fenomenologia existencial

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FENOMENOLOGIA E EXISTENCIALISMO 01 - Sobre o ser-aí, Heidegger escreve que “é próprio deste ente que seu ser se lhe abra e manifeste com e por meio do seu próprio ser, isto é, sendo. A compreensão do ser é em si mesma uma determinação do ser do Dasein. O privilégio ôntico que distingue o Dasein está em ser ele ontológico.” (p.38) Nessa afirmação estão presentes dois conceitos essenciais para a compreensão da fenomenologia-existencial e para a implicação das descrições de Heidegger para as ciências do homem. A saber, tratam-se dos conceitos de “ontológico” e “ôntico”, que significam, respectivamente:<?xml:namespace prefix = o /> A) “ontológico” é a constituição do aparelho psíquico do ser-aí, enquanto “ôntico” se refere às representações que o preenchem. B) “ontológico” é a constituição essencial do ser-aí, enquanto ôntico refere-se aos modos concretos possíveis em que essa constituição se manifesta cotidianamente C) “ontológico” significa que se refere ao ser do ser-aí, enquanto “ôntico” ao ser dos objetos. D) “ontológico” significa a possibilidade de conscientização do ser-aí sobre si mesmo, enquanto “ôntico”, ao modo irrefletido em que as pessoas vivem. E) “ontológico” é sinônimo de “fenomenológico”, enquanto “ôntico” se refere às abordagens não-fenomenológicas. Heidegger foi aluno de Husserl, fundador da fenomenologia. Seu modo de compreender essa filosofia, entretanto, é muito diferente daquele de seu mestre. Para Heidegger, a compreensão de fenomenologia recorre à etimologia grega desse termo, que é formado pela junção de “fenômeno” e “logos”. Heidegger compreende esses termos, respectivamente, como: A) “Fenômeno” é a descrição das vivências relatadas pelos próprios sujeitos e “logos”, uma teoria científica que fundamente a análise dessa descrição. B) “Fenômeno” significa “aquilo que se mostra a partir de si mesmo”, e “logos” significa “a intuição do sentido imanente”. C) “Fenômeno” significa “algo extraordinário” e “logos”, a

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Exercícios de fenomenologia

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Page 1: Fenomenologia Existencial

FENOMENOLOGIA E EXISTENCIALISMO

01 - Sobre o ser-aí, Heidegger escreve que “é próprio deste ente que seu ser se lhe abra e manifeste com e por meio do seu próprio ser, isto é, sendo. A compreensão do ser é em si mesma uma determinação do ser do Dasein. O privilégio ôntico que distingue o Dasein está em ser ele ontológico.” (p.38) Nessa afirmação estão presentes dois conceitos essenciais para a compreensão da fenomenologia-existencial e para a implicação das descrições de Heidegger para as ciências do homem. A saber, tratam-se dos conceitos de “ontológico” e “ôntico”, que significam, respectivamente:<?xml:namespace prefix = o />

A) “ontológico” é a constituição do aparelho psíquico do ser-aí, enquanto “ôntico” se

refere às representações que o preenchem.

B) “ontológico” é a constituição essencial do ser-aí, enquanto ôntico refere-se

aos modos concretos possíveis em que essa constituição se manifesta cotidianamente

C) “ontológico” significa que se refere ao ser do ser-aí, enquanto “ôntico” ao ser dos

objetos.

D) “ontológico” significa a possibilidade de conscientização do ser-aí sobre si mesmo,

enquanto “ôntico”, ao modo irrefletido em que as pessoas vivem.

E) “ontológico” é sinônimo de “fenomenológico”, enquanto “ôntico” se refere às

abordagens não-fenomenológicas.

Heidegger foi aluno de Husserl, fundador da fenomenologia. Seu modo de compreender essa filosofia, entretanto, é muito diferente daquele de seu mestre. Para Heidegger, a compreensão de fenomenologia recorre à etimologia grega desse termo, que é formado pela junção de “fenômeno” e “logos”. Heidegger compreende esses termos, respectivamente, como:

A) “Fenômeno” é a descrição das vivências relatadas pelos próprios sujeitos e “logos”,

uma teoria científica que fundamente a análise dessa descrição.

B) “Fenômeno” significa “aquilo que se mostra a partir de si mesmo”, e “logos” significa

“a intuição do sentido imanente”.

C) “Fenômeno” significa “algo extraordinário” e “logos”, a intuição do sentido imanente”.

D) “Fenômeno” significa “algo extraordinário”, e “logos” significa “pensamento” – mais

especificamente, “capacidade de refletir”.

