a doçaria florestal (a água mata a fome - 1º ano)

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texto de escrita criativa elaborado em conjunto pelas turmas do 1º ano das escolas EB1 de Anobra, Belide Ega e Sebal do Agrupamento de escolas de Condeixa no âmbito do projeto 30 dias 30 livros da Rede de Bibliotecas de Condeixa. A temática do conjunto dos 4 textos teve como mote: "água, Património que temos que cuidar"

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AUTORES

TEXTO:

Alunos do 1º ano

1ª parte - EB1 Belide (Prof. Nelson)

2ª parte - EB1 Ega (Prof. Jorge)

3ª parte - EB1 Anobra (Prof. Sara)

4ª parte - EB1 Sebal (Prof. Regina)

ILUSTRAÇÃO:

JI do Avenal (Educadora Maria Inês Silva)

Eram nove horas daquela fresca manhã de outono. Jeremias e o seu

filho, o burrito Júnior, corriam apressadamente por um caminho cheio de

pedras e ladeado por verdes colinas. Lá em cima, viam-se brancos moinhos

cujas velas rodavam ao sabor do vento. Do lado direito do caminho, as águas

frias e transparentes do rio corriam alegremente. Aquele era o único caminho

para a escola que Júnior frequentava.

- Apressa-te, filho! Estamos atrasados!

- Pai, não me apetece ir à escola! Todos os meus colegas gozam comigo

por causa da cor do meu pelo.

Júnior tinha nascido com uma cor diferente. Não era cinzento, nem

castanho como os outros burros mas preto como as azeitonas. O pai

costumava dizer-lhe:

- Júnior, o que importa não é a cor do nosso pelo, mas o nosso mérito

enquanto burros. Olha o meu exemplo! Todos os dias carrego às minhas

costas a farinha para os moinhos. Corro estas serranias, diariamente, para

baixo e para cima. Levo o trigo e trago a farinha dos moinhos para que todos

os humanos possam cozer o pão e fazer as suas doces escarpiadas.

- Pai, eu não quero ser como tu! Quero ser futebolista como o Cristiano

Ronaldo.

- Filho, para seres futebolista tens de estudar... Olha o Cristiano….

Mas Júnior estava farto daquele discurso que lhe martelava

constantemente a cabeça. Todos achavam que se portava mal. Na escola,

estava sempre bastante irrequieto. O professor estava sempre a chamar-lhe a

atenção, pois nunca conseguia estar quieto e sentado.

Júnior ia nos seus pensamentos quando, repentinamente, parou junto

às margens do rio. Aquela apressada e cansativa caminhada tinha-lhe dado

uma imensa fome. A água, fonte de vida, matava a sede mas também a fome

como dizia o pai Jeremias. Júnior aproximou-se das águas calmas e límpidas

das margens. Viu refletida a sua figura negra e o seu coração experimentou

uma enorme tristeza. Ao seu pensamento vieram os outros burros… Como o

achavam feio! Aproximou-se mais e mais…Reparou que algo brilhava no

fundo. Com as suas longas e peludas patas esfregou os olhos abrindo a sua

boca de espanto:

- Pai, anda cá! Não posso acreditar… !

1ª parte - EB1 Belide (Prof. Nelson)

-Que se passa filho?

-Vem ver!

-Parece um baú!

-Tira-o, depressa!

Então os dois, com muito cuidado, retiraram o baú da água, afastaram os

limos que o cobriam e abriram-no cuidadosamente.

-Que é isso pai?

-Ainda não sei filho, deixa-me tirar todos estes plásticos… parece um

livro!

-Um livro pai! Será um livro de um tesouro!

-Calma filho, vamos abrir e ver!

Qual não foi o espanto, quando repararam, que se tratava de um livro de

receitas muito antigo.

-Para que serve isso pai?

-Tanta pergunta, tem calma rapaz, deixa-me ver melhor! Muito

interessante! Uau!!!

-Então pai diz!

-Este livro mostra como se fazem doçarias muito antigas!

-O que são doçarias pai?

-São doces, bolos, guloseimas… coisas assim.

-Vamos fazê-los todos, papá!

-Escolhemos um de entre estes todos.

-Vamos pedir ajuda aos animais da floresta!

