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A GINÁSTICA NA ESCOLA INTRODUÇÃO A proposta desse tema centra na perspectiva de mudanças dos paradigmas metodológicos sistematizados para as aulas de ginástica no âmbito escolar, na qual possa permitir a experimentação de novas possibilidades corporais, promovendo a autonomia motora. Assim, este estudo de caráter descritivo, demonstra a possibilidade de trabalhar o conteúdo ginástica escolar, a partir da pedagogia histórico-crítica, além de apresentar alternativas para a confecção de material didático pedagógico. Essa proposta de uma prática diferenciada poderá fazer com que o aluno desenvolva a sua experiência educacional consciente, para uma ação crítica e significativa no ambiente escolar, dentro de um processo envolvendo as matérias de matemática, arte e ciências com o conteúdo do meio ambiente. Pretende-se então que essa prática não seja tratada apenas na dimensão técnico-instrumental e que contribua positivamente para a formação do aluno. A opção por estabelecer uma metodologia para o trato com a ginástica na escola deu-se a partir da necessidade de buscar caminhos e materiais para que a mesma possa estar se desenvolvendo como um saber da educação física escolar, vinculada às teorias e práticas da promoção da atividade física.

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Page 1: A GINÁSTICA NA ESCOLA INTRODUÇÃO · Em 15 de julho de 1852 na França, Amoros fundou o Instituto de Ginástica do Exército na Escola de Joinville-le-Pont, que contou com a contribuição

A GINÁSTICA NA ESCOLA

INTRODUÇÃO

A proposta desse tema centra na perspectiva de mudanças dos

paradigmas metodológicos sistematizados para as aulas de ginástica no âmbito

escolar, na qual possa permitir a experimentação de novas possibilidades

corporais, promovendo a autonomia motora.

Assim, este estudo de caráter descritivo, demonstra a possibilidade de

trabalhar o conteúdo ginástica escolar, a partir da pedagogia histórico-crítica,

além de apresentar alternativas para a confecção de material didático

pedagógico.

Essa proposta de uma prática diferenciada poderá fazer com que o

aluno desenvolva a sua experiência educacional consciente, para uma ação

crítica e significativa no ambiente escolar, dentro de um processo envolvendo

as matérias de matemática, arte e ciências com o conteúdo do meio ambiente.

Pretende-se então que essa prática não seja tratada apenas na

dimensão técnico-instrumental e que contribua positivamente para a formação

do aluno.

A opção por estabelecer uma metodologia para o trato com a ginástica

na escola deu-se a partir da necessidade de buscar caminhos e materiais para

que a mesma possa estar se desenvolvendo como um saber da educação

física escolar, vinculada às teorias e práticas da promoção da atividade física.

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O CONTEXTO HISTÓRICO DA GINÁSTICA

A prática da atividade física remonta desde os primórdios da civilização.

Inicialmente como um meio de sobrevivência do homem primitivo, em

decorrência do seu modo de viver e da necessidade de ter um corpo forte, uma

estrutura física guerreira, em virtude de sua condição de nômade e guerreiro.

Situação esta que vai ao longo dos tempos modificando o seu status, o meio de

sobrevivência e a atividade física passa para uma prática mais sistematizada.

Esta mudança de foco pode ser contextualizada a partir da Grécia antiga

onde o incentivo ao culto do corpo se fazia presente e isto por intermédio da

pratica da ginástica e da participação em jogos, trazendo em seu contexto uma

estreita relação.

A estrutura organizacional, educacional, e cultural, conduziam para a

necessidade de manter um corpo forte e guerreiro para responder às

necessidades da época.

Cantada em verso e prosa pelos poetas gregos, a prática da ginástica

aliada à educação e a cultura, passa a fazer parte do cotidiano do povo grego.

Outro ponto de destaque a ser considerado neste período da história é o fato

de ser a Grécia o berço de uma das maiores competições poli-esportiva da

humanidade que são os Jogos Olímpicos. Além dos Jogos Olímpicos, o povo

grego participava de outros jogos em homenagem a seus deuses. Entre os

jogos praticados neste período encontramos: os jogos olímpicos, que perduram

até nos dias atuais, os jogos de Nemeus, em homenagem ao deus Zeus, os

jogos Ístmicos dedicados ao deus Poseidon, os jogos Píticos em homenagem

ao deus Apolo.

Com as mudanças estruturais que começaram a se fazer presente a

partir do século VII, desde o distanciamento das guerras até a formação das

cidades-estados, o povo grego continua o culto ao corpo.

