a experiência religiosa e fenomenologia

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A experiência religiosa na constituição da fenomenologia de Mircea Eliade i Vitor Chaves de Souza (PPGCR-UMESP) ii Resumo: A fenomenologia, a qual Mircea Eliade serviu-se no desenvolvimento de seu pensamento, é, para ele, a ferramenta mais apropriada para o estudo do sagrado. Nesta apropriação, existe congruência entre sua vivência espiritual e a aplicabilidade de sua pesquisa, sintetizando as propostas de seu pensamento filosófico mais particular. O objetivo desta pesquisa é vasculhar os registros de experiências religiosas na vida pessoal de Eliade e conferir a influência destas vivências na formulação de seu método fenomenológico e seu trabalho filosófico. Para tal tarefa, buscamos, inicialmente, a leitura de suas autobiografias e diários, atentos para a percepção dos aspectos e experiências religiosas fundantes no autor. Posteriormente, conferimos, em seus textos acadêmicos de orientações metodológicas, as relações e preponderâncias de sua experiência espiritual com a fenomenologia – que é, estritamente, um aprofundamento de suas relações com o que denominou por “mundo sagrado”. Palavras-chave: experiência religiosa; fenomenologia; Mircea Eliade. Abstract: The phenomenology, which Mircea Eliade used to develop his thought, is the most appropriate tool for the study of the sacred in his opinion. In this appropriation, there is congruence between his spiritual existence and the applicability of his research, summarizing the proposals of his philosophical thought. The purpose of this research is to search about the records of religious experience in the personal life of Eliade and check the influence of these experiences in the formulation of his phenomenological method and philosophical work. For this task, we first analyzed his autobiographies and journals carefully, looking for the perception that founded the aspects and religious experiences in the author. Later, we checked in his academic texts of methodological guidelines connections and preponderances of his spiritual experience with phenomenology – which is, strictly, a deepening of these relations with what he named as the “sacred world”.

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Filosofia e religião

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A experincia religiosa na constituio da fenomenologia de Mircea EliadeiVitor Chaves de Souza (PPGCR-UMESP)iiResumo:Afenomenologia a !ual Mir"ea Eliade serviu-se no desenvolvimento de seu#ensamento $ #ara ele a ferramenta mais a#ro#riada #ara o estudo do sagrado% &estaa#ro#ria'(o e)iste "ongru*n"ia entre sua viv*n"ia es#iritual e a a#li"a+ilidade de sua #es!uisasintetizando as #ro#ostas de seu #ensamento filos,fi"o mais #arti"ular% -o+.etivo desta#es!uisa $ vas"ulhar os registros de e)#eri*n"ias religiosas na vida #essoal de Eliade e "onferirainflu*n"iadestasviv*n"iasnaformula'(odeseum$todofenomenol,gi"oeseutra+alhofilos,fi"o% Paratal tarefa +us"amos ini"ialmente aleituradesuasauto+iografiasedi/riosatentos #ara a #er"e#'(o dos as#e"tos e e)#eri*n"ias religiosas fundantes no autor%Posteriormente "onferimos emseus te)tos a"ad*mi"os de orienta'0es metodol,gi"as asrela'0es e #re#onder1n"ias de sua e)#eri*n"ia es#iritual "oma fenomenologia 2 !ue $estritamente um a#rofundamento de suas rela'0es "om o !ue denominou #or 3mundo sagrado4%Palavras-chave5 e)#eri*n"ia religiosa6 fenomenologia6 Mir"ea Eliade%Abstract:7he #henomenolog8 9hi"h Mir"ea Eliade used to develo# his thought is the mosta##ro#riatetool for thestud8of thesa"redinhis o#inion% :nthis a##ro#riation thereis"ongruen"e +et9een his s#iritual e)isten"e and the a##li"a+ilit8 of his resear"h summarizingthe #ro#osals of his #hiloso#hi"al thought% 7he #ur#ose of this resear"h is to sear"h a+out there"ords of religious e)#erien"e in the #ersonal life of Eliade and "he"; the influen"e of thesee)#erien"es inthe formulationof his#henomenologi"al method and #hiloso#hi"al9or;% #% @?