Partiram de imediato para a floresta para mostrar a famosa descoberta.

Reuniram todos os animais e mostraram o livro de receitas.

De entre todas as doçarias decidiram fazer um tal bolo de nome escarpiada

que nem imaginavam como iria sair nem como iria saber.

Depois de juntarem todos os ingredientes puseram mãos à obra…

Passado uma horas, todos estavam ansiosos!

-Vamos provar? - Diziam os animais em coro.

Assim que colocaram a escarpiada em cima de um pequeno tronco foi num

ápice que desapareceu.

-Que delícia! Vamos fazer mais! - Diziam todos juntos.

Foi assim que Jeremias e o burrito Júnior tiveram uma ideia.

-Vamos abrir uma pastelaria!? Que tal?

-Vamos a isso! - Responderam prontamente os animais.

Passado um mês, estava de pé, uma pastelaria, bem no meio da floresta,

com o nome de Doçaria Florestal.

2ª parte - EB1 Ega (Prof. Jorge)

O dia da inauguração tinha chegado e estava tudo a postos para receberem

os animais da floresta. O Júnior tinha convidado os seus colegas de turma e o

professor, por isso, estava um pouco ansioso, pois, não tinha a certeza se

iriam aceitar o seu convite. Mas a certa altura…

-Júnior, Júnior, estamos aqui! - Disseram alguns colegas em coro.

-Que bom que vieram!- respondeu Júnior com um enorme sorriso na

boca.

-Não podíamos deixar de vir provar as tuas escarpiadas, Júnior! -

Respondeu o professor.

-Vou imediatamente buscar um tabuleiro delas só para vocês!

Após as primeiras dentadas os comentários dos colegas não se fizeram

esperar:

-Isto é mesmo bom!

-Que delícia!

-Tu e o teu pai estão de parabéns! Júnior, queres explicar aos teus

colegas como se fazem as escarpiadas? - Pediu o professor.

-É com muito gosto! As escarpiadas são feitas com farinha, açúcar,

manteiga, fermento sal e água. O recheio leva uma mistura de açúcar,

canela e azeite. A diferença e o segredo das nossas escarpiadas está na

qualidade da farinha, pois, somos nós que a produzimos, com a ajuda do

moinho de água.

-Moinho de água? O que é isso? - Perguntou o Jericó que era o mais

curioso da turma.

-Eu também nunca vi nenhum. - Acrescentou outro colega da turma.

-Professor, se quiserem eu posso levar-vos a visitarem o nosso moinho,

não é muito longe daqui…

-Acho que seria muito interessante. Vamos?

O Júnior estava satisfeitíssimo com o interesse dos colegas e com o facto de

estar a mostrar os seus conhecimentos. Rapidamente chegaram ao local do

moinho e, a pedido do professor, o Júnior encarregou-se de explicar o

funcionamento do moinho.

-Colegas, reparem bem na passagem da água pelo moinho. Estão a ver?

Isto são os rodízios de madeira que estão ligados a uma mó…

-O que é uma mó, Júnior?

-Uma mó é uma pedra redonda e muito pesada e é ela que mói o trigo e

transforma-o na farinha com que fazemos as escarpiadas.

-Que espetáculo! Tu sabes tantas coisas! - Exclamou o Jericó.

-Muito bem, Júnior! Adorei a forma como tu explicaste tudo aos teus

colegas.

-Nós também gostámos muito desta tarde.

-Bom, está na hora de regressarmos.

3ª parte - EB1 Anobra (Prof. Sara)

Após a despedida dos colegas do Júnior, o seu pai acorreu ao moinho muito

preocupado.

-O que se passa pai? – Perguntou o Júnior ao ver burro Jeremias a

examinar o stock de cereal e a dizer:

-Não vamos ter trigo suficiente para responder a tanta encomenda…

-Então pai, temos muita encomenda de quê?

-De tudo meu filho. Temos muitas encomendas de escarpiadas para as

festas do Senhor dos Passos que se realizam por esta altura no concelho

de Condeixa e, como a fama da nossa farinha já chegou a outras

pastelarias e padarias, esta semana recebemos imensas encomendas de

farinha de trigo.

-Temos de pensar numa solução para satisfazer os nossos clientes, pai.