Os determinantes sociais, econômicos e culturais modificam-se, mas o

culto ao corpo por intermédio da ginástica e da prática esportiva permanece

presente na cultura grega. O apreço pela prática da ginástica, aliada à cultura e

à atividade esportiva, foi personificado por esta sociedade, a qual pode ser

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representada pela máxima: ―ginástica para o corpo e música para a alma‖

deixadas, nas palavras de Platão (428 a.C. - 347 a.C.).

Nessa mesma época, tanto na republicana como na imperial, em Roma

quebrou-se o conceito integral da educação física, que se limitou a uma

ginástica higiênica e de saúde . A preparação física só fazia parte da instrução

dos soldados a partir dos 14 anos. Cultivava-se o pragmatismo e desejava-se a

beleza, a técnica e o prazer desportivo. Com o domínio romano, a atividade da

ginástica cai em desuso e ocasiona uma verdadeira revolução na prática do

culto ao corpo, principalmente com a ascensão do cristianismo que perdurou

por toda esta era. O culto ao corpo era pecado mortal, atividades braçais eram

reservadas apenas aos servos.

A crise que a educação física atravessou durante o longo período que

vai do século VI ao século XIV, fundamentalmente, estava relacionada ao

espiritualismo imposto pela Igreja, que procurava prioritariamente a saúde (ou

salvação) da alma, condenava o orgulho da vida terrena e menosprezava toda

a atividade físico-desportiva. O fato de o cristianismo associar, em geral, a

barbárie dos espetáculos romanos, à atividade física de caráter lúdico

influenciou de forma negativa a imagem do desporto.

Entretanto, a partir do movimento renascentista, a constatação da

importância das atividades físicas na formação do ser humano com maior

relevância, dá um novo sentido e uma nova filosofia com respeito ao corpo e

aos seus cuidados. O mundo aparece como cenário das ações humanas, e não

como expressão da vontade divina. A natureza também atrai as atenções e se

torna objeto de observações e estudos por parte dos renascentistas.

Goellner nos revela que o advento do Renascimento indica, em todos os

seus aspectos, o prosseguimento da vida econômica, social e cultural que

aconteceu na Itália e depois no resto da Europa.

Foi um movimento cultural, urbano que se caracterizou não só pela

mudança na qualidade da obra intelectual, mas também pelo aumento da

quantidade da produção cultural, proporcionando mudanças no sistema de vida

do homem. A partir dessas idéias, a forma de se trabalhar a Ginástica nas

escolas, modifica-se.

No tocante à ginástica e às atividades físicas, principalmente a sua

inserção no contexto escolar, os métodos ginásticos alemão, sueco e francês

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que despontaram no século XIX, traduziram-se nas primeiras sistematizações

de exercícios físicos. Foram apresentados com vários objetivos, porém, as

especificidades de cada país foram resguardadas: a regeneração da raça, a

promoção da saúde e a formação do homem forte e corajoso, útil à nação tanto

pelo desempenho nas guerras como pela atuação na esfera da produção

industrial.

Para Gonçalves, a prática da Ginástica, realizada simultaneamente em

vários países da Europa, especialmente na Alemanha, Suécia, Inglaterra e

França, ao longo de todo o século XIX, fez nascer o chamado Movimento

Ginástico Europeu. Esse movimento se constituiu a partir das relações

cotidianas, dos divertimentos e festas populares, dos espetáculos de rua, do

circo, dos exércitos militares, bem como dos passatempos da

aristocracia.(SEED,2006;97)

Para que esse movimento tivesse aceitação e passasse a fazer parte

da educação dos indivíduos, além de possuir o princípio de ordem e disciplina

coletiva, deveria romper completamente com seu núcleo primordial que era o

divertimento.

A ginástica passou a se destacar nos círculos intelectuais, quando se

tornou científica e despertou o interesse da burguesia. Essa classe social

utilizaria à ginástica como um instrumento disciplinador de posturas, ações e

gestos, que contribuiria para que os indivíduos adquirissem noções de

economia de tempo, de gasto de energia e de cultivo à saúde. Como nesse

período as indústrias ganhavam força, era preciso que fosse apresentada ao

trabalhador uma atividade de caráter ordenativo, disciplinador e metódico – a

ginástica.

Dessa forma a ginástica continua tendo suas raízes na força do poder

capitalista influenciado pela burguesia, é que nos reporta Marinho ao abordar

sobre a evolução da ginástica.

A ginástica evoluiu e foi difundida a partir da obra de GUTS MUTHS (1712 – 1838) e outros humanistas como Jean Jaques Rosseau (1712– 1778) influenciou no terreno da expressão prática JOHANN BERNHARD BASEDOW (1723-1790) o qual foi influenciado pelas idéias educacionais de Rosseau, que dava grande importância à saúde e à educação física, o qual em 1774 fundou uma escola e foi o primeiro a definir no programa educativo da escola primária, o exercício físico, onde a ginástica e as disciplinas intelectuais tinham o mesmo peso. (1986 : 39).

