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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 100
IV - EQUIPES DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA:
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E PRÁTICAS ASSISTENCIAIS
O campo da Saúde da Família destaca os recursos humanos como fator fundamental para a
implementação do programa nos municípios. Vários estudos já observaram a ausência de
profissionais capacitados para atuar neste tipo de projeto. É necessário habilitação para o
trabalho multiprofissional e interdisciplinar, organizado a partir de uma equipe, onde não há
supostamente uma hierarquia. Em face disto há dificuldades em contratar profissionais
apesar de salários mais atraentes, e a rotatividade entre os mesmos prejudica a organização
do trabalho e o processo de transformação das práticas assistenciais.
Outro problema que deve ser enfrentado para efetiva substituição de práticas assistenciais
proposta pela estratégia da Saúde da Família é a insegurança no trabalho gerada pela
prevalência de formas de contratação precárias, praticadas em face da reforma do Estado e
expressas na Lei de Responsabilidade Fiscal dos Municípios que não permite ultrapassar
65% os gastos com pessoal.
Esse é um dilema importante desta inovação nas práticas de saúde: é um processo intensivo
em força de trabalho implementado em uma conjuntura que impõe limites severos para a
contratação. É uma proposta sustentada no estabelecimento de vínculos com a comunidade
sem garantir os vínculos trabalhistas para as ESF.
Segundo as diretrizes da Estratégia da Saúde da Família (MS/SAS, 1998), há algumas
competências de caráter geral e organizacional que os profissionais de saúde da família
devem desenvolver, além do reconhecimento da relevância do trabalho em equipe a ser
desenvolvido em uma unidade básica de saúde:
Promoção da saúde, ou seja, capacidade de identificar os fatores determinantes da
qualidade de vida, bem como compreender o sentido da responsabilização
compartilhada como base para o desenvolvimento das ações que contribuem para o
alcance de uma vida saudável.
Planejamento das ações, capacidade para diagnosticar a realidade local para
elaborar e avaliar planos de trabalho capazes de produzir impacto sobre a realidade
sanitária na população, familiar e individual de uma área de abrangência.
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Ao investigar a experiência de implementação do Programa de Saúde da Família em
Goiânia (GO) levantou-se junto a todos os integrantes das 75 ESF já implantadas no
município até 31 de julho de 2001. As informações, opiniões e percepções desses buscam
identificar o perfil dos profissionais que compõem suas equipes, a forma de inserção no
PSF, os fatores importantes a análise da operacionalização da conversão do modelo de
atenção à saúde nas Unidades Básicas e do estabelecimento de vínculos entre a ESF e a
comunidade.
A análise está estruturada ao redor dos eixos: organização do trabalho proposta para as
Equipe de Saúde da Família no município, a absorção e valorização pelos profissionais e
pela população-alvo do modelo de atenção; facilidades e dificuldades encontradas pelos
profissionais para o desempenho de suas atribuições e efetivo desenvolvimento das
diretrizes da Saúde da Família.
A percepção da ESF sobre a articulação do PSF com a rede de serviços de saúde, já
analisada anteriormente no capítulo sobre implementação, retorna aqui ilustrada com
percepções dos profissionais de nível superior, médio e elementar.
Tabela 48 – Total de profissionais pesquisados das ESF em Goiânia (GO), 2001
Profissional Responderam Não Responderam Total
Médico 45 18 63
Enfermeiro 49 6 55
Agente Comunitário de Saúde 245 35 280
Auxiliar de Enfermagem 57 6 63
Total 396 65 461
1.PERFIL DOS PROFISSIONAIS DAS EQUIPES DE SAÚDE DAS FAMÍLIAS
Perfil dos profissionais de nível superior
O perfil nacional dos profissionais do PSF (MS, 2000) mostra que os médicos se dividem
entre homens e mulheres; enquanto que entre enfermeiros, a grande maioria é de mulheres.
Os profissionais que, mesmo inseridos no mercado, optaram por trabalhar em USF são
formados em faculdades públicas e têm entre 30 e 49 anos. É baixo o índice de pós-
graduação entre os mesmos, apesar dos médicos considerarem necessário o aprimoramento
profissional.
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A composição das 75 ESF de Goiânia envolve, em tese, 75 médicos, 75 enfermeiras, já que
em Goiânia a equipe não tem odóntologos. Essa composição não foi verificada no conjunto
existente de profissionais de nível superior nem tampouco entre os que responderam os
questionários.
Como se observa a maioria dos profissionais é do sexo feminino (72,3%), predominância
que é absoluta entre os enfermeiros, 47 ou 95,92%. Entre os médicos é maior a presença do
sexo masculino: 24 ou 53,33% da categoria.
Tabela 49 - Caracterização dos profissionais de nível superior quanto a função por
sexo, Goiânia (GO), 2001
Categoria
Profissional
Masculino Feminino Total
N % N % N
Médico 24 53,33 21 46,7 45
Enfermeiro 2 4,1 47 95,9 49
Total 26 27,6 68 72,3 94
As ESF de Goiânia são formadas por profissionais jovens. A maior concentração está na
faixa etária compreendida entre 25 e 29 anos de idade, com 33 profissionais (35,1%), mas
se analisarmos o conjunto de dados temos um percentual cumulativo de 58,5% até os 39
anos. Destacam-se também 18 profissionais com mais de 50 anos (23,5% do total de
profissionais), indicando atração de segmentos no final de carreira.
