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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA A GESTÃO INSTITUCIONAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A CRECHE COMO OBJETO DE ESTUDO. Por: Cristiane Souza Oliveira Orientadora Professora Mary Sue Pereira Niterói - RJ 2012

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Page 1: A GESTÃO INSTITUCIONAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A CRECHE COMO ... · 6 RESUMO Na atualidade o gestor institucional tem se apresentado como profissional fundamental para estar inserido

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA

A GESTÃO INSTITUCIONAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

A CRECHE COMO OBJETO DE ESTUDO.

Por: Cristiane Souza Oliveira

Orientadora

Professora Mary Sue Pereira

Niterói - RJ

2012

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA

A GESTÃO INSTITUCIONAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

A CRECHE COMO OBJETO DE ESTUDO.

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada

como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Administração e Supervisão Escolar.

Por: Cristiane Souza Oliveira

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AGRADECIMENTOS

À minha mãe, Ligia, que sempre apóia minhas decisões e me dá suporte para a realização dos meus sonhos.

Ao meu pai, Iran (in memorian), pelo carinho e educação recebida,

que levarei para toda a vida.

Aos meus irmãos, Viviane e Anderson, pelo carinho e apoio.

Aos mestres, pelo incentivo, orientação e talentosas aulas.

As colegas de turma, Eliane, Martha e Cleres, pelo carinho, incentivo e momentos de bom humor.

E a Deus, pelas forças e vitórias concedidas.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu esposo Roberto, pelo amor, carinho,

apoio e compreensão para que este trabalho pudesse ser realizado.

E também às minhas filhas gêmeas, Isadora e Yasmin, que ainda me

acompanharam, dentro da barriga, a algumas aulas.

Amores da minha vida, presentes de Deus para me fazer feliz!!!

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“Eduque a criança no caminho em que deve andar

e até o fim da vida ela não se desviará dele.”

(Provérbios 22:6)

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RESUMO

Na atualidade o gestor institucional tem se apresentado como

profissional fundamental para estar inserido no interior das creches. Diversos

avanços foram conquistados no campo educacional e a Lei de Diretrizes e

Bases, de 1996, apontou mudanças históricas alcançadas no Brasil.

Entretanto, no que tange a educação infantil ainda é necessário traçar novos

panos para almejar melhorias teóricas e práticas neste segmento.

As diversas transformações sociais que influenciaram e ainda hoje

influenciam a educação precisam ser percebidas e trabalhadas pelos

supervisores, uma vez que a sociedade se molda de acordo com as mudanças

por esta vivida.

Pensar a educação infantil, dentro do plano socioeducacional não é

algo simplório, tendo em vista que ultrapassa os muros da escola, pois a

família faz parte desta construção, onde apresenta como parte integrante do

planejamento de atividades desenvolvidas e ofertadas pelas creches.

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METODOLOGIA

O trabalho monográfico foi elaborado a partir de pesquisas bibliográficas.

Logo, este trabalho se traduz enquanto pesquisa bibliográfica qualitativa.

Tendo como base livros e artigos que versam sobre a temática da educação

infantil.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I

GESTÃO INSTITUCIONAL NO CAMPO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 11

CAPÍTULO II

O GESTOR NA INSTITUIÇÃO DE ENSINO INFANTIL 20

CAPÍTULO III

A INSERÇÃODO GESTOR NA CRECHE:

AVANÇOS E CONQUISTAS NESTE ESPAÇO 28

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA 40

ÍNDICE 43

FOLHA DE AVALIAÇÃO 44

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INTRODUÇÃO

A educação infantil vem ao longo dos últimos anos ganhando

destaque, principalmente no que tange o campo da legislação. Desta forma,

estudar o papel do gestor institucional nos dias de hoje, se apresenta como

fator fundamental ao refletirmos sobre o envolvimento deste profissional nos

desdobramentos ligados a gestão escolar e, por conseguinte, a formação e

atuação do gestor educacional hoje, destacando que estes ainda enfrentam

grandes desafios para a realização de um trabalho pautado na qualidade.

Logo, este trabalho foi dividido em três capítulos, onde se buscou

compreender de forma resumida a historia da gestão institucional no campo da

educação chegando até a atualidade, podendo-se perceber que ainda é um

momento de grande movimentação e lutas para que seja possível tornar real

tantos ideais traçados em forma de leis.

Assim, o primeiro capítulo versa sobre o processo histórico, trazendo

os avanços, conquistas e formação dos mesmos na atualidade. Dentro deste

mesmo universo, surge a necessidade de pensar a educação infantil como

realidade no mundo moderno. Discute-se então o que o Brasil apresenta

quanto legislação confrontando com o que o cotidiano trás como emergência

neste contexto.

Passando para o segundo capítulo, é feito um recorte no que tange

ao gestor institucional, uma vez que este estará inserido na instituição de

ensino infantil. Entretanto, para a construção deste capítulo, o olhar estará

voltado para o gestor na rede particular de ensino.

Já no terceiro e último capítulo, será dado destaque para a inserção

do gestor no interior da creche, assim como a relação da família com este novo

contexto que a criança estará inserida.

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Iniciar este estudo traduz a vontade de pesquisar e compreender a

importância do gestor na creche, um espaço que tem se apresentado como de

grande valor para a profissão, uma vez que diversas são as possibilidades de

atuação para estes profissionais. Onde se pode citar neste primeiro momento

dentro deste contexto, a atuação do gestor na creche que tem a possibilidade

de desenvolver um trabalho voltado para as famílias e escola, em que o

profissional em questão amplia a creche, trazendo para o cotidiano,

personagens de importantíssimo valor, os responsáveis, para interagir na

construção deste espaço de educação e formação.

Enfim, o gestor institucional inserido na creche, também se depara

com a necessidade do trabalho em equipe, liderança, uso das legislações,

novas formas de aprender. São tantos aspectos que um gestor precisa ter

conhecimento e estar atento para desenvolver seu trabalho de maneira

apropriada.

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CAPÍTULO I

GESTÃO INSTITUCIONAL NO CAMPO DA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Neste capítulo será abordado de forma breve o histórico do que

temos hoje como gestão institucional, fazendo um recorte para o campo da

Educação Infantil. Sendo assim, trazer as leis que atendem esta temática se

apresenta de forma fundamental para o desenvolvimento do trabalho.

