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A ESCRITA DA HISTÓRIA: ESTUDO DA HISTÓRIA E MEMÓRIA DA COLONIZAÇÃO DE TOLEDO

Ivete Carmem Piffer1 Cláudia Monteiro2

RESUMO: O presente artigo é o resultado da intervenção pedagógica na escola, do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/2012-2013. Neste período, realizou-se uma pesquisa junto aos alunos do 6º Ano do Colégio Estadual Dr. João Cândido Ferreira – Ensino Fundamental e Médio – Toledo/Pr. O estudo se justifica pela aproximação do ensino de história à realidade da sala de aula, por meio de fotografias, visitas a museu e cemitério municipal. Como metodologia, o estudo parte de uma pesquisa bibliográfica, onde teve como objetivo estimular o aluno como sujeito participativo e de transformação dentro do tempo e espaço histórico, proporcionar o entendimento entre a história local/regional, nacional e/ou mundial e possibilitar uma reflexão crítica da memória social da cidade de Toledo. O estudo aponta para a compreensão de que o contexto vivido pelos alunos permite a relação com o conhecimento histórico já produzido, desenvolvendo a consciência histórica. Busca-se assim, um ensino expressivo, com propostas mais significativas para o ensino de história, pois é possível trabalhar conteúdos de história envolvendo os alunos em situações práticas, desafiando os mesmos a refletirem sobre os temas em estudo, construindo a própria aprendizagem. Pode-se dizer que o ensino de história hoje e sua prática pedagógica apontam para a necessidade de uma concepção de história mais crítica, permitindo ao aluno a compreensão de sua realidade social e se reconhecer como sujeito da sua própria história. PALAVRAS-CHAVE: história; memória; patrimônio cultural.

1 – INTRODUÇÃO

Ensinar história é para qualquer docente um desafio imensurável. Se

apropriar de mecanismos empíricos para enriquecer a teoria histórica é, no entanto,

para qualquer historiador um desafio. Nesta perspectiva, o presente artigo faz uma

relação direta entre a história enquanto teoria geral e o cotidiano na experiência

direta com a realidade dos alunos. Faz ainda uma conexão entre macro e micro-

história, estabelecendo uma relação entre a história contextual e o local/regional,

particularmente o Colégio Estadual Dr. João Cândido Ferreira – Ensino Fundamental

e Médio –, localizado na cidade de Toledo/Pr.

À guisa de introdução, cumpre-nos enfatizar que este estudo tem a finalidade

de oportunizar aos alunos o estudo da memória e de educação patrimonial por meio

do trabalho com análise de textos, fotos, visitas a museus e cemitério da cidade de

1 Ivete Carmem Piffer é aluna do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE da Secretaria de

Estado da Educação do Estado do Paraná – turma /2012-2013. Professora efetiva da disciplina de História lotada na cidade de Toledo/Pr. 2 Cláudia Monteiro é professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.

Orientadora do presente artigo.

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Toledo. A presente proposta foi trabalhada no 6º ano, com o projeto de intervenção

pedagógica pensada a partir das seguintes questões: quando os fatos passados

tornam-se significativos para os alunos? Como fazer para trabalhar a memória com

os alunos dos anos finais do Ensino Fundamental?

Os objetivos apresentados são estimular o aluno como sujeito participativo e

de transformação dentro do tempo e espaço histórico; selecionar conteúdos

significativos para alunos provenientes de diferentes condições culturais,

adequando-os a situações de trabalho com métodos e recursos didáticos diversos;

proporcionar aos alunos relacionar a história local/regional, nacional e/ou mundial,

valorizando o patrimônio sociocultural e a memória, respeitando as diferenças entre

as pessoas, os grupos e os povos, considerando a diversidade um elemento

importante da vida democrática; e que no final das atividades desenvolvidas os

alunos sejam capazes de construir um apanhado teórico e da memória social de

Toledo.

Tem como justificativa construir com os alunos uma problemática relativa ao

processo de colonização com base nos conteúdos a serem estudados no sexto ano,

tendo como referência o cotidiano e a realidade dos mesmos. Pretende-se mostrar

aos alunos que a história é importante para compreender não apenas o passado,

mas sobretudo o tempo presente. Assim, ao analisar o contexto vivido pelos alunos

e relacionarmos com o conhecimento histórico já produzido, estabelecemos

possibilidades de interpretação do passado que oportuniza desenvolver uma

consciência histórica.

Dessa forma, o estudo de fontes históricas por meio de pesquisa, visitas a

alguns marcos da construção da cidade, possibilitaram aos alunos a percepção da

memória histórica, por intermédio do que vivenciou durante as atividades propostas,

estabelecer relações entre a sua realidade e a de quem vivenciou os

acontecimentos do passado, entendendo assim a memória individual, coletiva e

histórica por meio da problematização de temas do tempo presente.

2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Ao longo da história, as reestruturações curriculares trouxeram ao ensino da

história no Brasil várias transformações, acompanhando muitas vezes as mudanças

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ocorridas na organização e nas propostas educacionais brasileiras, caracterizando-

se pela visão da ciência, pela função do ensino, pela relação do professor e aluno,

pelo conteúdo, pelo método e pela avaliação, sendo estas transformações ocorridas

em vários âmbitos do ensino, trazendo uma condição reprodutivista, bem como o

livro didático, sendo ainda hoje um dos temas mais debatidos por estudiosos cujo

objeto de pesquisa é o ensino dessa disciplina, somando-se à problemática da

história dos vencedores e as questões relativas ao desenvolvimento das questões

de tempo (SCHIMIDT, 2004). Segundo o referido autor, o ensino de história

constitui-se num processo de construção do fato histórico, devendo focar a

preocupação com a importância do conhecimento histórico na formação intelectual

do aluno, com isso desenvolvendo a compreensão histórica da realidade social.

