a dois meses do enem_ veja dicas para fazer uma redação nota 1

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A dois meses do Enem: veja dicas para fazer uma redação nota 1.000 O caminho para uma redação perfeita é árduo. Diversos pontos devem ser observados, e manter a calma para atender a todas as exigências dos corretores é difícil. Cobrase coesão, embasamento, articulação. No meio disso tudo, o aluno ainda esbarra nas peculiaridades da língua culta e formal. Para ajudar o estudante a esclarecer dúvidas e se preparar para a prova de redação, o Terra montou um guia com dicas de candidatos que tiraram a nota máxima e de especialistas. Praticar a leitura e escrever textos, estar atendo às normas gramaticais, saber o que pode e o que não pode na hora da prova, organizar o tempo e manter a calma são importantes para garantir o bom desempenho. Veja a seguir todas as dicas para se dar bem na redação. Dicas de quem fez uma redação nota máxima Lais Inoue Kurush, hoje estudante de engenharia civil na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), alcançou 1 mil pontos na redação do Enem de 2012. Mesmo tendo se baseado praticamente no enunciado da prova para desenvolver o texto, a estudante, que teve média geral de 788 pontos, considera essencial estar atento a assuntos pertinentes para se dar bem na redação. “Com foco do texto em atualidades, os candidatos devem ler livros, revistas, jornais, para ter uma noção melhor na hora da prova, Eu, por exemplo, comprava jornais todos domingos para me informar”, comenta Lais. Surpreendida pelo tema, a candidata não esperava ter tirado nota máxima. “Na hora até deu um pouco de desespero, mas depois de parar para pensar e analisar o tema, consegui desenvolver melhor”, conta. Passado o nervosismo de ver um tema que não esperava, Lais relembrou das notícias que havia visto e lido para formular a proposta de intervenção, uma exigência da prova, segundo a qual o estudante deve elaborar propostas para resolver um problema. “Sempre via na televisão que muitos haitianos estavam vindo para o Brasil, mas que não tinham condições adequadas para ficar. Por isso, pensei que o certo seria criar medidas para a permanência deles por aqui”, afirma. Manter a calma Na véspera da redação, não adianta querer treinar ou se cansar com mil leituras. A estudante de engenharia química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), BeatrizGuillon Ribeiro Delorme (na foto ao lado), também tirou nota mil em sua redação em 2012. Ela conta que, um dia antes da prova, o melhor a se fazer é descansar e se distrair. “As provas do Enem dependem muito do estado de espírito do aluno, se ele está tranquilo ou não. Na véspera da prova eu procurei ficar calma, cuidar da saúde, descansar”, conta. No dia da prova, Beatrizaconselha que o aluno comece pela matéria em que ele tem mais confiança, o que ajuda a manter a calma. Se começar pelo mais difícil, o estudante corre o risco de ficar nervoso e começar a errar naquilo que ele domina, diz. A aluna montou sua própria estratégia para construir um texto nota mil. Ela começou lendo todos os textos de apoio e destacou neles o que mais chamava sua atenção e o que pudesse utilizar em seus argumentos. Ali mesmo ela começou a fazer um planejamento do que iria escrever. Depois pensou na tese que apresentaria e nos argumentos que a sustentariam. Fezum roteiro na folha de rascunho com as ideias que colocaria em cada parágrafo. Depois disso, foi para a folha da prova e desenvolveu seus pensamentos, sem descuidar da norma culta. Plagiar ou xingar: veja o que dá nota zero Nem receitas de macarrão, muito menos hino de time de futebol. Apartir deste ano, a prova de redação do Enem se tornará mais rigorosa e punirá com um zero bem redondo textos com deboches e trechos deliberadamente desconectados com o tema proposto, como ocorreu na edição do ano passado e causou críticas profundas à correção. Segundo o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, as medidas, que foram tomadas após a divulgação dos textos com gracinhas, têm como objetivo recuperar a credibilidade do exame. Na opinião de professores, a ação é correta, já que o Enem é uma prova nacional e precisa ser levada a sério. “Essas regras que vieram restringir e dificultar o acesso são um ponto importante para a educação melhorar. Daqui para a frente, o candidato não pode mais brincar”, afirma a professora de língua portuguesa do Curso da Poli Eva Albuquerque. Com a ajuda de professores de gramática e redação e com base no edital do exame, entenda melhor em quais situações os textos podem ser anulados: Fuga ao tema Entre as novas regras do edital deste ano, textos que não forem coerentes com a estrutura textual dissertativaargumentativa e que apresentarem trechos sem relação com o tema proposto configurarão “fuga ao tema” e receberão zero. Para que isso não ocorra, afirma a professora de redação e gramática do Cursinho do XI Edna Barbosa do Santos, os candidatos precisam ter segurança para escrever, o que depende de muita leitura. “Ler jornais e revistas vai fazer com que o aluno tenha vocabulário para desenvolver o seu pensamento”, orienta. Aprofessora ainda ressalta três pontos essenciais para desenvolver um bom texto dissertativo: técnica, treino e conhecimento. Os dois primeiros, segundo ela, podem ser obtidos ainda na escola ou em cursos prévestibulares. O conhecimento, no entanto, precisa ser buscado pelo próprio aluno. “Não há professor que consiga oferecer essa parte. O aluno precisa ir atrás da informação, se atualizar”, diz.

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27/04/2015 A dois meses do Enem: veja dicas para fazer uma redação nota 1.000

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A dois meses do Enem: veja dicas para fazer uma redação nota 1.000

O caminho para uma redação perfeita é árduo. Diversos pontos devem ser observados, e

manter a calma para atender a todas as exigências dos corretores é difícil. Cobra­se

coesão, embasamento, articulação. No meio disso tudo, o aluno ainda esbarra nas

peculiaridades da língua culta e formal.

Para ajudar o estudante a esclarecer dúvidas e se preparar para a prova de redação,

o Terra montou um guia com dicas de candidatos que tiraram a nota máxima e de

especialistas. Praticar a leitura e escrever textos, estar atendo às normas gramaticais,

saber o que pode e o que não pode na hora da prova, organizar o tempo e manter a

calma são importantes para garantir o bom desempenho. Veja a seguir todas as dicas

para se dar bem na redação.

