a implantação do projeto piloto do sisfron e a consecução ... 0927_b… · do projeto piloto do...

70
A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução de Benefícios à Sociedade como Parte do Desenvolvimento Nacional ESCOLA DE COMANDO E ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO Cel Cav SANTIAGO CESAR FRANÇA BUDÓ Rio de Janeiro 2019

Upload: others

Post on 12-Oct-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução de Benefícios à Sociedade como Parte do

Desenvolvimento Nacional

ESCOLA DE COMANDO E ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO

Cel Cav SANTIAGO CESAR FRANÇA BUDÓ

Rio de Janeiro

2019

Page 2: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

Cel Cav SANTIAGO CESAR FRANÇA BUDÓ

A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução de Benefícios à Sociedade como Parte do

Desenvolvimento Nacional

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares, com ênfase em Política, Estratégia e Administração Militar.

Orientador: Cel Cav Juarez Guina Fachina Júnior

Rio de Janeiro 2019

Page 3: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

S 235i Budó, Santiago Cesar França

A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução de Benefícios à Sociedade como Parte do Desenvolvimento Nacional. / Cesar França Budó Santiago. 一 2019. 69 f. : il ; 30 cm. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares) 一 Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2019. Bibliografia: f. 66-69.

1. SISFRON 2. Programas Estratégicos 3. Desen-volvimento Nacional I. Título.

CDD 320.15

Page 4: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

Cel Cav SANTIAGO CESAR FRANÇA BUDÓ

A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução de Benefícios à Sociedade como Parte do

Desenvolvimento Nacional

Aprovado em _______ de novembro de 2019.

COMISSÃO AVALIADORA

_________________________________________________ JUAREZ GUINA FACHINA JUNIOR – Cel Cav – Presidente

Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

____________________________________________ WAGNER ALVES DE OLIVEIRA – Cel Inf – Membro

Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

_________________________________________ OTHON GOMES MELO – Cel Cav – Membro

Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Escola de Comando e Estado-

Maior do Exército, como requisito parcial para a

obtenção do título de Especialista em Política,

Estratégia e Alta Administração Militar.

Page 5: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

AGRADECIMENTOS

Ao Cel KLEIN e Maj BARBOSA, pelo apoio na pesquisa e nas informações que

clarearam o longo caminho a ser percorrido na pesquisa.

Ao Coronel GUINA, meus sinceros agradecimentos pela prontidão, tolerância e

orientação precisa na conclusão deste trabalho.

Agradeço à minha Esposa Mana e aos meus filhos Laura, Bruno e Gabriel. Sem sua

inspiração não seria possível completar a missão.

Page 6: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

RESUMO

A Estratégia Nacional de Defesa lançada em 2008 trouxe novas demandas para as

Forças Armadas, extrapolando o debate da importância da Defesa para toda a

sociedade. Para o Exército Brasileiro, essas demandas se transformaram em

Programas Estratégicos elaborados para delinear novas capacidades a fim de cumprir

sua missão constitucional. Um dos programas criados foi o Sistema Integrado de

Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), com o objetivo de implantar um sistema que

potencialize ação do Estado na faixa de fronteira terrestre, ampliando a presença e a

capacidade de atuação dos entes governamentais por meio de equipamentos de

sensoriamento, de apoio à decisão e de apoio ao emprego operacional. Nesse

contexto, o presente trabalho teve por objetivo analisar os resultados da implantação

do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à

Sociedade elencados em sua concepção. Para isso, foi realizada uma pesquisa

bibliográfica, a fim de apresentar o Programa em sua plenitude e como foi feita a

implantação do Projeto Piloto na área da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada. Em

seguida, foram levantados os benefícios atingidos após a conclusão do Projeto Piloto,

relacionando com os objetivos propostos na concepção do Programa. Dessa forma,

foi possível constatar que é fundamental que um programa estratégico cumpra os

propósitos para qual foi destinado dentro de um contexto de desenvolvimento

nacional, fim de que possa garantir o fluxo de recursos necessários para sua

conclusão.

Palavras-chave: SISFRON; Programas Estratégicos; Desenvolvimento Nacional.

Page 7: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

ABSTRACT

The National Defense Strategy launched in 2008 brought new demands to the Armed

Forces, extrapolating the debate on the importance of defense for all of society. For

the Brazilian Army, these demands have become Strategic Programs designed to

delineate new capabilities to fulfill its constitutional mission. One of the programs

created was the Integrated Border Monitoring System (SISFRON), with the objective

of implementing a system that enhances state action in the land border range,

expanding the presence and the ability of government entities to operate through

equipment sensing, decision support and operational employment support. In this

context, the present work aimed to analyze the results of the implementation of the

SISFRON Pilot Project under the focus of achieving or not the benefits to society listed

in its conception. For this, a bibliographic research was carried out in order to present

the Program in its entirety and how the Pilot Project was implemented in the area of

the 4th Mechanized Cavalry Brigade. Then, the benefits achieved after the conclusion

of the Pilot Project were identified, relating to the objectives proposed in the Program

design. Thus, it was found that it is essential that a strategic program fulfills the

purposes for which it was intended within a context of national development, in order

to ensure the flow of resources necessary for its completion.

Keywords: SISFRON; Strategic programs; National development

Page 8: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

LISTA DE FIGURAS

1 - Fronteiras do Brasil................................................................................. 23

2 - Projeção do Programa Estratégico SISFRON......................................... 25

3 - Concepção funcional do SISFRON......................................................... 27

4 - Resumo sobre o alcance do Projeto SISFRON....................................... 28

5 - Estrutura da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada................................... 32

6 - Desdobramento da 4ª Bda C Mec e delimitação da Faixa de Fronteira.... 33

7 - Sensores ópticos e termais..................................................................... 37

8 - Radar SENTIR M20 compondo o SVMR-T.............................................. 38

9 - CC2 Móvel.............................................................................................. 40

10 - Representação gráfica da Infovia........................................................... 42

11 - Antena da Infovia.................................................................................... 42

12 - Fomento para a BID................................................................................ 56

13 - Mato Grosso do Sul: apreensão de cocaína e derivados pelas polícias

militar e civil (2012-2018).........................................................................

62

14 - Mato Grosso do Sul: apreensão de maconha pelas polícias militar e

civil (2012-2018)......................................................................................

62

Page 9: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

LISTA DE QUADROS

1 - Revisão da definição do Projeto Piloto do SISFRON................................ 31

2 - Previsão orçamentária para o Projeto Piloto do SISFRON....................... 35

3 - Componentes do Subsistema de Segurança da Informação e das

Comunicações...........................................................................................

43

4 - Entregas realizadas................................................................................... 45

Page 10: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

LISTA DE TABELA

1 - Material distribuído no Projeto Piloto.......................................................... 41

Page 11: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIMDE Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e

Segurança

Bda Brigada

Bda C Mec Brigada de Cavalaria Mecanizada

BID Base Industrial de Defesa

BO Binóculo Óptico

BT Binóculo Termal

BTM Binóculo Termal Multifunção

CC2 Centro de Comando e Controle

CGOFF-EB Comitê Gestor para Obtenção de Fontes de Financiamento

Ch EM Chefe do Estado-Maior

CITEx Centro Integrado de Telemática do Exército

CLA Câmera de Longo Alcance

CMA Comando Militar da Amazônia

Cmdo Com GE Ex Comando de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército

Cmdo Mil A Comando Militar de Área

CMO Comando Militar do Oeste

COMOP Compreensão das Operações

Com Tat Comunicações Táticas

COTER Comando de Operações Terrestres

CREDN Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional

CRM Centro Regional de Monitoramento

CTEx Centro Tecnológico do Exército

DCT Departamento de Ciência e Tecnologia

Dst Mil Destacamento Militar

EAD Ensino à Distância

EB Exército Brasileiro

ECEME Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

EMCFA Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas

EME Estado-Maior do Exército

END Estratégia Nacional de Defesa

Page 12: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

EPEx Escritório de Projetos do Exército Brasileiro

EPP Exército Popular do Paraguai

ESG Escola Superior de Guerra

Esqd C Mec Esquadrão de Cavalaria Mecanizado

FIEP Federação das Indústrias do Estado do Paraná

FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

FTer Força Terrestre

GLO Garantia da Lei e da Ordem

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

LC Lei Complementar

MAGE Medidas de Apoio de Guerra Eletrônica

MD Ministério da Defesa

MTO Módulo Tático Operacional

Nr Número

ODG Órgão de Direção Geral

OM Organização Militar

ONU Organização das Nações Unidas

OSP Órgão(s) de Segurança Pública

PCC Primeiro Comando da Capital

PEF Plano Estratégico de Fronteiras

Pel C Mec Pelotão de Cavalaria Mecanizado

PIB Produto Interno Bruto

PND Política Nacional de Defesa

PPIF Programa de Proteção Integrada de Fronteiras

Prg EE Programas Estratégicos do Exército

PRODE Produto de Defesa

Ptf EE Portfólio Estratégico do Exército

QG Quartel-General

RACE Reunião do Alto Comando do Exército

RC Mec Regimento de Cavalaria Mecanizado

RFI Requerimento Inicial de Informações ao Mercado

RFP Requerimento de Propostas ao Mercado

RVT Radar de Vigilância Terrestre

Page 13: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

SAD Software de Apoio à Decisão

SAE/PR Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da

República

SC2FTer Sistema de Comando e Controle da Força Terrestre

SIC Segurança das Informações e das Comunicações

SIPAM Sistema de Proteção da Amazônia

SISFRON Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras

SIVAM Sistema de Vigilância da Amazônia

SVMR Sistema de Vigilância, Monitoramento e Reconhecimento

SVMR-F Sistema de Vigilância, Monitoramento e Reconhecimento

Fixo

SVMR-M Sistema de Vigilância, Monitoramento e Reconhecimento

Móvel

SVMR-T Sistema de Vigilância, Monitoramento e Reconhecimento

Transportável

TI Tecnologia da Informação

TIC Tecnologia das Informação e das Comunicações

TCU Tribunal de Contas da União

UNODC Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime

VN Visão Noturna

Page 14: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................... 15

1.1 TEMA……………………………………………………………….............. 16

1.2 O PROBLEMA....................................................................................... 17

1.3 OBJETIVOS.......................................................................................... 17

1.3.1 Objetivo Geral...................................................................................... 17

1.3.2 Objetivos Específicos......................................................................... 17

1.4 ARGUMENTO....................................................................................... 18

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO................................................................ 18

1.6 RELEVÂNCIA DO ESTUDO………………............................................ 19

1.7 METODOLOGIA.................................................................................... 19

1.7.1 Delimitação da pesquisa..................................................................... 19

1.7.2 Concepção do método……………………………………..…................ 19

1.7.3 Limitações do método........................................................................ 20

2 O PROGRAMA SISFRON..................................................................... 21

2.1 ANTECEDENTES.................................................................................. 21

2.2 CONCEPÇÃO DO SISTEMA................................................................ 24

3 O PROJETO PILOTO............................................................................ 29

3.1 ELABORAÇÃO DO PROJETO............................................................. 29

3.2 A 4ª BRIGADA DE CAVALARIA MECANIZADA................................... 32

3.3 OS MEIOS DO PROJETO PILOTO...................................................... 33

3.3.1 Subprojeto Sensoriamento e Apoio à Decisão................................. 36

3.3.1.1 Subsistema de Sensoriamento.............................................................. 36

3.3.1.2 Subsistema de Apoio à Decisão............................................................ 39

3.3.1.3 Subsistema de Tecnologia da Informação e Comunicações................. 39

3.3.1.4 Subsistema de Segurança da Informação e das Comunicações.......... 43

3.3.2 Subprojeto Apoio à Atuação............................................................... 43

3.3.3 Subprojeto Obras de Infraestrutura................................................... 44

4 ENQUADRAMENTO TEÓRICO E FUNCIONAL DO SISFRON.......... 46

4.1 O ESTADO E O DESENVOLVIMENTO NACIONAL............................ 46

4.2 POLÍTICA NACIONAL E ESTRATÉGIA NACIONAL............................ 47

4.3 O PORTFÓLIO ESTRATÉGICO DO EXÉRCITO................................. 50

Page 15: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

5 BENEFÍCIOS ATINGIDOS PELO PROJETO PILOTO DO SISFRON. 52

5.1 CAMPO POLÍTICO................................................................................ 52

5.2 CAMPO ECONÔMICO.......................................................................... 55

5.3 CAMPO MILITAR................................................................................... 58

5.4 SOCIEDADE.......................................................................................... 59

5.5 SOCIOAMBIENTAIS.............................................................................. 60

5.6 SEGURANÇA PÚBLICA........................................................................ 61

6 CONCLUSÃO........................................................................................ 64

REFERÊNCIAS..................................................................................... 66

Page 16: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

15

1 INTRODUÇÃO

O Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON) é um

Programa Estratégico criado a fim de atender as demandas impostas ao Exército

Brasileiro (EB) pela segurança e defesa de nossos mais de 16.000 km de fronteiras,

“o que favorecerá o emprego das organizações subordinadas aos Comandos Militares

do Norte, da Amazônia, do Oeste e do Sul” (BRASIL, 2018a), bem como potencializará

“a ação do Estado na faixa de fronteira terrestre, ampliando a presença e a capacidade

de atuação dos entes governamentais por meio de equipamentos de sensoriamento,

de apoio à decisão e de apoio ao emprego operacional” (BRASIL, 2018a). Há previsão

de investimentos de R$ 12 bilhões para sua completa implementação.

O Programa Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras - SISFRON - visa à implantação de um sistema que potencialize ação do Estado na faixa de fronteira terrestre, ampliando a presença e a capacidade de atuação dos entes governamentais por meio de equipamentos de sensoriamento, de apoio à decisão e de apoio ao emprego operacional. Tudo em consonância com o Programa de Proteção Integrada de Fronteiras - Decreto N° 8.903, de 16 de novembro de 2016. (BRASIL, 2018a)

O Projeto Piloto do SISFRON teve sua implantação iniciada, em 2014, em área

do estado do Mato Grosso do Sul, compreendendo uma parte da fronteira do Brasil

com o Paraguai, faixa sob responsabilidade do Comando Militar do Oeste (CMO),

especificamente na área de atuação da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada (Bda C

Mec), e que “se destina, entre outras finalidades, a avaliar, a reajustar e a refinar as

definições preliminares do Sistema, possibilitando sua implementação de forma mais

efetiva e adequada nas demais regiões do País”. (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

apud FILHO, 2017)

A Estratégia Nacional de Defesa (END), lançada em 2008, documento de mais

alto nível do País, tem por objetivo: Tratar questões políticas e institucionais decisivas para a Defesa do País, como os objetivos da sua “grande estratégia” e os meios para fazer com que a Nação participe da defesa. Aborda, também, problemas propriamente militares, derivados da influência dessa “grande estratégia” na orientação e nas práticas operacionais das três Forças. (BRASIL, 2008)

Assim, serviu de base para a adoção de uma nova postura do setor de Defesa

dentro das políticas públicas, tendo como foco a busca do desenvolvimento nacional,

destacando as seguintes características para a sua consecução: “efetiva mobilização

Page 17: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

16

de recursos físicos, econômicos e humanos, para o investimento no potencial

produtivo do país; e capacitação tecnológica autônoma”. (BRASIL, 2008)

O EB, face às imposições surgidas da END, decidiu que seu processo de

transformação seria baseado em iniciativas estratégicas de médio e longo prazos,

atualmente suportadas por um amplo portfólio de Programas Estratégicos do Exército

(Prg EE).

Os Prg EE geram resultados para o Estado Brasileiro, não somente para o EB.

Por um lado, são criadas capacidades militares terrestres, que vão assegurar à Força

Terrestre a postura estratégica exigida, habilitando-a a conduzir operações militares

em um amplo espectro, desde as ações subsidiárias até o conflito armado.

Complementarmente, o Portfólio Estratégico do Exército (Ptf EE), que é a

integração dos diversos programas estratégicos, tem como foco a entrega de uma

significativa quantidade de benefícios à Sociedade, como: - o fortalecimento da Base Industrial de Defesa (BID); - o desenvolvimento de tecnologias duais que possam ser aplicadas em tempo de paz; - a geração de empregos; - a projeção internacional; e - a paz social e a segurança, por meio do incremento da capacidade de dissuasão contra ameaças regionais ou mesmo extra regionais. (BRASIL, 2018a)

1.1 TEMA

A necessidade de obtenção de recursos e sua consequente utilização é,

atualmente, um dos grandes desafios dos Estados Nacionais e, consequentemente,

de suas Forças Armadas.

Essa necessidade de utilização de recursos, pontual e baseada em planejamento

detalhado, foi buscar na ciência ferramentas de gestão para trazer com mais

qualidade os benefícios que o Estado se propôs a entregar a sua população, seja na

forma de bens ou serviços, bem como de itens não mensuráveis, como segurança ou

qualidade de vida.

Assim, as políticas públicas se tornaram instrumentos obrigatórios para a

aplicação do Poder Nacional em todo o seu espectro, servindo de base para a gestão

governamental de recursos orçamentários disponíveis, cada vez mais diluídos nas

inúmeras atribuições do Estado.