Tabela 50 - Caracterização dos profissionais de nível superior quanto à faixa etária,
Goiânia (GO), 2001
Faixa Etária N %
de 20 a 24 anos 1 1,1
de 25 a 29 anos 33 35,1
de 30 a 34 anos 17 18,1
de 35 a 39 anos 4 4,3
de 40 a 44 anos 2 2,1
de 45 a 49 anos 15 16
de 50 a 54 anos 12 12,8
de 55 a 59 anos 3 3,2
60 anos e mais 3 3,2
Não respondeu 4 4,3
Total 94 100
Entre os profissionais de nível superior pesquisados observa-se que pouco mais da metade
(54,6%) tem curso de especialização. Embora não tenham sido tabuladas por categoria
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profissional as informações disponíveis indicam que a especialização é maior entre médicos
divididos entre saúde pública (23,4%) e clínica básica (11,7%), destacando-se pediatria,
obstetrícia e clínica médica. Entre as enfermeiras apenas uma declarou ter especialização
em enfermagem obstétrica. Há também 10 profissionais com mais de uma especialização,
combinado-se saúde pública/coletiva e clínica, além de seis médicos com curso em clínicas
especializadas como reumatologia, nefrologia, cardiologia, urologia e medicina do trabalho.
Tabela 51 - Caracterização dos profissionais de nível superior quanto à especialização,
Goiânia (GO), 2001
Especialização N %
Tem 51 54,2
Medicina Social/Saúde Pública 22 23,4
Clinica Básica
Clinica Especializada
11
6
11,7
6,3
Dupla Especialização 10 10,6
Não Tem /Não Respondeu 43 45,8
Total 94 100,0
A principal motivação para médicos e enfermeiros aderirem ao PSF em Goiânia refere-se a
"compartilhar a idéia de que a estratégia Saúde da Família pode reorganizar a atenção à
saúde no SUS", e "identificar-se com a proposta do PSF no município", sendo que para os
enfermeiros (55,1%) o fato das atribuições do profissional de enfermagem ser compatível
com sua formação e especialização também é considerado fator importante de motivação.
Entre 40% dos médicos o PSF foi apontado como possibilidade de uma vida mais
organizada a partir de uma jornada fixa e remuneração compatível.
Não se confirma a tese de que os profissionais vêem o PSF como um mercado promissor,
com salário diferenciado, procurado por profissionais insatisfeitos em suas inserções
anteriores. Entre os entrevistados apenas dois enfermeiros estavam desempregados ao
escolher a inserção no PSF.
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Tabela 52 – Caracterização dos profissionais de nível superior quanto ao motivo da
opção pelo PSF, Goiânia (GO), 2001
Motivo da opção pelo PSF Médico Enfer
meiro
Total
N % N % N %
Porque é um mercado de trabalho promissor, com salário
diferenciado
4 8,8 4 8,2 8 8,5
Por se sentir motivado para trabalhar junto a comunidades
pobres
18 40% 19 38,7 37 39,4
Porque a Secretaria Municipal de Saúde ofereceu a
possibilidade para mudar de prática dentro da rede local
11 24,4 6 12,2 17 18,1
Por se identificar com a proposta de trabalho do PSF no
município
25 55,5 32 65,3 57 60,6
Por considerar as atribuições de médicos/ enfermeiros do
PSF compatíveis com a sua formação e especialização
13 28,8 27 55,7 40 42,5
Por estar insatisfeito com a atividade e a remuneração
anterior.
3 6,6 2 4,1 5 5,3
Por estar desempregado - - 2 4,1 2 2,1
Pela possibilidade de ter uma vida organizada a partir de
uma jornada de trabalho fixa e remuneração compatível
18 40 3 6,1 21 22,3
Por compartilhar com a idéia de que a estratégia da Saúde
da Família pode reorganizar a atenção à saúde no SUS
38 84,4 33 67,3 71 75,5
Por compartilhar com a idéia de que a estratégia da Saúde
da Família pode ser um avanço no sentido do controle
social da população organizada sobre os serviços de
atenção social
26 57,7 28 57,1 54 57,4
Outro 3 6,6 5 10, 8 8,5
Conclui-se que no caso de Goiânia as ESF estão funcionando incompletas, há falta de
profissionais de nível superior, os quais apresentam uma formação pouco adequada para o
perfil do trabalho proposto para o PSF.
Perfil dos profissionais de nível médio e elementar
Observa-se que nas duas categorias profissionais há uma presença predominante do sexo
feminino (91,8%), sendo maior entre os agentes comunitários de saúde.
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Tabela 53 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar quanto à
categoria profissional, por sexo, Goiânia (GO), 2001
Função Masculino Feminino Total
N % N % N %
Agente Comunitário de Saúde 17 5,6 228 75,5 245 81
Auxiliar de Enfermagem 8 2,6 49 16,22 57 19
Total 25 8,2 277 91,8 302 100
Os profissionais de nível médio e elementar da ESF de Goiânia apresentam uma
composição interessante. Tem uma população de jovens até 30 anos de 114 profissionais. A
maior concentração está entre os 30 e 35 anos, com 74 profissionais (24,5%). Abaixo há um
elenco de 97 profissionais em idade madura .Somente 5 profissionais estão acima dos 50
anos, sendo portanto baixa a inserção de pessoas com experiência.
Tabela 54 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar, quanto à
faixa etária, Goiânia (GO), 2001
Faixa etária N %
menos de 20 anos 4 1,3
de 20 a 24 anos 55 18,2
de 25 a 29 anos 55 18,2
de 30 a 34 anos 74 24,5
de 35 a 39 anos 54 17,9
de 40 a 44 anos 43 14,2
de 45 a 49 anos 12 4
de 50 a 54 anos 4 1,3
60 anos e mais 1 0,3
Total 302 100
Percebe-se que grande parte dos profissionais tem o ensino médio completo, ou seja,
concluíram a terceira série do segundo grau (191 pessoas ou 63,2%). A escolaridade se
revela muito alta se a este fato se acresce que há uma concentração de 10,9% com a ultima
série do primeiro grau completa, indicando que estes profissionais têm nível elementar e
mais 16% cursam o segundo grau.
Quando perguntados se tinham uma formação técnica 141 responderam sim, e 65,2 %
destes afirma ser em enfermagem, 12,8% em contabilidade e 9,9 % em magistério.
