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A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE EDUCAR

Márcia das Graças Osório Rodrigues

1

Professora Doutora Carmen Célia B. Correia Bastos2

RESUMO

Este trabalho surgiu do questionamento sobre a importância ou não da família no processo do educar, para garantir um bom desempenho, evitar a reprovação e a evasão escolar. Objetivamos compreender de que forma acontece a participação da família como parte do processo de ensino-aprendizagem, investigar as relações entre o envolvimento da família com a vida escolar e a aprendizagem no ensino, analisar a percepção da família, do seu papel, no desempenho escolar de seus filhos, refletindo sobre suas responsabilidades, bem como evidenciar-lhes que a instituição escolar é sua aliada nessa tarefa. Finalmente, instigar juntos aos educadores à necessidade de estudar constantemente a relação da família com o processo de educar. Através de reuniões e grupos de estudo com pais, alunos, professores e equipe pedagógica do Colégio, a proposta deste estudo foi justamente encontrar instrumentos que fundamentem e auxiliem na aproximação da família e da escola, reduzir ou erradicar a evasão escolar e os baixos índices de repetência. Instrumentalizar os envolvidos a acompanhar o desenvolvimento do aluno, objetivando a aprendizagem, bem como inserir no PPP, ações que se tornem políticas que sustentem e garantam essa relação Família e Escola. As ações desenvolvidas demonstraram que é de desejo de todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem a parceria família e escola, e que os caminhos para tanto apontam o diálogo entre as partes como a principal ferramenta.

Palavras-chave: Família; Escola; Processo de educar.

1 INTRODUÇÃO

A família e a escola formam uma equipe. Assim é fundamental que sigam os

mesmos princípios e critérios, bem como a mesma direção em relação aos objetivos

que desejam atingir.

O ideal, no processo de educação é que família e escola tracem as mesmas

metas de forma simultânea, propiciando ao aluno uma segurança na aprendizagem

de forma que venha criar cidadãos críticos capazes de enfrentar a complexidade de

situações que surgem na sociedade. Pois, a qualidade da Educação, independente

da série ou ano que a criança e/ou adolescente esteja inserido, depende, cada vez

1 Professora Pedagoga Pos Graduada SEEED Colégio Estadual Humberto de Alencar castelo Branco

2 Doutora em Educação - Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Cascavel

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mais, da parceria entre escola e família. Abrir canais de comunicação, respeitar e

acolher os saberes dos pais e ajudar-se mutuamente parece ser fundamental.

A participação dos pais na educação dos filhos deve de ser constante e

consciente. Logo, torna-se necessária a parceria de todos para o bem-estar e

desenvolvimento do educando. Cuidar e educar envolve estudo, domínio de

conteúdo científico sistematizado, dedicação, cooperação, cumplicidade e,

principalmente, amor de todos os responsáveis pelo processo, que é dinâmico. Os

pais e educadores não podem perder de vista que, apesar das transformações pelas

quais passa a família, com novos arranjos familiares, esta continua sendo a primeira

fonte de influência no comportamento, nas emoções e na ética da criança.

A fundamentação para a relação entre educação, escola e família como um

dever da última para com o processo de escolarização e importância de sua

presença no contexto escolar é publicamente amparada pela legislação nacional e

pelas diretrizes do Ministério de Educação e Cultura - MEC, aprovadas no decorrer

dos anos 90.

O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, (Lei 8069/90), artigos 4º e

55º; Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (Lei 9394/96), artigos 1º, 2º, 6º e

12º; Plano Nacional de Educação (aprovado pela Lei nº 10172/2007), que define

como uma de suas diretrizes a implantação de conselhos escolares e outras formas

de participação da comunidade escolar (composta também pela família), tendo em

vista a melhoria do funcionamento das instituições de educação e no enriquecimento

das oportunidades educativas e dos recursos pedagógicos.

Historicamente, a família vem tendo momentos de participação no processo

de ensino - aprendizagem e momentos de omissão, transferindo a responsabilidade

a outros (Igreja, Estado, comunidade), na educação informal e formal de seus filhos.

Esta pesquisa procurou incentivar ações dos alunos, dos professores e das

famílias, no sentido de otimizar os resultados do processo de ensino-aprendizagem.

Muitas reflexões dos educadores referentes ao processo ensino-

aprendizagem, tais como: evasão escolar, repetência, desmotivação para o estudo

sistemático entre muitas, levaram ao questionamento, sobre essa parceria.

A participação da família no processo de ensino - aprendizagem é

importante? Se a família participasse mais efetivamente do processo os resultados

seriam diferentes? Como trazer essas famílias e inseri-las no processo, numa época

de “muitos compromissos”? Como poderia ser mobilizada essa participação? Seria

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omissão dos pais e/ou responsáveis? Não foram educados para essa atitude? O que

pensa o professor? Ele sente essa necessidade? Quais são os fenômenos

envolvidos neste aspecto? Quem realmente interfere nesses fatos? Somente as

características do individual? O coletivo? O momento histórico? Ou a relação de

todos esses fatores?

Enfim, através destes questionamentos, por parte de todos os envolvidos, foi

feito uma reflexão, profunda e crítica, refletindo sobre os papéis que devem

desempenhar nesse processo a escola como instituição social, os professores, a

família neste momento histórico.

Assim, a partir do projeto de intervenção realizado, os alunos, os

professores, os pais, a equipe pedagógica refletiram sobre suas funções, e

concluíram que o processo de ensino - aprendizagem somente tem o êxito desejado,

quando se estabelece uma parceria entre as partes, cada um assumindo suas

responsabilidades.

2 DOS CAMINHOS PERCORRIDOS

A pesquisa foi desenvolvida no Colégio Estadual Humberto de Alencar

Castelo Branco, Ensino Médio e Profissionalizante Normal Integrado e Subsequente,

do município de Santa Helena - Paraná, que representa um importante referencial

para a comunidade local, não apenas por ser o único Colégio de Ensino Médio

Publico da sede do município, mas principalmente pela sua filosofia de trabalho e os

resultados que tem apresentando no decorrer do tempo.

Esta instituição de ensino tem como objetivo a formação de um cidadão

conhecedor, crítico, com a capacidade de buscar os conhecimentos básicos e

necessários à sua vivência, capacidade em pesquisar, buscar informações, como

pessoa integrante e participativa na comunidade em que vive.

Conforme prevê a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB Nº.

9394/96, a Educação Básica tem por objetivo desenvolver o educando,

assegurando-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania,

bem como fornecer meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. E

ainda mais, com relação ao Ensino Médio, sendo a etapa final da Educação Básica,

a mesma Lei referenda que ele tem a função de consolidar e aprofundar os

conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, possibilitando o prosseguimento

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de estudo; preparar o educando para o trabalho e para uma condição cidadã,

incluindo a formação cognitiva, ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e

do pensamento crítico e ainda levar à compreensão dos fundamentos científico-

tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no

ensino de cada disciplina.

