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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DANIA ROSA MATOS AMARO PLANO DE AÇÃO PARA CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DA ESF POLIVALENTE 2 NA DETECÇÃO DOS CASOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER PASSOS – MINAS GERAIS 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

DANIA ROSA MATOS AMARO

PLANO DE AÇÃO PARA CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA

EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DA ESF POLIVALENTE 2 NA

DETECÇÃO DOS CASOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A

MULHER

PASSOS – MINAS GERAIS

2015

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DANIA ROSA MATOS AMARO

PLANO DE AÇÃO PARA CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA

EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DA ESF POLIVALENTE 2 NA

DETECÇÃO DOS CASOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A

MULHER

PASSOS – MINAS GERAIS

2015

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Estratégia Saúde da Família, Universidade Federal de Minas Gerais, para obtenção do Certificado de Especialista. Orientadora: Daniela Coelho Zazá

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DANIA ROSA MATOS AMARO

PLANO DE AÇÃO PARA CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA

EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DA ESF POLIVALENTE 2 NA

DETECÇÃO DOS CASOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A

MULHER

Banca Examinadora

Prof. Daniela Coelho Zazá (orientadora)

Prof. Flavia Casasanta Marini (examinadora)

Aprovado em Belo Horizonte: ____/____/____

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AGRADECIMENTOS

Dedico a minha família e a todos os meus professores e orientadores que estiveram ao

meu lado, no decorrer deste curso.

Agradeço a Deus por ter me dado entendimento, sabedoria, saúde, persistência,

coragem nas adversidades. Por ter me sustentado durante o decorrer do curso, sabendo eu que

sem Ele, seria impossível.

Agradeço também a minha mãe (in memoriam), meu pai e minha filha, que me

auxiliaram e deram toda a força para seguir adiante.

A minha orientadora Daniela Zazá, que me ajudou com sua capacidade, paciência e

amor naquilo que lhe é proposto.

A minha colega Simone Domingues Vilaça, pela sua sabedoria, me auxiliou no sentido

de buscar a realização de meu sonho, me ensinando a tirar ou passar por cima de todas as

pedras que encontrei durante a caminhada, mas também desenvolver a autoestima, a

superação das adversidades.

A todos os professores e colegas do curso que me ajudaram nos momentos mais

difíceis.

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“Tenho uma espécie de dever, de sonhar

sempre, pois não sendo, nem querendo ser,

mais que um expectador de mim mesmo, tenho

que ter o melhor espetáculo que posso.”

(Fernando Pessoa)

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RESUMO A violência contra a mulher é uma questão sociocultural, que está presente nas mais diversas comunidades. Baseado no diagnóstico situacional da área de abrangência da Estratégia Saúde da Família Polivalente 2 do município de Passos observou-se indícios de violência doméstica contra a mulher. Sendo assim, este estudo teve como objetivo elaborar um plano de ação para capacitar os profissionais da equipe de saúde da família da Estratégia Saúde da Família Polivalente 2 na detecção dos casos de violência doméstica contra a mulher. A metodologia foi desenvolvida em três etapas: realização do diagnóstico situacional; revisão de literatura e desenvolvimento de um plano de ação. Neste estudo foram selecionados os seguintes nós críticos: falta de preparo dos profissionais da equipe para lidar com situações de violência; estrutura dos serviços de saúde inadequada; processo de trabalho da equipe ineficiente. Baseado nesses nós críticos foram propostas as seguintes ações de enfrentamento: criação dos projetos “equipe preparada” para capacitar a equipe de saúde para identificar e realizar os encaminhamentos necessários às mulheres vítimas de violência doméstica; “cuidar melhor” para melhorar a estrutura do serviço para atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica e; “linha guia” para atender às mulheres que sofrem violência doméstica. Palavras chave: violência doméstica, mulher, atenção básica.

