado

de vizinhança.

Em se tratando de um público com um baixo poder aquisitivo, é natural que

essas pessoas tenham no preço o principal elemento de decisão de compra, porém

isso vem mudando. De acordo com os relatos dos entrevistados, a demanda por

serviços tem aumentado nos últimos anos, das quais a entrega em domicílio é a

principal.

Uma última característica do cliente atendido pela empresa é o baixo grau de

fidelidade, tanto com relação ao supermercado quanto em relação às marcas dos

produtos. Em se tratando de um público com baixo poder aquisitivo, é normal que

haja uma procura maior por produtos de menor preço e, como existem diversas lojas

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de varejo próximas, é normal que este cliente compare mais e diversifique sua

escolha de compra, bem como alterne a escolha das marcas de um determinado

produto.

Em se tratando de concorrência, observou-se que no entorno da empresa

estudada existem diversas lojas de menor porte e algumas com a mesma estrutura.

Apesar disso, não foi relatada a existência de lojas das grandes redes de varejo do

setor alimentício. Como o bairro é populoso, é normal que haja a proliferação desse

tipo de comércio, pois é grande a demanda por produtos de primeira necessidade.

Dessa forma, perguntado sobre a concorrência, o proprietário da empresa

relatou que, em relação ao varejo de menor porte, a estrutura limitada dessas lojas

não permite oferecer um mix de produtos que um cliente necessita, portanto este

seria o principal diferencial. Já com relação às lojas do mesmo porte, a estratégia

adotada é a agressividade nos preços de produtos mais populares, que atraem os

clientes.

Em se tratando de fornecedores, o proprietário relatou que a empresa costuma

relacionar-se mais com grandes atacadistas da cidade, que compram e revendem

seus produtos no varejo de pequeno e médio porte. Esses fornecedores tentam

manter um relacionamento próximo, pois têm neste tipo de comércio seu principal

cliente. Além dos grandes atacadistas, a empresa mantém alguns contatos com

indústrias locais e nacionais, com as quais fecham pacotes de compra por

intermédio da UNIFORÇA.

7.2.1 Estrutura logística

7.2.1.1 Compras / suprimentos

Com relação às compras, o primeiro aspecto a ser analisado está relacionado

ao funcionamento deste setor na empresa. Atualmente existe uma concentração

desta atividade nas mãos do proprietário, que realiza as principais negociações com

os fornecedores, bem como fecha algumas compras para a UNIFORÇA.

Não existe um profissional de compra contratado, porém algumas aquisições

de menor valor podem ser realizadas pelos encarregados da loja, as quais devem

ser repassadas posteriormente para o proprietário.

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Existem basicamente três modalidades de compra na empresa, que são a

concorrência, a compra direta e a programada.

A concorrência é a modalidade que envolve, em um dia específico, diversos

fornecedores, geralmente atacadistas, que disputam entre si, de acordo com uma

lista fornecida pela empresa, uma determinada venda. Este tipo de compra leva em

conta o menor preço em detrimento da marca ou qualidade dos produtos.

Na lista fornecida, a empresa coloca o nome genérico do produto, como, por

exemplo, ervilha em lata ou sabão em pó. A partir desta lista, os fornecedores

colocam seus preços independentemente da marca.

Em seguida, os fornecedores são chamados para uma sala onde as rodadas de

negociação são iniciadas. Em cada rodada um produto é cotado, prevalecendo o

menor preço declarado. Caso algum outro fornecedor tenha condições de baixar

ainda mais o preço, este se manifesta e assim por diante. No final da concorrência,

diversos pedidos são emitidos para vários fornecedores diferentes.

A modalidade da concorrência traz alguns benefícios para a empresa,

principalmente em se tratando de preços, uma vez que em muitos casos a

concorrência direta dos fornecedores acaba por baixar os preços. Porém,

perguntado sobre as desvantagens dessa modalidade, o proprietário da empresa

relatou que o grande problema está no serviço oferecido por esses fornecedores,

conforme trecho da entrevista a seguir.

Os fornecedores que participam da concorrência nem sempre oferecem um

bom serviço, pois muitas vezes deixam de entregar um produto que foi

acertado. Como não existe uma fidelização, estes fornecedores têm pouca

preocupação em prestar um serviço de qualidade, porém este aspecto é

compensado quando se obtém bons preços nas negociações,

principalmente em se tratando de produtos onde o fator marca não é tão

importante assim. (sic)

Uma segunda modalidade de compra é aquela que ocorre periodicamente, que

são denominadas compras programadas. Neste caso, um fornecedor faz uma visita

à empresa e apresenta suas condições comerciais para uma linha específica de

produtos. Geralmente esses fornecedores representam grandes empresas que

detêm marcas conhecidas no mercado.

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Ao chegar à empresa o fornecedor solicita ao setor de compra um relatório com

todos os produtos vendidos por ele, chamado de gestor. A partir desse relatório, o

fornecedor verifica no estoque as quantidades dos respectivos produtos para, em

seguida, iniciar a negociação.

Com a informação do estoque no relatório, o proprietário da empresa verifica

também a venda do produto e a partir dessas informações emite um pedido de

compra.

Esta modalidade de compra é mais utilizada com fornecedores que

representam marcas conhecidas no mercado e que oferecem um serviço superior

aos fornecedores que participam da concorrência, uma vez que existe uma certa

fidelização.

A última modalidade encontrada é a compra direta, que na verdade é uma

compra urgente de um determinado produto. Quando existe a falta de um produto ou

o fornecedor não fez o reabastecimento adequado, os encarregados do setor fazem

a solicitação diretamente ao fornecedor por telefone.

Realizado o pedido, este deve chegar de preferência no mesmo dia, uma vez

que foi constatada a falta do produto na gôndola, caracterizando-se ruptura.

No caso da compra direta, apesar de se negociar preço, este não é o fator

determinante, já que o suprimento de uma necessidade urgente é maior. Assim, os

fornecedores que atendem à venda direta praticam um preço maior que aqueles da

compra programada e concorrência, uma vez que o serviço é melhor, ou seja, ter o

produto no momento e entregá-lo no menor tempo possível.

É por esses motivos que a empresa tem tentado evitar este tipo de compra,

apesar de se saber que ela sempre acontecerá, conforme relato do proprietário da

empresa.

A compra direta premia fornecedores que estão próximos e que oferecem

uma melhor entrega, pois são as compras urgentes em função das faltas

que são verificadas. Sabemos que os preços praticados são maiores, mas

para não deixar o produto faltar, temos que se submeter a tais condições

comerciais.

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Além das modalidades de compra apresentadas, há de se considerar também

as compras da Associação, que contribui significativamente para o volume

comprado. No caso da Associação, as aquisições são realizadas por meio de

negociações com as equipes de compra, porém a empresa disponibiliza a sua

necessidade para compor o volume.

Perguntado sobre a participação de cada modalidade no total de compras da

empresa, o proprietário não soube afirmar com precisão, mas estimou que

aproximadamente 20% do volume adquirido é realizado por meio de concorrência,

50% por meio da compra programada, 10% por compras diretas e 20% por compras

realizadas por intermédio da UNIFORÇA, o que é representativo.

Em se tratando de planejamento de compra, como foi possível observar, existe

somente um tipo de compra programada, mesmo assim para o curtíssimo prazo, no

máximo para um mês. Não foi verificado nenhum tipo de planejamento de médio ou

de longo prazo para as compras.

Mesmo no curto prazo, não foi verificada a utilização de nenhuma ferramenta

de programação de compra, que estabeleça uma meta geral e por categoria,

considerando aspectos como a venda, o estoque e o giro. No máximo, a curva ABC

de venda é analisada para decidir sobre o que comprar. Questionado sobre isso, o

proprietário comentou o seguinte:

Não temos uma meta de compra geral nem por categoria, na verdade, as

compras são realizadas na medida em que acho que são necessárias ou

quando existe uma boa oportunidade de negócio.

Perguntado sobre os fatores que contribuiriam para a falta de um planejamento

de compra, o proprietário da empresa alegou que a falta de informações sobre o

estoque é o principal motivo. Perguntado também sobre as conseqüências de uma

falta de planejamento, o entrevistado relacionou o descontrole e o problema

financeiro como os principais.

Portanto, o planejamento das compras é basicamente um processo empírico,

no qual prepondera a experiência do proprietário da empresa, que é o principal

responsável pelas compras, apesar de existir uma pequena delegação de compra

para os responsáveis pela loja.

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7.2.1.2 Gestão dos estoques

Neste tópico comentar-se-á a respeito das técnicas de gestão de estoques

utilizada pela empresa, englobando aspectos como previsões, controle dos níveis de

estoques e classificação de produtos.

Apesar de não realizarem nenhum controle de estoque, o proprietário da

empresa relatou que existe no estoque o correspondente a 1 mês de venda, que, se

considerado um faturamento de R$ 1 milhão, tem-se o mesmo valor em mercadorias

estocadas. Para o próprio entrevistado, este valor está acima do que se deseja na

empresa, pois em grande parte este estoque se deve às negociações realizadas na

UNIFORÇA, além do próprio descontrole interno.

Um dos aspectos comentados na entrevista foi a falta de um planejamento que

considere a demanda dos produtos, bem como os estoques já existentes. Segundo

o proprietário, não se faz nenhum tipo de previsão do que se vai vender no mês

subseqüente.

Atualmente a empresa não dispõe de informações sobre os estoques, o que

contribui significativamente para dificultar as previsões. Além disso, a falta de um

procedimento e o próprio desconhecimento a respeito sobre como fazer previsões

contribuem para a atual situação, conforme afirmou o proprietário da empresa.

A empresa não utiliza também nenhuma técnica que visa à manutenção

racional dos níveis de estoques. Na verdade, não se tem idéia de quanto deve ser o

estoque mínimo, pois este valor não é calculado. Outro fator é o ponto do pedido,

que não é determinado, o que gera ordens às vezes antecipadas e em outros casos

atrasadas.

Com relação à administração das faltas, o proprietário afirmou que orienta os

caixas a perguntarem aos clientes se faltou algum item na compra. Questionado se

isso era realmente feito ou se existe um acompanhamento, afirmou-se que sim.

Quando uma falta é detectada, um processo de compra direta é disparado, conforme

já foi explicado anteriormente. Dessa forma, há de se considerar que, em se tratando

de rupturas, existe uma orientação para detectá-las.

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De uma forma geral, foi possível entender que existe a sensação de que os

níveis de estoque da empresa estão bem acima do ideal para uma empresa do porte

da que está sendo estudada e que em grande parte isso se deve a uma falta de

controle e, conseqüentemente, de planejamento dos níveis de estoques. No entanto,

já se verificou que existe uma tendência desse aspecto melhorar, uma vez que a

preocupação com as conseqüências de uma má gestão de estoques é prioridade.

7.2.1.3 Armazenagem

Em se tratando de estrutura de armazenamento, a empresa dispõe hoje de um

armazém “improvisado”, que ocupa a parte de trás e de cima da loja. A estrutura é

considerada precária, pois dificulta a movimentação interna e a reposição das

mercadorias nas gôndolas, pois os repositores são obrigados a subirem escadas

para adentrar alguns compartimentos do depósito.

Com relação ao número de itens cadastrados, o proprietário afirmou que

existem mais de 12 mil itens cadastrados, apesar de muitos estarem inativos.

Quando o cadastro é feito na empresa, geralmente o fornecedor paga uma verba de

introdução e o produto é cadastrado por uma pessoa que auxilia o proprietário nas

compras, obedecendo a uma estrutura de seção, grupo e sub-grupo pré-definida.

Uma vez cadastrados, os produtos ficam liberados para a realização dos

pedidos, apesar de em alguns casos esse procedimento não acontecer dessa forma.

Segundo o responsável pela área de recebimento da empresa, em muitos casos,

produtos não cadastrados são solicitados e quando chegam é que são cadastrados,

gerando uma demora no recebimento.

Em se tratando de recebimento de mercadoria, existe um espaço destinado a

essa atividade e está localizado na parte de trás da loja. Ao ser questionado sobre a

estrutura, o responsável pelo setor afirmou que para as atuais condições da

empresa o que se oferecia era adequado, mas ao mesmo tempo afirmou que o

volume de mercadorias que passava pelo setor tinha aumentado nos últimos anos e

que em breve o espaço não será mais suficiente.

O setor conta com três pessoas, sendo uma responsável e uma que

operacionaliza a parte documental e outra que se responsabiliza por carregar as

mercadorias até os locais de armazenagem.

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Questionado sobre os procedimentos de recebimento, o encarregado do setor

afirmou que, ao chegar uma entrega, o primeiro passo é verificar se existe um

pedido de compra correspondente no sistema. Caso não exista, é providenciado um;

porém, se existir, digita-se o número do pedido no sistema.

Feito isso, as mercadorias são descarregadas no espaço específico e são

conferidas com um leitor de código de barras, que transfere posteriormente para o

sistema. Caso não ocorra nenhuma divergência, o funcionário responsável pela

parte documental confirma a operação, gerando uma entrada no estoque.

Para casos de produtos que não possuem o código de barras, tais como

hortifrutigranjeiros e cereais a granel, a digitação se dá por meio do código PLU.

Com relação s estes códigos, estes não obedecem necessariamente uma regra

padrão, mas sim uma seqüência ordenada.

Não foi verificada nenhuma norma específica que determine como as

mercadorias devem ser recebidas, envolvendo aspectos como validade, aparência,

cor, cheiro, dentre outros. A falta de critérios é explicada, em parte, pelo

encarregado do setor, que afirma o seguinte:

A empresa trabalha muito com produtos com datas de validade mais

curtas, pois o preço é menor. Tendo em vista este aspecto é comum

chegar produtos próximos ao seu vencimento, o que inviabiliza um controle

mais rígido a respeito deste aspecto.

Perguntado se a falta de critérios definidos para recebimento tem

conseqüências no aumento do nível de desperdícios, o entrevistado relatou o

seguinte:

Com certeza. O fato de não haver um controle mais rígido com relação às

condições de recebimento contribui para que os produtos se vençam antes

de se vender totalmente. Há algum tempo atrás, foi comprado um lote de

salsicha, onde mais da metade se venceu dentro da câmara frigorificada.

(sic)

Sobre isso, o proprietário afirmou que, para manter um preço baixo e concorrer

no mercado, a empresa tem que se valer de mercadorias próximas ao seu

vencimento. Além disso, segundo o entrevistado, há o fato de que, para vender a um

preço menor, o fornecedor obriga a comprar um lote maior, o que gera desperdícios.

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Questionado se a empresa possui algum indicador que representasse o nível

de desperdícios, o proprietário afirmou que não disponibilizava tal informação, mas

que achava que este índice era de 2 a 3% do faturamento, o que caracteriza uma

falta de controle mais rígido neste aspecto.

O armazenamento das mercadorias obedece somente ao critério das

especificações técnicas de cada um. Por exemplo, as mercadorias resfriadas são

acondicionadas em câmaras frias, os congelados em câmaras congeladas. Já as

mercadorias da linha alimentícia seca (cereais, enlatados, mercearia) e limpeza são

acondicionadas separadas uma da outra em estruturas porta paletes com 1 andar

somente, uma vez que o pé-direito do depósito é de aproximadamente 2,5 metros.

No espaço destinado à linha seca, a temperatura é bastante elevada, o que

pode contribuir para a deterioração de alguns produtos que não podem ser

submetidos a tais temperaturas.

Não foi verificado nos espaços de armazenagem nenhum sistema de

endereçamento de produtos. Questionado sobre os critérios utilizados para o

armazenamento, o chefe de depósito afirmou que verifica os espaços vazios e

coloca os produtos de acordo com o agrupamento por características.

Assim, destina-se um espaço para categoria de produto, onde são

armazenados os itens que compõem aquela categoria. Este sistema é informal e

nem sempre ocorre corretamente, pois, em muitos casos, é comum ver produtos da

mesma categoria em locais diferentes.

O fato é que isso ocorre em função de muitas vezes o volume comprado ser

superior à capacidade de armazenamento, conforme relato a seguir:

Em alguns casos estamos com a capacidade de armazenamento quase

totalmente comprometida e mesmo assim volumes de compra são

negociados. O espaço de armazenagem fica totalmente tomado, com

produtos até no chão ou empilhados. É comum também alugar espaço de

armazenamento quando não se tem espaço na câmara, por exemplo.

Com relação às técnicas de rotatividade de estoques, questionou-se a respeito

dos procedimentos para a renovação das mercadorias. Em síntese, o que se pôde

entender é que nem sempre o sistema PEPS (Primeiro que Entra é o Primeiro que

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Sai) é feito de forma eficiente. Em se tratando de produtos perecíveis, que é o caso

da maioria dos produtos de um supermercado, a correta rotatividade dos estoques é

um fator fundamental para minimizar perdas.