>)% Aforma'(o -"idental de Eliade "onfronta outra forma de ver o mundo e de "onhe"er oser humano% Envolvido #ela nostalgia do ioga e da sa+edoria -riental Eliade re#ensavalores e investiga uma #ossKvel forma de estudar o ser% Essa nova forma de estudar oser humano sua hist,ria e seus valores $ inaugurada #ela religi(o e fundamentada naontologia !ue $ a viv*n"ia do indivKduo em seu mundo "onstituindo a realidade doser% Experincia religiosaEliadeteveedu"a'(o"rist(ortodo)anaRom*niaeaolongodesuavidae"arreirades"o+riue sea#rofundouno ioga ehinduKsmo "omo religi(o #essoal%Porn(o ter a+andonado suas raKzes a religiosidade de Eliade os"ilou entre o "ristianismo ehinduKsmo% -#onto ini"ial foi a es#iritualidade romena #o#ular s)irit#alitatea)o)#lar.rom/neas0. herdada"ulturalmente% Suas heran'as religiosa fol"l,ri"ae"ultural romenas o a.udarama desenvolver uma hermen*uti"a "ontem#or1nea e#arti"ular so+re a religi(o%iv Posteriormente a viv*n"ia "om a religiosidade oriental foio /#i"e em sua tra.et,ria% Sua e)#eri*n"ia "om o ioga e a religi(o oriental "ola+orou#araa#rofundarsuas!uest0ese)isten"iais% AsraKzes "ulturaisromenasserviram defontes #rim/rias !ue o ins#iraram #ara "riar um m$todo de inter#reta'(o aut*nti"o dae)#eri*n"ia do sagrado em rela'(o "om outros fenLmenos religiosos% 3-s elementos"omuns das "ulturas #o#ulares indianas +al"1ni"as e mediterr1neas me demonstraram!uee)isteumuniversalismofundamental !ue$oresultadodeumahist,riaem"omum (a hist,ria das "ulturas "am#onesas) e n(o uma forma a+strata4 (Eliade @??>#% C>M) diz Eliade so+re a "onflu*n"ia de e)#eri*n"ias religiosas !ue o des#ertaram#ara uma nova hermen*uti"a% Oevido P a+ertura religiosa e valoriza'(o dashierofanias os"onflitoses#irituaisemEliade+us"amnovoshorizontes% -raEliadea#rofunda suas refle)0es no "ristianismo ora no hinduKsmo%v &otemos !ue esta tens(oe os"ila'(o "ara"teriza e enri!ue"e a #es!uisa de Eliade% Ela $ interessante e "ontri+ui#ara a #es!uisa a"ad*mi"a #ois inde#endente da o#'(o religiosa #ara Eliade assim"omo #ara Iier;egaard 3a refle)(o intele"tual $ indisso"i/vel de uma atitudees#iritual4(>E #% CM)%A e)#eri*n"iaes#iritual deEliade$fundamental#ara o tra+alho a"ad*mi"o%A des#eito do hinduKsmo nos anos avan'ados a es#iritualidade de Eliade n(ose insere "omo motiva'(o original emdogmas institu"ionais de uma religi(oes#e"Kfi"a% Suas #r/ti"as es#irituais s(o "om#ostas #or diferentes elementos dediversas religi0es !ue o atraKram sem o "om#romisso de re#resentar "om fidelidadeumdeterminado "redo religioso% :sto #ode ser ilustrado "oma seguinte #r/ti"aes#iritual5 &a!uele tem#o eu #rati"ava um3e)er"K"io es#iritual4 !ue me#rotegia interiormente tornando-me invulner/vel5 eu deitava na"ama fe"havameusolhosemeimaginavanumda!uelesmundos!uemefas"inavam2ouniversodefi"'(odoslivrosdeCamille #% ?A)A e)#eri*n"iaes#iritualeatem#oralidade deformalivreees#ont1nea nas#alavrasdeEliade a!uelassemintermedia'0esdeumatradi'(oreligiosa Psvezes"hamadas de 3luz interior4 atraKram a "uriosidade de Eliade muito "edo tanto #araviven"i/-las "omo #ara estud/-las% Eliade #ossuKa uma #er"e#'(o atenta #ara sentir ee)#erimentar diretamente fenLmenos humanos e es#irituais 2 a e)#eri*n"ia direta dosu.eito "om o fenLmeno sem intermedia'0es $ uma das #rin"i#ais "ara"terKsti"as dafenomenologia !ue se torna "ons"iente na fase adulta de Eliade%Al$m da e)#eri*n"ia es#iritual de Eliade ser es#ont1nea ela tem a ver "om assitua'0es da vida% Suas e)#eri*n"ias ini"iaram logo "edo% Oesde "rian'a Eliade tevee)#eri*n"ias !ue .ulgou serem es#irituais e !ue me)eram "om seu estatuto ontol,gi"o%Ele deveria ter !uatro ou "in"o anos de idade !uando "aminhando "om seu avL #oruma famosa rua de sua "idade natal "ruzou "om uma garota a#arentemente de mesmaidade e teve um #rofundo "ontato olho-no-olho aut*nti"o Eu-7u "om a garota% 3Algoe)traordin/rioede"isivoa"onte"eu4(Eliade @??> #% F) o+servouEliadeso+reoen"ontro% Ae)#eri*n"iaomar"out(o#rofundamente!ueaimagemdagarotasetornou em um ti#o de talism(5 em momentos #osteriores ele visualizava a "ena #ara sesentir num estado de feli"idade !ue nun"a tinha sentido antes #rolongando este estadoindefinidamente% Em suas #alavras5Ourante os meses !ue se seguiram eu #oderia trazer a!uela imagemv/rias vezes ao dia #rin"i#almente antes de dormir% Eu sentia meu"or#o inteiro tremendo !uente e de#ois endure"ido6 e no momentoseguinte tudo ao meu redor desa#are"ia%Eu fi"ava sus#enso "omonumsus#iroanormal #rolongadoaoinfinito% Por anos aimagemda!uelagarotadaStradaMarefoiumti#ose"retodetalism(#aramim #or!ue ela #oderia me refugiar instantaneamente na!uelefragmento de tem#o in"om#ar/vel% (Eliade @??