Page 18: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

17

Por se tratar do bem público, seja ele a fonte (recursos) e o objetivo final (bem

para a sociedade), também se tornou necessário maior controle e rigidez no uso

destes recursos em todas as fases do processo.

Nesse ínterim, tornou-se obrigação do EB adotar ferramentas de

acompanhamento da aplicação dos recursos em seu portfólio estratégico, a fim de

cumprir a determinação imperiosa da sociedade por transparência, bem como de

apresentar sua capacidade gestora, a fim de garantir o fluxo ininterrupto de recursos

para a manutenção de investimentos, tão necessário ao acompanhamento da

evolução tecnológica e da ampliação da demanda por segurança e defesa.

1.2 O PROBLEMA

Os Prg EE estão enquadrados em políticas públicas, portanto, são geridos com

recursos orçamentários públicos, sujeitos à governança e devem estar alinhados com

alguns anseios da sociedade. Portanto, o problema encontrado é:

Neste contexto, como a implantação do Projeto Piloto do SISFRON tem trazido

os benefícios à Sociedade elencados em sua concepção, no que tange ao

desenvolvimento nacional?

1.3 OBJETIVOS

Os objetivos levantados servem de guia para a abordagem do problema. Assim,

a fim de possibilitar a análise dos resultados da implantação do Projeto Piloto do

SISFRON, foi elencado um objetivo geral e os decorrentes objetivos específicos.

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar os resultados da implantação do Projeto Piloto do SISFRON sob o

enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados em sua

concepção.

1.3.2 Objetivos específicos

- Apresentar a concepção do SISFRON.

- Descrever a implantação do Projeto Piloto do Programa.

- Apresentar o enquadramento teórico e funcional do SISFRON.

Page 19: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

18

- Analisar os resultados da implantação do Projeto Piloto do SISFRON sob o

enfoque dos benefícios trazidos à Sociedade.

1.4 ARGUMENTO Face ao problema levantado no item 1.2, formula-se o seguinte argumento

como base para o estudo pelo presente trabalho:

A consecução de benefícios à Sociedade por parte dos Prg EE é essencial

para continuidade do recebimento de recursos orçamentários, como parte das

políticas públicas do Estado Brasileiro.

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Este trabalho foi limitado aos resultados verificados pela implantação do Projeto

Piloto do SISFRON na área da 4a Bda C Mec e ao atendimento dos seguintes

benefícios:

- políticos (integração regional, cooperação militar com Forças

Armadas vizinhas, aumento da presença do Estado e Integração entre órgãos de

governo);

- econômicos (geração de empregos, elevação da capacidade tecnológica da

base industrial de defesa e diversificação da pauta de exportação);

- militares (aumento da capacidade de vigilância e monitoramento, efetivação

da Estratégia da Presença, melhoraria da capacidade operacional e presteza no

atendimento de emergências);

- à Sociedade (melhoria na qualidade de vida, aumento da segurança e

emprego de meios de Tecnologia das Informações (TI) e comunicações para

atividades como tele saúde e ensino a distância);

- socioambientais (preservação ambiental, proteção da biodiversidade,

combate aos ilícitos ambientais e proteção das populações indígenas); e

- Segurança Pública (combate ao narcotráfico, ao contrabando de armas, aos

ilícitos transfronteiriços, ao crime organizado, aumento da segurança dos centros

urbanos e combate à imigração ilegal).

Page 20: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

19

1.6 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

Nos últimos anos, a situação fiscal do País sempre foi um limitador do

orçamento federal, com consequências diretas para o orçamento das Forças

Armadas, impactando diretamente na capacidade de investimento.

Com a END e a criação do Ptf EE, o EB visualizou uma oportunidade de

desenvolver novas capacidades militares, enquadrado num arcabouço legal e com

amparo pela Sociedade, por intermédio de um envolvimento de vários atores no

processo de desenvolvimento.

Assim, a confirmação de que os Prg EE trazem benefícios à Sociedade,

mediante a comprovação de resultados favoráveis, pode garantir a continuidade do

fluxo de recursos orçamentários, ademais dos constantes contingenciamentos

orçamentários que tanto afetam diversas políticas públicas no País.

1.7 METODOLOGIA

Esta seção destina-se a delimitar a pesquisa, apresentar a concepção e as

limitações do método. Para tal, foram tomados como base os conceitos existentes no

Manual Escolar de Elaboração de Projetos de Pesquisa na ECEME (ME 21-259),

edição 2012.

1.7.1 Delimitação da pesquisa

Seguindo a taxionomia de Vergara citado em BRASIL (2012a), essa pesquisa é

qualitativa, bibliográfica e documental. Qualitativa, uma vez que privilegiou a análise

de documentos e relatórios para entender os resultados obtidos pelo SISFRON.

Bibliográfica porque teve sua fundamentação teórico-metodológica na investigação

sobre assuntos de políticas públicas e desenvolvimento nacional disponíveis em

livros, manuais e artigos de acesso livre ao público em geral. Finalmente, a pesquisa

foi documental por utilizar de documentos de trabalhos e relatórios do EB e outros

órgãos, não disponíveis para consultas públicas.

1.7.2 Concepção do método

O trabalho iniciou-se com uma pesquisa bibliográfica em livros, documentos e

artigos científicos, a fim de conceituar desenvolvimento nacional e políticas públicas,

para justificar o enquadramento teórico dos Prg EE como políticas públicas.

Page 21: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

20

Ao mesmo tempo, utilizou-se a pesquisa documental em dissertações e

documentos e relatórios do EB, a fim de apresentar a concepção do Sistema e como

foi a implantação do Projeto Piloto do SISFRON.

A consulta às referidas fontes priorizou o levantamento dos seguintes dados de

forma descritiva:

- benefícios elencados com a implantação do Sistema;

- descrição do Projeto Piloto;

- entregas realizadas; e

- enquadramento teórico e funcional do SISFRON.

Por fim, usando o método explicativo, os dados foram analisados de forma

conjugada, chegando à conclusão ou não de que a implantação do Projeto Piloto do

Prg EE SISFRON trouxe benefícios à Sociedade.

1.7.3 Limitações do método

A metodologia escolhida para esta pesquisa apresenta algumas dificuldades e

limitações em relação ao tratamento e à coleta dos dados.

Tendo em vista o estudo buscar benefícios intangíveis (segurança,

capacitação, etc.) e que alguns dados podem não estar relacionados diretamente ao

SISFRON, é possível que se tenha uma gama limitada de fontes suficientes

disponíveis.

Mesmo com a citada limitação, acredita-se que a metodologia escolhida é

acertada e possibilitou apresentar uma “fotografia” do resultado da implantação do

Projeto Piloto do SISFRON.

Page 22: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

21

2 O PROGRAMA SISFRON

Este capítulo tem por finalidade apresentar os antecedentes que ampararam o

EB a criar um sistema para monitoramento das fronteiras e como esse sistema foi

concebido.

2.1 ANTECEDENTES

O primeiro grande projeto de monitoramento realizado no Brasil foi o Sistema

de Vigilância da Amazônia (SIVAM)1. A proposição do projeto foi a adoção de políticas

integradas de defesa para Amazônia, “enquanto combatesse os ilícitos, favorecesse

também a preservação racional e o desenvolvimento sustentado da região e da

população local”. (LOURENÇÃO, 2003)

Após sua implementação técnica e início das operações em 2002, os

resultados começaram a aparecer, como descreveu ALMEIDA (2015): Com a implantação do SIVAM houve um significativo aperfeiçoamento dos processos de monitoramento do que se passava no espaço aéreo da região amazônica brasileira. Por este motivo, parcela das transgressões e ilícitos que privilegiavam o meio de transporte aéreo passaram a utilizar as vias terrestres de fronteira seca ou o a vasta malha fluvial existente.

Como uma das consequências dos resultados do SIVAM na região amazônica,

quando as Forças Armadas passaram a atuar mais frequentemente em apoio às

forças policiais locais e federais, “a Lei Complementar (LC) Nr 97/1999 e,

posteriormente, a LC Nr 136/2010 foram criadas para dar suporte legal à ação das

Forças Armadas”. (ALMEIDA, 2015)

A LC Nr 97, de 9 de junho de 1999, alterada pela LC Nr 136, de 25 de agosto

de 2010, definiu em seu Art. 16-A. que: Cabe às Forças Armadas, além de outras ações pertinentes, também como atribuições subsidiárias, preservadas as competências exclusivas das polícias judiciárias, atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira terrestre (grifo nosso), no mar e nas águas interiores, independentemente da posse, da propriedade, da finalidade ou de qualquer

1 O Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM), infraestrutura técnica e operacional de um programa

governamental multiministerial, o Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM), cujos objetivos são defender e garantir a soberania brasileira na Amazônia Legal, além de sistematizar e otimizar as ações governamentais na região. Concebido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR) em conjunto com os Ministérios da Justiça e da Aeronáutica, o projeto Sivam foi apresentado preliminarmente ao Presidente da República em setembro de 1990, tendo sido inaugurado e posto em operação a partir de agosto de 2002. (LOURENÇÃO, 2003)

Page 23: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

22

gravame que sobre ela recaia, contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, executando, dentre outras, as ações de:I - patrulhamento; II - revista de pessoas, de veículos terrestres, de embarcações e de aeronaves; eIII - prisões em flagrante delito. (BRASIL, 1999, 2010)

Apesar da determinação legal, as ações, iniciativas e planos das Forças

Armadas e, principalmente, do Exército para fronteira terrestre não estavam

enquadrados dentro da prioridade ou importância devida à tal tema.

O cenário passou a mudar, a partir de 2008, por ocasião da formulação da END

em 2008, quando o direcionamento das ações estratégicas começou a se alinhar com

o marco legal constitucional, corroborado pelo primeiro eixo estruturante da END,

determinando que “as Forças Armadas devem se organizar e se orientar para melhor

desempenharem sua destinação constitucional e suas atribuições na paz e na guerra”.

(BRASIL, 2008)

Assim, a END determinou em suas diretrizes: 1. Dissuadir a concentração de forças hostis nas fronteiras terrestres, nos limites das águas jurisdicionais brasileiras, e impedir-lhes o uso do espaço aéreo nacional. Para dissuadir, é preciso estar preparado para combater. A tecnologia, por mais avançada que seja, jamais será alternativa ao combate. Será sempre instrumento do combate. 2. Organizar as Forças Armadas sob a égide do trinômio monitoramento/controle, mobilidade e presença. Esse triplo imperativo vale, com as adaptações cabíveis, para cada Força. Do trinômio resulta a definição das capacitações operacionais de cada uma das Forças. 3. Desenvolver as capacidades de monitorar e controlar o espaço aéreo, o território e as águas jurisdicionais brasileiras. Tal desenvolvimento dar-se-á a partir da utilização de tecnologias de monitoramento terrestre, marítimo, aéreo e espacial que estejam sob inteiro e incondicional domínio nacional. (BRASIL, 2008)

Em suma, a END definiu a dissuasão extra regional, baseada numa capacidade

de monitoramento e controle da fronteira, aliada a uma mobilidade de meios que

possam ser empregados em resposta a ameaças, utilizando a presença do Exército

Brasileiro em toda a faixa de fronteira, sendo, muitas vezes, o único elemento do

Estado presente.

Tal definição legal e preocupação têm fundamento, pois a dimensão da

fronteira terrestre do Brasil com mais de 16.000 km e com características

diversificadas que dificultam o controle para a segurança e para a defesa do País,

conforme AGUIAR (2015): “Diante da vasta extensão fronteiriça brasileira, pouco

Page 24: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

23

vivificada em muitos estados da federação, sugere fragilidade na defesa contra ilícitos

na faixa de fronteira, que surgem como novas ameaças”.

Figura 1 – Fronteiras do Brasil

Fonte: BRASIL, 2014a

A falta da presença do Estado e a gigantesca fronteira terrestre contribuem

para o aumento de atividades ilegais na Faixa de Fronteira2. Segundo AGUIAR (2015)

“toda essa região está suscetível à ocorrência de delitos e práticas ilícitas como crimes

transfronteiriços, migrações ilegais, tráfico de pessoas, presença de grupos para

militares, biopirataria, tráfico de drogas, terrorismo e contrabando”.

Além disso, estudos da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam a

América Latina e Caribe como a região do mundo com maiores taxas de violência. O

relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), publicado

em 26 de junho de 2013, reporta: - Forte correlação existente entre as altas taxas de violência e o tráfico de drogas na América Latina; - Grande produção de drogas em países limítrofes, evidenciando a natureza transfronteiriça do problema;

2 A Lei Nr 6.634, de 2 de maio de 1979, que dispõe sobre a Faixa de Fronteira, altera o Decreto-lei nº

1.135, de 3 de dezembro de 1970, e dá outras providências, define em seu Art 1º que Faixa de Fronteira “é considerada área indispensável à Segurança Nacional a faixa interna de 150 Km (cento e cinquenta quilômetros) de largura, paralela à linha divisória terrestre do território nacional, que será designada como Faixa de Fronteira.

Page 25: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

24

- Brasil é um importante entreposto, ponto de transito, para tráfico internacional de cocaína, principalmente para Europa e África Ocidental; - Brasil encabeça a lista como origem de cocaína e crack apreendidas no mundo, à frente de Colômbia, Bolívia e Peru, que produzem 100% da folha de coca mundial. (BRASIL, 2014a)

A atividade ilegal proveniente da fronteira tem impacto na economia do País,

afetando diretamente o desenvolvimento nacional. O Instituto de Pesquisa Econômica

Aplicada (IPEA), no Texto para Discussão 1284, de junho de 2007, estimou: ...que em 2004, o custo da violência no Brasil foi de R$ 92,2 bilhões, o que representou 5,09% do PIB, ou um valor per capita de R$ 519,40. Deste total, R$ 28,7 bilhões corresponderam a despesas efetuadas pelo setor público e R$ 60,3 bilhões foram associados aos custos tangíveis e intangíveis arcados pelo setor privado. (BRASIL, 2007)

Em junho de 2011, o Governo Federal lançou o Plano Estratégico de Fronteiras

(PEF)3, destinado a reforçar a presença do Estado na Faixa de Fronteira,

demonstrando a preocupação no mais alto nível do Estado pela área. Com o plano,

ações executadas por diversos órgãos estatais na prevenção e combate a crimes

transfronteiriços – como a entrada de armas e drogas no país – passaram a ser

integradas, ampliando seu impacto.

2.2 CONCEPÇÃO DO SISTEMA

Fruto das considerações apresentadas, o EB, por intermédio do Estado-Maior

do Exército (EME), Órgão de Direção Geral (ODG), “responsável pela elaboração da

Política Militar Terrestre, pelo planejamento estratégico e pela emissão de diretrizes

estratégicas que orientem o preparo e o emprego da Força Terrestre (FTer)” (BRASIL,

2010c), definiu, em Portaria Nr 193-EME, de 22 de dezembro de 2010, a concepção

geral do SISFRON como: parte do Sistema de Comando e Controle da Força Terrestre (SC2FTer) e tem o objetivo de dotar o Exército de meios que lhe proporcionem presença efetiva em áreas de interesse do Território Nacional, particularmente na faixa de fronteira terrestre brasileira, cooperando para a manutenção da soberania nacional e contribuindo, com outros órgãos responsáveis, no combate aos crimes e outras ameaças transnacionais. (BRASIL, 2010b)

3 O PEF foi criado pelo Decreto Presidencial Nr 7.496, de 8 de junho de 2011, sendo revogado

posteriormente pelo Decreto Presidencial Nr 8.903, de 16 de novembro de 2016, que criou o Programa de Proteção Integrada de Fronteiras (PPIF), ampliando a prevenção, o controle, a fiscalização e a repressão aos delitos transfronteiriços, bem como os atores estatais envolvidos e suas responsabilidades. (nota do autor)

Page 26: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

25

O Comando de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército (Cmdo Com GE

Ex), órgão responsável pela concepção, implantação e controle de todo o Programa,

complementou: O SISFRON foi concebido com o intuito de permitir coletar, armazenar, organizar, processar e distribuir dados necessários à gestão das atividades governamentais que visam a manter monitoradas áreas de interesse do Território Nacional, particularmente da faixa de fronteira terrestre, servindo também para oferecer subsídios a iniciativas integradas de cunho socioeconômico que propiciem o desenvolvimento sustentável das regiões contíguas. (BRASIL, 2015a)

Figura 2 – Projeção do Programa Estratégico SISFRON

Fonte: BRASIL, 2019a

O EME definiu, ainda, na portaria de 22 de dezembro de 2010, os seguintes

objetivos para o SISFRON: a. Dotar o Exército Brasileiro dos meios necessários para exercer o monitoramento4 e controle contínuo e permanente de áreas de interesse do Território Nacional, particularmente da faixa de fronteira terrestre brasileira, com o apoio de sensores, decisores e atuadores e de outros meios tecnológicos que garantam um fluxo ágil e seguro de informações confiáveis e oportunas, de modo a possibilitar o exercício do comando e controle em todos os níveis de atuação do Exército, segundo a sua destinação constitucional. b. Prover as estruturas física e lógica adequadas ao ciclo de Comando e Controle em todos os níveis do processo decisório, contemplando enlaces apropriados para comunicações entre todos os escalões, com capacidade de transmissão compatível com a missão atribuída e com a possibilidade de operar em rede, conforme estabelecido na Estratégia Nacional de Defesa.