Outro ponto investigado refere-se aos tipos de movimentação existentes. O que

foi possível constatar é que a empresa se limita a movimentar manualmente seus

produtos, uma vez que o espaço e as condições físicas (andares diferentes)

inviabilizam a utilização de equipamentos, como empilhadeiras ou até mesmo

paleteiras.

Como os espaços disponíveis para venda e armazenamento são limitados e o

volume de compra é grande, o que se observa é que existe um fluxo elevado de

mercadorias que saem do depósito em direção à loja e todos são feitos de forma

manual, ou seja, os repositores carregam os produtos nas costas até o local de

venda.

O resultado deste intenso movimento é a grande quantidade de pessoas no

interior do depósito e da loja, facilitando o furto, prejudicando a movimentação de

clientes na loja, aumentando a possibilidade de quebras e avarias, dentre outros.

De uma forma geral, foi possível entender, no que se refere à armazenagem,

que a empresa dispõe de uma estrutura razoável, com processos ainda pouco

definidos, apesar da grande quantidade de mercadorias que é movimentada. Apesar

de alguns pontos positivos que foram encontrados, a empresa ainda carece de

várias melhorias neste aspecto.

7.2.1.4 Vendas e saída de mercadorias

Com relação às reposições, foi possível constatar, com base em entrevista com

o responsável pela loja, que existe uma equipe definida para executar essas

atividades. Essa equipe é dividida conforme as categorias dos produtos, sendo duas

pessoas responsáveis pela reposição de hortifrutigranjeiros, duas pessoas que se

responsabilizam pela linha seca e mais uma que se responsabiliza pela área de

congelados e frios.

Além da equipe interna, existe a atuação dos promotores dos fornecedores que

fazem também o serviço de reposição. Questionado sobre o número de promotores,

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o responsável pela loja não precisou um número, mas estimou entre 3 e 4

promotores por dia.

As reposições são feitas na medida em que os produtos são levados da

gôndola, pois, em função do pouco espaço, não existe uma grande quantidade de

produtos nas gôndolas, como é o caso de grandes lojas. Assim, o responsável pela

seção deve inspecionar todos os espaços e verificar os produtos que estão

precisando de reposição para, em seguida, executar tal atividade.

Questionado sobre as regras para a colocação dos produtos nas gôndolas, o

responsável pela loja afirmou que não existe uma norma pré-estabelecida que defina

a exposição dos produtos, mas esclareceu que os funcionários obedecem a alguns

princípios, tais como produtos mais vendidos devem estar na altura dos clientes,

enquanto os demais acima ou abaixo.

Outro fator que determina a exposição dos produtos na loja é o pagamento de

verbas extras. Caso o fornecedor conceda um pagamento, os produtos podem ser

expostos nas pontas de gôndolas, o que aumenta a visibilidade e a probabilidade de

venda.

No que se refere às saídas de mercadorias, a empresa conta com uma bateria

de 15 caixas, sendo 2 para pequenos volumes. Perguntado sobre as filas, o

responsável pela loja relatou que o início do mês era o período de maior demanda e

considerando o dia, o final da tarde e início da noite é o mais movimentado. Em

média, um cliente espera entre 10 e 30 minutos pelo atendimento.

Os caixas são equipados com computadores que registram automaticamente

as compras, fazendo o fechamento em seguida, com pagamento eletrônico.

Existe também a opção de compra por telefone, na qual existe a possibilidade

de a empresa buscar e deixar o cliente em casa. Ao ser perguntado sobre esses

serviços, o proprietário da empresa relatou que eles são importantes uma vez que o

cliente atendido pertence às classes mais baixas da população, que não possuem

carro. Assim, um serviço de transporte, como o que é oferecido, é de extrema

importância para se diferenciar.

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Com relação às entregas das mercadorias, a empresa conta com uma frota

própria composta de dois veículos do tipo furgão (Kombi), 6 motos e 10 bicicletas. As

Kombis são utilizadas para entrega de compras que obedecem a uma rota

específica; já as motos são utilizadas para entregas de pequenas compras,

garrafões de água mineral, gás, dentre outras. As bicicletas são utilizadas para

pequenas compras que devem ser entregues a uma pequena distância.

Segundo o responsável pela loja, estima-se que o raio de abrangência da

entrega seja de 5 km, que o requisito mínimo para entrega é que a compra

ultrapasse 30 Reais e que aproximadamente 40% das compras efetuadas utiliza-se

da entrega em domicílio.

O processo de entrega inicia com o registro da compra. Caso o cliente tenha

feito sua compra na loja, entrega o cupom fiscal ao responsável pelo gerenciamento

das entregas e informa o endereço completo. Caso o cliente tenha feito a compra

por telefone, fornece no mesmo momento essa informação. Após o fornecimento do

endereço, as entregas são separadas nos diversos veículos de acordo com o

volume a ser transportado e a distância a ser percorrida.

Conforme foi possível verificar, a área de venda (caixa) e saída (entrega) de

mercadorias são as mais bem estruturadas da empresa, o que se justifica em função

das necessidades dos clientes de terem um atendimento rápido e um serviço de

entrega eficiente.

7.2.2 A TI na Logística

7.2.2.1 Estrutura de TI

Ao analisar a estrutura de TI, serão abordados tanto os aspectos relacionados

aos hardwares, como softwares e a estrutura de comunicação.

Fazendo uma contextualização, a empresa vem implementando um processo

de reestruturação da sua estrutura de TI, que envolve a substituição e compra de

novos computadores, a implantação e utilização de um programa de gestão de

supermercados, treinamento dos funcionários, utilização de novas ferramentas de

controle, como leitores ópticos e caixas automatizados.

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Apesar de todo este processo, a empresa não conta com um setor formal de TI,

pois, segundo o proprietário, o número de computadores é muito pequeno para

justificar tal setor. Porém, um dos funcionários da área administrativa acumula a

função de manutenção da rede e dos computadores.

Com relação ao uso de computadores na empresa, existem atualmente 25

máquinas distribuídas nos diversos setores, sendo dez nos caixas, três no setor

financeiro, cinco na Logística, dois na loja e cinco nas áreas administrativas.

Questionado sobre a idade média das máquinas, o funcionário estimou em torno de

um ano, em média.

Considerando, portanto, que a empresa possua 25 computadores, e que o

número de funcionários seja de 40, o índice de computadores por funcionário é de

0,63.

Apesar de a empresa estar passando por um processo de mudanças

tecnológicas, ficou entendido que pouco tem sido feito com relação à preparação

das pessoas. Segundo relato do funcionário que responde pela área, a empresa não

disponibilizou nenhum treinamento em informática nos últimos meses. Questionado

ainda se considerava o pessoal preparado para lidar com a tecnologia, o

entrevistado foi enfático ao dizer que não.

Em se tratando da utilização de programas, verificou-se que a empresa está

terminando a implementação de um software de gestão de supermercados. Este

software, chamado de SYSAC, engloba as funções não logísticas, que são

financeiro, venda e controle fiscal e os módulos de Logística, que são expedição,

recebimento, compra e controle de estoque.

Durante a entrevista com o funcionário que também é responsável pela

informática, foi possível observar que o sistema possui um bom nível de integração

de suas rotinas. Ao ser indagado a respeito desse tópico, o entrevistado citou o

exemplo de que na entrada de uma nota fiscal de compra, automaticamente o

sistema atualiza os saldos de estoque, programa o pagamento para o financeiro e

faz o cálculo tributário.

O módulo financeiro do sistema engloba uma série de rotinas, que envolve o

gerenciamento de pagamentos e recebimentos.

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No que se refere às rotinas de pagamento, verificou-se que existe um controle

de contas a pagar, que é responsável pelo gerenciamento de todos os lançamentos

provenientes de compras, prestação de serviços, dentre outros. Uma vez agendado

um pagamento, este passa a ser monitorado para, no dia do vencimento, ser pago.

No que se refere às rotinas de recebimento, foi verificado que existe um

controle de contas a receber, inclusive com a integração total com os caixas (PDV –

Ponto de Venda) da empresa, ou seja, no final do dia, quando caixas são

encerrados, automaticamente o movimento é repassado para o controle de contas a

receber. O sistema disponibiliza, portanto, o controle de cheques pré-datados,

cartões, vales e tickets.

Com relação às informações fornecidas pelo módulo financeiro, há de se

destacar os relatórios. Destes, os mais emitidos são os relatórios de contas a pagar

e a receber e o balancete sintético (relaciona recebimentos e pagamentos de um

determinado período). Não foi verificado nenhum sistema de medição de

desempenho financeiro por meio de indicadores, por exemplo.

Com relação ao módulo de venda, foi possível constatar que o sistema

disponibiliza tanto o módulo de PDV – Ponto de Venda, como de venda externa.

O módulo do PDV é constituído de um caixa automatizado que registra as

vendas por meio de leitura óptica, fecha a venda que, no caso de pagamentos com

cartões de crédito, faz-se o pagamento eletrônico por meio do TEF – Troca

Eletrônica de Fundos.

Já a venda externa é utilizada para a venda em grandes quantidades (atacado)

e é realizada mediante um pedido de venda no próprio sistema. Ao emitir esse

pedido, o sistema já se encarrega de registrar a quantidade a ser vendida no

sistema, que é confirmada na emissão da nota fiscal de venda. Com a emissão

deste documento, o sistema entende que uma venda foi realizada e

automaticamente faz a atualização no estoque, agenda um recebimento e gera um

lançamento fiscal.

Uma vez analisada a estrutura de TI como um todo na empresa, explica-se a

seguir como a empresa utiliza a TI nos seus processos logísticos, englobando toda

estrutura de equipamentos, programas e estrutura de comunicação.

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7.2.2.2 A TI na Logística

Em se tratando deste tópico do estudo de caso, será explicado como a TI é

utilizada na Logística da empresa, tanto com relação aos programas, como em

relação aos equipamentos e sistemas de comunicação.

Com relação ao sistema, serão comentadas as funcionalidades existentes com

relação aos módulos da Logística, que englobam as rotinas de compra, controle de

estoque e saída de mercadorias.

Com relação ao módulo de compra, foram verificadas algumas funções

básicas. Assim, o sistema possibilita o cadastramento de fornecedores e produtos, a

emissão de pedidos de compra, a verificação das últimas compras efetuadas, o

volume comprado por fornecedor e por categoria, a curva ABC de venda e de

compra.

O módulo de compra está integrado com o de controle de estoque, financeiro e

fiscal, pois no ato de uma aquisição as informações geradas neste módulo

alimentam os demais.

O módulo de recebimento tem a função de controlar todo fluxo de entrada de

mercadorias, ou seja, do momento em que elas são compradas até a sua destinação

final que é a armazenagem.

Neste aspecto, o módulo engloba funções como conferência e confirmação de

entrada. A conferência é feita comparando o pedido de compra com a nota fiscal,

com o objetivo de identificar possíveis divergências. Já a confirmação consiste na

efetivação de um recebimento e é feito quando a nota fiscal é totalmente inserida no

sistema.

No que se refere ao recebimento, o sistema permite acessar informações

pertinentes ao setor, tais como notas fiscais de entrada, entradas por fornecedor e

por categoria. Estes relatórios são utilizados para conferir todas as entradas de

mercadorias.

Com relação ao controle de estoques, o sistema se limita a tentar controlar os

saldos dos materiais, contemplando as respectivas entradas e saídas. Existem

algumas funções específicas desempenhadas pelo sistema, tais como

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movimentações para registrar perdas, o ajuste de estoque, que é a rotina para

auditorias de estoque, e o balanço, que é a parte que monitora toda as ações com

relação à contagem e conferência de materiais.

No que se refere ao gerenciamento das rotinas de expedição, venda e entrega,

o sistema faz o controle e baixa dos materiais vendidos, que são feitos por meio dos

caixas (PDV) e venda externa. Na medida em que as transações de venda são

confirmadas, o saldo de estoque é baixado. Já com relação às entregas não foi

verificada nenhuma função específica no sistema para essa rotina.

As informações geradas pelo módulo de venda e expedição são as mais

completas possíveis, pois existem relatórios de venda por seção, grupo e sub-

grupos, por curva ABC de venda e por tipos de pagamentos.

Em se tratando da estrutura de comunicação utilizada pela empresa em seus

processos logísticos, foi relatado que para se comunicar com os fornecedores, o

meio eletrônico mais utilizado é o e-mail. Com relação à UNIFORÇA, utiliza-se o

MSN Messenger para repassar solicitações, pedidos e outras informações.

Analisando agora os computadores que são utilizados nos setores que fazem

parte da Logística, chega-se ao número de 5, sendo dois na área de compras, dois

na entrada de mercadorias e 1 no armazém, sem contar com os computadores do

caixa, o que perfaz 15 no total.

Na opinião das pessoas que fazem parte da Logística, os computadores

tornaram os processos mais ágeis, uma vez que diminuiu o tempo entre a chegada

da mercadoria e a sua exposição na gôndola. Além disso, foi relatado também que a

utilização dos computadores deixou o processo mais seguro, pois os erros tornaram-

se menos freqüentes.

Com relação aos demais equipamentos de TI, constatou-se o uso de código de

barras, PLU, coletores de dados e check-outs automatizados, conforme será

detalhado a seguir.

Os códigos de barras são utilizados tanto para controlar a entrada como a

saída das mercadorias. Todos os itens industrializados que possuem os seus

respectivos códigos são cadastrados e a partir daí são controlados. Quando um

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produto é vendido, por exemplo, seu código é lido e automaticamente é registrado,

fornecendo as informações para a venda e baixa de estoque.

Quando um produto não possui um código de barras, como, por exemplo,

hortifrutigranjeiros, a empresa atribui a ele um código PLU, que serve para fazer seu

controle. Quando um produto deste tipo é vendido, o operador de caixa digita o

código e automaticamente o sistema faz seu registro.

Com relação aos coletores de dados, estes equipamentos foram encontrados

tanto na entrada de mercadorias como na saída, nos caixas. Estes coletores servem

tanto para registrar o movimento como para fazer consultas diversas. Na recepção,

existe um coletor de mão, onde, ao receber as mercadorias, o conferente faz a

leitura para que o sistema possa conferir com o que foi pedido. Já nos caixas, os

leitores são fixos e servem para registrar as vendas e dar baixa do estoque.

Já com relação aos check-outs foi possível verificar que eles são totalmente

automatizados e integrados com a base de dados do sistema. Na medida em que

uma compra é registrada, automaticamente é feita a baixa do estoque e alimentada

a base financeira (contas a receber).

7.3 Estudo de caso da empresa 12

A empresa ora estudada tem 10 anos de funcionamento, iniciando suas

operações como um mini-mercado de vizinhança, ampliando posteriormente seu

tamanho até a estrutura atual. Sempre atuando no mesmo segmento, o crescimento

da empresa deveu-se principalmente em razão do relacionamento estabelecido com

os clientes que moram próximos, segundo relatou o proprietário.

Com uma área de venda que supera os 350 m2, 2.800 itens à disposição, mais

de 50 funcionários e um faturamento de aproximadamente R$ 500 mil por mês, a

empresa é hoje uma das maiores da zona leste de Fortaleza.

A constituição da empresa é por cotas limitadas, sendo os sócios os próprios

membros da família, que são o proprietário e sua esposa. Com um sistema de

gestão tipicamente familiar, além dos proprietários, existem ainda alguns cargos

ocupados por familiares próximos.

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Com relação à estrutura organizacional da empresa, existem basicamente três

grandes áreas, que são loja, comercial e administrativa. A área comercial é a

responsável pelas negociações e compra de mercadorias dos fornecedores. A área

administrativa é responsável por fornecer apoio às áreas de operação e comercial e

é constituída do setor financeiro, pessoal, serviços gerais e C.P.D. – Centro de

Processamento de Dados. Já a Gerência de Lojas se encarrega de receber os

produtos adquiridos, armazenar e disponibilizá-los ao cliente, além de ser

responsável por tudo que acontece na loja, desde limpeza, atendimento até entrega

em domicílio. A Figura No. 9 representa de forma simplificada como está estruturada

a empresa.

Figura No. 9. Organograma da empresa 12. Fonte: Pesquisa de campo.

Questionado sobre o mercado no qual a empresa está inserida, o proprietário

afirmou o seguinte:

Atuamos basicamente no mercado de vizinhança, ou seja, nosso foco é

atender adequadamente o bairro em que estamos localizados.

