a dissimulada democracia: estado de exceção como paradigma ... · bobbio, norberto o futuro da...

1
A Dissimulada Democracia : Estado de Exceção como paradigma de governo na política contemporânea. Autora: Mariana Pfister Orientador: Profº. Dr. Glauco Barsalini Faculdade: Ciências Sociais Contato: [email protected] INTRODUÇÃO: Observa-se com certa intensidade nos meios de comunicação, desde os mais elaborados de maior circulação, aos locais de pequeno porte, nas conversas familiares, de amigos, colegas, ditas de maior ou menor intelectualidade, a constatação de que todos exaltam, de certo modo, este sistema político denominado democracia. Como dirá Norberto Bobbio (2010) a democracia é a mais perfeita das formas de governo. Também, nos acalorados discursos políticos a famosa frase “afinal vivemos em uma democracia” sempre vem para fechar com chave de ouro unindo todos em busca do bem comum. A questão que se impõe é: Será que de fato vivemos em uma democracia? Será que realmente a humanidade progrediu e vivemos de forma mais igualitária? Será que esta democracia vivida hoje garante aos cidadãos seus reais direitos? OBJETIVO : O objetivo dessa pesquisa foi procurar estudar essa forma de governo vivida por nós ocidentais, brasileiros, denominada Democracia, no intuito de entender se de fato nós vivemos democraticamente, e, se não vivemos, que estado, que forma de governo é essa que os ocidentais tem experenciado? Assim, a pesquisa terá como objetivo estreitar o conceito teórico sobre o regime democrático com a realidade vivida pelos povos ocidentais, apresentando exemplos reais ao longo da pesquisa, o que corrobora com o que Giorgio Agamben vem afirmado, o fato de o estado de exceção ter- se tornado regra geral, ou seja, o que deveria ser algo limitado no tempo é, pelo contrário, o modelo normal de governo, e isso precisamente nos estados que se dizem democráticos... MÉTODO : Trata-se de uma pesquisa Bibliográfica que utilizou várias fontes como livros, artigos, e através da leitura exploratória, seletiva, analítica, interpretativa, tomada de apontamentos, culminou na confecção de fichas de leitura, cujo objetivo principal é registrar o conteúdo das obras lidas de maneira organizada e lógica facilitando a busca das teorias pelo pesquisador. Os principais autores utilizados foram: Giorgio Agamben, Norberto Bobbio, Dalmo Dallari, Glauco Barsalini, Paulo Arantes, Vladimir Safatle, Oscar Mellim Filho, entre outros. CONCLUSÃO : Ao nos filiarmos na perspectiva agambeniana sobre a problemática do Estado democrático contemporâneo, estamos afirmando que, o que vivemos hoje é um estado de exceção permanente como um Paradigma de Governo. O Estado de Exceção Permanente está fundamentado no conceito de Necessidade: A necessidade cria sua própria Lei” – “Porque a necessidade não tem Lei”. A necessidade age como “justificativa para uma transgressão - trata-se de um caso particular que escapa a observância da Lei, apresentando-se como uma medida “ilegal” embora, perfeitamente “Jurídica e Constitucional. Para pensarmos a realidade brasileira foram analisados alguns dados da democracia brasileira apresentados na tese do professor doutor Oscar Mellim Filho são eles: os sentenciados já acolhidos nos sistema penitenciário são de 90 a 95% compostos por pessoas absolutamente pobres. (Dados do Ministério da Justiça /2006); há maior punibilidade para acusados negros, seja na sua captação pelo sistema penal com condenação, seja sua manutenção na prisão (pesquisa realizada no estado de São Paulo pela Fundação Seade, juntamente do Núcleo de Pesquisas do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais / 2003); entre as mulheres há maior punibilidade para mulheres negras, que gradativamente vão sendo mais incluídas nas etapas do inquérito e do processo, ao passo que as mulheres brancas vão no sentido inverso, saindo do sistema (Seade/ 2003). REFERÊNCIAS : AGAMBEN, Giorgio. Estado de Exceção. Tradução de Iraci d. Poleti. São Paulo: Boitempo, 2004. __________. Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua I. Tradução de Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012. SCHIMITT, Carl. Teologia Política. Tradução EliseteAntoniuk. Belo Horizonte: Vozes, 1992. BARSALINI, Glauco. Direito e política na obra de Giorgio Agamben. Soberania e estado de exceção permanente. São Paulo: Fabris, 2013. BOBBIO, Norberto. A teoria das formas de governo. Brasília: editora UnB, 1988, 5ª edição. BOBBIO, Norberto O futuro da democracia (uma defesa das regras do jogo). Trad. Marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1986. DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. 31. Ed. São Paulo, Saraiva, 2012. MELLIM, Filho Oscar. Criminalização no sistema judiciário penal. São Paulo: Ibccrim, 2010.