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ABSTRACT

Violence against women is a social and cultural issue, which is present in several communities. Based on the situational diagnosis of the covered area by the Family Health Strategy Polivalente 2 in the municipality of Passos there was evidence of domestic violence against women. Therefore, the purpose of this study was to develop an action plan in order to enable the family health professionals team by the Family Health Strategy Polivalente 2 to detect cases of domestic violence against women. The methodology is carried out in three stages: realization of situational diagnosis; literature review and the development of action plan. In this study we selected the following critical node: lack of preparation of our team to deal with situations of violence; inadequate structure of health services and; inefficient team work process. Based on these critical nodes were proposed the following actions to oppose: creation of projects “team prepared” to enable the health team to identify and deliver the necessary referrals to women victims of domestic violence; “better care” in order to improve the structure of the service to assist women victims of domestic violence and; “guideline” in order to meet women who suffer domestic violence. Keywords: domestic violence, woman, primary care.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 Priorização dos Problemas Identificados ....................................................... 19

Quadro 2 Descrição do Problema “indícios de violência doméstica contra a mulher” .. 20

Quadro 3 Desenho das Operações para os “nós críticos” selecionados ......................... 21

Quadro 4 Identificação dos Recursos Críticos ............................................................... 22

Quadro 5 Propostas de Ações para a Motivação dos Atores .......................................... 23

Quadro 6 Plano Operativo ............................................................................................. 23

Quadro 7 Planilha de Acompanhamento do Projeto: Equipe Preparada ..................... 24

Quadro 8 Planilha de Acompanhamento do Projeto: Cuidar Melhor ......................... 25

Quadro 9 Planilha de Acompanhamento do Projeto: Linha Guia ................................. 25

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 09

2 JUSTIFICATIVA............................................................................................ 11

3 OBJETIVO..................................................................................................... 12

4 METODOLOGIA........................................................................................... 13

5 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................... 14

5.1 Violência Doméstica........................................................................................... 14

5.2 Violência Doméstica contra a Mulher e Atenção Primaria à Saúde................... 17

6 PLANO DE AÇÃO........................................................................................ 19

6.1 Definição dos Problemas................................................................................. 19

6.2 Priorização de Problemas................................................................................ 19

6.3 Descrição do Problema Selecionado................................................................ 20

6.4 Explicação do Problema Selecionado ............................................................. 20

6.5 Seleção dos “nós críticos”................................................................................ 21

6.6 Desenho das Operações.................................................................................... 21

6.7 Identificação dos Recursos Críticos................................................................... 22

6.8 Análise de Viabilidade do Plano....................................................................... 22

6.9 Elaboração do Plano Operativo........................................................................ 23

6.10 Gestão do Plano............................................................................................... 24

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 26

REFERÊNCIAS............................................................................................. 27

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1 INTRODUÇÃO

Passos é um município brasileiro do estado de Minas Gerais. Localiza-se a 355 km de

Belo Horizonte, possui uma área de 1.338,070 Km² e conta, atualmente, com uma população

de aproximadamente 112.402 habitantes e densidade demográfica de 79,44 hab./km² (IBGE,

2014).

A cidade se destaca como polo regional, possuindo uma economia baseada

principalmente na agropecuária e no agronegócio, em pequenas indústrias de confecções e

móveis, além de um forte setor de serviços.

A renda per capita média de Passos cresceu 72,05% nas últimas duas décadas,

passando de R$466,72, em 1991, para R$613,26, em 2000, e para R$802,97, em 2010. Isso

equivale a uma taxa média anual de crescimento nesse período de 2,90%. A taxa média anual

de crescimento foi de 3,08%, entre 1991 e 2000, e 2,73%, entre 2000 e 2010 (ADHB, 2013).

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de Passos era de 0,756 em

2010. O município está situado na faixa de Desenvolvimento Humano Alto (IDHM entre

0,700 e 0,799) (ADHB, 2013).

Aproximadamente 64 % da população do município são completamente dependentes

do SUS.

A implantação da Estratégia de Saúde da Família (ESF) aconteceu no município em

2001. Atualmente, o município conta com 17 equipes de saúde da família.

O município conta com 26 Unidades de Saúde: 17 Unidades da Estratégia de Saúde de

Família (ESF) e 09 Unidades Básicas de Saúde convencionais (UBS/ambulatórios), apoiadas

por 02 Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF).

O município encontra-se territorializado, com adscrição de áreas de abrangência e

cobertura de 100% da população urbana e rural, 64 % pela ESF e 36% pelas UBS

Convencionais.

Estou inserida na ESF Polivalente 2 do município de Passos desde 2014. A ESF

Polivalente 2 está dividida em 6 microáreas que atendem 568 famílias cadastradas, totalizando

1950 moradores. O horário de funcionamento da ESF é de 7:00 às 16:30 horas.

A equipe de saúde da família é composta por um médico, uma enfermeira, um técnico

de enfermagem e seis agentes comunitários de saúde (ACS). A estrutura física da unidade é

composta por dois consultórios, uma farmácia, recepção, banheiro discriminado por sexo para

o público e para os funcionários, sala dos ACS, sala de expurgo, sala de esterilização, sala de

vacina e sala de curativo.