E) “Fenômeno” significa “aquilo que se mostra a partir de si mesmo” e “logos”

significa uma fala, um discurso, que retira da ocultação e apresenta.

3 - Este pensar tem uma qualidade de abertura que lhe é exclusiva e, para apreendê-la e indicá-la em palavras, reside no uso transitivo do verbo pensar. Heidegger jamais pensa sobre alguma coisa; ele pensa alguma coisa. 

Page 2: Fenomenologia Existencial

 Assinale a alternativa que não pode completar a seguinte frase:  Esta qualidade de abertura do pensar heideggeriano que se impõe como tarefa para quem quer apreender a sua especificidade não pode ser associado: 

A) Ao conceito de inconsciente freudiano, pois se trata de perspectivas diferentes.

B) A mais uma teoria da representação, que se trata justamente de um pensar sobre.

  C) A algo que não diga respeito, senão, ao próprio ser-no-mundo.

  D) À intencionalidade da consciência tal como foi concebida por Husserl.

E) Ou entendido como mais um objeto de erudição, mas justamente como uma

diferenciação entre o pensar e o deter-se em objetos de erudição.

4 - Heidegger destaca uma condição de possibilidade para o pensar e, consequentemente, para a filosofia. Esta condição para o pensamento heideggeriano pode ser assim formulada:

A) A indagação pelo sentido do ser, tarefa da filosofia, dá-se a partir da familiaridade

com o mundo, propiciada pela angústia.

B) Se a filosofia é propriamente voltar à questão do ser, a condição que possibilita tal

indagação é a disposição fundamental da angústia.

C) A indagação pelo sentido do ser depende do avanço na construção de sistemas que, ao

elucidarem uma dada porção da realidade, permite o surgimento de novas questões.

D) A angústia é a disposição que confere importância às coisas do mundo e pode ser

representada através dos diferentes sistemas de pensamento.

E) A angústia é a disposição que restringe a liberdade do dasein de escolher-a-si-mesmo.

5 - Há, no pensamento heideggeriano, referência a um traço do sentido que reina em tudo que é e que deve ser compreendido como ser-para-a-morte, ou seja, a morte entendida a partir do pensamento heideggeriano como:

A) Aquilo que está à nossa frente, um acontecimento no tempo, a que só se tem acesso através

da morte dos outros.

B)O fim da vida que, enquanto vivemos, a própria morte ainda não existe e por isso não

ameaça.

C) Aquilo que atinge a todos e o que proporciona conforto e abrigo é a comunidade deste

destino, conferindo à relação do homem com o mundo o sentido inequívoco de pertença.

D) A possibilidade sempre à frente de cada um, e como tal é a possibilidade da

impossibilidade da própria existência e cada um tem de morrer a própria morte.

E) O determinismo presente no pensamento heideggeriano.

Page 3: Fenomenologia Existencial

6 - Como mortais, que podem a qualquer momento, no presente ou no futuro, deixar de existir, que desde o passado já podiam ter deixado de viver sem grande prejuízo para o mundo, nós compreendemos que nossa vida nos é dada como um poder ser que não tem de ser, como um gesto de liberdade. (João Augusto Pompéia, 2004). Este trecho expressa a idéia de que:

A) É característico da condição humana vivenciar originariamente o mundo como

inóspito.

B) O homem não deve confiar em nada, pois tudo é relativo.

C) As dúvidas, tanto casuais quanto decorrentes do esforço do pensamento, diminuem

a confiança.

D) Cada indivíduo cuida de sua vida, mas não pode confiar plenamente em si mesmo.

E) O homem não pode confiar nas coisas materiais, mas somente em seu ser.

7 - A Fenomenologia, segundo Heidegger, não é algo para ser contemplado, algo impessoal, alheio, que eu possa repetir como um aprendizado. Ela só acontece no compromisso vivo de alguém que a torna presente na maneira como o dito ou o feito é re-dito ou re-feito. Ou seja, o inacabamento essencial da Fenomenologia diz respeito ao apelo, à presença daquele que vai encarná-la. Sem este gesto de compromisso pessoal ela não acontece, e, simultaneamente, é por ele que se torna habitável para outros. A Fenomenologia considera que o pensamento tem origem:

A) Na capacidade de articular raciocínios lógicos a respeito das coisas

B) No corpo, pois as idéias são causados pelo cérebro do ser-no-mundo.

C) No ambiente, pois as idéias são provocadas pelas coisas.

D) Na busca de adquirir controle sobre a vida, que é basicamente insegura.