Dicas de quem fez uma redação nota máxima

Lais Inoue Kurush, hoje estudante de engenharia civil na Escola Politécnica da

Universidade de São Paulo (USP), alcançou 1 mil pontos na redação do Enem de 2012.

Mesmo tendo se baseado praticamente no enunciado da prova para desenvolver o texto,

a estudante, que teve média geral de 788 pontos, considera essencial estar atento a assuntos pertinentes para se dar bem na

redação. “Com foco do texto em atualidades, os candidatos devem ler livros, revistas, jornais, para ter uma noção melhor na hora

da prova, Eu, por exemplo, comprava jornais todos domingos para me informar”, comenta Lais.

Surpreendida pelo tema, a candidata não esperava ter tirado nota máxima. “Na hora até deu um pouco de desespero, mas depois

de parar para pensar e analisar o tema, consegui desenvolver melhor”, conta. Passado o nervosismo de ver um tema que não

esperava, Lais relembrou das notícias que havia visto e lido para formular a proposta de intervenção, uma exigência da prova,

segundo a qual o estudante deve elaborar propostas para resolver um problema. “Sempre via na televisão que muitos haitianos

estavam vindo para o Brasil, mas que não tinham condições adequadas para ficar. Por isso, pensei que o certo seria criar

medidas para a permanência deles por aqui”, afirma.

Manter a calma

Na véspera da redação, não adianta querer treinar ou se cansar com mil leituras. A estudante de engenharia química da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Beatriz Guillon Ribeiro Delorme (na foto ao lado), também tirou nota mil em sua

redação em 2012. Ela conta que, um dia antes da prova, o melhor a se fazer é descansar e se distrair. “As provas do Enem

dependem muito do estado de espírito do aluno, se ele está tranquilo ou não. Na véspera da prova eu procurei ficar calma, cuidar

da saúde, descansar”, conta.

No dia da prova, Beatriz aconselha que o aluno comece pela matéria em que ele tem mais confiança, o que ajuda a manter a

calma. Se começar pelo mais difícil, o estudante corre o risco de ficar nervoso e começar a errar naquilo que ele domina, diz. A

aluna montou sua própria estratégia para construir um texto nota mil.

Ela começou lendo todos os textos de apoio e destacou neles o que mais chamava sua atenção e o que pudesse utilizar em seus

argumentos. Ali mesmo ela começou a fazer um planejamento do que iria escrever. Depois pensou na tese que apresentaria e

nos argumentos que a sustentariam. Fez um roteiro na folha de rascunho com as ideias que colocaria em cada parágrafo. Depois

disso, foi para a folha da prova e desenvolveu seus pensamentos, sem descuidar da norma culta.

Plagiar ou xingar: veja o que dá nota zero

Nem receitas de macarrão, muito menos hino de time de futebol. A partir deste ano, a prova de redação do Enem se tornará mais

rigorosa e punirá com um zero bem redondo textos com deboches e trechos deliberadamente desconectados com o tema

proposto, como ocorreu na edição do ano passado e causou críticas profundas à correção.

Segundo o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, as medidas, que foram tomadas após a divulgação dos textos com

gracinhas, têm como objetivo recuperar a credibilidade do exame. Na opinião de professores, a ação é correta, já que o Enem é

uma prova nacional e precisa ser levada a sério.

“Essas regras que vieram restringir e dificultar o acesso são um ponto importante para a educação melhorar. Daqui para a frente,

o candidato não pode mais brincar”, afirma a professora de língua portuguesa do Curso da Poli Eva Albuquerque.

Com a ajuda de professores de gramática e redação e com base no edital do exame, entenda melhor em quais situações os

textos podem ser anulados:

Fuga ao tema

Entre as novas regras do edital deste ano, textos que não forem coerentes com a estrutura textual dissertativa­argumentativa e que

apresentarem trechos sem relação com o tema proposto configurarão “fuga ao tema” e receberão zero. Para que isso não ocorra,

afirma a professora de redação e gramática do Cursinho do XI Edna Barbosa do Santos, os candidatos precisam ter segurança

para escrever, o que depende de muita leitura. “Ler jornais e revistas vai fazer com que o aluno tenha vocabulário para desenvolver

o seu pensamento”, orienta.

A professora ainda ressalta três pontos essenciais para desenvolver um bom texto dissertativo: técnica, treino e conhecimento. Os

dois primeiros, segundo ela, podem ser obtidos ainda na escola ou em cursos pré­vestibulares. O conhecimento, no entanto,

precisa ser buscado pelo próprio aluno. “Não há professor que consiga oferecer essa parte. O aluno precisa ir atrás da

informação, se atualizar”, diz.

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27/04/2015 A dois meses do Enem: veja dicas para fazer uma redação nota 1.000

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Texto muito curto

A leitura também é fundamental para que o aluno não corra o risco de precisar “enrolar” no texto. Isso porque, caso não consiga

escrever ou não alcance o número mínimo de linhas, o candidato terá a prova zerada. Para não se perder, portanto, o aluno deve

criar uma lista, enumerando os pontos principais do texto.

“Sugiro sempre que os alunos façam uma lista de compras antes de começar a escrever. Nela, coloca­se alguns tópicos, para

que não se perca nenhum detalhe no que se quer abordar no texto. Feito isso, basta juntar os pontos e ordenar os fatos”,

aconselha o professor de gramática e redação do Curso A4 Jeferson de Salles.

Cópia ou xingamento

Além de direcionar para o tema proposto, as coletâneas de apoio (textos que servem de abertura para o tema da redação) também

podem se tornar grandes inimigas dos candidatos. Isso porque não é raro que os alunos acabem parafraseando ou, até mesmo,

copiando partes desses textos, o que acarreta na anulação da prova.

Para a professora Edna, o uso das coletâneas precisa ser moderado. “O máximo que os alunos podem utilizar são dados

estatísticos ou alguma citação de autores incluída nos textos”, orienta. Além disso, frases com impropérios, insultos ou desenhos

também serão anulados.