Assim, deve-se compreender a história com base nos procedimentos históricos, um

dos principais desafios enfrentados pelo professor no seu cotidiano.

Nesta contextualidade, emerge a discussão sobre a memória histórica. A

mesma pode ser vista de duas maneiras: a memória individual e coletiva. A memória

individual são os acontecimentos da vida de cada pessoa, ou seja, o primeiro dia de

aula, morte de alguém da família, chegada de um irmãozinho e outros. Outros

acontecimentos como um vendaval que aconteceu no passado, fato que será

relatado por pessoas que tenham presenciado aquele acontecimento, trata-se então

da memória coletiva. Outro exemplo de memória coletiva é o museu, que segundo

Possamai (2012), é delegada a função de guardar, lugar depositário de todas as

quinquilharias que não cabem mais no guarda-roupa, em casa, enfim, na vida dos

indivíduos, grupos sociais e instituições. A mesma autora explica que as pessoas

não guardam todos os objetos que passam pelas suas mãos, fazendo uma seleção,

pelo valor do significado e tempo de conservação do mesmo.

Nas palavras de Vasconcelos (2007, p. 27) “a memória nos permite perceber

não só as mudanças mas também as permanências”. Por exemplo, uma construção

feita a mais de sessenta anos, ainda existe, ela faz as pessoas lembrarem de um

passado distante. Ela ocupa um espaço no presente e permanece com algumas

características de quando foi construído.

Para Possamai (2012) a peça no museu se transforma em sagrado. O objeto

será exposto numa vitrine, ficará intocável, com significado inquestionável, um objeto

venerado, passando a ser uma peça de museu. Ela passa ser patrimônio cultural do

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município, uma memória coletiva com uma construção social e histórica pertencente

à história do município.

Existe também a memória histórica. São os fatos que aconteceram no

passado, como a proclamação da República, história que só “existe em livros e

documentos antigos, quadros, monumentos, depoimentos orais etc. que trazem às

pessoas de hoje informações sobre o que aconteceu no passado. São as fontes

históricas” (VASCONCELOS, 2007, p. 28).

O historiador reúne todos esses elementos para analisar as informações nele

presentes. Os resultados desse trabalho é a memória histórica. Le Goff (1992, p.

476) em seus estudos afirma que a memória é preservada por meio de imagens,

inscrições, desenhos, documentos, lembranças de fatos e outros. Assim, por meio

da memória, os povos constroem sua identidade. Porquanto, “a memória é um

elemento essencial do que se costuma chamar identidade individual e coletiva, cuja

busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje”.

Dessa forma, o meio em que o sujeito se insere, influencia a memória, que é

“em partes, modelada pela família e pelos grupos sociais” (SILVA, 2003, p. 427). A

construção da identidade está relacionada com os acontecimentos vividos pelas

pessoas em suas relações sociais, que constituirão a memória e por consequência,

a identidade do sujeito. É preciso entender que a memória é um processo em que

todos nós fazemos parte, como sujeitos históricos, construída não unicamente por

mim, mas pelas pessoas que me rodeiam.

A construção da memória atinge então um âmbito social. Por isso, é preciso

ter atenção com relação à construção de uma memória nacional, ou seja, a

identidade de um país, de uma cidade, de um gênero ou de um fato histórico.

Entretanto, manipulações de memória podem ocorrer, levando a formação de uma

identidade social, ideológica, cultural, manipulada de acordo com interesses do

sistema que rege o país. Pollak (1992) ressalta que a identidade é formada a partir

do modo como as pessoas nos vêm e como queremos ser vistos por elas. Pode-se

dizer então, que a formação e a construção da identidade do sujeito que vive em

diferentes culturas, não é constituída a partir de uma única memória, mas sim de

muitas memórias. Acredita-se que um dos principais objetivos do ensino da história,

conforme Schmidt (2004, p. 125) “consiste em fazer o aluno ver-se como partícipe

do processo histórico. Esta compreensão, de um lado deve levá-lo a entender que

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sua história individual resulta de um movimento processual e de outro, o

compreender que também faz a história”.

A construção e a valoração da memória constituem um instrumento e um

objeto de poder tanto individual como social. Este poder está envolvido em sua

construção. Há interesses para que determinadas memórias sejam esquecidas ou

reforçadas. É necessário que se tenha consciência de que as estruturas ideológicas

e de poder também são dinâmicas e a memória coletiva pode ser manipulada

conforme interesses de grupos detentores de poder.

Cumpre salientar aqui a necessidade metodológica de aproximar a teoria da

história e da memória ao fazer pedagógico, tornando o ensino de história uma

realidade concreta didaticamente falando. Necessário se faz uma aproximação entre

o conhecimento histórico e a prática pedagógica. Para Freire (1996, p. 31), o nosso

conhecimento do mundo tem historicidade. Verifica-se que não há docência sem

discência, que ensinar não é transferir conhecimento e que ensinar constitui-se uma

especificidade humana. Aí, acredita-se que a história aguardando a explicar a

realidade, pode ajudar ao mesmo tempo a transformá-la.