Nesse sentido, a instituição, propõe-se a trabalhar tendo em vista superar a

visão positivista de currículo, ou seja, abordar o conhecimento científico, o

conhecimento da Arte e o conhecimento filosófico além de estabelecer a abordagem

histórica dos mesmos, para que o educando compreenda quando, onde e por que

ele foi desenvolvido, que perceba a não neutralidade da sua produção, sempre tão

atrelada aos interesses políticos e econômicos nos diversos períodos históricos.

Com relação aos objetivos do curso de Formação de Docentes da Educação

Infantil e dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental – Normal, destacamos os

seguintes objetivos: entender que tanto os conhecimentos sociais, históricos

filosóficos, geográficos, físicos, químicos, matemáticos, biológicos e estéticos que

estruturam a produção têm de ser percebidos em suas múltiplas dimensões e

também na sua relação com as demais áreas do conhecimento.

O embasamento teórico, para realização desse trabalho, foi através da

revisão de livros, artigos científicos e revistas especializadas em estudos

institucionais de estabelecimentos de Ensino Fundamental, direcionados à prática

pedagógica e à educação formal e informal no âmbito familiar.

3 SOBRE OS ESTUDOS REALIZADOS

Segundo a LDB/96 e o ECA/90, as escolas têm a obrigação de se articular

com as famílias, bem como os pais têm direito a ter ciência do processo pedagógico,

de participar da definição das propostas educacionais. Logo, esse princípio legal

deve ser considerado quando se forma o vínculo entre diretores, professores,

coordenadores pedagógicos e a família dos alunos.

Porém, o que se verifica em muitas escolas é que o relacionamento chega a

ser ambíguo. Muitos gestores e docentes, embora no discurso reclamem da falta de

participação dos pais na vida escolar dos filhos – com alguns até atribuindo a isso o

baixo desempenho deles –, não se mostram nada confortáveis quando algum

membro da comunidade, mais crítico, cobra qualidade no ensino ou questiona

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alguma rotina da escola, temendo ter sua autoridade ameaçada.

Assim como alguns pais, por sua vez, não participam por não conhecer seus

direitos, por desconhecer o melhor caminho. Ainda, há os que até tentaram, mas se

isolaram, pois nas poucas experiências de aproximação não foram bem acolhidos e

se retraíram. Em uma das etapas da pesquisa, onde foi aplicado um instrumento de

pesquisa (questionário), algumas evidências a partir da fala dos pais, pode-se

observar tentativas frustradas de alguns pais. Como exemplo disso destacamos a

fala de um pai “[...] certa ocasião fui à escola me oferecer para ir com os alunos

numa aula passeio, e a orientadora da escola falou que pais só atrapalham que as

crianças obedecem mais sem a presença deles [...].”

Cabe, pois, ao pedagogo, dentre as suas funções, articular essa relação,

escola - família - educando, com o objetivo de fazer essa relação, essa parceria, se

efetive e traga benefício ao bem comum: o educando.

Pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação ativa de saberes e modos de ação, tendo em vista objetivos de formação histórica. Em outras palavras, pedagogo é um profissional que lida com fatos, estruturas, contextos, situações, referentes à prática educativa em suas várias modalidades e manifestações. (SAVIANI, 1985, p. 56).

O profissional da educação, principalmente o pedagogo, precisa ter em

mente que a escola é o espaço, por excelência, para propiciar o desenvolvimento

integral do ser humano através de propostas concretas e eficazes de intervenção

que resultem em impacto social. E, através de uma abordagem sistêmica, trabalhar

as relações e interações no ambiente escolar: professor - aluno, aluno -aluno,

funcionário - aluno, pai - filho, pais - professores, comunidade - escola; sendo que

cada um desses elementos ou parte é um subsistema. É a interação entre eles e a

forma como integram que nos faz perceber a relação de forma circular e não linear,

porém não desvinculado do momento histórico.

Com o advento de criação do ECA, no início da década de 90, o acesso em

larga escala ao ensino se intensificou, com a inclusão de mais de 90% das crianças

em idade escolar no sistema. Pois, muitas crianças evadiam-se ou nem ingressavam

na escola, para trabalhar, cuidar de irmãos mais novos, dentre outros fatores, e os

pais não eram cobrados dessa responsabilidade.

E, assim com a implantação dos Conselhos Municipais dos Direitos da

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Criança e do Adolescente e dos Conselhos Tutelares, bem como a participação e

fiscalização do Ministério Público, muitas crianças e adolescentes retornaram as

escolas. Para as famílias antes segregadas do direito à Educação, o fato de haver

vagas, merenda e uniforme e livro didático representaram uma enorme conquista.

Esse avanço social, essa conquista ainda não é percebida pelos pais como

um direito e um dever, alguns ainda vêm a escola como um benefício e não um

direito e confundem qualidade com a possibilidade de uso da infraestrutura e dos

equipamentos públicos, considerando o desempenho e o sucesso na escola.

Assim, compreendendo e trabalhando uma dessas partes, a relação da

família com a escola, possivelmente teremos uma maior compreensão do processo,

e uma maior possibilidade de levantar os fatores determinantes, dessa relação, no

desempenho escolar das crianças e adolescentes.

Tanto a família quanto a escola, têm como objetivo criar e educar crianças e

adolescentes, por isso, parece evidente que ambas devem manter uma relação de

proximidade e cooperação. Porém nem sempre percebemos essa relação no dia a

dia das escolas, o que impede o verdadeiro desenvolvimento cognitivo, afetivo e

social do educando, objetivo principal da escola e da família enquanto instituições.

Nas discussões realizadas, no grupo de estudos com os professores, ficou

evidenciado, em suas falas, o compromisso que tem com os alunos que os pais

buscam os boletins, procuram os professores nas horas - atividade, ligam pra a

escola, e participam das atividades culturais e esportivas.

A Secretaria do Estado da Educação – SEED do Paraná, através de todos

os seus departamentos vem priorizando ações que avaliem, e promovam políticas

para combater a evasão e a repetência escolar, e uma dessas políticas denominada

“Eu acompanho a avaliação escolar do meu filho. E você?”, orienta neste sentido,

trabalhar em todas as instâncias a relação da família com a escola. A partir dos

estudos realizados percebemos que a participação da família é fundamental no

processo de ensino - aprendizagem.

A seguir faremos uma breve revisão da história da família como agente

socializado, necessária para fundamentação de nosso estudo.

3.1 A FAMÍLIA: UM IMPORTANTE AGENTE SOCIALIZADOR: CONCEITO E

ASPECTOS HISTÓRICOS DA FAMÍLIA

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Através do estudo bibliográfico, verificou-se que a origem da família passou

por muitas transformações, onde a história relata que, até o final do século XVII,

ninguém ficava sozinho, pois a densidade social proibia o isolamento. Não havia

intimidade o que se opunha ao sentimento familiar.

Foi somente no fim do século XVI e durante o século XVII surgiu um novo

conceito de família que vem acompanhado de mudanças significativas em relação

às crianças. Segundo Ariés (1981) as crianças tornaram-se um elemento

indispensável da vida cotidiana, e os adultos passaram a se preocupar com a sua

educação, carreira e futuro, “[...] daí em diante, torna-se difícil distinguir um retrato

de família de uma cena de gênero que evoca a vida em família” (ARIÉS, 1981, p.