1.1 - Breve histórico da gestão institucional na educação

No início da década de 70, com influência dos conceitos de gerência

de Taylor, e com o avanço da ciência e da tecnologia, a administração escolar

passa a mudar seus moldes e se depara com a necessidade da concentração

das funções de organizar, dirigir e administrar uma instituição em um só cargo,

surgindo assim o Administrador Escolar.

Ainda na década de 1970, foram criadas as habilitações de

Orientação, Supervisão e Administração Escolar no curso superior de

pedagogia. Neste período, a profissão de supervisor começava a despontar no

cenário social, abrindo um novo leque de oportunidades de atuação no espaço

institucional.

Entretanto, a superação do que estava posto até aquele momento se

deu em um processo lento, tendo como objetivo ultrapassar a visão de que não

era necessário um supervisor com formação, onde este estaria voltado apenas

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para dar ordens e não colaborar junto a equipe com a elaboração de um plano

pedagógico que desse conta de atender a demanda posta por cada escola.

Como pode ser observado na Lei 5.692/71, capitulo V, artigo 33: “A

formação de administradores, planejadores, orientadores, inspetores,

supervisores e demais especialistas de educação será feita em cursos

superiores de graduação, com duração plena ou curta ou de pós-graduação.”

Como já citado, de acordo com a Lei 5.692/71, demanda que a

formação de qualquer profissional da área de administração escolar seja feita

em cursos superiores de graduação ou pós-graduação. Além disso, segundo a

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, no que diz

respeito à formação de Profissionais da Educação, no artigo 62 diz que:

A formação de docente para atuar na educação far-se-á a nível superior, em cursos de licenciatura, de graduação plena, em universidades e instituições superiores de educação. É admitida como formação mínima para o exercício de magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal.

Essa lei, porém, não trata diretamente da formação de gestores e

coordenadores para as instituições de Educação Infantil. Segundo a Resolução

nº 029/99 do Conselho Estadual de Educação – CEE - capitulo IV, que trata

dos recursos humanos, o artigo 10 nos diz que: “A direção de instituições de

educação infantil será exercida por profissional com graduação plena em

pedagogia ou em Nível de pós-graduação em educação”.

Com a chegada da década de 80, somando as transformações

sofridas pela sociedade, começou-se a pensar em uma maior democratização

na gestão escolar, baseadas no clientelismo e cooperativismo, onde o

clientelismo e cooperativismo são doutrinas políticas que preconizam a

colaboração de pessoas e grupos com o mesmo interesse, a fim de obter

vantagens comuns.

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A quebra do tradicionalismo torna possível o surgimento de uma

nova figura dentro da instituição de ensino: a do gestor. Esse gestor delega

poderes e reorganiza as atividades de modo a melhor compartilhar as funções

da escola. A comunidade também passa a exercer uma maior participação na

tomada de decisões junto com o gestor, os pais agora passam a participar do

processo administrativo e pedagógico, através de sugestões e discussões dos

projetos e decisões.

1.1.1 - O Gestor na atualidade: formação, conquistas e avanços

A educação é um processo tipicamente humano, que possui a

especificidade de formar cidadãos por meio de conteúdos “não-materiais” que

são ideias, teorias e valores, conteúdos estes que vão influir decisivamente na

vida de cada um. É um processo que se realiza de forma intencional e

integradora à organização de comportamento mais conveniente para cada

sujeito em seu entorno, e determinado pela aquisição de conhecimentos, pela

automatização de formas de atuação e pela interiorização de atitudes que lhe

atribuem valor em seu conjunto e em suas peculiaridades. (GENTO, 1996)

O entorno de cada sujeito, hoje, em qualquer parte do mundo,

mesmo que em condições diferenciadas, configura-se em um contexto mundial

que penetra na vida das pessoas, através dos meios de comunicação e da

tecnologia nas suas formas mais evoluídas, causando, ao mesmo tempo,

impactos, perplexidades e motivações fascinantes.

Vivemos um período sem precedentes na história da humanidade –

que tem recebido muitas denominações: sociedade do conhecimento,

sociedade global, “aldeia global”, sociedade mundializada, para citar algumas –

e que expressam as características da atividade, configurando novos conceitos

de tempo e espaço, gerando novas formas de pensar, sentir e agir em todas as

pessoas da chamada “aldeia global”.

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O elemento comum entre os diversos modos de nomear o cenário

atual refere-se ao papel protagônico do conhecimento na organização social e

econômica, o que tende a redefinir a centralidade e a importância da educação

e da sua gestão, assim como da instituição escolar no processo de transmissão

e assimilação do conhecimento científico.

A expressão papel protagônico do conhecimento significa o papel

central que o conhecimento passou a ter nos dias atuais, quando tornou-se

imprescindível para a formação e o exercício da cidadania para todas as

pessoas do planeta.

Sempre que a sociedade defronta-se com mudanças significativas

em suas bases econômicas, sociais e tecnológicas, novas atribuições passam

a ser exigidas da escola, da educação e da sua gestão. Logo, sua função

social também necessita ser revista, seus limites e possibilidades

questionados, pois a escola e as diversas formas de se fazer educação estão

inseridas na chamada “sociedade global”, onde as profundas transformações

no mundo do trabalho e nas relações sociais vêm causando impactos

desestabilizadores à humanidade, e consequentemente exigindo novos

conteúdos de formação, novas formas de organização da Gestão da Educação,

ressignificando o valor da teoria e da prática da administração da educação

(FERREIRA, 2002).

Depreende-se daí que de uma boa ou má administração dependerá

a vida futura de todos que passarem pela escola ou que tiverem acesso às

novas modalidades de ensino e formação. Uma boa ou má gestão da

educação exercerá influência decisiva sobre a possibilidade de acesso às

oportunidades da vida em sociedade, pois a organização do trabalho

pedagógico da escola e sua gestão revelam seu caráter excludente ou

includente.

A gestão escolar, diante dessas questões, defronta-se com a

responsabilidade de avançar na construção de seu estatuto teórico/prático, a

fim de garantir que a educação se faça com melhor qualidade para todos,

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possibilitando desta forma, que a escola cumpra sua função social e seu papel

político institucional.

