enfermeiras obstÉtricas no parto sem distÓcia, … · palavras-chaves: enfermeiras obstétricas,...

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Elaine Corrêa Samanta Rose Exner Vanessa Parizotto Ramos ENFERMEIRAS OBSTÉTRICAS NO PARTO SEM DISTÓCIA, HOSPITALAR E/OU DOMICILIAR: um estudo comparativo. Londrina 2012

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Elaine Corrêa

Samanta Rose Exner

Vanessa Parizotto Ramos

ENFERMEIRAS OBSTÉTRICAS NO PARTO SEM DISTÓCIA,

HOSPITALAR E/OU DOMICILIAR: um estudo comparativo.

Londrina

2012

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Elaine Corrêa

Samanta Rose Exner

Vanessa Parizotto Ramos

ENFERMEIRAS OBSTÉTRICAS NO PARTO SEM DISTÓCIA,

HOSPITALAR E/OU DOMICILIAR: um estudo comparativo.

Monografia apresentada ao curso de

Especialização em Enfermagem Obstétrica, do

Centro Universitário Filadélfia – Unifil, para

obtenção do título de especialista. Orientadora:

Profª Drª Damares T. Biazin.

Londrina

2012

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ENFERMEIRAS OBSTÉTRICAS NO PARTO SEM DISTÓCIA,

HOSPITALAR E/OU DOMICILIAR: um estudo comparativo.

Monografia apresentada ao Curso

de Especialização em Enfermagem

Obstétrica em banca examinadora

do Centro Universitário Filadélfia –

Unifil para obtenção do título de

Especialista.

Aprovada em: _______/_______/________

___________________________________________

Profª Drª Damares T. Biazin

Orientadora

___________________________________________

Prof ª Ms. Evanira L. J. Chiquetti

Membro da Banca Examinadora

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Aos nossos pais, pelo apoio incondicional e todos os

esforços dedicados durante esta jornada.

NÓS DEDICAMOS

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AGRADECIMENTOS

À Deus pela sabedoria dada para enfrentar todos os nossos obstáculos;

À nossa família pelo apoio, amor, carinho e compreensão;

Os meus sinceros agradecimentos.

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“Para mudar o mundo é preciso antes, mudar a forma de nascer.”

Michel Odent

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LISTA DE ABREVIATURAS

CNS – Conselho Nacional de Saúde

CPN – Centro de Parto Normal

COREN – Conselho Regional de Enfermagem

D.C – Depois de Cristo

MPP – Método Psicoprofilático

N° - Número

OMS - Organização Mundial da Saúde

RCP – Reanimação Cardiopulmonar

SNA – Sistema Nervoso Autônomo

SUS – Sistema Único de Saúde

TENS – Eletro Estimulação Transcutânea

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SUMÁRIO

Página

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 10

2 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 12

2.1 Anatomia da pelve feminina e fisiologia do trabalho de parto ......................... 12

2.2 História da enfermagem e da enfermagem obstétrica....................................... 13

2.3 Assistência humanizada durante o parto ......................................................... 15

3 MÉTODOLOGIA .......................................................................................... 19

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 20

5 CONCLUSÃO ................................................................................................. 28

REFERÊNCIAS .............................................................................................

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CORRÊA. E.; EXNER. S. R.; RAMOS. V. P. Enfermeiras Obstétricas no Parto sem Distócia, Hospitalar

e/ou Domiciliar: um estudo comparativo. 2012. 30f. Monografia. (Especialização em Enfermagem Obstétrica)

– Centro Universitário Filadélfia de Londrina, Londrina, Pr. 2012.

RESUMO

Este estudo teve por objetivo comparar os resultados de Ramos (2010) sobre a vivência do parto normal sem

distócia realizado pela enfermeira obstétrica com o que apresenta o acervo bibliográfico. A pesquisa

bibliográfica ocorreu em Janeiro de 2012 por meio de consultas em sites científicos, livros, artigos, monografias

e teses. Foi observado através da pesquisa de Ramos (2010) e confirmado pela literatura pesquisada a capacidade

da enfermeira obstétrica em realizar um parto humanizado e altamente qualificado, dentro dos padrões de baixo

risco, levando a mudança no quadro intervencionista atual e colocando a gestante como a protagonista do seu

momento.

Palavras-Chaves: Enfermeiras Obstétricas, Parto sem Distócia, Autonomia no Parto.

ABSTRACT

This study aimed to compare the results of Ramos (2010) about the experience of normal birth without

dystocia performed by the midwife who presents the bibliographic collection. The literature review

occurred in January 2012 through consultations on scientific websites, books, articles, monographs

and theses. It was observed through the research of Ramos (2010) and confirmed by literature's ability

to perform an obstetric nurse humanizing delivery and highly qualified, within the standards of low-

risk, leading to change within the current intervention and putting the pregnant woman as the

protagonist of his time.

Key-words: Nurse Midwives, Childbirth without Dystocia, Autonomy in Childbirth.

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1 INTRODUÇÃO

A gestação, o trabalho de parto e o nascimento são ocasiões importantes para a

mulher e sua família, pois vão além de um simples efeito biológico ou uma transição de status

“mulher” para o de “mãe”, gerando medo, insegurança e incertezas, porém estas rodeiam

valores sociais, culturais, afetivos e emocionais (DOMINGUES; SANTOS; LEAL, 2004).

Entre as mulheres que “dão à luz” no ambiente hospitalar, o parto natural não é o

mais preferido. De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2008) 46% das mulheres

fazem cesáreas no sistema público de saúde e nos hospitais particulares.

A Organização Mundial de Saúde (OMS, 2009) preconiza que apenas 15% dos

partos devam ser cesáreas. Atualmente, o Brasil está em segundo lugar no mundo em número

de cesáreas, perdendo apenas para o Chile (NASCIMENTO, 2006).

A emoção de assistir ou realizar um parto se resume a uma experiência maravilhosa,

que remete a lembrança de um passado onde as avós “davam à luz” em suas próprias casas,

acompanhadas pelas parteiras e seus maridos que ajudavam a aparar o próprio filho (SODRÉ;

LACERDA, 2007). Sua presença amigável durante o parto traz segurança, carinho e afeto,

sendo essa profissão considerada uma prática comum por um longo tempo e normal aos olhos

da sociedade (CRIZÓSTOMO; NERY; LUZ, 2007).

A visão de parto normal proporciona uma característica de “natural” (que segue a

ordem regular das coisas) onde tudo tem que acontecer no seu tempo. Assim, se juntar o parto

normal com o parto humanizado tem-se uma concepção que tudo tem sua forma de acontecer,

de modo que é fascinante ver uma gestante “dando a luz” de maneira natural

(NASCIMENTO, 2006).