141).

Conforme Ariés (1981), o sentimento de família e o interesse pela infância

eram desconhecidos da Idade Média, surgindo no século XVII e foi a partir do século

XIV que ocorre o desenvolvimento da família moderna.

Segundo este autor, são as relações entre homem e mulher, entre pais e

filhos que fazem viver o espírito de família. “Na realidade, esse respeito pela

igualdade entre os filhos de uma família é uma prova de um movimento gradual da

família-casa em direção à família sentimental moderna” (ARIÉS, 1981, p. 235), a

realidade familiar passou a basear-se na afeição modificando assim, suas relações

internas com as crianças e entre o casal.

O termo “família” é derivado do latim “famulus”, que significa “escravo

doméstico”. Este termo foi criado para designar um novo grupo social que surgiu

entre as tribos latinas. No direito romano clássico a "família natural" cresce em

importância, sendo a família baseada no casamento e no vínculo de sangue. A

família natural é o agrupamento constituído apenas dos cônjuges e de seus filhos.

A família natural tem por base o casamento e as relações jurídicas dela

resultante, entre os cônjuges, os pais e os filhos. Pois, naquele período predominava

uma estrutura familiar patriarcal em que um vasto leque de pessoas se encontrava

sob a autoridade do mesmo chefe.

Com a Revolução Francesa surgiram os casamentos laicos no Ocidente e,

com a Revolução Industrial, tornaram-se frequentes os movimentos migratórios para

cidades maiores. Estas mudanças demográficas originaram o estreitamento dos

laços familiares e as pequenas famílias, num cenário similar ao que existe hoje em

dia. Onde as mulheres saem de casa, integrando a população ativa e a educação

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dos filhos é partilhada com as escolas. E também os idosos, não podem mais contar

com o apoio direto dos familiares, nos moldes pré-revoluções Francesa e Industrial,

sendo entregues aos cuidados de instituições assistenciais.

Na cultura ocidental, uma família é definida especificamente como um grupo

de pessoas, unidas legalmente (como no casamento e na adoção) e com o mesmo

sangue.

A família vem se transformando através dos tempos, acompanhando as

mudanças religiosas, econômicas e histórico-culturais do contexto em que se

encontram inseridas. Este é um espaço sócio-cultural que deve ser continuamente

renovado e reconstruído; o conceito de próximo encontra-se realizado mais que em

outro espaço social qualquer, e deve ser visto como um espaço político de natureza

criativa e inspiradora.

É difícil estabelecer uma conceituação do que vem a ser família, pois a

evolução social aliada à Constituição Federal de 1988 criou novas conformações

familiares admitindo a união estável. Atualmente é identificada pela presença de um

vínculo afetivo, afastando a ideia da necessidade do casamento. Expandiu-se assim,

o conceito de família, passando a integrá-lo as relações monoparentais: de um pai

com os seus filhos.

Atribuiu-se à família, ao longo da história, funções variadas, de acordo com

a evolução que sofreu, a saber: religiosa, política, econômica e social, sendo a

principal delas a função de unidade da sociedade a célula-mãe.

Entendendo-se atualmente que a família não tem apenas uma função

financeira de sustentação do indivíduo, mas de sustentação, criação, formação de

caráter e valores além da preparação para a vida social.

A partir do nascimento, a criança é inserida num contexto familiar que se

torna responsável pelo desenvolvimento físico, psicológico, emocional, moral,

cultural e cognitiva desta criança e inserida numa sociedade.

A família constitui a base da sociedade contemporânea, funcionando como

unidade em que todo indivíduo deve estar inserido para formação de seu caráter e

construção do seu eu social, a família moderna rege-se pelo princípio da afetividade,

e desta nova concepção surge um novo princípio, da função social. Tais princípios

surgem de uma mudança na sociedade, de uma evolução onde se passa a

privilegiar as relações sentimentais e afetivas, considerando com menor importância

as relações consanguíneas.

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O sentimento passa a ser considerado algo mais importante nas relações

humanas, se torna ponto chave, início de qualquer relação familiar, razão pela qual

se passa a admitir legalmente e socialmente novas formas de constituição. Tais

mudanças decorreram das alterações nos padrões de comportamento da mulher

frente à sociedade. Outro aspecto relevante para o surgimento do despertar para a

mulher e a criança foi o sentimento de afeto, que mudou as relações e o perceber

social sobre os mesmo.

Assim, a principal função social da família, passa a ser o acolhimento do

indivíduo formando-o como cidadão capaz de representar seu papel na sociedade

como filho, irmão, trabalhador, estudante, entre outros. A família adquire importância

na vida do indivíduo a partir de seu nascimento em virtude de seu dever de guarda,

criação e educação do mesmo.

Posteriormente, em uma fase de desenvolvimento, onde se prepara para a

vida em sociedade, estabelecendo relações de afetividade e trabalho, onde as

demais instituições, escola, religião, grupo social entre outros começam a interagir

na formação da personalidade, transmitindo cultura e conhecimento.

Logo, a família tem uma função dentro da sociedade, de formar cidadãos

conscientes e aptos para a convivência social, independente de que âmbito esteja

inserido, seja profissional, seja na escola, seja entre amigos.

Sabemos que, não existe uma família ideal ou um modelo pré determinado

de família, existem famílias reais, independente de sua configuração. Porém, esta

continua sendo a instituição social responsável pelos cuidados, proteção, afeto e

educação das crianças e adolescentes, é o primeiro e mais importante canal de

iniciação dos afetos da socialização e das relações de aprendizagem.

O modelo de família considerado “ideal”, ainda transmitido e predominante

em nossa cultura é o da família nuclear, mas é notável que esta não seja a única

forma de organização familiar existentes nos dias de hoje.

As famílias no atual contexto têm se configurado de formas diversas e houve

mudanças significantes na família nuclear, colocando em questão a hegemonia.

Não se pode perder de vista que novos modelos familiares são construídos

de fenômenos sociais e econômicos além de transformações nas relações humanas,

estas vistas de maneira igualitária, mediante maior controle da natalidade e inserção

da mulher no mercado de trabalho.

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As relações de gênero são abordadas neste contexto de transformações

sociais e familiares, pois com a mudança na relação homem e mulher a identidade

autônoma da mulher se estabelece de forma mais clara à sociedade.

Ao enfocar os novos arranjos familiares é de suma importância ressaltar que

não nos cabe, analisar o grau de “bom ou ruim” em relação à família nuclear e os

novos arranjos familiares, mas sim ressaltar o atual, o real na vida familiar, onde

indiferente da maneira de se organizar, os indivíduos são pertencentes a um grupo

familiar e este lhe oferece laços afetivos (não que sejam necessariamente laços de

sangue), valores e funções, pois “[...] a família é um sistema complexo, composto

por subsistemas integrados e interdependentes, que estabelece uma relação

bidirecional e mútua influência com o contexto no qual está inserido. (MINUCHIN,

1988, p 32).