E) Na própria vida de cada homem, que existe e para quem ser está sempre em

questão.

8 -Poder existir é uma oportunidade que se renova a cada instante. Pode ser que vivamos só este momento ou por mais alguns dias, anos, até mais de cem anos. Pode, não tem de ser assim, apenas pode. A vida não é um direito nosso, pois pode ser arrebatada a qualquer momento; não é um dever nosso, pois não nos é dada como condição de necessidade, mas é uma contingência. (João Augusto Pompéia, 2004). Assim, existir emerge como projeto montado sobre a temporalidade e:

A) O determinismo encontra-se aí na condição de ser-para-a-morte.

B) A experiência humana da vida é, originariamente, fixada num dado tempo e num

dado espaço.

C) A relação entre o homem e sua existência depende do modo como ele enfrenta

sua condição de mortal.

Page 4: Fenomenologia Existencial

D) A existência só pode ser compreendida a partir de uma análise cronológica dos

eventos que permeiam a vida de cada homem.

E) O horizonte existencial do homem é infinito e indeterminado.

09 -Descobrir ou revelar um solo último e seguro para o pensar em oposição à provisoriedade do existir e do pensar remete-nos à disposição fundamental do ser-no-mundo: a angústia. Na perspectiva do pensamento heideggeriano, dela podemos dizer que:

A) Nela o dasein indaga pelo sentido do Ser e do seu ser.

B) É determinada, ou seja, é o medo de viver que acompanha a existência.

C) É a restrição ou impossibilidade que o dasein encontra para vivenciar sua liberdade

de escolher a si-mesmo e apreender a si-mesmo.

D) É um estado de inquietude e insegurança que precisa ser superado e eliminado para

alcançar a liberdade de existir.

E) É uma alteração fisiológica que precisa ser elucidada ontologicamente.

10 - Na década de 1920, Heidegger demonstrava o ser-no-mundo através dela a seus alunos.

Os senhores vêm como de hábito a esse auditório na hora habitual e se dirigem até seus lugares habituais. Os senhores retêm essa vivência de ver os seus lugares ou também podem perceber a minha própria postura: entrando no auditório eu vejo a cátedra. O que é que eu vejo? Superfícies castanhas que se cortam em ângulo reto? Não (...) Na pura vivência também não há – como se diz – nenhum contexto fundador como se eu visse primeiro superfícies castanhas que se cortam, que depois se me apresentam como caixa, depois como púlpito, depois como púlpito para discursos acadêmicos, como cátedra, de modo que eu cole o catedrático na caixa como um rótulo. (...) Vejo a cátedra de um golpe (...) Vivendo em um mundo em torno, por toda parte e sempre ele me significa, tudo tem caráter de mundo, munda. (p.128-9) Essa descrição fundamenta-se sobre a compreensão fenomenológico-existencial de “mundo”.  Esse conceito é definido como:

A) o mundo em que vive a humanidade, isto é, nosso planeta.

B) a vivência subjetiva de cada pessoa (ser-aí), daí a poder se afirmar que cada pessoa

“tem seu próprio mundo”.

C) o “mundo interno” de cada um, isto é, os aspectos da vivência que cada somente

quem as vivencia tem acesso; por exemplo, os pensamentos, sentimentos, desejos.

D) um contexto significativo que os homens tecem entre si e através do qual se

referem aos entes e lidam com eles.

Page 5: Fenomenologia Existencial

E) o “mundo externo”, isto é, o conjunto de coisas que todo mundo enxerga. Nesse caso, “mundo” é o termo fenomenológico-existencial equivalente a “objetivo”.

UNIDADE 2

1 - a“Já antes de suas respostas à questão do ente enquanto tal, a metafísica representou o ser. Ela expressa necessariamente o ser e, por isso mesmo, o faz constantemente. Mas a metafísica não leva o ser mesmo a falar, porque não considera o ser em sua verdade e a verdade como o desvelamento e este em sua essência. A essência da verdade sempre aparece à metafísica apenas na forma derivada da verdade do conhecimento e da enunciação. O desvelamento, porém, poderia ser algo mais originário que a verdade no sentido da veritas. Alétheia talvez fosse a palavra que dá o aceno ainda não experimentado para a essência impensada do esse.”(Heidegger, M. Que é metafísica?, 1949) A leitura do texto acima aponta para o pensar de Heidegger sobre a metafísica. Leia com atenção e assinale a alternativa correta:

A) A verdade compreendida como veritas possibilita o desvelamento do ente e leva o

mesmo a falar, respondendo à questão da verdade do ser.