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Tabela 55 - Caracterização quanto à escolaridade dos profissionais de nível médio e
elementar, Goiânia (GO), 2001
Nível de escolaridade N % Percentual
Válido
Percentual
Acumulado
1ª série do 1º grau 1 0,3 0,3 0,3
3ª série do 1º grau 1 0,3 0,3 0,7
4ª série do 1º grau 1 0,3 0,3 1
5ª série do 1º grau 2 0,7 0,7 1,7
6ª série do 1º grau 2 0,7 0,7 2,3
7ª série do 1º grau 2 0,7 0,7 3
8ª série do 1º grau 33 10,9 10,9 13,9
1ª série do 2º grau 18 6 6 19,9
2ª série do 2º grau 35 11,6 11,6 31,5
3ª série do 2º grau 191 63,2 63,2 94,7
4ª série do 2º grau 7 2,3 2,3 97
Superior completo e incompleto 7 2,3 2,3 99,3
Não sabe/Não respondeu 2 0,7 0,7 100
Total 302 100 100
A maioria dos entrevistados afirmou ter realizado curso com enfoque em Saúde da Família,
que pode ter sido parte da capacitação profissional do PSF. Os profissionais tomaram
conhecimento do PSF através de divulgação da seleção de profissionais para o programa
feita na comunidade.
O perfil deles aponta uma boa escolaridade, e parte com formação técnica apropriada ao
trabalho. No entanto, as ESF em Goiânia apresentam-se bastante incompletas, pois em tese
deveriam existir 300 ACS e 75 auxiliares de enfermagem.
2. INSERÇÃO PROFISSIONAL NO PSF
Inserção dos médicos, odontólogos e enfermeiros no PSF
A inserção do profissional é aqui analisada como todo o processo administrativo que
recruta, seleciona, contrata com jornada de trabalho específica, exerce supervisão do
trabalho, entendida como educação continuada e define o processo de trabalho no âmbito
das unidades de saúde da família. A inserção profissional estrutura a organização do
trabalho e das práticas assistenciais. O processo formador motiva o profissional a optar por
esta modalidade de trabalho, como uma alternativa no mercado de trabalho.
Esse processo é estudado pela caracterização dos profissionais de nível superior quanto à
experiência anterior, ao tempo de atuação no PSF, à forma de seleção, à modalidade de
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contratação, carga horária e tipo de capacitação oferecida para o profissional pela
coordenação do PSF municipal.
Grande número de entrevistados (39%) declaram nunca ter tido experiência em projetos
semelhantes ao PSF, com destaque maior entre os médicos (26,6%). 61% dos profissionais
já tiveram experiência anterior em outro município ou estado.
Tabela 56 – Caracterização dos profissionais de nível superior quanto à experiência
anterior, Goiânia (GO), 2001
Categoria Profissional Médico Enfermeiro Total
Neste município - 2 2
Em outro município 14 19 33
Em outro Estado 9 15 24
Nunca teve esse tipo de
experiência
25 12 37
Não sabe / não reponde 1 1
Quanto ao tempo de atuação no PSF, a maior concentração é na faixa de 13 a 24 meses de
atuação, seguido de 25 até 36 meses, perfazendo as duas faixas mais de 65% dos
profissionais. Há 13 profissionais no programa desde sua implantação e 15% dos
profissionais ingressaram há menos de um ano.
Tabela 57 - Caracterização dos profissionais de nível superior quanto ao tempo de
atuação e categoria profissional no PSF, Goiânia (GO) 2001
Tempo de atuação no PSF Médico Enfermeiro Total
Até seis meses 2 6 8
De seis meses a 12 meses 4 2 6
De 13 meses a 24 meses 17 16 33
De 25 meses a 36 meses 16 16 32
De 37 meses a 48 meses 5 7 12
Mais de 4 anos - 2 2
Não sabe/Não respondeu 1 - 1
Total 45 49 94
Todos os profissionais foram selecionados por processo de convocação pública mediante
entrevista e análise de currículo. Algumas informações evidenciam que nem todos os
profissionais conhecem e entendem o processo administrativo de seleção e contratação.
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Tabela 58 - Caracterização dos profissionais de nível superior por função quanto à
forma de seleção do PSF, Goiânia (GO), 2001
Forma de seleção Médico
N
%
Enfermeiro
N
%
Total
N
Concurso público, envolvendo prova, currículo e
entrevista
2 25 6 75 8
Seleção interna à Secretaria Municipal de Saúde de
profissionais da própria rede local
13 52 12 48 25
Entrevista 38 52,1 35 47,9 73
Análise de currículo 34 46,6 39 53,7 73
Indicação de gestores 2 100 - - 2
Outro 2 50 2 50 4
Várias são as modalidades de contratação: os médicos do PSF têm contrato com a SMS,
regido pela CLT, e grande número menciona receber bolsa de complementação salarial de
órgão federal. Entre os enfermeiros prevalece contrato através de empresa que presta
serviço a SMS.
84% dos profissionais têm vínculo de 40 horas semanais sendo que esta é a carga horária de
trabalho semanal entre 73,33% dos médicos e 93,88% dos enfermeiros. Os salários de
médicos e enfermeiros são diferenciados, sendo que ambas as categorias consideram que o
piso salarial é incompatível com as atribuições desenvolvidas. A maior insatisfação
encontra-se entre os enfermeiros (98,0%), o que indica frustração deste profissional em
face às expectativas da escolha, pois como se viu no perfil, os enfermeiros indicam que as
atribuições do PSF são compatíveis com sua formação.
Tabela 59 - Caracterização dos profissionais de nível superior por função quanto às
faixas salariais, Goiânia (GO), 2001
Faixas salariais Médico Enfermeiro Total
N % N % N
Até R$ 1000,00 1 12,5 7 87,5 8
De R$ 1001,00 a R$ 2000,00 6 12,8 41 87,2 47
De R$ 2001,00 a R$ 3000,00 12 100 - - 12
De R$ 3001,00 a R$ 4000,00 25 100 - - 25
Não sabe/Não respondeu 1 50 1 50 2
Solicitados a indicar o tipo necessário de capacitação para o desempenho de suas
atividades, destacam as diversas opções com relativo equilíbrio, indicando a importância da
educação continuada na proposta de trabalho. As freqüências são altas, e em ordem
decrescente as respostas foram: “participar de encontros entre os profissionais da saúde da
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família para troca de experiências” (75), “receber treinamento de atualização em atenção
básica" (74), “receber capacitação permanente focalizada nos atendimentos a grupos
específicos” (69) e "receber treinamento introdutório adequado às novas atribuições” (61).