Assim, a família, tem um papel fundamental na constituição do ser humano.

É o lugar dos cuidados, do amor, da fraternidade, da ajuda mútua, do abrigo. Sendo

ela que possibilita a sustentação psicológica e afetiva para viver em sociedade. Há

intervenção positiva dos pais em relação aos filhos e dos filhos em relação aos pais

o que muda significativamente a realizada.

À escola cabe cuidar da sistematização do conhecimento, da elaboração

cognitiva, da socialização do saber, o que será posteriormente abordado, desse

mesmo sujeito.

Pensar em desenvolvimento humano significa pensar no estabelecimento de

relações que o indivíduo mantém, com a família, o local de trabalho, a escola, a

comunidade, bem como pensar nos valores, crenças e cultura de cada um desses

seguimentos que fundamentam essas relações.

3.2 CONCEITO E FUNÇÃO DA ESCOLA

A instituição educativa surge no momento em que ocorre a ruptura do modo

de produção comunal, e a chegada da sociedade de classes.

Segundo a bibliografia revisada, na Idade Média as escolas tinham de forma

bem marcante a presença da Igreja Católica, no Brasil, a origem da instituição

escolar deu-se com a chegada dos jesuítas.

De acordo com Saviani (2005) a evolução da instituição escolar brasileira

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pode, didaticamente, ser representada da seguinte maneira:

PERÍODO

ADVENTO

1549 -1930 DIDÁTICA TRADICIONAL – ênfase nos conteúdos, autoridade do professor, aluno passivo, período de colonização com os Jesuítas, através da igreja católica, "catequizando os nativos.”

1930-1945 DIDATICA ESCOLANOVISTA – centrada nos métodos e técnicas, relacionamento amigável entre professor e aluno, luta pela laicidade, obrigatoriedade.

1945-1960 DIDÁTICA RENOVADORA TECNICISTA – acentuam-se os processos metodológicos em detrimento á aquisição de conteúdo/conhecimentos.-não considera o contexto social (surge ai a proposta da primeira LDB)

Pos 1964

DIDATICA TECNICISTA – racionalização do processo produtivo, professor e aluno em segundo plano, são apenas executores de tarefas definidas por outros.

Década de 80

PEDAGOGIA CRÍTICA OU CRITICO REPRODUTIVISTA – professores refletem suas práticas, buscam a politização, privilégio da dimensão política, movimentos populares pela educação, crise econômica no país.

Década de 90

Descentralização, transferências para o sistema a responsabilidade pelo estabelecimento das prioridades a serem atendidas. Estabelecimento de parcerias com o setor privado.

Atualmente PEDAGOGIA HISÓRICO CRITICA que compreende e analisa a realidade social onde a escola está inserida, busca pela qualidade, reflexão do papel da escola e do professor. - conhecimento científico sistematizado. Nova fase: processo de construção e desconstrução. Gestão democrática (participação, autonomia e descentralização).

No Brasil, durante quatro séculos, educação escolar foi restrita a pequenos

grupos. Ainda segundo Saviani (2005), somente após a década de 30 do século XX

é que ocorreu o crescimento acelerado da educação.

Foi a partir da década de 80, com a queda da Ditadura Militar, e

posteriormente com a promulgação da Constituição Federal de 1988, que o Estado

passou a absorver mais a responsabilidade com a educação. A partir de 1995 as

políticas reorganizam as instituições educacionais da sociedade brasileira, e essa

reorganização trouxe contribuições para a educação como um todo.

A LDB/96, em seu artigo primeiro, determina o papel da educação no Brasil:

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Art. 1º. A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. § 1º. Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. § 2º. A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. (BRASIL, 1996)

Esta lei também referenda a Constituição Federal de 1988, “educação

emana do estado e da família”, que coloca o Estado em primeiro lugar e não a

família, como responsável pela educação. “[...] a educação, dever da família e do

estado.” (LDB, 1996), devendo ser desenvolvidas em instituições próprias.

De acordo com Mizukami (1986) as concepções e tendências pedagógicas

da escola trazem elucidações acerca do que tem sido a organização escolar

historicamente.

Assim, numa concepção tradicional, a educação é tida como um processo

amplo e entendida como instrução onde a transmissão do conhecimento (da cultura

erudita), é restrita à escola, como um produto, dando ênfase apenas no conteúdo. E

o homem é visto como um ser pronto, que nasce completo, onde a sua inteligência é

um dom definido geneticamente, podendo apenas ser aperfeiçoado.

Assim, a escola teria como, “função somente a transmissão dos

conhecimentos com a finalidade de aprimorar a essência inata já existente. A

educação tem um papel de ajustamento social”. (MIZUKAMI, 1986)

Na abordagem comportamentalista, onde se encontram os positivistas

lógicos, o conhecimento fundamenta-se na ordenação de experiências e eventos do

universo para descobrir a ordem na natureza e nos eventos. O objetivo da educação

é formar seres humanos adaptáveis aos novos valores e relações sociais,

promovendo mudanças individuais a partir da atividade. Pois, a educação, “deverá

transmitir conhecimentos, assim como comportamentos éticos,práticas sociais,

habilidades consideradas básicas para a manipulação e controle do mundo

ambiental (cultura social)”. (MIZUKAMI, 1986, p.27)

Nesta concepção, segundo literatura revisada, busca-se saber quais

conhecimentos são necessários para o desenvolvimento do aluno, buscando uma

vida melhor. A educação como imagem e reflexo da sociedade, buscando a

harmonia e o consenso. Assim a escola tem como função, por meio de seleção de

conteúdos simbólicos e das práticas pedagógicas, é de preparar as crianças para

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uma vida em comum.

Já na concepção do pensamento pedagógico socialista, onde Vygotsky é um

dos seus principais representantes, a escola enfatiza a necessidade de valorização

da capacidade de resolver problemas que a criança traz. Que é desenvolvida por

meio de estímulos de adultos ou dos colegas, através da linguagem (principal forma

do homem defender seus direitos e construir outra sociedade) em forma de processo

e através de atividades coletivas.

Na perspectiva do pensamento pedagógico crítico há uma relação entre o

sistema de ensino: teoria da reprodução pela violência simbólica. A classe

dominante impõe sua cultura por meio da escola. Assim os fins da educação são

antagônicos, conforme a classe social. Evidencia-se também a importância das

relações entre escola e sociedade.

A educação imposta durante o período militar (1964/1980) coloca o aluno e o

professor em segundo plano, dando ênfase aos planos de aula organizados pelo

governo e “supervisionados” pelo Supervisor Escolar, esta teve uma característica

tecnicista. Cabia à escola formar o bom trabalhador, através da racionalidade e

produtividade, ou seja: produzir mais em menos tempo, sem questionar, apenas

executar o que outros planejaram. A participação da família não era significativa, se

restringia à verificação da disciplina e das notas, sem grandes preocupações com a

aprendizagem.

Já na abordagem da Pedagogia Histórico-Crítica, que iniciou na década de

1970, porém predominou somente depois da década de 80, do século XX, a escola

tem como princípio difundir o conhecimento, mas refere-se somente aos conteúdos

indissociáveis da realidade, com significado histórico e social, e não aos abstratos.