B) O conceito de alétheia responde à questão da verdade do ser ao nomear o ente, pois

pensa o ser como representação do ente enquanto ente.

C) A metafísica tradicional não leva o ser mesmo a falar, não considerando o ser em sua

verdade, concebendo a verdade em seu sentido antepredicativo.

D) Alétheia é compreendida como a verdade antepredicativa que possibilita o

desvelamento do ente em seu sentido originário de transcendentalidade.

E) A diferença estabelecida entre os Conceitos de veritas e alétheia é puramente

circunstancial, já que ambos visam responder à questão da verdade do ser.

2 - O questionamento em torno da metafísica, um feito agilizado por Heidegger, ciente de sua dívida para com a Fenomenologia de Husserl, significa, em termos de uma confrontação entre a metafísica e a fenomenologia:

A) Uma oposição insuperável entre ambas e, uma perspectiva – a fenomenológica –

pretende substituir a outra – a metafísica.

B) Que a necessidade de conhecer e de comprovar a existência real das coisas pode

Page 6: Fenomenologia Existencial

ser considerada o ponto de partida da fenomenologia e não mais da metafísica.

C) Que uma das características do método fenomenológico proposto por Heidegger é a

de manutenção do modelo da ciência e da tecnologia vigente na atualidade.

D) Que a discussão epistemológica apresentada pela fenomenologia sugere que a via

de acesso ao ser dos entes deve ser única, em substituição à explicações anteriores.

E) Que a própria fenomenologia foi o caminho que propiciou reconhecer

simultaneamente a parcialidade e o caráter indispensável da metafísica para o existir humano.

3 - Zilles (2003) comenta a passagem da Idade Média ao Renascimento:Depois de desmoronada a base teológica do conhecimento humano racional, o homem se sente só no universo. Sente-se sozinho diante da penosa tarefa de forjar uma visão da realidade, sem outra garantia que sua própria razão. Começa a nascer o homem moderno (p. 128).Com Descartes, o homem moderno, vai buscar o fundamento para o conhecimento na razão, compreendida como atributo do sujeito do conhecimento [antes, a razão – ou a ordem, a inteligibilidade – era considerada uma característica do cosmos (no pensamento grego) ou fundada em Deus (no pensamento teológico cristão)]. Observe as afirmações abaixo: I. Segundo Heidegger, o Homem está lançado no mundo, sem garantias, devendo buscar esta garantia na razão, atributo do sujeito. II. Segundo Heidegger, o Homem está lançado no mundo. A valorização da razão é característica da metafísica e oculta o caráter provisório dos significados criados pelo Homem. III. Segundo Heidegger, a vida do Homem, sua existência, seu ser, é muito mais ampla do que o que é apreendido pela razão. A compreensão racional é apenas uma das possibilidades da existência humana. Está correto o que se afirma em: 

A) I e II somente.

B) I e III somente.

C) II e III somente.

D) I, II e III.

E) II, apenas.

Page 7: Fenomenologia Existencial

4 - Dulce Critelli (2006), quando apresenta a compreensão fenomenológica de verdade, afirma que, para a proposta fenomenológica:

A) A verdade é relativa, pois em algumas situações ela é universal e em outras é

circunstancial.

B) A verdade é unívoca, universal e atemporal, e se há mudanças nos conceitos, elas se

devem a problemas relativos à metodologia usada para se chegar à verdade.

C) A verdade está na representação, pois esta não se mostra afetada pela fluidez do

aparecer dos entes.

D) A verdade metafísica é um equívoco, pois, de acordo com a fenomenologia

heideggeriana, a única verdade possível é construída a partir do método fenomenológico de investigação.

E) A verdade guarda estreita relação com a perspectiva, pois esta invoca o caráter

de provisoriedade e mutabilidade da verdade.

5 - Sobre o Cógito, encontramos o seguinte comentário: A proposição cartesiana “eu penso, eu existo” é necessariamente verdadeira todas as vezes que a enuncio ou a concebo em meu espírito, i. e., cada vez que penso nela atualmente. Portanto: “nada sou, pois falando precisamente, senão uma coisa que pensa, i. e., um espírito, um entendimento ou uma razão, que são termos cuja significação me era anteriormente desconhecida. Ora, eu sou uma coisa verdadeira e verdadeiramente existente; mas que coisa? Já o disse: uma coisa que pensa” (Descartes, Obra Escolhida, p. 128) (Zilles, 2003, p. 135). 