Tabela 60 - Caracterização dos profissionais de nível superior por função quanto ao
tipo de capacitação necessária ao exercício, Goiânia (GO), 2001
Tipo de capacitação necessária Médico Enfermeiro Total
N % N % N
Receber treinamento introdutório adequado às novas atribuições 34 75,6 27 55,1 61
Receber treinamento de atualização em atenção básica para
médicos e enfermeiros
36 80 38 73,4 74
Receber treinamento que permita a elaboração ou o
aperfeiçoamento da análise do perfil epidemiológico local
28 62,2 25 51 53
Receber capacitação permanente focalizada nos atendimentos a
grupos específicos
39 86,6 30 61,2 69
Participar de encontros entre os profissionais da saúde da família
promovidas pela secretaria municipal para troca de experiências
36 80 39 79,6 75
Não sabe/Não respondeu - - 1 100 1
A supervisão é uma variável limite entre o processo administrativo de inserção e a
organização das práticas de assistência a partir de novas abordagens. O resultado sobre a
existência de supervisão foi amplamente positivo: 81 % reconhecem a sua realização, sendo
que 59,8% declaram que sua periodicidade “é ocasional” e 12,3% dizem ser semanal.
Perguntados sobre a natureza da atividade de supervisão, há forte indicação de que a
supervisão é essencialmente gerencial, como indicam 65 dos entrevistados e 23 declaram
que ela está direcionada às relações interpessoais. Os principais objetivos da supervisão são
o controle das atividades realizadas (45), o estabelecimento de elo de ligação entre gestão e
execução (38) e oferecer suporte técnico a ESF (31).
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Tabela 61 - Caracterização dos profissionais de nível superior por função quanto à
freqüência das atividades de supervisão, Goiânia (GO), 2001
Supervisão Médico
N %
Enfermeiro
N %
Total
N
É ocasional 26 54,2 22 45,8 48 100
Obedece a uma programação prévia 8 44,4 10 55,6 18 100
Tem periodicidade semanal 4 40 6 60 10 100
Tem periodicidade mensal 1 100 1 100
Outra 1 33,3 2 66,7 3 100
Não sabe/Não respondeu 1 100 1 100
Inserção de Agentes Comunitários de Saúde e Auxiliar de Enfermagem no PSF
O tempo de atuação dos profissionais de nível médio e elementar das ESF concentra-se na
faixa de 25 a 36 meses, indicando uma certa estabilidade dos que se incorporaram, já que os
processos seletivos a partir da implantação obedeceram a um cronograma. Há 55
profissionais atuando desde o início do programa e mais recentemente tem havido
recrutamento especialmente para ACS, não havendo proporcionalidade nesta locação.
Tabela 62 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar por categoria
profissional e quanto ao tempo de atuação no PSF, Goiânia (GO), 2001
Tempo de atuação no PSF Agente Comunitário de
Saúde
Auxiliar de Enfermagem Total
Até seis meses 14 4 18
De seis meses a 12 meses 36 2 38
De 13 meses a 24 meses 35 15 50
De 25 meses a 36 meses 104 21 125
De 37 meses a 48 meses 44 11 55
Mais de 4 anos 2 2 4
Não sabe/Não respondeu 10 2 12
Total 245 57 302
Observa-se que os entrevistados em sua maioria (258) declara ter passado por um
processo seletivo coordenado pela Secretaria Municipal de Saúde, envolvendo entrevista
e em menor escala, análise de currículo. Os entrevistados confirmam a inexistência de
indicação política mas percebe-se a influência de gestores na inserção de profissionais
no programa.
Há certo desconhecimento sobre as formas de contratação, embora a mais assinalada é
"através de serviço prestado à SMS por empresa". A quase totalidade dos profissionais do
PSF, 278 (92,1%) considera que o salário não está compatível com as atribuições,
indicando insatisfação quanto às condições salariais.
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Tabela 63 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar por categoria
profissional e quanto à forma de seleção, Goiânia (GO), 2001
Forma de seleção ACS
N %
Auxiliar de
Enfermagem
N %
Total
N
Carta de apresentação de associação de moradores endossando
a sua residência junto à Secretaria Municipal de Saúde
1 100 1
Processo seletivo da Secretaria Municipal de Saúde 222 86 36 14 258
Análise de currículo 8 33 16 67 24
Entrevista 171 83 34 17 205
Indicação de políticos (prefeito, vereador) 1 50 1 50 2
Indicação dos gestores do PSF 5 56 4 44 9
Outro 6 67 3 33 9
Não sabe/Não respondeu 9 69 4 31 13
A capacitação profissional é percebida como necessária ao desempenho das atividades. O
treinamento introdutório para conhecer competências e atribuições dos membros da equipe
é o mais indicado pelos profissionais de nível médio e elementar (254), seguido por “ter
capacitação permanente para ações focalizadas sobre os grupos de risco” (196) e “ter
supervisão em serviço sob a liderança da enfermeira” (158).
Tabela 64 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar por categoria
profissional e quanto ao tipo de capacitação necessária ao exercício
profissional, Goiânia (GO), 2001
Tipo de capacitação Necessária Agente
Comunitário
de Saúde
N %
Auxiliar de
Enfermagem
N %
Total
N
Ter treinamento introdutório para conhecer competências
e atribuições dos membros da equipe
205 81 49 19 254
Ter supervisão em serviço sob a liderança da enfermeira 121 77 37 23 158
Ter capacitação permanente para ações focalizadas sobre
os grupos de risco
157 80 39 20 196
Outra 21 91 2 8,7 23
Não sabe/Não respondeu 21 88 3 13 24
A supervisão dos profissionais é entendida como uma atividade positiva que visa,
principalmente, favorecer o bom entrosamento e cooperação na equipe, é um elo de ligação
entre gestão e execução, e propicia melhor integração dos profissionais na realização das
atividades programadas.