Deve servir aos interesses populares a partir de um bom ensino, visando à

transformação social.

Nessa abordagem o professor passa a ter um papel ativo, como mediador, e

liderança no processo. O aluno por sua vez, também possui um papel ativo, a partir

de sua experiência imediata em determinado contexto, na busca da verdade, no

confronto com o conteúdo proposto pelo professor. Conteúdos estes culturais e

universais, reavaliados quando à realidade social.

A partir da década de 80 é difundida a corrente pedagógica Construtivista,

tendo como teórico mais conhecido foi Piaget. O qual define a educação como uma

relação de duas mãos: “de um lado o indivíduo em crescimento e do outro os valores

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sociais, intelectuais e morais” (PIAGET 2006), sendo o educador responsável de

incluir nesse indivíduo. Logo, educação é uma relação normativa entre um indivíduo

e valores sociais.

Para, Vygostsky, “o funcionamento mental do indivíduo só pode ser

entendido se examinar os processos sociais e culturais do contexto em que está

inserida”. (Coletânea Pensadores, 2006, p 52).

Assim, Vygostsky e Piaget apontam os valores sociais, o desenvolvimento

histórico cultural em que o sujeito está inserido, como fatores determinantes em sua

educação e desenvolvimento.

Nesta concepção Construtivista a educação deve entender que todos os

alunos têm capacidade para se desenvolver. Valoriza as ciências como

estimuladoras do desenvolvimento do pensamento. O professor faz parte do

processo, propondo situações, observando e registrando o desenvolvimento do

aluno.

A abordagem mais recente, ainda pouco discutida é o Ensino com Pesquisa,

que propõe a superação da reprodução, repetição e a copia do conhecimento

existente, que segundo Gadotti;

A escola deve, dentro desta concepção, proporcionar um ambiente adequado para a produção do conhecimento, que deve ser inovador, transformador e participativo. O professor um mediador, articulador crítico, e o aluno um sujeito no processo, questionando, investigando, escrevendo, formulando opiniões. (GADOTTII, 1995, p. 82)

A escola tem o dever de formar cidadãos, dar ao educando os ensinamentos

de que eles necessitam para viver e trabalhar numa sociedade em evolução, bem

como de orientá-los para a vida, sem esquecer o conhecimento cientifico e

sistematizado. Para tanto a escola precisa definir como meta, o trabalho crítico com

os conteúdos a ser estudados pelos educandos.

Assim, através de um trabalho crítico e da busca pelo exercício da

cidadania, a escola mostrará às novas gerações a importância de cada indivíduo e

seu papel na sociedade, enquanto cidadãos conscientes de seus direitos e deveres.

Outra função da escola regular é juntamente com a família dar ao aluno

condições para se inserir no meio social, e a escola mais significativamente no

momento em que através do conhecimento científico pensa e reestrutura o saber

sistematizado. Rios, em sua obra Ética e Competência, referenda esse pensamento:

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O papel da escola passa a ser mais significativo ainda, uma vez que lida com um saber que muitas vezes precisa ser repensado, reavaliado e reestruturado. Infelizmente, nem sempre ou quase sempre a escola “não tem cumprido o objetivo da educação que desejamos, de cunho democrático, socializando o saber e os meios para aprendê-lo e transformá-lo” (RIOS, 1995, p.32).

Para Gadotti (1995), a escola cidadã é aquela que com qualidade

proporciona aos educandos o conhecimento historicamente acumulado, discutindo

de forma democrática, crítica e sem preconceitos a realidade para que possa ser

capaz de responder as suas perguntas, refletir e entender a sua realidade.

Se os alunos forem estimulados a se comportarem como cidadãos ativos no

processo de ensino-aprendizagem, a socializarem os conhecimentos de forma

critica, terão uma escola que cumpra a sua função, que proporcione uma educação

consciente. Contemplando os principais elementos da educação: criticidade

autonomia e conhecimento sistematizado relevantes para a formação do homem

enquanto ser participativo e atuante na sociedade.

Desta forma, a escola será um espaço de formação e informação, onde a

aprendizagem de conteúdos, organizados e sistematizados buscando a inserção do

educando no contexto das questões sociais marcantes.

Enfim, a escola tem como função a socialização, o conhecimento, o saber

sistematizado, a apropriação da cultura, sendo um espaço de formação do indivíduo.

Indivíduo esse que prove e faz parte de uma família, seja qual for o seu

arranjo. Logo a escola e a família possuem um mesmo objetivo, o desenvolvimento

e a formação do indivíduo enquanto ser social.

3.3 A FAMÍLIA E A ESCOLA COMO AGENTES FACILITADORES DO

DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

A educação é um dever da família e da escola, as quais devem interagir para

garantir os direitos da criança nas questões referentes ao ensino, dando-lhes

suporte e apoio para o pleno desenvolvimento da aprendizagem.

Paro (2008) destaca a participação dos pais e da comunidade no processo

pedagógico:

Não pode cair no equívoco de delegar aos pais e à comunidade aquilo que compete ao Estado, por meio da escola, realizar. Não se trata de os pais

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prestarem uma ajuda unilateral à instituição de ensino nem de a escola repassar parte de seu trabalho aos pais; não basta permitir formalmente que as famílias participem da administração da escola. (PARO, 2008, p. 52).

Ainda, segundo Paro (2001), a participação da família na escola precisa estar:

[...] ligada à tomada de decisões e não como mera forma de prestação de serviços ou de contribuição financeira por parte da população. Participando das tomadas de decisões da escola, os pais, [...] além de terem melhores condições de influir nas tomadas de decisão a respeito das ações e objetivos da escola, eles estarão investindo na melhoria da qualidade da educação de seus filhos, bem como na melhoria de sua própria qualidade de vida, na medida em que esses adultos estarão mais capazes, intelectualmente, de usufruir melhor de bens culturais a que têm direito e que antes não estavam ao seu alcance. (PARO, 2001, p. 68).

Neste sentido, o desempenho dos alunos na escola esta diretamente ligada

à eficiência dessa relação. O que falta na verdade, é uma maior integração e

comunicação entre a escola e a família para o preparo e o acompanhamento do que

é passado para o aluno na sua escolar. É importante que se tenha claro que a

estrutura da família é também resultado de uma estrutura social, e a relação família-

escola também é resultado de outras relações da sociedade.

É relevante recordar aqui a argumentação de Charlot (2000) em que destaca

o fracasso escolar como um fato que deve ser contextualizado dentro da perspectiva

histórica do sujeito analisado, o que não significa individualizar o problema e

culpabilizar o aluno. O fato de a relação família - escola ser apenas uma faceta no

processo do fracasso escolar não isenta a família de exercer seu importante papel, o

de sustentar, guardar e educar os filhos menores.