Nesse contexto, a obstetrícia é um seguimento da medicina que estuda os fenômenos

da reprodução feminina, tendo como ramos a gestação, trabalho de parto e o parto, além do

período imediato subsequente ao mesmo (BARBOSA; CARVALHO; OLIVEIRA, 2008).

O Decreto n. 94.406, de 8 de Junho de 1987, regulamenta a lei n. 7.498, de 25 de

Junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da enfermagem, no que diz respeito as

atribuições do Enfermeiro Obstetra (COREN, 2012).

Na redação do Artigo 3º, consta que cabe à enfermeira especialista em enfermagem

obstétrica a assistência à saúde da mulher, priorizando as atividades que constam no Artigo

2º, assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puérpera; acompanhamento constante

na evolução do trabalho de parto, além da execução da assistência obstétrica em casos de

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emergências; compete ainda: identificação de distócias obstétricas e subsequentemente a

tomada de todas as providências necessárias até a intervenção de um médico, assim adotando

os procedimentos cabíveis para garantir a segurança do binômio mãe/ filho (BARBOSA;

CARVALHO; OLIVEIRA, 2008).

Este estudo tem por objetivo realizar uma Pesquisa Bibliográfica, para comparar os

resultados obtidos no acervo bibliográfico com os resultados encontrados por Ramos (2010),

com o intuito de confrontar a atuação das enfermeiras obstétricas, sua autonomia, vivências e

experiências no parto sem distócia.

Ramos (2010) apresentou um trabalho de conclusão de curso que teve como objetivo

demonstrar a autonomia da enfermeira obstetriz na condução do trabalho de parto domiciliar,

onde avaliou a opinião de suas clientes, identificando os pontos positivos e desfavoráveis. A

pesquisa foi realizada em janeiro de 2010 na cidade de Florianópolis - SC e foi estruturada

pelo método qualitativo onde foi entrevistado 3 enfermeiras obstétricas da equipe Hanami e 6

clientes que realizaram parto domiciliar com essa equipe no ano de 2009.

Os resultados deste trabalho apontam que para a gestante ter seu parto no domicilio,

a mesma deve efetuar consultas pré-natais, ser acompanhada por seu ginecologista e pela

enfermeira obstretriz além de ter uma gravidez de baixo risco. Nesse processo de partejar, a

enfermeira obstétrica incentiva o uso de vários métodos não farmacológicos para o alívio da

dor, sendo avaliado de forma positiva e efetiva pelas suas clientes. Os temidos procedimentos

invasivos, tal como a episiotomia, somente é realizada quando existe justificativa científica,

ou seja, para evitar lacerações perineais ou para proporcionar um nascimento seguro

(RAMOS, 2010).

Ramos (2010) afirma que o parto domiciliar não oferece nenhum risco as gestantes,

as enfermeiras levam a casa da gestante, todos os insumos para realização de procedimentos

emergenciais e mantém um convênio com um médico e um hospital. Desta forma, a pesquisa

de Ramos (2010) demonstra que todas as clientes entrevistadas sentiram-se muito satisfeitas

com os serviços prestados pelas enfermeiras obstétricas e relatando assim, que o seu parto foi

muito tranqüilo e que vivenciariam tudo novamente.

Desse modo Ramos (2010) afirma que o parto domiciliar alia a tecnologia e tradição

da arte de partejar, respeitando a mulher, suas necessidades básicas e assegurando um

nascimento saudável.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Anatomia da pelve feminina e fisiologia do trabalho de parto

O sistema reprodutivo feminino consiste em órgão que desempenha a função de

produção da prole. Nas mulheres os órgãos reprodutivos internos consistem de vagina, útero,

tubas uterinas e ovários, dentre outras. Essas estruturas desenvolvem-se e desempenham

funções de acordo com as influências hormonais específicas onde influenciam na fertilidade e

na gravidez da mulher (RICCI, 2008).

O mesmo autor relata que a vagina é um canal músculo-membranoso com grande

capacidade de distenção, sendo um órgão fibromuscular tubular, revestido por uma mucosa

sobre uma série de pregas transversas denominadas rugas, as mesmas permitem a dilatação

externa do canal durante o trabalho de parto e o nascimento.

O útero é um órgão muscular em forma de pêra que se situa na parte superior da

vagina. É o local da menstruação, da implantação de um ovo fertilizado, do desenvolvimento

do feto durante a gravidez e do trabalho de parto, medindo antes da primeira gravidez 7,5cm

de comprimento, 5cm de largura e 2,5cm de espessura, e após a menopausa, torna-se menor e

sofre atrofia (RICCI, 2008).

As tubas uterinas são estruturas cilíndricas ocas, que se estendem, de 5 a 7,5cm,

desde as bordas superiores do útero em direção ao ovários. As tubas uterinas transportam o

óvulo do ovário até o útero e os espermatozóides do útero em direção ao óvulo. Esse

movimento se realiza por meio da ação ciliar e peristalse. Se houver espermatozóide ou

inseminação artificial pode ocorrer a fertilização do óvulo, assim, dividindo-se durante um

período de quatro dias, enquanto se movimenta ventralmente, de modo lento, para a tuba

uterina e o interior do útero (LOWDERMILK; PERRY; BOBAK, 2002).

Os ovários são um par de glândulas semelhantes a amêndoas sem casca. Eles ligam o

sistema reprodutivo ao sistema de glândula endócrinas do organismo, à medida que produzem

os óvulos e secretam, de modo cíclico, os hormônios femininos estrogênio e progesterona,

assim após o seu amadurecimento o óvulo vai para as tubas uterinas (RICCI, 2008).

O parto é considerado um período relativamente curto, onde começa com a primeira

contração uterina, continua com horas de esforço durante o período de dilatação cervical e

termina com o nascimento do recém-nascido (LOWDERMILK; PERRY; BOBAK, 2002).

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Os autores citados acima dividem o parto em estágios, o primeiro estágio do parto

começa com as contrações uterinas regulares seguindo com a dilatação cervical completa.

O segundo estágio do parto refere-se ao nascimento do feto que começa com a

dilatação completa e o apagamento total da cérvice terminando assim com o nascimento do

recém-nascido. Esse estágio compreende três fases: a latente, a da descida e a de transição

(RICCI, 2008).