Veja erros comuns na redação e como evitá­los

Em mio ao nervosismo e a necessidade de preencher uma folha com argumentos bem embasados, os candidatos do Enem

ainda precisam se ater a norma culta da língua. Erros de gramática e ortografia se repetem e afastam os alunos da nota máxima.

Contra tudo isso, recomenda­se calma. “Entende­se que o momento da prova é uma fase de muito nervosismo, mas são

necessárias concentração e muita prática para o sucesso”, ensina a professora Talita Aguiar, do Curso Progressão Autêntico.

Outra dica infalível, dizem os mestres, é a leitura. Essa é, talvez, a única forma de realmente se aprender a fazer uma boa redação.

“O aprendizado se dá ao longo do tempo, com o convívio com a língua padrão. E onde está a língua culta? Nos livros”, diz

Francisco Platão, professor do Sistema Anglo de Ensino. Vivian Carrera, do Cursinho do XI, diz que uma associação incorreta, com

o “auxílio” da pressa e do nervosismo na hora da prova, faz com que se coloquem acentos em palavras que não os têm ou que se

esqueçam algumas regras. Além da leitura, ela também exalta o hábito da escrita: “Escrever põe em prática as normas

assimiladas”.

Confira os principais erros ortográficos e gramaticais na opinião de Talita, Platão, Vivian e os professores Ana Paula Ramos, do

Sistema Elite de Ensino, e Ester Chapiro, psicopedagoga da Central de Professores – Soluções Pedagógicas.

Haver

Ana Paula Ramos diz que muitos erros estão relacionados com o verbo haver: “Dificilmente os candidatos acertam o emprego

desse verbo, já que sabem que os verbos concordam com o núcleo do sujeito de uma frase”. Contudo, ressalta a professora, na

língua portuguesa, sempre existem exceções. Por isso, ela dá uma dica:

“Na maioria dos casos em que o verbo haver é empregado, ele não tem sujeito, ele é sujeito inexistente. Portanto não há com

quem esse verbo concordar. Se não há com quem concordar, ele ficará no singular, independentemente do seu tempo e modo

verbal. Que casos são esses? Quando o verbo haver indicar tempo transcorrido”, explica, citando como exemplos a frase “há duas

semanas, vi­o caminhando na rua” e o caso do verbo empregado no sentido de existir, como em “havia 20 alunos naquela sala”.

Onde

É um erro comum usar “onde” para se referir a não­lugares, aponta Ana Paula. “Os candidatos costumam jogar o pronome relativo

onde em tudo o que é lugar. Porém, cuidado! Onde só retoma lugar”, diz a professora. Caso o aluno queira retomar um nome que

não é um lugar concreto, o correto é usar “em que”, “no qual”, “nos quais”, “na qual” ou “nas quais”.

Vivian também comenta que é comum o uso incorreto do pronome de lugar “onde”. Ela dá um exemplo do erro na frase “a amizade

é algo presente na vida de todos, onde muitos se esquecem disso”. No caso, o “onde” não se refere a um lugar, portanto, não deve

ser usado.

Pronomes demonstrativos

Segundo os professores, é recorrente a confusão entre pronomes demonstrativos como “este”, “esse” e “aquele”. Ana Paula

ensina: “Essas são formas usadas para retomar ou anunciar nomes que utilizamos ou utilizaremos. Servem para não ficarmos

repetindo sempre a mesma palavra”.

Entenda: “este”, “esta” e “isto” são usados para anunciar, como, por exemplo, na frase “o maior problema do continente africano é

este: a fome”. “Esse”, “essa” e “isso” servem para retomar algo recentemente dito. Exemplo: “O maior problema do continente

africano é a fome. Essa se apresenta também em países asiáticos”. “Aquele”, “aquela” e “aquilo” usa­se para retomar um nome

dito antes do último nome que aparece: “Gosto de goiabada e queijo. Aquela porque é doce.”

Quando houver três elementos, diz a professora, o correto é: “Tenho três irmãos: Antônio, Arnaldo e Amadeu. Aquele é arquiteto,

esse é advogado e este aeronauta”. Vivian também dá exemplos do mau uso desses pronomes: No texto é necessário conhecer

as próprias limitações.

Concordância

Ana Paula explica que o candidato costuma fazer a concordância do verbo com a palavra que vem imediatamente antes dele,

como, por exemplo, “a participação dos manifestantes foram muito importantes” ou “as roupas da Joana é muito bonita”. A dica

para fugir desse erro é, segundo a professora, lembrar que o verbo concorda com o núcleo do sujeito. “Nas frases anteriores,

participação é o núcleo do sujeito da primeira frase, por isso, o verbo fica no singular. Na segunda frase, roupas é o núcleo do

sujeito, então o verbo fica no plural”.

Vivian destaca outro erro de concordância comum: ” Fazem dois anos que ninguém resolve o problema”. Os verbos “fazer” e

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“haver”, quando indicam tempo cronológico, não têm plural. O correto seria: “Faz dois anos que ninguém resolve o problema”.

Pleonasmo

O conselho é ter cuidado com textos cheios de palavras repetidas e ideias que chegam a um mesmo ponto: “Eles não são

apreciados pelos corretores”, aponta Talita Aguiar. Segundo ela, quanto mais repetidas forem as ideias, mais claro fica que o

candidato não tem conhecimento suficiente para escrever um bom texto. “Diversifique seus argumentos. Uma ótima dica para isso

é a constante leitura”, aconselha.

Vivian traz um exemplo de redundância: “Aconteceu uma manifestação há dez dias atrás, então é necessário criar novas saídas

para as discussões”. A professora explica que ou se usa “há” ou “atrás”, ressaltando que “criar” e “novas” também apresentam a

mesma ideia.

Pontuação

Ana Paula ressalta, aqui, o uso da vírgula: “As pessoas costumam colocar vírgula quando lhes falta ar, quando precisam de uma

pausa para respirar”. Contudo, a vírgula é uma questão sintática e não de entoação. Ela relembra que é importante saber que a

ordem padrão de uma frase na língua portuguesa é: sujeito + verbo + complementos (direto e/ou indireto) + adjunto adverbial.