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Após realização do diagnóstico situacional na área de abrangência da ESF, foi possível

identificar diferentes problemas, como por exemplo: hábitos e estilos de vida inadequados,

desemprego, baixo nível cultural, elevado número de pacientes portadores de DCNT,

incremento do número de pacientes portadores de doenças mentais, elevado número de

pacientes consumidores de drogas lícitas e ilícitas, e indícios de violência doméstica contra a

mulher.

A violência contra a mulher é uma questão sociocultural presente nas mais diversas

comunidades (GARBIN et al., 2006) e que tem assumido proporções bastante elevadas

(ALVES, 2005).

De acordo com Garbin et al. (2006) a violência doméstica, que é a mais comum das

violências contra a mulher, deve ser detectada pelos profissionais de saúde e encarada como

questão de saúde pública. Entretanto, os profissionais de saúde apresentam muitas

dificuldades para identificar este fenômeno.

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2 JUSTIFICATIVA

A suspeita ou confirmação de abusos ou maus tratos ainda é um desafio para os

profissionais da saúde, principalmente por falta de informações técnicas e científicas (PIRES;

MIYAZAKI, 2005).

Os profissionais têm que estar preparados em sua área de abrangência para identificar

os casos de suspeita de maus tratos e atuar adequadamente para assim reduzir este problema

(PIRES; MIYAZAKI, 2005).

Baseando-se nos indícios de violência doméstica contra a mulher na área de

abrangência da ESF Polivalente 2 este trabalho justifica-se como forma de capacitar a equipe

de saúde para a identificação deste fenômeno.

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3 OBJETIVO

Elaborar um plano de ação para capacitar os profissionais da equipe de saúde da

família da ESF Polivalente 2 na detecção dos casos de violência doméstica contra a mulher.

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4 METODOLOGIA

A metodologia deste trabalho foi executada em três etapas: realização do diagnóstico

situacional; revisão de literatura e desenvolvimento do plano de ação.

O diagnóstico situacional foi baseado no método de estimativa rápida que constitui um

modo de se obter informações sobre um conjunto de problemas e dos recursos potenciais para

o seu enfrentamento, num curto período de tempo e sem altos gastos (CAMPOS; FARIA;

SANTOS, 2010). O problema selecionado foi “indícios de violência doméstica contra a

mulher”. Chegamos neste problema a partir de entrevistas com informantes chaves.

A revisão de literatura foi baseada em artigos publicados em bases de dados

eletrônicas como Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciência da Saúde (LILACS) e

Scientific Electronic Library Online (SCIELO), além de monografias, dissertações e teses.

Foram utilizados os seguintes descritores: violência doméstica, violência contra a mulher,

agressão e atenção básica.

Por fim foi proposto um plano de ação realizado através do método do Planejamento

Estratégico Situacional (PES) (CAMPOS; FARIA; SANTOS, 2010).

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5. REVISÃO DE LITERATURA

5.1 Violência Doméstica

Para entendermos mais, ou até falarmos mais sobre a “violência doméstica” torna-se

necessário a apresentação de alguns conceitos sobre o que é violência, para que seja dada a

devida importância ao tema proposto neste trabalho.

Podemos já de início, definir a violência, como sendo o uso de palavras e ações que

machucam as pessoas, também o abuso de poder, assim como o uso das forças que resultam

em ferimentos, torturas e mortes.

Ao buscar o conceito no Dicionário Aurélio (1999, p. 568) encontramos a seguinte

definição: “violência é qualquer ato de violentar, ou melhor, usar a força e/ou coerção/coação

que causa constrangimento físico ou moral à determinada pessoa”.

A violência sempre existiu em todas as épocas da humanidade. E podemos considerar

dois aspectos que envolve o conceito de violência: de um lado a violência que envolve a

força, do outro lado a violência que transgride, sendo esta mais imaterial, vinculada a ordens

normativas (SILVA, 2010).

Conforme Souza (1996, p. 31), a violência é “um fenômeno gerado nos processos

sociais, que atinge o âmbito das instituições, grupos e indivíduos, sendo desigualmente

distribuída, culturalmente delimitada e reveladora das contradições e das formas de

dominação na sociedade”.