> ##%F-G)Emoutrae)#eri*n"ia ainda.ovem Eliadeentrouemsegredono!uartode#intura de seu #ai e des"o+riu um mundo novo% - !uarto lhe #are"ia um #al/"io de"ontos de fadas envolto de verde e #or uma luz difusa !ue entrava #ela .anela dando-lhe a im#ress(o de estar dentro de uma grande uva% -lhou #ara um dos es#elhos do!uarto e se en)ergou maior e mais +elo no es#elho "omo se estivesse iluminado #oruma luz de outro mundo (Eliade @??> #% E)% #%A)% Uuando ele diz 3eu #rati!uei #or muitos anos este e)er"K"iode re"a#turar o momento e#if1ni"o e sem#re en"ontrei a mesma #lenitude4 (Eliade@??> #%A) Eliade ao relem+rar e reviven"iar a emo'(o e "ontem#la'(o sentidas no!uarto de #intura do #ai ./ estava "om#reendendo a din1mi"a do sKm+olo religiosoin"or#oradonuma viven"ia ritualKsti"a% Uuandoele diz 3euentrava dentrodestae)#eri*n"ia "omo umfragmentodes#rovidode tem#o2seminK"ioe semfim4(Eliade @??> #%A) Eliade ao e)#erimentar a #r/ti"a meditativa ./ estava assimilandoo#arado)oreligiosoda"ondi'(odoser no"osmos% Astem/ti"asdadial$ti"adosagradoedo#rofano tem#osagradoetem#oordin/rio es#a'osagradoees#a'ose"ular s(o de "erta forma a#rofundamentos "om a+ordagem "ientKfi"a da viv*n"iade Eliade% - dese.o em retornar Ps e)#eri*n"ias origin/rias e a frustra'(o em #erderalgunsmundos!uen(otinhammaisa"esso"ola+oraram#araformularo3mitodoeterno retorno4 na "ons"i*n"ia religiosa% Ao refletir logo de inK"io so+re estas e)#eri*n"ias e sua fun'(o no ser Eliadediz5Re"entemente eu des"o+ri uma grande variedade de e)em#los so+re3e)#eri*n"ias es#ont1neas4 da luz interior 2 isto $ a!uelas !uea"onte"eramsemuma instru'(o religiosaWdevo"ional% Eu estavainteressado no fato de !ue emv/rias tradi'0es religiosas e eme)#eri*n"ias es#ont1neas a luz interior e)#ressava sem#re umae#ifania doEs#Krito% 7ais e)#eri*n"ias #ro.etavamosu.eitonumoutrouniversodiferenteda!ueledae)ist*n"iadi/ria radi"almentealterando seu estatuto ontol,gi"o a+rindo-o #ara os valores doEs#Krito% - signifi"ado da luz interior era revelado diretamente aos!ue o e)#erimentaram% Mas #or outro lado o signifi"ado tornava-sea"essKvela#enasdentrodaestruturadaideologiareligiosafamiliaraoassunto% Em+oraae1)eri2n0iada3luzmKsti"a4#are"iaser amesma em diversas "ulturas 2 dos 3#rimitivos4 aos indianos v$di"osno +udismo e no "ristianismo mon/sti"o 2 o seu signifi"ado e valores#iritual varia de uma tradi'(oreligiosa #ara outra% 7al an/lise"om#arativa interessou-me#or!ue elas revelavam a unidade +/si"ade "ertas e)#eri*n"ias religiosas assim"omo a variedade dossignifi"ados !ue elas ad!uiriramemdiferentes tradi'0es e !ue#rovavam mais uma vez a "riatividade do Es#Krito% (Eliade @?DD#%@DD-@D?)%Em suas #rimeiras "onsidera'0es Eliade nota !ue as e)#eri*n"ias revelam umaunidade +/si"a na estrutura do ser% :nde#endente da "ultura e tradi'(o a e)#eri*n"iaes#iritual 3leva o ser humano #ara fora de seu universo ou situa'(o hist,ri"a #rofana eo #ro.eta #ara umuniverso !ualitativamente diferente ummundo inteiramentediferente trans"endenteesagrado4(Eliade @?AD #% ?F)% Paraele oUniverso aorevelar o sagrado "olo"a-se em "ontraste "om o universo #rofano devido P ess*n"iaes#iritual a"essKvel somente #ara a!ueles !ue est(o na dimens(o do Es#Krito% Ae)#eri*n"ia "om o sagrado "omo a da luz interior $ #essoal e 3muda radi"almente a"ondi'(oontol,gi"adosu.eito#ora+ri-loaomundodoEs#Krito4(Eliade @?AD #%?F)% -en"ontro"omosagrado inde#endentedaintegra'(o"ultural ouideol,gi"asu+se!uente #roduz uma ru#tura na e)ist*n"ia do su.eito a+rindo o ser e revelando as!uest0es mais #rofundas de sua e)ist*n"ia "omo o mundo do Es#Krito a santidade ali+erdade e Oeus% Estas s(o "onsidera'0es introdut,rias e elementares #ara o m$todo eo "onteVdo de Eliade des"o+ertos logo no inK"io de sua "arreira e a#rofundados aolongo de seus te)tos% Eliade usa fre!uentemente o "on"eito Es)rito ao tra+alhar "om a modalidade doser humano% A "ategoria do Es#Krito $ im#ortante #ara Eliade e situa o #es!uisador tantono"onte)toeuro#euondeo3eist"omonafenomenologia% Eliadeutilizaa#alavraes#Krito "om letra maiVs"ula5 3e#ifania do Es#Krito4 3valores do Es#Krito4 3"riatividadedo Es#Krito4 3mundo do Es#Krito4% &esta #ers#e"tiva o 3eist $ uma 3dimens(o da vida4(7illi"h @?AE #% @@@)6 uma determinada "lasse inten"ional de atos volitivos intele"tuaise emo"ionais6em outras#alavrasamais alta e)#ress(o do ser naarteno amor na"ultura na venera'(o na literatura na #r,#ria religiosidade e outras e)terioriza'0es% Adimens(odoEs#Krito neste"aso #araEliade $aa+ertura#arao3mundo4(Eliade@?AD #% ?F)% - Es#Krito a+re horizontes