A dica, nesse caso, é: “Se a frase estiver nessa ordem, não há motivos para virgular, só existe regra para o adjunto adverbial – se

ele estiver em outra posição que não seja no final, será virgulado”. Ana Paula acrescenta que, além dessa, há outras regrinhas da

vírgula que convêm serem estudadas. Ester Chapiro aconselha: “É preciso conhecer as regras de pontuação para garantir o

sentido do texto. Não abuse das exclamações e evite o uso dos parênteses”, diz.

Coloquialismo

Para Talita Aguiar, esse é um dos principais erros nas redações: “Muitos alunos fazem uso de gírias ou expressões que usam no

dia a dia, mas essas não devem ser empregadas, visto que tornam o texto muito informal. Deve­se substituí­las pela norma culta”.

Ester Chapiro chama a atenção dos candidatos para o fato de que a escrita não funciona exatamente do modo como falamos.

“Cuidado ao tentar escrever de maneira simples para não exceder na simplicidade. A formalidade deve estar acima do

coloquialismo, portanto nunca use gírias, palavras de baixo calão e abreviaturas”. Chapiro acrescenta que palavras estrangeiras

só deverão ser usadas quando não houver outra com o mesmo significado em português.

Uso da primeira pessoa do singular

O uso do “eu” nas provas é um erro constante. Ana Paula explica que, quando os candidatos se identificam com o tema, “eles

parecem se empolgar e começam a escrever suas experiências relativas ao assunto”. Ela indica aos alunos, nesses casos,

lembrar que a redação do Enem é do gênero dissertativo­argumentativo, no qual predomina a impessoalidade, e é aceitável, no

máximo, a primeira pessoa do plural, nós, que marca a coletividade, ou seja, que aquele pensamento é compartilhado por um

grupo.

“O texto não é um diário no qual se expõem relatos pessoais”, complementa. Portanto, nada de usar expressões como “na minha

opinião” ou “eu acho”.

Clichês e generalizações

Clichês, frases prontas e provérbios devem ser evitados, porque mostram ao corretor falta de originalidade do candidato para

expor suas opiniões. Para Talita Aguiar, também se deve evitar argumentos generalizadores:

“Expressões como a população é alienada , o povo brasileiro não acredita generalizam muito a ideia. Procure particularizar seus

argumentos”, ensina. Ester Chapiro ressalta a importância de demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos

necessários para a construção da argumentação: “Esse domínio você adquire através da leitura de jornais, revistas e livros. O

importante é conseguir, ao escrever, convencer o leitor de que tem conhecimentos fundamentados”.

Semelhança sonora

É Vivian quem aponta erros comuns relacionados à semelhança sonora entre as expressões. Ela explica com exemplos: “isso

não tem haver” no lugar da forma correta “isso não tem a ver”; “ele não sabe lhe dar com o problema” em vez de “ele não sabe lidar

com o problema”; “as pessoas encontrão situações complicadas” no lugar de “as pessoas encontram situações complicadas”; “a

situação foi mau resolvida” e “ele é um mal elemento” no lugar de “a situação foi mal resolvida” e “ele é um mau elemento”; “o

governo não investe como deveria em educação, mais cobra muitos impostos” em vez de “o governo não investe como deveria em

educação, mas cobra muitos impostos”. Esses equívocos se repetem, explica Vivian, em sua maioria, por semelhanças sonoras

entre as palavras e expressões.

Ela cita outros erros ortográficos recorrentes nas redações do Enem: “consiente”, “siguinificar”, “extresse”, “supérfulos”. As grafias

corretas são: “consciente”, “significar”, “estresse”, “supérfluos”. Há também junção errada de elementos, como “encomum” (no

lugar de “em comum”), “concerteza” (em vez de “com certeza”), “encontra partida” (quando o correto é “em contrapartida”), “apartir”

(em vez de “a partir”), “porisso” (no lugar de “por isso”).

Radicalismo ou preconceito podem zerar a redação

O desrespeito aos direitos fundamentais está entre as cinco razões para ter a redação do Enem zerada. Por isso, é importante que

o candidato valorize princípios de cidadania, igualdade, liberdade e diversidade, assuntos sempre presentes nos temas

propostos. “O Enem é uma prova que exige dos alunos uma visão mais progressista e humana”, afirma o professor de literatura e

redação Daniel Welber, do Cursinho Henfil.

No ano passado, mais de 4 milhões de alunos participaram da prova, que tinha como tema da redação “o movimento imigratório

para o Brasil no século 21″. Com base nos textos de apoio oferecidos, os candidatos precisavam propor uma solução para o

problema, parte essencial da avaliação. Segundo o professor, porém, é necessário evitar argumentos e posições radicais. “A ação

precisa ser moderada. No caso do tema de 2012, qualquer proposta que envolvesse xenofobia, por exemplo, implicaria em uma

diminuição da nota”, diz Welber, referindo­se ao preconceito contra diferentes culturas e nacionalidades.

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Implementada recentemente no edital da prova, a questão dos valores humanos é uma forma de estimular as escolas a

promoverem o protagonismo e a cidadania dos alunos. “Com isso, os educadores precisam passar aos alunos não só

conhecimentos de matemática e português, mas também os ensinar a utilizar os conhecimentos adquiridos dentro da sala de

aula em transformações culturais e sociais”, afirma o supervisor de língua portuguesa do Anglo Vestibulares, Francisco Platão

Savioli.

Como exemplo, Savioli aponta a questão da violência no País. Para ele, o argumento ideal a ser proposto pelos candidatos seria o

da igualdade social como forma de acabar com o problema. “Esse tema pode dar abertura a pensamentos radicais, como o da

implantação da pena de morte no Brasil. No entanto, o mais adequado seria apresentar saídas para cortar o mal pela raiz. Ou

seja, propor o cumprimento da lei e o tratamento das pessoas com dignidade”, aconselha.

O professor ressalta, ainda, que argumentos vexatórios e preconceituosos na redação são motivos para ter a prova zerada em

qualquer vestibular.