A fase latente constitui um tempo de repouso e relaxamento. A fase de descida

caracteriza pela necessidade de fazer uma grande força para baixo, estimula e libera ocitocina

pela hipófise posterior, provocando contrações e expulsando o feto. A fase de transição,

apresenta-se no períneo onde os esforços para a expulsão são mais efetivos, promovendo

assim o nascimento (LOWDERMILK; PERRY; BOBAK, 2002).

A distócia significa (literalmente) dificuldade de trabalho de parto e é caracterizada

pelo progresso anormalmente lento do trabalho de parto. Em geral, o trabalho de parto

anormal é comum quando há desproporção entre a apresentação fetal e o canal de parto. É

conseqüência de quatro anormalidades distintas que podem existir individualmente ou em

combinação (LEVENO et al. 2005).

Anormalidade de força (contratilidade uterina e esforço expulsivo materno);

anormalidades de passagem (pelve); anormalidades envolvendo o passageiro (feto):

apresentação, posição ou desenvolvimento; anormalidades dos tecidos moles do trato

reprodutivo que formam um obstáculo à descida fetal (LEVENO et al. 2005).

2.2 História da enfermagem e da enfermagem obstétrica

Aproximadamente em 500 d.C o cuidado de enfermagem era basicamente

compreendida como o atendimento da higiene e das necessidades de conforto dos pacientes e

das famílias, onde os cristãos trabalhavam em conjunto com a Igreja (CRAVEN; HIRNTE,

2006).

Em 1854, Florence Nightingale, considerada como fundadora da enfermagem

moderna, melhorou as leis sanitárias, reformou hospitais, reorganizou os serviços médicos-

militares e organizou a enfermagem como profissão. Em virtude dos seus esforços durante a

guerra, ela se tornou conhecida e foi imortalizada como a “Dama da Lâmpada” porque, de

lanterna na mão, ela realizava rondas noturnas pelas enfermarias visitando os soldados

doentes (CRAVEN; HIRNTE, 2006).

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Os mesmos autores relatam que no Brasil, a primeira Escola de Enfermagem recebeu

o nome de Anna Nery. A mulher nascida na Província da Bahia, viúva aos 30 anos e separada

dos filhos por causa da Guerra do Paraguai em 1864 se colocou à disposição de sua Pátria

para trabalhar nos campos de batalha, onde reencontrou parte de sua família. Ela improvisou

hospitais e não mediu esforços para cuidar dos feridos. Anna tal como Florence, romperam

com o preconceito da época que faziam a mulher uma prisioneira do lar.

Atualmente, o cuidado de enfermagem compreende um elevado grau de habilidade

técnica e inclui responsabilidades superiores muito além da higiene e do conforto, embora

esses componentes do cuidado continuem a ser importantes. A enfermeira de hoje deve ser

altamente habilidosa e estar atualizada com os avanços tecnológicos, ter uma forte base em

ciências e humanidades. Com essa profissão elas acarretam responsabilidades complexas que

exigem habilidades de raciocínio crítico. Assim as enfermeiras não estão mais vinculadas às

Igrejas, elas são educadas em faculdades e universidades (CRAVEN; HIRNTE, 2006).

A enfermeira obstetra que atua na condução do trabalho de parto normal consolida a

formação de enfermeira adjetivada pela titulação de especialista na área obstetra. Com a

implantação das faculdades de medicina por volta de 1832 (CRAVEN E HIRNTE, 2006)

apontam os primeiros cursos de parteiras (título mais antigo desta profissão) no país, onde até

então, não haviam parteiras diplomadas, assim as mulheres que atendiam as parturientes

recebiam uma autorização legal para exercer a obstetrícia (RIESCO,1998).

Segundo o Decreto n° 94.406/87 que regulamenta a Lei n° 7.498, de 25/06/86, Art.

12°- incumbe ao parteiro a prestar cuidados à gestante e à parturiente; assistir ao parto normal,

inclusive em domicilio; e cuidar da puérpera e do recém-nascido. Parágrafo único: as

atividades do que trata este artigo são exercidas sob supervisão de Enfermeira Obstetra,

quando realizadas em instituições de saúde, e, sempre que possível, sob controle e supervisão

de unidade de saúde, quando realizadas em domicílio ou onde se fizeram necessárias

(COREN, 2012).

Diferente da parteira, as doulas, que deriva do grego "mulher que serve",

caracterizam-se por mulheres que dão suporte físico e emocional às parturientes antes, durante

e após o parto (DUARTE; EISENBERG, 2003).

O ensino formal de enfermagem surge no Brasil em 1890, tomando impulso em

meados de 1920. Em 1968, coma reforma universitária, as duas profissões foram fundidas,

com a absorção da obstetrícia pela enfermagem, que vigorou até 1994, onde a graduação da

obstetriz foi extinta e as modalidades de formação passaram a ser habilitação e a

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especialização em enfermagem obstétrica, cursadas pelo enfermeiro já graduado, que se

mantém a única via para qualificação na área (RIESCO,1998).

Desta forma, a enfermeira obstétrica caracteriza-se pela pessoa legalmente licenciada

e registrada para exercer todas as atribuições de enfermeira e de obstétrica. No Decreto n°

94.406/87, Art. 9°- às profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou

Enfermeira Obstétrica, além do que compete ao enfermeiro generalista, cabe a prestação de

assistência à parturiente e ao parto normal; a identificação das distócias obstétricas e tomadas

de providências até a chegada do médico; a realização de episiotomia e episiorrafia com

aplicação de anestesia local, quando necessário (COREN, 2012).

Estima-se que 10,9% dos partos registrados pelo SUS sejam realizados por

enfermeiras obstétricas (BARROS; SILVA; MOURA, 2007).

O apoio do MS as enfermeiras obstetras é demonstrado pela Portaria nº 163 de 22 de

setembro de 1998 que, entre outras atribuições, confere a enfermeira o direito da emissão de

laudo de internação e a inclusão deste profissional na tabela de pagamento do SUS (WINCK;

BRÜGGEMANN, 2010).

Outro exemplo é a Portaria nº 985 de agosto de 1999, que criou o Centro de Parto

Normal (CPN) definindo como membro obrigatório na equipe, a enfermeira obstétrica. Já em

2009, a portaria nº 116 regulamentou a emissão da Declaração de Nascimento por

profissionais da saúde nos partos domiciliares, deixando de ser exclusividade dos médicos,

assim, ampliando o campo de respaldos legais para as enfermeiras obstétricas, obstetrizes e

parteiras tradicionais, o que demonstra o reconhecimento e valorização dos partos realizados

pelas enfermeiras até em nível domiciliar (WINCK; BRÜGGEMANN, 2010).