4 Monitoramento deve ser entendido como o acompanhamento e a avaliação dos dados recebidos dos

diversos tipos de sensores que integram um sistema.

Page 27: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

26

c. Integrar-se ao Sistema de comando e controle da Força Terrestre, cujo órgão central é o Comando de Operações Terrestres (COTER). d. Integrar todos os sistemas operacionais (Comando e Controle, Manobra, Inteligência, Apoio de Fogo, Defesa Antiaérea, Logística e Mobilidade, Contramobilidade e Proteção). e. Integrar-se aos sistemas congêneres das demais Forças Armadas e das Instituições Governamentais. f. Preparar o combatente da Força Terrestre para operar em ambiente de alta complexidade tecnológica, adaptando-o à consciência situacional ampliada e ao conceito da guerra centrada em redes. g. Consolidar a capacitação nacional em Sistemas de Monitoramento, Vigilância, Reconhecimento e Inteligência, mobilizando a Base Industrial de Defesa e organizações integradoras nacionais, de modo a assegurar independência tecnológica na manutenção, ampliação e perene atualização do sistema. h. Cooperar com as ações governamentais na promoção das atividades de interesse da segurança nacional, segurança pública, desenvolvimento social e econômico. (BRASIL, 2010b)

Na fase de concepção do Programa, foram elencados diversos benefícios

esperados com a implantação do sistema, que irão bem além das aplicações militares,

representando a finalidade dual do SISFRON: Campo Político • Instrumento de integração regional • Ferramenta de cooperação militar com Forças Armadas vizinhas • Aumento da presença do Estado • Integração entre órgãos de governo Campo Econômico • Geração de empregos na indústria nacional de defesa • Elevar a capacitação tecnológica da Base Industrial de Defesa (BID) • Diversificação da pauta de exportação Campo Militar • Aumento da capacidade de vigilância e monitoramento • Efetivação da Estratégia da Presença • Melhoraria da capacidade de apoio às operações de Garantia da Lei e

da Ordem (GLO) e Ações Subsidiarias • Presteza no atendimento de emergências (Defesa Civil) • Salto tecnológico Sociedade • Vetor de melhoria na qualidade de vida • Ampliar a presença do Estado junto a populações de regiões

desassistidas • Aumento da segurança • Empregar os recursos de TI e comunicações para atividades como tele

saúde e ensino a distância Socioambientais • Preservação Ambiental • Proteção da Biodiversidade • Combate aos ilícitos ambientais • Proteção das populações indígenas Segurança Pública • Combate ao narcotráfico • Combate ao contrabando de armas • Combate aos ilícitos transfronteiriços • Combate ao crime organizado

Page 28: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

27

• Aumento da segurança dos centros urbanos • Combate à imigração ilegal (BRASIL, 2015)

Para seu funcionamento, a concepção conceitual do SISFRON se baseou no

conceito de detectar-processar- atirar (D-P-A) : No futuro distante, alguém pode visualizar um campo de batalha automatizado, onde as funções de combate “D-P-A” experimentam uma total e efetiva integração. Informação coletada por sensores de vigilância e de aquisição de alvos seria enviada, automaticamente, por uma rede de comunicações para ser analisada, em tempo real, por um sistema de computadores que iria, então, selecionar a arma apropriada e endereçá-la contra o alvo, sem nenhum envolvimento humano. (AMARANTE apud AGUIAR, 2015)

Esse conceito foi adaptado para ser empregado pelo SISFRON: “Na tríade

original D-P-A, a detecção pode ser materializada pelo sensoriamento, o

processamento é substituído pelo apoio à decisão e o último fator, atirar, é substituído

pelo termo, mais adequado à sua função, qual seja a atuação”. (AGUIAR, 2015)

Figura 3 – Concepção funcional do SISFRON

Fonte: BRASIL, 2014a

Sensoriamento Apoio à decisão Apoio à atuação

Visão atualizada

da situação Análise e integração

das informações

9 O SISFRON é um sistema de sensoriamento, apoio à decisão e apoio à atuação integrada, para fortalecer a presença e a capacidade de ação do Estado na faixa de fronteira.

Coordenação In teragências

Page 29: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

28

Em suma, o SISFRON contará: com um moderno sistema de sensoriamento, dotado de meios eletrônicos especializados em diversas ações de vigilância e reconhecimento. A partir dessas ações, serão gerados dados adicionais, que, associados às fontes tradicionais de conhecimento, imporão velocidade ao ciclo decisório. As informações obtidas dos sistemas de vigilância e reconhecimento serão processadas por um software de Apoio à Decisão e então disseminadas pelo Sistema de Comunicações – escalonado em vertentes estratégica, tática e por satélite. Desta forma, o emprego dos atuadores poderá́ ser coordenado e abrangente; poderá́, ainda, envolver órgãos, agências e demais entidades governamentais, conforme suas atribuições, capacidades e responsabilidades individuais. (BRASIL, 2014)

O Cmdo Com GE Ex resumiu, na figura a seguir, todos os aspectos envolvidos

na concepção do sistema, justificativas de sua implantação e benefícios visualizados

com a implantação do SISFRON.

Figura 4 – Resumo sobre o alcance do Projeto SISFRON

Fonte: BRASIL, 2015a

O custo total estimado para a consecução plena do SISFRON foi descrito pelo

Tribunal de Contas da União em 2016: “Inicialmente, o custo para seu

desenvolvimento e sua implantação foi estimado em R$ 12 bilhões, num prazo de 10

anos, de 2013 a 2023”. (BRASIL, 2016a)

Page 30: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

29

3 O PROJETO PILOTO

Este capítulo tem por objetivo apresentar o caminho percorrido para a

implantação do Projeto Piloto do SISFRON, desde sua elaboração até as entregas

realizadas para mobiliar o Sistema.

3.1 ELABORAÇÃO DO PROJETO

Concomitantemente a concepção do SISFRON, iniciou-se a elaboração do

Projeto Piloto para implantação do sistema.

De acordo com a Atech Negócios em Tecnologia S.A., empresa contratada pelo

EB para elaboração de Projeto Básico necessário a ̀ implantação do SISFRON, o

Projeto Piloto é definido da seguinte forma:

O Projeto Piloto, conforme descrito na proposta técnica, será́ orientado à implantação em camadas, que irão intensificar e agilizar a troca de informações em toda cadeia operacional de vigilância de fronteiras ampliando a integração das Unidades existentes do Exército nesta faixa de fronteira com as respectivas cadeias de comando, intensificando as ações de vigilância e permitindo aos setores operacionais e técnicos realimentar o processo de definição do SISFRON. Esta integração será́ obtida através da implantação de uma estrutura inicial de telecomunicações. O Projeto Piloto permitirá experimentar os efeitos da dinamização da ação do observador com acesso aos recursos disponíveis aos escalões da cadeia de comando e de outras entidades com atuação na região de fronteira, integradas ao SISFRON. Isto deverá colocar em cheque concepções e decisões de projeto, identificar necessidades de evolução em outros aspectos tais como: organizacional, procedural e formação dos recursos humanos. A situação estabelecida será́ ainda um ambiente fértil para criação de soluções originais com viés prático. Este conjunto de atividades permitirá a definição da configuração do Sistema final e estabelecer diretrizes otimizadas para o processo de implantação e auxiliará a clarificar as evoluções nos processos operacionais e na formação e organização dos recursos humanos. (BRASIL, 2011a)

Portanto, o Projeto Piloto tem por finalidade testar soluções definidas para o

sistema, verificando sua adequação e indicando as evoluções necessárias para a

implementação completa do SISFRON.

Assim sendo, a fim de atender a END – documento indutor dos projetos

estratégicos - em sua premissa de aumento da presença na Faixa de Fronteira, o

Exército definiu o Comando Militar da Amazônia (CMA) como local para implantação

do Projeto Piloto, conforme constou na Portaria 193 – EME, de 22 de dezembro de

2010 - Diretriz para a Implantação do Projeto SISFRON – que definiu a “Implantação

Page 31: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

30

do SISFRON - Instalação da capacidade operacional inicial no CMA”. (BRASIL,

2010b)

A Atech Negócios em Tecnologia S.A. complementou a escolha pelo CMA: Caracteriza-se assim a propriedade em se estruturar a atuação na fronteira, em especial na região amazônica, com base em sistemas de vigilância e monitoramento, combinados a sistemas de comando e controle, privilegiando a utilização do princípio da mobilidade estratégica na faixa de fronteira. Estrategicamente o Exército Brasileiro tem planejado reorganizar, reforçar e completar as estruturas, operacional e logística, do Comando Militar da Amazônia (CMA). A insuficiência dos meios dispostos na Amazônia, principalmente para a obtenção de dados e informação de cunho tático e estratégico, constitui a justificativa básica para a implantação de projetos estruturantes e integradores como previsto no Programa Amazônia Protegida, onde está previsto o SISFRON. (BRASIL, 2010a)

Porém, o ambiente operacional de selva não era o ambiente adequado para

teste de equipamentos e sensores, pois não havia acesso fácil para as equipes

técnicas contratadas pelo Projeto, bem como a estrutura organizacional do EB no

CMA não contempla organizações militares necessárias para testes completos dentro

do Projeto Piloto.

Baseado nessas condicionantes, foi decidido a mudança da implantação do

Projeto Piloto do CMA para o CMO. Segundo o Coronel R1 Klauss Erich KLEIN –

Adjunto do Coordenador da Implantação do SISFRON no CMO, a adoção da 4ª Bda

C Mec foi baseada nos seguintes fatores: Tendo esta percepção de que o EB daria um tiro no pé começando pela Amazônia, o General Ferreira, Comandante do CMO, mandou o então Chefe do Estado-Maior (Ch EM) - Gen Paulo Sergio - fazer um ofício para o EME colocando no papel os motivos pelos quais a implantação deveria começar pelo CMO e o piloto ser a 4ª Bda C Mec. O Gen Ferreira levou o Gen Paulo Sérgio para fazer uma palestra na Reunião do Alto Comando do Exército (RACE) explicando porque o Projeto piloto deveria ser na 4ª Bda .... O Comandante EB bateu o martelo depois da apresentação, concordando com os argumentos, que eram muito óbvios5...

Para a escolha do CMO, especificamente, da 4a Bda C Mec, o Coronel R1

KLEIN também é citado por AGUIAR (2015), apresentando os seguintes motivos: - Toda a Brigada, inclusive o Quartel-General (QG) está dentro da Faixa de Fronteira (150 Km); - O estacionamento da tropa é ideal. Os Regimentos de Cavalaria Mecanizado (RC Mec), base da atuação, estão na fronteira com elementos destacados desde MUNDO NOVO/MS até CARACOL/MS;

5 KLEIN, Klauss Erich. Implantação do SISFRON [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por

[email protected] em 30 de jul. 2019.

Page 32: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

31

- Leite (2013) destaca que, são fronteiras secas na sua maior parte e nos trechos onde são rios, os mesmos são de fácil travessia, muitas vezes sem necessidade de embarcações; - Rede de estradas, o que facilita o acesso aos maiores centros populacionais, os deslocamentos da tropa em toda a faixa de fronteira e a implantação da infraestrutura necessária para o funcionamento do SISFRON. Considera, ainda, o aeroporto de Dourados que possui linha comercial regular; - A fronteira com o Paraguai é extremamente permeável. O Paraguai é um grande exportador de drogas, armas e fonte de contrabandos diversos, além de ser local de homizio de organizações criminosas como o Comando Vermelho, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e enfrenta problemas internos com o Exército do Povo do Paraguai (EPP). Com uma vizinhança destas na fronteira, que somada às dificuldades já conhecidas dos demais Órgãos de Segurança Pública (OSP) e órgão de fiscalização, pode o SISFRON rapidamente apresentar resultados perceptíveis na eficiência da atuação dos OSP e demais agências, bem como aumentar a eficiência e eficácia da atuação do EB na faixa de fronteira; - Proximidade dos grandes centros produtores de material com alto valor tecnológico agregado que será́ distribuído para o SISFRON, no caso, basicamente o Estado de São Paulo, e a facilidade de acesso por estradas para o MS; e - Apesar da mão de obra qualificada ser um problema no MS, ainda assim é de mais fácil obtenção local ou deslocamento desta mão de obra para a área, do que o seria no caso da Amazônia.

Assim, a Atech S.A. fez, ainda durante a confecção do documento que regulou

a implantação do Projeto Piloto, a alteração para a área da 4ª Bda C Mec, atendendo

os benefícios a serem atingidos pela instalação do Projeto Piloto, conforme abaixo:

Quadro 1 – Revisão da definição do Projeto Piloto do SISFRON

Fonte: BRASIL, 2011a

Para suporte ao projeto, houve a necessidade de definir qual o escalão da F Ter seria a base para a implantação do Projeto Piloto:

A solução para o Projeto Piloto foi orientada para o nível de Brigada e considerou-se os conceitos a seguir descritos: 5.1.1 Brigada A Brigada (Bda) é a organização básica de emprego do Exército Brasileiro. É o menor escalão (nível) de forças do Exército que pode realizar operações

RESERVADO

Atech Negócios em Tecnologias S/A ATECH.0035.00038/B Página ii

RESERVADO

REGISTRO DE REVISÕES REVISÃO DATA RESPONSÁVEIS SEÇÕES ATINGIDAS / DESCRIÇÃO

A 27/05/2011 elaborado Alfredo Rodrigues Sérgio Sato André Di Luca verificado Ricardo Laguna Ditleff liberado para emissão interna Wilson França Prado

Emissão Inicial.

B 08/09/2011 elaborado Alfredo Rodrigues Sérgio Sato Verificado André Di Luca Junior liberado para emissão interna Wilson França Prado

Revisado o documento após diretriz da 1ª RIS. Área de abrangência do projeto Piloto, CMO/COMANDO DA 4a. BRIGADA DE CAVALARIA MECANIZADA. Revisada a canalização após diretrizes do VII e VIII ETM.

Arquivos eletrônicos

utilizados para a composição da revisão atual deste documento

ATECH_0035_00038_Definição do Projeto Piloto.docx

Page 33: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

32

isoladamente. Ela reúne todos os meios de armas combinadas: Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Engenharia, Comunicações, Inteligência e Logística (Saúde, Material Bélico e Intendência). A Brigada também é responsável por todo o apoio logístico às suas organizações militares subordinadas: alimentação, munição, combustível, primeiros socorros, evacuação etc. As Brigadas estão subordinadas às Divisões de Exército ou, excepcionalmente, aos Comandos Militares de Área (C Mil A). 5.1.2 Organização A Brigada é organizada para cumprir a sua missão tática. É composta do Comando, das organizações de combate (Sistema Manobra), Apoio ao Combate (Sistemas Inteligência; Apoio de Fogo; Defesa Antiaérea; Comando e Controle; e Mobilidade, Contramobilidade e Proteção) e Apoio Logístico (Sistema Logístico). O seu efetivo total é da ordem de 5.000 (cinco mil) componentes. (BRASIL, 2011a)

3.2 A 4ª BRIGADA DE CAVALARIA MECANIZADA

A 4ª Bda C Mec é uma das Brigadas do EB, orgânica do CMO. Sua sede

localiza-se em Dourados, no Mato Grosso do Sul, com área de influência

compreendida por toda a região sul do estado. “A Bda C Mec é apta a cumprir,

precipuamente, missões de segurança. Realiza operações ofensivas e defensivas no

contexto das operações de segurança ou como elemento de aplicação do princípio de

guerra “economia de forças”. (BRASIL, 2000)

A 4a Bda C Mec que foi escolhida para receber o Projeto Piloto do SISFRON,

tem em a seguinte estrutura organizacional:

Figura 5 - Estrutura da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada

Fonte: BRASIL, 2011a

Page 34: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

33

Após o início da implantação do Projeto Piloto, a 4ª Bda C Mec passou por uma

reestruturação dos destacamentos militares (Dst Mil), a fim de aumentar os efetivos

militares dentro da Faixa de Fronteira sob sua responsabilidade, da seguinte forma:

- extinção dos Dst Mil de São Carlos, Dst Mil de Paranhos e Dst Mil de Coronel

Sapucaia; e

- transformação do Dst Mil de Caracol para Pelotão de Cavalaria Mecanizado

(Pel C Mec) de São Carlos, do Dst Mil de Mundo Novo para Pel C Mec de Mundo

Novo e do Dst Mil Iguatemi para Esquadrão de Cavalaria Mecanizado (Esqd C Mec)

de Iguatemi.

Ademais, todas as organizações militares orgânicas da 4ª Bda C Mec, com

exceção do 20º Regimento de Cavalaria Blindado, encontram-se dentro da Faixa de

Fronteira, conforme imagem abaixo:

Figura 6 - Desdobramento da 4ª Bda C Mec e delimitação da Faixa de Fronteira

Fonte: o autor

3.3 OS MEIOS DO PROJETO PILOTO

O Projeto Piloto é a materialização da concepção do Programa SISFRON,

vinculando os recursos orçamentários obtidos à entregas que viabilizam a execução

dos objetivos elencados pelo Sistema.