Descartes busca a fundamentação para o conhecimento no sujeito, que pensa e, portanto, existe. Sobre esta fundamentação do conhecimento, Heidegger 

A) concorda que o conhecimento constitui-se no pensamento, mas critica Descartes

pela separação entre sujeito e objeto em vez de considerar a intencionalidade da consciência.

B) discorda que o conhecimento constitui-se no pensamento, pois afirma que o

conhecimento constitui-se no lidar com as coisas.

C) discorda que o Homem se reduza a uma substância pensante, invertendo o

cogito: “É porque existo que posso pensar, sonhar, sentir etc.”.

D) não se preocupa com a questão do conhecimento ou da verdade, mas apenas com a

questão da condição humana.

E) afirma que o método cartesiano, a dúvida sistemática, é falso, porque é metafísico e

não fenomenológico.

6 - Critelli (1996) nos diz que a fenomenologia instaura a possibilidade do conhecimento sobre a angústia, na própria ontologia humana, como uma das condições em que a vida é

Page 8: Fenomenologia Existencial

dada ao homem. Nesse sentido, a questão cognitiva é compreendida “sobre o prisma existencial”, ou seja, toda a possibilidade do conhecimento fica subordinada às possibilidades existenciais.

 Assinale a alternativa correta:

A) Angústia, para fenomenologia, significa um modo de ser patológico, e toda a

possibilidade  de conhecimento  do homem está instaurada na possibilidade de superação dessa condição.

B) A forma como nós, homens, conhecemos o mundo, funda-se na experiência de

inospitalidade e liberdade de habitarmos um mundo que não nos pode acolher do mesmo modo que o faz com os outros entes.

C) A condição de liberdade do homem é uma conquista a ser alcançada ao longo da 

vida, e depende da possibilidade existencial de cada indivíduo de transformar a experiência inicial de fluidez e insegurança diante do conhecimento, em uma condição de estabilidade e segurança.

D) A forma como nós, homens, conhecemos o mundo, funda-se na possibilidade de

superarmos a condição fluida de habitarmos o mundo, para alcançarmos uma condição existencial de abrigo e pertencimento.

E) As alternativas C e D estão corretas.

7 - O querer saber o que é e como é algo fundam a base de uma investigação que se traduz na pergunta sobre o ser das coisas. Essa questão que no decorrer da história civilizacional foi submetida às maiores tentativas de acordo é também a que mais se encontra em aberto na qual se desenvolve todos os saberes. Assim a caracterização de uma metodologia de investigação e analise, como afirma Critelli (1996), passa necessariamente pelo aclaramento de o que se compreende por ser. Numa comparação entre metafísica e fenomenologia podemos considerar que:  I - O ser como essência de um ente torna-se patente, visível, detectável, na idéia que se elabora do ente. II - O ser que se torna patente através do aparecer dos entes é impermanente: ele aparece e desaparece. III - A essência aloca-se no conceito do ente e nele ela se manifesta, se objetiva e assim permanece. IV - O ser que aparece e desaparece no aparecer dos entes deve ser compreendido como um vir-a-ser no cotidiano da existência. V - O ser se coincide com sua própria aparência e não com a idéia que se faz dele. São afirmações embasadas na Metafísica:

A) I e II, apenas.

Page 9: Fenomenologia Existencial

B) II e III, apenas.

C) II, III e IV, apenas.

D) I e III, apenas.

E) II, III e V, apenas.

8 - “A desfiguração do pensar e o abuso do pensamento desfigurado só poderão ser superados por um pensar autêntico e originário, e por nada mais. Uma nova instauração desse último exige, antes de tudo, o regresso à questão sobre a referência essencial do pensar com o ser. O que equivale a desdobrar e desenvolver a questão do ser como tal”. (Heidegger, Introdução à metafísica.)É verdadeiro o que se afirma em: I - A tarefa do pensamento de Heidegger consiste em recolocar a questão do sentido do ser. II - Heidegger assume a tarefa histórica de, no acabamento da metafísica, recolocar a questão do sentido do ser – tarefa que, apresentada em Ser e tempo. III - Heidegger afirma que o esquecimento do ser corresponde à decadência no ente. IV - Heidegger coloca a questão do existir do ser como passível de determinação metafísica. V - Heidegger investiga os processos metafísicos afim de delimitar os fenômenos do ente.

A) I, II e III, apenas.

B) I, III e V, apenas.

C) II e IV, apenas.

D) I e II, apenas.

E) I, III e IV, apenas.

