a espetacularização da violência no filme tropa de elite

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Centro Universitário Una Campus Liberdade Andrezza Magalhães Cristiane Gontijo Fabrício Silveira Gabriel Mendes Gleidson Barros Juliana Senra Natália Lanna Espetacularização da Violência no Filme Tropa de Elite Belo Horizonte, Novembro/ 09.

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Trabalho acadêmico desenvolvido durante o 1º período do Curso de Publicidade e Propaganda. Participação: pesquisa e edição do artigo científico. O artigo trata do frêmito causado nos telespectadores com a exibição de cenas com violência, e da maneira que a mídia usa isso como uma forma de manutenção da audiência.

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Centro Universitário Una

Campus Liberdade

Andrezza Magalhães

Cristiane Gontijo

Fabrício Silveira

Gabriel Mendes

Gleidson Barros

Juliana Senra

Natália Lanna

Espetacularização da Violência no Filme Tropa de Elite

Belo Horizonte, Novembro/ 09.

A Espetacularização da Violência no Filme Tropa de Elite

Este artigo trata do frêmito causado nos telespectadores com a exibição de cenas com violência, e da maneira que a mídia usa isso como uma forma de manutenção da audiência. A forma como esse gênero de filmes e programas atrai os telespectadores causando repúdio ou até muitas vezes euforia. O sucesso do filme Tropa de Elite expõe a reação da sociedade perante a exibição de cenas de “pancadaria” e vocabulário “pesado”, mostrando também que essa forma de banalização da violência pode até mesmo, de alguma maneira incentivar o método.

Palavras-chave: violência – mídia – tropa de elite – espetacularização.

Um dos aspectos que mais sobressaem nas televisões ultimamente é a exibição impúdica

dos sentimentos como recurso infalível para o aumento da audiência. A violência, por exemplo,

se tornou espetáculo e é vendida publicamente. Mas, por que, mesmo as pessoas convivendo

diariamente com este “monstro”, que assombra a vida de grande parte da sociedade optam por

assistir um filme do gênero?

O assunto a ser abordado nesse artigo é o filme Tropa de Elite, lançado em 2007, filme

que teve uma grande repercussão em todo país, dirigido por José Padilha, é uma obra que aborda

fatos ocorridos na segurança pública do Estado do Rio de Janeiro no ano de 1997, a espera da

vinda do Papa João Paulo II. A história é baseada na realidade diária da Polícia Militar,

fundamentada em situações que, segundo o autor, são relatos de fatos reais, que lhe foram feitos

por Policiais Militares. O personagem central da trama é um Capitão do Batalhão de Operações

Especiais (BOPE), Tropa de Elite da Polícia Militar carioca, considerada internacionalmente

como uma das melhores forças de combate urbano do mundo.

A narrativa gira em torno do personagem central, o Capitão Nascimento que, motivado

pelo nascimento de seu filho e a pedido da esposa resolve deixar as atividades do batalhão, mas

para isto é necessário que ele encontre um substituto que tenha os seus ideais de honra e

profissionalismo. Contudo, em uma polícia marcada pela corrupção, esta busca acaba se

transformando em uma missão quase impossível, mas ele encontra dois jovens aspirantes a

oficial, Neto e Matias, que se enquadram nas características necessárias de um Policial Militar do

BOPE. Estes aspirantes acabam se interessando pelo Curso de Operações Especiais, que é

coordenado pelo Capitão Nascimento.

O filme além de fazer uma crítica à corrupção da polícia carioca, também mostra a

hipocrisia da classe média, representada por estudantes universitários, que criticam a violência

policial, mas no enredo do filme - que não está longe da realidade da sociedade - estes mesmos

estudantes, realizam o consumo e o tráfico de drogas na própria universidade, favorecendo a

violência urbana. Tropa de Elite é uma obra de ficção que expõe os problemas da corporação

policial no Rio de Janeiro, mas poderia ser de todo o Brasil.

O poder da mídia

Tropa de Elite tornou-se notório por diversos pontos. Desde seu lançamento antecipado -

que acendeu uma discussão sobre as cópias ilegais de filmes - até o impacto cultural e a inserção

de frases do filme no cotidiano brasileiro. Padilha declarou ter se impressionado com a reação

popular ao filme. Segundo o diretor, o filme é uma crítica clara contra a violência e a tortura e

não um suporte à violência policial. Como um filme que demonstra cenas como o tráfico de

drogas, a violência na favela entre policiais e bandidos, mortes de vidas inocentes, tortura, etc.,

fez tanto sucesso, mesmo as pessoas convivendo e temendo diariamente estes “monstros”?