De acordo com o autor acima podemos perceber que a violência não está restrita a dois

adversários, podendo então partir de uma organização contra uma comunidade; como

chacinas, campos de guerras, etc. É um ato de brutalidade, desumanidade, abuso físico ou

psíquico.

No conceito de Minayo (2009), pode-se dizer que violência é:

Um fenômeno humano, social e histórico que se traduz em atos realizados, individual ou institucionalmente, por pessoas, famílias, grupos, classes e nações, visando prejudicar, ferir, mutilar ou matar o outro, física, psicológica e até espiritualmente. No conceito de violência está incluída a ideia de omissão, que aceita e naturaliza maus tratos ao outro individual ou coletivo (MINAYO, 2009, p.135).

A violência pode ser classificada de acordo com suas características específicas e de

acordo com as delimitações de espaços em que ocorre, como é o caso da “violência

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doméstica”. Para fins deste estudo, nos atentaremos aos conceitos relacionados à “violência

doméstica”.

Machado e Gonçalves (2003 apud ALVES, 2005, p.02) consideram violência

doméstica como:

Qualquer ato, conduta ou omissão que sirva para infligir, reiteradamente e com intensidade, sofrimentos físicos, sexuais, mentais ou econômicos, de modo direto ou indireto (por meio de ameaças, enganos, coação ou qualquer outro meio) a qualquer pessoa que habite no mesmo agregado doméstico privado (pessoas – crianças, jovens, mulheres adultas, homens adultos ou idosos – a viver em alojamento comum) ou que, não habitando no mesmo agregado doméstico privado que o agente da violência seja cônjuge ou companheiro marital ou ex-cônjuge ou ex-companheiro marital (MACHADO; GONÇALVES, 2003 apud ALVES, 2005, p.02).

Apesar do nome dizer “violência doméstica”, este tipo de violência não acontece

somente dentro da própria casa, entretanto, é na maioria dos lares que acontece a maior parte

das violências (DAY et al., 2003). É um acontecimento antigo, mas nos dias de hoje tornou-se

um problema social (SILVA, 2010).

De acordo com o II Plano Nacional Contra a Violência Doméstica (2003/2006), esta

prática além de atravessar os tempos, têm características similares em países cultural e

geograficamente distintos e, com diferentes graus de desenvolvimento (ALVES, 2005).

A violência doméstica diz respeito aos conflitos familiares transformados em intolerância, abusos e opressão. Tem muitas manifestações, mas as mais comuns são as que submetem as mulheres, crianças e idosos à autoridade do pai, marido e provedor. Também colocam as crianças e jovens sob o domínio (ao invés da proteção) dos adultos (TOLEDO, 2013, p.8).

A violência doméstica pode se manifestar de várias formas e com diferentes graus de

severidade. As formas mais comuns são: física, psicológica e sexual (BRASIL, 2002;

ALVES, 2005).

A violência física ocorre quando alguém causa ou tenta causar dano por meio de força

física, de algum tipo de arma ou instrumento que possa causar lesões internas, externas ou

ambas.

A violência psicológica inclui toda ação ou omissão que causa ou visa a causar dano à

autoestima, à identidade ou ao desenvolvimento da pessoa.

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A violência sexual é toda ação na qual uma pessoa, em situação de poder, obriga uma

outra à realização de práticas sexuais, utilizando força física, influência psicológica ou uso de

armas ou drogas. A violência sexual ocorre em uma variedade de situações como estupro,

sexo forçado no casamento, abuso sexual infantil, abuso incestuoso e assédio sexual.

A violência doméstica não é episódica, pelo contrário, é corrente, socialmente tolerada

e escondida pela vítima em nome da sacralidade da instituição familiar (OLIVEIRA, 2012).

A “violência contra a mulher” compreende qualquer ato ou conduta baseada no

gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na

esfera pública como na esfera privada (SANTOS, 2001 apud GARBIN et al., 2006).

A violência doméstica contra a mulher atinge repercursões em vários aspectos da sua

vida, no trabalho, nas relações sociais e na saúde (física e psicológica) (FONSECA;

RIBEIRO; LEAL, 2012).

De acordo com Waiselfisz (2012) a violência física foi a preponderante contra as

mulheres atendidas pelo SUS em 2011, englobando, 44,2% dos casos. A psicológica

representou acima de 20%. Já a violência sexual foi responsável por 12,2% dos atendimentos.

O estudo realizado por Fonseca, Ribeiro e Leal (2012), com 12 mulheres que os

pesquisadores buscaram na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher na cidade de

João Pessoa, indicou que as mulheres vítimas de violência doméstica participantes da

pesquisa sofriam principalmente violência física e psicológica.

