a indústria cultural - resumo

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA- UnB FACULDADE DE COMUNICAÇÃO- FAC CURSO DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL DAVID ALIMANDRO CORRÊA A INDÚSTRIA CULTURAL BRASÍLIA 2013

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Trabalho para o curso de Comunicação Organizacional da Universidade de Brasília. Tema: Indústria Cultural Referências bibliográficas: COELHO, Teixeira. O que é Indústria Cultural? São Paulo: Editora Brasiliense, 1980 - 99 páginas.BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. 1955- 14 páginas. (Primeira versão).ADORNO, T.W; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento. 1947- 120 páginas.RUDIGER, Francisco. Comunicação e teoria crítica da sociedade: Adorno e Frankfurt. EDIPUCRS, 1999 - 261 páginas.

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Page 1: A Indústria Cultural - Resumo

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA- UnB

FACULDADE DE COMUNICAÇÃO- FAC

CURSO DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL

DAVID ALIMANDRO CORRÊA

A INDÚSTRIA CULTURAL

BRASÍLIA 2013

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A Indústria Cultural

Resumo: Nesse texto, tentarei brevemente conceituar, exemplificar e comentar sobre o que é e o que representa o termo Indústria Cultural. Como embasamento teórico, usarei publicações de autores conceituados como Max Horkheimer, Theodor Adorno, Francisco Rudiger, Walter Benjamim e Teixeira Coelho. Vale ressaltar que dois desses autores são os criadores do termo, usado pela primeira vez em 1947 na obra de filosofia “Dialética do Iluminismo”, onde eles ainda utilizavam o termo cultura de massa ao invés de Indústria Cultural.

Histórico Conceitual: Adorno e Horkheimer, na obra “Dialética do Esclarecimento”, definiram Indústria Cultural como um sistema político e econômico que tem por finalidade produzir diversos bens de cultura como programas televisivos, filmes, livros, música popular entre outros, como estratégia de controle social e como simples mercadorias que visam à alienação da população e o consumo. Como consequência desse processo, as pessoas se tornariam consumidoras em massa de mercadoria cultural, tendo também como consequência a desvalorização da cultura erudita. “O cinema e o rádio não precisam mais se apresentar como arte. A verdade de que não passam de um negócio, eles a utilizam como uma ideologia destinada a legitimar o lixo que propositalmente produzem. Eles se definem a si mesmos como indústrias, e as cifras publicadas dos rendimentos de seus directores gerais suprimem toda dúvida quanto à necessidade social de seus produtos.” (ADORNO; HORKHEIMER, 1947. P 57). Exemplificando, poderíamos tomar como exemplo as diversas utilizações e adaptações do quadro de Da Vinci, Mona Lisa, em campanhas publicitárias, ou até mesmo da utilização de músicas (que a princípio deveria ter um viés somente artístico) para vender produtos ou serviços. Atualmente, uma das áreas que mais pratica esse fenômeno é a publicidade, que frequentemente se apropria de obras clássicas com um viés puramente artístico para então ressignificá-las e usar para vender algo.

Mas como exatamente a Indústria Cultural transformaria as obras de arte em bens de consumo? Bem, isso ocorre através da reprodutibilidade técnica, uma vez que a tecnologia possibilitou que se conseguisse reproduzir uma obra com total perfeição. A reprodutibilidade técnica não é necessariamente algo bom ou ruim, pois ao mesmo tempo em que ela permite a democratização da arte, antes disponível somente para as elites, ela tira alguns aspectos da obra como a autenticidade, a seriedade e a “aura” da obra. Segundo Walter Benjamin, “Mesmo na reprodução mais perfeita, um elemento está ausente: o aqui e agora da obra de arte, sua existência única, no lugar em que ela se encontra. E nessa existência única, e somente nela, que se desdobra à história da obra. Essa história compreende não apenas as transformações que ela sofreu, com a passagem do tempo, em sua estrutura física, como as relações de propriedade em que ela ingressou.”. (BENJAMIN,1955, P.02).