Parte importante da compreensão do papel do gestor escolar é o

estudo de sua formação. O profissional de gestão, atuante dentro das relações

humanas precisa estar apto para lidar com uma atmosfera complexa e mutável

e ser capaz de identificar e resolver as problemáticas encontradas nesse

ambiente, assim como ter autonomia para a tomada de decisões. Para além, o

gestor inserido nos dias atuais no mercado de trabalho, precisa ser

imensamente propositivo, pois somente desta forma conseguirá acompanhar a

dinâmica social em que estamos inseridos.

Para além, vale destacar que é importante ainda destacarmos a

necessidade do rompimento de práticas profissionais rotineiras, burocráticas e

individuais, considerando que a interdisciplinaridade com outras áreas do saber

na creche será imprescindível ao projeto educativo. (ANDRADE, 2010. p. 25)

Os avanços da tecnologia e da ciência, o uso de novas mídias,

legislações, novas formas de aprender e vários outros aspectos trazem consigo

novas formas de fazer e pensar em educação, e com isso a gestão escolar e a

formação e atuação do gestor enfrentam grandes desafios na atualidade.

Nessa perspectiva o gestor se apresenta como uma forma de romper o

tradicionalismo que durante décadas perpetuou na rotina escolar.

Para alguns estudiosos, a denominação de gestão escolar possui o

mesmo significado de administração, direção. Por outro lado, compreende-se

em atividade de impulsionar uma organização a alcançar seus objetivos,

cumprir sua função e desempenhar seu papel.

Neste contexto, encontramos em Ferreira (2000) uma breve

definição do que pode ser compreendido enquanto gestão. Sendo:

Gestão constitui de princípios e práticas decorrentes que afirmam ou desafirmam os princípios que as geram. Estes princípios, entretanto não são intrínsecos à gestão como a concebia a administração clássica, mas são princípios sociais,

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visto que a gestão da educação se destina à promoção humana (FERREIRA, 2000. p. 197).

Outros desafios encontrados pelo profissional de gestão na

atualidade são: o autoritarismo dos diretores, a falta de estrutura nas

instituições de ensino, a escassez de recursos e incentivos, e uma série de

outros problemas que atrapalham o gestor, fazendo com que este precise

buscar novas saídas a fim de melhor exercer sua atividade profissional.

De acordo com Libâneo (2004), o essencial em um modelo de

gestão é ter transparência nas informações, na comunicação direta, na

descentralização das decisões, na valorização humanística em todas as suas

dimensões, na motivação, na participação de todos na tomada de decisão e

nos resultados obtidos, o envolvimento de cada um nos objetivos a serem

atingidos e no trabalho em equipe.

1.2 – Educação infantil: legislação e realidade

A expressão “Educação Infantil” é relativamente recente na realidade

do nosso país. Até o final dos anos 80, a pré-escola ainda não se constituía em

um direito das crianças brasileiras. É somente no final dessa década, com a

Constituição Federal de 1988 que os direitos das crianças começam a ser

levados em conta. A Constituição de 88, no plano legislativo, responsabiliza

principalmente o município pelo atendimento de crianças em creches e pré-

escolas. Segundo o artigo 205, da CF/88, e complementado pelo artigo 227,

estas mantêm o direito de todos e imputa ao estado, à família e à sociedade o

desenvolvimento da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania.

O segundo e mais importante avanço na luta pelo direito de

educação das crianças é a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDB) nº 9.394/96, que é onde pela primeira vez se faz referência aos

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direitos à educação para crianças de 0 a 6 anos de idade: “O dever do Estado

com a educação será efetivado mediante a garantia de (...) atendimento em

creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade”. (artigo 208,

inciso IV)

A Educação Infantil constitui como primeira etapa da Educação

Básica. A LDB (1996) trouxe em seu art. 29 a seguinte definição:

A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementado a ação da família e da comunidade. (LDB, nº 9.394/96, art. 29.)

Além disso, essa educação deve ser fornecida de acordo com o que

postula o artigo 30 da lei nº 9.394/96, que diz que a Educação Infantil deve ser

oferecida em:

Creches ou entidades equivalentes para crianças de até

quatro anos de idade;

Pré-escola para crianças de cinco a seis anos de idade.

Sendo assim, com sua estrutura garantida pela Lei de Diretrizes e

Bases da Educação, a educação infantil se consolida como alicerce e base

para o desenvolvimento integral da criança, e seus princípios terão reflexos

sobre toda sua vida escolar e social.

É importante ressaltar também que a criação da LDB foi uma

conquista histórica para aqueles movimentos sociais que durante muito tempo

lutaram para garantir os direitos de ensino de crianças de 0 a 6 anos. É o que

aponta o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (Recnei):

(...) ensejou um movimento da sociedade civil e de órgãos governamentais para que o atendimento às crianças de 0 a 6

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anos fosse reconhecido na Constituição Federal de 1988. A partir de então, a Educação Infantil em creches e pré-escolas passou a ser, ao menos do ponto de vista legal um dever do estado e um direito da criança (artigo 208, inciso IV). O Estatuto da criança e do Adolescente destaca também o direito da criança a este atendimento. Reafirmando essas mudanças a Lei de Diretrizes e bases Nacional, Lei nº 9.394 promulgada em dezembro de 1996, estabelece de forma incisiva o vínculo entre o atendimento das crianças de 0 a 6 anos e a educação (RECNEI, 2006, p.11 V.1).

O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RECNEI)

apresentado em 2006 é um documento oficial em que se apresentam princípios

e concepções sobre desenvolvimento e educação infantil, além de definir ainda

o perfil do profissional dessa área, demonstrando através de exemplos,

diversas formas adequadas de organizar, conduzir e avaliar o seu trabalho

junto às crianças e as famílias, o que faz com que seja importante que todos os

educadores conheçam seu teor.

Além disso, o Ministério da Educação e Desporto – MEC – lançou

em 1998, o referencial Curricular para Educação Infantil /98– RCN – o

documento serve de base para a elaboração de projetos pedagógicos e sua

função:

É contribuir com políticas e programas de Educação Infantil, socializando informações, discursos e pesquisas, subsidiando o trabalho Educativo de técnicos, professores e demais profissionais da educação infantil apoiando os sistemas de ensino Estaduais e Municipais. (RNC, 1998, p.13).

Deve-se compreender que as Leis de Diretrizes e Bases da

Educação, além de outros documentos, trazem muitas mudanças, mas que

sozinhas não conseguem mudar a realidade da educação brasileira. É

necessária a atuação em conjunto dos profissionais da área para concretizar

essas transformações e levar atendimento de qualidade às crianças.