PROPRIETÁRIO

GER. COMERCIAL

COMPRAS

GER. ADMINISTRATIVA

FINANCEIRO

PESSOAL

S. GERAIS

C.P.D.

GER. DE LOJA

RECEBIMENTO

DEPÓSITO

LOJA

FRENTE DE LOJA

ENTREGAS

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Sabendo disso, faz-se necessário situar a empresa quanto a esse aspecto.

Localizado em um bairro da zona leste de Fortaleza, a população vizinha pode ser

caracterizada em função da baixa renda, ou seja, pessoas com poder aquisitivo

limitado. As pessoas que freqüentam a loja são, na maioria das vezes, funcionários

de empresas próximas, moradores em um raio de até 3 km de distância, donas de

casa, dentre outras.

Apesar de apresentar um comportamento variado, foi possível identificar dois

tipos de clientes que freqüentam a loja da empresa, conforme trecho da entrevista

com o proprietário colocado a seguir:

Temos basicamente dois tipos de clientes. O primeiro é aquele que

freqüenta periodicamente nossa loja, comprando em pequenas

quantidades e com mais freqüência. O segundo é aquele que faz suas

compras mensais, ou seja, compra em grande quantidade para um período

mais longo. O primeiro tipo de cliente tem aumentado muito e hoje

representa mais da metade de nossa venda.

Para ilustrar o que foi relatado no trecho da entrevista acima, procurou-se

verificar o valor de compra média dos clientes, chegou-se a uma cifra de 12 Reais, o

que representa um valor baixo, caracterizando a compra em pequena quantidade

suficiente para satisfazer as necessidades do momento. Conseqüentemente, o

cliente que freqüenta a loja retorna várias vezes na semana, o que é uma tendência

no setor.

Comentando ainda sobre o mercado e as características dos clientes, relatou-

se que a exigência por mais serviços tem aumentado nos últimos anos. Em

resposta, a empresa procurou centralizar suas ações na melhoria do atendimento

dos clientes e do relacionamento com a comunidade.

Com relação ao atendimento dos clientes, criou-se um sistema de transporte de

clientes da residência até a loja, ampliou-se o número de opções e formas de

pagamento, instalou-se um setor dentro da loja que é responsável por tirar dúvidas e

receber reclamações dos clientes, dentre outros. Já com relação à comunidade, a

principal estratégia adotada foi a criação de projetos específicos, conforme explicado

a seguir no relato do proprietário:

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Criamos vários projetos interessantes que estreitam o relacionamento com

a comunidade. Promovemos caminhadas semanais, oferecemos palestras

de interesse da população, temos convênios com bancos de sangue,

promovemos a vacinação, comemoramos as datas festivas, dentre outros.

Estes projetos levam o nome da empresa à comunidade e representam um

resultado positivo em termos de marketing.

As conseqüências dessas ações refletem também na fidelização dos clientes

que, segundo o proprietário da empresa, é bastante significativa. Segundo o

entrevistado, existem diversos clientes que compram freqüentemente na loja e que

isso se deve também ao aspecto da vizinhança que se criou na empresa, ou seja, as

pessoas ainda vêem o supermercado como a pequena loja de antigamente,

complementa o entrevistado.

Contextualizando ainda o ambiente no qual a empresa está inserida, comentou-

se a respeito dos concorrentes. Segundo o proprietário da empresa, a concorrência

tem aumentado ultimamente, principalmente em se tratando de supermercados do

mesmo porte. Há menos de um ano foi instalado um supermercado próximo que,

segundo o entrevistado, tem afetado o nível de venda da empresa, sem contar com

os supermercados de outros bairros que já fazem propaganda nas residências

próximas à empresa.

Outro tipo de concorrência citado pelo entrevistado são os pequenos

mercadinhos, que conseguem ser responsável por uma parcela pequena da

demanda por produtos de primeira necessidade.

Há que se considerar também o avanço das médias e grandes redes de

supermercados. Recentemente uma rede local inaugurou uma loja a

aproximadamente 3 km da empresa. Com relação às grandes redes, a influência é

pequena, uma vez que a influência dessas lojas não alcança de forma efetiva a

população atendida pela empresa, porém foi citado que, nos últimos anos, essas

empresas têm aumentado essa influência.

Com relação aos fornecedores, estes não diferem muito daqueles relatados no

estudo de caso da empresa 11, que são principalmente atacadistas da região, além

de indústrias locais e, em poucos casos, indústrias nacionais.

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7.3.1 Estrutura logística

Conforme foi possível observar no organograma da empresa, não existe um

setor de Logística formalmente estabelecido. Na verdade, os setores que poderiam

compor a Logística encontram-se distribuídos nas diversas áreas da empresa. Da

mesma forma que não existe um setor de Logística formalmente constituído, a

empresa não conta com um funcionário específico para essa função.

No entanto, algumas atividades da Logística são desempenhadas e é

exatamente no entendimento do funcionamento dessas atividades que se

concentrará esta análise.

7.3.1.1 Compras / Suprimentos

O setor de compra está subordinado à área comercial da empresa e conta

atualmente com 1 funcionário que auxilia o proprietário nas negociações com

fornecedores, cotando preços, emitindo pedidos, dentre outras atividades.

No que se refere à competência para compra, foi relatado pelo auxiliar do setor

que as decisões são centralizadas no proprietário da empresa, que é quem autoriza

todas as aquisições. Cabe ao auxiliar somente operacionalizar algumas dessas

negociações.

Foi explicado que a empresa faz um planejamento de compra sistematizado e

sua periodicidade é mensal. Perguntado como este planejamento é realizado, o

proprietário da empresa relatou que é feita uma previsão de venda geral para a loja,

levando em consideração os dados históricos, que geralmente consistem na venda

do mesmo mês no ano anterior e a venda do mês passado.

Após análise do histórico de venda, a previsão para o próximo mês é realizada,

tanto de forma global como por categoria. A partir da previsão de venda e do

estoque existente é que se define a previsão de compra.

O resultado deste processo é um documento chamado “meta de compra

mensal”, que traz os valores a serem comprados de cada categoria de produto

durante o mês. O acompanhamento das metas de compra é feito semanalmente,

quando fica demonstrado o percentual da meta comprometido.

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A partir do planejamento global de compra é que se parte para a análise

individual de cada categoria, ou seja, o que comprar para cada grupo de produto.

Neste caso, explicou-se que são utilizados alguns relatórios para a tomada de

decisão, principalmente a curva ABC da seção. A partir desse relatório é que é

possível compreender quais produtos são mais vendidos e assim direcionar melhor

as compras.

Questionado sobre a funcionalidade do planejamento, o proprietário da

empresa relatou o seguinte:

A forma como planejamos as compras pode não ser a melhor existente,

porém foi aquela que mais se adequou ao nosso dia-a-dia.

O processo de compra é bastante centralizado no proprietário da empresa,

mesmo existindo um auxiliar de compra. Existem basicamente três categorias de

compras, conforme já foi explicado no estudo de caso anterior, ou seja, a compra por

concorrência, direta e programada.

O grau de decisão do auxiliar de compra é bastante reduzido, até por que a

escolaridade desse profissional é muito baixa, o que dificulta o desenvolvimento

neste cargo. Sua função é basicamente operacionalizar as negociações realizadas

pelo proprietário, fazendo cotações, emitindo e acompanhando os pedidos de

compra, realizando compras diretas e outras funções.

Perguntado sobre a participação de cada categoria de compra, o proprietário

relatou que a concorrência abrange 15% do total comprado, já a compra

programada responde por 40%, a compra direta por 30% e a UNIFORÇA responde

pelo restante.

7.3.1.2 Gestão dos estoques

Uma das principais preocupações da empresa atualmente é diminuir

consideravelmente os níveis de estoque. Para tanto, a empresa utiliza um indicador

chamado cobertura de estoque, que é o valor do estoque em dias de venda.

Segundo o proprietário da empresa, a cobertura de estoque varia entre 20 e 28 dias.

Hoje a informação do estoque encontra-se disponível para consulta, porém não

é bem utilizada pelas pessoas que administram as compras. Na verdade, existe um

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formulário que é utilizado pelos encarregados do salão, que escrevem as

necessidades e enviam para o setor de compra. Com esta informação na mão, o

auxiliar de compra apresenta ao proprietário que autoriza as aquisições.

Como a informação do estoque não é consultada, os níveis de estoque

dependem basicamente dos encarregados de seção, que são os verdadeiros

agentes de compra. Assim, é possível que aconteça alguns erros de mensuração,

como foi colocado pelo auxiliar de compra.

O processo de reposição de estoques depende diretamente dos

encarregados dos setores, que são os verdadeiros agentes. Nós do setor

de compra devemos somente analisar aquela quantidade e decidir sobre o

que comprar.

Assim, conforme foi possível entender, não existe nenhuma técnica específica

que mantenha os níveis de estoques o mínimo possível, preponderando a análise

empírica que leva em consideração a opinião dos encarregados.

De acordo com o que foi explicado até então, fica evidente que não existe um

estoque de segurança definido, o que contribui para o aumento dos níveis de

estoque como foi comentado pelos entrevistados. Outro fator são as compras da

UNIFORÇA, que segundo o proprietário da empresa é um problema que influencia

no nível de estoque.

As compras da UNIFORÇA contribuem para uma parcela significativa dos

nossos estoques. Enquanto não existir uma programação de compra na

Associação, nossa programação se torna difícil.

Outra questão importante é que não existe um sistema de pedido automatizado

que leve em consideração o comportamento da demanda e os estoques disponíveis.

Com isso, a burocratização do processo de reposição é muito grande, o que

contribui para o aumento do tempo de ressuprimento e, conseqüentemente, os

níveis de estoques.

7.3.1.3 Gestão da armazenagem

A empresa dispõe de um depósito próprio localizado na parte de trás da loja,

que é capaz de armazenar tanto os produtos da linha seca (mercearia), como da

linha fria e congelada, que são acondicionados em uma câmara fria.

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161

O referido armazém tem aproximadamente 300 m2 de área e é dotado de infra-

estrutura de porta-paletes. No que se refere à câmara fria, existem prateleiras onde

os produtos são acondicionados.

Segundo dado fornecido pelo proprietário da empresa, existem mais de 2.800

itens cadastrados, que englobam produtos da linha de cereais (arroz, feijão),

mercearia (enlatados, temperos), bebidas (cervejas, refrigerantes), bazar (utilidades

do lar), frigorífico (carnes diversas), frios (presunto, queijo), congelados (cortes

especiais) e limpeza.

O cadastro desses produtos é realizado pelo setor de compra, no momento em

que o pedido deve ser emitido. Caso o produto seja novo e não pertença ao mix, o

fornecedor é obrigado a pagar uma introdução, que geralmente é em torno de

200,00 reais.

A entrada das mercadorias é realizada por meio de um setor que é chamado de

portaria. Este setor conta hoje com dois funcionários e é responsável por receber,

conferir e proceder à entrada de todas as mercadorias compradas pelo setor de

compra.

Com relação ao processo de recebimento, tudo inicia com a emissão do pedido

de compra. Uma vez emitido, o pedido fica armazenado no sistema e quando este

pedido chega, o encarregado da portaria, juntamente com o conferente, faz duas

checagens.

A primeira é documental, ou seja, o encarregado de portaria vai conferir se o

que está descrito na nota fiscal do fornecedor está em conformidade com o que foi

definido no pedido de compra. Havendo divergência, o encarregado de portaria

comunica ao setor de compra; porém, se não houver divergência, o encarregado de

portaria libera o pedido para ser conferido.

O fornecedor descarrega suas mercadorias dentro da “faixa amarela” e, ao

finalizar, informa ao conferente, que de posse de um leitor óptico (coletor) faz a

leitura dos códigos de barras dos produtos, inserindo também as quantidades. No

caso de produtos sem código de barra, o conferente digita o código PLU e a

respectiva quantidade.

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162

Feita a leitura e conferência dos produtos, o conferente descarrega as

informações do coletor no sistema que faz as devidas comparações com os produtos

constantes na nota fiscal de entrada. Havendo divergência, o encarregado de

portaria comunica ao setor de compra; não havendo divergência, o encarregado de

portaria finaliza o processo.

Questionado também sobre os cuidados existentes com o recebimento, o

encarregado de portaria explicou que existe uma norma geral da empresa que

define uma data de validade mínima para os produtos que têm problema de tempo

para consumo. Para a empresa, não se deve receber produtos com mais de 50% da

data de validade. Assim, caso um produto tenha validade de 4 meses, a empresa

não recebe com mais de dois meses de validade.

No entanto, essa regra nem sempre é cumprida, conforme relato do

encarregado de portaria.

Em alguns casos, temos que receber mercadorias com data de validade

curta, pois geralmente estes produtos vêm com um preço abaixo do

mercado e a empresa faz promoções para vender.

A empresa dispõe de estrutura porta-paletes em seu armazém, onde as

mercadorias são acondicionadas sobre os paletes. Além disso, existem prateleiras

que são utilizados para a armazenagem de produtos congelados e frios e contetores

para hortifrutigranjeiro.

Com relação aos critérios para o armazenamento dos produtos, foi verificado

que a empresa adota agrupamento por característica, que envolve tanto o tipo do

produto como seu peso.

Os produtos de limpeza são agrupados em um local separado dos produtos

alimentícios. Da mesma forma, os produtos alimentícios congelados são

armazenados em locais diferentes dos produtos alimentícios da linha seca.

Com relação ao peso, procura-se armazenar os produtos mais pesados no

piso, enquanto os mais leves são armazenados em locais mais altos, pois segundo o

encarregado do depósito, a utilização desse critério facilita muito o manuseio.

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163

Com relação à organização do armazém da empresa, constatou-se que o

agrupamento por características facilita a localização, porém não foi verificado

nenhum tipo de sistema de endereçamento de produtos, o que justifica, pois o

tamanho e a estrutura disponíveis não condizem com um sistema desse tipo.

Questionado sobre a rotatividade dos estoques e a utilização de técnicas como

o PEPS, o encarregado do depósito relatou o seguinte:

Procuramos na medida do possível garantir a rotatividade dos produtos,

porém nem sempre isso é possível, pois muitas vezes não dá para verificar

a validade dos produtos e colocar os mais antigos nas gôndolas.

Questionado então sobre a quantidade de produtos que se vencem, o

encarregado do depósito explicou que existe uma grande quantidade de produtos

que ultrapassam a data de validade, mas não soube precisar quanto.

Perguntado sobre as causas, o entrevistado relatou que primeiro o tipo de

negociação que é feita, em que a preocupação está mais no preço do que na

qualidade do produto, o que envolve a data de validade. Outro fator colocado foi o

tempo decorrido nas negociações da UNIFORÇA, que, segundo o entrevistado, é

muito demorado, o que acaba consumindo boa parte da data de validade do

produto, ocasionando perdas.

Quando questionado sobre as perdas resultantes de mau manuseio, o

entrevistado confirmou que em alguns casos os produtos se quebram ou sofrem

avarias em decorrência dos repositores que, na ânsia de reporem as mercadorias

nas gôndolas, acabam deixando cair um produto.

Por fim, foi questionado também sobre a ocorrência de furtos e roubos que,

segundo o entrevistado, ocorrem mais na loja que no depósito. Segundo ele, é mais

difícil uma pessoa pegar um produto no depósito, pois a movimentação é constante

além de ser mais difícil sair com este produto, pois existe uma revista de

funcionários na saída.

Segundo o encarregado de depósito, a empresa tem adotado algumas

providências para diminuir a ocorrência de roubos e furtos, como a colocação de

câmeras e a própria revista das pessoas. Com relação aos furtos na loja, explicou

que é mais difícil monitorar, pois a quantidade de pessoas é muito grande além de

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existir produtos de diminuto tamanho. Para ele, a empresa tem feito o possível, com

a colocação de seguranças na saída e câmeras de vídeo.

Ao ser questionado sobre a movimentação interna, o encarregado de depósito

enfatizou que a empresa não utiliza nenhum tipo de equipamento, preponderando a

movimentação manual, onde as pessoas é quem levam os produtos até as

gôndolas. Nem mesmo paleteiras foram encontradas nos locais de armazenagem.

Questionado também sobre a acuracidade dos estoques, o encarregado do

depósito foi enfático ao afirmar que a empresa promove balanços trimestrais que

ajustam as informações sobre as quantidades.

7.3.1.4 Venda / Saída de mercadorias

Ao tentar explicar como se procede à venda e entrega das mercadorias, há de

se esclarecer sobre a estrutura disponibilizada pela empresa para executar tais

atividades, que são de suma importância em se tratando de supermercados.

