a defesa do réu na disciplina do código de processo civil brasileiro

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  • 8/19/2019 A Defesa Do Réu Na Disciplina Do Código de Processo Civil Brasileiro

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    PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SULCENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

    PROGRAMA DE PÓS‐GRADUAÇÃO EM DIREITO

    A DEFESA DO RÉU NA DISCIPLINA DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL BRASILEIRO

    FLAVIANA RAMPAZZO SOARES

    MESTRADOPorto Alegre, maio de 2001

    SUMÁRIO

    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO

    1 DA CONCESSÃO DE OPORTUNIDADE DE DEFESA AO RÉU

    1.1 Fundamentos da defesa do réu

    1.2 Alternativas de atuação do demandado após a citação

    1.3 Formas de defesa

    2 CONTESTAÇÃO ‐ PRINCIPAIS ASPECTOS

    2.1 Prazo para contestar

    2.2 Alteração da contestação

    2.3 Forma da contestação

    2.4 Defesas dilatórias e peremptórias

    2.5 Exposição da matéria de defesa segundo o Código de Processo Civil

    - Artigos

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    A DEFESA DO RÉU NA DISCIPLINA DO CÓDIGO DEPROCESSO CIVIL BRASILEIROEscrito por FLAVIANA RAMPAZZO SOARES. Publicado em Artigos Jul 2001.

    JUL

    02

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    2.6 Fundamentos fáticos e jurídicos da defesa

    2.7 Princípio da eventualidade

    2.8 Novas alegações após a contestação

    3 DAS EXCEÇÕES SUBSTANCIAIS E PROCESSUAIS

    3.1 Exceções substanciais e objeções: polêmica de Chiovenda e Carnelutti

    3.1.1 Distinção na doutrina alemã entre objeção e exceção

    3.1.2 Disciplina da matéria no Código de Processo Civil

    3.2 Exceções processuais: de suspeição, impedimento e competência

    4 REVELIA E SUAS CONSEQÜÊNCIAS

    4.1 Hipóteses em que a revelia não produz efeitos

    4.2 Revelia do assistido

    4.3 Força maior

    4.4 Intimações ao revel

    4.5 Comparecimento do réu em momento posterior ao do prazo da contestação

    5 OUTRAS FACULDADES DO RÉU

    5.1 Impugnação ao valor da causa, incidente de falsidade, nomeação à autoria e denunciação dalide

    5.2 Reconvenção

    5.2.1 Reconvenção e compensação

    5.2.2 Reconvenção e revelia

    5.2.3 Reconvenção de reconvenção

    5.3 Ação declaratória incidental

    6 BREVE ANÁLISE DA DEFESA DO RÉU EM OUTROS PROCEDIMENTOS

    6.1 Da defesa do réu em ação cautelar

    6.2 Da defesa do réu em ação de execução e em embargos

    6.3 Algumas hipóteses legais de restrição ou eliminação da defesa do réu

    CONCLUSÃOOBRAS CONSULTADAS

    INTRODUÇÃO

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    A prestação de tutela jurídica avocada pelo Estado requer o transpasse de etapas determinadaspela lei, muitas vezes inexoráveis.

    Quanto instado a conceder a prestação jurisdicional, o Estado‐Juiz, verificando a indicação doréu na demanda, segundo requerimento do autor, inicia a “marcha” do processo, que passanecessariamente pela concessão ao demandado de oportunidade de defender‐se, a fim de quepossa atuar segundo as regras fixadas para o procedimento escolhido para veicular o pedidocontido na demanda.

    Para tanto, a citação representa a perfectibilização da relação processual (o réu tem o direitode ser ouvido, e a prova da concessão desta oportunidade está na citação), a partir da qual oPoder Judiciário está autorizado a apreciar o pedido do demandante, obedecido oprocedimento a que está submetida a causa.

    As atitudes do demandado a partir desse momento são estudadas nesse trabalho,especialmente a forma pela qual poderá veicular a sua defesa, bem como o seu conteúdo eextensão.

    A análise do tema é essencial à correta compreensão do instituto, que, se bem utilizado, servepara realizar um pressuposto (ainda que não essencial) do processo, que é a dialética.

    A razão para o superficialismo reside na constatação de que para o desenvolvimento de cadaum dos mencionados itens seria necessário pelo menos um trabalho específico, o queultrapassa o tema proposto.

    Para que se possa dar cumprimento ao proposto, é necessário o estudo dos fundamentos dadefesa do réu, tanto legais quanto lógicos, das suas formas de atuação e, em caso de defesa, olapso temporal concedido para o seu exercício e as suas expressões, materiais e processuais.