A concepção de história do professor, sua metodologia de investigação

histórica são subjacentes, fundamentando a sua prática pedagógica, onde o método,

o conteúdo e a metodologia de ensino tornam-se inerentes ao processo de ensino-

aprendizagem e se encontram articulados e medidos por uma concepção de história

(método) que reflete uma certa concepção de mundo (BASSO, 1989). O ensino de

história está interligado à formação do docente e a sua prática pedagógica,

vinculando-se aos pressupostos teóricos relativos à sociedade, ao homem e ao

processo de conhecimento.

A formação do professor não pode ser tomada de forma abstrata e

fragmentada, isolada do contexto social. É preciso entendê-la em suas

determinações históricas, considerando a realidade econômica, social e política da

sociedade brasileira, que, através do Estado, estabelece e implementa políticas

educacionais que norteiam não só a formação do professor como as suas condições

de trabalho (BASSO, 1989, p. 2).

Ensinar história é fazer o aluno compreender e explicar, historicamente, a

realidade em que vive, através da construção de uma prática de ensino reflexiva e

dinâmica, onde a experiência do aluno deve ser tomada como ponto de partida para

o trabalho com os conteúdos, pois o aluno precisa identificar-se como sujeito da

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história e da produção do conhecimento histórico (SCHMIDT, 2004, p. 49 a 50). O

ensino de história e sua prática pedagógica apontam a necessidade de opção de

uma concepção de história mais crítica, permitindo ao aluno a compreensão de sua

realidade social e se reconhecer como sujeito da sua própria história. A preocupação

com a importância do conhecimento histórico na formação intelectual do aluno faz

com quem um dos objetivos fundamentais do ensino seja o de desenvolver a

compreensão histórica da realidade social. Dessa forma, a compreensão da história

tendo como base os procedimentos históricos tornou-se um dos principais desafios

enfrentados pelo professor no cotidiano de sala de aula.

Os conteúdos históricos escolares podem ser variados e não necessitam de

uma programação estabelecida externamente, mas é preciso ter critérios que

fundamentem sua escolha. A coerência de uma opção de conteúdos ocorre pela

concepção de história que, por sua vez, fundamenta os conceitos. Estes, juntamente

com as informações e as narrativas, constituem o conteúdo histórico escolar. Assim,

as relações de produção atuam no processo de transformação (BITTENCOURT,

2004).

A história é sempre filha de seu tempo. Ensinar história implica um trabalho

diário com temporalidade, pois podemos viajar do presente para um passado mais

próximo ou para um tempo mais remoto, de um século para outro, de um milênio

para outro, instantaneamente, num segundo. Para facilitar a compreensão dos

alunos em relação às temporalidades, muitas vezes são utilizadas as linhas de

tempos (SCHIMIDT, 2004, p. 75).

Concebe-se algumas consequências para o trabalho do historiador e para o

ensino da história, onde o trabalho com a multiplicidade do tempo mobiliza, de

maneira efetiva, a noção de duração: a da história lenta, com períodos muito longos,

uma história estrutural, como a história das mentalidades; a de média duração, uma

história conjuntural, com ondas relativamente curtas, como a história da vida social;

e uma história do tempo breve, episódica, a história das biografias e dos

acontecimentos (BRAUDEL, 1972, p. 78-79). Quando trabalha-se as relações

temporais, é possível considerar que tempo é uma categoria mental.

A reconstrução do passado exige a organização de algumas características

peculiares ao próprio tempo, pelas noções temporais: sucessão, duração,

simultaneidade, mudanças e permanências, devendo ser trabalhadas com os

alunos, pois são construídas no decorrer de sua vida e depende de experiências

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culturais. “O trabalho com as noções temporais contribui para a compreensão da

causalidade histórica, das relações entre uma época histórica e outra, um fato

histórico e outro da mesma época” (SCHMIDT, 2004, p. 77-78).

A aprendizagem do aluno terá valor didático-pedagógico e relevante quando

significativa para o próprio aluno. Sendo assim, o trabalho com o conhecimento

histórico em sala de aula se dá de duas formas: “1- conteúdo desenvolvido na

perspectiva de sua relação com a cultura experencial dos alunos e com suas

representações já construídas; 2- para uma aprendizagem significativa, é necessário

construir um ambiente de compartilhamento de saberes” (SCHMIDT, 2004, p. 50).

Isto denota a importância do conhecimento histórico na formação intelectual do

aluno, fazendo com que um dos objetivos fundamentais do ensino seja o de

desenvolver a compreensão histórica da realidade social, este como sendo um dos

principais desafios enfrentados pelo professor no dia-a-dia em sala de aula.

Ensinar história envolve um trabalho constante e sistemático somado às

experiências do aluno, com o objetivo de resgatá-las, tanto individual como

coletivamente, articulando-as com o conteúdo trabalhado em sala de aula,

oportunizando aos alunos e professores um diálogo entre presente e passado, para

identificar as possibilidades de intervenção e participação na realidade em que

vivem.

o estudo regional oferece novas óticas de análise ao estudo de cunho nacional, podendo apresentar todas as questões fundamentais da história (como os movimentos sociais, a ação do Estado, as atividades econômicas, a identidade cultural, etc. a partir do ângulo de visão que faz aflorar o específico, o próprio, o particular. A historiografia nacional ressalta as semelhanças, o regional lida com as diferenças, a multiplicidade (FONSECA, 2003, p. 222).