Se for necessário contratamos mais pessoal para as nossas “pequenas

indústrias artesanais”. Sabes, lá na escola a minha coleguinha Carlota

era muito jeitosa a fazer bolos, é capaz de ser uma boa ajuda.

-Está bem, meu filho, amanhã falas com ela quando saírem da escola,

pode ser que ela queira fazer um part-time lá na nossa pastelaria, pelo

menos durante esta quadra festiva, até à Páscoa.

-E a matéria-prima? Como vamos conseguir mais trigo? Os nossos

fornecedores já têm as arcas quase vazias e a nova colheita só se faz lá

para o mês de S. João…

-Tens razão Júnior, este é um problema grave, que vamos ter que

resolver…

O nosso amigo Jeremias já andava um pouco abatido com medo de não ter

trigo para entregar a sua famosa farinha aos seus clientes que cada vez eram

mais. Já mal comia, e de noite nem pregava olho a pensar numa solução. Foi

precisamente numa noite de insónias que teve uma ideia brilhante! Lembrou-

se dos tempos em que andava pelas serranias a acarretar os taleigos de trigo

e a levar a boa farinha. Conhecia nas aldeias mais serranas, alguns produtores

de trigo… Nessa manhã levantou-se mais cedo do que o habitual e foi chamar

o seu filhote que dormia como um verdadeiro burro.

-Júnior, levanta-te! Hoje vais ter de ficar a tomar conta do moinho, eu

vou calcorrear as aldeias da serra à procura do melhor trigo. Conheço

alguns produtores do tempo em que por lá andava no carreto.

-Excelente ideia, pai! Vai descansado que eu trato de tudo.

O burro Jeremias, lá partiu, esperançoso, pelas serras fora com os alforges no

dorso para trazer carregadinhos do famoso cereal.

Correu imensas aldeias, bateu à porta de muitos antigos lavradores, mas uns

já tinham deixado de cultivar porque a idade avançada já não lhes permitia

tal trabalho, outros tinham ido viver para as cidades porque a vida ali nas

serranias era dura e difícil. Trabalhavam do nascer da aurora até o Sol se pôr

e tinham uma vida miserável, por vezes nem tinham a quem vender o trigo. O

que lhes valia é que era o seu sustento, pois as suas mulheres coziam grandes

fornadas de pão que lhes matava a fome.

Já um pouco desanimado e bastante cansado, o nosso amigo Jeremias dirigiu-

se à aldeia de Vale de Janes, onde havia um monumental moinho de vento,

que já pouco laborava, devido à desertificação daquelas terras. Foi então que

encontrou o velho moleiro, que ao vê-lo lhe fez uma grande festa e lhe

perguntou por onde tinha andado, pois já há muito tempo que não lhe punha

a vista em cima.

Jeremias contou-lhe então toda a sua história.

O dono do moinho disse-lhe por fim:

-Anda daí, Jeremias, vou dispensar-te algum do trigo que tenho no meu

celeiro, e vai descansado que é do melhor que se cultiva por estas bandas.

Carregaram os alforges do Jeremias e justaram contas. O nosso jerico troteou

serra abaixo, carregado, mas feliz por poder honrar os compromissos com os

seus clientes. Mas como era um burro muito empreendedor pensou:

-Vou arrendar uma quinta abandonada e no próximo outono vou eu

próprio, com a ajuda dos meus empregados e colaboradores semear o

trigo para que não mais me falte a matéria-prima.

Ao chegar ao moinho, o Jeremias vinha estafado. O seu filho Júnior também

tinha trabalhado imenso, mas ainda teve tempo para lhe preparar uma bela

manjedoura com sêmea de trigo e um grande balde de água fresquinha.

Depois de saciar a fome e a sede, Jeremias contou o seu plano ao filho que

zurrou de alegria e exclamou:

-Perfeito, pai, assim dominaremos o ciclo de produção “ Do grão ao pão!”

4ª parte - EB1 Sebal (Prof. Regina)

Trabalho elaborado no âmbito do projeto 30 dias 30 livros com o apoio da Rede de Bibliotecas de Condeixa

Professoras Bibliotecárias

Ana Rita Amorim Anabela Costa

Técnicas da Biblioteca Municipal

Inês Rodrigues Connie Coutinho