    Também será analisado o contra‐ataque do réu, que pode ocorrer com a reconvenção.

    A ação declaratória incidental, que serve para que seja decidida questão do processo compossibilidade de agregação da força da coisa julgada, merece análise, ainda que superficial, deseus principais aspectos.

    Diante da sua importância, a inação do réu, que acarreta a revelia, também será objeto deapreciação.

    Destarte, cabe ressaltar que o trabalho apresenta visão superficial do assunto, servindo apenaspara lançar algumas idéias a seu respeito. Outros esclarecimentos deverão ser buscados nadoutrina específica sobre cada um dos tópicos abordados.

    De qualquer maneira, espera‐se que o trabalho seja aproveitado quanto à exposição dosaspectos mais essenciais do instituto.

    1 DA CONCESSÃO DE OPORTUNIDADE DE DEFESA AO RÉU

    Assim como o autor pode propor em juízo ação a fim de que o Poder Judiciário aprecie o

    pedido veiculado na demanda, se ele é formulado contra alguém, a este deve ser concedida aoportunidade de manifestar‐se, pois a sua esfera jurídica poderá ser afetada pela sentença queaprecia referido pedido.

    Necessário, portanto, o estudo (ainda que sintético) da forma e extensão da defesa do réu.

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    1.1 Fundamentos da defesa do réu

    O fundamento legal da defesa do réu consta no artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal, noartigo 297 do Código de Processo Civil, além de outros previstos na legislação (que serãoreferidos quando for tratada a matéria relativa ao prazo para apresentação da contestação), talcomo o art. 30 da Lei n. 9.099, de 1995.

    O fundamento lógico da defesa do réu reside no princípio do contraditório, pois, ao receber apetição inicial, o juiz, deve ‐ acolhendo requerimento do demandante ‐ ordenar a citação daparte contrária a fim de lhe conceder a oportunidade de participar da relação processual.

    1.2 Alternativas de atuação do demandado após a citação

    Após a citação, (1) o réu pode participar do processo, (1.1) seja apresentando contestação eparticipando dos atos posteriores do processo (resistindo, através deste meio), (1.2) sejaadmitindo a procedência dos pedidos apresentados[1], ou, ainda, (2) não participar doprocesso, gerando a incidência do artigo 319 do Código de Processo Civil (observado o dispostono artigo 320 do mesmo diploma legal).

    Pode‐se dizer, quanto ao número dois, que a apresentação de defesa é ônus, e não obrigaçãoda parte demandada, pois mesmo que opte por não contestar, será alcançada pelos efeitos dasentença definitiva que possa ser prolatada[2]. O artigo 297 do Código de Processo Civilprescreve: “O réu poderá oferecer, no prazo de quinze (15) dias, em petição escrita, dirigidaao juiz da causa, contestação, exceção e reconvenção”.

    De acordo com o citado dispositivo legal, o réu também pode reagir através de ação em quehaverá inversão da posição das partes, que ocorre tanto havendo ação declaratória incidentalquanto reconvenção (em que o demandado assume a posição de autor).

    1.3 Formas de defesa

    A defesa tratada aqui é denominada de contestação, que “é a contrapetição do réu: por ela elese defende objetando”.[3]

    Defendendo‐se, o réu pode apresentar (1) defesa processual[4]: (1.1) direta, relativa aoprocesso ‐ visando a sua extinção ‐, que ocorre quando o réu aponta a falta de pressupostosprocessuais[5] e de impedimentos processuais; (1.2) indireta, caracterizada pela apresentaçãode exceções processuais.

    Também pode alegar (2) defesa substancial: (2.1) direta, oposta contra o pedido e seusfundamentos fáticos e jurídicos (o fato não existe ou ocorreu de forma diversa daquela expostapelo demandante – que então deverá indicar de que modo sucedeu – ou que tais fatos nãogeram as conseqüências expostas pelo autor); (2.2) indireta, que é a oposição de fatosimpeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor, como exposto no artigo 326 doCódigo de Processo Civil (se admitidos como verdadeiros no processo, impedem a geração dosefeitos tencionados pelo autor no pedido contido na petição inicial).

    Na defesa processual, o réu indica a não observância de algum requisito relativo à formação da

    relação processual que não teria sido observado (indicam‐se como exemplos a inépcia dainicial, o ajuizamento de ação quando vencido o prazo da procuração outorgada ao advogado,erro de procedimento, etc.).