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Na Alemanha, estas idéias repercutiram, inspirando Friedrich Ludwig

Jahn (1778 -1852) de tal forma que as relações entre a Educação Física e o

nacionalismo levavam a ginástica a um alto grau de significação social e

patriótica, considerando-a como meio educativo que era fundamental para a

nação. Exigia-se que o Estado assumisse a organização e a divulgação dessa

prática.

Na Dinamarca, Franz Nachtegall (1777-1847) liderou o movimento que

levou à consolidação da Educação Física dinamarquesa; abrindo um ginásio

particular, onde passou a dar aulas seguindo a linha de Basedow, o primeiro

estudioso a definir no programa educativo da escola primária, o exercício físico,

distinguindo-se das escolas especiais no meio militar. Em 1804 foi criado o

Instituto Militar de Ginástica em Copenhague, e Natchegall tornou-se seu

primeiro diretor (SANTOS, 1983).

Sob a liderança de Nachtegall, a Dinamarca tornou-se o primeiro país

europeu a introduzir a Educação Física como uma disciplina escolar e em 1828

através de uma nova legislação, tornou obrigatória a introdução da ginástica

em todas as escolas elementares da Dinamarca.

Surgem então as primeiras sistematizações sobre os exercícios físicos

denominados de métodos ginásticos, tendo como precursor Per Henrik Ling

(1776-1839) o qual promoveu uma ginástica que visava tornar seus

compatriotas capazes de defender a terra natal, embora não tenha restringido

suas propostas a objetivos somente militares. Para desenvolver esta prática,

dividiu-se a ginástica em quatro direções: militar, médica, pedagógica e

estética, dedicando-se mais à médica e a militar, com o propósito nacionalista

de elevar a condição física dos soldados com o que enfatizava o vigor na ação

e na capacidade de suportar esforços.

Na Suécia, berço de Ling, o período antes da 1° Guerra Mundial (1914-

1918) fez com que a prática da Educação Física contribuísse no que se refere

à técnica de construção e execução dos exercícios em si, empregando

esforços no esclarecimento do aspecto teórico da ginástica.

A importância dos exercícios físicos cresceu bastante e o sistema de

ginástica criado por Ling difundiu-se para muitos países dentro e fora da

Europa, principalmente por atuar sobre os vícios posturais, por meios de

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exercícios físicos onde era reconhecido o valor preventivo e morfológico deles,

bem como a concepção da sua totalidade.

Esta escola desenvolveu um método próprio de Educação Física que

exerceu importante influência na França, estendendo-se ao Brasil, já no início

do século XX.

OLIVEIRA nos reporta que:

[...] as primeiras décadas do século XX marcaram uma reação de movimentos estereotipados e analíticos, preponderantes até a 1ª Guerra Mundial. Estes exercícios, com finalidades essencialmente terapêuticas e com características quase sempre militares, definiram um perfil eminentemente anatômico e fisiológico para os sistemas de ginástica. A reação provocada evidenciou uma preocupação maior com o homem integral, preterindo-se os métodos que enfatizam o seu componente somático. (1986 :47).

Na França, a ginástica introduzida por Francisco Amoros (1770-1848);

fez dele um dos ícones da Educação Física mundial, seu trabalho estava

imbuído da tradição militar, onde elaborou o primeiro programa ginástico

francês, sendo um dos primeiros ginastas a empregar aros, escadas de cordas,

máquina para testar força e o trapézio.

Em 15 de julho de 1852 na França, Amoros fundou o Instituto de

Ginástica do Exército na Escola de Joinville-le-Pont, que contou com a

contribuição de Démeny para o desenvolvimento dos seus trabalhos. No ano

seguinte, o treinamento físico se torna obrigatório nas escolas francesas no

currículo secundário e somente treze anos depois, em 1869 é que se tornam

obrigatórios no currículo primário, causando polêmica entre os religiosos, pois

os mesmos abominavam o culto ao corpo.

Porém, recebeu diversas críticas, visto que o seu projeto era

estruturado mais por idéias militaristas, do que por idéias educacionais. Seus

instrutores eram oficiais militares sem conhecimentos pedagógicos e científicos

da prática que exerciam.

Entretanto, a continuidade da prática da ginástica, repercutiu em todos

os países, e todos a entendiam como uma necessidade física que foi moldando

seu estilo de ensino e objetivos. Com isto é possível entender que a Educação

Física tornou-se um elo definitivo no desenvolvimento do ser humano.