Já no estudo de Albuquerque et al. (2013) realizado com 86 mulheres de uma Unidade

de Saúde da Família no município de João Pessoa (PB), 46% afirmaram ter sofrido violência

psicológica.

Dias (2000 apud ALVES, 2005) afirmou que a maior frequência de violência

doméstica contra as mulheres é a violência física.

A violência contra as mulheres em todo seu ciclo de vida deriva principalmente de

padrões culturais, em particular os efeitos nocivos de certas práticas tradicionais ou

costumeiras e de todos os atos de extremismo ligado à raça, sexo, língua ou religião que

perpetuam o status inferior atribuído às mulheres na família, no trabalho, na comunidade e na

sociedade (ALBERDI; MATAS, 2002).

Cada tipo de violência gera, segundo Kashani e Allan (1998 apud Fonseca e Lucas,

2006):

Prejuízos nas esferas do desenvolvimento físico, cognitivo, social, moral, emocional ou afetivo. As manifestações físicas da violência podem ser

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agudas, como as inflamações, contusões, hematomas, ou crônicas, deixando sequelas para toda a vida, como as limitações no movimento motor, traumatismos, a instalação de deficiências físicas, entre outras (KASHANI; ALLAN, 1998 apud FONSECA; LUCAS, 2006, p.11).

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2015) a Lei Maria da

Penha (11.340/2006) foi responsável por evitar milhares de casos de violência doméstica no

país desde que entrou em vigor em 2006. No caso do Brasil, a lei também prevê medidas

cautelares de separação do casal, guarda de filhos e alimentos e um conjunto de medidas de

assistência que objetivam fortalecer as mulheres para sair da situação de violência (CAMPOS;

MARRA; PASINATO, 2011).

5.2 Violência Doméstica contra a Mulher e Atenção Primária à Saúde

Apesar do enfrentamento à violência doméstica ser extremamente difícil, ele pode se

dar de diversas formas (LYRA, 2015).

Manifestações de violência doméstica são motivos que levam um grande número de

pessoas a buscarem ajuda nos serviços de saúde, nas instituições policiais e jurídicas, nas

organizações governamentais e outros (DINIZ; ANGELIM, 2003).

Considerando que a violência afeta o processo saúde/doença das mulheres, o setor de

saúde representa lócus privilegiado para identificação dessas situações (GOMES;

ERDMANN, 2014). Entretanto, os profissionais devem estar preparados para identificar esse

fenômeno.

Compreendendo a violência como uma questão de saúde, a Estratégia Saúde da

Família (ESF) representa a porta de entrada dos casos de violência, podendo configurar-se

enquanto espaço de acolhimento e elaboração de projetos de apoio à mulher em situação de

violência (JÚNIOR, MORAES, 2010 apud GOMES; ERDMANN, 2014). Mas muitas vezes

os profissionais de saúde não estão preparados para lidar com situações de violência. Os

profissionais, não raro, adotam uma atitude de omissão frente aos casos, não os tomando

como objeto de seu trabalho (MOREIRA, 2014).

Os serviços básicos de saúde são importantes para detecção da violência devido à sua

proximidade e ampla cobertura. Porém, para que ocorra visibilidade da violência doméstica

na rede básica de saúde são necessárias mudanças organizativas no serviço e nas abordagens

realizadas pelos profissionais (ANDRADE; FONSECA, 2008).

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Apesar de alguns profissionais conseguirem identificar os casos de violência

doméstica, muitos ainda encontram dificuldade em perceber a violência como demanda de

ação específica para o setor saúde, o que, certamente, tem repercussões no seu envolvimento e

intervenção posterior (BORSOI; BRANDÃO; CAVALCANTI, 2009).

Alguns profissionais se sentem impotentes diante dessa situação de violência, pois têm

pouco ou nenhum poder de resolução. Dentro desse assunto Quadros (2013) completa que o

fato desses profissionais se sentirem impotentes pode ser atribuído à falta de capacitação para

assistir mulheres que vivenciam ou vivenciaram situação de violência doméstica.

Existem organizações que têm desenvolvido guias, roteiros ou protocolos para ajudar

os profissionais de saúde a compreender, identificar e realizar os encaminhamentos

necessários às vítimas de violência doméstica (LIMA; BUCHELE; CLÍMACO, 2008 apud

QUADROS et al., 2013).