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Tabela 65 – Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar quanto aos
objetivos da atividade de supervisão, Goiânia (GO), 2001
Objetivos N %
Visa o resultado final do trabalho de ESF 112 13
Visa favorecer o bom entrosamento e cooperação na equipe 148 17,2
Significa um elo de ligação entre a gestão e a execução, por onde fluem
queixas, demandas
131 15,2
Permite maior participação dos ACS e dos auxiliares de enfermagem no
processo de decisão dos níveis executivos
58 6,7
Não sabe/Não tem 24 2,8
Elege temas para o processo de educação continuada em função do
acompanhamento específico das ações dos ACS e dos auxiliares de
enfermagem na comunidade
111 12,9
Controla a realização das atividades-fim quanto às regras e normas definidas
para os procedimentos como organizar as pastas familiares, estatísticas com
notificações dos indicadores de saúde
119 13,8
Controla a realização das atividades-fim do ACS e dos auxiliares de
enfermagem em relação ao Plano de Metas
99 11,5
Ajusta as metas em função do preparo técnico da ESF 59 6,9
Total 861 100
Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de respondentes e os 100%, respectivamente,
porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta
Os profissionais afirmam em grande número que há um relacionamento bom e respeitoso,
no qual, o trabalho coletivo é prioritário para a equipe, e se dá de forma participativa, em
que todos têm papel importante nas reuniões de grupos, nas atividades educativas e de
promoção à saúde e prevenção de riscos.
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 113
3. TRABALHO EM EQUIPE
Um terceiro bloco de questões busca analisar como os profissionais percebem o seu
processo de trabalho com base numa equipe multiprofissional, cujos métodos de trabalho
apontam para uma maior proximidade com a comunidade e com o meio ambiente onde o
módulo se insere.
O trabalho em equipe visa trazer para o desenvolvimento dos serviços de saúde o debate
sobre a humanização do atendimento e a responsabilização de todos, profissionais e
usuários, pela mudança nas condições de vida e saúde.
Atribuições e atividades desenvolvidas, forma de organização do trabalho dos médicos
e enfermeiros
Abordados sobre como definem o perfil da equipe em que atuam os entrevistados declaram
que há uma composição padrão da ESF e que o relacionamento interno é bom e respeitoso
(82 profissionais). Consideram que a equipe é sensível e aberta com capacidade de rever as
rotinas (79 profissionais), sendo que 46 profissionais assinalam a opção “dinâmica,
organiza a programação das atividades da equipe semanalmente", e 25 profissionais
percebem a ESF como “participativa, elabora constantemente o diagnóstico de saúde”, e 42
afirmam que a ESF tem “o trabalho coletivo (como) prioritário”. Coerentemente, observa-
se incidências quase nulas nas opções que indicam um trabalho individualizado e
conflitivo, com pouca flexibilidade na revisão de rotinas.
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 114
Tabela 66 - Caracterização dos profissionais de nível superior quanto ao perfil da
equipe, Goiânia (GO), 2001
Perfil da equipe Médico Enfermeiro Total
Relacionamento bom e respeitoso 40 42 82
Relação conflituosa - 1 1
Tem uma composição padrão (médico, enfermeiro, odontólogos, auxiliar de
enfermagem e agentes)
8 7 15
Tem composição padrão, que pode contar com apoio para atenção psicossocial 6 5 11
O trabalho coletivo é prioritário 22 20 42
O trabalho individual dos profissionais oferece pouco suporte ao conjunto - 2 2
Dinâmica, organiza a programação das atividades da equipe semanalmente 21 25 46
Apática, apresenta dificuldades tanto no trabalho interno quanto no trabalho na
comunidade
1 1 2
Participativa, elabora constantemente o diagnóstico de saúde em conjunto e
com a participação da comunidade
13 12 25
Sensível e aberta a mudanças com capacidade de rever suas rotinas e
procedimentos com a comunidade
39 40 79
Fechada, trabalha voltada especialmente para uma rotina pré-estabelecida 2 3 5
Outra 1 4 5
Não sabe/Não respondeu
Os profissionais de nível superior consideram que a programação é realizada a cada semana
e sofre mudanças ocasionais. Médicos e enfermeiros declaram ser permitido atender
pessoas que estão fora da população adscrita, observando-se por parte de 75% dos
profissionais uma flexibilização no atendimento.
Há uma avaliação positiva do desempenho da equipe por parte dos profissionais de nível
superior. Basta para isso, que se observe a concentração de percepções “muito satisfatório”
e “satisfatório” em um conjunto grande de atividades e conhecimentos relativos a promoção
da saúde, reorganização da atenção básica, novas formas de organização do trabalho que
permitem conhecer os principais problemas de saúde da população, intervir positivamente
no enfrentamento dos problemas de saúde pelo acolhimento da demanda, possibilidade de
garantir o acesso na atenção básica e encaminhar para outros níveis de atenção.
O estabelecimento de vínculos com a população e a capacidade de conhecer seus principais
problemas de saúde foi considerado como muito satisfatório ou satisfatório,
respectivamente, por 90 e 88 profissionais.
Por outro lado, aparece com certa relevância “pouco satisfatório” ou "não satisfatório" na
capacidade de articulação com outros setores sociais (45), de garantia de serviços
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 115
especializados (68), e de controlar grupos de riscos com efetiva distribuição de
medicamentos (66).