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A GINÁSTICA ESCOLAR NO BRASIL

A inserção da ginástica no contexto escolar, remonta desde os

primórdios da educação no Brasil, entretanto a sua consolidação se dá em

1822 por intermédio de Rui Barbosa que emitiu seu parecer sobre o Projeto

224 — Reforma Leôncio de Carvalho, Decreto n. 7.247, de 19 de abril de 1879,

da Instrução Pública. Neste seu parecer, defende a inclusão da ginástica nas

escolas e a equiparação dos professores de ginástica aos das outras

disciplinas. Nesse documento, destacou e explicitou sua idéia sobre a

importância de se ter um corpo saudável para sustentar a atividade intelectual

(BRASIL, 1997, p. 19).

Em 1920 passa a ganhar espaço na escola o Método Francês de

Joinvile Le Pont, o qual em ―vários estados da federação começam a realizar

suas reformas educacionais e incluem a Educação Física, com o nome mais

freqüente de Ginástica‖ (DARIDO e SANCHEZ NETO, 2005, p. 2)

Com a reforma, ―houve recomendação para que a Ginástica fosse

obrigatória, para ambos os sexos, e que fosse oferecida para as Escolas

Normais‖ (DARIDO e SANCHEZ NETO, 2005, p. 2)

A Educação Física no Brasil teve grande influência da Ginástica

Calistênica criada em 1829 na França por Phoktion Heinrich Clias (1782-1854),

a qual apresenta uma divisão de oito grupos de exercícios localizados,

associando música ao ritmo dos exercícios, que são feitos à mão livre,

utilizando pequenos acessórios para fins corretivos, fisiológicos e pedagógicos.

O Método Francês passa a ser obrigatório nas escolas brasileiras até

por volta de 1960, quando o esporte começa a ser inserido em âmbito escolar,

reforçado pelas vitórias da Seleção Brasileira de Futebol em Copas do Mundo

(DARIDO e SANCHEZ NETO, 2005).

A nomenclatura mais utilizada agora é a de Educação Física e a

ginástica aos poucos vai deixando de ser ‗a‘ Educação Física para se tornar um

conteúdo ‗da‘ Educação Física. A partir da década de 70, a ginástica vai

perdendo seu lugar de conteúdo principal para o esporte. Surge o método

preconizado na escola, o Método da Educação Física Desportiva Generalizada.

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Medina ao abordar sobre a educação física no contexto escolar

destaca que:

o período mais marcante da Educação Física foi aquele que se vinculou o regime militar dos anos 70, a qual estava atrelada a prática do ‗1,2,3,4‘ mecânico, domesticador e autoritário, nesse contexto a Educação Física tinha como princípio a performance, construída pela técnica (1983 : 71).

A partir de então, a Educação Física, atrelada a valores morais,

médicos e militares, tornou-se obrigatória e até hoje conserva essa tendência.

É necessário observar que essas tendências estão presentes ou relacionadas

nas diretrizes curriculares. A obrigatoriedade da sua prática, através de

decretos e outros dispositivos legais serviu por muito tempo para justificá-la

dentro da escola sem levar em conta sua legitimidade.

Carmo destaca esta ingerência ao assim se manifestar ―[...] a escola

não consegue libertar-se das garras dos ideais tradicionalistas e continua sua

ação pedagógica rígida, cunhada em valores militares de organização e

disciplina‖ (1985: 21).

Com o advento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(9394/96), o Art. 26 - parágrafo 3º‖, determina: ―A Educação Física passa a ser

integrada à proposta pedagógica da escola, como componente curricular da

educação básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população

escolar [...]‖.

Para melhor visualizar a inserção da educação física/ginástica no

contexto escolar, utilizamos um cenário do tempo contextualizado por Vieira e

publicado pela revista Nova Escola, a qual é retratada durante vários períodos:

1882: Rui Barbosa solicita a inclusão da ginástica nas escolas e a

equiparação de seus professores aos das outras disciplinas. Acredita

que é necessário ter um corpo saudável para ativar o intelecto.

1900: os discursos pedagógicos são vinculados a questões médico-

higienistas. Nas aulas de educação física, que não eram vistas como

parte do trabalho da escola, o foco era dado a conteúdos de anatomia e

fisiologia.

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1930: os militares são os orientadores da Educação Física nas escolas:

ensinam ginástica com a intenção de formar homens fortes,

disciplinados, com boa aparência física e resistentes a doenças.

1937: a Constituição Federal considera a Educação Física uma prática

educativa obrigatória para o ginásio (atualmente o período entre o 6º e o

9º ano), mas não como uma disciplina.