9 - Diz Heidegger: “Se traduzo obstinadamente o nome Alétheia por descobrimento, faço-o não por amor à etimologia, mas pelo carinho que alimento para com a questão mesma que deve ser pensada, se quisermos pensar aquilo que se denomina ser e pensar de maneira adequada à questão. O descobrimento é como que o elemento único no qual tanto o ser como o pensar e seu comum-pertencer podem dar-se. A Alétheia é, certamente, nomeada no começo da filosofia, mas não é propriamente pensada como tal pela filosofia nas eras posteriores.”  I - o fenômeno da verdade como alétheia acabou sendo entulhado pela interpretação da verdade como certeza; esse processo corresponde ao que foi indicado como o esquecimento do ser em favor da avalanche do ente. 

Page 10: Fenomenologia Existencial

II - A fim de recolocar a questão do ser no horizonte da diferença ontológica, Heidegger propõe questionar a essência da verdade a partir da questão da verdade da essência. III - Heidegger indica que, a partir da confusão entre ser e ente, o pensamento metafísico, movido pela necessidade de obter a certeza de seu conhecimento, passou a compreender o ser como realidade, coisa. IV – Para a fenomenologia, a determinação fundamental do ser é substancialidade. Assim, o ser em geral adquire o sentido de realidade. São verdadeiras as afirmações:

A) I, II e III, apenas.

B) I e III, apenas.

C) Todas.

D) III e IV, apenas.

E) II e IV, apenas.

10 - Ainda se tratando do fenômeno para a Fenomenologia, o mesmo possui modos de encobrimento. Cite, dentre as alternativas abaixo, a que não corresponde à fenomenologia Heideggeriana

A) O fenômeno pode estar desvirtualizado, por ter perdido sua solidez, transformando-

se em uma tese solta no ar e transmitindo uma compreensão vazia.

B) Um fenômeno pode-se manter encoberto por nunca ter sido descoberto e dele, não

há nem conhecimento nem desconhecimento.

C) Um fenômeno pode estar entulhado, uma vez que, mesmo tendo sido descoberto,

depois, voltou a encobrir-se.

D) Um fenômeno pode estar escondido, uma vez que o ser se esconde atrás do

dasein.

E) O fenômeno pode estar desfigurado – o que antes era um fenômeno, ainda se

mantém visível, embora como aparência.

Page 11: Fenomenologia Existencial

UNIDADE 3

01- Quando pensamos nas articulações entre o pensamento fenomenológico enquanto método de investigação e o conhecimento que se alcança a partir desta mudança de perspectiva,  podemos entender que:

A) Se estivermos apoiados no pensamento husserliano, isto significa que todo

conhecimento, para ser original tem que ignorar todo e qualquer pensamento ou conhecimento já instituído.

B) Segundo Husserl, o mérito do método fenomenológico está justamente em propiciar

um contato originário com o mundo das idéias, através da redução fenomenológica.

C) Heidegger, e seu discípulo Husserl, através da criação do método

fenomenológico contestaram todo conhecimento instituído, questionando sua validade e fidedignidade.

D) Husserl, seguido de Heidegger, mantiveram, através do método fenomenológico, a

oposição entre história e pensamento, enfatizando a necessidade de um pensamento desvinculado do mundo da vida.

E) Numa perspectiva fenomenológica, a atividade do pensar distingue-se em duas

dimensões opostas e excludentes: a subjetividade – que leva em consideração aspectos históricos -, e a objetividade – que trabalha no campo exclusivo dos conceitos.

2 - Para Heidegger, tudo que entra no círculo do pensar sofre uma transformação. Em sua separação essencial em relação ao mundo, o pensar dedica-se apenas ao ausente(...). Assinale a alternativa incorreta:<?xml:namespace prefix = o />

A) Na relação do homem com o mundo há uma constância – uma permanência –

do sentido que as coisas têm para o homem, e é isso que traz segurança à existência humana.

B) A ontológica liberdade caracteriza-se pela condição essencial de não sermos nada, e

por isso sermos constituintes de nós mesmos e da nossa relação com o mundo.

C) A capacidade humana de criar instrumentos e de controlar a natureza não altera a

condição ontológica do homem habitar um mundo inóspito; apenas oculta o sentido da existência que, ainda assim, faz-se conhecer.

D) A angústia heideggeriana é a experiência de estar só num mundo que não é capaz

de nos abrigar, onde a responsabilidade sobre nós está em nós mesmos.

E) Com Heidegger, a discussão a respeito da maneira coisificadora de a metafísica

explicar o mundo transcende a própria explicação e alcança o modo-de-ser do homem no mundo.