Escola e família devem unir forças de trabalho para superarem as suas

dificuldades, construindo uma identidade própria e coletiva, uma parceria

incondicional, com responsabilidade. Atuando como agentes facilitadores do

desenvolvimento integral do aluno como sujeito em condição peculiar em

desenvolvimento, garantindo assim um ser que saiba exercer seu papel e promova

mudanças que sejam necessárias para atender seus interesses e necessidades

pessoais e coletivas, e não apenas reproduzam conhecimento mecanicamente.

Segundo a Secretaria do Estado da Educação – SEED, do Paraná, em seus

princípios norteadores os profissionais da educação devem priorizar ações que se

destinem a avaliar os condicionantes sobre a aprendizagem, e avaliar ensino-

aprendizagem pressupõe avaliar todos os envolvidos com a prática pedagógica.

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Instrumentalizar pais e escola a acompanhar o desenvolvimento do aluno,

objetivando a aprendizagem e a formação plena, parece ser uma tarefa difícil, mas

imprescindível e não impossível, para uma sociedade mais justa, bem como inserir

no Projeto Político Pedagógico – PPP das escolas, ações que se tornem políticas e

sustente e garantam essa relação família e escola em busca de uma educação de

qualidade, democrática, crítica e autônoma.

Assim, acredita-se que relação família e escola; implica no desempenho

escolar dos alunos, promove o desenvolvimento físico, social, intelectual, emocional,

moral e afetivo dos alunos, bem como a integração de ambas as instituições (família

- escola) são fundamentais para com o desenvolvimento global das crianças e para

com a melhoria da qualidade de vida dos pais dos alunos e também da escola.

Como exemplo, citamos o relato de uma das cursistas no Fórum de debates,

desenvolvido no Grupo de Trabalho em Rede – GTR, durante essa pesquisa.

Atividade: Fórum 2: "Funções do professor regente de classe", Não há como não concordar, sabendo-se professor! A todos nós cabe a responsabilidade de fazer a diferença, somos nós que ficamos com o educando em sala e a nós são dado respostas do aprender ou não aprender. Portanto devemos saber que o nosso comprometimento faz toda diferença. Dar opiniões e participar do projeto político pedagógico da escola é primordial para um bom resultado. Os professores como agentes da instituição escolar podem desenvolver as mesmas atitudes adaptativas dos pais no sentido de permitirem que fora do ambiente familiar os educandos continuem seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e comportamental de maneira saudável.

3.4 AÇÕES COM PROFESSORES E EQUIPE PEDAGOGICA

O corpo docente e equipe pedagógica do Colégio Estadual Humberto de

Alencar Castelo Branco Ensino Médio e Normal, cerca de 30 profissionais, foi

aplicado um instrumento de pesquisa de levantamento de opiniões, tipo

questionário, onde os mesmo se posicionaram em relação a temática a ser estudada

a importância ou não da participação dos pais na vida escolar de seus filhos.

Dos professores que responderam o instrumento, 95% deles afirmaram que

a participação efetiva dos pais em reuniões, auxílio nas tarefas, conversas com os

filhos sobre os conteúdos trabalhados, levam os filhos a sentirem-se apoiados e

motivados para o estudo, o que eleva à aprendizagem e consequentemente evita a

reprovação.

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Foi realizado um Grupo de Estudo, orientado pela professora Orientadora

deste projeto do Colegiado de Pedagogia da UNIOESTE – Cascavel, certificado por

esta instituição.

O grupo de Estudo de 40 horas, divididas em oito encontros, sendo quatro

presenciais e quatro não presenciais, onde os professores estudaram os seguintes

textos:

Profissão Professor ou Adeus Professor, Adeus Professora? Exigências

educacionais contemporâneas e as novas atitudes docentes. (LIBÂNEO,

Jose Carlos, 2002)

A Relação família-escola: implicações no desempenho escolar dos alunos

dos anos iniciais do ensino fundamental. (VARANI, Adriana e SILVA Daiana

C.2009)

Funções do professor (Funções Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional e Estatuto do Magistério do Paraná)

A partir da leitura e discussão dos textos acima referidos, os professores

elaboraram em forma de projeto, propostas de ações, a serem aplicadas no colégio

com o objetivo de aproximar a família do processo de ensino aprendizagem, como

podemos perceber no projeto elaborado pelos cursistas:

Grupo de Estudos: PDE/2010-2011 Apresentação Sabe-se que a escola foi criada para servir à sociedade sendo por ela determinada, por isso precisa prestar contas do seu trabalho, explicar a família como conduz o processo de ensino e de aprendizagem das crianças e propiciar a participação da família na vida escolar dos filhos. Até o século XIX a escola cuidava da transmissão de conteúdos, ou seja, da “instrução", enquanto a família se dedicava ao ensinamento de valores, hábitos e atitudes, à "Educação". Com a modernidade surgem novas necessidades no mercado de trabalho e a educação passa a ter um valor na ascensão social, a escola passou a ser reconhecida como um espaço de aprendizagem dos conteúdos e de valores para a formação da criança. É preciso buscar a integração dessas instituições, a escola como responsável em repassar o conhecimento científico acumulado ao longo da história da humanidade e busca contribuir com a ajuda da família na formação de cidadãos conscientes de seu papel no mundo. Essa integração vem sendo reforçada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – 9394/96 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que destacam a obrigatoriedade da escola e família se articularem no sentido de que esta acompanhe o processo pedagógico. Conforme relator do ECA Antônio Carlos Gomes da Costa "O papel do pai e da mãe é estimular o comportamento de estudante nos filhos, mostrando interesse pelo que eles aprendem e incentivando a pesquisa e a leitura". Nesse sentido, a escola precisa propiciar momentos de colaboração entre família e escola,

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ouvindo a comunidade escolar e juntos construir mecanismos que visem melhorar o processo de ensino e de aprendizagem, onde cada segmento tenha claro o seu papel, ou seja, da escola, ensinar, e dos pais, acompanhar e fazer sugestões. Ao elaborar o Projeto Político Pedagógico define-se as intenções da comunidade escolar partindo da realidade onde a escola está inserida, bem como de que forma pretende trabalhar para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. A partir deste documento os educadores elaboram seus Planos de Trabalho, visando atender a função social da escola como transmitir, criar e redefinir conhecimentos. Sabe-se que ainda há muito para ser feito, pois é preciso avançar nessa proposta, pois enquanto existem pessoas excluídas do sistema educacional, alunos que apesar de todo esforço não logram êxito na sua caminhada e a pouca valorização da escola por algumas famílias a missão do educador precisa ser revista. Nesse sentido, é preciso proporcionar nas escolas um local acolhedor as famílias e que estas se envolvam no processo de ensino e de aprendizagem, para que juntos com os educadores consigam fazer com que crianças, adolescentes e jovens percebem a escola como uma importante instituição que prima pela transmissão do conhecimento científico, mas que ambas, família e escola, são propagadoras dos verdadeiros valores humanos e que juntas lutam por uma educação de qualidade. 2. Objetivos 2.1 Geral Oportunizar e valorizar o envolvimento da família no processo de ensino e de aprendizagem. 2.2 Específicos * Promover diferentes momentos de integração entre escola e família; * Proporcionar aos pais ou responsáveis momentos de reflexão sobre o desempenho curricular dos educandos do Colégio Estadual Humberto de Alencar Castelo Branco de Santa Helena PR; * Desenvolver momentos de reflexão sobre a importância do envolvimento da família no processo de ensino e de aprendizagem bem como das responsabilidades quanto ao cuidado e à educação dos filhos;