A sala de aula precisa ser transformada em um espaço de conhecimentos

compartilhados, pois a aprendizagem realiza-se em um coletivo que possui

necessidades e vivências peculiares. É importante também levar em consideração o

saber histórico já produzido e, também outras formas de saberes, como aqueles

difundidos ao aluno: “Por quê?”, “Como?”, “Quando?” e “O quê?” é preciso levantar

hipóteses acerca do que aconteceu, para que o aluno seja incitado a descobrir os

caminhos para desvelar mistérios que envolvem o passado, reconstruindo, por meio

do saber histórico e das fontes documentais, ou seja, a relação entre seu presente e

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outras formas ou experiências do passado (SCHMIDT, 2004, p. 52). O fato histórico

é também construção e não mero transmissor, sendo que ao repensar a história, é

preciso considerar o sentido do conhecimento.

Cada conteúdo a ser ensinado permite a construção de várias

problemáticas, cabendo ao professor contextualizar estas problemáticas,

relacionando-as com o contexto vivido pelo aluno e com o conhecimento histórico já

produzido, estabelecendo possibilidades de interpretação do passado. Além disso,

“a história deixa a desejar pela desconsideração para com a palavra escrita, pois os

documentos (no sentido amplo do termo) não são conservados ou valorizados”

(BORGES, 1996, p. 76).

Tal ensino exige fundamentos e métodos, pois não pode ser considerado

uma matéria enfadonha, desinteressante, inútil e que exige apenas memorização de

datas e fatos. Porquanto, as verificações de aprendizagem não podem estar restritas

a questionários que apresentem respostas prontas para a mera memorização. “A

busca de mudanças no ensino de história exige dessa forma que, esta repasse sua

memória, traçando novas perspectivas do ensino, rejeitando a imagem tradicional do

„narrador de histórias‟ tão a gosto da cultura oficial” (SILVA, 1981, p. 45). O ensino

da história no século XXI é de transformação e o aluno deve ser um sujeito

participativo.

É primordial despertar o interesse do aluno pelo estudo de história,

periodizando, isto é, organizando a sucessão de diferentes períodos cronológicos,

situando o aluno como sujeito participante de transformação do passado e presente

através do tempo e do espaço (NADAL e BITENCOURT, 1990, p. 73; 86). Não é

diferente quando se analisa fatos locais junto com alunos no âmbito escolar. O

ensino se torna mais concreto e a aprendizagem possível de maneira empírica.

3 – METODOLOGIA UTILIZADA

A metodologia utilizada neste artigo baseou-se em uma revisão bibliográfica,

para reflexão da temática “História e Historiografia do Paraná”, com ênfase no

ensino de história, memória individual, coletiva, histórica e patrimônio cultural.

Segundo Oliveira (2000, p. 119) “a pesquisa bibliográfica tem por finalidade

conhecer as diferentes formas de contribuição científica que se realizaram sobre

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determinado assunto ou fenômeno”.

As estratégias utilizadas giraram em torno da socialização do projeto de

intervenção pedagógica na escola com professores, direção, equipe pedagógica e

demais funcionários, membros da APMF e Conselho escolar durante a semana

pedagógica de 2013 e a discussão do tema escolhido ocorreu com os alunos do 6º

ano do Ensino Fundamental, na disciplina de História, bem como visitas ao museu

municipal e cemitério municipal, coleta de fotos, produção de textos, entrevistas com

familiares, tornando possível a análise da micro-história, na singularidade regional –

Toledo – no oeste paranaense.

As atividades tiveram as seguintes etapas: fundamentação teórica, pesquisa e

interpretação dos resultados. Acredita-se que um dos principais objetivos do ensino

da história, conforme Schmidt (2004, p. 125) consiste em fazer o aluno ver-se como

partícipe do processo histórico. Esta compreensão deve levá-lo a entender que sua

história individual resulta de um movimento processual e compreender que também

faz a história.

A intervenção pedagógica do estudo da história no tempo e no espaço deu-

se em momentos diferentes: primeiro, verificação do conhecimento que o aluno

possui sobre o assunto proposto; segundo, introdução do assunto; terceiro, trabalho

individual e em grupo e quarto, a avaliação do processo.

4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES

Buscando apreender a memória instituída e as memórias silenciadas dos

sujeitos construtores da histórica local, a presente pesquisa visou desenvolver um

estudo da história a partir de alguns marcos considerados relevantes da colonização

de Toledo. A história oficial destaca alguns personagens como os pioneiros e suas

memórias e a empresa Companhia Industrial Madeireira Colonizadora Rio Paraná

S/A (Maripá), que atuou como agente fundiário na região. Assim, elencou-se como

fontes de análise, a produção historiográfica sobre a colonização da cidade de

Toledo, além de documentos, manuscritos, entrevistas, visitas ao museu e cemitério

da cidade. Verificou-se que a clientela que frequenta o Colégio é constituída por

grupos sociais heterogêneos e a referida pesquisa oportuniza um estudo da

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memória dos antepassados destes sujeitos e a sua participação e trajetória na

construção do município.

Para trabalhar a memória com os alunos na escola, optou-se pela proposta

metodológica da história oral, pois é por meio das fontes orais que a memória é

narrada. A história oral dá a oportunidade para o aluno perceber que ele faz parte da

história, sendo partícipe. Para Moreno (2005, p. 27) “os projetos de resgate da

memória através da história oral podem ser um dos mais poderosos instrumentos de

construção da cidadania”.

A metodologia da história oral pode ser trabalhada da seguinte maneira:

história de vida, relatos e depoimentos orais. Esse trabalho foi feito, por meio das

entrevistas, gravadas ou transcritas, para que seja analisado, refletido, visando

chegar a transcrição do resultado final. O estudo da história oral permite a

valorização e preservação do patrimônio cultural, que no artigo 216, da Constituição

Federal define que [...] patrimônio cultural é formado por bens da natureza material e

imaterial, tomadas individualmente ou em conjunto, portadores de referência, à

identidade, à ação, à memória, dos diferentes grupos formadores da sociedade

brasileira [...]. Há em todo o país um riquíssimo patrimônio cultural, o qual deveria

ser parte dos conteúdos da disciplina de história, para que a memória do povo não

fosse abandonada, perdendo suas características culturais e econômicas.