1945: Atividades esportivas passam a ser mais importantes que a

ginástica no currículo escolar. Performance, resistência, desempenho e

velocidades são habilidades desenvolvidas.

1961: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional torna

obrigatória a Educação Física no primário e no colegial.

1970: o vínculo entre esporte e nacionalismo se estreita. Os políticos

aproveitam à boa campanha da Seleção Brasileira de futebol na Copa

do Mundo para ressaltar o civismo.

1971: a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional torna

obrigatória a Educação Física para o 1º e o 2º grau.

1980: surgem novas idéias sobre o papel da Educação Física. O esporte

e a ginástica, identificados como ―alienados‖, perdem força. O que

importa, a partir desse momento, é aliar a disciplina às idéias de

democracia e direitos humanos.

1996: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional determina que

a disciplina de Educação Física faça parte da proposta político-

pedagógica da escola.

2008: várias perspectivas curriculares convivem simultaneamente nas

escolas: a desenvolvimentalista, a psicomotora e a cultural são as que

atualmente tem maior alcance. (Nova Escola,set 2008:80)

Medina ao analisar a importância da prática da atividade física ao longo dos

tempos, destaca que hoje a Educação Física é mais do que o moldar a

estrutura física do aluno, ela deve contribuir para a atividade intelectual e para

a formação integral, ele afirma que essas atividades devem ser vistas como

valor artístico e científico:

[....] arte e a ciência do movimento humano que, através de atividades físicas específicas,auxiliam no desenvolvimento integral dos seres humanos, removendo-os no sentido de sua auto-realização

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e em conformidade com a própria realização de uma sociedade mais justa e livre (1983 : 81).

Ao analisar esta forma de pensar de Medina é possível entender que a

educação física precisa buscar sua identidade como área de estudo, tendo

como parâmetros a compreensão e entendimento do ser humano.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais apontam além dos jogos, os

esportes, as danças, as lutas e as ginásticas em que as mesmas são técnicas

de trabalho corporal que, de modo geral, assumem um caráter individualizado

com finalidades diversas.

Nesse sentido, o governo do Estado do Paraná na perspectiva de

reestruturar os enunciados dos parâmetros curriculares, até então vigentes,

propõe a incrementação de uma nova proposta curricular para as Diretrizes

Curriculares da Educação Física no Paraná, a qual ocorreu no ano de 2003.

As mudanças, instaladas a partir desta data, estabeleceram-se como

linha de ação, o ensino da Educação Física Escolar, em quatro eixos

temáticos, assim determinados: o corpo que brinca e aprende; manifestações

lúdicas, o desenvolvimento corporal e construção da saúde, a relação do corpo

com o mundo do trabalho. Esses eixos que permeiam a educação básica para

o ensino da Educação Física escolar manifestam o corpo em todas as

dimensões e que pode trabalhar esses conteúdos de uma forma total, a fim de

que os alunos reconheçam as diferentes possibilidades de conhecerem o

próprio corpo.

Na ação de construção contemplada nas diretrizes curriculares, o corpo

é entendido em sua totalidade, ou seja, o ser humano é o seu corpo, que sente,

pensa e age.a fim de comparar não somente como ideário de beleza, mas

também em toda a sua essência Tal discussão tem também como finalidade

comparar o modo como as manifestações corporais têm sido efetivamente

desenvolvidas no interior da escola através das aulas de Educação Física.

Ao analisar os determinantes do eixo referente ao desenvolvimento

corporal e construção da saúde considerando como um dos eixos norteadores,

deve-se ter em mente que as práticas corporais contribuem de maneira

significativa para que o sujeito possa refletir as suas ações para promoção da

saúde que é um bem estar a ser adquirido. Por fim propõe questões que

demonstram uma melhor compreensão das práticas corporais na escola como

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a ginástica, a qual possibilita diferentes formas para realizar essas atividades,

visando possibilitar a construção da autonomia. Isso significa múltiplas

possibilidades de intervenção sobre o cotidiano escolar de forma que os alunos

se movimentem, descubram e reconheçam as possibilidades e limites do

próprio corpo.

Trata-se de um processo pedagógico que propicia a interação, o

conhecimento e a partilha de experiências, que implique diversas

possibilidades de significação e representação do movimento.

Cintra enfatiza a importância dos exercícios de ginástica em que

destaca:

A ginástica é um guia sistemático de formação constituída por um

conjunto de exercícios elaborados sobre as possibilidades de movimentação do homem, visando a melhor formação morfológica e funcional, destreza, coordenação musculares mais delicadas,domínio total do corpo (1988:459).