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É preciso salientar, a importância do reconhecimento pelo poder

público brasileiro da sua responsabilidade pela educação da criança de 0 a 6

anos.

Atualmente se tem uma abrangência maior a Educação Infantil, pois

a instituição deixa de ser um lugar somente para a “guarda” e cuidados da

criança, e passa a se responsabilizar também pela educação e a formação

moral e humana das crianças.

Todo este debate em torno da construção do direito a educação

infantil, foi marcado por lutas, avanças e fortes embates, onde dispositivos

legais nacionais e internacionais estiveram presentes.

Andrade (2010, p.25) chama a atenção para o fato de que “a

legitimidade educacional das creches implica a transformação de suas práticas

institucionais e das concepções sobre sua função social, tanto por parte dos

usuários de seus serviços como dos profissionais que nelas trabalham.”

Conclui-se, com base em Andrade (2010, p.87) que “o

reconhecimento dos direitos da infância e da criança como sujeito de direitos é

fato recente na história brasileira e em outros países do mundo.”

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CAPÍTULO II

O GESTOR NA INSTITUIÇÃO DE ENSINO INFANTIL

A partir deste capítulo é realizada uma breve discussão sobre a rede

particular de ensino, tendo em vista que o gestor atua de forma decisiva neste

espaço, onde as particularidades neste universo se apresentam de forma a

enriquecer o desenvolvimento profissional destes.

2.1 – A rede particular de ensino: o gestor atuando neste

universo.

De acordo com o Dicionário Interativo da Educação Brasileira, a rede

privada de ensino, também conhecida como:

[...] rede particular de ensino, é um sistema caracterizado por possuir instituições de ensino privadas, mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado, conforme estabelecido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996.

O maior desafio a ser empreendido em relação à gestão diz respeito

à qualificação do gestor, por duas razões. Primeiramente, porque o modelo e o

processo de qualificação dos atuais gestores estão ancorados em parâmetros

que não comportam as novas demandas institucionais e sociais; segundo,

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porque a gestão da educação, atualmente, tornou-se um dos principais fatores

do desenvolvimento institucional, social e humano.

Para que a liderança do gestor escolar seja bem sucedida, é

necessário que o gestor conheça e compreenda os seus próprios valores,

aonde quer chegar e os caminhos que deve percorrer.

A convicção do gestor escolar a respeito de suas metas é

fundamental para que elas se concretizem. Isso vai assegurar que seus

interesses e preocupações se transformem em decisões rápidas e coerentes.

Segundo (Vieira 2002, p.141), para tanto, o gestor precisa

desenvolver o seu potencial de liderança combinado a sua visão com a da

escola onde atua. O desafio consiste em identificar a oportunidade certa,

escolher o momento adequado e fazer a mudança correta.

A idéia de gestão contém a concepção de coordenação e de

participação. A participação compõe um dos componentes imprescindíveis da

gestão, principalmente quando ela é fruto do quadro de valores dos atores da

instituição e da sua atuação responsável. (PAZETO, 2000)

A diversidade de formas de participação e a intensidade com que ela

é exercida correspondem ao grau de identificação e de comprometimento dos

integrantes com a missão e o projeto da instituição. A solidariedade, a

reciprocidade e o compromisso são valores que justificam a participação no

processo de gestão. A formação dos gestores da educação é um processo que

requer qualificação e aperfeiçoamento continuados, cuja eficácia do

desempenho corresponde à missão, propósitos e metas estabelecidos pela

instituição. (PAZETO, 2000)

Assim, “a trajetória histórica dos profissionais da infância revela que

seu papel social nas creches e pré-escola, sempre esteve atrelado ao projeto

institucional dessas instituições” (ANDRADE, 2010, p.25).

O alinhamento da missão e das políticas da instituição e o

desenvolvimento dos programas pelos atuantes nos diversos segmentos

requerem dos gestores sólida formação em liderança e capacidade de

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coordenação na implementação do projeto. A gestão focada na coordenação e

na liderança e a conjugação de esforços no desenvolvimento do projeto

institucional constituem fatores de eficácia e de relevância dos programas da

instituição, em relação aos seus propósitos ante a comunidade externa.

Dentro da instituição de ensino o gestor possui o importante papel

de mediador, integrador e dinamizador de toda a equipe escolar, é ele quem

articula a relação entre pais, professores, alunos e diretoria. Cabe destacar que

a atuação do pedagogo se apresenta como fundamental no universo

institucional, uma vez que este:

(...) ajuda aos professores no aprimoramento do seu desempenho na sala de aula (conteúdos, métodos, técnicas, formas de organização da classe), na análise e compreensão das situações de ensino com base nos conhecimentos teóricos, ou seja, na vinculação entre as áreas do conhecimento pedagógico e o trabalho de sala de aula. (LIBÂNEO, 2002 p.127)

O enfoque de atuação do gestor (a mobilização, a organização e a

articulação das condições humanas e materiais para garantir o avanço dos

processos socioeducacionais, dando como prioridade o conhecimento e as

relações internas e externas da escola) tem gerado discussões sobre o gestar

na educação.

Entende-se então, que o objetivo geral da gestão passa a ser a

garantia dos meios para uma aprendizagem efetiva e significativa dos alunos;

isso porque o aluno não obtem entendimento apenas em sala de aula, mas na

escola como um todo. Daí vem a necessidade que a escola seja, em seu

conjunto, um espaço favorável à aprendizagem.

A gestão da educação é responsável por garantir a qualidade da

educação, entendida como “processo de mediação no seio da prática social

global” (SAVIANI, 1980. p.120), por se constituir no único mecanismo de

humanização e de formação de cidadãos.

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Seus princípios são os princípios da educação, que a gestão

assegura serem cumpridos. Assim, estes precisam ter como base uma

educação:

Comprometida com o domínio dos conteúdos que

habilitem ao mundo do trabalho;

Comprometida com a “sabedoria” de viver em

sociedade respeitando as diferenças;

Comprometida com a construção de um mundo mais

justo e humano para todos, independentemente de raça, cor,

credo ou opção de vida;

Ainda de acordo com Libâneo (2002) diversas são as áreas de

atuação do pedagogo. Assim, este afirma que há uma diversidade de práticas

educativas na sociedade, e em todas elas desde que se configurem como

intencionais, está presente a ação pedagógica. Dentro deste universo,

podemos destacar a gestão institucional em creches.