Assim a OMS considera as enfermeiras obstétricas pelas suas características menos

intervencionista de seus cuidados, o profissional mais apropriados para acompanhamento das

gestações e dos partos sem distócias (BARBOSA; CARVALHO; OLIVEIRA, 2008).

2.3 Assistência humanizada ao parto

A introdução da assistência humanizada à mulher, preconizada pelo Ministério da

Saúde visa garantir à gestante o acesso ao atendimento digno e de qualidade durante a

gestação, parto e puerpério (BRASIL, 2000).

O parto e o nascimento são mecanismos fisiológicos influenciados por vários fatores

como hormônios, estado físico e estado psicoemocional da mulher, na contra mão desse

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processo a mulher se depara com uma assistência fria, de forma impessoal (MARTINS et al,

2005).

A dor, o desespero e o abandono são vivenciados pela mulher no parto e neste

contexto, a assistência busca recursos em medicamentos para atenuar o sofrimento

(MARTINS et al. 2005).

Mazzali e Gonçalves (2008) relatam e Maldonado (2000) ratificou que o sofrimento

referido pela mulher é uma consequência do medo que lhe foi informada desde a infância,

logo, ao chegar uma gestação, a insegurança da mulher encontra se exacerbada, diante do

parto, conforme salientado na obra “Parto sem Medo”, escrito por Read em 1933.

O medo nas primeiras contrações gera grande tensão emocional na parturiente onde

dá a impressão de dor, formando a tríade: medo-tensão-dor. Essa dor, ativada pelo Sistema

Nervoso Autônomo (SNA), amplia o medo gerando uma maior tensão no útero, promovendo

a redução da circulação local e aumentando os níveis de tensão e dor, dificultando o parto

normal (MAZZALI; GONÇALVES, 2008).

Esse medo seria fruto de três fatores: sugestão; desconhecimento da morfologia e

função dos órgãos genitais e dos fenômenos da parturição; ausência de amparo psicológico

durante o parto (MALDONADO, 2000).

Segundo Davim et al. (2009) grande parte dos profissionais da saúde que trabalham

em maternidades, observam que a dor sentida pelas parturientes, é um sofrimento que na

maioria das vezes nada têm a fazer, e permanecer nestes locais, com mulheres queixando-se

de dores, torna-se uma experiência desagradável.

É importante que as mulheres possam fazer uso de métodos farmacológicos e não

farmacológicos, assim sendo, o Método Psicoprofilático (MPP) é uma técnica muito utilizada

como analgesia não farmacológica no parto (MALDONADO, 2000; POLDEN, 2000;

REZENDE, 2005), e tem por objetivo permitir que a parturiente acompanhe o nascimento de

seu filho com lucidez e cooperação, promovendo a redução do trabalho de parto e a

incidências de complicações durante e após o parto, de intervenções cirúrgicas e também de

Reanimação Cardiopulmonar (RCP) do recém-nascido (MAZZALI; GONÇALVES, 2008).

As técnicas que são utilizadas na preparação para o parto podem incluir:

relaxamento, imaginação, percepção respiratória, posicionamento, massagem, Eletro

Estimulação Transcutânea (TENS) e banho quente (POLDEN, 2000; SANTOS; ANJOS

2006; BARACHO, 2007).

Através do livro “Frearless Childbirth” chamado “O relaxamento torna você apta

para o amor”, Mazzali; Gonçalves (2008, p-10) sugeriu que havia dois motivos para ensinar o

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relaxamento durante o trabalho de parto: “para evitar que a mãe fique cansada, causando,

assim, fadiga nervosa” assim ajudando-a a controlar seus pensamentos, sentimentos e

emoções.

As pressões firmes e circulatórias são um tipo de massagem aplicada na gestante,

normalmente na região lombo-sacra, abdominal e pernas, pois são as mais referidas pelas

gestantes. Técnicas como toque leves, fricção e efferage também são muito utilizadas para

alívio da dor (POLDEN, 2000; BARACHO, 2007).

Entre as técnicas de percepção respiratória, uma das mais conhecidas e a mais segura

a nível fisiológico para o binômio mãe-filho, é a respiração profunda ou abdominal. Tal

exercício controla a velocidade da expiração assim facilitando a contração da musculatura

abdominal. No período de expulsão do feto, a parturiente respira fundo, realizando uma

apnéia e fazendo uma maior força para expulsar o bebê, obtendo o relaxamento da

musculatura perianal (MAZZALI; GONÇALVES, 2008).

No momento da contração, a gestante deve encontrar a melhor posição para que se

sinta confortável, permitindo um relaxamento maior para os músculos dorsais e do assoalho

pélvico (BARACHO, 2007); dentre as posturas mais utilizadas se destaca a inclinação do

corpo para frente com os braços apoiados em uma parede e pernas afastadas; postura ereta;

sentada na cama com encosto de almofadas; de cócoras ou em decúbito lateral esquerdo, que

promoverá uma maior circulação útero placentária, aumentando o fluxo de ocitocito no local,

diminuindo o tempo de trabalho de parto (MAZZALI; GONÇALVES, 2008).

A criação ou imaginação de um ambiente belo e agradável por parte da parturiente é

necessário a fim de que a realidade emocional e física vivenciada nesse momento seja

suavizada, assim desviando do foco central de sua dor e promovendo um maior relaxamento.

Esse método pode também ser classificado como técnica não farmacológica. Dentre essas

técnicas o banho quente é a mais utilizada, ele promove uma vasodilatação local que diminui

a dor e promove um maior relaxamento. Ele pode ser aplicado em uma banheira ou

simplesmente em baixo do chuveiro (POLDEN, 2000).

Uma técnica mais moderna é a Eletroestimulação Transcutânea, que promove através

de eletrodos dispostos na região lombo-sacra uma analgesia local. Esse método retarda o uso

de drogas farmacológicas como anestesia peridural ou raquidiana (MENDONZA et al., 2002;

ORANGE; AMORIN; LIMA, 2003).

A duração do trabalho de parto sofre influências e características pessoais, no entanto

meios como a deambulação, método comprovado no alivio da dor, favorece também a

redução do trabalho de parto (SILVA; BARBIERE; FUSTINONI, 2011).

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Outro aspecto de humanização do parto refere-se à presença do acompanhante

durante o trabalho de parto, reduzindo a ansiedade da parturiente, tranqüilizando-a,

permitindo cuidá-la durante todo o processo. A presença do acompanhante associa-se a

redução do trabalho de parto, e a administração de ocitócitos na indução do trabalho de parto,

conseqüentemente há redução de partos cesáreos, uso de fórceps e analgesia. O acompanhante

deve ser de escolha da mulher de preferência da família, permitindo que o mesmo participe do

processo de nascer (NAGAHAMA, SANTIAGO; 2011; REIS, PATRICIO; 2005).