Portanto, através da ginástica os alunos serão envolvidos numa ação

complexa do corpo e deve-se considerar a participação de todos. A criação

espontânea de movimentos e coreografias, bem como a utilização de espaços

para suas práticas, que podem ocorrer em locais livres como pátios, campos,

bosques, por meio de materiais improvisados e/ou de acordo com a realidade

própria de cada escola deve-se fazer presente.

Observa-se que a ginástica, ao longo dos seus anos no contexto

escolar tem como objetivo contribuir para um bom desempenho dos alunos,

trabalhando seu corpo e beneficiando vários grupos musculares. Bem como,

buscar o aprimoramento das funções orgânicas, as quais resultam na melhoria

da saúde, bem estar e consequentemente da qualidade de vida.

A prática da ginástica sem conhecimento, sem programação por parte

de quem a pratica, impulsionados apenas pelo modismo, sem respeitar a

individualidade e a capacidade de cada um em saber realizar, pode causar

problemas em quase todos os órgãos do corpo humano.

A ginástica supostamente todos sabem fazer, principalmente exercícios

que a mídia veicula, influenciando as pessoas para sua prática, como também,

em revistas e jornais, onde aparecem incentivos e reportagens sobre a prática

de vários exercícios. É importante ressaltar que a ginástica não pode ser

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praticada por qualquer pessoa, de qualquer maneira, isto pode trazer tanto

benefícios ao indivíduo, como também prejudicá-lo, dependendo da maneira

como é praticada e vivenciada.

A ginástica, assim como os outros conteúdos da Educação Física

Escolar, sempre estarão em processo de mudanças que buscam a inovação e

objetivam influenciar práticas educacionais, como nos afirma OLIVEIRA : ―[…]

atividade física contínua, permanente, pautada numa rede integrada de

oportunidades educacionais diversificadas, colocando ao alcance de todos os

indivíduos possibilidades iguais, em todos os estágios de suas vidas.‖ (1985 :

136).

Entretanto surge sempre um questionamento que inquieta os

profissionais da educação física que atuam nas escolas. Como posso mudar

os sistemas, métodos ou as minhas aulas de ginástica para que elas se tornem

agradáveis e atrativas para o meu aluno?

A partir da prática da ginástica, com formas metodológicas diferentes

de se trabalhar, de maneira clara e sistematizada, pode-se propiciar aos

alunos momentos de consciência de sua potencialidade, como veremos a

seguir.

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VIVÉNCIA ESCOLAR

Através da vivência por longos anos como professora de educação

física, na escola pública foi possível observar que a ginástica tem influenciado

o processo educativo como prática corporal, a qual permite ao aluno dar um

sentido próprio e um espaço amplo de liberdade para vivenciar as suas

próprias ações corporais. Entretanto, oportunizar-lhes a confecção do material

utilizado nas aulas a fim de inovar essa prática, pode ser um dos meios

adequados na busca desta integração – escola/aluno/aulas de ginástica.

A esse respeito Ayoub (2003) afirma que a utilização de materiais

diversificados promove a descoberta de novas possibilidades de ação

favorecendo a inventividade, enriquecendo os contextos educativos, rompendo

com a padronização existente.

Ayoub realça a utilização e a diversificação de materiais tais como

"jornais, bexigas, tábuas, revistas, garrafas de plástico, pedaços de isopor,

entre tantos outros, podem tornar-se um rico material pedagógico para o

desenvolvimento das aulas de ginástica geral na escola (2003, p. 89-90)‖,

podem proporcionar um incremento nas aulas de educação física.

Diante disso, através deste caderno temático pretende-se mostrar a

importância e a forma de utilização e confecção desses materiais que se

podem dar a partir dos saberes vivenciados na cultura popular e artística, dos

alunos envolvidos. Esta ação também proporcionará uma contribuição para

uma melhor qualidade de vida dos alunos, assim como para uma escola

pública mais democratizada

Dentre as múltiplas funções que ocupa a ginástica no contexto da

Educação Física Escolar, podemos citar e assegurar a ação formativa dos

alunos, sendo que desenvolvidas pedagogicamente de forma adequada, o

professor poderá orientá-los de foram prazerosa para a prática de exercícios,

assim como desenvolver neles a persistência, a segurança e a confiança em si

mesmos, aumentando entre outras a flexibilidade, a coordenação, a destreza e

a força, proporcionando-lhes uma contribuição na melhoria da qualidade de

vida.

A partir dessa perspectiva, vale ressaltar que a escola deve levar em

conta essa adversidade de experiências culturais, pois cada aluno, um corpo,

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cada corpo uma história, uma expectativa, lembrando que o conhecimento é

um legado da humanidade e não apenas de um grupo de indivíduos ou classes

especificas.