Na cidade em que vivemos observa-se um acervo cultural amplo, como

museus, monumentos comemorativos, arquivos, areas preservadas, as próprias

festas tradicionais, cemitérios e outros. Estas fontes históricas, pertencentes ao

patrimônio cultural fazem parte da memória da vida da população que ali vive, das

raízes culturais e históricas daquele espaço. É preciso proporcionar aos alunos o

contato ativo e crítico com o patrimônio cultural para o desenvolvimento de uma

aprendizagem mais significativa. Nesse contexto, é preciso que os alunos

compreendam no ensino de história os conceitos de memória, monumento,

documento, patrimônio histórico, para entenderem que a história se faz pelas

permanências, mudanças, transformações das construções sociais das diferentes

sociedades e sujeitos históricos.

Apresentaremos a partir daqui o roteiro de atividades utilizadas na

intervenção pedagógica junto aos alunos, conforme metodologia anteriormente

especificada, bem como os resultados da intervenção e a interpretação teórico-

prática deste estudo. Visando despertar o interesse dos alunos pela disciplina de

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história, nesse espaço foi apresentado o desenvolvimento de oito unidades

didáticas, propondo trabalhar a memória individual, coletiva, histórica, fontes orais e

patrimônio cultural de maneira significativa. As unidades didáticas foram organizadas

contemplando: objetivos, data, duração, público alvo, procedimentos metodológicos,

recursos e material de pesquisa.

Pretendeu-se, com o desenvolvimento dessas atividades, trabalhar a história

e a memória apresentando uma metodologia diferenciada, procurando uma nova

maneira de adquirir conhecimento por meio de diferentes documentos contribuindo

para a aprendizagem e desenvolvimento dos alunos num ambiente mais atrativo,

estimulador e criativo. Segue o primeiro momento, a saber, o roteiro de atividades.

A Unidade Ii foi apresentada na semana pedagógica de fevereiro de 2013 à

Direção, Coordenação Pedagógica, Professores, membros da APMF e do Conselho

Escolar, posteriormente foi apresentada para toda a comunidade escolar e

desenvolvida com o corpo discente do Colégio Estadual Dr. João Cândido Ferreira.

A Unidade IIii teve a finalidade de trabalhar o conceito de história, visando

compreender como a história se processa enquanto prática social, desenvolvida com

alunos do 6º ano do Ensino Fundamental. A atividade envolveu questionamentos

aos alunos tais como: o que é história? Para que serve estudar história? Quem faz a

história? O que são fontes históricas? Quais são as ciências que auxiliam a história?

Qual é o trabalho do historiador?

A Unidade IIIiii trabalhou a linha do tempo, estimulando o aluno como sujeito

participativo e de transformação no tempo e espaço histórico, proporcionando ao

mesmo a partir da construção de marcos na linha de tempo de sua existência a

comparação dos acontecimentos com outros sujeitos históricos, situando-os

espacialmente e temporalmente.

A Unidade IViv teve como tema o documento escrito e a sua importância no

estudo da história, visando compreender o significado de um documento histórico e

como atuam os historiadores, como examinam as fontes e como o presente orienta

o trabalho que realizam. Ao solicitar que os alunos trouxessem uma cópia da

certidão de nascimento, por exemplo, foi possível conversar com os alunos que

nesse documento, são especificadas informações importantes, como o nome, a data

e o local do nascimento, assim como o nome dos pais e avós. A memória histórica

foi trabalhada em relação com a questão da micro história.

A Unidade Vv, cujo tema trabalhado foi história e memória, objetivou-se

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estimular os alunos por meio de análise e interpretação do texto a refletir sobre

aspectos do processo histórico em estudo de maneira que desenvolvessem o senso

crítico em relação aos conteúdos estudados, ressignificando o ensinado e

construindo o seu próprio saber.

A Unidade VIvi trouxe o debate ainda mais próximo da realidade. O tema foi

educação patrimonial: o estudo da memória a partir da análise de alguns marcos da

cidade. Esta atividade possibilitou valorizar o patrimônio histórico, reconhecendo o

papel social dos silenciados na construção da cidade de Toledo, percebendo a

riqueza das fontes históricas. Trabalhou-se com os alunos a memória oficial e as

silenciadas por meio do estudo da ocupação e organização do espaço no cemitério.

A Unidade VIIvii, com o tema patrimônio, trabalhou a colonização de Toledo

nas décadas de 1960/1970 por meio da fotografia. A finalidade nesta etapa seria

trabalhar com fotografias, onde foi solicitado que os alunos trouxessem fotos antigas

da cidade de Toledo. Posteriormente foram selecionadas fotos considerando pontos

principais da cidade, como: praças, bustos, avenidas, rodoviária, prefeitura, hospital,

ruas, parques, escolas e outros. Na sequência, foi solicitado aos alunos que

tirassem fotos dos mesmos locais (fotos antigas) selecionadas anteriormente, para

perceberem as semelhanças, diferenças e permanências desses espaços, podendo

assim comparar as fotos observando as diferenças, as representações, a conjuntura,

a finalidade, o contexto, experiências e outros.