A Parturiente necessita de um ambiente calmo e tranqüilo acima de tudo

aconchegante, que lembre sua casa, permitindo-a privacidade e conforto, e compreensão por

parte da equipe, sendo acolhida com humanização, desde a porta de entrada até o momento de

ir para a casa (CASTRO; CLAPIS, 2005).

Embora, contudo existem práticas que estão sendo desestimuladas pelo Ministério da

Saúde, como tricotomia e lavagem intestinal que segundo o mesmo inibem a “segurança e o

bem-estar da parturiente”. A tricotomia é desconfortável e muitas vezes desnecessária devido

favorecer a colonização de bactérias, por sempre ocasionar algum dano à pele integra

favorecendo a infecção. Já os enemas são invasivos e aumentam a ansiedade da paciente

(SODRÉ; LACERDA, 2007).

Assim, o alívio da dor, inclui além de técnicas, o apoio de profissionais da saúde,

companheiros e familiares, antes e durante o trabalho de parto.

A obstetrícia nasceu sob a tutela da cirurgia e se transformou (CARON; SILVA,

2002), caracterizando-se em um atendimento humanizado.

Humanizar o parto é dar às mulheres o que é de direito: um atendimento focado em

suas necessidades respeitando a sua individualidade e seus desejos (ALMEIDA et al. 2005),

respeitar e criar condições para que todos os aspectos de ser humano sejam atendidas:

espirituais, psicológicas e biológicas (CASTRO; CLAPIS, 2005).

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3 METODOLOGIA

O estudo iniciou-se com uma Pesquisa Bibliográfica, que segundo Biazin e Scalco

(2008, p. 76) é “desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de

livros e artigos científicos” e tem como característica ser uma “análise aprofundada sobre o

tema”.

A busca de dados ocorreu em Janeiro de 2012 em Londrina, por meio de pesquisa em

sites científicos (BDENF, LILACS E SCIELO); livros; artigos; monografias e teses

compreendendo o período de 1998 a 2012 com base nas palavras-chave: “enfermeiras

obstétricas, parto sem distócia e autonomia no parto. Inicialmente foi realizada a leitura dos

resumos das publicações a fim de identificar quais atendiam aos critérios de inclusão, ou seja,

evidenciar a experiência profissional de enfermeiras obstétricas durante o trabalho de parto

normal sem distócia, identificando a forma que as mesmas utilizam para trabalhar com o parto

normal sem distócia além de identificar os pontos favoráveis e desfavoráveis do parto normal

sem distócia.

O resultado desta Pesquisa Bibliográfica foi utilizado para fazer uma análise

comparativa com o estudo desenvolvido por Ramos (2010) cujo trabalho intitulou-se “Parto

Domiciliar: visão das enfermeiras obstétricas e suas clientes”.

A pesquisa de Ramos (2010) teve como objetivo demonstrar a vivência da

enfermeira obstetra na condução do trabalho de parto sem distócia.

E obteve os resultados apresentados a seguir:

A enfermeira obstetra é capacitada a acompanhar uma gestante desde o Pré-Natal de

baixo risco, até o parto natural sem distócia, realiza vínculos entre profissional e paciente,

criando um elo de confiança da gestante em seu atendimento, levando dessa forma uma

melhor condução da gravidez e trabalho de parto, demonstra conhecimentos gerais da

enfermagem e específicos da área obstétrica para atendimento altamente qualificado, realiza o

parto humanizado levando a mulher a voltar suas relações com o passado de protagonista do

seu momento.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todos os dias nas maternidades as gestantes são separadas de seus companheiros ou

acompanhantes, confrontando-se com um ambiente estranho, sem dominar a linguagem

técnica que recebem dos funcionários. Essa indiscriminada transformação do nascimento e

parto em um fenômeno patológico, totalmente medicalizado, não deixa brechas para a

integração social da família e da sociedade neste evento existencial e psicológico para o

binômio mãe-filho (DAVIM; MENEZES, 2001), além do uso indiscriminado de ocitócitos,

frequente, quando não rotineiro, contribuem para aumentar a dor e o desconforto da gestante

no trabalho de parto.

Para Davim e Menezes (2001) o parto e o nascimento estão iluminados pelo

pensamento cartesiano que consolida como verdade paradigmática, influenciando todas as

áreas e especializações do pensamento e, entre elas, a medicina e a enfermagem, onde o

homem é visto como uma máquina.

O Brasil em nível assistencial adotou o modelo americano de assistência ao parto,

caracterizando-se assim por um processo intervencionista que apóia o enfoque ao risco. É

portanto necessário voltar à prática do parto normal, vendo a gestante de uma maneira

holística e o parto como um evento fisiológico. Desta maneira a parturiente deve ser

acompanhada por profissionais capacitados onde as intervenções ocorram quando necessárias

e não de forma rotineira, promovendo sempre o bem-estar da paciente, evitando usar métodos

invasivos. Esse processo assistencial é melhor realizado pelas enfermeiras que apresentam

uma visão holística mais apurada e humana (RIESCO, 1998).

A mulher pode “dar à luz” em ambiente familiar, com a presença de seu

acompanhante e na melhor posição que preferir. Esse processo é incentivado pelas

enfermeiras obstetras que além de direcionar a assistência para a mãe-filho, também estimula

a relação pai-filho. Porém a cultura brasileira pouco se interessa com a relação do pai no ciclo

gravídico-puerperal e a sua companheira (RIESCO, 1998).

O parto é considerado um processo psicossomático, onde o comportamento da

gestante pode variar da própria evolução do trabalho de parto, do seu nível de conhecimento,

sua história pregressa, o fator socioeconômico, personalidade e crença (DAVIM; MENEZES,

2001). O parto pode acontecer em qualquer lugar, na rua, como em um taxi, em outros

lugares, porém na maioria das vezes ele acontece fora da maternidade, em domicílio, podendo

ser por vários fatores, mas também por uma opção da própria gestante, e neste contexto

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algumas pessoas acreditam que esta seja a maneira mais natural de “dar à luz”. Porém, locais

que não apresentem condições essenciais para o nascimento de uma criança, torna-se mais

indicado o âmbito hospitalar.