A loja conta com uma equipa própria de repositores dividida por seção ou

categoria de produtos. Assim, existe uma pessoa que se encarrega da reposição da

linha de limpeza, outro da linha seca, assim por diante.

Ao todo, são 6 repositores, que ao mesmo tempo são responsáveis por

informar ao setor de compra a falta de um determinado produto, procedimento

realizado por meio de um formulário próprio para essa função.

Além da equipa própria de reposição, existem também os repositores dos

fornecedores (promotores) que, segundo o gerente da loja, repõem os produtos

pertencentes à sua própria linha em detrimento das demais. Perguntado sobre as

vantagens e desvantagens dos promotores, o gerente da loja afirmou o seguinte:

Os promotores diminuem muito o custo de manter uma loja, pois a

empresa não precisa aumentar o quadro para repor as mercadorias, porém

existe a desvantagem de que cada promotor quer na verdade é aumentar a

sua participação, mesmo que para isso tenha que retirar outros produtos da

gôndola, o que é péssimo para o cliente, que quer variedade.

Outro ponto importante no processo de venda das mercadorias é o registro

dessas vendas. No presente caso, foi explicado que a loja tem hoje 6 caixas que

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fazem o registro por meio de um sistema semi-automático.

Na medida em que os códigos de barras são lidos ou os códigos PLU são

digitados, os registros são feitos, mas, dependendo do tipo de pagamento, o

fechamento da venda pode não ocorrer no próprio caixa, como é o exemplo dos

cartões.

Com relação aos tamanhos das filas, o gerente da loja relatou que somente nos

horários de alto fluxo é que elas aumentam, mas não soube precisar quanto tempo

um cliente leva para ser atendido. Para minimizar este problema, foi criado 1 caixa

destinada a compras de menor volume, chamado de caixa rápido, que aceita

compras de até 12 volumes.

A empresa dispõe de dois veículos do tipo furgão (Kombi), 4 motocicletas e 1

triciclo todos próprios e atualmente 6 pessoas se responsabilizam por entregar as

mercadorias aos clientes. Para o gerente da loja, este efetivo consegue fazer

aproximadamente 50 entregas diárias.

As kombis são utilizadas para compras que vão para uma mesma localidade,

obedecendo a uma rota específica, ou seja, a distribuição é feita de “um para

muitos”; já as motocicletas e o triciclo são utilizados para compras de pequeno porte

e de um único cliente, ou seja, de “um para um”.

No caso da distribuição “um para muitos” das kombis, as mercadorias são

acondicionadas em “caixotes” de plástico, onde contém um papel informando os

dados de entrega do cliente. Na medida em que as compras vão se acumulando e

torna-se viável uma viagem, o veículo é carregado.

Com relação a esse tipo de entrega, há de se considerar que o tempo é maior,

uma vez que se espera que uma carga seja feita. Assim, para alguns produtos

perecíveis que precisam ficar a uma temperatura baixa, isso se torna um problema,

mas segundo o gerente da loja, poucos são os casos de produtos que chegam

estragados.

Já com relação às pequenas entregas, as mesmas são feitas com um tempo

bem menor, pois não precisam esperar que se forme uma carga. No entanto, em se

tratando da capacidade de entrega, há de se considerar que é bem menor que o

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166

primeiro tipo. Dessa forma, as entregas com motocicletas são realizadas para

pequenas compras ou entrega de água mineral.

Segundo o gerente da loja, as entregas abrangem um raio de

aproximadamente 3 km, apesar de, em alguns casos, existirem entregas a uma

distância bem maior que essa.

O fato é que a entrega constitui hoje um diferencial competitivo importante para

os supermercados de vizinhança, como é o caso, conforme trecho da entrevista com

o gerente da loja.

Nosso cliente não admite que um produto demore a ser entregue, pois em

se tratando de distância, a loja é bem próxima de sua residência. Assim,

uma loja como a nossa não pode se descuidar deste aspecto, sob pena de

perder negócios.

Estima-se que mais de 30% das compras sejam destinadas à entrega, o que é

um percentual bastante significativo. Não trabalhar bem a entrega em domicílio

significa perder boa parte das vendas, completou o gerente da loja.

7.3.2 A TI na Logística

7.3.2.1 Estrutura de TI

Foi relatado que a empresa dispõe de um setor denominado C.P.D. – Centro de

Processamento de Dados, que abrange as atividades de lançamento de notas e

administração tecnológica. O funcionário do setor não é um especialista em

informática, tampouco em TI, mas já fez alguns cursos de informática e assim foi

designado para administrar essa área.

Segundo dados do levantamento inicial, existem 20 computadores na empresa,

que estão distribuídos nos setores financeiro, de compras, administrativo, de portaria

e de loja. Dessa forma, o número de computadores por funcionário é de 0,57.

Com relação à idade média dessas máquinas, o encarregado de C.P.D. afirmou

que a maioria tem até 1 ano de uso. Segundo o entrevistado, o grau de utilização

dessas máquinas é grande, uma vez que, em algumas ocasiões, faltam

computadores para as pessoas realizarem seus trabalhos.

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Questionou-se também a respeito do grau de preparação das pessoas para

operar os computadores. Segundo o encarregado de C.P.D., a empresa não

promoveu nenhum curso desse tipo desde quando o entrevistado foi admitido, ou

seja, há aproximadamente dois anos. Na verdade, segundo o entrevistado, a

empresa já seleciona pessoas que tenham curso de informática para evitar gastos

com este tipo de treinamento.

Com relação ao sistema que é utilizado pela empresa, o encarregado de C.P.D.

relatou que atualmente a empresa utiliza o SYSAC. Apesar de as características

desse sistema já ter sido explicadas no estudo de caso anterior, cabe relembrar que

o software funciona como um ERP básico, envolvendo as funções financeiras, de

compras, de portaria, de controle de estoque e de frente de loja (P.D.V.).

Perguntado sobre a utilização do programa em questão, o encarregado de

C.P.D. afirmou que a grande maioria das rotinas é gerenciada pelo próprio

programa, porém existem algumas funções que não são consideradas, tais como

controle de setor de pessoal, por exemplo.

Porém, foi relatado que o grau de satisfação com o programa é bom, uma vez

que o sistema é amigável para os usuários e quase nunca gera problemas, comum

em outros tipos de programas.

7.3.2.2 A TI na Logística

No que se refere às aplicações de TI na Logística foi possível constatar o uso

tanto de alguns tipos de equipamentos como de programas que gerenciam as

rotinas básicas dessa área.

Com relação aos equipamentos utilizados, constatou-se a presença de

computadores, leitores ópticos, códigos de barras, PLU e check-outs semi-

automatizados. Esses equipamentos são utilizados ao longo de todo fluxo de

materiais da empresa e auxiliam os operadores em suas atividades.

Com relação aos computadores que são utilizados na Logística, o encarregado

de C.P.D. relatou que existem, além das 6 máquinas existentes nos caixas, 1

computador para o setor de compra e dois na portaria, perfazendo um total de 9

computadores destinados à Logística, o que representa 45% do total.

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Segundo o encarregado de C.P.D., o número de computadores disponibilizado

para a área de Logística é suficiente, pois não se tem problemas com relação à

indisponibilidade de máquinas. Em se tratando dos benefícios inerentes ao uso dos

computadores na Logística, o encarregado de C.P.D. enfatizou a agilidade e

segurança com que os dados são tratados.

Outro equipamento bastante utilizado na empresa são os leitores ópticos, que

podem ser encontrados em diversas etapas do fluxo de materiais. Na portaria existe

um coletor de dados com um leitor óptico que procede à entrada de materiais. Já na

loja existe um equipamento dotado de um leitor óptico que serve para fornecer o

preço das mercadorias aos clientes. Por fim, os caixas possuem leitores ópticos que

servem para registrar as mercadorias compradas.

Com a utilização de leitores ópticos, fica evidente que a empresa utiliza códigos

de barras, como já foi relatado anteriormente. O código de barras serve

principalmente para registrar a movimentação das mercadorias e atualizar o saldo do

estoque. Além do código de barra, a empresa utiliza o PLU para mercadorias que

não utilizam tal tecnologia.

Com relação aos check-outs, verificou-se que os mesmos não são totalmente

automatizados, pois o fechamento da venda nem sempre é realizado no próprio

caixa.

Cada caixa dispõe de um terminal de computador e um leitor óptico fixo que

registra as mercadorias que são passadas. Na medida em que cada mercadoria é

registrada, seja pela leitura do código de barras, seja pela digitação do P.L.U., a

informação é armazenada para, posteriormente, ser processada a baixa no estoque.

No entanto, quando opta por pagar a compra com cartão de crédito, o

fechamento não é feito no próprio caixa. Em vez disso, o cliente é levado à recepção

da loja onde seu cartão é passado em uma máquina POS. Isto se deve ao fato de a

empresa não ter implementado ainda o sistema TEF (Troca Eletrônica de Fundos),

que possibilita a troca de informações entre a loja e as operadoras de cartão de

crédito.

Além dos equipamentos que são utilizados na Logística, há de se considerar

também as rotinas previstas no software de gestão que a empresa utiliza.

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Com relação ao módulo de compras, o encarregado de C.P.D. relatou que o

programa fornece uma série de parâmetros interessantes, porém nem sempre

utilizados pela empresa. Um dos aspectos relatados foi o da sugestão de pedidos.

O SYSAC fornece um relatório que mostra as quantidades a ser

compradas de um determinado produto ou de uma categoria, ou seja, uma

espécie de sugestão de pedido. De posse deste relatório, o encarregado

pelas negociações pode comprar somente o que realmente necessitar.

Outra funcionalidade do programa é a emissão do pedido de compra, que é

feito de acordo com a negociação realizada com o fornecedor. Esta função é

importante para a Logística, pois trata de uma das principais etapas do fluxo de

materiais, ou seja, a determinação do que comprar.

Com relação a outros relatórios, há de se considerar também a emissão de

curva ABC de venda e compra, que é uma ferramenta importante para a Logística,

pois fornece uma noção clara dos produtos que são mais requisitados e, assim,

direciona melhor o que comprar.

Outro fator a se analisar são as funcionalidades do programa com relação ao

controle de estoque. O encarregado de C.P.D. relatou que o programa prevê as

principais rotinas quanto à movimentação de estoques, porém é falho no que se

refere ao fornecimento de informações gerenciais.

Falta no sistema a emissão de alguns relatórios que seriam importantes,

tais como giro do estoque, cobertura, estoque mínimo, dentre outros. Estes

relatórios seriam importantes para a tomada de decisão.

No aspecto do gerenciamento dos estoques foi relatado também que o sistema

conta com um módulo específico de balanço e inventário, no qual, a partir de uma

contagem programada, o sistema atualiza os saldos em estoque.

Um dos pontos fracos do sistema é a falta de um módulo específico que trate

da administração da armazenagem. Neste ponto, foi relatado que o sistema

disponibiliza rotinas específicas, tais como controle de validade de produtos, apesar

de não ser utilizado pela empresa. No entanto, outras rotinas típicas de um sistema

de gerenciamento de armazém não foram encontradas, tais como a gestão dos

endereçamentos.

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Da mesma forma, o sistema não disponibiliza um módulo específico que

gerencie a reposição das gôndolas da loja, sendo este controle feito de forma

manual.

Em se tratando do controle de venda, este talvez seja o ponto forte do sistema,

que conta com um módulo específico denominado de P.D.V. Este módulo se

encarrega de registrar e armazenar todos os registros referentes às vendas de

mercadorias, englobando informações, como vendas por categoria, por tipo de

pagamento, por período, dentre outros.

Segundo o encarregado de C.P.D., o módulo de P.D.V. atende plenamente às

necessidades da empresa, uma vez que consegue fornecer as informações

desejadas sobre a demanda. A sua integração com os demais módulos é grande,

mas não existe um sistema de reposição programada, ou seja, na medida em que os

produtos são vendidos, requisitar uma reposição.

Ao se analisar a capacidade do sistema de gerenciar as entregas, o

encarregado de C.P.D. afirmou que não tem nenhum conhecimento sobre o controle

de entregas. Na verdade, o entrevistado afirmou que esse controle é feito de forma

manual na própria loja. Assim, não se tem informações sobre as entregas, o que é

indispensável para a empresa.

Com relação aos sistemas eletrônicos utilizados para comunicação com

fornecedores e clientes, não foi relatado nada a respeito. No máximo, segundo o

encarregado de C.P.D., a empresa utiliza o e-mail para comunicar-se com o

fornecedor e o MSN Messenger para comunicação com a UNIFORÇA. Não se

obteve informações sobre a utilização de sistemas mais sofisticados como E.D.I. ou

Extranet.

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Análises e considerações finais

Com base em de entrevistas formais conduzidas dentro do espaço de trabalho

das empresas, foi possível observar mais de perto como as empresas utilizavam a TI

em seus processos logísticos.

O presente capítulo do trabalho tem como objetivo apresentar as principais

análises e considerações finais do estudo. Para tanto, optou-se por dividi-lo em

tópicos.

O primeiro faz uma análise da Logística das empresas, em que serão avaliadas

questões, como a estrutura logística existente, o gerenciamento do fluxo de

materiais e informações e a integração entre eles.

A segunda parte da análise trata mais especificamente sobre a aplicação da

Tecnologia da Informação na Logística, na qual serão analisados aspectos, como os

principais aplicativos utilizados, se a TI tem conseguido atender aos princípios da

informação logística, se ela é capaz de gerar as informações necessárias e se essas

informações são utilizadas para a tomada de decisões. Em seguida, serão

analisados os principais impactos da TI na Logística dessas empresas.

Na última parte do capítulo, as considerações finais do trabalho serão

colocadas, com as respectivas limitações do estudo, bem como sugestões para

futuras pesquisas.

8.1 A Logística nas empresas

O presente tópico apresenta as principais análises com relação à Logística das

empresas estudadas. No que se refere aos elementos de análise, serão

consideradas as atividades logísticas que são desempenhadas, bem como a

integração interna e externa dessas atividades.

Assim, o presente tópico vem cumprir com o objetivo secundário No. 2 deste

trabalho que consiste em entender e analisar o funcionamento da Logística dos

supermercados.

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8.1.1 Estruturação logística

Ao se analisar a estruturação logística das empresas, há de se considerar a

presença das atividades e setores formalmente constituídos, bem como a presença

de procedimentos definidos.

De acordo com a teoria, a Logística é constituída de atividades-chave

(transporte, manutenção de estoque e processamento de pedidos) e das atividades

de apoio (armazenagem, manuseio de materiais, compras, embalagem,

programação de produtos e manutenção da informação).

Em se tratando de supermercados, a literatura existente mostrou que as

atividades logísticas típicas deste tipo de comércio são distribuídas nas áreas de

compra, gestão de estoques, armazenamento/movimentação interna e

venda/distribuição de mercadorias.

De uma forma geral, as atividades citadas encontram-se presentes nas

empresas estudadas, porém seu grau de formalização ainda é pequeno. Em parte,

isso se explica em função do tamanho das empresas, que não comportam um grau

de estruturação tão grande.

Apesar de as empresas estudadas ainda carecerem de uma maior estruturação

logística, há de se considerar que em alguns pontos essa estruturação está

presente. Os parágrafos a seguir fazem a análise dessa estruturação considerando

cada atividade colocada.

8.1.1.1 Compras/suprimentos

A literatura consultada mostrou que a atividade de compra é uma das mais

críticas, pois na medida em que os produtos são vendidos devem ser repostos, para

que ocorram novas vendas. De acordo ainda com a literatura, o empirismo deve

ceder o lugar à cientificidade no que se refere à aquisição de produtos.

De uma forma geral, foi possível compreender nos relatos dos entrevistados

que as compras realizadas tanto no âmbito da Associação como no das empresas

não precedem de um planejamento formal, que leve em conta a demanda dos

produtos.

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No caso da UNIFORÇA, a falta de uma definição de um mix de produtos que

possa agregar um volume de compra considerável, além de uma adequação da

necessidade, são aspectos a serem considerados.

Com relação ao mix de produtos, existe uma necessidade urgente de se definir

o que deve ser comprado pela Associação. A redução da quantidade de produtos

que se negocia na Associação é um caminho sem volta para que seja possível uma

concentração e, assim, melhorar o poder de negociação.

Outra grande questão que deve ser colocada ao se analisar a atividade de

compra na Associação é a adequação das necessidades. De acordo com o que foi

relatado nas entrevistas, existem problemas estruturais, como a falta de um

procedimento formal constituído.