A função do gestor exige que o mesmo esteja inserido em diversas

áreas da escola, sendo estas:

Na organização administrativa e curricular;

Na coordenação das atividades pedagógico-

didáticas dos professores;

Na organização do espaço físico e dos recursos

materiais.

Ambas as tarefas listadas requerem habilidades e conhecimentos

especializados, tanto quanto se requer por parte do professor conhecimento

especializado da matéria que leciona.

A identidade profissional do pedagogo é reconhecida através do

campo de investigação e atuação dentro das diversas atividades direcionadas

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para o educacional e para o educativo. De acordo com esse contexto, Libâneo

(2002) afirma que:

Todos os profissionais que se ocupam de domínios e problemas da prática educativa em suas várias manifestações e modalidades e onde haja um caráter de intencionalidade são, genuinamente pedagogos: pais, professores, supervisores de trabalho, agentes dos meios de comunicação, autores de livros, orientadores e guias de turismo, agentes de educação em movimentos sociais etc. Obviamente me refiro ao pedagogo em sentido amplo. (LIBÂNEO, 2002. p.120)

O gestor de hoje enfrenta muitos desafios, dentre eles está em

pensar e ter em seu quadro de educadores profissionais competentes,

comprometidos com a construção de uma sociedade justa, no qual saber e

poder tenham equivalência enquanto elementos de interferência no real e

organização de relações de solidariedade, e não de dominação, entre os

homens.

O sucesso do trabalho do gestor depende do empenho e do “saber-

fazer” pedagógico dos demais participantes da escola. Mas só ele pode

conduzir o grupo. É tarefa do líder propor atividades instigantes, provocadoras

e, ao mesmo tempo, viáveis, para transmitir confiança e imprimir uma

perspectiva de sucesso, é preciso acionar todos os conhecimentos e

habilidades, além de manter a persistência para despertar o interesse e a

vontade de todos.

Entretanto, algumas dessas responsabilidades do gestor institucional

podem ser compartilhadas com os demais grupos de profissionais inseridos na

escola, sendo:

o conselho escolar;

o auxiliar da direção;

o coordenador pedagógico;

os professores.

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25

Para receber ajuda e realizar um trabalho compartilhado, é

importante desencadear um processo de mobilização, que faça as coisas

acontecerem. A atuação do gestor é fundamental na transformação da escola

em um espaço vivo e atuante, no qual o foco central seja o aluno.

O gestor é aquele que não fica indiferente, neutro diante da

realidade. Procura intervir e aprender com a realidade em processo.

2.2 - A Educação Infantil: analisando a inserção do gestor

institucional com foco nas particularidades do seu cotidiano.

Com o passar dos anos, o jeito de se fazer e pensar em Educação

Infantil passou por diversas transformações. A Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional – LDB – traz uma mudança de foco de assistencial para

educacional, o que por sua vez traz a necessidade de uma nova postura dos

diretores e gestores escolares.

Diversos fatores contribuíram para a real necessidade do

atendimento a educação infantil. Assim, pode-se perceber que o

desenvolvimento infantil, a inserção da mulher no mercado de trabalho e o

reconhecimento da criança como sujeito de direitos, especialmente em seus

primeiros anos de vida, foram fatores decisivos para esta mudança social e

educacional.

A educação infantil no Brasil corresponde a diversas determinações

da reprodução da vida social, onde a “educação da criança pequena está em

estreita relação com as questões que dizem respeito à história da infância, da

família, da população, da urbanização, do trabalho e das relações de

produção.” (ANDRADE, 2010, p.23)

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26

No cenário brasileiro atual, podemos perceber que ao tratarmos de

educação infantil, esta logo se configura enquanto direito social, uma vez que

as exigências intrínsecas a sociedade apontaram para a existência da mesma,

onde hoje ocupa um espaço significativo e relevante. Neste contexto Andrade

(2010, p.23) sinaliza que “Tem sido intensificado o reconhecimento da

importância da educação das crianças para o pleno desenvolvimento das

potencialidades do ser humano.”

Para Andrade (2010, p. 47) “a infância tem-se constituído em um

campo emergente de estudos para várias áreas do saber, porém, focadas em

divergentes abordagens, enfoques e métodos, os quais determinaram distintas

imagens sociais sobre a criança.” E a partir desta citação que torna-se nítido

que o gestor institucional especializado para tal função, não necessita ter

formação de pedagogo somente, onde como citado, diversos campos

profissionais estão se identificando com a temática e buscando estar inseridos

nos ambientes educacionais, somando ao quadro de funcionários e crescendo

profissionalmente.

A fim de gerir uma instituição de ensino infantil o gestor passa por

grandes desafios, pois a comunidade escolar apresenta muitas pluralidades de

ideias e conceitos, que devem ser harmonizados, principalmente no que diz

respeito a desagregar práticas educativas já ultrapassadas com o intuito de

repensar as dimensões estruturais escolares.

Para isso se tornar possível, é necessário pensar em uma forma de

gerir mais democrática, que é um dos princípios consagrados pela Constituição

Federal de 1988 e abrange as dimensões pedagógicas, administrativas e

financeiras das unidades educacionais. Segundo Bastos (2000):

A gestão democrática restabelece o controle sociedade civil sobre a educação e a escola pública, introduzindo a eleição de dirigentes escolares e os conselhos escolares garantem a liberdade de expressão, de pensamento, de criação e de organização coletiva na escola, facilita a luta por condições materiais para aquisição e manutenção dos equipamentos

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escolares bem como por salários dignos a todos os profissionais (BASTOS, 2000, p. 7).

É importante lembrar que, décadas atrás, a gestão escolar se

resumia a organização, direção e, sobretudo a hierarquia de cargo. Por outro

lado, na atualidade “A gestão, por sua vez, envolve estas atividades

necessariamente, incorporando certa dose de filosofia e política. Assim, o que

pode ser verificado é que nos dias de hoje existe uma dinâmica interativa entre

ambas.” (Luck, 2006)

A gestão democrática, principalmente no que diz respeito à

Educação Infantil tem como base a participação de pais, alunos e funcionários

em conjunto, pois estes compõem os elementos essenciais nas decisões e no

funcionamento da escola. É o que elucida Veiga (2000):

A gestão democrática inclui, necessariamente, a ampla participação dos representantes dos diferentes segmentos das escolas nas decisões/ações administrativa pedagógicas ali desenvolvidas. (Veiga, 2000, p. 67).

