a escola e a compreensão da realidade

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___________________________________________________________________________ Revista Marcas Educativas Teresina, v.1, n.1, p. 86-88, Ago., 2011 http://www.semec.pi.gov.br/revista NIDELCOFF, Maria Teresa. A escola e a compreensão da realidade. São Paulo: Brasiliense, 1987; 101p. Cícera Maria de Carvalho¹ Maria Teresa Nidelcoff é formada em História pela Faculdade de Filosofia de Rosário, município de Santa Fé na Argentina. Foi professora dos cursos primário, secundário e superior. Na Espanha, trabalhou no ensino primário e atualmente é professora de uma escola técnica em um bairro popular de Madri. A brasiliense publicou os livros: Uma escola para o povo; As ciências sociais na escola; A escola e a compreensão da realidade. O livro “A escola e a compreensão da realidade” está dividido em quatro capítulos versando sobre as temáticas: Os homens de nossa localidade cujo objetivo é ver e compreender a realidade; Os homens do nosso tempo que discute a tomada de consciência dos problemas de nossa época, assumindo compromissos diante dos mesmos; Os homens de outros lugares que busca conhecer e compreender como vivem e se desenvolvem os homens de diferentes lugares; Os homens de outros tempos que busca situar o ser humano na realidade com um senso crítico, apelando para a dimensão “passada” dando elementos necessários para a compreensão do presente. O primeiro capítulo da obra trata do tema os homens de nossa localidade e faz uma abordagem sobre o estudo do meio que a princípio parece ser uma bobagem, mas que toma conotações diferentes de acordo com a idade das crianças. Segundo Nidelcoff, para se estudar o meio requer que se leve em consideração três objetivos: aprender a ver e analisar a realidade; fomentar nas crianças uma atitude de curiosidade, observação e crítica diante da realidade; iniciar as crianças no estudo da geografia. O segundo capítulo do livro tem por título os homens de nosso tempo e a temática aborda a tomada de consciência dos problemas de nossa época, com perspectivas de assumir um compromisso diante dos mesmos, em que a autora se mostra preocupada com o tratamento dado as “atualidades” na escola. Diante da preocupação apresentada pela autora, ela mesma aponta objetivos para se trabalhar notícias atuais no âmbito escolar, como: incentivar atitudes de interesse, tomada de consciência da responsabilidade, atividade crítica e reflexiva diante da informação e dos próprios fatos; ajudar as crianças a adquirir capacidade de informar-se, procurando informações e de relacionar fatos entre si; ajudar as crianças a alcançar compreensões sobre os problemas principais das características do momento histórico e sua inter-relação com os problemas contemporâneos; ajudar a criança a vivenciar a escola como um lugar para dialogar e pensar com outras pessoas sobre o que acontece no mundo. Contudo, a autora também apresenta algumas dificuldades na realização desse tipo de trabalho e algumas sugestões de superação. _________________ ¹Graduada em Pedagogia pela UFPI. Pós-Graduada em Psicopedagogia pela FACINTER. Diretora da E. M. Mário Quintana.

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Page 1: A escola e a compreensão da realidade

___________________________________________________________________________ Revista Marcas Educativas Teresina, v.1, n.1, p. 86-88, Ago., 2011

http://www.semec.pi.gov.br/revista

NIDELCOFF, Maria Teresa. A escola e a compreensão da realidade. São Paulo: Brasiliense, 1987; 101p.

Cícera Maria de Carvalho¹

Maria Teresa Nidelcoff é formada em História pela Faculdade de Filosofia de Rosário, município de Santa Fé na Argentina. Foi professora dos cursos primário, secundário e superior. Na Espanha, trabalhou no ensino primário e atualmente é professora de uma escola técnica em um bairro popular de Madri. A brasiliense publicou os livros: Uma escola para o povo; As ciências sociais na escola; A escola e a compreensão da realidade.

O livro “A escola e a compreensão da realidade” está dividido em quatro capítulos versando sobre as temáticas: Os homens de nossa localidade cujo objetivo é ver e compreender a realidade; Os homens do nosso tempo que discute a tomada de consciência dos problemas de nossa época, assumindo compromissos diante dos mesmos; Os homens de outros lugares que busca conhecer e compreender como vivem e se desenvolvem os homens de diferentes lugares; Os homens de outros tempos que busca situar o ser humano na realidade com um senso crítico, apelando para a dimensão “passada” dando elementos necessários para a compreensão do presente.

O primeiro capítulo da obra trata do tema os homens de nossa localidade e faz uma abordagem sobre o estudo do meio que a princípio parece ser uma bobagem, mas que toma conotações diferentes de acordo com a idade das crianças.

Segundo Nidelcoff, para se estudar o meio requer que se leve em consideração três objetivos: aprender a ver e analisar a realidade; fomentar nas crianças uma atitude de curiosidade, observação e crítica diante da realidade; iniciar as crianças no estudo da geografia.