e forne"e a"esso a outras realidades% 3A g*nesedo homem4nota Ma) S"heler3$aeleva'(oat$ aa+ertura domundo#or for'a does#Krito4 (S"heler C>>M #% MD)% X um as#e"to da vida !ue n(o se limita a um fator ou#arte masenvolvetodooser%Xoaugedase)#ress0eshumanasdearte literatura#oesia religi(oet"% -Es#Krito$viven"iadoee)#ressado tam+$m em"ategoriassim+,li"as inter#retadas #ara Eliade em outra es"ala% - sKm+olo $ a "have da naturezahumana "onforme notou Ernst Cassirer% -sKm+olo inter#ola "oma linguagem(literatura) "om o mito (religi(o) e "om o ser (ontologia)% - Es#Krito $ fundamental #araEliade e #ara a #r,#ria fenomenologia #ois o Es#Krito $ antro#ol,gi"o e "aminho #ara aontologia% Oesta forma o as#e"to trans"endente do ser humano #elo Es#Krito viven"iadoem e)#eri*n"ias es#ont1neas e religiosas #ossui dimens(o #essoal (da e)#eri*n"ia) euniversal (daestrutura) sendoaestruturageral dareligi(o% 7ais #reo"u#a'0es s(oe)#ressas #elo vi$sda es#iritualidade e dos estudos em religi(o% % esp&rito da pes'uisaA e)#eri*n"ia de vida de Eliade e a #es!uisa fenomenol,gi"a #ossuem estreitasrela'0es 2 e estas .untas a#ontam #ara um horizonte5 a ontologia do mito% - m$todode #es!uisa de Eliade traz novidades aos estudos emreligi(o% Ao estudar osfenLmenos religiosos e se"ulares Eliade "onfrontou tradi'0es e ferramentasa"ad*mi"as desenvolvendo umm$todo #r,#rio #ioneiro e atual #rovo"ador de"rKti"as e admira'(o%vi A#esardede"lararemsuaauto+iografia aofinaldavida !ueumadesuasmaioresde"e#'0esfoi n(oter es"ritoumtratadoso+remetodologia "omo!ueriaEliade se o"u#ou es#e"ifi"amente da !uest(o 2 #arti"i#ou de semin/rios e sim#,sios"omotemaMtodos Contem)or/neos noEst#dodaHistriadas Religies"omYilhelm Ioo#ers Zose#h Cam#+ell e Iitaga9a (Eliade @?DD #% C>>) 2 e a#resentou"onsidera'0es em alguns te)tos de orienta'(o estritamente metodol,gi"a5 dois livrosThe Histor of Religions! Essas in Methodolog("om Zoshe#h M% Iitaga9a) e The"#est! HistorandMeaninginReligion6 ealguns "a#Ktulosouensaiossoltosemalguns livros "omo os "a#Ktulos did/ti"os do Tratado de Histria das Religiese oes#e"Kfi"o "a#Ktulo 3-+serva'0es do M$todo4 em Imagens e Smbolos% :ni"ialmente Eliade a#onta a utilidade de um m$todo de #es!uisa situando sua#reo"u#a'(o so+re a forma de se fazer #es!uisa em hist,ria das religi0es% Ele diz5Se n,s tivermos as melhores ferramentas #ossKveis n,s #oderemosfazerdestaterra um#araKso6 sen,stivermososmelhoresm$todosdis#onKveis n,s entenderemos ahist,riadas religi0es etodasua"om#le)idade e n,s estaremos numa #osi'(o #ara fazer des"o+ertasines#eradas #or !ual!uer #essoa antes% (Eliade @??D #% @?DA)Para Eliade isso s, ser/ #ossKvel se houver um novo #ro"edimentohermen*uti"o mais ade!uado "a#az de inter#retar o sKm+olo e o signifi"ado dofenLmeno religioso6 #re"isa-se de um novo esfor'o hermen*uti"o e n(o de uma novademitologiza'(o (Allen @??D #% A)% &este novo esfor'o hermen*uti"o Eliade interage"om as e)#eri*n"ias religiosas #essoais #ara uma "om#reens(o mais #re"isa do !ue $ o#r,#rio fenLmeno religioso%A nova hermen*uti"a #ossui uma motiva'(o original% Eliade nota !ue o mundoest/ num#ro"esso de transforma'(o !ue n(o $ estritamente #olKti"o% [/ umatransforma'(o intensa na religi(o% 3Em +reve #oder/ a"onte"er um novo "onfronto entreaes#iritualidadedo-rienteedo-"idente4(Eliade @?DD #% @>A) dizEliade% Sua#rimeira#reo"u#a'(o ainda.ovem a#,s voltar daNndia $traduzir ea#resentar o-riente#arao-"idente#ossi+ilitandoodi/logoentreas diferentes "ulturas% Esta#reo"u#a'(o em esta+ele"er "omuni"a'0es efi"ientes entre diversas inten"ionalidades $o#ro.eto"entral dotra+alhodos fil,sofos Gadamer e[a+ermas% -s en"ontros dediversos mundos e tradi'0es s(o #ositivos #ara Eliade 2 #elos seus estudos daes#iritualidadeindianaele#Ldeentender aestruturadasua#r,#ria"ulturaromena(Eliade @??> #% C>M)% :gualmente "ausamadmira'(oemte,logos e "ientistas dareligi(o5 em um dos semin/rios interdis"i#linares !ue Eliade e Paul 7illi"h #romoveram.untos Eliade notou!ue 3Paul 7illi"hera fas"inado#elo#ensamentoe dis"uss(o#rovo"ados#elas "om#ara'0esentrereligi0es",smi"as etradi'0es+K+li"as4 (Eliade@??