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    Na defesa substancial, o réu impugna o pedido do autor, apresentando as razões que seriamhábeis a ensejar a sua improcedência.

    2 CONTESTAÇÃO ‐ PRINCIPAIS ASPECTOS

    2.1 Prazo para contestar

    O prazo (que é peremptório, observado o disposto no artigo 182 do Código de Processo Civil)para o réu contestar pode variar.

    A regra é o prazo de quinze dias previsto no artigo 297 do Código de Processo Civil, mas existemhipóteses em que o prazo é diverso, tais como as previstas nos artigos 278 (contestação dasações que tramitam sob procedimento sumário, em audiência), 802 (nas ações cautelares aregra geral é de cinco dias), 954 e 981 (vinte dias, nas ações de demarcação e divisão), 912 (é ocaso da ação de substituição de títulos ao portador, com prazo de dez dias), 491 (açãorescisória, onde o relator fixará o prazo, entre o mínimo de quinze dias e o máximo de trintadias), 1.103 (regra geral de dez dias nos casos de jurisdição voluntária) e 1.218, inciso VII (naação de dissolução de sociedade o prazo pode ser de 48 horas ou de cinco dias, conforme

    disposto no artigo 656 do Decreto‐lei n. 1.608 de 1939), todos do Código de Processo Civil.

    Porém, é necessário frisar que, se o mandado de citação mencionar prazo maior, distintodaquele previsto na lei à espécie de ação ajuizada, ele deve ser considerado, com a admissãoda contestação apresentada após o prazo previsto em lei mas no prazo que consta nomandado[6].

    Ademais, não é possível esquecer os privilégios processuais concedidos à “Fazenda Pública” eao Ministério Público previstos no artigo 188 do Estatuto Processual Civil e o prazo dobrado paralitisconsortes com procuradores distintos, previsto no artigo 191 do mencionado diploma legal.

    Se a contestação deve ou não ser desentranhada dos autos se intempestiva é questão que nãoestá pacificada na doutrina. Porém, a procuração conferida ao advogado da parte deve sermantida nos autos, a fim de que ele seja intimado dos atos processuais praticados a partir deentão (inclusive da decisão que determinar o desentranhamento da contestação apresentadaapós o término do prazo).

    2.2 Alteração da contestação

    É objeto de discussão a (1) possibilidade de aditamento, substituição e/ou retificação da

    contestação apresentada antes do término do prazo em face da preclusão e sobre a (2)preclusão em caso de não observância da simultaneidade de apresentação de reconvenção econtestação, ainda que dentro do prazo mencionado pela lei.

    Cézar Santos entende que há preclusão nos dois casos[7]. Porém, a 3ª Turma do SuperiorTribunal de Justiça já afirmou que, no segundo caso, não há preclusão[8].

    2.3 Forma da contestação

    A forma da contestação está prevista no artigo 297 do Código de Processo Civil: no

    procedimento ordinário, escrita, endereçada ao órgão judiciário, com menção, no mínimo, denome e prenome das partes e indicação das provas que pretende sejam produzidas e doendereço em que o advogado receberá intimações (artigo 39 do Código de Processo Civil). Noprocedimento sumário a contestação pode ser escrita ou oral (artigo 278 do Código de ProcessoCivil).

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    A questão relativa à existência ou não de preclusão se não obedecida a regra da indicação deprovas a produzir na contestação é controvertida. A maioria da doutrina afirma que ela nãoocorre, desde que a parte as especifique quando intimada para tanto. Arruda Alvim, porexemplo, sustenta que essa omissão “em princípio, autoriza o julgamento antecipado”, e que ocostume de sanear o processo com intimação das partes para precisar as provas a produzir, pornão ser “rigorosamente correta”, não deveria “ser erigida como regra”[9].

    2.4 Defesas dilatórias e peremptórias

    Segundo entendimento doutrinário corrente, as defesas podem ser dilatórias (quandoapresentadas para procrastinar a prolatação da sentença) ou peremptórias (quando buscam aeliminação do direito substancial alegado pelo demandante): “São defesas dilatórias de mérito,v.g., as que se fundam no direito de retenção por benfeitorias (Código Civil, art. 516) ou naexceção de contrato não cumprido (Código Civil, art. 1.092). [10]”

    Repita‐se, são peremptórias as defesas, se sua admissão pelo julgador ocasionar o término doprocesso e dilatórias, se ocasionarem a suspensão ou retardamento do seu andamento, queprosseguirá após a regularização.