Com essa perspectiva, o gestor se torna responsável em formar um

grupo de trabalho que pensa, elabora e determina os rumos da escola. A

junção desse grupo, composto por todos os representantes da comunidade

escolar forma um espaço de construção coletiva que beneficia a vida do aluno

e da instituição.

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CAPÍTULO III

A INSERÇÃO DO GESTOR NA CRECHE:

AVANÇOS E CONQUISTAS NESTE ESPAÇO.

Neste último capítulo, o trabalho nos convida a mergulhar no

universo da creche, como forma de compreender este espaço e a importância

do gestor no cotidiano das crianças e famílias que fazem parte deste universo.

3.1 - O que é a creche?

A palavra creche, de origem francesa, e que significa manjedoura,

foi utilizada para designar a primeira instituição, para cuidar e abrigar crianças

pequenas.

Na Constituição e legislação educacional, vigentes até 1988, o

atendimento às crianças até seis anos não era concebido como uma atividade

de natureza educacional. Predominava a concepção segundo a qual se tratava

de um atendimento de caráter predominantemente ou exclusivamente

assistencial.

A creche era, portanto, definida como uma instituição assistencialista

abrigando ao cuidado das crianças de mães que saíam para o trabalho,

servindo também à função de combate da pobreza e mortalidade infantil.

Kramer (2003), assim como muitos educadores brasileiros, defende

o papel da escola, da creche e pré-escola de qualidade como direito de todos.

Entretanto, temos problemas muito graves quando falamos em educação.

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No Brasil, não há recursos específicos para a educação de crianças

de zero a seis anos. Embora a Constituição de 1988 tenha definido que a

educação infantil era um direito da criança e uma opção da família, como tornar

esse direito uma realidade? Em contrapartida, inúmeras são as políticas

municipais de educação infantil, sustentadas por creches e pré-escolas

comunitárias. Proporcionando uma visão numa perspectiva mais ampla,

Kramer (2003) ainda afirma que:

Hoje, vivemos o paradoxo de ter um conhecimento teórico avançado sobre a infância, enquanto assistimos com horror à incapacidade da nossa geração de lidar com as populações infantis e juvenis. Refletir sobre esse e outros paradoxos e pensar sobre como vemos a infância hoje, como podemos nos preparar para com elas atuar, são meus objetivos nesta conferência. (KRAMER, 2003. p.84)

Ao estabelecer a obrigação do Estado no atendimento às crianças

de zero a seis anos, a Constituição provocou um marcante desenvolvimento de

políticas públicas para essa faixa etária. Com as mudanças na sociedade e a

criação de novas leis, em especial a LDB de 1994, as creches foram perdendo

esse caráter assistencialista e passam a ser vistas como lugares para a

educação integral das crianças. É necessário que essas instituições tenham

objetivos educacionais explícitos e com profissionais de qualidade e que fazem

a avaliação de desempenho. É sobre essas mudanças que discorre o

Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (Recnei):

A expansão da Educação Infantil no Brasil e no mundo tem ocorrido de forma crescente nas últimas décadas, acompanhando a intensificação da urbanização, a participação da mulher no mercado de trabalho e as mudanças na organização e estrutura das famílias. Por outro lado, a sociedade está mais consciente da importância das experiências na primeira infância, o que motivam demandas por uma educação institucional para criança de zero a seis anos (RECNEI, 2006, p.11 V.1).

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A proposta de educação para crianças nesta faixa etária foi de

extrema importância para que fosse garantido o direito de acesso e de

permanência na creche. Esse novo modelo traz a necessidade da

implementação de novos modelos de gestão que estimulam à gerência, a

autonomia, a eficiência e a participação da família e da sociedade em geral nas

decisões que afetam a escola e melhoram o seu funcionamento.

O gestor tem um papel importante essencial na creche. Ele é a

referência tanto para os pais como para as crianças. Além de conhecer as

características das famílias atendidas, bem como a capacidade de

compreensão sobre o funcionamento da instituição e seus objetivos, ele deve

apresentar um bom grau de afinidade com as crianças. Dentro deste universo,

Oliveira (1992, p. 66) afirma que: “O ambiente da creche deve ser rico em

experiências para exploração ativa, compartilhadas por crianças e adultos,

onde as relações sociais se estabelecem tendo o diálogo como forma de

construção de conhecimento.”

Segundo Miranda (2007), a creche deve ser um ambiente

estimulante, seguro e acessível para promover o desenvolvimento da criança.

Devemos entender que uma organização adequada do espaço e dos materiais

disponíveis na sala de aula será fator decisivo na construção da autonomia

intelectual e social das crianças.

É necessário criar um ambiente que possa desenvolver as

habilidades físicas, cognitivas, afetivas, estética de relação interpessoal e

inserção social da criança. Com esse intuito, o Referencial Curricular para a

Educação Infantil, RECNEI (Brasil, 1998, p. 63), definiu em seus objetivos

gerais que a prática de educação infantil em creches e pré-escolas deve se

organizar de modo que as crianças desenvolvam as seguintes capacidades:

Desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma

cada vez mais independente, com confiança em suas capacidades e

percepção de suas limitações;

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Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo,

suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando

hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-estar;

Estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e

crianças, fortalecendo sua autoestima e ampliando gradativamente suas

possibilidades de comunicação e interação social;

Estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais,

aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de vista

com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de

ajuda e colaboração;

Observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade,

percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e agente

transformador do meio ambiente e valorizando atitudes que contribuam

para sua conservação;

Brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos,

desejos e necessidades;

Utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica,

oral e escrita) ajustadas às diferentes intenções e situações de

comunicação, de forma a compreender e ser compreendido, expressar

suas ideias, sentimentos, necessidades e desejos e avançar no seu

processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais

sua capacidade expressiva;

Conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando

atitudes de interesse, respeito e participação frente a elas e valorizando

a diversidade.

Acreditamos que organizar o espaço interno e externo da escola

incentiva as experiências corporais, afetivas, sociais e linguísticas das crianças.