Veja como se dar bem em cinco possíveis temas

Uma das mais eficientes formas para mandar embora o bloqueio de ideias e o nervosismo na hora de escrever uma redação é

abusar da curiosidade, investigar o que pode ser tema e esmiuçar um a um. Com o Enem não é diferente. Mais do que apostar em

uma temática, o importante antes da prova é testar uma forma de sair do senso comum sem fugir da proposta, ser incoerente ou

ferir os direitos humanos em cada um dos possíveis temas.

Os protestos que se espalharam pelo Brasil este ano, sem uma causa única, serviram como motivação para temas sugeridos por

professores de redação ouvidos pelo Terra. A participação do jovem como agente transformador na sociedade, a valorização da

saúde pública e a questão da mobilidade urbana no Brasil, por exemplo, são temas antigos, mas que em algum momento

cruzaram com as manifestações populares e voltaram à tona.

Outro tema que se aproveita de eventos atuais é o esporte como ferramenta de inclusão social, motivado pela Copa das

Confederações, pela Copa do Mundo e pela Olimpíada no Brasil. Temas assim estão entre os favoritos do Enem, por isso outra

temática possível é a tecnologia como transformadora da educação. Em todos os assuntos, espera­se que o aluno proponha

soluções com base em argumentos consistentes e mostre­se um cidadão com bom senso e preocupado com o seu País.

Participação do jovem

Os protestos no Brasil em 2013, que surgiram inicialmente para contestar os aumentos nas tarifas de transporte público,

ganharam força com a participação dos jovens e servem como mote para a redação no Enem. Espera­se que o aluno mostre

argumentos que apontem o jovem como agente transformador que, além de ter consciência cidadã, intervém com ações práticas.

Além da questão dos protestos, a professora Marina Loureiro, do Curso Miguel Couto, recomenda que o candidato cite outras

ações, como a participação do jovem como eleitor e a importância do voto consciente. Outro caminho possível é mostrar ações

concretas de grupos voluntários formados por jovens, que prestam solidariedade a outros grupos. Marina ressalta que, nos dois

ou três parágrafos de desenvolvimento, entre a introdução e a conclusão, é necessário apresentar mais de um argumento

concreto que mostre o jovem como agente transformador da sociedade.

Esporte

Motivado pela Copa das Confederações neste ano, pela Copa do Mundo em 2014 e pela Olimpíada em 2016 no Brasil, se o

esporte aparecer como tema, é importante que o aluno o defenda como uma forma de incluir minorias na sociedade. Vale mostrar

o esporte como um meio para obter saúde física e mental, falar em pessoas portadoras de deficiência que conseguem se incluir

em um grupo estimuladas pelo esporte e contar histórias de jovens carentes que, por meio do esporte, tiveram acesso aos

estudos.

No entanto, histórias particulares ou de pessoas próximas não são válidas como argumento: ao citar alguém em particular, é

preciso dar nome a entidades ou pessoas famosas, para que o corretor tenha certeza de que o aluno não está inventando uma

história. Ao escrever sobre a Copa na redação, a professora Ester Chapiro, da Central de Professores – Soluções Pedagógicas,

alerta que tanto pontos positivos quanto negativos devem ser justificados com argumentos embasados na realidade. A questão da

inclusão social do esporte, no entanto, precisa aparecer no texto, caso contrário o aluno estará fugindo do tema proposto.

Saúde pública

Em 2013, motivado pelas manifestações populares que se espalharam pelo País, o governo brasileiro anunciou uma série de

medidas relacionadas à questão da saúde pública. Entre as principais, o Brasil vai importar médicos estrangeiros para amenizar a

escassez de profissionais nas regiões mais carentes, e estudantes de residência médica terão que trabalhar no SUS. Na redação

do Enem, espera­se que o aluno faça uma reflexão a respeito da importância de priorizar a saúde, e que ele proponha possíveis

soluções com base em sua realidade.

A professora Talita Aguiar, do Curso Progressão Autêntico, alerta que é preciso tomar cuidado com os argumentos usados em

eventuais críticas a medidas do governo. “O aluno não é obrigado a falar bem do governo, mas as críticas devem ser bem

fundamentadas e é preciso trazer exemplos concretos positivos, para não unilateralizar a argumentação”, explica. Para isso, é bom

estar a par de setores da saúde que funcionam, como o programa de vacinação.

Transporte público

Estopim para a explosão das manifestações no Brasil, que desde o início protestavam contra o aumento das tarifas de ônibus e

metrô, a questão da mobilidade urbana pode requerer soluções de candidatos na redação do Enem. Primeiro, é importante que o

aluno mostre como essa questão interfere na vida dos cidadãos brasileiros. Além disso, é fundamental propor soluções

sustentáveis e que não exijam gastos públicos exagerados.

Mais do que apontar os problemas, a prova exige do aluno uma proposta de solução. Como sugere a professora Ana Paula

Anghinoni Ramos, do Sistema Elite de Ensino, o ideal é citar exemplos de países onde o transporte público é eficiente, como

Inglaterra e Holanda. Outro caminho para sair do senso comum é citar meios de transporte alternativos, como bicicletas ou grupos

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de caronas organizados por meio de redes sociais.

Tecnologia e educação

Escolas particulares e públicas estão cada vez mais preocupadas em incluir tecnologias digitais na educação. Neste ano, o

Ministério da Educação investiu em tablets para professores da rede pública, que podem não só ser um material didático, mas

também estimular uma nova forma de educar. Se o tema da redação do Enem envolver tecnologia e educação, espera­se que o

aluno aponte ações práticas que vêm sendo realizadas pelo governo ou por instituições privadas. Além de novas ferramentas,

outro caminho possível é ressaltar os cursos de educação a distância, que vem crescendo, e usar um artifício chamado

argumento analógico, quando o aluno compara gerações diferentes.

Argumentos contra o uso da tecnologia, neste caso, só funcionam se estiverem muito bem embasados e se o aluno fizer um

contraponto com outros argumentos positivos. “É possível fazer uma defesa parcial, dizer que há aspectos positivos e negativos,

mas é preciso que haja mais argumentos positivos, que concordem com o enunciado do tema”, ressalta a professora Marina

Loureiro. Apenas dois argumentos, um positivo e um negativo, não são suficientes, pois o Enem exige que o aluno escreva uma

dissertação opinativa, não apenas expositiva.