A mídia tem em mãos o poder de informar e lançar aos olhos do público certa realidade,

fazendo com que estes tomem consciência do que é e como é a violência (e não só ela) neste país,

transformando questões sociais em imagens a serem vendidas. Como cita Jean Galard: “O

espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas mediada por

imagens”. (GALARD: 2005. 198p). Sendo assim aquilo que já vivemos no nosso cotidiano,

como a violência policial e o tráfico de drogas tornam-se espetáculo visto dentro das telas.

A cena de abertura do filme retrata um baile funk, comum nas periferias do Rio,

mostrando o contraste entre pessoas dançando despreocupadamente de forma erótica e outras

“vigiando” o local com armas, afirmando seu poder. Enquanto a cena está passando, Capitão

Nascimento, personagem principal, narra certas informações importantes tanto para a

compreensão do filme como para alertar os espectadores da realidade vivida no país, o que

desperta interesse e ao mesmo tempo horror a tais dados. “A minha cidade tem mais de 700

favelas, quase todas dominadas por traficantes armados até os dentes, é só nego de R15, Pistol

Use, HK e por aí vai. No resto do mundo este tipo de armamento é usado na guerra, aqui são as

armas do crime”.

Segundo Mário Perniola, a história precisa ser cênica para parecer real, ou seja, repetir um

modelo porque deve criar acima da sociedade natural uma sociedade racional. Mas que também

precisa ser violenta porque não pode ser apenas um espetáculo sem cair na farsa e não pode

perder a seriedade ao representar a morte, e em alguns casos o terror. O autor afirma que:

Na realidade a aproximação entre cena e violência pertence à cultura ocidental, na qual a cena e a morte, o pensamento e o sangue estão estreitamente ligados. A ação histórica precisa ser cênica para ter um sentido e ser ação violenta para ser real. (PERNIOLA: 2005, 183p)

De fato é um dos destaques em Tropa de Elite, por tratar de um problema real vivido no

Rio através de um filme fictício, isto é, é uma ficção em cima da realidade, a união de cena a

violência.

Já Danielle Gonçalves relata o papel da mídia para a sociedade, influenciando as pessoas

de forma violenta e servindo como importante instrumento de manutenção da audiência. Mostra

que a mídia, de maneira quase imperceptível, trabalha na manipulação de conduta das massas

populares. A banalização da violência pode ser vista em aspectos diferentes, como protesto contra

esse tipo de crime que ao passar do tempo só vem crescendo ou, até mesmo, incitar a violência

em alguns casos. Como critica a autora:

A mídia, com sua aparência indefesa, sob a alegação de prestar serviço cultural e informativo de maneira diversificada com o alcance de todas as classes e indivíduos vêm, hodiernamente, se manifestando como um super poder, causando grande influência, de certa maneira perversa, sobre a vida das pessoas. (GONÇALVES, 2005)

Assim, a mídia “como quem não quer nada” influencia às vezes de forma prejudicial a

sociedade. No filme, o inescrupuloso policial Capitão Nascimento tornou-se o grande herói

devido à percepção errônea de grande parte do público, que passa a acreditar que a única forma

de combater o tráfico é matando.

A partir daí, destaca-se então o sucesso da violência na mídia: o fato de suas histórias

serem épicas. Há sempre um personagem principal visto como “herói”, que passa o tempo todo

enfrentando dificuldades para no final sair vitorioso e glorificado. Nestas estórias a “beleza” das

lutas e artimanhas, em que o personagem se safa das mesmas, uma forma de manter o público

atento é deixá-lo na expectativa de quem saíra vitorioso, o bandido ou o mocinho.

Em Tropa de Elite, Capitão Nascimento, grande herói, que com bravura, mesmo passando

por pressão de sua mulher, e com o nascimento de seu filho, não larga o BOPE, a procura de

alguém capaz de substituí-lo, o que desperta a admiração de grande parte do público. Como

ressalta Isabela Boscov:

No cinema brasileiro, o bandido foi, antes de tudo, um romântico, um inconformista. Isso, até agora. O impacto de Tropa de Elite mostra com clareza que o cinema nacional precisa de uma nova sociologia. A platéia sabe que escolher entre uma polícia corrupta e uma polícia violenta não é escolha. Mas dá sinais de que não quer mais ver a bandidagem mitificada. (BOSCOV: 2007)

Assim, Tropa de Elite dá continuidade a um trabalho iniciado por Fernando Meireles em

2002, no filme Cidade de Deus, onde desfez a figura do criminoso coitado e do bandido amigo.