    Litispendência e coisa julgada são os exemplos mais comuns da primeira espécie e nulidade dacitação, irregularidade da representação processual da parte os da segunda.

    A falta de prestação de caução a que se refere o artigo 301, XI, do Código de Processo Civil éexemplo de defesa que em um primeiro momento é dilatória, se houver regularização. Casocontrário, é peremptória (a regra vale para todos os casos em que se admita sanar airregularidade).

    2.5 Exposição da matéria de defesa segundo o Código de Processo Civil

    O art. 301 do Código de Processo Civil exprime a ordem em que devem ocorrer as alegações nacontestação.

    É ônus do réu expor na contestação primeiramente todos os pontos que possam configurarvícios da relação processual, inexistência e invalidade (incisos I a III), ineficácia (parcial nosincisos IV e VII e integral no incisos V e VI), incapacidade da parte, defeito de representação oufalta de autorização (inciso VIII), de compromisso arbitral ‐ que impede a formação da relaçãoprocessual (inciso IX), “carência de ação” (inciso X) e falta de caução ou outra prestaçãodeterminada legalmente (inciso XI) .

    Assim[11]:

    a) inexistência ou nulidade de citação – padecem de tais vícios as citações que não obedeceramaos requisitos previstos na lei, como dispõe o artigo 247 do Código de Processo Civil (citaçãode pessoa diversa do réu, citação nas hipóteses previstas no art. 217 e 218 do Código deProcesso Civil, etc.);

    b) incompetência absoluta – em razão da matéria, do valor (quando “do menos para omais”[12]) e funcional;

    c) inépcia da petição inicial ‐ por não observar os requisitos previstos no art. 282 do Código deProcesso Civil;

    d) perempção – extinção da pretensão material quando o autor dá causa à extinção do processopor três vezes (excetuada a alegação como matéria de defesa);

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    e) litispendência – que é o trâmite de duas ações “idênticas” de forma concomitante;

    f) coisa julgada – não é possível ajuizar ação quando já julgada outra idêntica, sem que existapossibilidade de rediscussão da “matéria” da primeira;

    g) conexão – configura‐se quando estão tramitando ações que possuem pontos em comum que,em razão de sua natureza e extensão, necessitam ser julgadas concomitantemente;

    h) incapacidade de parte e falta ou defeito de representação legal ou negocial – ocorre nos

    casos em que o autor é incapaz, ou assim o era quando ajuizara a ação, ou, ainda, se não estárepresentado na forma da lei;

    i) compromisso arbitral – obsta a intervenção do Poder Judiciário na solução da controvérsia,porquanto as próprias partes convencionaram que um árbitro a analisaria;

    j) “carência de ação” – corresponde à falta de legitimidade das partes, de possibilidade jurídicado pedido e de interesse de agir[13].

    k) caução ou outra prestação que a lei exige – por exemplo, de autor que resida no exterior ou

    que dele se ausentar no curso do processo, a teor do disposto no art. 835 do Código deProcesso Civil.

    2.6 Fundamentos fáticos e jurídicos da defesa

    Também é ônus do réu a indicação, na contestação, de “toda a matéria de defesa”, osfundamentos fáticos e jurídicos que constituem base da alegação de improcedência dospedidos contidos na demanda (ainda que prejudiciais e incompatíveis entre si), e a contestaçãoclara e específica dos fatos descritos pelo autor, segundo dispõem os artigos 300 (sob as penasdo artigo 22) e 302 do Código de Processo Civil, pois a contestação por negativa geral somente éadmitida se apresentada por curador, advogado dativo (inclusive o procurador de assistênciajudiciária) e órgão do Ministério Público (existe entendimento no Supremo Tribunal Federal ‐Recurso Extraordinário n. 85.635 ‐ no sentido de que na exceção prevista no parágrafo único domencionado artigo 302 se estende à “Fazenda Pública”, pois seria o caso de indisponibilidadedo direito público)[14].

    Ainda que não contestadas, sobre as alegações falsas e impossíveis não incide a presunção deveracidade.

    Porém, cabe salientar que não será considerada como verdadeira a alegação, ainda que nãocontestada especificamente, que não puder ser conciliada (for incompatível) com os termos dadefesa, que não puder ser objeto de confissão (por exemplo, quando se trata de direitosindisponíveis, tal como prevê o artigo 351 do Código de Processo Civil), que necessitar de provaconforme o artigo 366 do Código de Processo Civil que não tenha sido atendida pelo autor (poisrepresenta prova da própria constituição do direito) e se a defesa foi apresentada por defensordativo, curador especial e órgão do Ministério Público ‐ é o que dispõe o artigo 302 do Códigode Processo Civil ‐ razão pela qual deve ser objeto de prova.