Como as crianças precisam experimentar ambientes, a escola tem que ser um

local atraente e interessante. Por isso, o gestor escolar juntamente com os

professores, pais e comunidade, deve planejar e criar um ambiente onde as

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crianças possam brincar, descobrir, aprender e respeitar. Dentro desse

contexto, Rosseti-Ferreira (2001) postula que:

(...) todos os ambientes infantis devem promover a identidade pessoal (a criança quando leva à creche um objeto pessoal, a sala de aula fica mais aconchegante para ela. E isto dá ao educador a chance de trabalhar o saber dividir, a cooperação com as crianças. Isso pode ajudar a desenvolverem sua individualidade, e consequentemente sua identidade); o desenvolvimento de competência (o ambiente infantil deve ser planejado para facilitar o trabalho do educador de tal forma que satisfaça as necessidades das crianças promovendo o seu desenvolvimento). (ROSSETI-FERREIRA, 2001. p.48)

Segundo Didonet (2001), falar de creche é muito mais do que falar

de uma instituição educacional sim tratar da criança, com todas suas

necessidades e particularidades. Apesar da característica assistencialista e

filantrópica que ainda permanece em muitas creches e instituições de

educação infantil no Brasil, a situação vem, aos poucos, se modificando.

Essa mudança só se consolida quando os profissionais envolvidos

na instituição se comprometem em assumir as excepcionalidades da educação

infantil e reconsiderar as concepções sobre a infância e sua relação com a

sociedade e as relações entre as classes sociais.

A educação infantil no Brasil tem um futuro promissor, conquistando

cada vez mais espaço e reconhecimento. As creches estão cada vez mais

especializadas para atender às necessidades das crianças com um

planejamento bem estruturado e voltado para a formação cidadã das crianças.

Para os pais, cada vez mais ocupados com os compromissos da vida moderna,

um motivo a mais para confiar na educação dada aos seus filhos. Abordando a

questão com uma maior amplitude, Didonet (2001) postula que:

(...) centrada na criança como sujeito de educação, e tendo como referência o potencial dos primeiros anos de vida, a creche organiza-se para apoiar o desenvolvimento, promover a

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aprendizagem, mediar o processo de construção de conhecimentos e habilidades por parte da criança, procurando ajudá-la a ir o mais longe possível nesse processo. Por isso, até as mães que não trabalham fora de casa e tem condições de se dedicar aos filhos e aquelas que tem como pagar uma babá instruída, podem colocar seus filhos numa instituição de educação infantil com grande vantagem para eles. A creche cumpre um objetivo educacional proeminente. (DIDONET, 2001. p.14)

3.2 - O gestor institucional da creche e as famílias

O reconhecimento e efetivação do papel do gestor institucional

dependem do reconhecimento, da intencionalidade e da especificidade do

trabalho pedagógico, junto a toda comunidade escolar.

Campos, Rosemberg e Ferreira (1995), destacam que:

Um aspecto importante da creche no sistema educacional é que ela corresponde a um princípio que vem sendo definido por áreas ligadas à educação da criança pequena, que defendem uma concepção de educação pré-escolar vinculada aos direitos da criança que é atendida e não aos direitos da mãe que trabalha ou da família necessitada. [Ao mesmo tempo,] a inclusão da creche na área da Educação (...) não nega o benefício que esse atendimento representa para as mães e as famílias. (CAMPOS, ROSEMBERG e. FERREIRA, 1995, p. 107-108)

Interagindo com a comunidade escolar temos a família das crianças

inseridas na creche. Estes são de suma importância para o desenvolvimento

das ações internas da creche. O bom relacionamento com os pais e

responsáveis colabora para os procedimentos traçados para a dinâmica

cotidiana da instituição.

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Segundo (Lück, 2000), “as escolas em que os alunos mais

aprendem, são aquelas em que professores e pais expressam elevadas

expectativas nos alunos e em suas condições para orientá-los”.

Neste sentido a atuação do gestor da escola exerce um papel

essencial no sentido de promover a articulação; escola, família e comunidade.

Dessa forma, o significado de gerir a escola vai muito além da mobilização dos

sujeitos, pois implica intencionalidade, definição de metas educacionais e

posicionamento frente aos objetivos educacionais, sociais e políticos, em uma

sociedade complexa. A ação significativa do diretor da escola na gestão do

trabalho educativo representa um grande impacto na autonomia, participação e

diálogo coletivo, envolvendo de forma efetiva a comunidade no processo de

tomada de decisão, na intenção de situar a atuação do gestor como

coordenador das decisões tomadas pela comunidade, (Santos, 2002, p.94)

Quando isto acontece. Segundo Vieira “O gestor passa a ser mais

bem visto pela comunidade e pelos pais, em contra partida o gestor pensa mais

nos pais, eles merecem satisfações.”

A gestão sente mais autonomia por sua vez, os pais, ficam com a

efetivação desta articulação.

Os principais contextos nos quais a criança vive são, geralmente, a

família e a escola. A família é a base das primeiras relações, interações e

aprendizados. A escola também traz consigo um rico contexto socializador;

uma importante ampliação de referenciais ocorre quando a criança passa a

frequentar a creche. Lá ela se depara com novas pessoas, adquire novos

conhecimentos e novas emoções. Os contextos se distinguem quanto aos

propósitos e neles as crianças se deparam com objetos, pessoas e modos

diversos de se relacionar e aprender.

Neste contexto, Didonet (2001, p.17) sinaliza que:

(...) tanto a creche deve ser boa para cumprir as funções de cuidados e educação quanto a família tem de possuir

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condições materiais, ambientais, afetivas e conhecimento para atender às necessidades de seus filhos pequenos. A LDB montou a equação de forma correta: a educação infantil tem um papel complementar no cuidado e educação da criança. Nem substitutivo, nem alternativo.

Assim, podemos perceber na atualidade, de acordo com Libâneo

(2004), que ao termos o gestor institucional, este assume, nas suas funções,

ações educativas implicando objetivos sociopolíticos a partir dos quais

estabelecem formas organizativas e metodológicas da ação educativa.

Para Maranhão e Sarti (2008, p.181):

Os primeiros contatos entre as famílias e os profissionais são decisivos na construção do relacionamento entre ambos. As primeiras impressões dos pais podem ser confirmadas ou modificadas nos primeiros dias como usuários, ainda vulneráveis por estarem no início de uma relação com os profissionais.