“Indústria Cultural”, “Meios de comunicação de massa” e “Cultura de massa”, são termos que a primeira vista tende a serem colocados como sinônimos ou são associadas assim que mencionadas, porém não é bem assim. Pegando como referencia as palavras de Teixeira Coelho, irei diferenciar os termos. Para a existência da cultura de massa, é necessária a

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existência dos meios de comunicação de massa, mas a existência desses meios não acarreta necessariamente a existência dessa cultura. Seria como a imprensa de Gutenberg e posteriormente o romance de folhetim, a imprensa não gerou logo de cara uma cultura de massa, porém posteriormente ocorreu de um produto utilizar desse meio para se propagar. Já a industrial cultural, necessitou da Revolução Industrial para existir, ainda que não seja a única condição suficiente, pois juntamente com ela existem mais fatores que contribuíram para a existência desse fenômeno, como a economia de mercado focada para o consumo de bens, gerando uma sociedade consumista. Ambos os três termos abordados surgem como funções do fenômeno da industrialização, sendo a cultura de massa um produto da indústria cultural, responsável pela alienação do povo e pelo conformismo social. “Seria conveniente propor também que, ao invés de cultura de massa, essa cultura fosse designada por expressões como cultura industrial ou industrializada.” (COELHO, TEIXEIRA, 1980, P,57).

É necessário também evitar mal entendidos, pois a primeira vista pode-se achar que o termo se refere somente ás empresas produtoras de bens culturais ou às técnicas de difusão dos mesmos. Mas o termo representa ante de mais nada, um movimento histórico: A transformação da cultura em mercadoria e vice versa, ocorrida ma baixa modernidade e ainda presente nos dias de hoje. Juntamente com a globalização, a indústria cultural fez com que a cultura do mundo inteiro fosse modificada, com mais ou menos intensidade, de acordo com um padrão pré-estabelecido para o consumo pelos países de primeiro mundo; transformando a cultura das pessoas e as próprias em massa de manobra. “A colonização pela publicidade pouco a pouco o tornou veículo da cultura de consumo.” (RUDIGER, 1999, P.16). “Levando em conta tudo isso, precisamos por outro lado revitalizar a afirmação segundo a qual o indivíduo precisa ser conscientizado para se emancipar da influencia da indústria cultural.” (RUDIGER, 1999, P.145).

Saiba Mais:

Indicações de Leitura:

1- “A indústria cultural: O Iluminismo como mistificação de massa”, de T. W. Adorno e M. Horkheimer.

2- “A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica”, de W. Benjamim.

3- “Comunicação e teoria crítica da sociedade: Adorno e Frankfurt.”, de Francisco Rudiger.

4- “O que é Indústria Cultural”, de Teixeira Coelho.

Links interantes:

1- Pré-visualização do livro F. Rudiger, citado acima. http://books.google.com.br/books?hl=pt-PT&lr=&id=xeNL1m4UvgMC&oi=fnd&pg=PA1&dq=Cap%C3%ADtulo:+A+Escola+de+Frankfurt+-+Francisco+Rudiger&ots=zS-5QTBFgn&sig=M_GhzcTY4abAoIrhnkSzKtB71lQ#v=onepage&q=Cap

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2- Texto de W. Benjamin publicado em 1955, também citado acima. http://www.mariosantiago.net/Textos%20em%20PDF/A%20obra%20de%20arte%20na%20era%20da%20sua%20reprodutibilidade%20t%C3%A9cnica.pdf

3- Texto “Dialética do Esclarecimento” , de Adorno e Horkheimer. http://www.nre.seed.pr.gov.br/umuarama/arquivos/File/educ_esp/fil_dialetica_esclarec.pdf

4- Artigo de Marisa Geralda Barbosa acerca do tema para a revista acadêmica Urugatá. http://www.urutagua.uem.br/005/14soc_barbosa.htm

5- Artigo “Técnicas de Reprodução: Democratização estética ou manipulação cultural?”, de Renato Groger. http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/comtempo/article/viewFile/7292/6882

Referências bibliográficas:

COELHO, Teixeira. O que é Indústria Cultural? São Paulo: Editora Brasiliense, 1980 - 99 páginas.

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. 1955- 14 páginas. (Primeira versão).

ADORNO, T.W; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento. 1947- 120 páginas.

RUDIGER, Francisco. Comunicação e teoria crítica da sociedade: Adorno e Frankfurt. EDIPUCRS, 1999 - 261 páginas.