Veja dicas que os temas anteriores ensinam

Como se preparar para os possíveis temas de redação e como escrever de forma coesa e organizada são questões que todo

aluno se pergunta na hora de colocar suas ideias no papel. Proposta de intervenção social e respeito aos direitos humanos foram

exigências das redações do Enem, nos últimos cinco anos. Seja qual for o próximo tema apresentado, uma reflexão crítica acerca

de temáticas sociais atuais e organização do pensamento e das informações são fatores que tornarão o texto mais rico.

Analisando os últimos cinco temas de redação do Enem, os professores de língua portuguesa ouvidos pelo Terra, Andrea ProvasiLanzara e Osvaldo Arthur Menezes Vieira, reúnem dicas essenciais para quem quiser se dar bem em 2013. Ler diariamente, livros

de literatura, artigos de opinião ou editoriais, ajuda o aluno a se manter informado sobre as questões latentes no Brasil e no

mundo. Além de informar, as leituras também ensinam sobre estruturação de texto e aumentam o vocabulário e o repertório do

leitor. Outra dica importante é praticar: escrever semanalmente sobre assuntos atuais e sobre os temas já pedidos em redações

do Enem é muito válido. “O aluno deve ter a nítida percepção de que redação não se resume apenas a língua portuguesa.

Também é composição, reflexão e senso crítico”, explica a professora Andrea Lanzara, que ensina português no Cursinho da Poli.

O professor Osvaldo Arthur Menezes Vieira, que foi corretor do Enem em 2009, aconselha o estudante a evitar expressões

desgastadas e abordar os temas por dois prismas: o panorâmico, analisando amplamente o problema, e o particular,

aprofundando melhor a temática. “A proposta de intervenção social deve ser construída a partir de um entender democrático que

leve em consideração nossa participação individual e cidadã na resolução dos problemas sociais. A grande maioria culpa os

políticos, os vizinhos, os outros, e deixa de refletir sobre o seu próprio papel para o avanço social”, completa.

Confira, a seguir, a análise dos últimos cinco temas de redação do Enem e o que você pode aprender com eles:

Tema 2012

“O movimento imigratório para o Brasil no século XXI”, tema cobrado pelo Enem no ano passado, era distante da realidade do

aluno, que deveria mostrar­se informado sobre o assunto dentro dos mais diversos campos do conhecimento. O fato do Brasil ter

passado a ser a sexta economia do mundo certamente contou para que o tema fosse apresentado, reforçando a ideia de que,

para escrever bem no Enem, o estudante deve se manter informado sobre os temas atuais brasileiros, mostrando­se capaz de

construir um pensamento crítico. Por isso, o aluno antenado aos assuntos debatidos atualmente, que procura leituras e

informações relacionadas, sairá ganhando na hora de dissertar sobre a questão na prova.

Tema 2011

“Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado”, proposta de 2011, estava inserida em um universo conhecido

pela maioria dos alunos. O mundo digital é algo com que jovens e adolescentes convivem diariamente, mas acabam não

refletindo sobre suas consequências na vida cotidiana. A prova incitou a reflexão de um tema banal, exigindo que o candidato

problematizasse o tema, exercitando a sua capacidade crítica. Os temas relacionados ao digital, como o uso da internet como

ferramenta de comunicação, a vida social em rede e os limites a serem respeitados avaliam se o estudante utiliza a autocrítica na

hora de escrever.

Tema 2010

“O trabalho na construção da dignidade humana”, tema de 2010, teve um caráter universal, onde o avaliado precisou atrelar seu

pensamento argumentativo e reflexivo sobre o tema com o contexto no qual estava inserido, ou seja, a realidade brasileira. Citar

exemplos, dados concretos ou estatísticas enriquece a redação e conta pontos positivos na correção. Ler muito e manter­se bem

informado voltam a ser dicas preciosas para uma boa redação, pois mostram que o aluno possui repertório e é bem informado,

principalmente no que se refere ao mundo das minorias.

Tema 2009

“O indivíduo frente à ética nacional” foi o tema de 2009, cobrado em uma época de polêmica sobre a corrupção no País. O que se

esperava, naquele ano, era a capacidade de pensar no problema relacionado à realidade nacional, trazendo soluções do que

podia ser feito e do que já estava sendo feito frente ao problema apresentado. Mostrar­se informado sobre o tema e ter cuidado

para não cair no senso comum são maneiras de apresentar uma boa escrita. O estudante também precisa apresentar uma

reflexão, pois mostrar que consegue problematizar o tema faz parte da composição de um bom texto.

Tema 2008

Como preservar a floresta Amazônica: suspender imediatamente o desmatamento, dar incentivo financeiro a proprietários que

deixarem de desmatar ou aumentar a fiscalização e aplicar multas a quem desmatar?

O debate sobre a economia sustentável e o cumprimento das leis ambientais está presente nas escolas, na mídia e na política do

País. Os avaliados em 2009 tiverem de mostrar que possuíam consciência ecológica. O tema sobre o desmatamento na

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Amazônia estava inserido em uma linha de raciocínio que não tem sido mais cobrada pelo Enem, mas não se sabe se poderá

voltar a ser solicitada. Naquele caso, deveria ser usada a contra­argumentação, pela qual o aluno expõem prós e contras de uma

das alternativas apresentadas. A linha de pensamento usual nas provas mais recentes é a argumentação unilateral. O aluno deve

ser capaz de identificar qual linha de raciocínio deve ser colocar no texto, conforme o tema proposto. Quando o enunciado incitar

polêmica, a dica é sempre verificar os dois lados da questão. Novamente, o aluno não pode se esquecer de expor seu ponto de

vista crítico.

