a dor dos que tentavam

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Ele tentava, ela insistia mais ainda... As mãos se encontravam, os olhares se cruzavam, mas existia um enorme vazio que lhes pertencia. Era uma perda adiada, por mais que continuassem parecia que algo impedia, talvez uma nuvem de passagem, talvez a falta de desconcertamento e desconcentração - porque só pensavam naquilo e com isso perdiam a liberdade, as dores não lhes saíam do coração. Não queriam perder um ao outro, então se amarravam, se acorrentavam na beira da mesa, se prendiam com retalhos de amor... um amor que restava, uma sobra do que foi um dia. Talvez fosse uma nova perspectiva, talvez aquela morte metafórica fosse necessária. O fato é que quanto mais tentavam se aproximar, mais viam os machucados, as feridas abertas um do outro - um peso insuportável... Só restava saber se seria possível cicatrizar uma veia que jorrava dor aos litros. LE TICIA CONDE

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LE TICIA CONDE

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Ele tentava, ela insistia mais ainda... As mos se encontravam, os olhares se cruzavam, mas existia um enorme vazio que lhes pertencia. Era uma perda adiada, por mais que continuassem parecia que algo impedia, talvez uma nuvem de passagem, talvez a falta de desconcertamento e desconcentrao - porque s pensavam naquilo e com isso perdiam a liberdade, as dores no lhes saam do corao. No queriam perder um ao outro, ento se amarravam, se acorrentavam na beira da mesa, se prendiam com retalhos de amor... um amor que restava, uma sobra do que foi um dia. Talvez fosse uma nova perspectiva, talvez aquela morte metafrica fosse necessria. O fato que quanto mais tentavam se aproximar, mais viam os machucados, as feridas abertas um do outro - um peso insuportvel... S restava saber se seria possvel cicatrizar uma veia que jorrava dor aos litros.LE TICIA CONDE