Outro aspecto é a demora com que as informações sobre as necessidades

chegam. Segundo o entrevistado na Associação, essa demora torna o processo

ineficiente, pois se a informação não chega a tempo, as compras são realizadas sem

o mínimo de base para definição de quantidades.

Assim, em se tratando da Associação, a análise a ser feita com relação à

atividade de compra, é que predomina o empirismo em vez da racionalidade. A

ausência de técnicas de previsão e dimensionamento de compra acaba

prejudicando tanto a Associação como os próprios associados, pois estoques

excessivos são gerados, o que em muitos casos pode comprometer o capital dessas

empresas.

Com relação aos supermercados pesquisados, a situação se mostrou mais

favorável, porém existem ainda alguns pontos importantes a serem analisados.

No que se refere à empresa 11, foi possível compreender ao longo das

entrevistas que prepondera também a falta de planejamento nas aquisições das

mercadorias.

As programações de compra existentes privilegiam o curto prazo e mesmo

assim ainda prepondera o empirismo, uma vez que as técnicas existentes para

planejamento de compra não são utilizadas na empresa.

Já com relação à empresa 12, de acordo com o que foi explicado, existe um

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planejamento mais elaborado das compras, uma vez que a empresa conta com uma

sistemática de elaboração de orçamentos de compra.

Considerando que o orçamento feito pela empresa 12 leva em conta a previsão

de venda e os estoques disponíveis, sua sistemática permite uma melhor

racionalização dos estoques, pois as compras são direcionadas somente para o que

é determinado no orçamento. Dessa forma, o planejamento tem auxiliado a empresa

na racionalização de seus recursos logísticos, em especial os estoques.

A falta de planejamento de compra tem conseqüências diretas no nível de

estoque das empresas, que, segundo relatos, encontra-se sempre acima do

necessário. Conseqüentemente, as empresas precisam de um espaço de

armazenamento para acondicionar essas mercadorias, o que demanda maiores

investimentos e gastos.

Portanto, de acordo com a análise realizada, foi possível entender que a forma

como as empresas planejam e executam a atividade de compra ainda carece de

uma maior estruturação, principalmente com relação ao planejamento.

8.1.1.2 Gestão de estoques

A literatura consultada define a gestão de estoques como sendo a atividade

logística responsável pela manutenção dos níveis de estoques da empresa, de

forma a minimizar os investimentos em capital, mas ao mesmo tempo garantir o

nível de serviço ao cliente.

Nesse aspecto, há de se analisar como as empresas pesquisadas definem

suas políticas de estoques, as técnicas de previsão que são utilizadas e as

ferramentas que racionalizam os estoques.

Analisando todos os casos, foi possível constatar que, na verdade, prepondera

a falta de uma política de estoque definida, pois os critérios de definição de níveis de

estoque parecem pouco claros nos relatos dos entrevistados.

Outra característica marcante da gestão de estoque das empresas analisadas é

a pouca utilização de ferramentas que racionalizem os recursos de estoques. Em

nenhuma das empresas foi verificada a utilização de técnicas como o ponto do

pedido ou estoque mínimo.

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Em parte, isso se deve à falta de informações sobre os estoques. Das

empresas pesquisadas, somente 1 afirmou que possui informação sobre o nível de

estoque, mas mesmo assim não a utiliza para tomar decisões. As demais não

tinham essa informação, o que é indispensável para a definição de uma política de

reposição e manutenção de estoques mínimos.

As conseqüências da ausência de técnicas e políticas de estoques são

bastante conhecidas. A principal e mais clara é o próprio excesso de mercadorias

que se avolumam na Associação e conseqüentemente nas empresas. Durante as

entrevistas, foi possível observar que todos os entrevistados afirmaram que os níveis

de estoques estão altos, entre 30 e 35 dias de venda, e que isso decorre

principalmente em função do descontrole nas aquisições.

Com estoques excessivos, as empresas precisam acrescentar suas

ineficiências operacionais ao custo do produto, encarecendo-o ainda mais. Para o

cliente, a sensação de que a empresa não é competitiva torna-se mais evidente, pois

em comparação à concorrência, os preços praticados acabam se tornando maiores.

Assim, no que se refere à gestão dos estoques, foi possível compreender e

analisar que as empresas pesquisadas ainda carecem de uma melhor estruturação

dessa atividade, que é de crucial importância para o varejo alimentício. Essa

estruturação passa necessariamente pela definição de políticas de estoques que

objetivem a eficiência operacional, ao mesmo tempo em que não penalize o cliente.

Isso é possível na medida em que as empresas passem a gerenciar seus estoques

de forma mais racional, buscando o equilíbrio entre a demanda e a compra.

8.1.1.3 Armazenagem e movimentação interna

No que se refere às atividades de armazenamento e movimentação interna, a

literatura consultada aponta que ela se inicia no recebimento, passa pelas técnicas

de armazenamento e pela movimentação das mercadorias até a gôndola.

Em alguns aspectos, a função armazenagem está bem estruturada,

principalmente em se tratando dos procedimentos adotados para o recebimento de

mercadorias. Já em outros, existe um caminho a se percorrer, principalmente em se

tratando da estrutura de movimentação e técnicas de organização de armazém.

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Ao analisar a função de recebimento, somente a UNIFORÇA apresentou um

processo considerado ineficiente. Segundo os relatos dos entrevistados, o processo

é demorado e oneroso em função da falta de um procedimento mais consistente. De

acordo com os relatos, essa morosidade acaba prejudicando as empresas que

precisam dos produtos.

Em se tratando dos supermercados estudados, o procedimento de recebimento

é mais eficiente, pois a utilização de equipamentos como coletores deixa o processo

mais seguro e ágil.

Analisando a gestão dos armazéns, o que se observou é que as empresas

ainda carecem de uma maior estruturação. Em primeiro lugar em função da própria

estrutura de armazenagem, que, com exceção da UNIFORÇA, passou recentemente

para uma estrutura maior, prepondera a falta de condições de armazenamento,

conforme foi possível observar no relato de um dos entrevistados da empresa 11,

quando explicou que a temperatura do armazém era muito alta para acondicionar

certos produtos.

Outro aspecto importante refere-se à utilização de técnicas de localização de

produtos no armazém. Conforme foi possível entender, as empresas pesquisadas

utilizam o sistema de agrupamento por características para localizar os produtos, o

que é a mais indicada para pequenos espaços.

Porém, quando se trata de um armazém com 5.000 m2, como é o caso da

UNIFORÇA, a utilização isolada desse sistema pode não proporcionar os mesmos

resultados se comparados a armazéns de tamanhos menores.

Em se tratando da movimentação interna, prepondera a manual. Mesmo em se

tratando da UNIFORÇA, que possui um armazém maior, não existem equipamentos

de movimentação. Na verdade, no caso da Associação, a falta de uma

movimentação mais eficiente prejudica o fluxo de materiais, pois a movimentação

torna-se mais lenta e a produtividade do armazém diminui.

De forma geral, as empresas estudadas apresentaram uma boa estruturação

da armazenagem, porém alguns aspectos foram apontados como deficitários e que

precisam ser mais trabalhados. Considerando que a armazenagem é para esse

setor do comércio uma atividade de suma importância, sua eficiência pode

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proporcionar às empresas um aumento significativo da velocidade do fluxo de

materiais, o que hoje não acontece da forma como deveria.

8.1.1.4 Transporte/distribuição

O sistema de distribuição é composto de uma série de atividades que são

responsáveis por levar os produtos certos, para os lugares certos, no momento

certo, com o nível de serviço adequado ao menor custo possível.

Com base em estudos de casos, foi possível compreender que existe uma

diferença entre o sistema de distribuição da UNIFORÇA e dos supermercados.

No caso da UNIFORÇA, a distribuição dos produtos é feita pelos próprios

Associados, que por meio dos próprios veículos fazem o transporte da sede da

Associação até a loja. Dessa forma, fica caracterizado o tipo de distribuição “um para

um”.

Já no caso dos supermercados, a distribuição dos produtos é feita quando o

cliente solicita que sua compra seja entregue em sua residência. Neste caso,

caracterizou-se tanto o tipo de distribuição “um para um” como o tipo de distribuição

“um para muitos”. A distribuição “um para um” acontece quando os supermercados

fazem a entrega para um único cliente, como é o caso das pequenas compras que

são entregues com motos. Já a distribuição “um para muitos” acontece quando

várias compras são agrupadas para serem entregues, obedecendo a uma rota

específica.

Fazendo uma análise do esquema de distribuição da UNIFORÇA, o que se

observou é que existe uma falta de padronização dos veículos dos Associados.

Enquanto alguns utilizam caminhões tipo “truck”, outros utilizam kombis e furgões. A

falta de padronização dos veículos dificulta a definição de docas de expedição, além

de prejudicar o planejamento de distribuição, pois com capacidades diferentes, nem

sempre é possível distribuir a quantidade ótima de produtos.

Considerando ainda que a distribuição dos produtos da UNIFORÇA é

totalmente feita por veículos dos próprios associados, ou seja, a distribuição “um a

um”, percebe-se que não existe uma otimização com relação aos custos totais de

transporte, pois cada veículo se responsabiliza por dar a sua própria viagem em vez

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de se estabelecer um esquema de distribuição com rotas definidas, o que

proporcionaria uma diminuição de custos.

8.1.2 Integração da Logística

A literatura consultada considera que a Logística deve ser vista de uma forma

sistêmica, em que suas atividades trabalham em conjunto visando à eficiência e ao

serviço ao cliente.

A integração logística deve ser vista também sob o ponto de vista interno e

externo. Do ponto de vista interno, há de se considerar a integração entre as

atividades, como compras, controle de estoque, armazenagem, transporte e

distribuição. Do ponto de vista externo, há de se considerar a integração existente

entre os diversos componentes pertencentes a uma cadeia.

Dessa forma, a análise considerou a integração logística tanto do ponto de vista

interno, no âmbito das atividades logísticas das empresas, mas foi analisado

também o nível de integração externa, considerando fornecedores e clientes.

8.1.2.1 Integração interna

De acordo com a literatura, considera-se que a Logística esteja em um estágio

de integração quando seus fluxos são administrados harmonicamente,

compreendendo desde a previsão de venda, passando pelos processamentos de

pedidos, aquisição de materiais, armazenagem, reposição e venda das mercadorias.

Assim, para conseguir melhoria no processo logístico, é necessário considerar

o fluxo integrado como um sistema único em vez de considerar componentes

isolados.

Considerando os casos analisados, o que foi possível constatar, de uma forma

geral, é que a integração entre as atividades logísticas ainda precisa ser

intensificada. A causa direta da pouca integração entre as atividades de venda,

controle de estoque e compra é o descompasso entre demanda e suprimento.

Com relação à UNIFORÇA, conforme foi possível observar nos relatos, a falta

de sincronia entre os fluxos de materiais e informações fica evidente quando, por

exemplo, foi relatado que as informações sobre as demandas não chegam a tempo

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para as negociações de compra.

Quando a informação demora a chegar, as decisões ficam prejudicadas, pois

os negociadores têm que realizar a compra sem uma base do que os associados

precisam.

Não é só neste caso que ficou evidente a falta de sincronia entre os fluxos de

informações e materiais. Outro exemplo foi citado quando se explicou a demora com

que os pedidos de compra são processados. Segundo os entrevistados, como em

muitos casos a informação sobre o que foi pedido nem sempre está à disposição,

existe uma grande demora para identificar o negociador, as quantidades por

associado e proceder, assim, à entrada da mercadoria.

No caso dos supermercados estudados, observou-se também esse mesmo

fenômeno. A falta de integração logística é sentida nos diversos estágios da cadeia

operacional interna.

Em se tratando da empresa 11, a falta de integração interna é mais evidente

que na empresa 12. Em primeiro lugar há de se considerar que, no caso da empresa

11, não existe uma sistemática de elaboração de previsões de venda, o que na

empresa 12 já existe. De acordo com a própria literatura consultada, a falta de

previsão gera um descompasso entre demanda e compra, o que realmente foi

constatado nesta empresa, quando, por exemplo, os entrevistados afirmaram que a

empresa está hoje com um estoque muito alto.

Outro ponto que caracteriza a falta de integração logística interna diz respeito à

falta de programas de reposições contínuas. Conforme foi verificado, a empresa 12

não utiliza nenhuma informação sobre estoques, o que inviabiliza a utilização de

uma sistemática de reposição automática. Em vez disso, conforme foi relatado nas

entrevistas, as reposições são feitas por meio de uma sistemática mais empírica na

qual prevalece a experiência das pessoas.

Apesar de a situação na empresa 12 ser mais favorável em relação à empresa

11, ainda observa-se uma falta de integração das atividades logísticas. Conforme foi

possível observar nos relatos, um fato positivo é que a empresa se preocupa em

planejar melhor suas aquisições.

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No entanto, em outros aspectos, fica claro que existe uma falta de integração

das atividades logísticas internas da empresa. Um dos aspectos que contribuem

para esta análise é o fato de não haver um processo mais automatizado de compra,

no qual um pedido automático seja liberado. Assim, as necessidades muitas vezes

se avolumam, sem que haja a providência de reposição, aumentando a

probabilidade de rupturas.

Assim, considerando a análise dos relatos, foi possível observar que a Logística

pode ser caracterizada por uma fragmentação, o que leva a crer que existe uma

carência de uma visão mais sistêmica e integrada, que pense no fluxo de materiais e

informações de forma sincronizada, tanto no que se refere ao âmbito da Associação

como no das empresas.

As conseqüências dessa fragmentação ficaram visíveis quando os recursos

logísticos são subotimizados, gerando, por exemplo, estoques excessivos, que

acabam aumentando a probabilidade de avarias, além de representar um custo

desnecessário.

8.1.2.2 Integração externa

Apesar de a integração interna ser perseguida pelas empresas que objetivam a

eficiência, a integração externa é hoje a nova fronteira para a busca de eficácia

como um todo. A integração com fornecedores e clientes proporciona uma

velocidade maior no fluxo de materiais e isso é conseguido por meio de estratégias

que envolvam a racionalização de fornecedores, cooperação fornecedor-cliente,

transparência e compartilhamento de informações.

Nos casos estudados, foi possível observar que a integração externa é pouco

representativa, pois, das estratégias colocadas anteriormente (racionalização e

cooperação com fornecedores, transparência nos custos e compartilhamento de

informações), poucas ou quase nenhuma são colocadas em prática pelas empresas

pesquisadas.

Em se tratando de racionalização e cooperação entre fornecedores e os

supermercados, foi possível constatar que as empresas primam exatamente pelo

contrário, ou seja, valorizam a variedade de fornecedores.

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Verificou-se esse comportamento quando foi relatado, por exemplo, o processo

de compra dessas empresas. Segundo o que foi relatado, as modalidades existentes

privilegiam a variedade de fornecedores, em vez da racionalização, pois a existência

de compras por meio da concorrência evidencia isso.

A grande variedade de fornecedores dificulta o processo de controle e

operacionalização logística, uma vez que os mesmos processos se repetem mais

vezes, exigindo mais do sistema logístico.

Com relação às estratégias de transparência e compartilhamento de

informações, o que se verificou é que nenhuma das empresas estudadas utiliza

sistemas que compartilhem informações com fornecedores, como por exemplo o

VMI (Vendor Management Invenctory).

Em se tratando desse aspecto, sem o devido compartilhamento de

informações, a cadeia como um todo não tem condições de se planejar melhor e

assim minimizar custos e oferecer melhores serviços. Um exemplo claro é o

compartilhamento de informações de demanda para a reposição rápida dos

fornecedores. Ao compartilhar as informações sobre a demanda de um determinado

produto, o fornecedor tem idéia clara de quando e em que quantidade deve ser feita

a reposição.

8.2 A Tecnologia da Informação na Logística

Uma vez analisada a estrutura logística das empresas, o presente tópico tem

como objetivo fazer uma análise da utilização da Tecnologia da Informação nos

processos logísticos.

8.2.1 O uso da TI

O presente tópico irá abordar separadamente os recursos de hardwares e

softwares que as empresas utilizam.

8.2.1.1 Hardwares

Ao se analisar a estrutura de hardwares utilizada pelas empresas estudadas, foi

possível verificar que prepondera o uso de microcomputadores, que auxiliam nas

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atividades operacionais. Além disso, verificou-se que, no caso dos supermercados,

outros equipamentos importantes são utilizados, tais como leitores ópticos, códigos

de barras, PLU e caixas automatizados.

De acordo com o que foi colocado na teoria, os recursos de hardwares devem

ser compatíveis com a necessidade do negócio, a disponibilidade de recursos

financeiros e a oferta de equipamentos no mercado.