Para Vago (1999 p.17) a escola pode ser considerada como um ―lugar

de organização e produção de uma cultura específica e de professores, de

alunos de comunidade envolvida como sujeitos praticantes e produtores dessa

cultura‖.

Por ocasião da confecção do material acontece a interdisciplinaridade

entre as áreas da matemática, artes e ciências. A interação dessas, com

certeza aglutinará a interação e criatividade, bem como nos cálculos

matemáticos em que resultam na exatidão dos equipamentos pré-definidos e

elaborados, e também sobre as questões da reutilização de materiais

recicláveis, hoje muito presentes nas questões ambientais.

Soares ao abordar sobre a utilização de material para as aulas de

ginástica demonstra que ―[...] a apropriação do conhecimento da Educação

física supõe a adequação de instrumentos teóricos e práticos, sendo que

algumas habilidades corporais exigem, ainda, materiais específicos (1992 :

64).‖

Sendo assim, a escola deve articular o particular e o universal, o novo

e o velho, o tradicional e o inovador, dando um novo sentido às praticas e

experiências de todos os envolvidos no processo de formação cultural de forma

ampla e significativa. O corpo não deve ser considerado somente na sua

dimensão biológica, mas a partir de seus determinantes sócio, cultural,

econômico e assim colaborar para a construção da nossa identidade corporal.

Este passo consiste em tornar conhecido pelo aluno o conteúdo ou

tema a ser estudado/trabalhado pelo professor, ou seja, estabelecer um

contato inicial. Em seguida mantém-se um diálogo com os alunos sobre o tema

a ser estudado, verificando e mostrando o quanto eles já conhecem sobre o

assunto, podendo também evidenciar junto aos educandos que este tema

abordado em sala de aula, já está presente na prática social, ou seja, em sua

vida cotidiana.

Segundo os pressupostos desta metodologia, os saberes e

conhecimentos escolares, devem surgir de acordo com as necessidades

encontradas na prática social dos educandos, para que futuramente, por meio

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do estudo dos conceitos científicos e saberes sistematizados possam

compreender, de maneira mais ampla a sociedade na qual estão inseridos, a

fim de assumirem uma posição crítica e reflexiva em relação aos saberes

escolares e no sentido de aplicá-los em sua prática cotidiana, levando-os a

transformar a realidade social em que vivem.

Assim para a confecção e utilização dos materiais podemos

desenvolver a aula em quatro momentos. 1) confecção do material com a ajuda

do professor; 2) manipulação do material (vivência cotidiana dos alunos); 3)

problematização/instrumentalização; 4) construção e apresentação de uma

coreografia com a utilização do material (catarse/prática social final).

Um dos pontos altos do trabalho é a criação de um instrumento

pedagógico na confecção de caixas de step a fim de motivar ainda mais essa

prática. As caixas de step foram confeccionadas com caixinhas de madeira,

material de sucata, o modelo foi trazido para os alunos e assim eles tiveram

oportunidade de trabalhar em grupos, confeccionando seu próprio material.

Para a construção dos steps, utilizou-se como referencial teórico as

informações divulgadas numa pesquisa da Revista Boa Forma (1989 : 10), em

que pesquisadores da Universidade de Boston, preocupados com a altura do

step, desaconselhavam plataformas muito elevadas devido ao forte impacto

sobre as articulações. Estabeleceram então uma fórmula simples de calcular a

melhor altura do step: para mensurar o comprimento da perna (do chão ao

quadril) e divida por quatro. Por exemplo: se a medida foi 100 cm, deveria usar

um step de 25 cm.

Figura 01 – Fórmula para a construção do step.

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Através desse conhecimento, os alunos foram informados sobre a altura

correta para a confecção do step, de modo que não tivessem implicações

prejudiciais na prática dos exercícios com esse material, assim como a maneira

correta de subir e descer do step, bem como os movimentos executados e a

freqüência cardíaca individual que deveria ser controlada de acordo com o

ritmo de cada praticante.

Dessa forma, os alunos, participantes do projeto, tiveram acesso a um

material específico que, até então, era utilizado somente em academias para a

prática da ginástica, vivenciada em parte, pela classe social de melhor poder

aquisitivo, dessa forma valorizou-se a prática da ginástica na escola

democratizando-a.

Na seqüência os alunos foram induzidos a melhorar o material. A

proposta foi a de colocar borracha em baixo na borda do step, a fim de que o

aluno não escorregasse no momento de subir e descer do mesmo na execução

dos exercícios.