Criatividade no título ajuda a garantir boa nota

Assim como na hora de escolher um livro ou um filme, o título é o que mais chama atenção antes da leitura de uma redação do

Enem. Segundo professores especialistas na prova, é parte importantíssima da avaliação, mesmo não sendo obrigatório. Com

ele, além de apresentar o tema, é possível causar uma boa impressão nos corretores logo no começo da leitura. “Filmes bons

com títulos ruins não chamam tanto a atenção dos espectadores. Com a redação é igual. O título serve como rótulo do texto”,

afirma a professora de língua portuguesa Nina Morena, do Colégio Anglo­Americano, no Rio de Janeiro.

Apesar de opcional, o título também deve seguir algumas recomendações para não ter a nota descontada no Enem. Professora de

redação do Colégio e Curso Pensi, também no Rio, Carolina Pavanelli vê nesta pequena frase que antecede o texto um artifício

importante para mostrar originalidade. Isso porque o título deve ser criativo e ter uma sacada. “O melhor título é aquele que não

entrega o ouro de uma vez só. Faz com que a pessoa fique curiosa para ler”, diz. “Vale lembrar que esta prova exige a conquista

dos avaliadores, que darão notas melhores para os textos que mais lhe surpreenderem de forma positiva.”

Na opinião das professoras, o modelo de título ideal é aquele que consegue apresentar, breve e sinteticamente, o tema e que

tenha a ver com a redação escrita pelo aluno, para não ficar deslocado ou sem propósito. Ainda deve ter o cuidado de não revelar o

desfecho – o ponto alto, portanto – da redação. “O título não precisa ser genial, só precisa haver uma ligação com o tema. Além

disso, o candidato deve evitar muitos verbos, que deixam a frase muito longa. O ideal é que tenha em torno de três palavras”,

recomenda Carolina.

Uma dica importante: a professora orienta os alunos a escreverem o título por último, apenas depois de toda a redação estar

pronta, para conseguir relacioná­lo com o resto do texto. “Uma forma de mostrar coesão – que vale 200 pontos na prova – é fazer

referência do título com a introdução ou com a conclusão. Criando o título por último, portanto, o candidato saberá fazer a relação

circular com o texto”, diz.

Se a dúvida é sobre o que evitar em um título, as professoras têm a resposta na ponta da língua. Palavras estrangeiras, clichês e

chavões não são bem­vistos pelos avaliadores. Segundo Carolina, o uso desses recursos pode mostrar a falta de criatividade – e

até mesmo de leitura – do candidato. “Frases batidas como ‘que país é esse?’ e ‘Brasil, mostra a sua cara!’, por exemplo,

mostram que o aluno não se esforçou para pensar em um título original”. Carolina ainda ressalta que, caso queira utilizar

símbolos, o aluno precisa ser muito criterioso. Um exemplo é colocar uma arroba em um texto que se refere à globalização. “É

fundamental que haja uma relação com o tema proposto”, diz.

Apresente propostas e se posicione na conclusão

Quantas vezes você já terminou de ler um livro ou de assistir a um filme e se decepcionou com o desfecho? Pois, se a conclusão

do texto for mal elaborada, esse sentimento também poderá estar presente nos mais de 8 mil corretores que lerão as redações do

Enem. Um pouco diferente dos demais vestibulares, a conclusão é a principal parte da prova e vale 200 pontos no Enem. Para

obtê­los, os candidatos devem exercer não só a capacidade de argumentação, mas também questões de cidadania e igualdade.

Como em qualquer outro teste, a conclusão é o trecho em que o aluno deve retomar e reforçar os argumentos usados ao longo do

texto. No caso do Enem, ela ainda deve conter uma proposta de intervenção social relacionada com o tema, que, na grande

maioria dos casos, aborda uma questão social. “O aluno deve ter o cuidado de não deixar essa proposta aparecer apenas na

conclusão. Ela precisa ser a confirmação daquilo que foi dito durante todo o texto”, diz o professor de literatura e redação Cosme

Cunha, do Colégio Alfa Cem do Rio de Janeiro.

Na opinião do professor de língua portuguesa e redação Luiz Cláudio Jubilato, do Curso Criar, em São Paulo, é possível fechar a

redação com uma conclusão criativa. Entre as possibilidades, justificar a frase escolhida para o título. “Mesmo que o mais comum

seja escrever o título por último, relacioná­lo com a conclusão causa uma boa impressão nos corretores”, diz.

Aprenda a concluir

Para ficar mais fácil de entender, imagine que a redação deste ano irá abordar a questão da violência no trânsito. Segundo a

professora Maria Aparecida Custódio, o ideal é que o candidato discuta as causas e também as consequências do problema e

como ele pode ser minimizado. Além disso, deve também apontar os principais responsáveis e distribuir, de maneira equilibrada,

soluções conjuntas entre os setores da sociedade.

“O papel do governo, por exemplo, é criar leis e punições mais severas para esse crime. Já o das escolas é ensinar o respeito e a

civilidade no trânsito. Se quiser, o aluno ainda pode acrescentar o papel da mídia, que poderia fazer campanhas mais eficazes e

impactantes sobre o assunto”, explica. Ideias vagas, porém, não são bem aceitas pelos avaliadores. “Argumentos como ‘o

governo federal deveria’ ou ‘a sociedade deveria se conscientizar’ se adequariam em qualquer tema, mostrando despreparo do

aluno”, afirma.

Entenda as novas regras para a correção

Os critérios de avaliação da redação do Enem são alvo constante de dúvidas e reclamações dos candidatos que participam da

prova. Isso porque, no ano passado, textos com trechos de receita de macarrão instantâneo e hinos de time de futebol receberam

notas consideradas razoáveis, o que tornou a correção da prova um pouco duvidosa. Pensando nisso, o Ministério da Educação

(MEC) divulgou um novo edital, prometendo uma prova mais rigorosa neste ano.

A partir de agora, os mais de 8 mil corretores, contra 5 mil do ano passado, não poderão mais tolerar textos com trechos

deliberadamente desconectados com o tema proposto e reincidências de erros gramaticais e ortográficos. Além disso,

discrepâncias maiores de 100 pontos na nota final implicarão em uma terceira correção – em 2012, a terceira correção dependia

de uma diferença de correção igual ou maior que 200. Também não serão aceitos textos com nota máxima que não

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demonstrarem total domínio da norma culta da língua.