Em se tratando do presente estudo, o que se observou foi que os recursos de

hardwares utilizados são compatíveis com as necessidades atuais do negócio, em

função do tamanho das empresas. Porém, há de se considerar que ainda não se

chegou ao ponto ideal, principalmente em se tratando da UNIFORÇA, que

apresentou os piores resultados nesse aspecto.

No que se refere aos supermercados, os indicadores mostram que o número de

computadores nas empresas é ainda muito baixo e que a utilização dessas

máquinas deve permear todas as etapas dos processos internos das empresas. Na

verdade, as empresas precisam se familiarizar mais com o computador.

Outros equipamentos que foram mencionados, tais como coletores e caixas

automatizados, desempenham uma função também importante na otimização do

fluxo logístico.

No caso dos coletores, eles desempenham uma função essencial na

conferência de mercadorias, certificando se o que é recebido está de acordo com a

documentação. Além disso, os coletores servem para outras funções, como

consultas.

No caso dos caixas automatizados, há de se considerar que este é um dos

requisitos para o gerenciamento dos estoques, tendo em vista que é por meio do

processamento das compras que os estoques são atualizados. Em se tratando dos

casos estudados, em ambas as empresas constatou-se esse tipo de equipamento, o

que significa que uma das bases para um controle de estoque está constituída.

A utilização dos códigos de barras e PLU é importante tendo em vista que são

por meio desses sistemas que as movimentações de estoque são possíveis.

Considerando que em ambas as empresas foi verificado o uso desse recurso, existe

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uma facilidade maior no registro dessas movimentações.

Ao se considerar a UNIFORÇA, a situação parece ser mais preocupante.

Conforme foi relatado, a Associação só utiliza computadores e foi verificada uma

ausência total de outros tipos de equipamentos, tais como coletores, códigos de

barras e PLU.

De certa forma, a não utilização desses recursos tem tido conseqüências

imediatas na operação da Associação que, segundo os relatos, padece de agilidade

e precisão. Conforme comentado, toda movimentação de entrada e saída de

materiais é feita de forma manual, o que a torna demorada.

8.2.1.2 Softwares

No que se refere à análise da utilização de programas de computador, a teoria

coloca que existem diversos sistemas que apoiam as operações logísticas. No setor

de supermercados, os mais importantes são o ERP (Enterprise Resource Planning),

o LIS (Logistic Information System), o WMS (Warehouse Management System), o

IMS (Invenctory Management System), o EDI (Eletronic Data Interchange) e o WEB

EDI (Internet).

Analisando os diversos sistemas que as empresa utilizam, o que ficou claro é

que, de forma geral, esses sistemas englobam uma série de funções, inclusive

algumas relacionadas à Logística. Dentre as funções desempenhadas estão a

financeira, compras, controle de estoque e venda.

Apesar de abranger essas funções, os sistemas utilizados pelas empresas não

podem ser considerados ERPs completos, pois alguns módulos não foram

encontrados, tais como recursos humanos, previsões e contabilidade fiscal e gestão

de ativos.

Considerando agora os módulos existentes, foi possível compreender que

existe uma integração entre eles, o que facilita e agiliza o tempo de processamento

das rotinas.

No caso da UNIFORÇA, onde se utiliza o sistema SAAC, os relatos foram

categóricos ao afirmar que, apesar de existirem rotinas ainda sem integração, a

maioria dos módulos encontra-se integrada.

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Ao se analisar os supermercados, a utilização do mesmo sistema facilita a

análise, uma vez que as mesmas funcionalidades foram encontradas nas duas

empresas. Segundo o que foi afirmado, o nível de integração do SYSAC, que é o

programa usado pelos supermercados estudados, também é muito bom.

Tanto o SAAC como o SYSAC englobam diversas funções inerentes à

Logística. Se for analisada a presença de aplicativos específicos, tais como o LIS, o

WMS, o IMS, o EDI ou o WEB EDI, nenhuma das empresas pesquisadas possui

esse tipo de programa.

No entanto, ao se analisar as funcionalidades dos programas existentes com

relação às rotinas logísticas, o que foi possível compreender é que existe uma

preocupação maior com as operações mais básicas, em detrimento de outras mais

avançadas. Para citar um exemplo, em nenhum dos programas analisados foi

encontrada uma rotina para controle de localização de produtos em armazéns,

comuns em programas do tipo WMS.

Outra característica importante desses programas é que eles estão voltados

mais para o nível operacional, conforme foi possível observar tanto no relato dos

entrevistados da UNIFORÇA quanto nas entrevistas com as pessoas dos

supermercados.

A falta de um foco mais gerencial torna o programa menos amigável para os

tomadores de decisões que se encontram em um nível mais alto das empresas. Em

nenhum dos casos, os sistemas se preocupavam tanto em fornecer dados e

informações para esse nível de gerenciamento, o que é um ponto significativo, tendo

em vista que as decisões logísticas mais importantes são tomadas exatamente

nesse nível.

Outro aspecto interessante foi a ausência de sistemas de comunicação com

fornecedores, tais como o EDI ou o WEB EDI. Esses sistemas são importantíssimos

no âmbito da cadeia de suprimentos, pois desempenham a função de canal de

comunicação de informações sobre demanda, estoques, pedidos, dentre outros.

Sem um sistema que integre essas empresas e seus fornecedores, o fluxo

logístico perde em eficiência, uma vez que os custos e o tempo de processamento

de reposições tendem a aumentar. No fim de tudo, há de se considerar a perda ou a

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diminuição do nível de serviço ao cliente, que passa a ter um produto mais caro nas

prateleiras.

No que se refere aos sistemas de informação, há de se considerar o esquema

de troca de dados entre a Associação e os associados, que engloba a troca de

informações sobre pedidos, produtos a serem retirados, dentre outros. Mesmo

sabendo que esse sistema é limitado com relação ao seu escopo, é um avanço,

tendo em vista que anteriormente todas essas informações trafegavam de forma

manual.

Em resumo, a utilização de programas para dar suporte às atividades logísticas

são limitadas às rotinas mais básicas, deixando à mercê várias funcionalidades

importantes. Com relação aos sistemas específicos, não foi constatada nenhuma

aplicação nas empresas estudadas e, em se tratando de sistemas de comunicação,

a forma restrita como as empresas utilizam a Internet não proporciona grandes

ganhos de eficiência logística.

Com a análise dos programas e equipamentos que dão apoio à Logística, o

trabalho cumpre com o 3o objetivo específico que foi colocado, que foi o de identificar

as principais aplicações da TI na Logística dos pequenos supermercados.

Ao mesmo tempo, ao se fazer essa análise, o primeiro pressuposto do trabalho

é parcialmente negado, ao passo que se afirma que os aplicativos de TI na Logística

são sistematicamente utilizados. Na verdade, o que foi possível constatar é que as

empresas utilizam alguns aplicativos de hardwares e softwares, mas afirmar que

esses aplicativos são utilizados de forma sistemática é um exagero, pelo que se

pôde entender ao longo dos relatos.

8.2.2 A TI e as informações logísticas

O presente tópico analisa os aspectos relacionados à TI e o conjunto de

informações por ela gerado. Para tanto, primeiramente será avaliada a capacidade

da TI das empresas em atender aos princípios das informações logísticas. Em

seguida será analisada se a TI tem gerado as informações necessárias para o

gerenciamento logístico. Finalmente, o presente tópico apresentará a avaliação feita

com relação aos benefícios que essas informações proporcionaram para essas

empresas.

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8.2.2.1 A capacidade da TI de atender aos princípios das informações logísticas

De acordo com a literatura, a TI atende aos princípios da informação logística

quando ela gera dados com precisão, agilidade, flexibilidade, de forma a apontar

erros, e em um formato adequado para os usuários.

Com relação à capacidade de gerar dados precisos, o que foi possível

constatar é que nem sempre a TI das empresas tem atendido plenamente a esse

princípio.

Para citar um exemplo, no caso da UNIFORÇA, relatou-se o problema em que

o sistema tem fornecido dados inconsistentes com relação às quantidades em

estoque. A partir do momento em que o sistema não gera essa informação

corretamente, a probabilidade de um erro na tomada de decisão aumenta, o que

gera desconfiança no próprio sistema.

Em se tratando da capacidade de gerar dados e informações de forma rápida,

não foi relatado nenhum problema com relação a esse ponto. Nesse aspecto, o que

pôde ser entendido é que a TI tem cumprido a sua obrigação de fornecer

informações em tempo hábil.

Da mesma forma, não se comentou muito a respeito da falta de flexibilidade

com que os dados são gerados. Em vez disso, alguns relatos confirmaram

exatamente o contrário, como, por exemplo, no caso da empresa 12, quando o

encarregado de C.P.D. relatou que o programa fornece uma série de parâmetros

interessantes para apresentar as quantidades dos produtos, o que de certa forma

mostra a flexibilidade das informações.

Finalmente, com relação ao formato com que essas informações são

apresentadas para os usuários, o que foi possível constatar é que a utilização de

relatórios é uma unanimidade nas empresas.

Esses relatórios são usados para definir ações relacionadas ao fluxo de

materiais, principalmente com relação à aquisição de produtos. Não foi verificada a

utilização de nenhum outro tipo de apresentação dessas informações, tais como

gráficos ou tabelas.

Assim, conforme análise feita, o que foi possível entender ao longo dos estudos

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de casos é que a TI das empresas tem atendido em parte os princípios da

informação logística, o que nega parcialmente o pressuposto 3 deste trabalho, o qual

afirma que a TI tem atendido aos princípios básicos da informação logística.

8.2.2.2 A TI e as informações necessárias para a Logística

Outro ponto analisado refere-se à capacidade da TI de gerar os dados e

informações necessários para a Logística, ou seja, se ela consegue gerar as

informações técnicas, comerciais, administrativas e projetivas.

Ao considerar as informações sobre os produtos, foi relatado que, tanto na

UNIFORÇA como nos supermercados, existe uma rotina de cadastro de produtos,

que é a base para o fornecimento das informações necessárias para a Logística,

como peso, tamanho, cor, sabor, dentre outras.

Ao se cadastrar um produto, todas as informações ficam disponíveis para

consulta. Dessa forma, considera-se que a TI tem conseguido fornecer as

informações sobre os produtos, que são necessárias para a Logística.

As informações comerciais, que envolvem as transações, são geradas a partir

dos pedidos que são emitidos aos fornecedores. Conforme explicado, os sistemas

fornecem dados sobre o andamento dos pedidos, que permitem um

acompanhamento por parte do setor competente.

Já com relação à transação com os clientes, as empresas estudadas não

forneceram nenhuma informação sobre programas que formam uma base de

marketing, que permita um acompanhamento personalizado, mas se sabe que, nos

supermercados estudados, existe um módulo de P.D.V. que monitora as operações

de venda, fornecendo relatórios a respeito.

Considerando essas informações, foi possível analisar que a TI das empresas

tem conseguido fornecer as informações comerciais necessárias para a Logística,

uma vez que todas as transações de compra e venda são registradas nos sistemas.

Em se tratando das informações administrativas, estas são geradas após a

realização das transações, que envolvem faturamento, emissão de nota fiscal,

dentre outras. Como foi explicado, tanto na UNIFORÇA como nos supermercados

estudados, os sistemas fornecem esse tipo de informação. No caso da UNIFORÇA,

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existe um procedimento de emissão de nota fiscal, no qual o sistema armazena

todas as informações do associado que gerou o fato. Da mesma forma com relação

aos supermercados, porém em se tratando de varejo, o faturamento não identifica o

cliente.

O único tipo de informação que a TI parece não ter conseguido atender são

aquelas relacionadas às projeções e previsões. Conforme o que ficou entendido nas

entrevistas, os programas SAAC e SYSAC não fornecem uma ferramenta para

projeções. No caso da empresa 11, as previsões de venda são realizadas em

planilhas auxiliares, fora do sistema, o que comprova o que foi analisado.

Assim, de acordo com o que foi exposto, a TI das empresas tem conseguido

gerar a maior parte das informações necessárias para a Logística. No entanto, há de

se considerar que as informações projetivas, tão importantes para a Logística, não

são geradas, o que é um problema tendo em vista que o planejamento depende

muito deste tipo de informação.

8.2.2.3 Os benefícios da informação logística

O referencial teórico enfatiza que a informação, desde que atendidos os

princípios colocados, proporciona diversos benefícios para a Logística, dos quais é

possível relacionar a redução das incertezas, tempo, custos e melhoria do nível de

serviço.

De todos os benefícios relacionados, a redução do tempo é aquele mais

facilmente percebido. Com a automatização de alguns processos ficou claro que o

tempo de operação diminuiu muito. Dois exemplos podem confirmar o que está

sendo colocado.

O primeiro refere-se ao uso de coletores na recepção de mercadorias nos dois

supermercados estudados. Segundo o que foi relatado, com o coletor, as operações

ficaram mais ágeis em função da simplificação do processo.

Outro exemplo pôde ser dado no caso da emissão de notas fiscais na

UNIFORÇA, onde, segundo o entrevistado, com a introdução do sistema, o processo

que antes era manual e demorado, passou a ser quase totalmente automatizado e

mais ágil.

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Conforme foi possível compreender dos dois exemplos, é evidente que a TI

trouxe um benefício com relação à diminuição dos tempos de operação. Em grande

parte isso se deveu à capacidade dos sistemas e equipamentos de simplificar as

etapas dos processos, agilizando ainda mais as atividades.

Com relação à capacidade da TI de diminuir os custos, também obteve-se

dados necessários para fazer tal afirmação.

Quando foi relatado que os supermercados utilizam o MSN Messenger para

comunicar-se com a Associação na transmissão de pedidos, planilhas e outros

documentos, de certa forma houve uma diminuição de custos com relação a ligações

telefônicas e papel de FAX.

Dessa forma, fica evidente que a TI trouxe uma diminuição de custos que

compense as deficiências.

Com relação à diminuição das incertezas, conforme demonstrado, a TI das

empresas não é capaz de fornecer informações projetivas, o que diminui a

capacidade de fazer projeções eficientes.

O que foi verificado é que os sistemas utilizados pelas empresas se preocupam

demasiadamente em fornecer dados históricos, mas no que se refere a fazer

previsões não conseguem fornecer dados para os tomadores de decisões.

Assim, com relação à diminuição da incerteza, a TI utilizada nas empresas não

tem cumprido com o seu papel, não gerando tantos benefícios assim.

Por fim, analisando os benefícios gerados na melhoria do nível de serviço, foi

possível observar que a TI trouxe melhorias nesse sentido. Um caso típico foi

relatado com a utilização de caixas automatizados, que proporcionou uma

diminuição do tempo de operação de uma compra e, conseqüentemente, das filas, o

que melhorou a percepção do cliente.

Assim, de uma forma geral, foi possível identificar alguns benefícios da TI na

Logística das empresas, principalmente com relação à diminuição do tempo e

melhoria do serviço. Já com relação aos custos não foi possível fazer uma análise

mais detalhada e, em se tratando da diminuição das incertezas, caracterizou-se que,

nesse aspecto, a TI usada pelas empresas não vem cumprindo esse papel.

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8.2.3 Impactos da TI na Logística das empresas

De acordo com o referencial teórico, a utilização intensiva da TI pode gerar

alguns impactos na organização como um todo e em especial nas operações

logísticas. Esses impactos podem ser percebidos no incremento de inovações, na

flexibilidade, na qualidade, na produtividade e na diminuição dos custos.

8.2.3.1 Impactos na produtividade

Os impactos na produtividade foram verificados em alguns pontos quando se

constatou um aumento do número de processamentos. Essa percepção fica

caracterizada quando, por exemplo, relatou-se a mudança ocorrida no processo de

recebimento de mercadorias. Se antes as entradas de notas fiscais eram feitas uma

a uma, de forma manual, atualmente, com a entrada automatizada, foi possível

processar uma quantidade maior de notas.

8.2.3.2 Impactos na inovação

Com relação à capacidade de gerar inovações, há de se considerar como a TI

tem auxiliado a empresa a introduzir novos produtos ou novas técnicas do ponto de

vista da Logística. Segundo a teoria, a introdução de novos produtos advém das

atividades inventivas da empresa; já com relação à inovação nos processos, esta

advém da introdução de novos equipamentos e novas formas de desenvolver uma

atividade.

Foi possível constatar os impactos que a TI proporcionou na inovação, porém,

essa constatação foi mais forte no que se refere à capacidade de inovação nos

processos. Esta inovação foi conseguida com a utilização de novos equipamentos

que modificaram a forma como as atividades eram feitas anteriormente.