    2.7 Princípio da eventualidade

    A determinação de impugnação precisa dos fatos descritos pela parte contrária na petiçãoinicial representa a admissão do princípio da eventualidade no sistema processual civilbrasileiro[15].

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    A conseqüência da não observância desta determinação é a presunção de veracidade dos fatosnão especificamente impugnados pela parte adversa, com aplicação do disposto no artigo 334,inciso II, do Código de Processo Civil (desnecessidade de produção de prova sobre fatoincontroverso).

    Todavia, a presunção é juris tantum, podendo ser elidida pelo conjunto probatório dos autos epela matéria em debate (especialmente aquela que pode ser conhecida de ofício pelo julgador)[16].

    Na doutrina de Pontes de Miranda consta o que não deve ser olvidado:

    “O juiz somente pode recorrer ao argumento que se baseie no art. 333 depois de haver examinado as provas. Porque as afirmações, conforme antes foi dito, são comunicações derepresentações, julgamentos de fato, e não declarações de vontade. É o último recurso do

     juiz, e não o primeiro, basear a sua convicção na verdade da afirmação por não ter sidocontestada”.[17] 

    Por último, mister observar que não há ônus de impugnação da qualificação jurídica porque o

    julgador não está vinculado à indicada pela parte.

    2.8 Novas alegações após a contestação

    O artigo 303 do Código de Processo Civil destaca as hipóteses em que pode haver novasalegações pelas partes, que são: (1) direito superveniente (objetivo e subjetivo); (2) matériaadmissível de ofício pelo julgador (decadência, nulidades insanáveis e as denominadas“condições da ação”) e (3) outras hipóteses legalmente admissíveis, tal como a prevista noartigo 113 do Código de Processo Civil[18].

    Admite‐se também a possibilidade de alegação posterior de fatos que, não obstante seusurgimento em momento anterior, dele a parte somente tenha tido conhecimento após otérmino do prazo de contestação (vide artigos 183 e 517 do Código de Processo Civil).

    3 DAS EXCEÇÕES SUBSTANCIAIS E PROCESSUAIS

    As exceções serão tratadas aqui para fins meramente didáticos, pois podem coexistir exceçõessubstanciais e processuais no processo. Preferiu‐se diferenciá‐las através da inserção do temaem um mesmo capítulo para facilitar a diferenciação entre as mesmas[19].

    3.1 Exceções substanciais e objeções: polêmica de Chiovenda e Carnelutti

    Cumpre salientar, como fez Chiovenda[20], as diversas significações do termo exceção.

    Em sentido amplo expressa todo o meio utilizável à realização de intento de fazer com que oentendimento do réu prepondere sobre o exposto pelo autor.

    Em sentido intermediário, as defesas de “mérito” (fatos impeditivos, modificativos e extintivosdo direito do autor, tais como a simulação, novação, etc.) ou, por fim, em sentido estrito,abrangem a oposição ao fato constitutivo descrito pelo autor, que não infirma, mas “anula a

    ação” (o que ocorre em casos de vícios de consentimento, prescrição, incapacidade, etc.).Carnelutti, ao contrário de Chiovenda, nega que a exceção teria o condão de anular a ação,porquanto tem como principal objetivo eliminar o direito do autor. Não seria um contra‐direito, mas uma razão da contestação, distinta da defesa[21]. Apesar da discussão a respeito, épossível afirmar que o resultado prático é idêntico.

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    3.1.1 Distinção na doutrina alemã entre objeção e exceção

    A doutrina processual alemã tratou de distinguir objeção e exceção.

    Exceção corresponderia a defesa indireta, o “contra‐direito” do réu que se superpõe ao doautor, não podendo ser apreciada de ofício pelo juiz, tal como ocorre na exceção decompensação (crédito líquido e vencido, conforme dispõe o artigo 1.010 do Código Civil)[22],prescrição, moratória, pedido de indenização e retenção por benfeitorias, usucapião, etc.

    A objeção compreende (1) fatos extintivos, que encerram as conseqüências jurídicas do atojurídico narrado pelo autor, tal como ocorre com o pagamento[23], (2) modificativos (quetransmutam a eficácia jurídica dos fatos descritos pelo autor na demanda, como ocorre com oaditamento de contrato com alteração de data de entrega de imóvel) ou (3) impeditivos (quenão observam os requisitos à formação do ato e que impedem a produção de efeitos, v.g. ovício de ato jurídico por ser o contratante absolutamente incapaz) e pode ser apreciada deofício pelo juiz.