* Oferecer subsídios aos educadores visando melhorar a relação família/escola

3. Público Alvo Alunos do Colégio Estadual Humberto de Alencar Castelo Branco – Ensino Médio e Normal de Santa Helena – Paraná. 4. Metodologia Durante o ano letivo a escola deve oportunizar diferentes momentos de integração entre família e escola onde os pais ou responsáveis percebam que o ambiente escolar oportuniza momentos de propagação de cultura e valorização dos humanos, através de exposições de trabalhos, apresentações culturais, palestras de formação humana, homenagens. Promover reuniões periódicas com pais nas diferentes séries visando discutir o processo de ensino e de aprendizagem de forma direta com pais e alunos de cada série, pois o envolvimento dos pais através de uma conversa direta com cada família é possível estabelecer ações que visem melhorar o processo de ensino e de aprendizagem. Dessa forma, os pais acompanham mais de perto o trabalho pedagógico e certamente os educandos sentir-se-ão valorizados e participarão de forma mais efetiva do processo educativo. Entre os especialistas sobre o assunto destaca-se o trabalho de alguns teóricos que apresentam orientações para nortear o trabalho com pais, visando melhorar a relação família e escola. Destaca-se também a importância de manter um canal de comunicação com as famílias, consultando sobre qual o melhor horário para acontecer às reuniões.

Fazer a pessoa sentir-se genuinamente aceita, compreendida, respeitada, sentir-se aliviada de sentimentos dolorosos e difíceis.

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Criar um clima de confiança e liberdade de expressão, onde a pessoa sente-se verdadeiramente acolhida;

Aumentar o campo de percepção ajudando outro a entender e esclarecer o que se passa dentro de si;

Resolver núcleos emocionais que bloqueiam condutas adequadas;

Facilitar a aceitação e frustração da realidade de inúmeras situações que não podem ser mudados;

Fazer a pessoa sentir que seus sentimentos são válidos e estão sendo devidamente considerados;

Acreditar que é saudável vivenciar, reconhecer e dar-nos conta e expressar para nós mesmos ou para os outros qualquer tipo de sentimentos;

Ouvir, entender e aceitar os sentimentos expressos sem julgar, criticar, consolar ou ameaçar;

Está genuinamente disponível para ouvir o que o outro tem a dizer;

Ter vontade de ajudar o outro a acreditar que ele tem capacidade de esclarecer ou encontrar uma saída para sua situação;

Respeitar a individualidade e autonomia do outro. 5. Recursos Para efetivar a proposta a ser implementada serão empregados os seguintes recursos:

Bilhetes para consulta e convite das reuniões aos pais;

Computador e projetor multimídia;

Material impresso; 6. Avaliação Ao final de cada reunião ou encontro serão realizadas avaliações espontâneas e/ou escritas onde os participantes podem se pronunciar sobre o trabalho realizado e sugerindo melhorias.

3.5 AÇÕES COM OS PAIS

Com os pais e/ou responsáveis dos alunos, uma amostra de

aproximadamente 20% do total de alunos (680) do Colégio Estadual Humberto de

Alencar Castelo Branco, foi aplicado um instrumento de pesquisa de levantamento

de opiniões, tipo questionário, para obter a percepção dos mesmos em relação a

sua participação na vida escolar de seus filhos, bem como suas dificuldades de

efetivar este acompanhamento se é que acreditam ser o mesmo necessário, e em

que medida.

A tabulação dos dados obtidos corroborou a percepção que tínhamos, ou

seja, a grande maioria, 85% dos pais acreditam que sua função é auxiliar os filhos,

apesar dos mesmos já serem adolescentes (todos maiores de 14 anos), 15% deles

afirmaram que não precisam mais supervisionados os filhos.

O questionamento junto aos pais se há importância de um acompanhamento

dos filhos, foi referente aos seguintes aspectos:

- ler para com seus filhos ou pedir para que elas leiam para eles.

- conversar sempre com os filhos sobre assuntos da escola.

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- acompanhar as lições de casa.

- mostrar interesse pelos conteúdos estudados.

- verificar se o material escolar está completo e em ordem.

- zelar pelo cumprimento das regras da escola.

- participar das reuniões sempre que convocados.

- conversar com os professores, aproveitando as horas atividades.

Esse questionamento foi realizado através de reuniões, em pequenos,

grupos de pais dos alunos da primeira série do Ensino Médio, onde após a

explanação da temática os mesmos responderam o questionário individualmente.

A literatura revisa nos mostra que a família é a base de toda educação e

formação, mesmo estando ela enfrentando mudanças em seu contexto social,

econômico e de composição. A família de hoje não é mais considerada a célula

mater da sociedade, pois ela sofreu as transformações da sociedade moderna, mas,

não deve ser retirado dela sua responsabilidade no ato de educar.

A mim me dá pena e preocupação quando convivo com famílias que experimentam a “tirania da liberdade” em que as crianças podem tudo: gritam, riscam as paredes, ameaçam as visitas em face da autoridade complacente dos pais que se pensam ainda campeões da liberdade. (FREIRE, 2000, p. 29)

A Escola isolada não conseguirá levar a diante a responsabilidade de educar

e ensinar, pois o papel da escola está em ensinar. E cabe a família o papel de cuidar

e educar, inclusive como prevê a legislação. Hoje, mais que nunca, a Escola precisa

do apoio da família e a Família precisa que a instituição Escolar seja competente na

formação acadêmica de seus filhos, para que o vazio que se estabeleceu nos lares

familiares pela falta de muitos pais no crescimento educacional dos filhos em virtude

dos avanços da sociedade moderna.

Na família, há o reconhecimento do papel dos pais, irmãos e outras pessoas

que convivem com a criança ou adolescente e sua contribuição para o seu

desenvolvimento. Na escola, destacam-se os professores, uma vez que estes se

envolvem cotidianamente em atividades programadas e realizam intervenções

importantes que afetam o processo de ensino e aprendizagem.

Dessa forma, a participação da família é fundamental no processo

educacional dos filhos, uma vez que a educação, para ser integral precisa ser

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conduzida por essas duas instituições sociais essenciais ao desenvolvimento da

criança: família e escola.

Com relação às ações do Colégio que envolve os pais, a grande maioria,

mostrou-se satisfeita com o que vem sendo feito (94%), ações estas que são;

reuniões, entregas de boletins, contatos telefônicos quando necessário.

3.6 AÇÕES COM OS ALUNOS

Através de reuniões com os alunos foi realizado um levantamento de suas

expectativas, interesses e objetivos com relação à escolarização. A grande maioria

deles encara a escolaridade como fundamental para a sua formação enquanto

profissional e cidadão. Ressaltaram a importância do conhecimento para atingirem

seus objetivos.