17º RC Mec

11º RC Mec

10º RC Mec

9º GAC

4ª Cia E Cmb Mec

Pel C MecCaracol

Pel C MecMundo Novo

Esqd C MecIguatemi

28º B Log

Cmdo 4ª Bda C Mec

13ª CiaCom Mec

Esqd Cmdo Bda

20º RCB

Limite da Faixa de Fronteira

Page 35: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

34

O Projeto Piloto para o SISFRON foi concebido e organizado funcionalmente

em seis subsistemas, a saber:

- Subsistema de Sensoriamento; - Subsistema de Apoio à Decisão; - Subsistema de Tecnologia da Informação e Comunicações (TIC); - Subsistema de Segurança da Informação e Comunicações (SIC); - Subsistema de Simulação e Treinamento; e - Subsistema de Logística. (BRASIL, 2011a)

O foco inicial na implantação foi nos três primeiros subsistemas, conforme o

projeto básico da Atech S.A.: “serão exercitados o Subsistema de Sensoriamento e o

Subsistema de Tecnologia da Informações e Comunicações. O subsistema de Apoio

à Decisão se limitará a fornecer as informações coletadas dos sensores através das

consoles instaladas em cada Organização Militar (OM)...”. (BRASIL, 2011a)

Posteriormente, o Escritório de Projetos do Exército Brasileiro (EPEx), órgão

do EME responsável pelos Projetos Estratégicos do Exército, criou os subprojetos

para dar suporte a implantação dos subsistemas: No que concerne à sua estrutura organizacional, o SISFRON é gerido pelo Estado-Maior do Exército (EME), particularmente por meio do EPEx e do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), por intermédio do Cmdo Com GE Ex. O projeto se divide em três subprojetos: o Subprojeto de Sensoriamento e Apoio à Decisão (estimado em R$ 5,930 bilhões), o Subprojeto de Apoio à Atuação (estimado em R$ 3,060 bilhões) e o Subprojeto de Obras de Engenharia (estimado em R$ 3,002 bilhões). Os dois últimos são gerenciados especifica e diretamente pelo EPEx, enquanto o primeiro está a cargo do Cmdo Com GE Ex. (BRASIL, 2019c)

Tal estruturação para implantação do Projeto Piloto foi corroborada pelo

Tribunal de Contas da União (TCU): No orçamento de 2012, Volume IV da Lei 12.595/2012 – Lei Orçamentária Anual da União de 2012, o SISFRON foi contemplado no Programa 2058 (Política Nacional de Defesa), Ações 20SB, 13DA e 14IA. Para os Exercícios de 2013 a 2015, essas três ações foram consolidadas na Ação 14T5, a qual se encontra dividida em três Planos Orçamentários (PO). O PO1 está relacionado à Implantação do Sistema de Sensoriamento e Apoio à Decisão. O PO2 corresponde à Implantação do Sistema de Apoio à Atuação do SISFRON. O PO3, por sua vez, diz respeito a Obras de Infraestrutura. Existe, ainda, o PO relativo ao Gerenciamento do SISFRON. (BRASIL, 2016a)

Para a execução da implantação do Projeto Piloto, o EB estabeleceu o Comitê

Gestor para Obtenção de Fontes de Financiamento (CGOFF-EB). As medidas iniciais

foram conseguir a aprovação de crédito orçamentário, para dar início ao projeto,

conforme o quadro a seguir:

Page 36: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

35

Quadro 2 - Previsão orçamentária para o Projeto Piloto do SISFRON

Lei Orçamentária Anual Valor previsto (R$) Obs

2012 205.384.745,00 -

2013 200.000.000,00

+ R$ 40 mi emenda da Comissão de Relações

Exteriores e Defesa Nacional (CREDN)

Fonte: BRASIL, 2014a

Na sequência, foram elaborados e emitidos, entre fevereiro e julho de 2012, o

Requerimento Inicial de Informações ao Mercado (RFI) e o Requerimento de

Propostas ao Mercado (RFP), com custo total para a implantação até 2019 de R$

863.844.779,00.

O requerimento de propostas ao mercado foi retirado por 19 (dezenove)

empresas, porém 10 (dez) apresentaram propostas. Apenas 7 (sete) consórcios

apresentaram propostas completas, sendo que somente essas valeriam para a

concorrência, pois o regime de execução seria por “empreitada integral6”.

Finalmente, após os trâmites legais do processo licitatório, foi divulgado, em 24

de agosto de 2012, o Consórcio TERPRO – formado pelas empresas SAVIS e

ORBISAT – como o encarregado da implantação do Projeto Piloto do SISFRON na

área da 4ª Bda C Mec. No que tange a empresas do setor de segurança e defesa, a implantação e a integração do projeto piloto do SISFRON se encontra a cargo do consórcio TERPRO, composto pela Savis Tecnologias e Sistemas, subsidiária integral da Embraer Defesa e Segurança e líder do consórcio, e pela própria Embraer S/A (que incorporou a antiga subsidiária Bradar Indústria S/A). Segundo a Savis, o “domínio tecnológico da integração deste complexo Sistema de Sistemas (...) permitiu o desenvolvimento de soluções primando pelo incremento da autonomia nacional e geração de emprego e renda em solo pátrio”. Diversas empresas nacionais foram selecionadas como fornecedoras de equipamento, bem como outras empresas estrangeiras. O índice de conteúdo nacional entre os fornecedores do sistema é de 75%, conforme critérios da Request for Proposal (RFP). (BRASIL, 2019c)

6 “empreitada integral - quando se contrata um empreendimento em sua integralidade, compreendendo

todas as etapas das obras, serviços e instalações necessárias, sob inteira responsabilidade da contratada até a sua entrega ao contratante em condições de entrada em operação, atendidos os requisitos técnicos e legais para sua utilização em condições de segurança estrutural e operacional e com as características adequadas às finalidades para que foi contratada”. (BRASIL, 1993)

Page 37: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

36

A implantação do Projeto Piloto caracterizou-se, principalmente, pela entrega

de uma gama de Produtos de Defesa (PRODE)7, instalações e obras, em todos os

subprojetos do Programa.

3.3.1 Subprojeto Sensoriamento e Apoio à Decisão

O Subprojeto Sensoriamento e Apoio à Decisão contempla os meios

destinados a estabelecer o funcionamento dos Subsistemas Sensoriamento, Apoio à

Decisão, Tecnologia da Informação e Comunicações e Segurança da Informação e

Comunicações.

3.3.1.1 Subsistema de Sensoriamento

O Subsistema de Sensoriamento “proverá informações atualizadas e

confiáveis que permitam, após o tratamento adequado, a sua utilização pela área

operacional e de inteligência”. (BRASIL, 2011a)

Os meios do Subsistema permitem a observação de diversos aspectos do

ambiente operacional e são integrados ao elemento humano e aos demais

subsistemas do SISFRON pelos meios do Subsistema de Tecnologia da Informação

e Comunicações.

Os meios ópticos/termais obtidos para o Subsistema de Sensoriamento foram:

- Binóculo Óptico (BO) Steiner Military 7x50;

- Monóculo de Visão Noturna (VN) (ou amplificador de luz residual) LORIS; e

- Equipamento Termal CORAL CR, que compõe 2 Sistemas distintos: o

Binóculo Termal (BT), de uso transportável; e o Binóculo Termal Multifunção (BTM),

embarcado em viatura.

A finalidade destes PRODE é “prover, por meio da capacidade de observar,

detectar e identificar objetos, plataformas, pessoas e animais, a consciência

situacional necessária aos comandantes militares das diversas Organizações

Militares”. (BRASIL, 2014)

7 “todo bem, serviço, obra ou informação, inclusive armamentos, munições, meios de transporte e de

comunicações, fardamentos e materiais de uso individual e coletivo utilizados nas atividades finalísticas de defesa, com exceção daqueles de uso administrativo”. (BRASIL, 2012)

Page 38: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

37

Figura 7 - Sensores ópticos e termais

Fonte: BRASIL, 2018b

Ainda dentro do Subsistema Sensoriamento, foram adquiridos meios para

mobiliar o Sistema de Vigilância, Monitoramento e Reconhecimento (SVMR) que tem

por finalidade “a vigilância de áreas extensas pela detecção e reconhecimento de

entidades móveis (empregando sensores radar) e sua identificação, pelas versões

dotadas de Câmeras de Longo Alcance (CLA). Ele suporta, portanto, a consciência

situacional no nível local e no nível Regimento”. (BRASIL, 2014)

Os PRODE do SVMR adquiridos foram:

- Radar de Vigilância Terrestre (RVT)8; e

- Câmera de Longo Alcance.

Há três versões do SVMR, conforme consta na Cartilha Informativa aos

Comandantes do SISFRON:

8 O PRODE adquirido para o SVMR foi Radar SENTIR M20, desenvolvido pelo Centro Tecnológico do

Exército (CTEx) e fabricado pela empresa SAVIS-BRADAR, do Grupo EMBRAER. O radar é capaz de executar operações de vigilância, aquisição, classificação, localização, rastreamento e exibição gráfica de alvos em terra e água, tais como: indivíduos em solo, tropas, blindados, caminhões, helicópteros e embarcações. O equipamento permite ainda a integração com câmeras de longo alcance para inclusão da função de reconhecimento, pode ser remotamente controlado e possui interface para integração com o Subsistema de Apoio a Decisão. (nota do autor)

Binóculo Termal CORAL CR OVN LORIS

Binóculo militar Steiner Military 7x50 BTM

Page 39: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

38

- SVMR transportável (SVMR-T): RVT utilizado em tripé́, podendo ser transportado, com seus acessórios, por três homens. Incorpora um rádio tático de comunicações com capacidade de transmissão e recepção de dados. - SVMR móvel (SVMR-M): conjunto RVT e CLA, instalados em uma viatura com cabine (shelter); agrega rádio veicular de comunicações táticas integrado. - SVMR fixo (SVMR-F): conjunto RVT e CLA, instalados em torre (compartilhada com a Infovia), com suporte operacional de um shelter. Possui solução de comunicações integrada à Infovia, podendo ser totalmente controlado a distância a partir dos Centros de Comando e Controle de Regimento. (BRASIL, 2014)

Figura 8 - Radar SENTIR M20 compondo o SVMR-T

Fonte: BRASIL, 2019

De maneira geral, o principal produto informacional gerado pelo SVMR-T,

SVMR-M e SVMR-F é a integração entre o radar RVT e os sensores ópticos/termais

presentes na CLA. “Nesses sistemas, o radar detecta e acompanha alvos presentes

em seu setor de vigilância; a CLA, dotada de grande capacidade de magnificação

(zoom), identifica, filma e acompanha esses mesmos alvos, empregando o seu canal

óptico (na faixa de luz visível) ou termal (usando o sensor FLIR integrado)”. (BRASIL,

2014)

Por fim, foram adquiridos sensores de Medidas de Apoio de Guerra Eletrônica

(MAGE) que foram instalados em torres da Infovia ou em sítios especializados,

localizados no interior de algumas OM do CMO. A operação desses sensores é

realizada pelo Centro Regional de Monitoramento (CRM) e os produtos de inteligência

Page 40: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

39

gerados pertencem ao CMO. Não houve, na implantação do Projeto Piloto, sensores

MAGE destinados às OM da 4ª Bda C Mec.

3.3.1.2 Subsistema de Apoio à Decisão

O Software de Apoio à Decisão (SAD) compreende o sistema computacional de comando e controle do SISFRON que suporta as atividades informacionais do ciclo decisório dos Comandantes nos diversos níveis. O SAD é composto pela base lógica do Centros de Comando e Controle (CC2) fixos e móveis de todas as OM da 4ª Bda C Mec, dos computadores táticos até o nível Esquadrão e do Centro Regional de Monitoramento (CRM). (BRASIL, 2014)

A finalidade precípua do SAD é gerar uma visão integrada do ambiente

operacional para suportar a consciência situacional dos escalões de comando e

fornecer dados para a decisão da linha de ação.

O SAD é capaz de “receber dados e conhecimento gerados pelos seguintes

sistemas de sensores (SVMR: dados dos alvos detectados, vídeo e imagem - BT:

vídeo e imagem - MAGE: dados e conhecimento das fontes emissoras de

comunicação), bem como tratar esses dados e compartilhar as informações entre os

centros de comando e controle do SISFRON”. (FILHO, 2017)

O SAD é o núcleo que possibilitará ao SISFRON operar com um verdadeiro sistema integrado. Ele se vale da infraestrutura de Tecnologia da Informação (TI) dos CC2 para sua operação e dos sistemas de Comunicações Táticas, Comunicações por Satélite e Comunicações Estratégicas para interligação de suas instâncias nos diversos níveis de Comando, para aquisição dos dados de sensores e difusão de informação, suportando e agilizando o ciclo de comando e controle do CMO e suas OM. (BRASIL, 2014)

3.3.1.3 Subsistema de Tecnologia da Informação e Comunicações

O Subsistema de TIC foi projetado para atender as diversas redes de

telecomunicações, a fim de interligar os diversos usuários, integrando o SISFRON

com outros órgãos, dando “transparência para a transmissão de dados,

independentemente de suas características e capacidade para operação plena em

condições extremas peculiares à região”. (BRASIL, 2011a)

O subsistema foi mobiliado com Centros de Comando e Controle. Os Centros de Comando e Controle (CC2) correspondem a infraestrutura elétrica, lógica e de Tecnologia da Informação necessária para atender as seções de Estado-Maior das OM contempladas e incluem as funcionalidades

Page 41: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

40

básicas para a operação, supervisão e gestão técnica do Sistema de Apoio a Decisão. (BRASIL, 2014)

Os CC2 possibilitam a utilização de recursos de telefonia, videoconferência e

comunicações com sistemas táticos, permitindo o acesso ao sistema de

monitoramento das unidades remotas, de forma centralizada. O sistema

computacional implantado é o SAD.

O Projeto Piloto do SISFRON foi contemplado com 7(sete) CC2 fixos e 10(dez)

CC2 móveis. Os centros fixos foram instalados nos Centros de Operações do CMO,

da 4ª Bda C Mec e em suas OM subordinadas. “Os Centros móveis foram montados

sobre plataforma móvel, com a finalidade de aumentar o alcance e a capacidade do

Comandante e do seu Estado-Maior de acompanhamento e coordenação

aproximados das ações de seus elementos táticos”. (BRASIL, 2014)

FIGURA 9 – CC2 Móvel

Fonte: O autor

As Comunicações Táticas (Com Tat) são compostas por equipamentos-rádio

(portáteis e veiculares), Módulos Táticos Operacionais (MTO) e processadores táticos

de vídeo, que compõem os meios de comunicações orgânicos das OM para cumprir

as missões operacionais. “Todos os equipamentos dispõem de GPS integrado, o que permite a transmissão automática da posição geográfica para o SAD, em intervalos regulares de tempo. Essa capacidade permite ao Comandante acompanhar,

Page 42: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

41

quase instantaneamente, o deslocamento de tropas e militares isolados em cenários operacionais ou administrativos”. (BRASIL, 2014)

Diversos equipamentos rádios (UHF, VHF e HF), com a mais moderna

tecnologia, foram adquiridos e distribuídos às OM da 4ª Bda C Mec, a fim de integrar

os elementos operacionais com o SAD, transmitindo voz, dados e vídeo,

estabelecendo o enlace em todos os níveis para a consciência situacional plena.

Tabela 1 – Material distribuído no Projeto Piloto

Fonte: BRASIL, 2014

As Comunicações Estratégicas são a infraestrutura própria de comunicações

digitais de alta capacidade, integrada por 68 (sessenta e oito) torres, distribuídas entre

os estados Mato Grosso do Sul e Paraná́. A principal finalidade da Infovia (como também é chamada essa infraestrutura) é interligar todas as OM envolvidas no Projeto, além dos sensores de MAGE e SVMR distribuídos ao longo da fronteira, cujo controle e destinação dos dados por eles produzidos é o Centro Regional de Monitoramento (CRM), em Campo Grande. (BRASIL, 2014)

A figura mostra uma simulação gráfica da Infovia. Cada antena corresponde a

um ponto da Infovia, isto é, uma torre de comunicações. As mais altas tem cerca de

96 (noventa e seis) metros de altura.

29

DÚVIDAS Dúvidas Frequentes

“Nesta seção estão reunidas as dúvidas mais comuns referentes ao SISFRON e seus

subsistemas.

Distribuição de material: quadro de meios

As distribuição de sensores e meios de C2 pelas OM contempladas obedecerá ao quadro a seguir (eventuais mudanças serão informadas oportunamente).