> #% C>M)% A g*nese da #es!uisa de Eliade $ !ue ele se #ro#Ls a fazer esta #onteentrediferentes"ulturasemsua#es!uisa des#ertando-o#araom$tododereligi0es"om#aradas% Somente haver/ efi"iente di/logo no en"ontro de diferentes "ulturas e"ondi'0es humanas se a matriz da es#iritualidade oriental for realmente "om#reendida#elo -"idente% Para este di/logo "omo tam+$m #ara !ual!uer estudo em religi(o $ne"ess/rio utilizar uma metodologia de #es!uisa a#ro#riada #ara tal estudo% Pordiversas vezes Eliade !uestionava alertando so+re a im#ort1n"ia da metodologia(Eliade @?DD #% @DA) diferen"iando-sedeem#iristas "ientKfi"os dos$"uloJJehistori"istas "riti"ando o redu"ionismo reinante% Ele insistia na ne"essidade de umanovaa+ordagemte,ri"ade#es!uisaemhist,riadas religi0es% Sua#reo"u#a'(o$eviden"iar e elu"idar o signifi"ado dos grandes temas religiosos%Aan/lise"orretademitos e#ensamentos mKti"os desKm+olos eimagens #rimordiais es#e"ialmente as "ria'0es religiosas !ueemergemdas "ulturas orientais e 3#rimitivas4 s(o emminhao#ini(o o Vni"o "aminho #ara a+riramente o"identale introduzirumnovo humanismo #lanet/rio% Estes do"umentos es#irituais 2mitos sKm+olos figuras divinas t$"ni"as "ontem#lativas e #or aK emdiante 2 foram estudados anteriormente "om o mesmo desinteresse eindiferen'a dos naturalistas do s$"ulo J:J ao estudarem os insetos%Masagorase#er"e+eu!ueestesdo"umentose)#ressamsitua'0ese)isten"iais e !ue "onse!uentemente fazem#arte da hist,ria does#Krito humano% Oeste modo o #ro"edimento ade!uado #ara#ro"urar seusignifi"adon(o$a3o+.etividade4naturalista masa"om#reens(o inteligente da hermen*uti"a% O )ro0edimento em si ede4eria ser m#dado% At$ mesmo as mais a+errantes formas de"om#ortamento devem ser "onsideradas "omo um fenLmenohumano6 n(o #odem ser inter#retados "omo um fenLmeno animal ouum"asode teratologia% Esta "onvi"'(oorientouminha #es!uisaso+re os signifi"ados e fun'0es dos mitos a estrutura dos sKm+olosreligiosos e emgeral nadial$ti"aentre osagradoeo#rofano%(Eliade @?D? #% J::) Citando Alfred &orth Yhitehead Eliade "riti"a os m$todos de #es!uisa de sua$#o"a afirmando !ue 3a hist,ria da filosofia o"idental n(o #assava de uma s$rie denotas de roda#$ P filosofia de Plat(o4% (Eliade @??? #% @) Al"an'ar uma nova formade ver o mundo $ fundamental 2 afinal $ "ara"terKsti"a da $#o"a moderna o "onfronto"om o des"onhe"ido estrangeiro ins,lito n(o familiar ou ar"ai"o% Para "om#reenderasmais diversas formasdesitua'0eshumanasa filosofia devein"luir tradi'0es de#ensamentos de diferentes "ulturas e religi0es "omo a Nndia e Za#(o a fim de am#liareenri!ue"ero"onhe"imentoda"ondi'(odohumano% E al$mdisso aoestudarahist,ria das religi0es e seus signifi"ados deve a+di"ar de alguns m$todos modernos("omo o m$todo "artesiano ou ;antiano) #ois n(o s(o as ferramentas mais ade!uadas#ara se "om#reender a ontologia da religi(o ar"ai"a e "ontem#or1nea% A solu'(o en"ontrada #or Eliade #ara sugerir a nova hermen*uti"a estudar ahist,ria das religi0es e a#resentar diferentes mundos ("omo a es#iritualidade orientalao mundo o"idental) foi o#tar #ela fenomenologia e hist,ria "om#arada das religi0es% (enomenologia e religio3A fenomenologia e a hist,ria das religi0es "omo eu as #rati!uei #are"em-mea #re#ara'(o mais a#ro#riada #ara este di/logo #endente4 (Eliade @?DD #% @>A) dizEliade so+re o m$todo de estudo das religi0es em !uest(o% Este as#e"to $ "entral nametodologia de Eliade% Ele $ um fenomen,logo da religi(o e utiliza a fenomenologia"omo m$todo de #es!uisa% (Zorge @??D #% F>) -s #ressu#ostos de a#ro)ima'(o deEliades(oessen"ialmentefenomenol,gi"os% Preo"u#a'0es"omo estr#t#rasgeraissistemas #ni4ersaisosagradomodos5modalidades dosagrados(o em#rimeirolugar no'0es fenomenol,gi"as #ara se referir Ps estruturas da "ons"i*n"ia seuselementos ou sistemas de estruturas !ue "onstituem um mundo e modo religioso deser%(Studstill C>>> #% @AD)Porisso Eliaden(ofoi somenteummit,logo(&esti@??> #% CEA) mas um fenomen,logo da religi(o um dos mais e)#ressivos do s$"uloJJe 3n(o surgiu de#ois de Mir"ea Eliade umfenomen,logo da religi(o t(oim#ortante e de t(o am#la #rodu'(o liter/ria4 (Croatto C>>F #% GD)% 7alvez adefini'(o mais a#ro#riada #ara Eliade dada #or ele mesmo $ defilsofo da histriadas religies6 #ois seu o+.etivo em suas #alavras $ 3de"ifrar #or meio de vigorosasan/lises os signifi"ados dos fenLmenos religiosos e "onforme os do"umentos#ermitirem tentar re"onstruir a hist,ria de tais fenLmenos4 (Eliade @?DD #% @MA)%Conhe"edordafilosofiaedaliteraturaso+rereligi(onos$"uloJ:J Eliadetoma "onhe"imento em sua gradua'(o em filosofia da fenomenologia e)isten"ial% Ainflu*n"ia da fenomenologia na Rom*nia "hega ao "onhe"imento de Eliade #orinterm$dio de seus #rofessores% Entretanto