Davim e Menezes (2001) relatam que na Holanda, o parto em domicílio é normal em

mulheres que não apresentem intercorrências durante o pré-natal, desta mesma forma, na

Inglaterra, as gestantes realizam o parto em domicílio acompanhas pela enfermeira Midwives

(são profissionais capacitados em um programa específico, conforme legislação do país, para

prestar assistência e orientações a mulher durante a gravidez, parto e pós-parto, assistindo o

parto normal sob sua responsabilidade e cuidar do recém-nascido).

Esse tipo de cuidado, através do profissional especialista em enfermagem obstétra,

vem também se constituindo hoje no Brasil, pois o Ministério da Saúde reconhece como uma

das metas para a redução dos riscos na gestação e complicações e mortes no parto.

O parto no domicílio está relacionado às práticas culturais de comunidades isoladas,

com as parteiras, à dificuldade de acesso da usuária aos hospitais, seja pela distância ou à falta

de recursos econômicos da população. Mas é evidente que o parto domiciliar planejado em

grandes centros urbanos relaciona-se com uma questão de escolha pessoal da mulher. A sua

residência como lugar de nascimento está voltando a fazer parte do cenário urbano

contemporâneo.

Grande parte das enfermeiras obstétricas que atuam nas grandes cidades vê o parto

como um evento natural, se o pré-natal for bem acompanhado e livre de complicações, pode

sim, ocorrer dentro ou fora do ambiente hospitalar (MEDEIROS; SANTOS; SILVA, 2008).

Pode-se afirmar que o ambiente ideal para uma mulher dar à luz será onde permita

segurança e assistência adequada. No caso de uma gestante de baixo risco, este local pode ser

um centro de parto normal, uma maternidade de um hospital, ou ainda o sua própria casa.

De acordo com Medeiros, Santos e Silva (2008, p.- 768 e 769), são apresentados

algumas frases de puérperas que realizaram parto normal:

“Parto normal, eu acho que é meu mesmo. Eu queria porque eu pensava assim, que

ser mãe tinha que passar por isso, eu acho que não era fazer cesárea. Eu penso que

uma mulher pra se realizar precisa passar... Eu precisava passar por essa

experiência pra eu me realizar, eu queria de todo modo fazer um parto

normal”(Safira).

“Minha família é da roça, então as minhas avós, bisavós, todas tiveram filhos em

casa. Minha avó, mãe da minha mãe, teve catorze filhos dentro de casa com

parteira da região, todos nasceram normais sem nenhum problema. Minha mãe é

super a favor do parto normal, teve quatro filhos de parto normal, então eu sempre

tive essa visão. Minha avó por parte de pai também chegou a ter filho em casa,

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porque é da roça, interior, então talvez essa coisa de a família ter tido filhos dessa

forma, pode ser que de alguma maneira isso tenha me influenciado” (Cristal).

“O pré-natal é completamente diferente. Ela [enfermeira obstetra] explicava

todas as etapas, como estava acontecendo, o que estava acontecendo com o meu

corpo, o que poderia indicar pra ela se o parto ia correr tudo bem. Então foi assim,

tudo bem explicado, então eu fui me preparando para que aquilo acontecesse tudo

certinho em casa, eu já estava sabendo tudo o que ia acontecer comigo” (Safira).

[...] também teve isso de poder estar em casa, um lugar acolhedor, um lugar em

que eu me sinto bem. É minha casa, tem toda uma história, não é a minha casa, é a

nossa casa, que eu montei junto com o M, então é muito legal isso, eu me senti com

muita liberdade, muito a vontade (Rubi).

Alguns benefícios do parto normal são caracterizados pela melhor recuperação da

mulher, redução do risco de infecção hospitalar e também uma incidência menor de

desconforto respiratório para o bebê. Além disso, o vínculo estabelecido entre o binômio é

fundamental, pois, logo após o parto, o recém-nascido é acolhido pelos braços da mãe. Neste

momento é estabelecido o vínculo maternal, proporcionando a participação da família;

mantendo um ambiente acolhedor, pois a mulher está na sua casa ao invés do hospital, onde

estaria sujeita a rotinas hospitalares; estabelecer segurança pois a mulher está em casa, sendo

que a mesma proporciona tranquilidade, respeito a suas crenças e valores; apoio de pessoas

significativas, escolher a posição quer ficar e qual posição terá o bebê; optar em fazer algum

ritual após a saída da placenta ou com ela, escolher uma música especial para o trabalho de

parto e parto, organizar o ambiente para o parto, entre outros (HANAMI, 2012).

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, os riscos intra-hospitalares são muito

maiores se comparado com o parto domiciliar planejado. No parto domiciliar é levado em

conta a parte psicológica da mulher, seus medos, suas dúvidas e se percebe que muitas vezes

são esses os aspectos que “empacam” o trabalho de parto. Portanto, as mesmas complicações

do parto hospitalar podem aparecer no parto domiciliar; tais como a desproporção céfalo –

pélvica (quando o bebê é maior que a pelve); e a falha da progressão (que é quando o bebê

não desce na pelve ou desce e pára); entre outras, porém, em menor porcentagem (HANAMI,

2012).

Quando se propõe ou se apóia um parto domiciliar deve-se levar em conta pelo

menos quatro premissas; a primeira alenta para que a mulher tem que estar segura de sua

opção, se estiver com medo e este medo não puder ser trabalhado, ela deve procurar uma

alternativa; a segunda que o parto domiciliar (assim como em qualquer outro ambiente) deve

ser acompanhado por profissional muito competente. Este profissional tem que ter recursos

para resolução de problemas, identificação precoce de situações que requeiram transferência

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e, mais do que tudo, noção de limite; o terceiro é que garanta um mecanismo de referência

adequado; e o quarto tem que haver um protocolo de inclusão. Como premissa a gestação

deve ocorrer livre de riscos, ou seja, de complicações, como pressão alta, diabetes, entre

outros, sendo chamada, portanto, de gestação de baixo risco, devendo ser no prazo certo, a

termo, entre 37 e 42 semanas de gestação (HANAMI, 2012).

A mulher além de realizar o pré-natal com a equipe de enfermeiras, deve também

realizar o pré-natal com o médico, que irá confirmar a gestação de baixo risco e que de

preferência esteja de acordo com o parto domiciliar, ficando de sobreaviso no momento do

trabalho de parto e parto. De acordo com Ramos (2010, p.- 26), são apresentados dois

depoimentos falando da importância do pré-natal realizado tanto pela enfermeira obstétrica

quanto pelo médico obstetra, sendo um relato de uma enfermeira obstétrica e outra de uma

puérpera:

A gente oferece grupo de gestante para as mulheres e o pré-natal que a gente

oferece é a partir de 37 semanas, que ocorre um preparo específico pro parto. [ ] no

parto domiciliar, nós trabalhamos as relações de igualdade e da questão do

protagonismo da mulher decidir o que ela quer e da gente respeitar isso. [ ]

trabalha também toda a questão de preparo pro parto, pro dia do parto, pro pós-

parto, pra amamentação, pros cuidados com o bebê, da família a até mesmo a

sexualidade do casal que vai mudar (Topázio).