Organizações Militares

Equipamentos / Sistemas / Sensores (em unidades)

Binó

culo

s óp

ticos

OVN

BT

BTM

CC2

móv

eis

SVM

R-T

SVM

R-M

Esta

ção

rem

ota

SVM

R

MTO

Vtr r

ádio

TVP

+ c

âmer

a pe

ssoa

l

Term

inal

por

tátil

Co

m s

atél

ite

CMO – Comando Militar do Oeste (Campo Grande) 53 103 13 201 301 21

CRM – Centro Regional de Monitoramento (Campo Grande) 12

4ª Bda C Mec – 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada (Dourados) 165 30 24 1 3 5

11º R C Mec – 11º Regimento de Cavalaria Mecanizado (Ponta Porã) 54 50 3 1 1 1 2 1 2 37 48

17º R C Mec – 17º Regimento de Cavalaria Mecanizado (Amambai) 54 50 3 1 1 1 2 2 3 53 72

10º R C Mec – 10º Regimento de Cavalaria Mecanizado (Bela Vista) 54 50 3 1 1 1 2 2 37 48

20o R C B – 20o Regimento de Cavalaria Blindado 54 50 3 1 1 1 2 1 14 16

9º GAC – 9º Grupo de Artilharia de Campanha (Nioaque) 13 35 1 3 7 9

14ª Cia Com – 14ª Companhia de Comunicações Mecanizada (Dourados) 5 7 1 11 19 15 2

2ª Cia Inf – 2ª Companhia de Infantaria (Três Lagoas) 5 15 1 1 3

4ª Cia Eng Cmb – 4ª Companhia de Engenharia de Combate Mecanizada (Jardim) 10 15 1 3 6 9

28º Blog – 28º Batalhão Logístico (Dourados) 15 1 3 17 1Sob a guarda do 9o B Com / 2Unidade veicular / 3pertencentes à 6a Cia Intlg / 4uma unidade pertencente ao GOI / 5cinco unidades pertencentes ao GOI

Page 43: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

42

Figura 10 – Representação Gráfica da Infovia

Fonte: BRASIL, 2018b

Cada torre contará com um shelter (contêiner) metálico ou de PVC-concreto,

no qual estarão acondicionados os equipamentos de comunicações (ou dos sensores,

quando disponíveis).

Figura 11 - Antena da Infovia

Fonte: o autor

1ª fase INFOVIA - topologia atualizada em agosto de 2019

OMCampo Grande

ROTA-1

ROTA-2

ROTA-3

ROTA-4

ROTA-7

ROTA-8

ROTA-9

ROTA-10

ROTA-11ROTA-12

ROTA-13

ROTA-14 ROTA-15

ROTA-16

ROTA-17

ROTA-18

ROTA-19

ROTA-20

ROTA-21

ROTA-22

ROTA-5ROTA-6

ROTA-23

OMGuaíra

MAGE

OMForte Coimbra

MAGE

MS PR

MS

MT

OMGuaporéMAGE

OMCasalvascoMAGE

OMFortunaMAGE

OMPorto ÍndioMAGE

OMDouradosMAGE

HCLOS

REP. Tacuru

HCLOS

REP. Rio Brilhante

REP. Morro Margarida

HCLOS

REP. São Pedro

OM (Organização Militar)

Estações Repetidoras

Rádio (SEJUSP)

Convênio com PRF

Receita Federal

REP. Poconé 1

REPPoconé

REP. Nossa Srª do

Livramento

OMCuiabá

REP.Chapada

Dos GuimarãesREP.

Campo Verde

REP.Jaciara

REP.Morro do

Naboeiro1 OMRondonópolis

MAGE

REP.Rondonópolis

REP. OuroBranco do Sul-1

REP. OuroBranco do Sul

REP. Sonora

REP. Pedro Gomes

OM CoximMAGE

REP. Fazenda Sorgo

REP. FazendaMonte Azul

REP. SãoGabriel do Oeste

REP. Bandeirantes

REP.Nova Lima

REP. Morro Do Paxixi

OMCel Cancelo

MAGESVMR

REP. Aral Moreira1

HCLOS REP. Ara Moreira

OMAmambai

MAGE

OMIguatemi

MAGESVMR

OMMundo Novo

MAGESVMR

OMBela Vista

MAGESVMR

REP. Jardim

OM Jardim

REP. Nioaque

REP. Miranda

OMAquidauana

REP. Faz.Guararapes

REP. Faz.Abobral

OMBarranco Branco

MAGE

OMPonta Porã

MAGE

PARAGUAI

BOLÍVIA

COP

OMCaracol

MAGE

NOC (Centro de Operações de Rede)

Site Survey (Realizado)

Infra em construção;

Em Operação ONLINE;

Novo Site: Aditivo

Aguardando Licenciamento ambiental

Sites prontos OFFLINE

Refazer Site Survey;

Terreno Liberado para construção

OMCorixa

MAGEREP.

Cáceres

ROTA-23

MAGE

REP. Morro Santa Cruz

Enlace (SEJUSP)

MAGE

OM20º RCB

REP. Faz.Terra Boa

REP. Faz.Xaraés

REP. PortoEsperança

Rádio P25

Convênio

REP. Porto Murtinho 1

REP. Faz.São José

REP. PortoMurtinho

OMPorto Murtinho

17°BFronCorumbáMAGE

SITE ON LINE 37 / 54%

SITE em OFF 13 / 19%

Infra em Construção 10 / 15%

18ºBDACorumbá

REP.Corixa1

OMCáceres

Terreno Liberado 05 / 07%

MTRO

Site Infovia: 68 + (5 Aditivo)Site Satélite: 4

Sites Infovia: 68 sites

Aguardar Liberação 03 / 4%

REP. DouradoHCLOS

REP. Ponta Porã

REP. Amambai

REP. Nova Alvorada do Sul 1

REP. Campo Grande

REP. Nova Alvorada do Sul

REP. Antônio João

REP. DoisIrmãos do Buriti

REP.Terenos

OM Nioaque

REP. Morro do Cristo

CICCEA - Convênio com a Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (Em negociação com o EB)

REP.Corixa

REP.Morro doNaboeiro

Novos Sites (6° ADITIVO): 06

Page 44: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

43

3.3.1.4 Subsistema de Segurança da Informação e das Comunicações O Subsistema de Segurança da Informação e das Comunicações tem como objetivo assegurar que os diversos tipos de informações e dados possam ser trafegados na Rede de Dados de forma segura e ininterrupta. Os componentes do subsistema de segurança da informação e comunicações serão integrados a Rede de Dados, os quais estarão possibilitando a implantação de uma rede de dados segura, confiável e com uma disponibilidade requerida pelo Projeto Piloto. (BRASIL, 2011a)

Para o Projeto Piloto, este Subsistema se limitará à segurança de acesso a

rede, hoje existente na EBNET9, instalada em todas as OM da 4ª Bda C Mec.

Porém, para funcionar plenamente com segurança de TIC, o Projeto Piloto é

apoiado por outras OM, conforme Quadro abaixo:

Quadro 3 – Componentes do Subsistema de Segurança da Informação e das Comunicações

Fonte: BRASIL, 2011a

3.3.2 Subprojeto Apoio à Atuação O subprojeto visa à aquisição de bens e serviços necessários ao preparo e ao emprego operacional da tropa empregada na faixa de fronteira (Grupo de Emprego Forças de Fronteira), particularmente no que diz respeito a materiais e sistemas das classes10 II(DEFESA, 2016)(Equipamentos de emprego individual e coletivo), V (radares, sensores, binóculos, óculos de visão noturna etc.), VI (geradores, GPS, embarcações etc.), VII (materiais de comunicações), VIII (materiais de saúde) e IX (meios de transporte terrestres especializados e não especializados). Poderão, ainda, ser adquiridos bens e serviços que ainda não foram identificados, para o aprimoramento do emprego operacional necessário à participação em operações interagências. (BRASIL, 2014b)

9 EBNET – Rede Corporativa do Exército Brasileiro, gerenciada pelo Centro Integrado de Telemática

do Exército (CITEx), responsável pela conectividade de mais de 600 (seiscentas) OM do EB, permitindo o tráfego da dados, voz e vídeo.(nota do autor)

10 Classe – denominação da classificação militar para o agrupamento de itens de suprimento, conforme a finalidade de emprego. É utilizado nas fases iniciais dos planejamentos logísticos e na simplificação de instruções e planos. (BRASIL, 2018)

RESERVADO

Atech Negócios em Tecnologias S/A ATECH.0035.00038/B Página 44

RESERVADO

Estes componentes serão distribuídos conforme a Tabela 8.2 a seguir:

TABELA 8.2 – COMPONENTES DO SUBSISTEMA DE SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÕES

CMDO AREA UF CLASSE SIGLA NOME MUNICIPIO

Fire

wal

l

IPS

CMO MT CENTRO CIR-CMO CENTRO DE INTERAÇÃO REGIONAL DO CMO CAMPO GRANDE x x

CMO MS CENTRO 6o. CTA 6o. CENTRO DE TELEMATICA DE AREA CAMPO GRANDE x x

CMP DF OM CITEx CENTRO DE INFORMÁTICA E TELEMÁTICA DO EXÉRCITO BRASÍLIA x x

Page 45: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

44

Assim, diversos PRODE foram adquiridos e distribuídos às OM da 4ª Bda C

Mec e outras OM do CMO, equipamentos estes que não se enquadram nos outros

subprojetos, tudo para propiciar maior capacidade operacional.

As principais aquisições do subprojeto foram:

- 63 Viaturas Leves Reconhecimento;

- 113 Viaturas 3/4 Ton (não especializadas);

- 3 Viaturas Cisternas de Combustíveis;

- 3 Viaturas Socorro;

- 15 Viaturas Reboques;

- 9 Cozinhas de Campanha;

- 1920 coletes balísticos;

- 1458 Conjuntos de Equipamentos Individuais;

- 10 Kits para Postos de Bloqueio e Controle de Estradas (PBCE);

- Conjunto de Material de Saúde;

- Conjunto de Material de Engenharia, entre outros.

13.3.3 Subprojeto Obras de Infraestrutura

O Subprojeto Obras de Engenharia “tem por objetivo dotar o EB de instalações

militares adequadas para a implantação do SISFRON, permitindo a interoperação do

sistema entre as diversas OM envolvidas. Serão construídas, adaptadas ou

reformadas diversas organizações militares” (BRASIL, 2016). O Projeto está a cargo

do Departamento de Engenharia e Construção / Diretoria de Obras Militares.

Até o momento, foram concluídas e entregues 26 (vinte e seis) obras de

infraestrutura, estando 10 (dez) ainda em andamento e outras 7 (sete) planejadas para

o ano de 2019.

Por fim, um resumo das atividades e entregas realizadas sob a égide do

Programa Estratégico SISFRON.

Page 46: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

45

Quadro 4 - Entregas realizadas

ANO PRINCIPAIS ENTREGAS – PROGRAMA SISFRON 2010 – Contratação de empresa para realização do Projeto Básico.

2011

– Entrega do Projeto Básico do SISFRON pela empresa contratada. – Início dos estudos para contratação de uma empresa integradora para condução dos trabalhos técnicos necessários.

2012

– Contratação do consócio TEPRO, constituído pelas empresas de defesa SAVIS e ORBISAT, que realizará a implantação do sistema, por meio do processo de empreitada integral.

2013

– Início da implantação do 9° B Com GE em Campo Grande – MS – Reestruturação do destacamento de Caracol do 10° RC Mec, em consonância com os indicadores estratégicos do EB – Construção do Centro de Operações do CMO – Início dos estudos, projeto e obra do Centro Regional de Monitoramento (CRM) do CMO - Compra de optrônicos, rádios e meios de apoio aos atuadores, permitindo aumentar a coordenação e controle, bem como a mobilidade das tropas na faixa lindeira.

2014

– Entrega de cerca de 35% do Sistema de Apoio à Decisão do Projeto Piloto. – Adequação das infraestruturas de diversas organizações militares de situadas na faixa de fronteira. – Início da Construção do 9º Batalhão de Comunicações e Guerra Eletrônica. – Aquisição de viaturas de apoio à atuação.

2015

– Entrega de cerca de 50% do Sistema de Apoio à Decisão do Projeto Piloto. – Adequação das infraestruturas de diversas organizações militares situadas na faixa de fronteira. – Construção dos Centros de Operações do 9º GAC, 10º RC Mec, 11º RC Mec e 17º RC Mec. – Conclusão do pavilhão “H” do pelotão especial de fronteira de Caracol. – Aquisição de módulos de abastecimento para OM isoladas, embarcações tipo ferry boat para o Centro-Oeste e a Região Amazônica, balsas frigorificadas e viaturas e equipamentos de apoio.

2016

– Entrega de cerca de 60% do Sistema de Apoio à Decisão do Projeto Piloto. – Construção dos paióis do 17º RC Mec. – Entrega de embarcações logísticas, de transporte e empurradores para unidades da Região Amazônica.

2017

– Entrega de cerca de 75% do Sistema de Apoio à Decisão do Projeto Piloto. – Conclusão do 6º Batalhão de Inteligência Militar em Campo Grande. – Conclusão do Centro de Monitoramento de Fronteiras em Brasília. – Licitação e contratação de aquisição de equipamentos de engenharia e de outras viaturas especializadas para a região do Paraná e da Amazônia.

Fonte: BRASIL, 2019b

Page 47: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

46

4 ENQUADRAMENTO TEÓRICO E FUNCIONAL DO SISFRON

Este capítulo tem objetivo apresentar, resumidamente, como um Prg EE do EB

é enquadrado como política pública e a sua correlação com o desenvolvimento

nacional.

4.1 O ESTADO E O DESENVOLVIMENTO NACIONAL

A natureza social do homem trouxe, desde os primórdios, quando passaram a

existir registros da civilização, o estabelecimento de organizações sociais, que

facilitavam a obtenção do bem maior ou comum entre todos os homens: a felicidade,

coexistindo com seres iguais e outros que habitam o ambiente em que o ser humano

vive.

Essa afirmação resumida de todo o arcabouço filosófico que ampara a

sociabilidade da natureza humana é para introduzir a sociabilidade política: ...a liberdade individual não é nem pode ser absoluta, pois deve ser conciliada com a liberdade dos outros, também livres, que necessitam exercer sua liberdade. Surgem daí as indispensáveis figuras dos deveres e direitos do homem em sociedade, isto é, a definição daquilo que cada um pode ou deve fazer em relação ao outro, em respeito à sua liberdade. Surge também daí o Estado. (MENDONÇA, 2010)

O Estado, uma entidade intangível, já foi conceituado ao longo da História e

dentro de diversas ideologias, também por pensadores imprescindíveis ao

desenvolvimento do estudo da sociologia e de outras ciências, como Max Weber,

Friedrich Hayek, Jean-Jacques Rousseau, etc. e se torna quase impossível adotar

uma definição ideal como base para estudo no nível buscado por este trabalho.

Assim, a fim de ter como ponto de partida uma conceituação simplificada de

Estado, é apresentada a seguinte definição: é uma instituição organizada pela Nação com a finalidade precípua de dotar o Governo dos recursos destinados à conquista e à manutenção dos Objetivos Nacionais. Por conseguinte, esta mesma Nação torna o Estado o detentor monopolista dos meios legítimos de coerção (WEBER, 2003, p.9), não só́ para evitar a violência e a anarquia entre os indivíduos, mas, principalmente, para garantir a ordem instituída. (ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, 2019)

Ao Estado cabe proporcionar as condições adequadas ao homem para a

obtenção de seus interesses, sempre em companhia de seus pares.

Page 48: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

47

Essencialmente, a finalidade do Estado é proporcionar segurança. Todos os homens necessitam de segurança para poderem realizar-se como pessoas. Essa segurança significa organização de serviços internos (policiais e judiciários) e externos (diplomáticos e militares), indispensáveis a manutenção da necessária ordem... (MENDONÇA, 2010)

Além de proporcionar segurança, o Estado pode também prover outras

condições acessórias para preservar o bem comum, como saúde, educação,

saneamento básico, desenvolvimento científico e tecnológico, muitos itens inseridos

na atividade econômica estatal.

Esse arcabouço de missões complementares do Estado, para o bem da

sociedade, pode ser inserido dentro de um objetivo comum, um grande “guarda-

chuva”, onde esse se empenhará ao máximo para sua consecução: o

Desenvolvimento Nacional, que pode ser definido como:

deve ser entendido como um processo de transformação da sociedade voltado para a realização da justiça social, que alcança a nação brasileira em sua complexidade total, identidade coletiva e peculiaridades culturais. No texto constitucional, o desenvolvimento nacional apresenta-se inteiramente indissociável de outros três objetivos republicanos: construção de uma sociedade livre, justa e solidária, erradicação da pobreza e da marginalização, a redução das desigualdades sociais e regionais e a promoção do bem de todos. Para enfrentar os problemas econômicos que impedem ou dificultam o desenvolvimento nacional é imprescindível que o Estado seja capaz de adotar um conjunto de políticas públicas voltadas para a construção das estruturas necessárias à iniciativa privada para gerar emprego, renda e tributos, observada sempre a finalidade da ordem econômica constitucional, que é assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social. (MALARD, 2006)

A importância do desenvolvimento nacional para o Brasil é comprovada na

Constituição Federal do Brasil, de 05 de outubro de 1988, em seu Art. 3º, inciso II,

entre os 4 (quatro) objetivos fundamentais da República, está o de “garantir o

desenvolvimento nacional”. (BRASIL, 1988)

4.2 POLÍTICA NACIONAL E ESTRATÉGIA NACIONAL

A consecução de objetivos nacionais a fim de se atingir o bem comum para

todos os integrantes da sociedade organizada pelo seu representando instituído, o

Estado, tem no desenvolvimento nacional uma das maiores bandeiras adotadas por

governantes de todas as tendências ideológicas e políticas.