Meirelles e Padilha rompem, então, com a visão da maioria dos cineastas brasileiros, que sempre

justificavam o crime com a pobreza e deixavam o bandido sair “impune”, mesmo quando era

culpado.

A carência por segurança pública, principalmente da sociedade de classes mais baixas,

que/ convive de perto com esta realidade social - tráfico-favelas-policiais -, é também um fator

que leva as pessoas a terem a imagem de que a violência do BOPE é justificada, que as mortes

são merecidas, enfim a vida humana é banalizada e o filme se torna objeto de admiração destas.

É importante ressaltar também que o acesso aos meios de comunicação tem se tornado

cada vez mais fácil, sem citar a pirataria e o fato do filme ter vazado meses antes de ser lançado,

o que também causou grande repercussão. A partir do momento em que a mídia lançou Tropa de

Elite, ela responsabilizou-se por torná-lo “arma” para a transformação da realidade. Pessoas de

todas as classes sociais puderam assistí-lo e a partir de então formar a sua opinião, que leva em

conta a bagagem cultural de cada um, podendo conseqüentemente ter interpretações negativas

para a sociedade. Segundo Jean Galard:

A transmissão de imagens ao vivo em tempo de guerra, não teria grande sentido se o postulado fosse o da passividade do espectador. O pressuposto de todos os esforços empreendidos para fornecer-nos a cada imagem ao vivo é talvez, não a passividade do público, mas o peso da opinião. (GALARD: 2005, 198p)

Desconsiderando o fato da transmissão ao vivo, pelo fato do objeto de estudo ser um filme

de longa-metragem, mas levando em conta o fato de que qualquer produção da mídia perderia o

sentido se não despertasse o questionamento e posterior opinião do público.

De quem é a culpa?

Mesmo antes de estrear nos cinemas, o filme, que virou fenômeno de pirataria, desperta

uma discussão acalorada no país: de quem é a maior parcela de responsabilidade pela corrupção

da polícia e pelo tráfico de drogas em grandes cidades como Rio e São Paulo? Grande parte da

responsabilidade é da classe média e alta, de consumidores da zona sul carioca, de acordo com o

que se passa no filme.

Pode-se ver claramente em umas das cenas dramáticas, em uma “invasão” à favela, onde

o BOPE mata um traficante, no grupo de marginais, há um "estudante". Nascimento lhe

agredindo pergunta, depois de colocar a sua cara no abdômen baleado do cadáver: "Quem matou

esse cara?". Com medo, o rapaz enrola uns "não sei, não sei". Alguns tapas na cara depois, acaba

respondendo: "Foram vocês". E ouve do capitão a resposta: "Não! Foi você, seu maconheiro."

Em outra imagem forte, Maria, a namorada de um dos policiais do batalhão especial,

André Matias, lê para os colegas de classe, na faculdade, trechos do livro Vigiar e Punir, clássico

de Michel Foucault. “A legislação penal é uma rede que articula instituições repressivas do

estado; protege os ricos e pune quase que exclusivamente os pobres.” São instantes que resgatam

a polêmica central de Tropa de Elite: de quem, afinal, é a culpa?

Outra cena chocante é quando Baiano, chefe do tráfico em um morro, descobre então que

Matias, o namorado de Maria, que trabalha em uma ONG na favela, é policial. Baiano encurrala a

moça e os amigos dela (usuários de drogas), exigindo uma resposta a respeito de que lado eles

estão. Ao lado dele ou da polícia? Do lado dele, é claro, respondem. Que falam com sinceridade,

não apenas por medo, mas porque a esses garotos e garotas de fato parece impensável alinhar-se

com a autoridade e seu suposto fascismo.