    3.1.2 Disciplina da matéria no Código de Processo Civil

    O julgador pode conhecer, independentemente de alegação da parte, as matérias mencionadasnos artigos 113 e 301 do Código de Processo Civil (com exceção do compromisso arbitral,conforme exposto no parágrafo quarto do mencionado art. 301), sem prejuízo da incidência do§3º do artigo 267 do mesmo diploma legal.

    Se a omissão do réu no tratar destas matérias “dilatar o julgamento” da causa, arcará com ascustas a partir do saneamento e não haverá condenação da parte contrária em honoráriosadvocatícios caso esta não tenha seus pedidos acolhidos, conforme exposto no artigo 22 doCódigo de Processo Civil.

    Se o réu apresenta as defesas que decorrem de condições exteriores à propositura da ação ‐exceções substanciais (prescrição da ação, exceção de contrato não cumprido ou malcumprido) ‐, o ônus da prova é seu. Ademais, é matéria cujo conhecimento por iniciativaprópria do julgador é vedada (existe exceção no artigo 291, §5º do Código de Processo Civil,onde, em caso de direitos não patrimoniais, a prescrição pode ser reconhecida de ofício).

    As objeções (por exemplo, de coisa julgada e litispendência) podem ser conhecidas de ofíciopelo julgador e obstam o prosseguimento da ação.

    3.2 Exceções processuais: de suspeição, impedimento e competência

    Existem defesas processuais que, por razões de relevância e da necessidade de não seremtratadas nos mesmos autos em que constam a contestação, são processadas na formaincidental.

    Tais defesas estão previstas no artigo 304 do Código de Processo Civil, que trata da exceção deincompetência relativa do juízo, suspeição e impedimento do julgador (que também podem seralegadas pelo autor[24]).

    Trata‐se de exceções processuais, e nesses casos devem ser apresentadas em petiçõesindependentes (com documentos e rol de testemunhas, se for o caso) [25], que, recebidas,terão o condão de suspender o andamento do processo que as originou (artigo 306, exceto aprática de atos urgentes, como exposto no artigo 266[26]) até a decisão em primeiro grau de

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    jurisdição, tal como ocorre na exceção de incompetência (artigo 311) ou em segundo grau, noscasos de exceção de impedimento e suspeição (artigo 313) ‐ inclusive com a possibilidade deprodução de prova em audiência (artigo 309 do Código de Processo Civil).

    O prazo para apresentação da exceção é de quinze dias a contar da data em que a parte tiverconhecimento do fato (existindo desde o ajuizamento da ação, o prazo para o réu será contadoconforme as regras estabelecidas para a contestação)[27].

    A alegação de impedimento não preclui no prazo acima mencionado.

    Na exceção de incompetência relativa a parte deve precisar qual juízo entende ser ocompetente para a condução do processo. Nas ações que tramitam sob procedimentoordinário, a incompetência relativa deve ser argüida no prazo do artigo 305 do Código deProcesso Civil, sob pena de prorrogação da competência (artigo 114 do mesmo diploma).

    A exceção de suspeição, quando acolhida pelo tribunal ou reconhecida pelo próprio julgadortido por suspeito, tem como conseqüência o seu afastamento, além da anulação os atos por elerealizados[28]. Se não argüida suspeição no prazo previsto no Código de Processo Civil, opera‐se

    preclusão, não obstante a possibilidade de, a qualquer momento, o julgador dar‐se porsuspeito, conforme dispõe o parágrafo único do artigo 135 do mesmo diploma legal.

    A incompetência absoluta deve ser argüida como preliminar na contestação, conforme dispõe oartigo 301 do Código de Processo Civil[29].

    4 REVELIA E SUAS CONSEQÜÊNCIAS

    A revelia ocorre quando o réu não contesta a ação, apesar de citado com a advertência expressada cominação da mencionada pena, como previsto no artigo 285 do Código de Processo Civil.

    Como conseqüência, o réu não é intimado dos atos processuais[30] (exceto se constituiprocurador, situação na qual passa a participar do processo e ser intimado dos atos processuaisposteriores ao seu ingresso na causa); presumem‐se como verdadeiros os fatos narrados peloautor na petição inicial (artigo 319 do Código de Processo Civil) e o julgador pode apreciarantecipadamente o pedido (artigo 330 do mesmo diploma)[31].