Segundo MALARD (2006), há uma sobreposição de percepções sobre a ação

do Estado na busca do desenvolvimento:

Page 49: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

48

O desenvolvimento, como processo de transformação social, não pode ser confundido com o crescimento econômico, muito embora dificilmente se obtenha desenvolvimento sem que o crescimento ocorra. No entanto, o crescimento econômico não conduz necessariamente ao desenvolvimento. É que o desenvolvimento implica uma transformação socioeconômica, enquanto o crescimento da economia nem sempre afeta a estrutura social.

Como objetivo nacional permanente, o Brasil busca o desenvolvimento

nacional, como amparo para obtenção do bem-estar social coletivo, traduzido em

índices mensuráveis, como a diminuição das desigualdades sociais, completa

integração nacional, independência tecnológico-científica, etc. Por isso que, no texto constitucional, o desenvolvimento nacional apresenta-se inteiramente indissociável de outros três objetivos republicanos: construção de uma sociedade livre, justa e solidária, erradicação da pobreza e da marginalização, a redução das desigualdades sociais e regionais e a promoção do bem de todos. Somente o desenvolvimento nacional, entendido como processo dinâmico de transformação econômica e social, permitirá alcançar todos aqueles objetivos constitucionais. (MALARD, 2006)

A continuidade de tendências coerentes, ao longo do processo histórico-cultural

da nação, expressa uma identificação de objetivos cujo conjunto constitui a base para

a formulação da Política Nacional. O estudo das sucessivas Políticas Governamentais

constitui, portanto, importante subsídio para a compreensão da Política Nacional.

Segundo a Escola Superior de Guerra (ESG) (2019), “A Política Nacional

manifesta-se quando se busca aplicar racionalmente o Poder Nacional, orientando-o

para o Bem Comum, por meio do alcance e manutenção dos Objetivos Nacionais”.

Na Política Nacional são propostos os Objetivos Nacionais, não se

preocupando com as capacidades do Estado ou com a existência de obstáculos que

se anteponham a esse poder. Nela, deve constar, com bastante clareza, a definição

de diretrizes estratégicas, que servirão de base para a elaboração da Estratégia

Nacional, a qual se desdobra em Ações Estratégicas.

Quando da fixação das Políticas de Estado, justifica-se o desdobramento em

dois grande campos de atuação: a segurança e o desenvolvimento. Esta divisão

favorece o discernimento “sobre as necessidades ligadas à preservação (segurança)

e à evolução dos interesses e aspirações nacionais (desenvolvimento)”. (ESCOLA

SUPERIOR DE GUERRA, 2019)

Page 50: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

49

A Política Nacional de Defesa (PND), política setorial voltada para o campo de

atuação do Estado voltado para a Segurança11, é o documento de mais alto nível do

planejamento de ações destinadas à Defesa Nacional, que tem por finalidade fixar os

objetivos da Defesa Nacional e orienta o Estado sobre o que fazer para alcançá-los.

“Esta Política pressupõe que a defesa do País é inseparável do seu desenvolvimento (grifo nosso), fornecendo-lhe o indispensável escudo.” (BRASIL,

2012b)

A fim de atingir os objetivos nacionais definidos na Política Nacional, a

Estratégia Nacional é quem define o como fazer, afim de atingir tais objetivos,

superando os obstáculos que atrapalham o Estado nessa conquista.

A Estratégia efetiva-se por intermédio de ações. As Ações Estratégicas de

qualquer natureza podem ser realizadas tanto em áreas geográficas quanto nas

diferentes áreas da atividade humana. Em razão disso, as regiões ou setores onde as

ações estratégicas se desenvolvem são chamadas de Áreas Estratégicas. A Política e a Estratégia precisam ser coordenadas e ajustadas em todas as conjunturas, níveis e áreas de atuação, devendo estar harmonizadas entre si e com as reais necessidades e disponibilidades de meios, como condição básica para alcançar os êxitos desejados. Muitos planos e programas fracassam por não atenderem a essa condição. (ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, 2019)

Cabe ressaltar que a Segurança e Desenvolvimento andam de mão dadas, são

complementares. Não há desenvolvimento sem segurança, não há segurança sem

desenvolvimento. O Estado precisa ter as condições necessárias (segurança) para

empregar todos os seus meios (poder nacional) a fim de atingir o desenvolvimento

nacional, cumprindo com sua finalidade de promover o bem-estar a seus cidadãos12.

A END, lançada em 2008, tornou-se um marco na História do Brasil, pois, até

aquela data, nunca se havia realizado amplo debate, com profundidade e

transversalidade com outros setores do poder nacional, sobre assuntos de Defesa no

País.

11 É a condição que permite ao País preservar sua soberania e integridade territorial, promover seus

interesses nacionais, livre de pressões e ameaças, e garantir aos cidadãos o exercício de seus direitos e deveres constitucionais. (BRASIL, 2012b)

12 Estratégia nacional de defesa é inseparável de estratégia nacional de desenvolvimento. Esta motiva aquela . Aquela fornece escudo para esta. Cada uma reforça as razões da outra. Em ambas, se desperta para a nacionalidade e constrói-se a Nação. Defendido, o Brasil terá como dizer não, quando tiver que dizer não. Terá capacidade para construir seu próprio modelo de desenvolvimento. (BRASIL, 2012b)

Page 51: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

50

A END seguiu a determinação do Presidente da República13 que criou o Comitê

Ministerial para sua formulação, presidido pelo Ministro da Defesa e composto pelo

Chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, por representantes do Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão, do Ministério da Fazenda e do Ministério da

Ciência e Tecnologia, bem como pelos Comandantes das três Forças.

Assim, a END foi definida como inseparável da estratégia nacional de

desenvolvimento. “Projeto forte de defesa favorece projeto forte de desenvolvimento”

(BRASIL, 2008). Para ser forte, o projeto de desenvolvimento deveria guiar-se pelo

princípio de independência nacional, destacando as seguintes características:

- efetiva mobilização de recursos físicos, econômicos e humanos, para o

investimento no potencial produtivo do país; e

- capacitação tecnológica autônoma; O Exército Brasileiro, face às imposições surgidas da END, decidiu que seu processo de transformação seria baseado em iniciativas estratégicas de médio e longo prazos, atualmente suportadas por um amplo portfólio de Prg EE.Cada um dos Programas integrantes do Ptf EE contribui para que sejam atingidos um ou mais Objetivos Estratégicos do Exército, permitindo que o EB cumpra as suas missões, de acordo com o previsto na Constituição Federal/88 e nas demais diretrizes constantes da normativa infraconstitucional. (BRASIL, 2018a)

4.3 O PORTFÓLIO ESTRATÉGICO DO EXÉRCITO

Após a END 2008 e seus novos paradigmas, o EB viu a necessidade de

atualizar seu Planejamento Estratégico, a fim de atender as novas demandas

impostas e dar uma resposta a altura que a sociedade esperava dessa nova forma de

encarar a Defesa.

Os Prg EE geram resultados para o Estado Brasileiro, não somente para o EB.

Por um lado, são criadas capacidades militares terrestres, que vão assegurar à Força

Terrestre a postura estratégica exigida, habilitando-a a conduzir operações militares

em um amplo espectro, desde as ações subsidiárias até o conflito armado.

Por outro lado, o foco do Ptf EE (BRASIL, 2018a) é a entrega de uma

significativa quantidade de benefícios à Sociedade, como: - o fortalecimento da Base Industrial de Defesa; - o desenvolvimento de tecnologias duais que possam ser aplicadas em tempo de paz; - a geração de empregos;

13 Decreto Presidencial de 06 de setembro de 2007 – Institui o Comitê Ministerial de Formulação da

Estratégia Nacional de Defesa.

Page 52: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

51

- a projeção internacional; e - a paz social e a segurança, por meio do incremento da capacidade de dissuasão contra ameaças regionais ou mesmo extra regionais.

Um fator decisivo para o sucesso e a sustentabilidade dos Prg EE é a sua

necessidade de financiamento. Desta forma, é importante destacar os riscos para a

Sociedade representados pela interrupção ou redução do fluxo de recursos

financeiros aportados aos Programas Estratégicos, principalmente na

descontinuidade dos Prg EE, não atendendo aos benefícios elencados para o

desenvolvimento nacional.

Page 53: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

52

5 BENEFÍCIOS ATINGIDOS PELO PROJETO PILOTO DO SISFRON

Conforme descrito no Capítulo 2, o Programa SISFRON foi concebido após a

END, lançada em 2008, delinear uma nova postura do setor de Defesa, dentro das

políticas públicas, principalmente com foco no desenvolvimento nacional.

A concepção do Sistema buscou aliar o desenvolvimento de capacidades

militares para monitoramento e controle na Faixa de Fronteira do Brasil com o

desenvolvimento do País, confirmando a finalidade dual do mesmo.

O Projeto Piloto, além de aumentar as capacidades militares da 4ª Bda C Mec,

entregou uma quantidade de benefícios à Sociedade, corroborando com os objetivos

do Ptf EE (o fortalecimento da BID, desenvolvimento de tecnologias duais, a geração

de empregos, a projeção internacional e a paz social e a segurança).

Assim sendo, os benefícios alcançados pela implantação do Projeto Piloto do

SISFRON abarcaram diversas áreas, como as a seguir descritas.

5.1 CAMPO POLÍTICO

Os benefícios elencados no campo político a serem atingidos pelo SISFRON,

quando da sua concepção, estão relacionados com a integração regional, com o

aumento da cooperação militar com Forças Armadas vizinhas, com o aumento da

presença do Estado e com a integração entre órgãos de governo.

Em palestra proferida no Observatório da Inovação e Competitividade, em 11

de abril de 2011, o General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas apresentou o

SISFRON da seguinte forma: como instrumento de política exterior voltado à integração regional, promovendo a cooperação técnica e militar entre o Brasil e seus vizinhos, além de consolidar a imagem do país perante a comunidade internacional. A integração e a interoperabilidade entre as entidades governamentais também são elementos de importância política notória para o avanço das políticas públicas brasileiras. (BRASIL, 2019c)

Desde o início de sua implantação, o Projeto Piloto foi visitado por diversas

comitivas de países interessados no Programa, sejam eles do entorno estratégico

nacional, sejam eles de regiões longínquas, com interesse de conhecer o maior

programa de monitoramento de fronteiras do mundo.

Tal benefício foi comprovado em 12 de fevereiro de 2016, quando:

Page 54: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

53

Uma comitiva de países de origem árabe visitou nesta sexta-feira, a convite do Ministro da Defesa, Aldo Rebelo, a 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada em Dourados (MS), onde funciona o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteira (SISFRON). A comitiva contou com embaixadores e diplomatas da Arábia Saudita, Argélia, Catar, Egito, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Jordânia, Kuait, Líbano, Líbia, Liga Árabe, Marrocos, Mauritânia, Palestina, Sudão e Tunísia14.

Ainda, na mesma visita, O general MATSUDA iniciou sua exposição explicando

que o Brasil tem quase 17 mil km de fronteiras terrestres e falou sobre a proteção

dessas áreas: Alguns países optaram por construir um muro, como os Estados Unidos, na fronteira com o México. Mas ao Brasil interessa o intercâmbio social, cultural e econômico com os países vizinhos (grifo nosso). Por isso, optamos por um muro tecnológico, o SISFRON, que é um dos principais projetos estratégicos de nosso país14.

O aumento da presença do Estado é uma solução evidenciada em diversos

estudos, para tentar diminuir os problemas específicos da Faixa de Fronteira,

conforme descrito na Revista Jus Navigandi: “para garantir a soberania na faixa de

fronteira e combater tais crimes se faz necessária a presença do Estado; presença

esta, que é muito dificultada por diversos fatores...Todos esses fatores culminam na

fraca presença do Estado nas fronteiras nacionais...”. (SANTOS et al, 2018)

Assim, esse incremento na Faixa de Fronteira do Mato Grosso do Sul foi

corroborada com a transformação dos Dst Mil de Caracol, Iguatemi e Mundo Novo em

pelotões. Além disso, diversos autores comprovam o benefício atingido: O SISFRON, portanto, é a contribuição do Exército para o incremento da presença (grifo nosso), desenvolvimento e proteção das fronteiras brasileiras. Suas atividades promoveram eficiência e eficácia na tomada de decisões e nos planejamentos de operações nos diversos extremos do território nacional, além de auxiliar na redução da criminalidade dos grandes centros urbanos pelo combate às drogas e armas que porventura tentem adentrar em território nacional. (LANDIM, 2013)

A ação do Exército não é isolada. O Sistema foi concebido para integrar

esforços com ações governamentais na promoção das atividades de interesse da

segurança nacional, segurança pública, desenvolvimento social e econômico, a fim

de que os benefícios sejam maximizados. Tal objetivo foi expresso assim:

Fica evidente que a atuação dos Agentes de Segurança Pública é eficaz. As informações produzidas pelo SISFRON e interagidas com tais órgãos terão

14 “Comitiva árabe conhece o Sistema de Monitoramento de Fronteiras do Brasil (SISFRON)” Disponível

em: https://www.defesa.gov.br/noticias/18258. Acesso em 15 ago. 2019

Page 55: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

54

efeito exponencial nesta eficiência, contribuindo para o fortalecimento das agências governamentais brasileiras, produzindo importante contribuição para a soberania do país. (FRANÇA, 2016)

Além disso, a integração com outros órgãos governamentais foi incrementada

em 2011, quando o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA) iniciou a

Operação Ágata, uma ação de grande escala, integrante do PEF, com o objetivo de

fortalecer a segurança dos quase 17 mil quilômetros de fronteiras terrestres do Brasil.

Ao longo da operação, militares da Marinha, do Exército e da Força Aérea Brasileira realizam missões táticas destinadas a coibir delitos como narcotráfico, contrabando e descaminho, tráfico de armas e munições, crimes ambientais, imigração e garimpo ilegais. ... Além da Defesa, a Ágata envolve a participação de 12 ministérios e 20 agências governamentais. O planejamento e a mobilização são feitos de forma integrada, com articulação contínua entre militares das Forças Armadas e agentes de segurança pública nos níveis federal, estadual e municipal. Participam desse esforço a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional de Segurança Pública, Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Ibama, Funai, Receita Federal e órgãos de segurança dos estados das regiões de fronteira.15

Na primeira Operação Ágata, em 2011, foram empregados 2874 homens das

Forças Armadas e 170 homens de agências, totalizando 3.044 envolvidos, segundo o

Ministério da Defesa (MD). “Já́ a 10ª edição, em 2015, apresentou um contingente

total de quase 9 mil militares das Forças Armadas além de profissionais de 33

agências governamentais – também segundo o MD -, quase três vezes mais que a

primeira num curto espaço de apenas quatro anos”. (SANTOS et al, 2018)

A 4ª Bda C Mec participou ativamente das Operações Ágata nesses últimos

anos, operando juntamente com as demais Forças Armadas e com outros órgãos

governamentais, tendo sua capacidade operacional ampliada pelo emprego do

SISFRON, dentro da implantação do Projeto Piloto, conforme relatado a seguir: O Comando Militar do Oeste desencadeou na segunda-feira a Operação Ágata de Aço I - 2019. A 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, Brigada Guaicurus, sediada em Dourados, atuará na operação com um efetivo de 780 militares. A intenção da operação é coibir os principais crimes transfronteiriços, como narcotráfico, contrabando e descaminho, tráfico de armas e munições, dentre outros. ... A 4ª Bda C Mec conduzirá operações militares em conjunto com as demais Forças e Órgãos de Segurança Pública e Agências federais, estaduais e municipais.

15 “Operação Ágata” – disponível em https://www.defesa.gov.br/index.php/exercicios-e-operacoes/63-

operacoes-conjuntas-1/72-operacao-agata. Acesso em 15 ago. 2019

Page 56: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

55

... Outro ponto a ser destacado é a intensificação das operações de inteligência, aproveitando as potencialidades do SISFRON, aliado a execução de ações preventivas e repressivas de combate aos crimes de fronteira. A operação iniciada não tem prazo definido para seu término e conta com a participação de tropas do Exército Brasileiro, atuando em coordenação com os Órgãos de Segurança Pública e de Fiscalização, como o Departamento de Polícia Federal, Departamento da Polícia Rodoviária Federal, Secretaria da Receita Federal do Brasil, Departamento de Operações de Fronteiras e Polícias Civil e Militar do estado. Mais de 1,9 mil militares e civis das esferas Federal, Estadual e Municipal atuam na operação.16

5.2 CAMPO ECONÔMICO

Os benefícios elencados no campo econômico, como geração de empregos na

indústria nacional de defesa, aumento da capacitação tecnológica da BID e

diversificação da pauta de exportação, são efeitos mais fáceis de serem quantificados

e possuem dados estatísticos disponíveis.