A participação da comunidade na escola deve fazer parte das

transformações maiores que devem acontecer na sociedade. Não se trata de

uma concessão que o gestor pode ou deve fazer, ou que as redes de ensino

permitem ou proíbem. Trata-se de uma realidade que deve se manifestar em

diferentes graus de maturidade e diferentes formas em cada comunidade

escolar. (Santos, 2004)

A convivência entre a escola e a comunidade requer interesse e

boa vontade das partes envolvidas. Quando isso ocorre, a escola é

revalorizada pela comunidade. A cultura da violência, tantas vezes presente

na escola, cede lugar a uma convivência social alegre e pacífica. E esta é uma

importante dimensão da função social da escola.

Na atualidade, a função do gestor institucional perpassa desenvolver

um plano que de conta de atender apenas as demandas dos demais

profissionais inseridos no interior da instituição, este precisa pensar seu plano

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político pedagógico com base nas relações socioeducativas que estão

presentes na comunidade educacional, assim como refletir e estar aberto a

compartilhar com a família, ideias e anseios em função de um único objetivo: o

cuidar e o educar.

Embora os contextos (família e creche) sejam diferentes, a criança é

a mesma e é necessário que favoreça o seu crescimento harmônico e o seu

desenvolvimento integral. De acordo com esta situação, vemos que é de

extrema importância que a criança tenha uma relação construtiva entre os pais

e a creche, uma relação onde haja troca de experiências, ideias e métodos

educativos.

Desta forma, Machado et al. (2002, p. 104) trás a seguinte

informação:

(...) a formação dos profissionais docentes e não docentes da educação infantil não pode relegar a um segundo plano temas relativos à relação com mães e pais das crianças atendidas, desenvolvendo uma competência na articulação com as famílias. Para tanto, é crucial a delimitação dos diferentes papéis e funções, do valor de cada um deles, dos canais de comunicação e circulação das informações, dos direitos e deveres de ambas as partes. (MACHADO et. al, 2002, p.104)

No que tange a questão de trabalhar as competências educativas

dos pais, é importante uma relação amigável, onde haja uma verdadeira troca

de confiança. Relação esta, concebida no dia a dia (nos momentos de entrada

e saída da escola), no diálogo, através da presença dos pais no ambiente

pedagógico frequentado por seus filhos. E neste contexto, Nicolau (2000)

pontua que:

A pré-escola necessita de empenhar para que cada momento seja uma vivência; cada objeto, um desafio; cada situação, uma oportunidade de busca, de experimentação, de descoberta, o que, no meu entender, só se torna possível mediante uma ação pedagógica comprometida com a criança,

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com suas características, com necessidades e com possibilidades. (NICOLAU, 2000, p.121)

É essencial que o gestor tenha uma formação adequada e

habilidades específicas para a criação desse vínculo. E neste universo,

ressalta-se que a criança:

(...) nos primeiros anos de vida, precisa de um ambiente acolhedor, estimulador e seguro. Além disso, assim como os principais responsáveis ativos, o pedagogo também são figuras fundamentais para a construção do apego, importante fase do desenvolvimento emocional do bebê. (PAUEN, 2006. p.10)

Em suma, mobilizar os pais, criar com eles um intercambio de ideias

e colocá-los a par do planejamento educativo de seus filhos são aspectos

fundamentais a serem considerados. Desta forma, de fato, transformamos a

creche em um espaço vivo, curioso e participativo, a atendimento às próprias

crianças.

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CONCLUSÃO

Concluímos que a pesquisa foi de grande importância, pois mostrou

total coerência entre as discussões sobre o fazer e o que está posto na

realidade cotidiana do supervisor institucional, assim como os avanços e

conquistas que são alcançados gradativamente no interior das creches.

O objetivo inicial foi alcançado, pois o trabalho do supervisor

institucional encontra-se organizado, pautado, a partir das legislações que

versam sobre a temática da educação infantil, assim como se pode perceber o

quanto foi importante a formação adequada para o exercício da profissão.

Segundo a proposta metodológica foi utilizada pesquisa bibliográfica,

e esta apontou que diversos avanços foram alcançados, porém, ainda existe a

urgência de novas conquistas para este meio, uma vez que a educação infantil

tem uma importância fundamental na perspectiva do desenvolvimento humano.

Embora se saiba que o papel do gestor tem sido alvo de muitas

discussões, a este profissional não cabe mais a lógica economicista,

reproduzindo o que acontecia antigamente, onde o gestor estava inserido na

instituição para ser o controlador. Logo, este profissional hoje é motivador da

equipe, onde seu papel não é estabelecer normas a serem seguidas sem

pensar o todo, e sim assumir seu papel gestor estando aberto a discussões.

Assim, a descentralização das decisões no interior da creche chama

atenção, levando a instituição ao patamar de democrática, sendo rompido o

tradicionalismo. A articulação da relação entre creche e família é fator de

destaque também para que o gestor planeje ações desenvolvidas no interior

institucional.

Em suma, na tentativa de construir um estudo onde pudéssemos

compreender a realidade enfrentada cotidianamente pelo gestor institucional

inserido na creche, foi verificado que a expansão da educação infantil no Brasil

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e no mundo tem se dado de forma crescente nos últimos tempos. E como

conseqüência o numero de creches tendencialmente crescem também,

ampliando o campo de trabalho deste profissional.

Concluímos que para que a creche esteja preparada de maneira

teórica-prática para atender a esta demanda, de crianças de 0 a 6 e sua

família, é indiscutível a urgência da presença do gestor institucional, tendo

como foco a relação que este consegue estabelecer entre corpo docente x

alunos e família.

Destacamos que o conhecimento produzido a partir deste estudo

visa colaborar para a construção de conhecimento específico para o campo da

pedagogia, tendo a certeza de que existem outros olhares sobre a temática

escolhida.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 6

METODOLOGIA 7

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I

GESTÃO INSTITUCIONAL NO CAMPO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 11

1.1 - Breve histórico da gestão institucional na educação 11

1.1.1 - O Gestor na atualidade: formação, conquistas e avanços. 13

1.2 - Educação Infantil: legislação e realidade 16

CAPÍTULO II

O GESTOR NA INSTITUIÇÃO DE ENSINO INFANTIL 20

2.1 - A rede particular de ensino: o gestor atuando neste universo 20

2.2 - A educação infantil: analisando a inserção do gestor institucional com foco

nas particularidades do cotidiano 25

CAPÍTULO III

A inserção do gestor na creche: avanços e conquistas neste espaço 28

3.1 - O que é a creche? 28

3.2 - O gestor institucional da creche e as famílias 32

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA 40

ÍNDICE 43

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