    4.1 Hipóteses em que a revelia não produz efeitos

    A revelia não produzirá seus efeitos: (1) quando a causa tratar de direitos indisponíveis; (2)

    quando, havendo mais de um demandado, um deles defender‐se; (3) quando a petição inicialnão estiver acompanhada de instrumento público exigido por lei como prova do ato (artigo 320do Código de Processo Civil) e (4) quando a citação do réu ocorrer por edital ou por hora certa(segundo dispõe o artigo 9º do Código de Processo Civil, e, ainda, a súmula n. 196 do SuperiorTribunal de Justiça, o julgador deve nomear curador, que apresentará defesa em nome dorevel)[32].

    Relativamente ao número dois, é necessário esclarecer que há discussão sobre a aplicabilidadedo art. 302 em caso de litisconsórcio passivo necessário.

    Argumenta‐se que, se nenhum dos co‐réus impugna determinado fato exposto na inicial, entãoincide a revelia, sob pena de tratamento diferenciado daquele aplicado à ação em que há um sóréu. Se a alegação é impugnada por um dos co‐réus e não contestada pelos demais, não seria ocaso de incidência da revelia.

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    Quanto ao litisconsórcio facultativo, é importante mencionar o entendimento esposado naementa que segue:

    “Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Quinta Câmara Cível. Acidente de trânsito. Revelia.Não se operam os feitos da revelia quando há pluralidade de réus e um deles contesta a ação,impugnando fato comum ao contestante e ao litisconsorte revel. Indenização. A ausência denexo causal entre as alegadas lesões corporais da autora e a queda que sofreu no interior docoletivo, afastam o dever de indenizar. Ação improcedente. Apelo improvido.” (APC n.

    197188261. Relator Des. Carlos Alberto Alves Marques, julgado em 16 out. 1997.)[33]

    Finalmente, é necessário referir que os tribunais divergem quanto à aplicabilidade da reveliaem ação rescisória. Arruda Alvim preleciona que o disposto no art. 319 do Código de ProcessoCivil não incide sobre ela[34].

    4.2 Revelia do assistido

    Em caso de revelia do réu, o assistente passa a ser tido como “gestor de negócios”[35], emdefesa da parte assistida. A contestação apresentada pelo assistente, no prazo para defesa do

    réu, elide a revelia.

    4.3 Força maior

    Caso o réu não conteste a ação em razão de força maior, aplica‐se o disposto no artigo 183 doCódigo de Processo Civil.

    4.4 Intimações ao revel

    O Código de Processo Civil determina que, se o autor apresentar pedido de desistência da ação,o réu revel deve ser intimado para se manifestar (art. 302, parágrafo único). O réu revel devetomar conhecimento de pedido em que seja necessária a sua intervenção (tal como o deexibição de documento ou coisa), bem como ser intimado para prestar depoimento pessoal.

    4.5 Comparecimento do réu em momento posterior ao do prazo da contestação

    É admitida a intervenção do réu após o término do prazo concedido para contestação. Elerecebe o processo no estado em que se encontra, com as preclusões ocorridas (artigo 322 doCódigo de Processo Civil).

    Mas o julgador, se não for necessária a produção de outras provas além das que constam nosautos, está autorizado a julgar antecipadamente a causa (art. 330 do Código de Processo Civil)[36].

    Porém, a possibilidade de produção de provas pelo réu que intervenha após o prazo dacontestação é controvertida.

    Na vigência de Código de Processo Civil de 1939, o réu poderia produzir provas desde quecomparecesse em tempo hábil. Atualmente, como não há regulamentação precisa sobre oassunto, existem decisões admitindo e rejeitando a possibilidade.

    O réu pode alegar matéria de defesa relativa à direito indisponível, que não dependa deprodução de prova, que possa ser apreciada de ofício pelo julgador, as exceções deimpedimento, suspeição, suspeição, falta ou nulidade de citação.

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    Há decisões afirmando que o réu pode produzir prova que contraponha os fatos descritos peloautor[37], arrolar testemunhas e requerer a tomada do depoimento pessoal do autor (se emtempo hábil), apresentar quesitos (no prazo do art. 421, §1º do Código de Processo Civil) erequerer a produção de prova pericial, caso ainda não tenha ocorrido o saneamento [38].

    Finalmente, o procurador constituído deve ser intimado dos atos processuais posteriores aoingresso do réu na causa.