O Complexo de Defesa e Segurança do Brasil tem um participação ainda

discreta no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, correspondendo a 3,7% no ano de

2014. (GUILHOTO, 2015)

O General NEIVA, Chefe do EPEx, em palestra proferida na Escola de

Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), em 03 de maio de 2019, apresentou

a potencialidade do setor de defesa (análise realizada pela Associação Brasileira das

Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança – ABIMDE - e Federação das

Indústrias do Estado de São Paulo - FIESP), afirmando que a cada R$ 1 investido no

Complexo Defesa e Segurança, R$3,66 são gerados na economia nacional, maior que

qualquer outro setor.

16 Disponível em http://www.douradosnews.com.br/dourados/brigada-guaicurus-destaca-quase-800-

homens-para-acao-na-fronteira/1101575/. Acesso em 26 ago. 2019.

Page 57: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

56

Figura 12 – Fomento para a BID

Fonte: ESCRITÓRIO DE PROJETOS DO EXÉRCITO BRASILEIRO, 2019

Assim, os mais de 800 milhões de reais investidos na implantação do Projeto

Piloto se transformaram em mais de 2 bilhões de reais.

O próprio General NEIVA, em audiência pública no Senado Federal sobre os

Programas Estratégicos do EB, afirmou que a relação custo-benefício do SISFRON é

clara: Ivan garantiu que, além de se pagar com a contribuição para a diminuição da criminalidade no Brasil, o sistema se paga novamente por meio do fomento à cadeia econômica e da geração de empregos no país. Ele explicou que diversas empresas nacionais são incentivadas pelo programa, por meio do desenvolvimento de tecnologias que ajudam a gerar renda para a população”17.

Outra vertente que foi beneficiada pela implantação do SISFRON na 4ª Bda C

Mec foi a geração de empregos na economia nacional. “No que concerne ao âmbito

econômico, uma das decorrências do SISFRON é garantir a geração de empregos na

indústria nacional, com maior ênfase para a indústria de defesa e de tecnologia –

estima-se a promoção de mais de 12 mil vagas por ano”. (BRASIL, 2019c)

17 “Monitoramento de fronteiras ainda é frágil por falta de verbas, aponta debate” - Agência Senado, 09

jul 2019. Disponível em https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/07/09/monitoramento-de-fronteiras-ainda-e-fragil-por-falta-de-verbas-aponta-debate. Acesso em 15 ago. 2019

Page 58: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

57

Durante a implantação já eram computados novas vagas de trabalho

relacionadas com o Projeto Piloto: Em relação a geração de empregos em Mato Grosso do Sul, a previsão é de que o serviço gere mais de 7 mil vagas no Projeto Piloto; 991 novas vagas de trabalho diretos e indiretos nas áreas de infraestrutura e tecnologia em Dourados. ... Do total de empregos previstos em Dourados, o projeto destina 179 postos diretos, 98 indiretos e efeito-renda para 349 pessoas na Construção Civil. Já na área de tecnologia serão 19 empregos diretos, 98 indiretos e efeito-renda para 248 pessoas. (REVISTA OBSERVATÓRIO DA FRONTEIRA, 2016)

Apesar de não gerar empregos diretos, o Projeto Piloto vem capacitando

militares temporários no uso das mais modernas tecnologias empregadas pelos

equipamentos entregues no Programa. Desde 2014, já foram capacitados 608

(seiscentos e oito) militares18 nos mais diversos equipamentos, gerenciamento de

redes e manutenção de PRODE que, ao terminarem sue tempo no EB, estarão

melhores preparados para o mercado de trabalho.

O aumento da capacitação tecnológica das empresas envolvidas no Projeto

Piloto foi atingido, conforme relata Roberto Gallo, CEO da Kryptus Segurança da

Informação. O CEO avaliou como essencial um sistema de defesa adotar uma solução

nacional para garantir a segurança de comunicações: O sistema de criptografia (transformação de um texto em código) e a autenticação (proteção da mensagem transmitida) adotados no SISFRON são produtos nacionais. O CommGuard é uma plataforma desenvolvida pela campineira Kryptus Segurança da Informação com o apoio da FAPESP. Gallo menciona que alguns dos sistemas vendidos por empresas de outros países contam, por determinação legal ou orientação de seus governantes, com mecanismos embutidos que permitem a interceptação da comunicação e acesso aos dados. Com isso, autoridades estrangeiras podem acessar informações sensíveis. “Um sistema de monitoramento de defesa com seu sigilo violado perde sentido estratégico, pode se tornar inútil”, afirma. (ZAPAROLLI, 2019)

Por fim, o IPEA completa a capacitação atingida pela BID por ocasião da

implantação do Projeto Piloto: Segundo a Savis, o “domínio tecnológico da integração deste complexo Sistema de Sistemas (...) permitiu o desenvolvimento de soluções primando pelo incremento da autonomia nacional e geração de emprego e renda em solo pátrio”. Diversas empresas nacionais foram selecionadas como fornecedoras de equipamento, bem como outras empresas estrangeiras. O índice de conteúdo nacional entre os fornecedores do sistema é de 75%, conforme critérios da Request for Proposal (RFP). (BRASIL, 2019c)

18 BARBOSA, Gabriel Silva, Major de Infantaria. Adjunto do Oficial de Operações do Comando da 4ª

Bda C Mec. Documentos SISFRON [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por [email protected] em 15 de ago. 2019.

Page 59: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

58

5.3 CAMPO MILITAR

Os benefícios para o campo militar são os mais facilmente identificados, pois

têm relação direta com as entregas de PRODE realizadas por ocasião da implantação

do Projeto Piloto e com a doutrina de emprego da Força Terrestre no cumprimento de

sua missão constitucional.

O EME estabeleceu, no documento COMPREENSÃO DAS OPERAÇÕES

(COMOP) Nr 001/2017 DO SISTEMA INTEGRADO DE MONITORAMENTO DE

FRONTEIRAS (SISFRON), as diretrizes para integração do SISFRON com a Doutrina

Militar Terrestre: A defesa da Pátria é a destinação precípua das Forcas Armadas. A missão da Força Terrestre na faixa de fronteira é contribuir para a defesa da Pátria, atendendo, de forma eficaz e efetiva, às diretrizes constantes na Estratégia Nacional de Defesa. Nesse sentido, a adoção pela F Ter de um sistema de monitoramento, sensoriamento e apoio à decisão na Faixa de Fronteira permitirá a esta potencializar as atuais Capacidades Operativas das tropas já instaladas ou empregadas nessa faixa do território nacional, quer seja no cumpri- mento de sua missão constitucional, assim como atuando em atribuições subsidiárias, por meio da cooperação com diferentes órgãos. (BRASIL, 2017)

No mesmo documento, o EME determinou que o Projeto Piloto passasse “por

uma fase de experimentação doutrinária para validar, ou não, as soluções

apresentadas, bem como servir de base para ajustes de concepção e tecnologias,

visando à expansão futura do mesmo”. (BRASIL, 2017)

Assim, a 4ª Bda C Mec realizou um exercício tático empregando todos seus

meios orgânicos e utilizando os meios recebidos pelo Projeto Piloto, a fim de validar a

utilização dos PRODE e do SAD em operações convencionais, isto é, operações de

Defesa Externa.

No relatório encaminhado ao Estado-Maior do Exército pela 4ª Bda C Mec,

apresentando as conclusões obtidas no Exercício de Validação e a sua conformidade

com a Doutrina Militar Terrestre, foi relatado que c. O sistema está perfeitamente alinhado com o preconizado na Estratégia Nacional de Defesa (END), pois proporciona o desenvolvimento de atividades permanentes de inteligência, por intermédio do emprego dos sensores existentes, bem como, proporciona a dissuasão contra ameaças nas fronteiras terrestres, obtida pela presença de tropa mecanizada e dos destacamentos desdobrados próximo à linha de fronteira. Dessa forma, pode-se afirmar que o sistema proporciona o desenvolvimento do trinômio monitoramento/controle, mobilidade e presença. d. o SISFRON amplia e potencializa as Capacidades Operativas exigidas para uma Brigada de Cavalaria Mecanizada (grifo nosso), integrante das

Page 60: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

59

Forças de Emprego Estratégico do Exército, segundo a Base Doutrinária em vigor. (BRASIL, 2018c)

Portanto, a 4ª Bda C Mec foi contemplada com os benefícios, conforme

apresentado no capítulo 3, com as entregas de equipamentos e capacidades

decorrentes do Programa. O aumento da capacidade de vigilância e monitoramento

foi plenamente atingida pela disposição dos meios nas OM posicionadas na fronteira,

bem como pelo emprego nas operações realizadas. A operacionalidade é corroborada

com a seguinte observação: “com o SISFRON, uma série de recursos eletrônicos

coletará e transmitirá dados de forma contínua, permitindo uma resposta imediata”.

(ZAPAROLLI, 2019)

5.4 SOCIEDADE

Os maiores benefícios devem ser sentidos pela sociedade, por intermédio da

melhoria na qualidade de vida, ampliar a presença do Estado junto a populações de

regiões desassistidas, aumento da segurança e emprego dos recursos de TI e

comunicações para atividades como tele saúde e ensino a distância. Porém, estes

benefícios são os mais difíceis de serem mensurados.

O IPEA confirmou a capacidade do SISFRON em trazer benefícios, agregando

vários campos de interesse para a sociedade: Dessa forma, o desenvolvimento e a implementação do SISFRON – atualmente em fase de projeto piloto no estado do Mato Grosso do Sul – constituem um empreendimento que se alinha às diretrizes estratégicas do país, como se pode perceber a partir da leitura de documentos como a PND, a END, o PEF e o PPIF. Nesse contexto, o sistema se apresenta como um projeto com potencial não somente para refrear, combater e reprimir os delitos recorrentes na faixa de fronteira, mas também para trazer externalidades positivas diretas e indiretas à economia e à sociedade brasileiras (grifo nosso) por meio de geração de emprego e renda, desenvolvimento tecnológico sensível e avançado, preservação ambiental, fortalecimento da integração regional, melhoria na fiscalização tributária e garantia de segurança e qualidade de vida para as populações fronteiriças, por exemplo. (BRASIL, 2019c)

Em debate durante a Campanha Presidencial em 2018, o Senador Álvaro Dias,

candidato à Presidência, afirmou a necessidade de implantar o SISFRON para

melhorar a segurança do País. Ao ser questionado sobre segurança pública, Álvaro

Dias disse: Começamos pela faixa de fronteira. Dezessete mil quilômetros de fronteira aberta ao tráfico de drogas e ao contrabando de armas. O SISFRON não é instalado porque o governo diz que não tem dinheiro, aliás, diz sempre que

Page 61: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

60

não tem dinheiro para nada. São R$ 12 bilhões. O cronograma vai para 2035. Nós temos que antecipar e instalar. Armamento pesado não pode chegar às mãos erradas, às mãos dos bandidos. Porque lá explode a violência. Tem que chegar nas mãos corretas dos policiais, nesse enfrentamento contra o crime. O bandido no Brasil tem que voltar a ter medo da lei. E é desta forma, investindo em inteligência, integrando as instituições policiais - na faixa de fronteira, o Exército, a Polícia Federal, a Polícia Militar, a Polícia Civil e a Receita Federal.19

O Cmdo Com GE Ex, em apresentação para a Federação das Indústrias do

Estado do Paraná (FIEP), expôs a potencialidade do Sistema em poder realizar ensino

à distância (EAD) e teleconferências para a área da saúde, “utilizando os meios

modernos de comunicações estratégicas já instalados no Mato Grosso do Sul,

levando a qualidade existente das áreas de ensino e saúde dos grandes centros para

a faixa de fronteira, carente nestes aspectos” (BRASIL, 2014a). Porém, essas

facilidades ainda não foram implementadas, em virtude do foco do Projeto Piloto ainda

estar na área militar.

5.5 SOCIOAMBIENTAIS

Uma grande preocupação da sociedade é a preservação do meio ambiente.

Assim, o SISFRON, como política pública, tem por finalidade propiciar benefícios na

área socioambiental, como preservação ambiental, proteção da biodiversidade,

combate aos ilícitos ambientais e proteção das populações indígenas.

Em sua concepção, o SISFRON já havia elencado os benefícios

socioambientais como importantes, ao “se caracterizar como um instrumento

tecnológico importante para fomentar o paradigma de estados e Governo Federal

operarem continuamente em conjunto, em beneficio das questões ambientais, apesar

de atribuições constitucionais distintas na questão”. (BRASIL, 2010a) Além disso, foi identificado que o Sistema poderia

auxiliar no monitoramento remoto, eficaz, do grande número de reservas indígenas e unidades de conservação ambiental existentes na área de fronteira, onde obstáculos importantes dificultam a atuação direta das forças de segurança, como no combate a extração ilegal da madeira e aos garimpos ilegais na faixa de fronteira. (BRASIL, 2010a)

19 “Álvaro Dias defende recursos para SISFRON durante debate”- 21 set. 2018. Disponível em

https://www.catve.com/portal/noticia/2/228880/alvaro-dias-defende-recursos-para-sisfron-durante-debate. Acesso em 15 ago. 19.

Page 62: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

61

Na área do Projeto Piloto, ainda não foram identificados benefícios nesse

campo. Porém, agências governamentais já se preparam para ampliar sua atuação

em benefício da sociedade: Atuações do Exército Brasileiro em conjunto com a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) tem causado interrupções na atuação ilegal de madeireiros peruanos em território brasileiro. Neste escopo a FUNAI, com o apoio qualificado do SISFRON, terá́ melhores condições para a localização e proteção de outras tantas comunidades indígenas, bem como no combate às atividades ilegais que as ameaçam. (FRANÇA, 2016)

5.6 SEGURANÇA PÚBLICA

O grande motivador para a criação do Programa Estratégico SISFRON é a

correlação da Faixa de Fronteira do País com a Segurança Pública. A necessidade

de modernizar o combate ao narcotráfico, ao contrabando de armas, aos ilícitos

transfronteiriços e ao crime organizado, a fim de aumentar a segurança dos centros

urbanos é o benefício essencial para o sucesso do Programa. Por isso, o investimento

de 12 bilhões de reais é altamente benéfico para a Segurança Pública.

Estudo do IPEA apurou que o custo anual da violência no Brasil equivale a

5,09% do PIB, ou seja, R$ 346,12 bilhões/ano (PIB 2018 – R$6,8 trilhões20).

Paralelamente, o Departamento Penitenciário Nacional estimou que 22% de toda a

população carcerária do país têm relação com o narcotráfico. Assim, o custo anual

mínimo da violência decorrente do narcotráfico é em torno de R$ 76 bilhões/ano.

(BRASIL,2014a)

A relação custo/benefício do SISFRON apresentada por ocasião de seu Estudo

de Viabilidade foi calculada numa efetividade mínima de 2%, isto é, considerando

reduzir a entrada de drogas ilícitas pela fronteira ocidental na taxa considerada, seria

economizado R$ 1,52 bilhão/ano em média, cobrindo o custo de implantação do

sistema no prazo de 10 anos, justificando o investimento. (BRASIL, 2014a)

Tal afirmação é reforçada por agentes políticos, como o Senador Jaques

Wagner, que disse que investir no Sistema é mais vantajoso do que em outras ações

de combate à criminalidade e mais: “Não tenho dúvida de que o investimento de

20 Disponível em https://www.ibge.gov.br/explica/pib.php. Acesso em 26 ago. 2019

Page 63: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

62

melhor custo-benefício para a garantia da Segurança Pública brasileira é no

SISFRON, que é um programa não de governo, mas do Estado Brasileiro21”.

O IPEA confirmou a eficiência do Projeto Piloto em atingir benefícios na área

da Segurança Pública: Atestando o potencial do sistema e demonstrando a importância da interoperabilidade para sua efetividade, constata-se um aumento considerável das apreensões, efetuadas pelas polícias militar e civil do estado de Mato Grosso do Sul, de armas, drogas e outros produtos ilícitos e/ou contrabandeados após a instalação do projeto piloto do SISFRON. Por exemplo, as apreensões de cocaína aumentaram em mais de três vezes, e as de maconha, quase cinco vezes após 2012, quando se iniciaram os trabalhos do programa. (BRASIL, 2019c)

Figura 13 - Mato Grosso do Sul: apreensão de cocaína e derivados pelas polícias militar e civil (2012-2018)

Fonte: SEJUSP/MS apud BRASIL, 2019c

Figura 14 - Mato Grosso do Sul: apreensão de maconha pelas polícias militar e civil (2012-2018)

Fonte: SEJUSP/MS apud BRASIL, 2019c

21 “Monitoramento de fronteiras ainda é frágil por falta de verbas, aponta debate” - Agência Senado, 09

jul 2019. Disponível em https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/07/09/monitoramento-de-fronteiras-ainda-e-fragil-por-falta-de-verbas-aponta-debate. Acesso em 15 ago. 2019

26

R i o d e J a n e i r o , j u n h o d e 2 0 1 9

diversas esferas do Estado utilizam o SISFRON, a exemplo das operações Sentinela33 e Fronteiras Sul,34 do projeto Policiamento Especializado de Fronteiras35 e do Grupo Especial de Fronteiras (GEFRON),36 entre outros.