A Unidade VIIIviii, com o tema avaliação, trabalhou especificamente o

conteúdo história, memória e patrimônio histórico, com o objetivo de construir um

apanhado teórico e de memória social da cidade de Toledo.

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

As Diretrizes Curriculares Estaduais de História (SEED-PR/DEB, 2008, p.

37), expressam que através deste estudo “busca-se despertar reflexões a respeito

de aspectos políticos, econômicos, culturais, sociais e das relações entre o ensino

da disciplina e a produção do conhecimento histórico.” É necessário ensinar aos

alunos uma história onde o professor aprende a aprender com os alunos, de forma

criativa e onde o aprender história proporciona conscientemente fazer a nossa

própria história.

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Verifica-se que diferentes realidades culturais fazem parte da comunidade

de inserção do colégio, oportunizando um processo de socialização entre família e

comunidade. Por esta razão, no ensino da história, problematizar é também,

construir uma reflexão relativa ao que se passou com base em um objeto ou um

conteúdo que está sendo estudado, tendo como referência o cotidiano e a realidade

presentes dos alunos e do professor.

O ensino de história passou por muitas transformações e mudanças nas

últimas décadas, porém em parte significativa das escolas brasileiras continua sendo

trabalhada com base na exaltação de heróis, na decoreba, sem ter muito significado

para o aluno. Diante disso, os alunos ao estudarem os conteúdos de história devem

perceber as mudanças, as permanências das sociedades no tempo, para que

possam compreender melhor a ação humana em diferentes contextos históricos e se

perceberem como sujeitos que fazem parte da história. Isso permite identificar que o

estudo de história dá oportunidade para as pessoas reviverem épocas passadas, ou

seja, saber como eram os fatos e compará-los com acontecimentos de outras

épocas sociais, usando evidentemente a memória.

À guisa de conclusão, cumpre explicitar a relevância do trabalho de

intervenção pedagógica na escola, partindo da construção teórica via projeto

pedagógico, elaborado na primeira etapa do PDE/2012. O trabalho realizado junto

aos alunos apontou que estudar fatos históricos torna real a possibilidade de que o

aprendizado tenha significados empíricos, ou seja, é mais gratificante e eficaz tornar

acessíveis teorias com pesquisas de campo com o envolvimento dos alunos, do que

tratar temas diversos na mera teorização. Enquanto a macro-história trabalha fatos

globais, a micro-história tem a possibilidade de trabalhar acontecimentos locais e/ou

regionais. Neste sentido, o estudo realizado com os alunos do 6º ano do Colégio

Estadual Dr. João Cândido Ferreira – Ensino Fundamental e Médio aproximou a

compreensão do global e do local.

Todas as vezes que se consegue, enquanto professores de história,

fazermos a relação entre o global e o local, pode-se afirmar que a aprendizagem

ganha sentido, uma vez que se consegue identificar elementos concretos junto aos

alunos. Pôde-se perceber junto aos discentes, que o ensino-aprendizagem tem

sentido palpável, portanto, afirmamos por fim, que foi de extrema relevância a

realização deste estudo.

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6 – REFERÊNCIAS BASSO, I. S. The conceptions of history as mediators of the teacher pedagogical practice. São Paulo, 1989. BORGES, V. P. O que é história? 16. ed. São Paulo: Brasiliense, 1996. BITTENCOURT, C. M. F. Ensino de história: fundamentos e métodos. São Paulo: Córtex, 2004. BLAUDEL, F. História e Ciências Sociais. Lisboa: Editorial Presença, 1972. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: 1998. BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 2008. FONSECA, S. G. Didática e prática de ensino de história: experiências, reflexões e aprendizados. Campinas, São Paulo: Papirus, 2003. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. LE GOFF, J. História e Memória. Campinas: UNICAMP, 1992. MORENO, J. C. Pensar a história. Pensar seu ensino. In: Revista de História, Rio de Janeiro: V.6, p. 27-47, 2005. NADAL, E; BITTENCOURT, C. O ensino da história e a pedagogia do cidadão. 2. ed. São Paulo: Contexto, 1990. OLIVEIRA, S. L. de. Tratado de Metodologia Científica. Pioneira, 2000. POLLAK, M. Memória e Identidade Social. In: Estudos Históricos, Rio de janeiro: Vol. 5, N. 10, p. 200-215, 1992. POSSAMAI, Z. R. Nos bastidores do museu. Patrimônio e passado da cidade de Porto Alegre. Disponível em: http://books.google.com.br/books/about/Nos_bastidores_do_museu.html?id=QtwrAAAAYAAJ&redir_esc=y. Acesso em: 27 de setembro de 2012. SCHIMIDT, Maria Auxiliadora. Ensinar história. São Paulo: Scipione, 2004. SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Diretrizes curriculares da rede pública de educação básica do estado do Paraná – História. Curitiba: SEED/DEB, 2008. SILVA, M. A. (org.). Repensando a história. São Paulo: Marco Zero, 1981.