ele $ umfenomen,logo !ue n(o seins#irou diretamente em Edmund [usserl% Ele usa a metodologia husserliana em suasformas redutivas e diversas a+ordagens #or$m mediante intermedi/rios% Suagenealogia metodol,gi"a #assa de um lado #elos 3"ientistas da religi(o45 GerardusVander=eeu9>A #%F@) Como o antro#,logo Edmund =ea"h !ue v* em Eliade mais um #rofeta ou um)am( !ue #ro#riamente um "ientista% Como &inian Smart !ue "riti"a a #es!uisa deEliade #or ter#ers#e"tiva ontol,gi"a(CordoneanuC>>A#%FC)6#ara ela oestudoa"ad*mi"o das religi0es n(o deveria se envolver "om as#e"tos da trans"end*n"ia% Aorealizar seu tra+alho 2 e se diferen"iar de alguns m$todos de #es!uisa 2 Eliade vaialgumasvezes ao"h(odafenomenologiaenvolvendo#reo"u#a'0ese)isten"iaiseontol,gi"as% (Allen C>>F #% @M) Essemovimentodetrans"end*n"iafaz#arteda#ro#osta do autor #ara um novo humanismo e uma nova hermen*uti"a%&o "am#o desse novo #ro"edimento hermen*uti"o a "onven"ionalmetodologia a.uda em algumas a#ro)ima'0es do estudo da religi(o e seus temas masn(o $ sufi"iente #ara a#rofundar o te)to e sKm+olo religioso em suas signifi"a'0es% Aantiga hermen*uti"a (a hermen*uti"a vigente at$ os$"ulo J:J) $ mar"ada #elo#ositivismo% A nova hermen*uti"a "omo Eliade a sugere #ode ser #ro#osta a #artir dePaul 7illi"h Paul Ri"oeur e Mir"ea Eliade rom#endo "om a antiga hermen*uti"a aoa+rir novos "aminhos de signifi"a'0es #ara o sKm+olo e novos horizontes a #artir domito religioso e da viv*n"ia es#iritual% A hermen*uti"a #ro#osta #or Eliade $ filos,fi"a2 a #ergunta #ela !uest(o do ser 2 e em es#e"ial fenomenol,gi"a #ois #ossui no seu"entro a ontologia%Oiante do es#Krito euro#eu iluminista !ue de"ide e)#li"ar o mundo #or umas$riederedu'0es2"omoadesmistifi"a'(outilizada#elosautoresmar)istas2 3oVni"o #ro#,sito da e)ist*n"ia $ en"ontrar um sentido #ara a e)ist*n"ia4 (Eliadea)#dOura" C>>A #% @)% Eliade #ossui uma #rofunda in!uieta'(o #elo sentido das "oisas edae)ist*n"iahumana% Paraele #elaontologia$#ossKvel aoserhumanoen"ontrarsentidos e signifi"ados #ara a vida nomundo% Areligi(o$ umdos es#a'os em#oten"iais #ara a realiza'0es dos sentidos na vida e a fenomenologia $ a ferramentamais a#ro#riada#arasetra+alhar tais sentidos% -!ueim#orta notaEliade 3$asignifi"a'(o da e)ist*n"ia humana e essa signifi"a'(o $ de ordem es#iritual4 (Eliade@??? #% @ED)% Aontologia $ ne"essariamente religiosa #ois oVni"omovimento#ossKvel na hist,ria da humanidade !ue se #reo"u#ou "omas mais #rofundas!uest0es e)isten"iais segundo Eliade $ a e)#eri*n"ia religiosa%)m exerc&cio fenomenol$gico: a *rvore c$smicaPara ilustrar a fenomenologia emEliade analisaremos "omo e)em#lo oestudoda /rvore ",smi"a ou se #referir /rvore sagrada% Eliade fre!uentementeutiliza o sim+olismo da /rvore ",smi"a5 a /rvore do *)odo no Sinai a /rvore^ggdrasil da Meso#ot1mia Nndia ou Si+$ria a /rvore da e)#eri*n"ia dos )am(s entreoutras% Por agora limitar-nos-emos ao sim+olismo universal e geral da /rvore%viii

A"have da e)#eri*n"ia dosu.eito"omomundo(no"aso "oma /rvore",smi"a) $ a intui'(o% - indivKduo $ "a#az de ad!uirir "onhe"imento da ess*n"ia dofenLmeno atrav$s da sua inten"ionalidade "om o o+.etoWfenLmeno e)#erimentados% A#er"e#'(o e a inten"ionalidade se d(o de forma imediata% Para a fenomenologia e)isteuma imediati"idade entre o su.eito e o real% [/ uma a#ro)ima'(o direta "om as "oisas%- ser humano a#ro)ima-se da /rvore e #er"e+e a manifesta'(o do sagrado% A #rimeira"onsidera'(o fundamental de Eliade $ a hierofania 2 a manifesta'(o do sagrado% Ashierofanias "orres#ondemPs #er"e#'0es dafenomenologiade[usserl eMerleau-Pont8 #ois elas s(o uma maneira de #er"e+er a realidade e de ser no mundo% Ao visarP/rvoren(o visamos a#enasaoo+.eto dos sentidosnem aum"onteVdo #arti"ular#uramente #si"ol,gi"o da re#resenta'(o 3/rvore45 visamos imediatamente a um"onteVdo eid$ti"o !ue n(o $ nem o "onteVdo em#Kri"o nem o "onteVdo #si"ol,gi"o% -eidos$oo+.etointen"ional "omum(oreal inteligKvel) !uea#are"e!uandousoa#alavra /rvore "omo "onteVdo inteligente "omum a todos os !ue visam P /rvore% Esse"onteVdo $ e)#lorado fenomenologi"amente e "om#reensivamente% Sua estruturaeid$ti"a#ermiteumasinta)e"omoentorno "omos as#e"tos humanos e"omomundo% - su.eito !ue "ontem#la a /rvore ",smi"a em ato inten"ional visa ao #erfilessen"ialda/rvore i%e% atri+uisentidoes#e"ialP/rvore% -su.eitointerage"oma/rvore #or meio de sua #er"e#'(o e sensa'0es internas e