Hoje, os corretores da redação do Enem são instruídos através de um curso online, que monitora e avalia os professores em 33

requisitos diferentes. Para serem selecionados para o exame, os professores devem alcançar desempenho maior do que 7, em

uma escala de 0 a 10 – diferentemente do ano passado, quando a eliminação ocorria somente com notas abaixo de 5. Os

avaliadores ainda passarão a receber R$ 3 por prova corrigida – um aumento de R$ 0,65 em relação às edições anteriores.

Mais de cem redações por dia

Professora de língua portuguesa e redação em escolas e cursos pré­vestibulares há quase 10 anos, Maria Aparecida Custódio

ressalta que deveria ser restrito o número de redações corrigidos por cada professor, já que “é humanamente impossível corrigir

mais de cem redações por dia”, fato recorrente na prova do Enem segundo ela. “Muitos avaliadores corrigem mais textos do que

são capazes para melhorar a renda no fim do mês. Porém, mesmo se capacitados, acabam perdendo o foco e comprometendo a

qualidade da correção”, diz.

O Inep informa que existe um limite de correções por dia e que os corretores recebem diariamente, pela internet, um pacote com

50 redações. Caso o corretor consiga corrigir todo o pacote, mantendo a qualidade, ele pode receber outro lote.

Segundo o Inep, a capacitação dos avaliadores em 2013 contará com 28 horas a mais que em 2012. Também foram criadas,

neste ano, coordenações regionais pedagógicas para auxiliar no processo de correção, aumentando em 23 o número de

coordenadores. Também foram selecionados mais profissionais, aumentando de 5,6 mil corretores em 2012 para 8,4 mil em

2013, e de 230 supervisores para 280 em 2013. O Inep também instituiu uma Comissão de Especialistas para a redação do

Enem, formada por nove professores doutores. A comissão realiza estudos e pesquisas sobre avaliação textual, que visam a

contribuir no aperfeiçoamento do processo de capacitação dos corretores.

Como se organizar na hora da prova

Manter a calma no dia da prova pode parecer missão impossível para alguns candidatos. Se você faz parte desse grupo, talvez se

tranquilize ao saber que há dicas práticas para a hora do exame que ajudam você a se organizar e se sentir mais seguro. A

redação do Enem é realizada no segundo dia de provas, quando o candidato também tem de responder 90 questões divididas

entre as provas de Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias, em 5 horas e meia.

Professores calculam que o aluno tem cerca de uma hora para escrever a redação. Por isso, o treinamento antes da prova é muito

importante, pois dá confiança ao aluno. Escrever muitas redações sobre os mais variados assuntos, sejam eles temas propostos

em outras edições do teste ou atualidades, ajuda o aluno a se acostumar com o estilo de redação que a banca do Enem espera e

com o seu próprio ritmo ao escrever.

É aconselhável que o aluno treine com provas antigas, fazendo 90 questões e a redação, e cronometre o tempo que leva nessa

tarefa. Assim, ele vai descobrir o tempo médio que terá para o dia da prova. “Se o aluno fizer esse treino, vai perceber que não se

tem muito tempo para escrever e vai estar preparado para fazer o seu melhor nesse tempo”, explica a professora do Laboratório de

Redação do Curso e Colégio Objetivo, de São Paulo, Maria Aparecida Custódio.

Sem rascunho

O professor de redação Filipe Couto, do curso Pré­Enem da Abril Educação, aconselha que o aluno escreva a redação sem fazer o

rascunho antes, para que não perca tempo ao passar a limpo. Contudo, é preciso que o estudante pense antes sobre o que vai

escrever, estabelecendo um roteiro. “Primeiro, o aluno deve pensar qual é seu posicionamento sobre o tema. Depois, ele deve

apresentar dois ou três argumentos que sustentem o seu posicionamento. Em terceiro lugar, deve propor uma intervenção social”,

explica. Enquanto o aluno faz o roteiro, ele já deve ir organizando suas ideias, com sem perder a clareza de pensamento.

Começando o texto

Segundo a professora Maria Aparecida, já no primeiro parágrafo o aluno deve abordar o tema apresentado no enunciado. “O ponto

de partida para uma boa avaliação da redação é a banca perceber a adequação com o tema proposto logo no início do texto. O

aluno já pode também apresentar um posicionamento a partir dos textos de apoio. Não se deve ignorá­los. Se os textos estão ali,

é porque contêm informações relevantes”, aconselha. Lembrando que isso não significa copiar o que está nos textos de apoio,

mas sim utilizá­los para enriquecer a redação. A linguagem deve ser bem explorada: um vocabulário rico valoriza o texto.

Consegue apresentar essas qualidades o aluno que se informou e aumentou seu repertório por meio de leituras diversas durante

os meses de estudo.

Para concluir

A conclusão é uma das partes mais importantes, pois é onde o aluno apresenta uma proposta de intervenção com ações práticas

e viáveis de como o problema mostrado no tema pode ser resolvido. A solução não pode ser utópica, mas sim concreta e baseada

na realidade, com um posicionamento crítico, intimamente ligado à linha de raciocínio que o aluno desenvolveu no restante do

texto. Por isso é importante planejar as ideias, para que a coesão seja mantida.

“Um dos maiores erros em redações do Enem é a incoerência, o aluno começa escrevendo sobre um assunto e termina com algo

completamente diferente. O texto vira uma colcha de retalhos e não é bem avaliado”, adverte o professor. Fazer o detalhamento da

proposta, exemplificando o papel que vários setores da sociedade podem ter nessa solução, sem responsabilizar apenas um

setor e sem cair no senso comum é garantia de pontos positivos.

Pausa

Se o nervosismo insistir em aparecer na hora da prova, a dica é largar o lápis por alguns minutos, respirar e esvaziar a cabeça.

“Fiquei muito nervosa no final da prova de redação, porque achei que não iria dar tempo. Parei o que estava fazendo e respirei

fundo. Quando voltei ao texto estava bem mais calma”, conta Beatriz Guillon Ribeiro Delorme, nota 1 mil na redação do Enem de

2012.

Fonte: Portal Terra Notícias

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