Atestando o potencial do sistema e demonstrando a importância da interoperabilidade para sua efetividade, constata-se um aumento considerável das apreensões, efetuadas pelas polícias militar e civil do estado de Mato Grosso do Sul, de armas, drogas e outros produtos ilícitos e/ou contrabandeados após a instalação do projeto piloto do SISFRON. Por exemplo, as apreensões de cocaína aumentaram em mais de três vezes, e as de maconha, quase cinco vezes após 2012, quando se iniciaram os trabalhos do programa (gráficos 2 e 3).

GRÁFICO 2Mato Grosso do Sul: apreensão de cocaína e derivados pelas polícias militar e civil (2012-2018)(Em kg)

25.000

20.000

15.000

10.000

5.000

0

2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Total

1.406 1.195

3.566 4.246 4.366 3,8862.572

21.237

Fonte: Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Mato Grosso do Sul (SEJUSP/MS).

33. Com o objetivo de atuar contra delitos fronteiriços, utiliza o SISFRON enquanto provedor de informações concernentes às áreas de alto risco e com grande volume de crimes na faixa de fronteiras. Coordenada pelo Ministério da Justiça, conta com a participação integrada da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Força Nacional de Segurança Pública, da SENASP, da SRF, do Ibama e das polícias civil e militar dos estados envolvidos (Bufolo, 2014).34. Operação da Polícia Rodoviária Federal visando frear o fluxo de ilícitos na faixa de fronteira (Brasil, 2016a). 35. Promovido pela SENASP, busca profissionalizar os policiais que atuam em regiões fronteiriças, podendo contar com o apoio do SISFRON, por exemplo, por meio de apoio logístico, de informações e de infraestrutura (idem, ibidem).36. Iniciativa das secretarias de segurança pública dos estados envolvidos com o objetivo de integrar a atuação dos policiais da região e reduzir a criminalidade e o risco para produtores rurais e condutores de veículos (idem, ibidem).

TD_sistema_integrado_miolo.indd 26 06/06/2019 16:22:17

Texto paraDiscussão2 4 8 0

27

Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras em Perspectiva

GRÁFICO 3Mato Grosso do Sul: apreensão de maconha pelas polícias militar e civil (2012-2018)(Em kg)

2.000.000

1.800.000

1.600.000

1.400.000

1.200.000

1.000.000

800.000

600.000

400,000

200.000

0

2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Total

85.859 134.831225.631 222.971 292.424

426.045

1.725.371

337.610

Fonte: SEJUSP/MS.

No que concerne a atividades e à fiscalização e ao monitoramento das florestas na Amazônia, estima-se a participação do SISFRON junto ao Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e pela Casa Civil da Presidência da República desde 2005. O fornecimento de informações também pode ser útil para as unidades de conservação gerenciadas pelo Ibama, pelas secretarias estaduais do meio ambiente e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) (Brasil, 2016a).37 Assim, fica notória a importância do elemento de interoperabilidade para a eficácia do SISFRON enquanto instrumento estratégico para o Estado brasileiro.

4.3 Benefícios efetivos e potenciais

O desenvolvimento e a implementação do SISFRON trazem uma série de benefícios nas mais diversas áreas, principalmente em defesa externa, fortalecimento da indústria de defesa, apoio às operações interagências e geração de empregos de elevada capacitação técnica. Destacam-se, nesse sentido, a produção de conteúdo nacional de caráter dual, o fomento à transferência de tecnologia e o aumento da nacionalização e da capacitação de pessoal. Na esfera política, o

37. É importante enfatizar, entretanto, que, em seu estágio atual de projeto piloto, o SISFRON não alcança a Amazônia. Entrevista dos autores com o Coronel Gomes Novo, responsável pela operação do SISFRON no Cmdo Com GE Ex.

TD_sistema_integrado_miolo.indd 27 06/06/2019 16:22:18

Page 64: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

63

Por fim, o Projeto Piloto trouxe outro enfoque no combate aos crimes

transfronteiriços, conforme relatou o Cel KLEIN: “No caso da 4ª Bda o enfoque mudou.

Estamos trabalhando mais com os OSP e apreendemos menos, em contrapartida,

com a nossa ajuda, os OSP estão apreendendo muito mais do que em anos

anteriores, porque canalizamos o movimento para cima da fiscalização deles22”.

22 KLEIN, Klauss Erich. SISFRON – Doc do IDESF [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por

[email protected] em 20 de ago. 2019.

Page 65: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

64

6 CONCLUSÃO

O trabalho realizado permitiu apresentar o caminho percorrido pelo SISFRON,

desde a mudança de postura do entendimento da importância do setor de Defesa até

a implantação do Projeto Piloto, destacando os benefícios alcançados para o

desenvolvimento nacional

O Projeto Piloto do SISFRON, juntamente com outros programas estratégicos

do EB e das outras Forças, é a concretização da mudança de postura do setor de

Defesa dentro da Política Nacional, que teve seu ponto de inflexão na END 2008,

trazendo para o debate da sociedade a necessidade de aliar a segurança com o

desenvolvimento nacional.

O EB focou o seu processo de transformação no desenvolvimento de

programas estratégicos de médio e longo prazos, com o objetivo de entregar

capacidades determinadas pela END, atendendo a diversos requisitos operacionais,

técnicos e por que não dizer sociais.

O SISFRON foi o programa estratégico estabelecido para desenvolver a

capacidade de monitoramento e controle, a fim de proporcionar segurança ao longo

dos quase 17.000km de fronteiras terrestres que o Brasil possui, fronteira pela qual

passam diversos problemas que afetam a segurança e o desenvolvimento nacional.

Em seu estudo inicial, foi previsto a necessidade de R$ 12 bilhões e o prazo de 10

anos para sua total implantação.

O Projeto Piloto foi a parte inicial do Programa, que teve por objetivo avaliar,

reajustar e refinar conceitos, processos e equipamentos em uma parte da fronteira,

com base em uma Grande Unidade do EB, a fim de replicar os acertos e corrigir os

erros para prosseguimento de uma efetiva instalação do SISFRON no restante da

fronteira do País.

Com a instalação do Projeto Piloto na faixa de fronteira sul do MS, na área da

4ª Bda C Mec, diversos benefícios elencados por ocasião da concepção do SISFRON

e outros relatados por estudiosos foram atingidos de forma direta ou indireta.

A divulgação dos resultados obtidos é fundamental para que as políticas

públicas tenham reconhecimento como ferramentas efetivas para o desenvolvimento

nacional, com o intuito básico da manutenção de recursos orçamentários para a

continuidade dos programas estratégicos, entre eles o SISFRON.

Page 66: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

65

A crise econômica atual não vem garantindo esse aporte contínuo. Tal

afirmação é corroborada pelo alerta do Gen Neiva, Chefe do EPEX, em audiência

pública da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, em 09 de julho de

2019: “O Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), mantido

pelas Forças Armadas, pode se tornar obsoleto antes mesmo de ser totalmente

implantado, por conta da falta de recursos (grifo nosso)”. Complementou ainda

sobre o prazo de entrega: “Das nove fases do programa, temos apenas a primeira

[completa] e parte da estrutura seguinte implantadas. A falta de recursos nos obrigou

a fazer um remanejamento e adiar a entrega dessa solução importante para o país

para 2035, o que poderá, inclusive, torná-la antiquada23.”

Para superar esse problema, os benefícios obtidos devem ser aliados à

importância que o tema Segurança Pública relacionado com o controle das fronteiras

vem se tornando mais frequente no debate público e na mídia de maneira geral,

conforme relatado pelo IPEA: Com o intuito de minorar os problemas de segurança pública na região fronteiriça e seus reflexos para o país, a Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, solicitou, em maio de 2019, ao Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, a aprovação, por parte do Governo Federal, de medidas de aprimoramento da cooperação com países vizinhos no que se refere ao tema... Assim, o monitoramento e o gerenciamento das fronteiras adquirem importância fundamental em meio à formulação de políticas públicas no Brasil. (BRASIL, 2019c)

Portanto, o presente trabalho procurou analisar os resultados da implantação

do Projeto Piloto do SISFRON, apresentando os benefícios à Sociedade, confirmando

que a consecução desses benefícios são essenciais para a continuidade do

recebimento de recursos orçamentários, como parte das políticas públicas do Estado

Brasileiro em busca do desenvolvimento nacional.

23 Fonte: Agência Senado. Disponível em

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/07/09/monitoramento-de-fronteiras-ainda-e-fragil-por-falta-de-verbas-aponta-debate. Acesso em 27 ago. 2019

Page 67: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

66

REFERÊNCIAS

AGUIAR, Marcelo Flávio Sartori. O Projeto SISFRON: uma análise sob a ótica do seu Projeto Piloto, ameaças a serem combatidas e dificuldades de implantação. 2015. 93 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares) – Escola de Comando e Estado- Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2015.

ALMEIDA, Luis Henrique Custódio de. Proposta de um Sistema de Indicadores para o Projeto Piloto do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON) em um Ambiente de Orçamento por Resultados. 2015. 278 f. Dissertação (Mestrado em Negócios Internacionais) – Universidade do Minho, Braga, 2015. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil; Promulgada em 5 de outubro de 1988. ______. Decreto Presidencial Nr 7.496, de 08 de junho de 2011. Institui o Plano Estratégico de Fronteiras. 2011. ______. Decreto Presidencial Nr 8.903, de 16 de novembro de 2016. Institui o Programa de Proteção Integrada de Fronteiras e organiza a atuação de unidades da administração pública federal para sua execução. 2016. ______. Lei Nr 6.634, de 2 de maio de 1979. Dispõe sobre a Faixa de Fronteira. 1979. ______. Lei Complementar Nr 97, de 9 de junho de 1999. Dispõe sobre as normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas. 1999. ______. Lei Complementar Nr 136, de 25 de agosto de 2010. Altera a Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999, que “dispõe sobre as normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas”, para criar o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas e disciplinar as atribuições do Ministro de Estado da Defesa. 2010. ______. Lei Nr 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. 1993. ______. Lei Nr 12.598, de 21 de março de 2012. Estabelece normas especiais para as compras, as contratações e o desenvolvimento de produtos e de sistemas de defesa; dispõe sobre regras de incentivo à área estratégica de defesa; altera a Lei nº 12.249, de 11 de junho de 2010; e dá outras providências. 2012. ______. Exército. Compreensão das Operações (COMOP) Nr 001/2017 do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON). Boletim do Exército, Brasília, DF, n. 48, p 70 - 76, 1º dez. 2017.

Page 68: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

67

______. ______. Elaboração do Projeto Básico Necessário à Implantação do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON) Concepção do Sistema ATECH.0035.00022/A. Brasília, DF: p. 104, 27 jan. 2010a. ______. ______. Elaboração do Projeto Básico Necessário à Implantação do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON) Definição do Projeto Piloto ATECH.0035.00038/B. Brasília, DF: p. 44, 08 set. 2011. ______. ______. Manual de Campanha C 2-30. Brasília, DF: ed. 2, 2000. Assunto: Brigada de Cavalaria Mecanizada. ______. ______. Manual de Campanha EB 70-MC-10.238. Brasília, DF: ed. 1, 2018. Assunto: Logística Militar Terrestre. ______. ______. Portaria Nr 193, de 22 de dezembro de 2010. Diretriz para a Implantação do Projeto Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON). Boletim do Exército, Brasília, DF, n. 52, p 23 - 34, 31 dez. 2010b. ______. ______. Portaria Nr 514, de 29 de junho de 2010. Regulamento do Estado-Maior do Exército (R-173). Boletim do Exército, Brasília, DF, n. 27, p 20 - 30, 09 jul. 2010c. ______. ______. Portfólio Estratégico do Exército. Brasília, DF: 2018a. ______. ______. Centro de Monitoramento de Fronteiras. SISFRON. Cartilha Informativa aos Comandantes. Brasília, DF: Comando de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército, 2014. ______. ______. Centro Tecnológico do Exército. Radar SENTIR M20. Disponível em: <http://www.ctex.eb.mil.br/projetos-em-andamento/83-radar-sentir-m20#galeria-de-imagens>. Acesso em: 12 ago. 2019. ______. ______. Comando de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército. Área de Abrangência do SISFRON. Disponível em: <http://www.ccomgex.eb.mil.br/index.php/area-de-abrangencia>. Acesso em: 26 jul. 2019a. ______. ______. ______. Benefícios Esperados pelo SISFRON. Disponível em: <http://www.ccomgex.eb.mil.br/index.php/beneficios-esperados>. Acesso em: 28 jul. 2015. ______. ______. ______. Objetivos do SISFRON. Disponível em: <http://www.ccomgex.eb.mil.br/index.php/objetivos>. Acesso em: 28 jul. 2015a. ______. ______. ______. O Projeto SISFRON : sua justificativa , sua concepção , suas oportunidades e os benefícios esperados. APRESENTAÇÃO NO FÓRUM FIEP-A INDÚSTRIA DE DEFESA NO ESTADO DO PARANÁ. Curitiba. 21 jul. 2014a.

Page 69: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

68

______. ______. Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Elaboração de Projetos de Pesquisa na ECEME - ME 21-259. Rio de Janeiro, RJ: p. 36, 08 fev. 2012a. ______. ______. Escritório de Projetos do Exército Brasileiro. Entregas Realizadas. Disponível em: <http://www.epex.eb.mil.br/index.php/sisfron/subprogramassisfron>. Acesso em: 11 ago. 2019b. ______. ______. 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada. A 4a Bda C Mec e o SISFRON. APRESENTAÇÃO NA ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS. Rio de Janeiro, RJ: 27 out. 2018b. ______. ______. ______. Relatório Conclusivo da Validação. Dourados, MS: 20 jul. 2018c. ______. Ministério da Defesa. Estratégia Nacional de Defesa. Brasília, DF: p. 59. 2008. ______. ______. Plano de Articulação e Equipamento de Defesa 2016-2035 (MINUTA). Brasília, DF: out. 2014b. ______. ______. Política Nacional de Defesa/Estratégia Nacional de Defesa. Brasília, DF: p. 155. 2012b. ______. Ministério da Economia. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras em Perspectiva - Texto para Discussão Nr 2480 / IPEA. Rio de Janeiro, RJ: p. 39, 2019c. ______. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Análise dos custos e consequências da violência no Brasil- Texto para Discussão Nr 1284 / IPEA. Rio de Janeiro, RJ:p. 59, jun. 2007. ______. Poder Legislativo. Tribunal de Contas da União. Relatório de Auditoria Operacional no Ministério da Defesa/Comando do Exército. Brasília, DF: p. 61, 09 mar. 2016a. ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA. Fundamentos do Poder Nacional- Metodologia do Planejamento Estratégico. Rio de Janeiro, RJ: p. 163, 2019. FILHO, Paulo Sérgio Reis. Principais dificuldades na implantação do SISFRON : um estudo analítico. 2017. 245 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Política, Estratégia e Alta Administração Militar) – Escola de Comando e Estado- Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2017. FRANÇA, Eriwelton Ferreira de. O Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON) no Fortalecimento da Defesa Nacional. PADECEME, v. 8, n. 16, p. 64 –72, jan. 2016. GUILHOTO, Joaquim J. M. Cadeia de Valor e Importância Socioeconômica do Complexo de Defesa e Segurança no Brasil. APRESENTAÇÃO NA FUNDAÇÃO

Page 70: A Implantação do Projeto Piloto do SISFRON e a Consecução ... 0927_B… · do Projeto Piloto do SISFRON sob o enfoque da consecução ou não dos benefícios à Sociedade elencados

69

INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS. São Paulo, SP: Universidade de São Paulo, ago. 2015. LANDIM, Hiarlley Gonçalves Cruz. SISFRON: Ferramenta de Ampliação da Diplomacia Militar Brasileira e Fortalecimento do CDS. APRESENTAÇÃO NA ENAB 2013. Revista Política Hoje. 1 ed., v. 24, p. 135 – 147, Belém, PA. 2013. LOURENÇÃO, Humberto José. A Defesa Nacional e a Amazônia: o Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM). 2003. 233 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003. MALARD, Neide Terezinha. O Desenvolvimento Nacional: Objetivo do Estado Nacional. Prismas: Direito, Políticas Públicas e Mundialização, v. 3, n. 2, p. 312–349, jul/dez. 2006. MENDONÇA, Jacy de Souza. O Homem e o Estado. 1. Ed. São Paulo: Editora Rideel, 2010. ORGANIZATION, World Health. World Health Organization 2013 Drug Report. Viena: [s.n.]. Disponível em: <http://www.unodc.org/unodc/en/data-and-analysis/WDR-2013.html>. Acesso em 23 jul. 2019. REVISTA OBSERVATÓRIO DA FRONTEIRA. Ed. 3. Dourados: Universidade Federal da Grande Dourados, 2016. Disponível em: http://www.observatoriodafronteira.wordpress.com. Acesso em 29 jul. 2019. SANTOS, Filipe Souza dos et al. Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON): a Defesa Nacional em Rede. Revista Jus Navigandi, Teresina, PI: ago. 2018. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/68330/sistema-integrado-de-monitoramento-de-fronteiras-sisfron-a-defesa-nacional-em-rede. Acesso em: 09 ago. 2019. ZAPAROLLI, Domingos. Vigilância na Fronteira. Revista Pesquisa FAPESP, v. 23, n. 282, p. 1–21, ago. 2019.