Surge então o questionamento do público, da mídia: São os estudantes, usuários de

drogas, os grandes e únicos culpados por essa teia de violência? Em meio a tantos debates, que

mais embaralharam do que esclareceram as mentes, a Radis (Programa de Reunião, Análise e

Difusão de Informações sobre Saúde) ouviu a professora Maria Cecília de Souza Minayo,

coordenadora científica do Centro Latino-Americano de Estudos sobre Violência e Saúde Jorge

Careli (Claves), da ENSP/Fiocruz, que afirma que nenhum fenômeno tem apenas uma causa e

acha exagerado culpar apenas os estudantes pelo tráfico de drogas, embora o filme tenha

surpreendido e mostrado como a sociedade da classe média também é culpada, por sua

acomodação e tendência em transformar tudo em passeata e samba. Ressalta:

A questão das drogas, por exemplo, tem várias pontas. Vou colocar algumas: 1) Não haveria tráfico se não houvesse consumo — contudo, o consumo se dá tanto nas classes médias e abastadas como entre as ditas pessoas da comunidade. 2) Por outro lado, o tráfico também incentiva o consumo, busca o consumidor; ademais, o tráfico varejista de drogas no Rio de Janeiro tornou-se quase um fenômeno independente, pois é um negócio que acumula dinheiro, armas, poder, autoritarismo, violência e crueldade nas ordenações e punições e domínio de territórios. 3) Apesar de tudo isso, o tráfico varejista de drogas no Rio de Janeiro é apenas um pontinho no mapa mundial das drogas, em que os interesses econômicos e financeiros constituem um dos mais rentáveis mercados do mundo. (MINAYO: 2007)

Assim a culpa não é de determinada pessoa ou grupo, mas sim de vários fatores que

juntos contribuem para que o tráfico de drogas continue existindo.

Um dos pontos do filme que gerou bastante discussão é o modo como o BOPE “invade” a

favela, fazendo o uso de armas, matando aleatoriamente, até atingir os objetivos esperados. A

violência policial, depois da repercussão do filme, foi também um tema constantemente discutido

tanto em debates casuais como na mídia, onde se questionava quem seria certo, errado, quais as

conseqüências, a imagem da polícia após o filme, a relação polícia/ sociedade. Ressaltando assim

como a mídia constrói conceitos: “De fato muitas imagens são armas. Não são provas, são

armas”. (GALARD: 2005, 198p).

A Banalização da Violência

Robson Sávio Reis Souza questiona a banalização da violência perante uma sociedade

influenciável. A mídia tem aprofundado as discussões sobre a questão, pautando de forma cada

vez mais constante a cobertura acerca da segurança pública.

Quando se apropria, divulga, espetaculariza, sensacionaliza ou banaliza os atos de violência está atribuindo-lhes um sentido que, ao circularem socialmente, induzem práticas referidas à violência. Se a violência é linguagem – forma de comunicar algo, a mídia ao reportar os atos de violência surge como ação amplificadora desta linguagem primeira, a da violência. (SOUZA, 2008)

O filme mostra o tempo todo o diferencial do BOPE, seu treinamento, que chega a ser

desumano por ser tão violento, mas que afirmam ser o único meio de construir uma polícia que

não é corrompida, homens de valores, verdadeiros guerreiros, com táticas infalíveis, que nunca

podem errar. Retratado, por exemplo, na cena em que André Matias, aspirante do BOPE e

candidato a substituir Capitão Nascimento, depois de um longo e duro dia de treinamento começa

a cochilar em uma aula onde o Capitão explicava o conceito de Estratégia em várias línguas, e

que este percebendo, dá a André uma granada para que segurasse, assim se ele cochilasse a

soltaria e mataria todos.

Outra cena marcante é a da morte e sepultamento de um dos aspirantes, candidato a

substituto do capitão Nascimento, Neto. Ele ia ao morro levar um par de óculos que André

Matias havia mandado fazer para um garoto míope da favela (o lado humano do PM também é

bem retratado) e cai na armadilha feita para o colega. Assistir ao enterro, pra quem é PM, é uma

cena forte, pois retrata bem o sentimento da perda de colegas em combate.

E então Baiano, o assassino de Neto, torna-se alvo do BOPE. Capitão Nascimento e

André Matias, junto com outros companheiros, mesmo sem autorização, começam a torturar

pessoas que acreditavam ser suspeitas, até que encontram um garoto, que acreditam saber onde se

encontra o traficante. Espancam o menino, asfixiam-no com um saco plástico (assim como em

todas as torturas no filme), e por fim ameaçam-no a colocar um cabo de vassoura no ânus, o que

faz com que ele revele. O filme acaba com André apontando a arma para a cara de Baiano.