3 - Do ponto de vista fenomenológico, a relatividade do saber e da verdade do ser abre-se como ponto inseguro, mas próprio do existir (ser). Contrariamente, a tentativa

Page 12: Fenomenologia Existencial

empreendida para a superação desta insegurança é o que instaura o modo de pensar (metafísico) ocidental. (Critelli, 1996). Leia atentamente as afirmações abaixo:

 I – O conhecimento do ser depende do ponto de vista adotado, o que traz insegurança. II – Não apenas o conhecimento do ser é inseguro, mas a própria existência humana é insegura. III – A metafísica alcança um conhecimento bem fundamentado do ser e, assim, supera a insegurança.

 É correto afirmar que:

A) Apenas a afirmação I está de acordo com o trecho citado.

B) Apenas a afirmação II está de acordo com o trecho citado.

C) Apenas as firmações I e II estão de acordo com o trecho citado.

D) Todas afirmações estão de acordo como o trecho citado.

E) Nenhuma das afirmações estão de acordo com trecho citado.

4 - Ao encontrarmos Heidegger estamos a caminho da compreensão da fenomenologia e do existencialismo enquanto suporte a um trabalho psicoterápico que coloque em foco a existência humana enquanto ser-no-mundo. Tal trajetória nos leva a um encontro criativo da fenomenologia de Husserl e do existencialismo do autor de Ser e Tempo. Nesse movimento, a analítica do sentido (CRITELLI, 1996) tem por base a ontologia do ente homem, seu modo de Ser e, portanto, de conhecer. Sobre esta base desdobra seus procedimentos peculiares de investigação e, correspondentemente, de analise.

Nesse sentido poderíamos afirmar que:

I - O que constitui originalmente uma investigação é a sua arquitetura instrumental, cientificamente constituída durante a história da ciência.   II - Investigação é a ação de levar adiante uma interrogação a respeito de alguma coisa III - Todo instrumento é, para a analítica do sentido, um recurso provisório, secundário, e que as vezes nem serve repetitivamente para a mesma questão. IV - Querer saber o que é e como é algo são os dois elementos que estão na base de uma investigação – o ser de algo é sempre composto pelo que o que algo é e como ele é.  É verdadeiro o que se afirma em: 

A) I e II apenas

B) II e III apenas

C) I, II e IV apenas.

Page 13: Fenomenologia Existencial

D) II, III e IV apenas.

E) I, II, III, IV.

5 - “Consideramos investigação a ação de levar adiante uma interrogação a respeito de alguma coisa. (...) O que se quer saber, paralelamente ao modo da  interrogação, é aquilo que decisivamente interessa à Analítica do Sentido e não o regramento do proceder.” ( CRITELLI,D.M. 2001)

 Sobre a investigação e o método na perspectiva fenomenológica podemos afirmar que : I - O investigar que se proponha a interrogar as ações humanas deve ser mais abrangente do que os instrumentos que selecionar, pois as questões humanas interessam mais do que os instrumentos. II - Os instrumentos e técnicas operacionais de investigação devem garantir as respostas à interrogação das ações humanas. III - Para realizar uma investigação é importante que metodologicamente o fundamento seja aquilo que se quer compreender: o que é e como é algo. IV - A caracterização de uma metodologia de investigação e análise passa, necessariamente, pela clarificação do que se compreende por “ser” e por “verdade”. V - Os instrumentos disponíveis para investigação nos dão certezas quanto à mensuração e decodificação dos naturais, portanto podem ser aplicados com segurança á investigação dos fenômenos humanos. Assinale a alternativa correta:  

A) Estão corretas as alternativas I, III e IV.

B) Estão corretas as alternativas II. III e V.

C) Estão corretas as alternativas I, IV e V.

D) Estão corretas as alternativas II, IV e V.

E) Estão corretas as alternativas I, II e III.

6 - Para o método fenomenológico, o mundo não é objetivável, mas sim constituído à partir da intuição das essências. Também não há garantias ao ser humano de segurança para habitar o mundo, sendo este considerado inóspito. Para o pensamento metafísico a verdade pode ser considerada como: Assinale a alternativa CORRETA.

A) inatingível, mesmo com conceitos muito bem definidos e considerados precisos

metodologicamente.

Page 14: Fenomenologia Existencial

B) podendo ser encontrada através da precisão metodológica do conceito, que é

o seu melhor caminho.

C) relativa, não sendo a mesma para todas as pessoas.

D) sujeita à perspectiva de quem a busca.

E) impermanente, variando até pra um mesmo sujeito.