Fotos 01 – Utilização do material confeccionado

Outros materiais também confeccionados para as aulas foram os

abdutores e extensores de braço e perna, os quais foram feitos com garrotes

adquiridos nas farmácias. Esse material foi elaborado tendo como referência

em modelos previamente estudados e mostrados aos alunos. Os abdutores e

extensores de perna e braço foram elaborados com garrote, as quais eram de

um tamanho de aproximadamente 1 m para o extensor da perna, no qual era

colocado empunhadura com um pedaço de mangueira e amarrado com

elástico. Os abdutores de braço, em tamanho menor de aproximadamente 30

cm e também com empunhadura de mangueira.

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Fotos 02 – Utilização de abdutor e extensor

A proposta metodológica abordada contribuiu no sentido de levar os

alunos a aprender sobre um conhecimento que foi historicamente produzido e

sistematizado, os quais puderam vivenciar de uma forma prazerosa e de

acordo com suas necessidades e principalmente, com base no que já

conheciam sobre o mesmo. Com isso, puderam estar em contato com um

conhecimento até então nunca explorado nas aulas de educação física,

puderam ampliar seus conhecimentos e identificarem como este pode estar

presente em seu dia-a-dia.

Ainda no que diz respeito à metodologia, percebemos que é interessante

trabalhar com um método que leve o aluno a pensar sobre suas ações e

conseqüentemente refletir sobre a implicação dos mesmos para a sua vida.

No entanto, algumas dificuldades foram encontradas no sentido de criar

um ambiente de discussões, talvez porque essa não seja uma prática rotineira

durante as aulas de educação física. Encontramos também, algumas

dificuldades em visualizar a abordagem de alguns conhecimentos propostos

para as aulas baseados efetivamente na pedagogia histórico-crítica.

Durante as aulas de Educação Física, os alunos envolvem todo o corpo

em que possam movimentar-se de maneira livre e saudável. Não apenas a

educação do ou pelo movimento; ―[…] é a educação do corpo inteiro,

entendendo-se, por isso, um corpo que estabelece relações no espaço com

outros corpos e objetos, em situações as mais diversas‖. (FREIRE, 1991 : 84).

Dessa forma, é possível desenvolver o conteúdo da ginástica a fim de

possibilitar ao aluno atividades que o preparam para o desempenho de tarefas

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no seu dia-a-dia, que ele tenha o mínimo de condição física para realizá-las,

assim como outros tipos de atividades como as recreativas e esportivas. O

aluno poderá adquirir hábitos para sua vida de forma saudável,

proporcionando–lhe também o conhecimento sobre o próprio corpo; podendo

desenvolver a consciência de suas limitações e possibilidades de movimentos.

O desenvolvimento da ginástica nas aulas de Educação Física poderá

permitir ao aluno oportunidade de vivenciar suas próprias ações corporais,

criando espaço para que participe criticamente das atividades ginásticas no

sentido de compreensão com a realidade, buscando tornar o educando sujeito

do entendimento e, ao mesmo tempo, participante dos movimentos que o

envolvem, no conjunto das relações sociais e históricas que acontecem no seio

da coletividade.

Dessa forma, faz-se necessário que os alunos adquiram o hábito

saudável de praticar atividade física, entre elas, a ginástica, pois os benefícios

proporcionados aos indivíduos são inúmeros; poderão ter um melhor

desempenho nas suas futuras atividades profissionais, evitando o

desenvolvimento de algumas doenças degenerativas, podendo obter uma

expectativa de vida mais longa, usufruindo uma melhor qualidade de vida em

relação àqueles que nunca fizeram atividades físicas de forma sistemática e

regular.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo tem a pretensão de contribuir com outras

investigações voltadas para o trato com as manifestações gímnicas na

educação física escolar, possibilitando novas reflexões acerca desta

problemática. Procuramos demonstrar que, apesar da complexidade de

movimentos desta manifestação, em seu formato desportivizado, é possível

trazê-la para as aulas, desde que de maneira estruturada e sempre amparada

por referenciais teóricos. Esse é um dos caminhos para o profissional poder

entender a diversidade cultural da ginástica, em especial da ginástica geral,

bem como a grandiosidade de seu trato na escola. Portanto, entendemos a

urgência de pesquisas que foquem o trato pedagógico com a ginástica como

saber instituído na educação física escolar.

Sendo assim, com base no exposto até então, lançamos a seguinte

questão norteadora deste estudo: Qual seria a viabilidade do desenvolvimento

da ginástica geral, como conhecimento nas aulas curriculares de educação

física, no ensino fundamental, a partir da construção de materiais alternativos?

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