Para citar alguns exemplos, tem-se o caso da implementação da Internet na

UNIFORÇA, que modificou a forma como os pedidos estão sendo repassados, a

introdução dos caixas automatizados, que proporcionou uma mudança no

atendimento ao cliente e conseqüentemente na forma como as informações de

saída de mercadorias passaram a serem tratadas e, por fim, a introdução de

coletores na entrada de mercadorias, que modificou a forma como os produtos

passaram a ser registrados.

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191

8.2.3.3 Impactos na flexibilidade

Conforme colocado no referencial teórico, a TI pode ser uma poderosa

ferramenta para aumentar a flexibilidade ao passo que ela torna os processos mais

enxutos e rápidos, possibilitando uma diminuição do tempo de mudança.

Não foi possível constatar um aumento considerável na flexibilidade em razão

da utilização da TI. Porém, foi possível constatar casos isolados, nos quais

houveram contribuições nesse sentido.

No estudo de caso da empresa 12, mencionou-se, por exemplo, que o SYSAC

oferecia uma série de parâmetros para a análise de compra. De certa forma, o fato

de o sistema oferecer uma série de opções está mostrando que existe a capacidade

de flexibilização no momento de executar uma determinada atividade.

8.2.3.4 Impactos na qualidade

No que se refere à manutenção da qualidade, a TI colabora no sentido de

manter um nível de conformidade e padrões dos processos. Considerando sob esse

ponto de vista, foram constatadas contribuições da TI para a qualidade.

Um exemplo pode ser colocado quando se relatou que a implementação dos

códigos de barras trouxe um grande benefício no controle de estoques, uma vez que

houve uma diminuição dos erros de registros.

Como cada produto detém seu próprio código, as movimentações passam a ser

feitas por meio deles, o que minimiza a possibilidade de se registrar um produto em

vez do outro. Dessa forma, a qualidade com que as transações são realizadas

aumenta significativamente.

8.2.3.4 Impactos nos custos

Sabe-se que os impactos nos custos advêm da melhoria da qualidade dos

processos e do aumento da produtividade. Conforme já foi explicado no tópico que

analisou os benefícios da TI para a Logística, os impactos nos custos ficaram

evidentes.

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8.2.3.5 Análise dos impactos da TI na Logística

De uma forma geral, não se pode negar que a TI gerou diversos impactos para

essas empresas, em alguns aspectos mais do que em outros.

Dessa forma, o pressuposto 5 deste trabalho foi confirmado, ao passo que

afirmava que a TI tem trazido impactos para a Logística.

Ao mesmo tempo, este tópico cumpre o que foi prometido no objetivo

específico No. 4 do trabalho, que consistia em fazer uma análise dos impactos que a

TI proporcionava às empresas estudadas.

8.2.4 A TI e a tomada de decisões logísticas

O último aspecto a ser analisado consiste na utilização da TI para a tomada de

decisão logística. Com relação a este ponto, o que foi possível constatar é que, de

forma geral, os gestores não utilizam de forma sistemática essas informações para

tomar suas decisões.

No caso da UNIFORÇA, o que foi possível entender é que a diretoria e as

pessoas que ocupam os cargos de líderes de equipe não utilizam as informações

geradas pelo sistema SAAC para a tomada de decisão. O grande fator que contribui

para isso é a falta de capacidade do sistema em gerar informações mais

direcionadas para o nível gerencial.

Em se tratando dos supermercados, a utilização dos sistemas para a tomada

de decisão acontece com mais freqüência. Um exemplo do que está sendo afirmado

é o processo da sugestão do pedido, que é utilizado na empresa 12 para direcionar

o que comprar. O gestor de compra então analisa o relatório de sugestão para tomar

uma decisão.

Por outro lado, há de se considerar que nessa mesma empresa foi relatado que

o sistema utilizado também é falho no fornecimento de informações gerenciais como

o giro do estoque.

Dessa forma, fazendo a análise do que foi colocado, não é possível afirmar que

os gestores utilizam sistematicamente a TI para a tomada de decisões, mas sim de

forma moderada, o que nega parcialmente o pressuposto 4 deste trabalho.

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193

8.3 Considerações finais

Realizadas todas as análises pertinentes ao trabalho, o presente tópico

apresenta as considerações finais do estudo, em que procurou se fazer uma síntese

do que foi colocado, bem como apresentar as limitações e sugestões para futuras

pesquisas.

8.3.1 Síntese das conclusões

Ao se fazer uma síntese das análises que foram realizadas, há de se

considerar os aspectos referentes aos critérios de análise, bem como as respostas

ao questionamento principal deste trabalho.

De acordo com as análises realizadas, ficou evidente que apesar de as

empresas terem apresentado uma razoável estruturação logística, ainda existe um

grande caminho a se percorrer.

A demanda por uma maior estruturação abrange todas as fases do

gerenciamento logístico, ou seja, o planejamento, a execução e o controle. A

ausência de técnicas mais específicas, alinhadas a uma formalização maior das

atividades logísticas são os principais fatores que contribuem para esta situação.

Outro aspecto refere-se à baixa integração dessas atividades e mais ainda no

âmbito externo, envolvendo principalmente fornecedores. Os fatores que colaboram

para esta situação estão relacionados às estratégias de integração externa, que nos

estudos de casos que foram realizados, em nenhum momento isso ficou claro.

De certa forma, a situação é preocupante em função de se tratar de um

segmento da economia que tem sido alvo de aumento de concorrência, o que

pressiona as empresas a se tornarem mais competitivas. Sem um fluxo de materiais

eficiente, essas empresas poderão ter dificuldades num futuro próximo.

Com relação ao uso da Tecnologia da Informação na Logística das empresas,

foi possível constatar também que as mesmas fazem certo uso de equipamentos e

softwares.

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Quanto aos equipamentos, o que se pôde constatar é que prepondera o uso de

computadores, mas outras tecnologias, como código de barras, PLU, coletores e

caixas automatizados, foram identificadas.

Em se tratando dos programas, o que foi possível concluir é que prepondera o

uso de programas que não podem ser denominados ERPs, mas sim gerenciadores

de rotinas internas. Estes softwares disponibilizam uma série de rotinas no escopo

da Logística, que envolve todo o fluxo de materiais.

Analisando a capacidade da TI de atender aos princípios da informação

logística, foi possível concluir que em parte isso acontece, porém, há de se

considerar o problema da precisão das informações.

Em se tratando das informações que são necessárias para o gerenciamento

logístico das empresas, foi possível constatar também que a TI vem disponibilizando

grande parte dessas informações, com exceção das informações projetivas.

No que concerne aos benefícios da TI para a Logística, há de se considerar

aspectos como a redução de tempo, custos e melhoria do serviço. Já aspectos como

a diminuição das incertezas, não foi possível afirmar categoricamente que a TI tenha

contribuído para melhorar.

Com relação aos impactos gerados pela TI na Logística das empresas, há de

se considerar que houve melhoria na produtividade, inovação, custos e flexibilidade.

Em se tratando da tomada de decisões, foi possível compreender que, de

forma geral, os gestores preferem utilizar-se da experiência própria em vez das

informações disponibilizadas pela TI.

Em síntese, foi possível entender que as empresas estudadas de certa forma

utilizam a TI em seus processos logísticos, mas essa utilização se dá de forma ainda

tímida, pois alguns aspectos ainda precisam ser melhorados.

Sem desmerecer o caminho que foi percorrido, há de se considerar que ainda

falta muito para que o conjunto de equipamentos e programas possibilite a essas

empresas uma Logística mais integrada, que proporcione uma melhoria de eficiência

e um aumento do serviço ao cliente.

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Dessa forma, o presente trabalho cumpre com o que foi proposto, no que se

refere a entender como os pequenos supermercados utilizam a TI em seus

processos logísticos.

8.3.2 Consecução dos objetivos

O objetivo principal do presente trabalho foi a de investigar, em uma situação

concreta, como os pequenos supermercados utilizam a Tecnologia da Informação na

Logística. De acordo com o que foi apresentado, é possível entender que o objetivo

proposto foi atendido em sua plenitude, tendo em vista os relatos que foram

apresentados.

8.3.3 Análise dos pressupostos da pesquisa

Conforme o que foi colocado na introdução deste trabalho, os seguintes

pressupostos foram assumidos:

1. As empresas pesquisadas têm utilizado forma sistemática os aplicativos

de TI na logística.

2. As informações logísticas fluem de forma integrada, proporcionando um

melhor gerenciamento do fluxo de materiais.

3. A TI tem atendido aos princípios básicos da informação logística

4. Os profissionais de Logística utilizam, de forma sistemática, a TI para a

tomada de decisão.

5. A TI tem trazido impactos ou benefícios importantes para a Logística das

empresas.

Ao longo da apresentação dos resultados da pesquisa, foi possível concluir

que:

1. O primeiro pressuposto do trabalho foi parcialmente negado, pois se

constatou que as empresas utilizam alguns aplicativos de hardwares e

softwares, mas não de forma sistemática.

2. O segundo pressuposto foi parcialmente negado, pois conforme foi

possível entender ao longo da explanação, as informações fluem com

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certa integração no ambiente empresarial, mas a mesma situação não

foi observada quando se analisou as informações entre as empresas e a

associação.

3. O terceiro pressuposto foi parcialmente negado, pois as empresas

pesquisadas têm atendido, em parte, os princípios da informação

logística.

4. O quarto pressuposto deste trabalho foi negado parcialmente, pois não

foi possível afirmar que os gestores utilizam sistematicamente a TI para

a tomada de decisões, mas sim de forma moderada.

5. O quinto pressuposto deste trabalho foi confirmado, ao passo que

afirmava que a TI tem trazido impactos para a Logística, o que foi

constatado ao longo das entrevistas.

8.3.4 Limitações do trabalho

Se por um lado a pesquisa contribui para o entendimento da problemática

colocada, ela se torna limitada em função de ser um estudo de caso, que englobou

somente empresas pertencentes a uma Associação em Fortaleza. Portanto, não é

possível fazer generalizações sobre os resultados apresentados, tampouco das

conclusões colocadas para outras situações.

8.3.5 Sugestões para futuras pesquisas

Assim, sugere-se que a presente pesquisa seja estendida a outras Associações

de pequenos supermercados no País, para que se faça comparações com os

resultados do presente trabalho e, assim, estabelecer generalizações. Outra

sugestão para futuras pesquisas seria elaborar um estudo comparativo com

supermercados de diversos tamanhos, o que daria uma visão mais geral da

utilização da TI no setor.

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Apêndices

1. Questionário do Levantamento Exploratório

1. DADOS DA EMPRESA

1.1. Razão social: ___________________________________________________ 1.2. Nome fantasia: _________________ 1.3. Faturamento bruto mensal: 1.3.1. ( )Até R$ 100 mil 1.3.2. ( ) Entre R$ 100 e R$ 200 mil 1.3.3. ( ) Entre R$ 200 e 300 mil

1.3.4. ( ) Entre R$ 300 e 500 mil 1.3.5. ( ) Entre R$ 500 e R$ 1 milhão 1.3.6. ( ) Acima de R$ 1 milhão

1.4. Número de lojas: _________ 1.5. Número de check-outs: ____

1.6. No de funcionários (total): _____ 1.7. Área de venda (em m2): ______

1.8. Auto-serviço? 1.8.1. ( ) Sim 1.8.2. ( ) Não 1.9. Tipos de produtos comercializados: 1.9.1. ( ) Alimentos 1.9.2. ( ) Bebidas 1.9.3. ( ) Limpeza 1.9.4. ( ) Perfumaria 1.9.5. ( ) Bazar / artigos domésticos 1.9.6. ( ) Confecções 1.9.7. ( ) Higiene pessoal 1.9.8. ( ) Artigos infantis

1.9.9. ( ) Brinquedos 1.9.10.( ) Sapataria 1.9.11.( ) Cigarros 1.9.12.( ) Eletrodomésticos 1.9.13.( ) Outros _______________

_______________________________

2. ESTRUTURA LOGÍSTICA

2.1. Indique se existe ou não as áreas relacionadas abaixo. Caso exista, informar a quantidade de pessoas lotadas nestas áreas:

2.1.1. ( ) Compras _________ 2.1.2. ( ) Armazém/depósito _________ 2.1.3. ( ) Transportes (incluindo entrega ao cliente) __________ 2.1.4. ( ) Portaria _________

2.2. Área de Armazenagem (m2): _______ 2.3. Número de itens cadastrados: ______ 2.4. Possui entrega ao cliente? 2.4.1. ( ) Sim, passe para o item 2.5 2.4.2. ( ) Não, passe para o item 3.2.5.2.5.Os pedidos dos clientes podem ser feitos por meio de: 2.5.1. ( ) Telefone 2.5.2. ( ) FAX 2.5.3. ( ) E-mail

2.5.4. ( ) Internet 2.5.5. ( ) Outros _______________

2.6. A entrega é feita através de (pode marcar mais de uma opção):

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2.6.1. ( ) Kombi 2.6.2. ( ) Motocicleta 2.6.3. ( ) Carro

2.6.4. ( ) Caminhão 2.6.5. ( ) Bicicleta

3. INVESTIMENTOS EM TI

3.1. Quantos computadores existem na empresa? __________ (Caso não tenha computadores, passe diretamente para a questão 3.9).

3.2. A empresa possui algum sistema de informações gerenciais? 3.2.1. ( ) Sim, passe para o item 3.3. 3.2.2. ( ) Não, passe para o item 3.10. 3.3. Esse sistema foi: 3.3.1. ( ) Desenvolvido internamente 3.3.2. ( ) Adquirido de uma empresa externa 3.4. Quais os módulos que o sistema engloba? 3.4.1. ( ) Contas a pagar 3.4.2. ( ) Contas a receber 3.4.3. ( ) Controle de caixa e bancos 3.4.4. ( ) Compras/emissão de pedidos 3.4.5. ( ) Controle de estoque 3.4.6. ( ) Controle de armazéns 3.4.7. ( ) Previsão/análise de vendas 3.4.8. ( ) Recebimento de mercadorias

3.4.9. ( ) Gerenciamento de entregas 3.4.10. ( ) Gerenciamento de frota 3.4.11. ( ) Gestão de ativo 3.4.12. ( ) Setor pessoal 3.4.13. ( ) Recursos humanos 3.4.14. ( ) Frente de loja 3.4.15. ( ) Logística

3.5. A empresa possui um setor específico que é responsável pela área de informática? 3.5.1. ( ) Sim, passe para a questão 3.6. 3.5.2. ( ) não, passe para a questão 3.10 3.6. Quantas pessoas estão lotadas neste setor? ___________ 3.7. A empresa faz um orçamento mensal para o setor de informática? 3.7.1. ( ) Sim, passe para o item 3.8. 3.7.2. ( ) Não, passe para o item 4. 3.8.Em porcentagem do faturamento, quanto a empresa estima seu gasto com informática (pessoal, manutenção de equipamentos, treinamento, compra de equipamentos, programas, etc)? __________. Ao finalizar esta pergunta, passe imediatamente para o item 4. 3.9.Qual(is) o(s) principal(is) motivo(s) da empresa não possuir computadores? 3.9.1. ( ) Falta de cultura interna 3.9.2. ( ) Altos investimentos 3.9.3. ( ) Não existe estrutura interna

3.9.4. ( ) Outros, especificar_______________ Passe agora para o item 4

3.10. Por que não existe uma área de informática formalizada? 3.10.1. ( ) O número de computadores é

pequeno. 3.10.2. ( ) Os custos são muito elevados

3.10.3. ( ) Conheço muito bem esta área 3.10.4. ( ) Outros, especificar _______ Passe agora para o item 4

4. TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA LOGÍSTICA

4.1.A empresa possui computadores na área de compra? 4.1.1. ( ) Sim, quantos? ________ 4.1.2. ( ) Não. 4.2.A empresa possui computadores na área de portaria/entrada de mercadorias? 4.2.1. ( ) Sim, quantos? ________ 4.2.2. ( ) Não. 4.3. A empresa possui computadores na área de armazenagem?