Sim, realizei uma parte com o ginecologista e uma parte com as enfermeiras

obstetras e teria gostado que o pré-natal inteiro pudesse ser conduzido pelas

enfermeiras obstetras. Eu gostei muito, é outra coisa, você está em casa, elas

realmente conhecem a sua situação (Iris).

É necessário um relacionamento de qualidade estabelecido entre as pessoas que o

compõe (mulher/família/equipe). Este é o pressuposto básico para um compartilhamento de

responsabilidades na relação entre o profissional e a mulher. Este compartilhar de

responsabilidades implica em saber que a função do profissional é expor os fatos de forma

inteligível, honesta e sem preconceitos. Isto implica em apresentar com clareza os prós e os

contras de uma indicação terapêutica, do uso de determinada tecnologia, da implementação de

procedimentos, assim como, a de ouvir, acompanhar e, principalmente, respeitar o processo

de decisão da mulher (HANAMI, 2012).

A confiança que a gestante adquire com a enfermeira influencia diretamente no

trabalho de parto, proporcionando pontos positivos como uma boa comunicação, uma relação

de vínculo entre profissional e paciente, de interação, gerando maiores benefícios para o bebê

no nascimento.

Este respeito é baseado na compreensão de que tanto a equipe, quanto a mulher são

pessoas adultas, capazes de tomar decisões e assumir responsabilidades, e, como qualquer ser

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humano, errar. Uma relação profissional-usuária adequada pressupõe o entendimento das

consequências profundas que a gravidez, o parto e o nascimento produzem tanto de forma

individual para cada mulher, quanto de forma coletiva para sua família e para a sociedade. O

grande desafio dos profissionais de saúde é integrar aquilo que hoje é considerado como

adequado cientificamente (medicina baseada em evidências) com a sensibilidade em relação a

cada mulher individualmente, favorecendo desta forma um relacionamento que seja adequado

e efetivo (HANAMI, 2012).

A tendência da enfermagem obstétrica está cada dia mais voltada para a conquista do

compromisso político-social visando à melhoria das condições de saúde da mulher. Neste

sentido, é necessário que seja concretizada a atuação efetiva da mesma em todos os

seguimentos da assistência à saúde da mulher, sendo de forma direta ou na gerência de

serviços (ARAUJO; OLIVEIRA, 2006).

Um dos grandes desafios da enfermeira obstetriz, é garantir sua legitimidade na

assistência oferecida e a criação de um modelo próprio de cuidado que privilegie a

participação ativa da mulher no processo de parturição. Primando por seu saber técnico-

científico, esta pode reduzir o índice de morbimortalidade perinatal e materna, aumentando ou

até mesmo introduzindo a humanização no atendimento (ARAUJO; OLIVEIRA, 2006).

O Ministério da Saúde exercendo seu papel normatizador e regulador implantou um

conjunto de ações que, por meio de portarias ministeriais estimula a melhoria da assistência

obstétrica. Destas, cita-se a Portaria MS/GM 2.815/98, que inclui na tabela do Sistema de

Informações Hospitalares no Sistema Único de Saúde o procedimento “parto normal sem

distócia realizado por enfermeira obstetra” e tem por finalidade principal reconhecer a

assistência prestada pela categoria no contexto da humanização do parto (ARAUJO;

OLIVEIRA, 2006).

Apesar de todo respaldo legal da profissão, infelizmente ainda são inúmeras as

dificuldades enfrentadas para a atuação da enfermeira na equipe de saúde do centro obstétrico,

sendo assim, necessário um trabalho interdisciplinar para que dissemine o respeito e a

valorização dessa categoria profissional (ARAUJO; OLIVEIRA, 2006).

Saber reconhecer e valorizar o aspecto fisiológico do parto é fundamental para iniciar

um conceito de humanização do nascimento. Através desse reconhecimento, pode-se respeitar

a mulher como ser mais indicado para escolher a forma e o local mais adequado para dar a luz

ao seu bebê, sem intervenções desnecessárias (FEYER et al., 2009).

Por isso, os profissionais da saúde devem reconhecer a mulher e o seu filho como

peças fundamentais no evento do nascimento, e compreender que além de proporcionar um

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parto natural, tranquilo, também é necessário considerar seus sentimentos e desejos, sua

religião ou crença, sua rotina de vida, e principalmente seu partejar.

No estudo de Ramos (2010, p.- 35), as puérperas atendidas pelas enfermeiras

obstétricas relatam o quanto se sentiram confiante com as mesmas, tanto na parte técnica

quanto na científica e além, os serviços oferecidos por elas:

Confiança, esclarecimento tanto humano quanto técnico, muita vezes saber fazer a

coisa certa na hora certa (Heliconea).

[ ]elas tem todo equipamento para qualquer emergência, deixam te sentir tranqüila

porque o importante é não intervir sem nenhuma razão. [ ] na verdade elas não

fizeram muito, até me deixaram pegar a minha bebê sozinha. [ ] Isso também é

importante por deixar a experiência para mãe e o pai, e não proibir e querer fazer

como acontece com os outros médicos e outras pessoas mas a parte... elas estavam

preparadas para tudo e acho muito profissional o trabalho delas (Iris).

Para que a gestante se torne protagonista do seu trabalho de parto, é essencial que a

enfermeira obstetra repasse todos seus conhecimentos e saberes a mesma. Neste momento é

que se estabelece a confiança mútua, cria-se um vínculo que favorece a aceitação total dos

métodos oferecidos na condução do trabalho de parto.

A aceitação das clientes atendidas pelas enfermeiras obstétricas é tão bem vista que

as mesmas relatam que se sentiram seguras com os procedimentos realizados, isso incluindo

um deles a episiotomia, que de forma geral não é bem vista pelas mulheres por agredir o

períneo feminino, onde o mesmo não precisou ser realizado (RAMOS, 2010, p.- 36)

Não teve e elas ficaram todas muito impressionadas com isso porque foi um bebê

grande de 4 kilos e 300 gramas, e nasceu sem precisar de nada sem ter nenhum

machucadinho, ficou intacto, perfeito (Heliconea).