Tabela 67 - Caracterização dos profissionais de nível superior quanto à percepção de
desempenho da equipe na atenção prestada, Goiânia (GO), 2001
Capacidades
Muito
Satisfató
rio
Satisfató
rio
Pouco
Satisfató
rio
Não
Satisfató
rio
N sabe/
Não
responde
Total
Capacidade de conhecer os principais problemas
de saúde da população
41 49 3 - 1 94
Capacidade intervir positivamente no
enfrentamento dos problemas de saúde
15 68 10 - 1 94
Garantir o acesso ao serviço de atendimento
básico a toda população cadastrada
23 54 16 - 1 94
Encaminhar para outros níveis de atenção, quando
necessário
12 40 29 10 3 94
Garantir internação 17 43 21 10 3 94
Garantir atendimento em serviços especializados 3 20 38 30 3 94
Garantir atendimento para realização de exames 15 58 15 5 1 94
Não existência de fila na porta da USF 29 45 11 6 3 94
Acolhimento das demandas 23 50 18 2 1 94
Estabelecimento de vínculos com a população da
área
44 44 4 1 1 94
Retorno do paciente para atendimento pela ESF,
após encaminhamento
14 32 25 21 2 94
Controle dos grupos de risco, com efetiva
distribuição de medicamentos
1 26 36 30 1 94
Resolução de 80% ou mais casos pela ESF 20 62 10 1 1 94
Capacidade de realizar ações educativas ou outras
de promoção à saúde
25 52 14 15 3 94
Articulação com outros setores sociais atuantes na
área de abrangência para enfrentamento de
problemas identificados
6 28 43 2 2 94
Realização de atividades preventivas individuais 30 52 9 1 2 94
Atribuições e atividades desenvolvidas, forma de organização do trabalho dos ACS e
os auxiliares de enfermagem
Foi oferecido aos entrevistados uma lista de atividades para que marcassem quais eram
mais freqüentes. Entre os ACS as indicações que tiveram incidência maior do que 50% são
visitas domiciliares, atualização de cadastro, identificação das famílias de risco, reuniões de
equipe, atenção ao puerpério, acompanhamento dos núcleos familiares de risco
identificados, agendamento e encaminhamentos necessários, desenvolvimento de ações de
educação e vigilância à saúde.
Os auxiliares destacaram: reuniões de equipes, realização de visitas e procedimentos de
enfermagem em domicílios, acompanhamento de consultas de enfermagem, quando
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 116
necessárias, agendamento e encaminhamentos necessários, atenção ao puerpério e
aplicação de vacinas.
Os ACS e auxiliares de enfermagem confirmam a percepção de que a ESF apresenta um
relacionamento interno bom e respeitoso, é participativa, em que todos têm um papel
importante nas reuniões, nas atividades educativas de promoção da saúde e prevenção de
riscos e que é prioritário para a equipe o trabalho coletivo .
Tabela 68 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar quanto ao
perfil da equipe, Goiânia (GO), 2001
Perfil da equipe ACS Aux.
de Enf.
Total
N % N % N
Relacionamento bom e respeitoso 168 80 43 20 211
Relacionamento conflituoso 11 79 3 21 14
Dinâmica, revê as rotinas e procedimentos estabelecidos para aperfeiçoar o
trabalho coletivo
71 77 21 23 92
Repete regularmente a programação das atividades pactuadas 37 82 8 18 45
O trabalho coletivo é a prioridade da equipe 110 80 28 20 138
O trabalho individual dos profissionais oferece pouco suporte ao conjunto 42 93 3 6,7 45
Participativa, todos têm um papel importante nas reuniões de grupos, nas
atividades educativas de promoção da saúde e prevenção de riscos
128 78 37 22 165
Sensível às necessidades da comunidade apontadas pelo trabalho do ACS 80 78 22 22 102
Outra 2 50 2 50 4
Não sabe/Não respondeu 15 88 2 12 17
Os ACS e auxiliares de enfermagem afirmam que a periodicidade da programação
definida pela equipe é semanal, mudando ocasionalmente. Os instrumentos utilizados
com mais freqüência pelos profissionais de nível médio e elementar como facilitadores
do trabalho são: a programação semanal (205), a reunião de equipe (200) e o cadastro
das famílias (226), sendo que o mapa da área e o plano de metas são menos utilizados.
Para esses profissionais são cinco os grupos destacados como que exigem maior cuidado:
hipertensos; diabéticos gestantes; idosos; e, crianças de 0 a 1 ano. Em seguida aparecem:
crianças de 1 a 5 anos; hanseníase, e tuberculosos.
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 117
Tabela 69 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar por função
quanto aos grupos que exigem mais cuidados em sua micro-área, Goiânia
(GO), 2001
Grupos que exigem mais cuidados Agente
Comunitário de
Saúde
N %
Auxiliar de
Enfermagem
N %
Total
N
Gestantes 212 81 49 19 261
Crianças de 0 a 1 ano 189 81 44 19 233
Crianças de 1 a 5 anos 128 84 24 16 152
Crianças de 6 a 12 anos 21 75 7 25 28
Adolescentes 56 84 11 16 67
Diabéticos 219 82 49 18 268
Hipertensos 237 81 55 19 292
Tuberculosos 77 81 18 19 95
Hanseníase 92 87 14 13 106
Idosos 199 82 43 18 242
Outros 18 86 3 14 21
Não sabe/Não respondeu 3 75 1 25 4
A principal dificuldade apontada como comprometedora do desempenho das ESF diz
respeito a forte demanda por atendimento médico, e é seguida pela gravidade dos riscos
sociais no âmbito da comunidade em que se insere a USF e grande densidade populacional
adscrita.