7 - O conceito de angústia foi muito difundido nos últimos anos, como uma espécie de sintoma da depressão, a qual, vale lembrar, é considerada por muitos um grande mal do século XXI. A angústia também é um dos temas de estudo de Heidegger, que também já foi visto como “pessimista” por leigos, por abordar temas outros como a morte e a preocupação. Em sua maneira de conceber a angústia, Heidegger demonstra porque valoriza a angústia, uma vez que:

A) a angústia não possui um objeto específico que a desencadeia, com isso, várias

podem ser as suas causas.

B) a angústia é um mal que pode levar o indivíduo a morte.

C) a angústia se abre para o homem como uma possibilidade de conhecimento.

D) a angústia é o estado em que se pode estudar o homem em seu estado ôntico.

E) a angústia é um mal que deve ser retirado do homem.

8 - Pensar como o criador de Ser e Tempo, não significa pensar “sobre” alguma coisa e sim pensar alguma coisa. Esse modo de pensar de Heidegger, que provoca espanto, provoca, também, uma rediscussão sobre a questão do ser e da verdade. (Critelli, 1996) Falar da verdade também tem servido de inspiração a poetas:

  

VERDADE           Carlos Drummond de Andrade

 A porta da verdade estava aberta,

mas só deixava passar meia pessoa de cada vez.

 Assim não era possível atingir toda a verdade,

porque a meia pessoa que entrava só trazia o perfil de meia verdade.

E sua segunda metade voltava igualmente com meio perfil. E os meios perfis não coincidiam.

 Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.

Chegaram ao lugar luminoso

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onde a verdade esplendia seus fogos. Era dividida em metades diferentes uma da outra.

 Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.

Nenhuma das duas era totalmente bela. E carecia optar. Cada um optou conforme

seu capricho, sua ilusão, sua miopia. Como então investigar a realidade?

A) Caracterizando e categorizando o fenômeno para facilitar a sua consciência.

B) Buscando a comprovação por meio de atitude empática e do experimento.

C) Permitindo que o fenômeno se apresente e o compreende segundo teorias

científicas.

D) Buscando desvelar aquilo que está encoberto, mas presente na fala da pessoa.

E) Deixando que o que se mostra, o faça a seu próprio modo, e a partir de si

mesmo.

9 - Seguindo os passos de Dulce Critelli (1996), discutimos que a segurança buscada ao longo da história da episteme ocidental baseou-se, assim, na dúvida de si mesmo que o homem estabeleceu, lançando para fora de si mesmo a possibilidade de qualquer domínio da realidade. Inclusive de suas idéias. Somente a precisão metodológica do conceito garante ao conhecimento humano sua imutabilidade, unicidade e absolutidade. Quanto ao método fenomenológico, devemos considerar que:

 I - a afirmação ressalta a importância de um conhecimento válido e fidedigno que é garantido pela construção de instrumentos construídos a partir de um pensamento positivista que contrapõe ao pensamento de Husserl II - A afirmação refere-se ao pensamento metafísico questionado pela Fenomenologia a partir do paradigma construído pelo viés de um novo olhar sobre o objeto. III - A afirmação coloca em relevo uma necessária privação da intimidade entre o homem e seu mundo que para fenomenologia implica na prática da epochê observada a partir da necessidade do sujeito que observa se despojar de construções teóricas pré-concebidas.  IV - segue dessa afirmação que para a metafísica o conhecimento é resultado de uma superação da insegurança do existir, ao passo que para fenomenologia, é exatamente a aceitação dessa insegurança que permite o conhecimento. É verdadeiro o que se afirma em:

A) I apenas

B) II e III apenas

C) I, II e IV apenas

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D) II, III  apenas

E) III e IV apenas

10 - “A pluralidade é a condição da ação humana pelo fato de sermos todos os mesmos, isto é, humanos, sem que ninguém seja exatamente igual a qualquer pessoa que tenha existido, exista ou venha a existir.” (Arendt, 1989)

“Todo mostrar-se é sempre um mostrar-se do próprio entrelaçamento em que se amalgamam a coisa e o olhar”. (Critelli) Para a fenomenologia, assim, em relação ao movimento de aparecer dos entes: I – O que a coisa é está em si mesma, impõe-se aos olhares culturais, psicológicos, sócias.  II – O ente nos mostra seu ser no horizonte existencial, tem o ser-no-mundo como seu lugar originário de manifestação.  III – Todos os entes têm a possibilidade de perceber mutuamente suas manifestações.  É verdadeiro o que se afirma em:

A) Somente I está correta.

B) Somente II está correta.

C) I e III estão corretas.

D) I e II estão corretas.

E) Todas estão corretas.