Outro questionamento então levantado é se o filme, portanto, faz apologia à tortura, onde

Maria Cecília de Souza Minayo responde à Radis:

Não vejo o filme como apologia da tortura: o filme denuncia a tortura como método policial, o que é diferente. O BOPE também sai machucado do filme: embora ele seja um batalhão de elite, também se macula, dando a entender que, no atual estágio de violência social, é difícil agir por outros meios. O filme na verdade fala pelo que não mostra: muito pouco uso da “inteligência policial” para garantir a segurança pública. (MINAYO: 2007)

Nada mais do que a realidade

A violência também chama atenção do público por despertar curiosidade. O filme Tropa

de Elite, que mostra um pouco da realidade favela-tráfico-polícia carioca, é um meio com que

pessoas que não conheçam, ou só ouviram falar, tenham uma idéia de como é o drama vivido no

local. “A fotografia, de modo aparentemente inédito, deu sobre a guerra visões

extraordinariamente próximas. Diminuiu as distâncias em vários sentidos” (GALARD: 2005,

199p).

Assim a fotografia é tomada como “ponte” que liga o fato ao público, ou seja, a mídia. Ela

diminui a distância entre a realidade social representada no filme, dos espectadores que não a

conhecem. A violência na mídia também é tão aceitável, pois pode ser vista como um grito por

socorro da sociedade. “Fotografar uma cena horrível é tentar torná-la inesquecível, fazer de modo

que o horror sofrido seja conhecido e o horror cometido seja indelével”. (GALARD: 2005, 213p).

O filme mostra nada mais do que nossa realidade, bem de perto. De maneira chocante,

cruel e fria. Apesar do contexto se passar no Rio de Janeiro, o tráfico de drogas e a violência, são

as principais causas para muitos dos problemas que se reflete pelo Brasil todo. Esta guerra civil

que estamos vivendo é decorrente do poder que as drogas, armas, dinheiro, corrupção e a

violência produz no cidadão brasileiro. No filme, ou melhor, na realidade o BOPE faz o papel de

lutar contra todos os fatores citados acima. Entrar nas favelas e ter como objetivo acabar com

tráfico, apreender drogas e armas. O BOPE é chamado quando a situação é crítica, ou quando

está tudo fora de controle.

Para quem vive no morro o filme não é novidade, mas para quem está de certa forma

desligado dessa realidade, ou até mesmo a desconhece, se surpreende. O principal ponto é

acordar as pessoas para o que está acontecendo, porque algo precisa ser feito, e rápido.

A violência não se tornou apenas um espetáculo, o filme Tropa de Elite teve tanta

repercussão, que se tornou fonte de inúmeros produtos, como fantasias, CDs com sua trilha

sonora, games, dentre outros; sem falar em frases do filme que foram adotadas no cotidiano de

muitas pessoas. A capacidade que a mídia tem de influenciar as pessoas é algo impossível de ser

descrito em uma palavra, mas seria como algo que nos causa impactos aos extremos, algo que

nos fascina como às vezes nos abomina.

A espetacularização da violência no filme Tropa de Elite não surpreende. A busca pela

audiência e por cada vez mais dinheiro e sucesso é ilimitável. Enquanto um meio de conquistá-

los for tornar os sentimentos em espetáculos e o público continuar aplaudindo, haverá

espetacularização e banalização na mídia.

Bibliografia:

BOSCOV, Isabela; Abaixo a mitologia da bandidagem, 2007. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/171007/p_084.shtml>. Acesso em: 08/11/2009. GONÇALVES, Danielle; A violência na Idade Mídia, 2005. Disponível em: <http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2199/A-violencia-da-Idade-Midia>. Acesso em: 08/11/2009. CARVALHO, Marinilda; Entrevista: Maria Cecília de Souza Minayo, 2007. Disponível em: <http://www4.ensp.fiocruz.br/radis/64/02.html>. Acesso em: 08/11/2009. NOVAES, Adauto; Muito além do espetáculo. In: GALARD, Jean; Guerra ao vivo; São Paulo: Editora SENAC, 2005. NOVAES, Adauto; Muito além do espetáculo. In: PERNIOLA, Mário; Cena e Violência; São Paulo: Editora SENAC, 2005. SOUZA, Robson Sávio Reis; Mídia e violência: O papel da imprensa na segurança pública, 2008. Disponível em: <http://www.forumseguranca.org.br/artigos/midia-e-violencia-o-papel-da-imprensa-na-seguranca-publica>. Acesso em: 08/11/2009.