Tabela 70 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar quanto à
freqüência na ocorrência de dificuldades, Goiânia (GO) 2001
Dificuldades
Muito
freqüente
N %
Freqüent
e
N %
Pouco
freqüente
N %
Não
ocorre
N %
N.sabe/N.
respondeu
N %
Difícil acesso ao território 11 3,6 34 11 91 30 132 44 34 11
Gravidade dos riscos sociais no âmbito da comunidade 92 31 87 29 85 28 17 5,6 21 7
Grande densidade populacional em relação ao padrão
do programa 63 21 97 32 71 24 25 8,3 46 15
Quantidade excessiva de membros individuais nos
grupos familiares em relação ao padrão proposto 31 10 72 24 108 36 29 9,6 62 21
Forte demanda por atendimento médico 212 70 62 21 14 4,6 4 1,3 10 3,3
Uso inadequado dos serviços de saúde 41 14 83 28 73 24 65 22 40 13
Fragilidade dos vínculos dentro da equipe 23 7,6 25 8,3 112 37 95 32 47 16
Fragilidade dos vínculos com a comunidade 15 5 29 9,6 129 43 78 26 51 17
Rotatividade dos profissionais 30 9,9 62 21 90 30 64 21 56 19
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 118
Baixa mobilização dos usuários para participar da
organização 59 20 58 19 104 34 31 10 50 17
Baixa mobilização da comunidade para participar nos
Conselhos Locais 86 29 55 18 97 32 28 9,3 36 12
Processo de planejamento e programação de
atividades inadequado 11 3,6 37 12 90 30 111 37 53 18
Condições sócio-ambientais muito adversas 45 15 59 20 96 32 49 16 53 18
Percepção das ESF sobre as condições de realização e os resultados de sua atividade
Os profissionais de nível superior percebem mudanças positivas na relação entre os
serviços e a população, especialmente pelo PSF ter se tornado a porta de entrada do sistema
de atenção (63) e porque a população se sente mais esclarecida sobre os cuidados rotineiros
com a saúde (52). Fazem restrições por considerarem que há exerce forte pressão para o
atendimento médico da demanda espontânea (70). Reconhecem também a ampliação do
acesso aos serviços de saúde que o PSF promove (47). Um número reduzido (6) considera
ainda que não houve mudança pelo fato da pequena abrangência do programa e 21 pensam
que a manutenção das condições sócio-economicas de carência nestas comunidades
prejudica a melhoria da qualidade de vida.
Tabela 71 - Percepção dos profissionais de nível superior de mudanças nas relações
serviços e população, Goiânia (GO), 2001
Mudanças nas relações serviços e população Médico Enfermeir
o
Total
N % N % N
Sim, porque a USF tornou-se a porta de entrada do sistema de atenção 31 49 32 51 63
Sim, porque a ESF oferece recursos adequados ao enfrentamento dos
problemas de saúde na comunidade
7 50 7 50 14
Sim, porque a população se sente esclarecida sobre cuidados rotineiros
com a saúde
23 44 29 56 52
Sim, porque a ESF conta com um sistema de referência e contra
referência que permite ampliar a confiança no trabalho e na
resolutividade da rede básica
2 20 8 80 10
Em parte, porque a ESF ampliou o acesso de novas parcelas da
população aos serviços de saúde no município
24 51 23 49 47
Em parte porque a população ainda tem uma forte demanda por
atendimento médico, pressionando a ESF para o atendimento da
demanda espontânea
33 47 37 53 70
Não, porque a população ainda procura primeiro a rede convencional ou
hospitalar
1 20 4 80 5
Não, porque o PSF tem uma área de abrangência ainda pequena 3 50 3 50 6
Não, porque os fatores sócio-econômicos que determinam a condição
de carência da comunidade ainda prevalecem sobre a qualidade da
atenção
8 38 13 62 21
Outro 1 14 6 86 7
Não sabe/Não respondeu 1 50 1 50 2
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 119
O espaço físico da USF é considerado principalmente como acessível a população e com
visibilidade dentro da comunidade, por médicos e enfermeiros. No entanto, só 40% julgam
que a USF tem condições tecnológicas necessárias ao desenvolvimento das ações básicas
de saúde, e só 9,5% acham que permite atender com conforto para o profissional e o
usuário. Também não é considerado adequado para as atividades coletivas seja as reuniões
da equipe seja dos grupos de risco.
Tabela 72 – Percepção dos profissionais de nível superior sobre o espaço físico da
USF, Goiânia (GO), 2001
Espaço físico USF Médico Enfermeiro Total
N N N
Especialmente construído para abrigar uma equipe da saúde da
família da SMS
- 1 1
Permite o atendimento de forma confortável para os usuários e
para os profissionais
5 4 9
Contém o mínimo de tecnologia necessária ao
desenvolvimento das ações básicas de saúde
17 20 37
Permite realizar reuniões de equipe com privacidade 7 14 21
Permite promover reuniões de grupo de risco ou de orientação
e educação em saúde
11 17 28
É um local de fácil acesso e visível para toda a comunidade 24 24 48
Tem manutenção satisfatória 6 6 12
Foi restaurado satisfatoriamente para abrigar uma equipe da
saúde da família
4 2 6
Outro 16 22 38
Não sabe/ Não responde 3 2 5
Para os profissionais de nível médio e elementar a USF é acessível à população (74,5%),
entretanto, 22,5% afirmam o contrário e somente 3,3% “não sabe ou não respondeu”.
Segundo 78,8% desses profissionais ela não oferece conforto aos usuários e profissionais.
4. VÍNCULOS ENTRE ESF E COMUNIDADES
De acordo com os profissionais de nível superior, pode-se afirmar que há uma relação
cordial e cooperativa com a população, o que favorece a resolução dos problemas. Somente
três profissionais indicam que a relação com a comunidade é formal, em função das
necessidades do serviço de saúde.
Consideram que há vínculo forte da ESF com a comunidade, sendo este fato mais
observado entre os enfermeiros e reconhecem (68 profissionais) com maior ênfase que a
estratégia desenvolvida pelo PSF é promotora da melhoria da qualidade dos cuidados com a
doença e da qualidade de vida do cidadão.
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 120
Tabela 73 - Percepção dos profissionais de nível superior da relação da ESF com a
população, Goiânia (GO), 2001
Relação da ESF com a população Médico Enfermeiro Total
N N N
Cordial e cooperativa na resolução dos problemas 26 29 55
Formal em função das necessidades de serviço 3 - 3
De vínculo, com base no reconhecimento das famílias, de
seus membros individuais e de suas necessidades
específicas
18 35 53
Promotora da melhora da qualidade de vida do cidadão, a
partir de um conjunto de orientações sobre promoção da
saúde e cuidados com a doença
31 37 68
Não sabe/Não respondeu 2 - 2
Em geral, os profissionais de nível superior percebem que a população valoriza
positivamente os novos procedimentos implementados, principalmente quanto ao
atendimento multiprofissional (68), a realização de grupos de risco e de promoção a saúde
(69), e o realização de visitas domiciliares (81). Os profissionais de nível superior
consideram que a população "valoriza pouco” as reuniões de diagnóstico e programação de
ações coletivas (44).