Como a violência é um fenômeno de grande complexidade, as políticas públicas e as

ações voltadas para esse fim devem possuir caráter intersetorial e multidisciplinar. Embora o

sistema de saúde ainda não esteja adequadamente preparado para o enfrentamento da

violência, existem diversos esforços sendo feitos nos serviços (BIS, 2013).

Em estudo realizado por Silva et al. (2013) com objetivo de descrever as oficinas

pedagógicas realizadas com profissionais de equipes de saúde da família com a temática

violência contra as mulheres, os autores verificaram que houve maior integração entre os

profissionais das equipes de saúde e setores da educação, justiça e assistência social após

realização das oficinas. Além disso, emergiu a necessidade do trabalho contínuo dessa

temática por meio da Educação Permanente.

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6. PLANO DE AÇÃO

6.1 Definição dos Problemas

Após realização do diagnóstico situacional na área de abrangência da ESF foi possível

identificar diferentes problemas, como por exemplo:

• Hábitos e estilos de vida inadequados,

• Desemprego,

• Baixo nível cultural,

• Elevado número de pacientes portadores de DCNT,

• Incremento do número de pacientes portadores de doenças mentais,

• Elevado número de pacientes consumidores de drogas lícitas e ilícitas e,

• Indícios de violência doméstica contra a mulher.

6.2 Priorização dos Problemas

Como os problemas não podem ser enfrentados ao mesmo tempo por falta de recursos

financeiros, materiais e/ou humanos, a equipe fez a priorização dos mesmos. O quadro 1

apresenta a priorização dos problemas identificados.

Quadro 1 - Priorização dos problemas identificados.

Principais problemas Importância Urgência Capacidade de enfrentamento

Seleção

Indícios de violência doméstica contra a mulher

Alta

8

Parcial

1

Elevado número de pacientes portadores de DCNT

Alta

7

Parcial

2

Incremento do número de pacientes portadores de doenças mentais

Alta

6

Parcial

3

Elevado número de pacientes consumidores de drogas lícitas e ilícitas

Alta

6

Parcial

4

Hábitos e estilos de vida inadequados

Alta

5

Parcial

5

Baixo nível cultural Alta

5

Parcial

6

Desemprego Alta

5

Fora

7

Fonte: Autoria Própria (2015)

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6.3 Descrição do Problema Selecionado

Foi priorizado o problema de “indícios de violência doméstica contra a mulher” pela

equipe de saúde da família, apesar da equipe não saber ao certo, quantos casos existem na

área. Mas nota-se que as suspeitas estão aumentando cada vez mais.

O problema foi tratado com muita descrição pela equipe, que buscou dados que foram

fornecidos pelos vizinhos, amigos, parentes e pelos próprios Agentes Comunitários de Saúde.

Além disso, a equipe selecionou indicadores da frequência de alguns problemas que podem

estar relacionados à “violência doméstica contra a mulher” como fraturas, hematomas,

emocional abalado, medo, tristeza, alcoolismo, drogas, dependência, etc.

É importante ressaltar as dificuldades dos profissionais frente a esses problemas, por

medo, insegurança, achando que não são problemas da equipe. O quadro 2 apresenta alguns

dados levantados pela equipe que podem estar relacionados aos “indícios de violência

doméstica contra a mulher”.

Quadro 2 - Descrição do problema “indícios de violência doméstica contra a mulher”.

Descritores Valores Fonte Sofrimento Físico 50% Registro da Equipe Sofrimento Psicológico 40% Registro da Equipe Violência Sexual 10% Registro da Equipe

* Levantamento feito pela equipe (ACS, Enfermeira, Médico).

6.4 Explicação do Problema Selecionado

Muitos são os fatores que podem ser responsáveis pela violência doméstica contra a

mulher, como por exemplo, o ciúme, o consumo de álcool, a falta de dinheiro, o uso de

drogas, problemas familiares, entre outros e os profissionais de saúde devem estar preparados

para identificar esse fenômeno, pois a Estratégia Saúde da Família (ESF) representa a porta de

entrada dos casos de violência, podendo configurar-se enquanto espaço de acolhimento e

elaboração de projetos de apoio à mulher em situação de violência (JÚNIOR, MORAES,

2010 apud GOMES; ERDMANN, 2014). Mas muitas vezes os profissionais de saúde não

estão preparados para lidar com situações de violência (MOREIRA, 2014).