Upload: nguyenthuan

Post on 10-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: A Dissimulada Democracia: Estado de Exceção como paradigma ... · BOBBIO, Norberto O futuro da democracia (uma defesa das regras do jogo). Trad. Marco Aurélio Nogueira. Rio de

A Dissimulada Democracia: Estado de Exceção como paradigma de governo na política contemporânea.

Autora: Mariana Pfister

Orientador: Profº. Dr. Glauco Barsalini

Faculdade: Ciências Sociais

Contato: [email protected]

INTRODUÇÃO: Observa-se com certa intensidade nos meios de comunicação, desde os mais elaborados de maior circulação, aos locais de pequeno porte, nas conversas familiares, de

amigos, colegas, ditas de maior ou menor intelectualidade, a constatação de que todos exaltam, de certo modo, este sistema político denominado democracia. Como dirá Norberto Bobbio

(2010) a democracia é a mais perfeita das formas de governo. Também, nos acalorados discursos políticos a famosa frase “afinal vivemos em uma democracia” sempre vem para fechar com

chave de ouro unindo todos em busca do bem comum. A questão que se impõe é: Será que de fato vivemos em uma democracia? Será que realmente a humanidade progrediu e vivemos de

forma mais igualitária? Será que esta democracia vivida hoje garante aos cidadãos seus reais direitos?

OBJETIVO: O objetivo dessa pesquisa foi procurar estudar essa forma de governo vivida por nós ocidentais, brasileiros, denominada Democracia, no intuito de entender se de fato nós

vivemos democraticamente, e, se não vivemos, que estado, que forma de governo é essa que os ocidentais tem experenciado? Assim, a pesquisa terá como objetivo estreitar o conceito teórico

sobre o regime democrático com a realidade vivida pelos povos ocidentais, apresentando exemplos reais ao longo da pesquisa, o que corrobora com o que Giorgio Agamben vem afirmado, o

fato de o estado de exceção ter- se tornado regra geral, ou seja, o que deveria ser algo limitado no tempo é, pelo contrário, o modelo normal de governo, e isso precisamente nos estados que se

dizem democráticos...

MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa Bibliográfica que utilizou várias fontes como livros, artigos, e através da leitura exploratória, seletiva, analítica, interpretativa, tomada de

apontamentos, culminou na confecção de fichas de leitura, cujo objetivo principal é registrar o conteúdo das obras lidas de maneira organizada e lógica facilitando a busca das teorias pelo

pesquisador. Os principais autores utilizados foram: Giorgio Agamben, Norberto Bobbio, Dalmo Dallari, Glauco Barsalini, Paulo Arantes, Vladimir Safatle, Oscar Mellim Filho, entre outros.

CONCLUSÃO: Ao nos filiarmos na perspectiva agambeniana sobre a problemática do Estado democrático contemporâneo, estamos afirmando que, o que vivemos hoje é um estado de

exceção permanente como um Paradigma de Governo. O Estado de Exceção Permanente está fundamentado no conceito de Necessidade: “ A necessidade cria sua própria Lei” – “Porque a

necessidade não tem Lei”. A necessidade age como “justificativa para uma transgressão - trata-se de um caso particular que escapa a observância da Lei, apresentando-se como uma medida

“ilegal” embora, perfeitamente “Jurídica e Constitucional”. Para pensarmos a realidade brasileira foram analisados alguns dados da democracia brasileira apresentados na tese do professor

doutor Oscar Mellim Filho são eles: os sentenciados já acolhidos nos sistema penitenciário são de 90 a 95% compostos por pessoas absolutamente pobres. (Dados do Ministério da Justiça

/2006); há maior punibilidade para acusados negros, seja na sua captação pelo sistema penal com condenação, seja sua manutenção na prisão (pesquisa realizada no estado de São Paulo pela

Fundação Seade, juntamente do Núcleo de Pesquisas do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais / 2003); entre as mulheres há maior punibilidade para mulheres negras, que gradativamente

vão sendo mais incluídas nas etapas do inquérito e do processo, ao passo que as mulheres brancas vão no sentido inverso, saindo do sistema (Seade/ 2003).

REFERÊNCIAS:

AGAMBEN, Giorgio. Estado de Exceção. Tradução de Iraci d. Poleti. São Paulo: Boitempo, 2004.

__________. Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua I. Tradução de Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012.

SCHIMITT, Carl. Teologia Política. Tradução Elisete Antoniuk. Belo Horizonte: Vozes, 1992.

BARSALINI, Glauco. Direito e política na obra de Giorgio Agamben. Soberania e estado de exceção permanente. São Paulo: Fabris, 2013.

BOBBIO, Norberto. A teoria das formas de governo. Brasília: editora UnB, 1988, 5ª edição.

BOBBIO, Norberto O futuro da democracia (uma defesa das regras do jogo). Trad. Marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1986.

DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. 31. Ed. São Paulo, Saraiva, 2012.

MELLIM, Filho Oscar. Criminalização no sistema judiciário penal. São Paulo: Ibccrim, 2010.