Tabela 74 – Caracterização dos profissionais de nível superior quanto à percepção da
valorização da população acerca dos novos procedimentos, Goiânia (GO),
2001
Atividades Muito Valoriza Pouco Não
valoriza
Não sabe
não resp.
Atendimento de uma equipe
multiprofissional
24 44 18 2 6
Realização de grupos de educação sobre
riscos e promoção à saúde
16 53 18 2 5
Ações desenvolvidas junto a segmentos da
população através de visitas domiciliares
29 51 8 1 5
Reuniões para discutir diagnóstico e
programação das ações coletivas
3 32 44 8 7
Solicitados a comentar se o fato de residir na mesma comunidade é fator de favorecimento
no impacto de suas ações e atividades relacionadas ao PFS, temos para um total de 302
respostas, que em média 8% dos profissionais não respondeu ou não soube responder. As
opções indicam em ordem decrescente que o fato é favorável no sentido de aceitação da
presença dos profissionais em seu domicílio (243), base para relação amistosa (223) e
observação de focos de risco no ambiente familiar e social (223), resolução dos problemas
(191), procura dos moradores para apresentar queixas e discutir soluções (175), adesão a
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 121
mobilização (173), acompanhamento do paciente encaminhado para outros serviços (151) e
compreensão quando algum solicitação não foi efetuada (111). Neste último item percebe-
se em contraposição a maior incidência de respostas que indicam que o fato prejudica as
ações desenvolvidas (36%).
Tabela 75 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar quanto à
percepção da comunidade sobre o impacto do fato deles residirem na
mesma, Goiânia (GO), 2001
Percepção Favorece Prejudic
a
Nem
favorece,
nem
prejudic
a
Não
sabe
Não
respon
de
Total
N % N % N % N % N % N
A relação amistosa com as famílias da comunidade 223 74 12 4 41 14 9 3 17 6 302
A procura dos moradores para apresentar queixas e
discutir soluções
175 58 53 18 45 15 3 1 26 9 302
Aceitação de sua presença em seus domicílios 243 81 6 2 26 8,6 2 1 25 8 302
Observação de focos de riscos no ambiente familiar
e social
223 74 11 3,6 33 11 12 4 23 8 302
A adesão à mobilização em torno dos problemas
ambientais e da necessidade de participação nos
conselhos locais de saúde
173 57 4 1,3 73 24 24 8 28 9 302
Resolução dos problemas 191 63 11 3,6 68 23 7 2 25 8 302
Compreensão quando alguma solicitação por parte
de algum membro familiar não é atendida
111 37 96 32 55 18 11 4 29 10 302
Acompanhar o usuário em seu agendamento,
encaminhamento para fora da área da comunidade e
retorno a atenção da ESF
151 50 35 12 67 22 20 7 29 10 302
Controle Social
A existência de CLS em operação é referida por 74,2% dos profissionais. Apenas 17
profissionais não responderam ou não sabem dizer se existe CLS. Entre os que conhecem
sua existência, a participação sempre é muito baixa, mas 52,5% participa ocasionalmente
como membro da ESF. É grande a referência a nunca terem participado do CLS (106
profissionais ou 36,2% do total).
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 122
Tabela 76 - Caracterização das ESF onde há CLS, quanto à participação dos
profissionais no mesmo, Goiânia (GO), 2001
Participação Freqüência Percentual
Sempre, como representante da equipe de Saúde da Família 22 7,5
Ocasionalmente, como membro da equipe de Saúde da
Família
154 52,6
Nunca participa 106 36,2
Não sabe/Não respondeu 11 3,7
Total 293 100,0
Base: Profissionais que afirmaram existir em operação um Conselho Local de Saúde associado a sua unidade
Para um percentual acumulado de 38,4 % dos profissionais entrevistados a presença das
lideranças comunitárias no levantamento do diagnóstico foi entre “forte” e “expressiva”,
mas a concentração maior (41,1%) é para os que afirmam que há fraca presença das
lideranças no processo de diagnóstico das condições sócio-sanitárias. Cabe destacar, que
estes profissionais são em sua maioria moradores da comunidade em que trabalham,
exercendo muitas vezes, “extra-oficialmente” o papel de líderes comunitários, servindo de
mediadores de conflito entre população, demais profissionais locais de saúde e o governo
municipal.
Na opinião desses profissionais o principal problema de saúde pode ser um agravo como
hipertensão, diabetes, alcoolismo, infeção respiratória, verminose e parasitose,
desnutrição e problemas (alergias) respiratórios. Destacam ainda problemas ambientais
como saneamento básico e falta de esgoto: problemas outros como desemprego, drogas e
gravidez na adolescência.
41,6% dos profissionais que compõem a ESF consideram o trabalho do CLS pouco
relevante para o desenvolvimento das condições de saúde, porém, em seu conjunto, 33,1%
declaram ser relevante e 18,1% muito relevante o trabalho do CLS. Entre profissionais a
avaliação sobre a forma como se desenvolvem as atividades no Conselho Local de Saúde
indica haver algum ou poucos conflitos dentro do CLS.
O grau de participação dos profissionais das ESF em fóruns de discussão da política de
saúde é baixo: menos de um terço (116) dos profissionais participam. Do total desses
profissionais 60,0% não participam ou nunca participaram de outros fóruns de formulação
de política e de ações de saúde.
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 123
Tabela 77 - Caracterização das ESF quanto à participação em outros fóruns de
política de saúde, Goiânia (GO), 2001
Participação N %
Sim 116 29,5
Não 238 60,0
Não sabe/Não respondeu 42 10,5
Total 396 100,0