e)ternas% A /rvore doa seus#erfis P iman*n"ia do en"ontro% Uma identidade $ #er"e+ida #elo su.eito 2 no "aso osagrado !ue ela #orta% A "ons"i*n"ia do su.eito (!ue $ ato de inten"ionar) #er"e+e aestrutura da ess*n"ia !ue d/ "om a "oisa mesma% A /rvore #ossui elementosa )riori!ue #ro.etam a generaliza'(o e a universalidade% :sso $ visto diretamente nas "oisasmesmas%&estarela'(oentreosu.eitoreligioso!ue#er"e+ea/rvore",smi"aesuadimens(osagrada Eliadefazumaredu'(o#ara"hegar aoeidos da"oisamesma"hegar ao eidos do sagrado e do sKm+olo da /rvore% A #er"e#'(o $ geralmente #ar"ial2 ou "omo diria [usserl inade!uada (Oe#raz C>>A #% E>)% Pois n(o $ #ossKvel aosu.eitover todosos#erfisda/rvore"omsua#rimeira"ons"i*n"iainten"ional% -mundo se reduz na rela'(o da "oisa "om a "ons"i*n"ia% Eliade nota !uefre!uentementeosu.eitoreligiosover/o#erfil da/rvore!ue"orres#onder Psuarealidade% (Eliade @?G? #% ?D)Uuandoumahierofaniaa"onte"e osu.eitov*algoessen"ial5 a "ratofania de um #erfil nun"a antes visto !ualitativamente diferente dos#erfis ordin/rios% A atividade #er"e#tiva se ins"reve num o+.eto doado ao su.eito% A/rvore no seu "am#o es#a"ial $ diferen"iada de outras /rvores #ela hierofania e #elaredu'(o eid$ti"a do su.eito !ue #er"e+e um signifi"ado trans"endental na /rvore% &ohorizonte da /rvore h/ohorizonte internodeste o+.etosegundoseus #erfis e ohorizontee)terno o"am#oes#a"ial diferen"iado% (Oe#raz C>>A #% E>) A/rvoreganha um sentido es#e"ial e se torna algo al$m de uma sim#les e #arti"ular /rvore5 elarevela uma modalidade do mundo !ue n(o estava evidente antes% A!ui h/ atrans"end*n"ia5 omundo e)iste #ara e "omo "ons"i*n"ia% Aaten'(o noem/ti"ai)orienta as sensa'0es do su.eito e sua "ons"i*n"ia diante a a#ari'(o do #erfil da /rvore!uelhe$dado% [/uma"orrela'(onumnovonKvel5 osentido$visadoemsuarealidade #r,#ria e s#i generis% A /rvore $ sim+olizada i%e% o sentido se en"arna em#alavras imagens gestos et"% A/rvore",smi"asetornaumsKm+olonavidadosu.eito !ue a "ontem#la e ganha um lugar es#e"ial na "ons"i*n"ia ritualKsti"a%- sensKvel !ue o su.eito e)#erimenta $ signifi"ado na intui'(o% A intui'(o !uese d/ de forma sensKvel envolve o es#a'o "or#oral de !ualidades visKveis da /rvoret/teis eWou olfativas% - indivKduo #er"e+e a manifesta'(o do sagrado #ela sua intui'(osensKvel% En!uantointui'(ointele"tual a!uela !ue se d/ de forma "ategorial) oindivKduo #er"e+e al$m da e)ist*n"ia do #r,#rio o+.eto (a /rvore)5 #er"e+e a ess*n"iadoo+.eto no"aso osagradona /rvore% 3UuandoumfenLmenose a#resenta P"ons"i*n"ia sua ess*n"ia $ a#reendida%4 (Goto C>>F #% M@) Esta #er"e#'(o $#er"e+ida de forma imediata e #lena e "onstitui um novo mundo na "ons"i*n"ia doindivKduo !ue viven"iou a hierofania% As viv*n"ias e)ternas de "ontem#la'(o eadmira'(o da manifesta'(o do sagrado na /rvore estimulam sensa'0es #ro#rio"e#tivas#rovo"andoviv*n"iashil$ti"as2s(oviv*n"iasesensa'0es"omoasdeEliadeno!uarto de #intura do seu #ai #or e)em#lo ou a rela'(o Eu-7u "om a garota da ruaStrada Mare% Essas viv*n"ias e sensa'0es s(o #ossKveis 3#or!ue s(o dotadas de uma"ons"i*n"ia material #r,#ria4 (Oe#raz C>>A #% E@)% [/ na inten"ionalidade dosu.eito uma #assividade em rela'(o ao !ue lhe $ manifestado materialmente e umaa'(oativa emsua "ons"i*n"ia noem/ti"a% &este sentidoosu.eito#romove umatomadagradual da#resen'adosagradoat$estesetornaruniversal isto$ ograum/)imo da verdade indu+it/vel e a+soluto% &o "aso a /rvore !ue se torna sagradasKm+oloreligiosoe#essoal fundadoradeummundo!ueorientaa"ons"i*n"iadosu.eito #ara o trans"endente%Umim#ortanteas#e"tonafenomenologia deEliade ae)em#loda/rvoresagradas(o os as#e"tos deuniversalidade !uea"ons"i*n"iahumana o#era mesmo!uando voltada #ara a singularidade% - sim+olismo da /rvore $ universal6 ela #ode sera1is m#ndi imago m#ndi ou !ual!uer outra re#resenta'(o religiosa% A /rvore ",smi"aemsua"onstitui'(onatural $umelementouniversal mas ao#ortar osagradotrans"ende sua #arti"ularidade e"onforme a e)#eri*n"ia do su.eito religioso "om ahierofania a/rvoretam+$m$singular%&auniversalidadeela"orres#ondePsmaisdiversas "ategorias eid$ti"as6 na singularidade ela tema ver "omas "ondi'0ese)isten"iais da situa'(o humana de "ada indivKduo% 3Cada ser humano des"o+re a!uilo!ue ele est/ "ulturalmente e es#iritualmente #re#arado #ara des"o+rir4 (Eliade @?AD#% ?F) notou Eliade% A rela'(o entre o todo e a #arte a /rvore sagrada lo"al e a /rvoresKm+olototal eouniversal