Na verdade a saída do bebê foi a parte mais linda do parto. [ ] elas sempre falaram

para a gente ficar relaxada na hora da expulsão, não fazer força para não ocorrer

rompimento do períneo ou nada disso, mais de qualquer forma eu tive um laceração

de primeiro grau onde a enfermeira me disse que não iria precisar de sutura e que

se eu seguisse as suas recomendações eu iria me recuperar bem rápido e foi isso

que aconteceu e ai depois eu cuidei, lavei com chá de malva, usei óleo de copaíba e

menos de uma semana eu já estava bem (Orquídea).

A enfermeira obstétrica exerce um papel imprescindível na atenção durante o parto e

o nascimento e desse modo sua atuação vem sendo solicitada, tanto no cotidiano do cenário

de cuidados que envolvem ações de pré-natal, parto e puerpério quanto o desenvolvimento de

políticas relacionadas ao contexto obstétrico.

O título de especialista tem sido cada vez mais requisitado e incentivado, seja pela

qualidade da assistência oferecida ou simplesmente pela contribuição na redução da

morbimortalidade materna e neonatal.

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Os resultados que revelam otimismo com o futuro desta especialidade, chamam a

atenção particularmente no que diz respeito à autonomia profissional. Assim podendo parecer

controverso na primeira vista, pois vários estudos da área vem abordando uma percepção de

enfermeira obstétrica associada a aspectos negativos dentro do escopo profissional de

abrangência, ou seja, uma falta de autonomia profissional. Contudo, um olhar mais apurado

nesses dados, demonstra uma justificativa mais otimista quando ligada à palavra “luta”.

Monticelli et al. (2008, p.- 488), citam um depoimento que enfatiza essa questão:

[..a .luta que as enfermeiras obstétricas estão realizando em direção à autonomia

profissional; acredito que, lutando, conseguiremos a autonomia necessária para o

desempenho das atividades – Egressa 5].

Essas respostas em torno da autonomia profissional, como um desejo que estimula os

profissionais a apresentarem otimismo quanto ao futuro na especialidade, a exemplo de outros

estudos, que mostram que a trajetória profissional, principalmente no que se refere à execução

do parto normal sem distócia, a enfermeira obstétrica é apontada como um elemento

importantíssimo na assistência à mulher e demonstra autonomia e credibilidade além de,

valorizar seu trabalho e, certamente, vislumbra um futuro melhor para a profissão.

Ramos (2010, p.- 39), cita um relato que confirma essa autonomia e as perspectivas

para a área:

[ ] a gente acaba retornando as origens [ ] e fazer com que a mulher realmente

acredite na força que ela tem, então você em casa, [ ] trabalha e exercita a tua

habilidade enquanto ser observador, pensante, reflexivo, e dar sentido a um

atendimento, livre de riscos, um atendimento sem intervenções, que é o que tem que

ser feito mesmo (Safira Azul).

E confirmando a visão das enfermeiras obstétricas, suas clientes explanaram suas

idéias com relação ao parto (RAMOS, 2010, p.- 40):

Eu acho que é o mais natural de todos que na verdade deveria ser sempre o que

acontece a regra e não a exceção, assim, uma coisa super tranqüila eu achei, foi

bom para mim, foi bom para o bebê, a gente ficou sossegado, ficou em casa, a gente

não precisou ficar dois dias no hospital. A minha visão sobre o parto domiciliar é a

melhor possível para mim é o melhor parto que pode ter “parto normal

domiciliar”(Rosa).

É a melhor coisa que pode acontecer com a mulher, [ ] acho que é o melhor jeito

de trazer uma pessoa ao mundo (Heliconea).

Neste sentido, justifica-se a escolha pelo parto normal sem distócia domiciliar ou

institucional, destacando que o parto que evolui de forma fisiológica e natural tem como o

melhor cenário o que ambiente possibilita: acolhimento, privacidade, conforto e liberdade,

sendo ele domiciliar ou institucional (MEDEIROS; SANTOS; SILVA, 2008).

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Assim, a enfermeira obstetra não pode garantir o resultado final do processo de

parturição, porém, pode munir-se de cuidados e zelo, evitando expor a mulher e nascituro a

riscos desnecessários ao realizar a assistência ao parto. Devendo voltar exclusivamente sua

atenção aos limites da competência, agindo dentro do que a legislação lhe autoriza fazer. O

profissional dessa forma garante o que é de sua obrigação, ou seja, assistência livre e

resguardada de ações negligentes, impericias e imprudentes que podem resultar em danos a

gestante e ao feto.

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5 CONCLUSÃO

A opção pela escolha do parto normal, hospitalar ou domiciliar, para maioria das

mulheres é cercado de muitos mitos, significados e ideologia. O parto realizado por uma

enfermeira obstétrica é muito mais que uma opção, é um desejo e direito da mulher. Assim o

profissional deve aliar durante o acompanhamento à gestante, a ciência e a tecnologia,

juntamente com a tradição da arte de partejar, tornando o parto mais seguro e efetivo.

De acordo com os dados obtidos por Ramos (2010) a enfermeira obstétrica é

capacitada desde o acompanhamento no Pré-Natal até o período do parto normal sem distócia,

é responsável também pela criação do vínculo entre profissional e paciente, tornando dessa

forma o parto humanizado, realizando posições, técnicas de relaxamento, ensinando a

gestante a tornar-se a protagonista na condução do parto, confirmado na literatura como o

pressuposto básico para um bom resultado, Ramos (2010) também mostra o domínio do

conhecimento da enfermeira obstétrica, as técnicas dentro do trabalho de parto e após o

trabalho de parto, evitando assim possíveis complicações, o que se confirma nas literaturas

pesquisadas como enfermeiras altamente preparadas para a condução do trabalho de parto

sem distócia.

Com esta pesquisa, pôde-se constatar diante de tudo o que foi observado, que o parto

normal sem distócia realizado por uma enfermeira obstétrica, é real e possível. Elas têm muito

a contribuir nessa transformação da assistência obstétrica, para tentar torná-la menos

intervencionista e mais humanista.

As enfermeiras obstétricas possuem respaldo legal, competência técnica e

sensibilidade para se relacionarem com as mulheres e seus familiares porém, necessitam-se

fortalecer como grupo profissional perante toda a sociedade, instituições e principalmente os

médicos, para poderem atender às parturientes com mais confiança e autonomia, em

cooperação com todos da área da saúde.

Espera-se que diante desse trabalho suscite reflexões a cerca do tema proposto e o

ato de partejar, que haja um processo de conscientização alavancado por sua importância e

que haja um resgate sobre o papel da enfermeira obstétrica na condução do trabalho de parto

sem distócia.

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