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4.3.1. ( ) Sim, quantos? ________ 4.3.2. ( ) Não. 4.4. A empresa possui computadores na área de transportes de mercadorias? 4.4.1. ( ) Sim, quantos? ________ 4.4.2. ( ) Não. 4.5. A empresa utiliza algum tipo de computador de mão (palm) na Logística? 4.5.1. ( ) Sim 4.5.2. ( ) Não 4.6. A empresa utiliza código de barras para controlar estoques? 4.6.1. ( ) sim 4.6.2. ( ) não 4.7. A empresa utiliza PLU para controlar estoques? 4.7.1. ( ) sim 4.7.2. ( ) não 4.8. A empresa utiliza etiquetas eletrônicas para controlar estoques? 4.8.1. ( ) sim 4.8.2. ( ) não 4.9. A empresa utiliza algum coletor de dados em seus processos de controle de estoque? 4.9.1. ( ) sim 4.9.2. ( ) não 4.10. A empresa dispõe de sistema de rádio freqüência? 4.10.1. ( ) sim 4.10.2. ( ) não 4.11. A empresa possui check-outs automatizado (caixas automatizados)? 4.11.1. ( ) sim 4.11.2. ( ) não 4.12.A empresa se comunica com fornecedores através de (pode marcar mais de uma opção): 4.12.1. ( ) Contato pessoal 4.12.2. ( ) Telefone 4.12.3. ( ) FAX 4.12.4. ( ) E-mail 4.12.5. ( ) Internet

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4.13. A empresa se comunica com seus clientes através de (pode marcar mais de uma opção):

4.13.1.( ) Contato pessoal 4.13.2. ( ) Telefone 4.13.3. ( ) FAX 4.13.4. ( ) E-mail 4.13.5. ( ) Internet

OBSERVAÇÕES:

Insira qualquer informação que não foi possível identificar através da entrevista.

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2. Protocolo de Pesquisa

1. Contextualização (perguntas feitas ao proprietário ou sócio da empresa): 1.1. Como você poderia descrever a história da empresa?

1.1.1. Quando foi a sua fundação? 1.1.2. Como foi o processo de abertura da firma? Foi tranqüila ou teve alguns

problemas? 1.1.3. A empresa sempre atuou no mesmo segmento de mercado ou já atuou

em outro diferente? 1.1.4. Como se deu o crescimento da empresa? Que fatores você atribui para

este crescimento? 1.1.5. Descreva os momentos de dificuldades que a emrpesa já passou.

1.2. Como a empresa está hoje constituída? 1.2.1. Quantos sócios ela tem? 1.2.2. A empresa é familiar? 1.2.3. Você centraliza as decisões? Por que? 1.2.4. Quais os principais cargos e funções existentes na empresa?

1.3. Caracterize o ambiente empresarial em que sua empresa está inserida. 1.3.1. Quem é seu cliente?

1.3.1.1. Que tipos de clientes você atende? 1.3.1.2. Qual o perfil de renda destes clientes? 1.3.1.3. Que tipos de comportamentos seu cliente possui? 1.3.1.4. Qual a compra média de seus clientes? 1.3.1.5. Que tipos de produtos seus clientes mais costumam procurar? 1.3.1.6. Que tipos de serviços seus clientes demandam? 1.3.1.7. Como você vê a fidelidade de seu cliente? Você o considera fiel

ou não? 1.3.2. Quem são seus principais concorrentes?

1.3.2.1. Quem concorre com você? 1.3.2.2. Como você considera a sua concorrência? Ela é acirrada,

desleal ou pacífica? 1.3.2.3. Onde estão localizados seus concorrentes? A que distâncias? 1.3.2.4. Que tipos de estratégias você costuma adotar para neutralizar

seus concorrentes? 1.3.3. Quem são seus principais fornecedores?

1.3.3.1. Quem são seus fornecedores? 1.3.3.2. Onde eles estão localizados? 1.3.3.3. Que tipos de fornecedores você costuma se relacionar? 1.3.3.4. Quais as dificuldades de relacionamento com seus

fornecedores? 1.4. Que tipos de estratégias você tem considerado para a sua empresa?

1.4.1. Você tem pensado em estratégias para conquistar e manter seus clientes? Você poderia descrevê-las?

1.4.2. Você tem pensado em estratégias para minimizar os avanços da concorrência? Você poderia descrevê-las?

1.4.3. Você tem pensado em estratégias com relação aos seus fornecedores? Você poderia descrevê-las?

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2. Estruturação Logística (perguntas feitas ao proprietário e ao responsável

pela área na empresa). 2.1. Compras:

2.1.1. Planejamento: 2.1.1.1. A empresa faz algum planejamento de compra? Como ele é

feito? 2.1.1.2. Como se dá o levantamento das necessidades de compra? 2.1.1.3. Existe o estabelecimento de metas de compra? Como estas

metas são feitas? 2.1.1.4. Vocês consideram o giro e a margem do produto para realizar o

planejamento de compra? Explique melhor. 2.1.1.5. No planejamento de compra, existe a análise da curva ABC?

2.1.2. Competência de compra: 2.1.2.1. O processo de compra é centralizado ou descentralizado?

Explique. 2.1.2.2. Existe a figura do comprador na empresa?

2.1.2.2.1. Qual o grau de decisão deste profissional? 2.1.2.2.2. Que tipos de atividades ele executa?

2.1.3. Processo: 2.1.3.1. Explique o processo completo de compras. 2.1.3.2. Que tipos de ineficiências você apontaria neste processo.

Explique. 2.1.3.3. Você considera que o volume comprado é o ideal para as

dimensões do seu negócio ou existe uma disfunção com relação a isso?

2.1.4. As compras pela UNIFORÇA: 2.1.4.1. Qual o percentual que a UNIFORÇA representa no total comprado

pela empresa? 2.1.4.2. Que tipos de benefícios você considera na compra unificada? 2.1.4.3. Que tipos de problemas você considera na compra unificada? 2.1.4.4.

2.2. Gestão de estoques: 2.2.1. Previsão de venda:

2.2.1.1. A empresa desenvolve algum processo para prever as vendas de períodos futuros? Como é feito?

2.2.1.2. Que tipos de informações são levados em consideração para a previsão de venda?

2.2.1.3. A empresa utiliza alguma técnica matemática para prever as vendas futuras?

2.2.2. Controle do nível de estoque: 2.2.2.1. Qual a cobertura do estoque? Caso não tenha um número

preciso, citar uma aproximação. 2.2.2.2. Como a empresa administra as faltas de produtos? 2.2.2.3. A empresa utiliza a técnica do ponto de ressuprimento para

repor seus estoques? Como é feito? 2.2.2.4. A empresa utiliza um estoque de segurança? Como ele é

calculado? 2.2.3. Classificação dos produtos:

2.2.3.1. Quantas categorias (seções, grupos e sub-grupos) existem na

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loja? 2.2.3.2. Você considera a variedade de categorias compatível com o tipo

de mercado e cliente que você atende? 2.2.3.3. Você considera o sortimento da loja compatível com o tipo d

emercado e cliente que você atende? 2.3. Gestão da armazenagem:

2.3.1. Cadastro: 2.3.1.1. Qual o número de itens (SKUs) cadastrados? 2.3.1.2. Quais os critérios utilizados para o cadastro de produtos? 2.3.1.3. Quem é o responsável pelo cadastro de produtos? Como ele é

feito? 2.3.2. Entrada de mercadorias:

2.3.2.1. Existe uma área de recebimento definida? 2.3.2.2. Quantas pessoas estão lotadas neste setor? 2.3.2.3. Como é feito o recebimento da mercadoria? 2.3.2.4. Quais os cuidados existentes com relação ao recebimento? 2.3.2.5. Existe algum critério de checagem de data de validade dos

produtos? Como é feito e tem surtido efeito desejado? 2.3.2.6. Que tipos de conferências são realizados para certificar o

recebimento? 2.3.3. Armazenamento:

2.3.3.1. A empresa utiliza paletes para armazenar as mercadorias? 2.3.3.2. Que tipos de estruturas de armazenamento são utilizados? 2.3.3.3. Existe algum critério que é utilizado para determinar os locais

onde as mercadorias serão estocadas? 2.3.3.4. A empresa utiliza algum sistema de endereçamento de

mercadorias? Explique melhor. 2.3.3.5. Como a empresa trabalha para fazer a rotatividade dos

estoques, de forma a minimizar os desperdícios? 2.3.4. Acuracidade dos estoques:

2.3.4.1. A empresa tem algum indicador de acuracidade de estoque? Quanto?

2.3.4.2. A empresa tem algum indicador de furto ou roubo de mercadorias? Quanto?

2.3.4.3. Que tipos de providências a empresa tem tomado a este respeito?

2.3.4.4. A empresa possui algum indicador que meça as avarias de mercadorias? Quanto?

2.3.4.5. Quais as providências que a emrpesa tem tomado a este respeito?

2.3.5. Movimentação interna: 2.3.5.1. Como é feita a movimentação de mercadorias da portaria para

os locais de estocagem? 2.3.5.2. Como é feita a movimentação de mercadorias dos locais de

estocagem para as gôndolas? 2.3.5.3. Que tipos de equipamentos são utilizados na movimentação

interna? 2.4. Venda e saída de mercadorias:

2.4.1. Reposição de produtos: 2.4.1.1. Como a empresa gerencia a reposição de gôndolas?

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2.4.1.2. Como são identificadas as faltas de mercadorias na gôndola? 2.4.1.3. Existe uma equipe responsável somente pela reposição de

produtos? 2.4.1.4. Quantos promotores, em média, são disponibilizados pelos

fornecedores? 2.4.1.5. Qual o critério utilizado na reposição de mercadorias de

promotores? 2.4.2. Saída de mercadorias:

2.4.2.1. Registro no caixa: 2.4.2.1.1. Como são registradas as mercadorias? 2.4.2.1.2. Em média, qual o tempo de espera de um cliente na fila? 2.4.2.1.3. Quantos caixas existem na empresa? Quantos funcionam?

2.4.2.2. Entregas: 2.4.2.2.1. A entrega é própria ou terceirizada? 2.4.2.2.2. Como são processadas as compras que são destinadas à

entrega ao cliente? 2.4.2.2.3. Qual o percentual de compras que são entregues? 2.4.2.2.4. Qual a estrutura de entrega disponível (kombis, motos,

etc)? 2.4.2.2.5. Qual o raio de abrangência alcançado pela empresa? 2.4.2.2.6. Existe algum critério mínimo para as entregas?

2.4.2.3. Devoluções: 2.4.2.3.1. Qual a política de devoluções da empresa? 2.4.2.3.2. Existe um percentual de devoluções que a empresa

acompanhe? 1.4.2.3.3. Como as devoluções são controladas?

3. A Tecnologia da Informação na empresa (perguntas feitas ao responsável pela área de TI da empresa): 3.1. O uso de computadores na empresa:

3.1.1. Estrutura de máquinas: 3.1.1.1. Quantos computadores a empresa possui? Você considera este

número suficiente? 3.1.1.2. Comente um pouco sobre a idade média das maquinas e seu

grau de uso. 3.1.1.3. Como estes computadores estão distribuídos nos setores?

3.1.2. A preparação das pessoas: 3.1.2.1. Você considera que as pessoas estão preparadas para usar

corretamente os computadores da empresa? 3.1.2.2. Quantos treinamentos foram oferecidos ao pessoal com relação

à computação? Você acha suficiente? 3.2. Uso de softwares:

3.2.1. Estrutura de programas: 3.2.1.1. A empresa utiliza algum programa que gerencie as rotinas

internas? Caso positivo qual? 3.2.1.2. Na sua opinião, este sistema tem funcionado de forma

satisfatória? 3.2.1.3. Quais os módulos existentes neste programa? 3.2.1.4. Além deste programa principal, existe algum outro progama

específico utilizado pela empresa?

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4. A Tecnologia da Informação Logística (perguntas feitas aos responsáveis

pela área de TI e Logística da empresa): 4.1. Equipamentos:

4.1.1. Computadores: 4.1.1.1. Você considera que o uso de computadores na área de

Logística é feita de forma satisfatória? 4.1.1.2. Que tipos de computadores são utilizados na área de compra,

armazenagem, nos check-outs? 4.1.1.3. Você acha que a utilização dos computadores tornou os

processos logísticos mais ágeis? Explique. 4.1.2. Palmtops:

4.1.2.1. Algum funcionário da área de Logística utiliza algum computador de mão? Caso positivo, com que funcionalidades para a Logística?

4.1.3. Código de barra: 4.1.3.1. A empresa cadastra seus produtos com os respectivos códigos

de barras? 4.1.3.2. A empresa controla a entrada e saída de produtos através dos

códigos de barra? Que percentual? 4.1.3.3. Que tipos de benefícios que os códigos de barras proporcionam

para a Logística da empresa? Explique. 4.1.4. PLU:

4.1.4.1. A empresa utiliza os códigos de PLU para os produtos que não possuem códigos de barras?

4.1.4.2. Como são feitas as codificações do PLU? Obedecem a algum padrão estabelecido?

4.1.5. Código eletrônico de produto (EPC): 4.1.5.1. Você já ouviu falar das etiquetas eletrônicas? 4.1.5.2. Já recebeu alguma informação em curso ou palestra sobre estas

etiquetas? 4.1.5.3. Conhece alguma empresa que utilize esta tecnologia?

4.1.6. Coletores de dados: 4.1.6.1. A emrpesa utiliza algum coletor de dados? Quantos? Em que

operações? 4.1.6.2. Que tipos de coletores são utilizados? 4.1.6.3. Estes coletores são operador a distância ou precisam de uma

conexão a um computador? 4.1.6.4. Que benefícios você acha que os coletores trouxeram para a

Logística da emrpesa? 4.1.7. Check-out automatizados:

4.1.7.1. A empresa opera com caixas com leitores de código de barras? 4.1.7.2. Como é feito com relação aos produtos que não possuem o

código? 4.1.7.3. O estoque é automaticamente atualizado no momento em que

um produto passa pelo caixa? 4.1.7.4. A venda é fechada no próprio caixa, inclusive o pagamento?

4.2. Programas: 4.2.1.1. A empresa possui algum sistema ou módulo que gerencie a

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armazenagem de produtos, que gerencie e organize os espaços, enderece as mercadorias, etc?

4.2.1.2. A empresa possui algum sistema ou módulo que gerencie o inventário, que previna perdas e avarias?

4.2.1.3. A empresa mantém algum tipo de relacionamento com fornecedores através de EDI? Quantos e quais os benefícios neste tipo de comunicação?

4.2.1.4. A empresa utiliza a Internet para se relacionar com fornecedores e clientes? Como é feito e que tipos de benefícios esta tecnologia trouxe para a empresa?

4.3. Atendimento aos princípios básicos da informação logística: 4.3.1. No que se refere às atividades logísticas, você considera que a

tecnologia tem conseguido disponibilizar os dados necessários para o gerenciamento desta área? Cite um exemplo.

4.3.2.No que se refere às atividades logísticas, você considera que a tecnologia tem conseguido disponibilizar os dados precisos para o gerenciamento desta área? Cite um exemplo.

4.3.3.No que se refere às atividades logísticas, você considera que a tecnologia tem conseguido disponibilizar os dados ágeis para o gerenciamento desta área? Cite um exemplo.

4.3.4.No que se refere às atividades logísticas, você considera que a tecnologia tem conseguido disponibilizar dados que auxiliem a sua estratégia de atuação? Cite um exemplo.

4.3.5.Como os dados gerados pelo sistema de informações são apresentados para você? Você considera o formato ideal? Cite um exemplo.

4.4. Tipos de informações geradas para a Logística: 4.4.1 O sistema fornece informações referentes às características dos

produtos e serviços oferecidos? Como estas informações são disponibilizadas?

4.4.2 O sistema fornece informações referentes às transações realizadas com os fornecedores? Como estas informações são disponibilizadas?

4.4.3 O sistema fornece informações referentes à formalização das transações? Como estas informações são disponibilizadas?

4.4.4 O sistema fornece informações referentes às projeções de demanda dos produtos? Como estas informações são disponibilizadas?

4.5. A tomada de decisão na Logística: 4.5.1.As informações logísticas geradas pelo sistema são utilizadas para a

tomada de decisões? Em que grau isso ocorre?

5. Os impactos da TI nas atividades logísticas

5.1.Inovação: 5.1.1. Na sua opinião, a TI tem proporcionado a comercialização de novos

produtos na empresa? Como? 5.1.2. Na sua opinião, a TI tem proporcionado novas formas de executar

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as atividades internas? Como? 5.2.Flexibilidade:

5.2.1. Você acha que a TI tem auxiliado a empresa a mudar suas estratégias de negócio? Como?

5.3. Qualidade: 5.3.1. Você acha que a TI trouxe ganhos com relação à diminuição de

erros nos processos? Explique. 5.4. Produtividade:

5.4.1. Você considera que a TI trouxe ganhos no aumento da produtividade? Em que setores e como?

3.5. Custo: 5.5.1. Você acha que a TI trouxe alguma diminuição nos custos da

empresa? Cite alguns exemplos.

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