eosingular sefaz#resentenainten"ionalidade!ue#er"e+e omundo#ela hierofania des#ertando"ategorias fundamentais doser no#arado)o da dial$ti"a do sagrado% A "ons"i*n"ia $ fenomenol,gi"a #or ver o essen"ialmesmo !uando olha #ara o #arti"ular mas a e)#eri*n"ia $ inaugurada em Eliade #elaviv*n"ia do religioso%+onsidera,esComestas refle)0es +us"amos a#resentar a im#ort1n"ia da e)#eri*n"iareligiosa #ara a formula'(o deumametodologia em Ci*n"iasdaReligi(ono "asoservindo-nos "omoe)em#lode Mir"ea Eliade e afenomenologia% Vimos !ue afenomenologia #ro#or"ionou uma#rofundamento das e)#eri*n"ias religiosas deEliade e ao mesmo tem#o as e)#eri*n"ias religiosas "ola+oraram #ara a autonomiade um m$todo de #es!uisa #r,#rio no autor% Oesta forma o+servamos dois grande momentos na #es!uisa de Eliade !ue seen"ontram e se unifi"am de tal modo a a#are"er a#enas um5 (@) a e)#eri*n"ia religiosa#essoal eainflu*n"ianom$todofenomenol,gi"o6 e(C)om$todofenomenol,gi"o#ronto #ara a an/lise de outras e)#eri*n"ias es#irituais a #artir da e)#eri*n"iareligiosa% Primeiramente Eliade distingui umfenLmenoreligiosodose"ular #elamanifesta'(o do sagrado% (Allen @?AC #% @A>)% Esta diferen"ia'(o e a re#er"uss(o desuas #ro#ostas foram #ossKveis e enri!ue"idas #ela fenomenologia !ue fundamentar(oe "ara"terizar(o sua metodologia futura% A irreduti+ilidade do sagrado a#ro)ima-se Pe)o0h e #arti"i#a na vida do homo religios#s% - anti-histori"ismo a #rimordialidadedofenLmenosagradoe a verdade domitofazem#arte dom$todoem#Kri"odea#ro)ima'(o de Eliade% A inten"ionalidade do su.eito religioso "om a manifesta'(o dosagrado e a viv*n"ia do mundo sagrado s(o outras im#li"a'0es !ue foram motivadas#ela a"eita'(o das e)#eri*n"ias es#irituais e religiosas na vida do autor% Portanto "onforme notou Oouglas Allen a fenomenologia da religi(o deEliade sustenta-se #ela +us"a da ess*n"ia do sagrado e #ela varia'(o eid$ti"a !ue oautor #ro#0e realizar (Allen @?AC #% @DE)% Ae)#eri*n"ia religiosa $ "ondi'(ofundamental #ara o estudo das religi0es em es#e"ial a fenomenologia de Eliade 2 !ueinfelizmente n(o "a+e nesta +reve introdu'(o so+re as refle)0es do autor mas !ue ./#odemos desta"ar $ "ara"terizada #ela ontologia e hermen*uti"a do mito% Referncias bibliogr*ficas:A==E& Oouglas% Mir"ea Eliade_s Phenomenologi"al Anal8sis of Religious E)#erien"e%7he Zournal of Religion Vol% GC &o% C (A#r% @?AC) ##% @A>-@DE%A==E& Oouglas% M8th and Religion in Mir"ea Eliade% &e9 ^or;5 Routledge @??DMDF#%CAVE Oavid% Mir"ea Eliade_s Vision for a &e9 [umanism% -)ford Universit8 Press USA% @??M CMC#%C-RO-&EA&U :on% E)#erien"e and hermeneuti"s in the histor8 of religions 2 ah8#othesis onMir"ea Eliade`s9or;% ##% F>-FE% Zournal for the Stud8ofReligions and :deologies% ZSR: &o% @E S#ring C>>A%Edited +8 S%C%:%R%:% ]S%A%C%R%:% :SS&5 @GDM->>M?%Ois#onKvel em5)ihtt#5WW999%.sri%roWne9WTdo9nloada.srib@E%#df % A"essado em >?%CR-A77- Zos$ Severino% As linguagens da e)#eri*n"ia religiosa5 uma introdu'(o afenomenologia da religi(o% S(o Paulo5 Paulinas C>>F GC@#%OEPRAc &atalie% Com#reender [usserl' Petr,#olis RZ5 Vozes C>>A @CA#%OURAC =ivia% Mir"ea Eliade5 the hermeneuti"s of the religious #henomenon% Fth:nternational Conferen"e on [uman Being in Contem#orar8 Philoso#h8% Ma8CD-M@ C>>A dPetre Andrei4 Universit8 :asi Romania%Ois#onKvel em5htt#5WWvolgogradC>>A%goldenideashome%"omWonlinebsession%htm % A"essado em@>%E=:AOE Mir"ea% A[istor8 of Religious :deas5 D#%bbbbbb%A [istor8ofReligious:deas5 #%bbbbbb% A [istor8 of Religious :deas5 @EE#%bbbbbb% Mefist,feles e o andr,gino5 "om#ortamentos religiosos e valores es#irituaisn(o-euro#eus% S(o Paulo5 Martins @#%bbbbbb% - mito do eterno retorno% =is+oa5 Edi'0es A>% @?E?% @AF#% (Pers#e"tivas dohomem6 v% MC)%bbbbbb% - sagrado e o #rofano% S(o Paulo5 Martins >@ @?@#%bbbbbb% -""ultism 9it"h"raft and"ultural fashions% Chi"ago5 7heUniversit8ofChi"ago Press% @?AD @FD#%bbbbbb% -rdeal +8 =a+8rinth5 Conversations 9ith Claude-[enri Ro"!uet% Chi"ago5Universit8 of Chi"ago Press @?DC% CCE#%bbbbbb% Rites and S8m+ols of :nitiation5 7he M8steries of Birth and Re+irth% &e9^or;5 [ar#er Boo;s S#ring Pu+li"ations :n"% @?GD @AG#%bbbbbb% Shamanism5 Ar"hai" 7e"hni!ues of E"stas8% &e9 Zerse85 Prin"etonUniversit8 Press C>>F E@>#%bbbbbb% S8m+olism theSa"red the Arts% &e9^or;5 7heContinuumPu+lishingCom#an8% @?DG @DG#%bbbbbb% 7he % #% CEA%RENNIE, Bryan S. 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