a descrença no pensamento positivista e as novas concepções científicas

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A CRISE DO PENSAMENTO RACIONALISTA Na 2ª metade do séc. XIX, o conhecimento científico assentava no positivismo, numa visão científica do mundo, rejeitando-se tudo o que não for possível de demonstração científica. Até a Literatura, a História e a Arte poderiam explicar-se em termos científicos específicos, rejeitando-se toda a explicação sobrenatural e abstracta. A contestação das teorias positivistas iniciou-se nas ciências humanas e sociais, em particular na História, onde Benedetto Croce nega a possibilidade de uma visão objectiva do passado e defende que todo o conhecimento histórico é um conhecimento relativo e subjectivo.

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Page 1: A descrença no pensamento positivista e as novas concepções científicas

A CRISE DO PENSAMENTO RACIONALISTA

• Na 2ª metade do séc. XIX, o conhecimento científico assentava no positivismo, numa visão científica do mundo, rejeitando-se tudo o que não for possível de demonstração científica. Até a Literatura, a História e a Arte poderiam explicar-se em termos científicos específicos, rejeitando-se toda a explicação sobrenatural e abstracta.

• A contestação das teorias positivistas iniciou-se nas ciências humanas e sociais, em particular na História, onde Benedetto Croce nega a possibilidade de uma visão objectiva do passado e defende que todo o conhecimento histórico é um conhecimento relativo e subjectivo.

Page 2: A descrença no pensamento positivista e as novas concepções científicas

• Com as descobertas de Einstein – a teoria da relatividade (1910), na qual se demonstra que o espaço, o tempo e o movimento não são absolutos, mas sim relativos ao observador e aos seus próprios movimento no espaço – a concepção positivista da ciência entrou em declínio.

• O racionalismo, a certeza e o absoluto deram lugar à incerteza, ao relativismo e ao indeterminismo.

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• O impacto científico da psicanálise pode assemelhar-se ao provocado pela teoria da relatividade, mas teve muitas mais implicações ao nível da cultura e dos comportamentos.

• A psicanálise, fundada por Sigmund Freud, surgiu inicialmente como um método de determinação das causas das neuroses e como uma terapêutica para o seu tratamento. Freud mostrou a importância do inconsciente no comportamento humano, tendo concluído que o comportamento do Homem também comandado por impulsos inconscientes escondidos na profundidade da mente humana; considerou como dominantes os impulsos sexuais.

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• O impacto cultural das concepções psicanalíticas deu-se em muitos campos, nomeadamente na arte, na literatura, na religião e nos comportamentos.

• A nível artístico, motivou os escritores e artistas para a exploração do inconsciente na arte, dando origem ao surrealismo, que tenta penetrar para além do nível do consciente da percepção. Muitas personagens centrais de obras literárias dos inícios do século XX eram personagens freudianas.

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Nas primeiras décadas do séc. XX, assiste-se a uma explosão de experiências artísticas inovadoras. Em Paris, jovens artistas de toda a Europa rejeitam o ensino académico e agrupam-se, segundo os seus interesses, em grupos de vanguarda que vão modificar profundamente o conceito de arte. Seguem caminhos diversos, mais racionalistas ou mais impulsivos e emotivos, mas partilham algumas características comuns:

• são antitradicionalistas: põem em causa todas as concepções sobre as quais se erguia a arte europeia; vão provocar escândalo nos meios mais conservadores;

• a pintura e a escultura libertam-se da sujeição ao real, pois para o reproduzir há a fotografia; a pintura e a escultura revelam as procuras e o mundo interior dos artistas;

• as vanguardas proclamam a sua independência do gosto do público; as suas criações interessam a um grupo restrito de intelectuais, afastando-se do grande público, que não as compreende;

• as artes plásticas passam a ser teorizadas e objecto de um discurso racional produzido pelos próprios artistas e pelos críticos, que explicita os objectivos e técnicas a que recorrem.

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As Vanguardas. Rupturas com os cânones das Artes

No início do séc. XX, dão-se profundas transformações na literatura e nas artes, reflectindo o espírito da mudança. Representa uma frente comum das artes contra a tradição e um desafio à sociedade. É a época do Modernismo e das experiências de vanguarda que se caracterizaram por:

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a) Rompimento com a arte tradicional:• -abandono do figurativismo (a fotografia

passa a ocupar-se da representação do real). A obra de arte ganha autonomia face à realidade, libertando-se da necessidade de a copiar;

• -recusa do academismo que seguia os modelos clássicos, numa representação ideal da Natureza e do Homem (desenho em pormenor, claro-escuro, perspectiva);

• - abandono dos temas tradicionais (temas religiosos/clássicos/históricos);

Page 8: A descrença no pensamento positivista e as novas concepções científicas

b) Criação de uma linguagem pictórica própria

• - carácter bidimensional, sem preocupações de volume e de desenho, dando mais importância à cor;

• - novos temas como a luz, o calor e os estados de alma do pintor, temas do quotidiano;

• - procura da intelectualização da visão.

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c) concepção da arte como uma investigação permanente (busca de novas técnicas, novos materiais). Surgem variadas escolas - Milão, Roma, Berlim, Paris - efémeras, devido ao carácter de pesquisa que leva os pintores a saltarem de escola em escola.

Page 10: A descrença no pensamento positivista e as novas concepções científicas

• Surge, então no século XX, o Movimento das Vanguardas ou Vanguardismo, movimento artístico que vai desencadear uma revolução plástica que irá abrir novos caminhos à arte. Atinge a pintura, a escultura, a arquitectura, o mobiliário, a decoração, a literatura e a música.

• Os artistas vanguardistas assumem-se como os pioneiros, os «avant-garde», tendo por missão inventar o futuro e criar um mundo novo.