O segundo capítulo do livro tem por título os homens de nosso tempo e a temática aborda a tomada de consciência dos problemas de nossa época, com perspectivas de assumir um compromisso diante dos mesmos, em que a autora se mostra preocupada com o tratamento dado as “atualidades” na escola.

Diante da preocupação apresentada pela autora, ela mesma aponta objetivos para se trabalhar notícias atuais no âmbito escolar, como: incentivar atitudes de interesse, tomada de consciência da responsabilidade, atividade crítica e reflexiva diante da informação e dos próprios fatos; ajudar as crianças a adquirir capacidade de informar-se, procurando informações e de relacionar fatos entre si; ajudar as crianças a alcançar compreensões sobre os problemas principais das características do momento histórico e sua inter-relação com os problemas contemporâneos; ajudar a criança a vivenciar a escola como um lugar para dialogar e pensar com outras pessoas sobre o que acontece no mundo. Contudo, a autora também apresenta algumas dificuldades na realização desse tipo de trabalho e algumas sugestões de superação.

_________________ ¹Graduada em Pedagogia pela UFPI. Pós-Graduada em Psicopedagogia pela FACINTER. Diretora da E. M. Mário Quintana.

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O terceiro capítulo aborda a temática os homens de outros lugares que visa trabalhar a geografia como meio de ajudar as crianças a obter a compreensão do ser humano na íntegra, isto é, compreendê-lo em seu meio físico, biológico e cultural.

Nidelcoff faz uma tentativa de definir a geografia sob o prisma de duas vertentes. Por um lado, é vista como ciência cujo objetivo „é estudar as relações existentes entre homens que vivem em sociedade e o meio ambiente em que se encontram‟; por outro lado, ela é vista como „a localização, descrição, explicação e comparação das paisagens e das atividades humanas na superfície do globo‟.

O quarto capítulo aborda a temática os homens de outros tempos em que a autora fala da necessidade de se recorrer à história como meio de conhecer e compreender como vivem os homens em ouros lugares.

Nidelcoff define a história como ciência que estuda o passado do homem através da interpretação de testemunhas com a finalidade de compreender o presente e embasado nesse pressuposto dá algumas indicações de como trabalhar a história, fazendo reflexões sobre os conteúdos e métodos aplicados.

A autora também apresenta sugestões metodológicas para cada tema abordado no livro. Em os homens de nossa localidade, as crianças podem estudar seu meio através da observação guiadas ou não pelo professor; realização de excursões, de reportagens e pesquisas, que de acordo com a idade da criança pode ser questionários abertos ou fechados; em os homens de nosso tempo fora sugerida para as séries iniciais o estudo do meio através da oralidade sobre o que ocorre na escola, na família, na localidade; escrita e ilustrações trazidas pelas crianças; escrita do diário de classe ou do diário mural. Nas últimas séries do 1º grau a sugestão é trabalhar com material de jornais e revistas; margens, invenções, notícias sobre costumes e modos de vida de outros países, fenômenos da natureza. No 2º grau a sugestão é permitir que as crianças selecionem os temas que desejem discutir, desde que seja educativo; em os homens de outros lugares foram apresentada as seguintes sugestões: observação, descrição, explicação, comparação, representação por plano, manejo do vocabulário geográfico, excursões; utilização de mapas para traçado de planos partindo da realidade; representação e localização de dados; leituras de mapas; interpretação e execução de gráficos; observação de lâminas, fotografias e diapositivos; leituras informativas; leituras motivadoras; entrevistas, discos folclóricos; escrever para professores e alunos; produção de monografias regionais; em os homens de outros tempos, as sugestões foram antes dos 14 anos dever ser descritiva: interpretação de testemunhas históricas, edifícios, móveis objetos de uso diário, fotografias, pinturas, revistas, jornais; cartas datadas do século XVII; investigação sobre a história local; visita a museus; estabelecer relações com o presente; fazer gráficos representativos da relação dos acontecimentos no tempo; leitura de biografias, contos, novelas e poesias; escuta de discos; fixação de vocabulário histórico.

Maria Teresa Nidelcoff tece de forma crítica e numa linguagem simples alguns comentários sobre os temas profundamente abordados em seu livro, salientando que a escola deveria trabalhar o tempo e o espaço de uma forma mais contextualizada, portanto menos formal e mais real.

A leitura prazerosa de mais um livro de Nidelcoff fez refletir sobre a razão pela qual a maioria dos alunos, até então, tem verdadeira ojeriza às disciplinas História e Geografia, levando a conclusão de que a metodologia a elas aplicada só tem levado o aluno à “decoreba”, ato mental de memorização do que tem nos livros didáticos,

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acarretando em atividades descontextualizadas. Contudo, Nidelcoff nos presenteia com valiosas atividades que permitirão ao aluno uma aprendizagem mais prazerosa e voltada para sua realidade e ao professor modificar sua prática docente, em que aquele será instrumento de sua própria aprendizagem e este coordenador dos estudos.