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SILVA, H. R. da. Rememorações: comemorações: as utilizações sociais da memória. In: Revista Brasileira de História, São Paulo: V. 1, n 44, p. 425-439, 2003. VASCONCELOS, J. A. Metodologia do Ensino de História. Curitiba: IBPEX, 2007. v. 1. i UNIDADE I. OBJETIVO: Apresentar a unidade didática que será desenvolvida na escola pela professora do PDE, para toda comunidade escolar. DATA: Semana Pedagógica de fevereiro de 2013. PÚBLICO ALVO: Direção, Coordenação Pedagógica, Professores, membros da APMF e do Conselho Escolar. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Na Semana Pedagógica de 2013, será apresentada a proposta de Intervenção Pedagógica, em forma de slides, para toda a comunidade escolar a unidade didática da professora Ivete, que será desenvolvida com os alunos do 6º ano do Colégio Estadual Dr. João Cândido Ferreira. Pretende-se, com isso, esclarecer a todos da escola sobre o trabalho organizado no decorrer do PDE e que será agora trabalhado na escola e que também precisará do apoio de todos. RECURSOS UTILIZADOS: Computador. MATERIAL DE PESQUISA: Unidade Didática desenvolvida pela Professora do PDE da disciplina de História, Ivete Carmem Piffer. ii UNIDADE II. TEMA: Conceito de história. OBJETIVO: Compreender como a história se processa

enquanto prática social. CONTEÚDO: Fontes históricas, ciências auxiliares da história, fatos históricos. DATA: Março de 2013. DURAÇÃO: 5 aulas. PÚBLICO ALVO: Alunos do 6º ano, anos finais do Ensino Fundamental. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Começar a aula fazendo os seguintes questionamentos aos alunos: o que é história? Para que serve estudar história? Quem faz a história? O que são fontes históricas? Quais são as ciências que auxiliam a história? Qual é o trabalho do historiador? Dar um tempo para que em duplas discutam e escrevam o que sabem sobre os temas. Na sequência os alunos vão apresentando suas conclusões e o professor vai registrando no quadro e ficará atento para as respostas dos alunos, na tentativa de identificar o que eles já sabem sobre o assunto. Cabe ao professor ressaltar informações não contempladas e prestar esclarecimentos para as dúvidas apresentadas. RECURSOS UTILIZADOS: Quadro, pincel, caderno, caneta. MATERIAL DE PESQUISA: Explanação do professor. AVALIAÇÃO: Os alunos serão orientados a organizarem a árvore genealógica de sua família a partir de seus bisavós. Deverá pesquisar fatos marcantes da história de sua família, para depois apresentar aos colegas. Perceber que fontes históricas utilizou para pesquisar sua história.

iii UNIDADE III. TEMA: Linha do tempo. OBJETIVO: Estimular o aluno como sujeito participativo e de

transformação dentro do tempo e espaço histórico. Proporcionar ao aluno a partir da construção de marcos na linha de tempo de sua existência a comparação dos acontecimentos com outros sujeitos históricos, situando-os espacialmente e temporalmente. CONTEÚDO: Tempo: década, século, milênio; mudanças e permanências. DATA: Março de 2013. DURAÇÃO: 5 aulas. PÚBLICO ALVO: Alunos do 6º ano anos finais do Ensino Fundamental. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Construir sua história de vida com principais acontecimentos. Desenhar uma linha horizontal, dividindo de 1,5 cm, marcando os espaços com quadrados onde serão escritos os fatos que julgar mais importante. Pedir para os alunos fazerem sua história desde seu nascimento até os dias atuais em forma de linha do tempo, seguindo o seguinte roteiro: nascimento, primeiro aniversário, nascimento do irmão, casamento de irmão, acidente, presente que ganhou, entrada na escola, primeira comunhão e outros. Escolher alguém de sua família para fazer sua linha de tempo, destacando alguns acontecimentos como: nascimento, primeiro dia de escola, mudança, casamento de alguém da família, festas e outros. Comparar com a sua história de vida e destacar as semelhanças e diferenças entre as duas. RECURSOS UTILIZADOS: Papel, caneta, caderno. MATERIAL DE PESQUISA: Pessoas da família. AVALIAÇÃO: Será feita exposição dos trabalhos para a sala. iv UNIDADE IV. TEMA: O documento escrito e a sua importância no estudo da história. OBJETIVO:

Compreender o significado de um documento histórico e como atuam os historiadores, como

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examinam as fontes e como o presente orienta o trabalho que realizam. DATA: Março de 2013. DURAÇÃO: 4 aulas. CONTEÚDO: Fontes escritas. DATA: Março de 2013. DURAÇÃO: 5 aulas. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Pedir para os alunos trazerem uma cópia da certidão de nascimento, onde juntos vão estudá-lo. Conversar com os alunos que nesse documento, são especificadas informações importantes, como o nome, a data e o local do nascimento, assim como o nome dos pais e avós. De posse dos documentos, os alunos vão observar que informações estão nele contidos. Deixar que os alunos comparem seu documento com o do colega, para ver o que tem de igual e o que tem de diferente. Questionar os alunos: vocês já haviam visto este documento antes? O que acharam de interessante nele? Qual é o nome de outros familiares que aparece nele? Quem fez o registro? Que datas aparecem nele? No final propor que falem o que sentiram ao realizar a atividade. RECURSOS UTILIZADOS: Caneta, papel. MATERIAL DE PESQUISA: Certidão de nascimento de cada aluno. PÚBLICO ALVO: Alunos do 6º ano anos finais do Ensino Fundamental. AVALIAÇÃO: Participação dos alunos na atividade. v UNIDADE V. TEMA: História e memória. OBJETIVO: Estimular os alunos por meio de análise e