Os serviços básicos de saúde são importantes para detecção da violência devido à sua

proximidade e ampla cobertura. Porém, para que ocorra visibilidade da violência doméstica

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na rede básica de saúde são necessárias mudanças organizativas no serviço e nas abordagens

realizadas pelos profissionais (ANDRADE; FONSECA, 2008).

6.5 Seleção dos “nós críticos”

Neste estudo foram selecionados os seguintes “nós críticos”:

• Falta de preparo dos profissionais da equipe para lidar com situações de violência;

• Estrutura dos serviços de saúde inadequada;

• Processo de trabalho da equipe ineficiente.

6.6 Desenho das Operações

A equipe de saúde da família propôs, diante dos “nós críticos” identificados, as

operações e projetos necessários para a sua solução, os produtos e resultados esperados dessas

operações e os recursos necessários à sua execução.

O quadro 3 apresenta as operações/projetos para a solução dos nós críticos.

Quadro 3 - Desenho das operações para os “nós críticos” selecionados.

Nó Crítico Operação / Projeto

Resultados Esperados

Produtos Esperados

Recursos Necessários

Falta de preparo dos profissionais da equipe para lidar com situações de violência

Equipe preparada

Capacitar a equipe de saúde para identificar e realizar os

encaminhamentos necessários às

mulheres vítimas de violência doméstica

Equipe mais preparada para

lidar com situações de

violência

Utilização de guias, roteiros ou

protocolos para ajudar os

profissionais de saúde a

compreender, identificar e realizar os

encaminhamentos necessários às

vítimas de violência doméstica

Organizacional Para selecionar

guias, roteiros ou protocolos a

serem utilizados Político

Adesão dos profissionais

Estrutura dos serviços de saúde inadequada

Cuidar Melhor

Melhorar a estrutura do serviço, para

atendimento às mulheres vítimas

de violência doméstica

Garantia e segurança de

atendimento às mulheres vítimas

de violência doméstica

Equipe capacitada para atendimento às

mulheres vítimas de violência doméstica

Atendimento especializado com

psicólogo

Político Decisão de aumentar os recursos para estruturar o

serviço Cognitivo

Elaboração do projeto de adequação

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Processo de trabalho da equipe ineficiente

Linha Guia

Atender às mulheres que

sofrem violência doméstica

Cobertura do maior número

possível de mulheres

violentadas

Linha Guia implantada

Gestão da linha

guia

Cognitivo Elaboração de

projeto da linha guia

Político Articulação entre

os setores da saúde e adesão

dos profissionais Fonte: Autoria Própria (2015)

6.7 Identificação dos recursos críticos

Os recursos críticos são indispensáveis na execução de uma operação, entretanto não

estão disponíveis (CAMPOS; FARIA; SANTOS, 2010). O quadro 4 apresenta os recursos

críticos necessários para a execução do plano.

Quadro 4 – Identificação dos recursos críticos.

Operação/ Projeto Recursos críticos Equipe preparada

Capacitar a equipe de saúde para

identificar e realizar os encaminhamentos necessários às

mulheres vítimas de violência doméstica

Organizacional Para selecionar guias, roteiros ou protocolos a serem utilizados. Político Adesão dos profissionais.

Cuidar Melhor

Melhorar a estrutura do serviço, para atendimento às mulheres vítimas de

violência doméstica

Político Decisão de aumentar os recursos para estruturar o serviço. Cognitivo Elaboração do projeto de adequação.

Linha Guia

Atender às mulheres que sofrem violência doméstica

Cognitivo Elaboração de projeto da linha guia. Político Articulação entre os setores da saúde e adesão dos profissionais.

Fonte: Autoria Própria (2015)

6.8 Análise de Viabilidade do Plano

A equipe de saúde da família identificou os atores que controlam os recursos críticos e

sua motivação em relação a cada operação como veremos no quadro 5.

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Quadro 5- Propostas de ações para a motivação dos atores.