Com relação à participação dos seus pais e/ou responsáveis nas suas

atividades escolares, a grande maioria, 94% afirmaram que se sentem mais seguros

e estimulados quando os mesmo se preocupam com sua vida escola. Muitos relatos

demonstraram isso:

[...] mesmo que seja pra chamar a atenção, quando minha mãe senta comigo e ajuda nas tarefas, mostra interesse no que os professores estão ensinando me sinto bem feliz... (relato de uma aluna). [...] me sinto mais segura quando minha mãe me ajuda, mesmo quando ela não entende a matéria, eu explico para ela e aprendemos juntas... (relato de um aluno).

Através da dinâmica “Árvore da Vida”, os alunos foram orientados a colocar

nos galhos da sua árvore seus objetivos e desejos, em curto prazo, nos galhos mais

próximos, a médio e longo prazo nos mais altos. Ao mesmo tempo eles foram

refletindo sobre os objetivos coletivos e individuais. Foi surpreendente a organização

dos mesmos, objetivos coerentes e definidos com aspirações, em relação ao

crescimento intelectual (como Graduação, Mestrado etc.), ao desenvolvimento

emocional e social (como formação de família, filhos) e sócio econômico

(independência financeira e aquisição de bens).

Assim percebemos que o desejo dos alunos é que seus pais participem

ativamente do processo ajudando a promover a aprendizagem: como lendo aos

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filhos, ouvi-los a ler, conversar sobre diferentes temas, pedir-lhes a opinião, passear,

ir a museus e locais históricos, entre muitas outras atividades.

Além disso, os pais podem ajudar a proporcionar um ambiente de estudo

facilitador da aprendizagem, ajudar a organizar horários de estudo e ajudar nos

trabalhados escolares.

Também é importante para os alunos sentirem que os seus familiares

participam nas atividades organizadas pela escola, eles fizeram um investimento

que gostam de ver reconhecido. Os pais também têm a possibilidade de conhecer

melhor a escola, os professores e colegas.

Quanto a promover a integração de alunos com a família e com os

professores, foram unânimes em demonstrar o interesse e a satisfação que sentem

quando seus pais participam da escola, e principalmente quando a escola

proporciona atividades (culturais, esportivas) que envolvem os mesmos. Citaram

como exemplos as atividades que o Colégio realiza; Festa Junina, Gincana

Permanente, Escolha do Garoto e Garota Castelo Branco (baile onde os pais

participam com os filhos).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho destacou-se por dar importância e perceber a necessidade de

maior aprofundamento e conhecimento das relações família e escola no que se

refere a participação da família no processo de ensino - aprendizagem.

No decorrer do desenvolvimento do projeto, percebeu-se o quanto é

necessário que as pessoas envolvidas com o processo de ensinar sejam levadas

cada vez mais a realizar discussões sobre todos os problemas enfrentados pela

escola, pelas famílias e pela sociedade onde estamos inseridos, com isso podendo

enriquecer a prática neste processo.

Evidenciou-se após a realização da revisão bibliográfica aqui citada e a

implementação do projeto, o quanto é importante e benéfica à relação Família e

Escola no processo de ensino e aprendizagem dos educandos. Tanto a família

quanto a escola são referenciais que embasam o bom desempenho escolar,

portanto, quanto melhor for o relacionamento entre estas duas instituições melhor

será esse desempenho.

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A participação da família na educação formal dos filhos precisa ser

constante e consciente, pois vida familiar e vida escolar se complementam. Com

base nos depoimentos de pais e professores acreditamos que o desempenho

escolar dos alunos melhora quando há a participação ativa dos pais bem como

quando há parceria entre família e escola.

A família, em consonância com a escola e vice-versa, são peças

fundamentais para o pleno desenvolvimento dos alunos e consequentemente são

pilares imprescindíveis no desempenho escolar. Entretanto, para conhecer a família

é necessário que a escola abra suas portas, intensificando e garantindo sua

permanência. Através de reuniões que permitiram às famílias compreenderem a

necessidade de estimularem os filhos ter mais responsabilidade em relação à

escola. Compreenderam também que não precisam esperar serem chamados para

comparecerem à escola e que incentivando os filhos a fazerem o dever de casa

estão favorecendo o bom desempenho escolar dos mesmos.

Não existe uma fórmula mágica para se efetivar a relação família/escola,

pois, cada família, cada escola vive uma realidade diferente. Igualmente, a interação

família/escola se faz necessário para que ambas conheçam sua realidades e

construam coletivamente uma relação de diálogo mútuo, buscando meios para que

se concretize essa parceria, apesar das dificuldades e diversidades que as

envolvem. O diálogo promove uma maior aproximação e pode ser o começo de uma

grande mudança no relacionamento entre a Família e a Escola.

Quando a escola se aproxima da família e a família do processo educativo

do aluno, há uma aproximação positiva que resulta num maior desempenho

acadêmico.

Para os alunos também há benefícios, quando os pais se interessam pela

sua escolaridade, têm uma maior motivação e como tal desenvolvem atitudes

positivas em relação à aprendizagem, dando origem ao sucesso na escola e na vida

pessoal.

O desenvolvimento da criança está inevitavelmente ligado à escola e à

família. Considerando que cada pessoa é autora e participante da sua história de

vida, escola e família devem fomentar uma educação para a liberdade baseada na

promoção da construção do projeto pessoal de vida de cada criança/jovem e facilitar

as capacidades de cada um tendo em conta a sua individualidade.

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Zagury (2002) enfatiza o diálogo, o respeito e o compromisso da família na

educação dos filhos em parceria com a escola quando diz:

Se formos pais com metas educacionais, se nos dedicarmos e temos amor, carinho, se somos justos e equilibrados a maior parte do tempo, com certeza teremos resultados maravilhosos na educação dos nossos filhos. O resultado educacional excelente se alcança pela coerência de projeto, pela coesão da equipe educacional, pela autenticidade dos objetivos e especialmente pela forma com que tudo isso ocorre na prática, na maior parte do tempo, com a maior parte dos alunos. Por isso, temos que dar à escola o mesmo voto de confiança, o mesmo crédito que damos a nós próprios. (ZAGURY, 2002, p. 212).

Conclui-se que, embora a família seja fundamental no processo de

desenvolvimento integral das crianças, ela não pode assumir sozinha a culpa pelo

sucesso ou pelo fracasso escolar dos alunos, pois o bom ou o mau desempenho

escolar não depende exclusivamente da participação/presença ou não da família na

escola. Bem como, outros inúmeros fatores (sociais, políticos, econômicos e

culturais) influenciam no desempenho, bem como no sucesso ou no fracasso escolar

dos alunos, inclusive o tipo de participação requerido para a família.

A família e a escola precisam manter uma relação de cooperação, pois

ambas tem como objetivo educar crianças e adolescentes. Essa relação em muitos

momentos apresenta-se de forma inacabada e/ou inexistente.

Por um lado a escola reclamando da ausência da família, que muitas vezes

abre mão se seus compromissos e autoridade com os filhos, outras a família

reclamando a falta de espaço para interagir na educação dos filhos pela

incapacidade da escola proporcionar essa relação.

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