interpretação do texto a refletir sobre aspectos do processo histórico em estudo de maneira que desenvolvam o senso crítico em relação aos conteúdos estudados, ressignifiquem o ensinado e construam o seu próprio saber. CONTEÚDOS: as narrativas históricas contadas pelos griots africanos e idosos. DATA: Março de 2013. DURAÇÃO: 5 aulas. PÚBLICO ALVO: Alunos do 6º ano anos finais do Ensino Fundamental. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Trabalhar com o texto do livro “Guilherme Augusto Fernandes” de Men Fox e do texto Griots: “bibliotecas vivas”. Fazer a leitura dos textos e promover um debate sobre os temas, fazendo alguns questionamentos: o que é memória? O que é fonte oral? Qual dos dois textos apresenta exemplos de fonte oral? Por quê? E hoje quem nos conta as histórias, lendas e canções? O que nós sabemos sobre a capacidade de ouvir para ver? Os personagens com idades diferentes no texto do Men Fox conseguem relacionar memórias e objetos? e outros. Dando continuidade o professor solicita que os alunos tragam um objeto pertencente a memória de sua família para apresentar aos colegas. Serão propostas as seguintes perguntas: De quem era? Para que era usado? Tem valor sentimental? Para que era usado? Que época? Do que é feito? E outros. A professora vai contextualizando, observando os depoimentos destacando a importância para a vida das pessoas nos diferentes contextos históricos. Na sequência será feita uma visita ao Museu para comparar os objetos trazidos e o que estão expostos naqueles espaços. Produzir um texto sobre as discussões produzidas nas aulas. RECURSOS UTILIZADOS: Textos, caderno, caneta, museu. MATERIAL DE PESQUISA: Textos. AVALIAÇÃO: Fazer um desenho a partir das narrativas. Bibliografia: BOULOS, J. A. Griots: “bibliotecas vivas”. Coleção história: sociedade & cidadania. vi UNIDADE VI. TEMA: Educação Patrimonial: o estudo da memória a partir da análise de alguns

marcos da cidade. OBJETIVO: Valorizar o patrimônio histórico, reconhecer o importante papel social dos silenciados na construção da cidade de Toledo, perceber a riqueza das fontes históricas. CONTEÚDOS: A memória oficial e as silenciadas por meio do estudo da ocupação e organização do espaço no cemitério. DATA: Abril de 2013. DURAÇÃO: 5 aulas. PÚBLICO ALVO: Alunos do 6º ano anos finais do Ensino Fundamental. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Será proposto aos alunos uma visita ao cemitério. Tudo será previamente organizado para a visita sobre o que os alunos vão observar. Num primeiro momento irão observar e anotar todos os detalhes que lhe chamarem atenção tais como: adereços, fotos dos túmulos, datas, tipos de lápides, sobrenomes, se tem parente, localização dos túmulos, partes periféricas e centrais e outros. Num segundo momento será feita entrevistas com pessoas que visitam o cemitério (se tem costume de ir todo dia, quem visita, do que a pessoa morreu? Com que idade morreu? E outros); o coveiro (como é seu trabalho? Quanto tempo trabalha nessa profissão? Qual a memória mais antiga de um sepultamento? Pessoa mais famosa que ele sepultou? O fato mais significante que ocorreu em sua profissão?). Vários temas podem ser trabalhados a partir desta visita, porém neste trabalho será discutido a questão da memória, fazendo o aluno perceber que o cemitério é um lugar com vida, com história de pessoas que viveram e de alguma forma foram importantes tanto os pioneiros como os anônimos que tiveram sua história silenciada. RECURSOS UTILIZADOS: Prancheta, papel, caneta. AVALIAÇÃO: A partir do que observou, produzir um pequeno texto sobre o que mais chamou atenção. vii

UNIDADE VII. TEMA: Patrimônio. CONTEÚDO: A colonização de Toledo nas décadas de 1960/1970 por meio da fotografia. OBJETIVO: Relacionar a história através da memória, dentro de um contexto regional, nacional e/ou mundial. DATA: Abril de 2013. DURAÇÃO: 5 aulas. PÚBLICO

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ALVO: Alunos do 6º ano anos finais do Ensino Fundamental. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Organizar os alunos em grupos para trabalhar com fotografias. Pedir que tragam fotos antigas da cidade de Toledo. Selecionar as fotos considerando pontos principais da cidade, como: praças, bustos, avenidas, rodoviária, prefeitura, hospital, ruas, parques, escolas e outros. Na sequência, pedir que tirem fotos dos mesmos locais (fotos antigas) selecionadas anteriormente, para perceberem as semelhanças, diferenças e permanências desses espaços. Os alunos vão comparar as fotos observando as diferenças, as representações, à conjuntura, a finalidade, o contexto, experiências e outros. Deverão responder as seguintes perguntas: o que você lembra do local que fotografou? Que fatos marcantes ocorreram no espaço que fotografou? Como eram as construções antes e hoje? Qual a importância desse local para a cidade? Cada grupo apresenta suas conclusões e depois registram em forma de texto. RECURSOS UTILIZADOS: Papel, caneta, caderno, máquina fotográfica e fotos. FONTES DE PESQUISA: Fotografias de Toledo. AVALIAÇÃO: Apresentação das conclusões e registrar em forma de texto. viii

UNIDADE VIII. TEMA: Avaliação. CONTEÚDO: História, memória, patrimônio, conceito de história. OBJETIVO: Construir um apanhado teórico e de memória social de Toledo através das atividades desenvolvidas nas unidades anteriores. DATA: Março de 2013. DURAÇÃO: 3 aulas. PÚBLICO ALVO: Alunos do 6º ano anos finais do Ensino Fundamental. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Retomar com os alunos estudos feitos sobre memória, solicitando que escrevam o que aprenderam. Os textos produzidos serão organizados na forma de um livro e será exposto no site da escola. RECURSOS UTILIZADOS: Papel, caneta, caderno. MATERIAL DE PESQUISA: Todo o material utilizado durante as aulas. AVALIAÇÃO: Produção de Texto.