Operações/ Projetos

Recursos Críticos Controle dos Recursos Críticos

Ação Estratégica

Ator que controla

Motivação

Equipe preparada

Capacitar a

equipe de saúde para identificar e

realizar os encaminhamentos

necessários às mulheres vítimas

de violência doméstica

Organizacional Para selecionar guias, roteiros ou protocolos a serem utilizados Político Adesão dos profissionais

Coordenação da ESF Equipe de saúde

Favorável Favorável

Não é necessária

Cuidar Melhor

Melhorar a estrutura do serviço, para

atendimento às mulheres vítimas

de violência doméstica

Político Decisão de aumentar os recursos para estruturar o serviço Cognitivo Elaboração do projeto de adequação

Prefeito Municipal Secretário de Saúde Equipe de saúde

Favorável Favorável Favorável

Apresentar projeto de estruturação

Linha Guia

Atender às mulheres que

sofrem violência doméstica

Cognitivo Elaboração de projeto da linha guia Político Articulação entre os setores da saúde e adesão dos profissionais

Equipe de saúde Secretário de Saúde

Favorável Favorável

Não é necessária

Fonte: Autoria Própria (2015)

6.9 Elaboração do Plano Operativo

Em reunião com a equipe de saúde da família e todas as pessoas envolvidas no

planejamento foi feita a divisão de responsabilidades por operação e os prazos para a

realização de cada produto, conforme apresentado no quadro 6.

Quadro 6 – Plano Operativo.

Operações Resultados esperados

Produtos esperados

Responsável Prazo

Equipe preparada

Capacitar a equipe

de saúde para identificar e

Equipe mais preparada para

lidar com situações de violência

Utilização de guias, roteiros ou protocolos para

ajudar os profissionais de

saúde a

Ângela Evania

3 meses para o início das atividades

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realizar os encaminhamentos

necessários às mulheres vítimas

de violência doméstica

compreender, identificar e realizar os

encaminhamentos necessários às

vítimas de violência doméstica

Cuidar Melhor

Melhorar a estrutura do serviço, para

atendimento às mulheres vítimas

de violência doméstica

Garantia e segurança de

atendimento às mulheres vítimas

de violência doméstica

Equipe capacitada para atendimento

às mulheres vítimas de violência doméstica

Atendimento especializado com

psicólogo

Edriane Penha

3 meses para o início das atividades

Linha Guia

Atender às mulheres que

sofrem violência doméstica

Cobertura do maior número

possível de mulheres

violentadas

Linha Guia implantada

Gestão da linha

guia

Solange Luciano

2 meses após início das atividades

Fonte: Autoria Própria (2015)

6.10 Gestão do plano

Os quadros 7 a 9 apresentam a situação atual das operações e os campos a serem

preenchidos durante o acompanhamento das mesmas.

Quadro 7 - Planilha de acompanhamento do projeto: Equipe preparada.

Operação: Equipe preparada Produtos esperados

Responsável Prazo Situação atual Justificativa Novo prazo

Utilização de guias, roteiros ou protocolos para

ajudar os profissionais de

saúde a compreender, identificar e realizar os

encaminhamentos necessários às

vítimas de violência doméstica

Angela Evania

3 meses para o início das atividades

Em desenvolvimento

Fonte: Autoria Própria (2015)

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Quadro 8 - Planilha de acompanhamento do projeto: Cuidar Melhor.

Operação: Cuidar Melhor Produtos esperados

Responsável Prazo Situação atual Justificativa Novo prazo

Equipe capacitada para atendimento às

mulheres vítimas de violência doméstica

Atendimento especializado com psicólogo

Edriane Penha

3 meses para o início das atividades

Em desenvolvimento

Fonte: Autoria Própria (2015)

Quadro 9 - Planilha de acompanhamento do projeto: Linha Guia.

Operação: Linha Guia Produtos esperados

Responsável Prazo Situação atual Justificativa Novo prazo

Linha Guia implantada

Gestão da linha

guia

Solange Luciano

2 meses após início das atividades

Em desenvolvimento

Fonte: Autoria Própria (2015)

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a realização do diagnóstico situacional na área de abrangência da ESF

Polivalente 2 a equipe selecionou como problema principal os indícios de violência doméstica

contra a mulher. Entretanto, os profissionais de saúde apresentam muitas dificuldades para

identificar este fenômeno. Sendo assim, este trabalho buscou desenvolver um plano de ação

para capacitar os profissionais da equipe de saúde da família da ESF Polivalente 2 na detecção

dos casos de violência doméstica contra a mulher.

Os projetos têm como objetivos capacitar a equipe de saúde para identificar e realizar

os encaminhamentos necessários às mulheres vítimas de violência doméstica, assim como

melhorar a estrutura do serviço para atendimento a essas mulheres.

Acreditamos que os projetos poderão aumentar a confiança dos profissionais não só na

percepção da violência como demanda de ação para o setor saúde, mas também na

identificação e encaminhamentos dos casos de violência doméstica.

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