    5 OUTRAS FACULDADES DO RÉU

    5.1 Impugnação ao valor da causa, incidente de falsidade, nomeação à autoria e denunciação

    da lide

    O réu também pode impugnar, pela via incidental, o valor atribuído à causa pelo autor, casonão esteja de acordo com as regras contidas no artigo 259 do Código de Processo Civil. Talprovidência é útil porque pode refletir sobre as conseqüências econômicas relativas àsucumbência, a alçada e acesso ao duplo grau de jurisdição (como ocorre no art. 34 da Lei n.6.830 de 1980).

    O prazo concedido para a defesa também é a oportunidade para o réu argüir a falsidade dedocumento (vide artigo 390 do Código de Processo Civil, que concede prazo de dez dias), quepode ocorrer de forma incidental ou, tratando‐se de processo executivo, na petição inicial deembargos à execução (exceto no procedimento sumário e em inventário, em que não éadmissível, segundo acórdãos publicados na RT vol. 578, p. 231 e vol. 490, p. 11).

    Salienta‐se, outrossim, que existe discussão doutrinária e jurisprudencial a respeito do prazoconcedido para argüição de incidente de falsidade (se poderia ou não ser consideradopreclusivo), em razão de que tal fato pode ensejar o ajuizamento de ação rescisória (artigo 485,

    inciso VI do Código de Processo Civil). De qualquer maneira, se ultrapassado o prazo previsto noartigo 390 do Código de Processo Civil, é possível o ajuizamento de ação declaratória com amesma finalidade.

    Nas hipóteses previstas nos artigos 62 e 63 do Código de Processo Civil, o réu poderá nomear àautoria, em manifestação escrita a ser apresentada no mesmo prazo concedido paracontestação. O processo originário fica suspenso até decisão do incidente.

    No artigo 70 do Código de Processo Civil constam os casos de denunciação da lide, que obedeceao disposto nos artigos 71 a 76 do mesmo diploma legal.

    5.2 Reconvenção

    O réu pode agir contra o autor no mesmo processo através da propositura de ação denominadade reconvenção, que deve obedecer aos mesmos requisitos da ação ordinária (especialmenteos do artigo 282 do Código de Processo Civil), além da competência do juízo da ação principal,identidade de procedimento (o procedimento da reconvenção pode ser convertido para oordinário, se for o caso, a fim de compatibilizar o processamento em conjunto com a ação) e dodisposto no artigo 315 do Código de Processo Civil (somente o demandado possui legitimaçãopara tanto e as ações devem ser conexas).

    A reconvenção será julgada na mesma sentença que examinar a ação “originária” (que deve serprolatada de forma que, por sua redação, seja possível distinguir a decisão de uma e outra)[39],desvinculando‐se desta caso seja extinta ou haja desistência (artigo 317).

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    No tocante à forma, a regra é a de apresentação em petição própria, mas os tribunais vêmadmitindo a reconvenção na mesma peça da contestação, desde que seja possível diferenciaruma da outra.[40]

    A possibilidade de reconvenção quando esta exigir a formação de litisconsórcio unitário ounecessário (por exemplo, quando for ação que tiver como objeto material imóvel e o autor‐reconvindo for casado) é controvertida.[41]

    O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul admitiu litisconsórcio em reconvenção, conformeementa infra transcrita.

    “Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Sexta câmara cível. Ação reconvencional.Litisconsórcio ativo facultativo. Possibilidade e admissibilidade. Pedido rejeitado em decisãode primeiro grau. Agravo de instrumento do requerente. A reconvenção é ação. E, como ação,nela são possíveis e admissíveis todos os institutos e figuras processuais, inclusive a dolitisconsórcio facultativo, observados os devidos limites. Decisão judicial que em sentidocontrario dispôs. Provimento do agravo”. (AGI n. 70001093392, Relator Des. Osvaldo Stefanello,julgado em 09 ago. 2000)

    5.2.1 Reconvenção e compensação

    A doutrina e os tribunais têm questionado a respeito da possibilidade de pedido dereconhecimento de compensação em reconvenção. A resposta apresentada pelo SupremoTribunal Federal no Recurso Extraordinário n. 76.535 foi positiva, mas há entendimento nosentido de que falta interesse ao réu reconvinte porque tal matéria pode ser alegada emcontestação, sendo desnecessário o ajuizamento de outra ação com o mesmo objetivo[42],exceto se o alegado crédito do réu não é líquido e (ou) certo, ou, ainda, se ele é superior ao doautor.

    5.2.2 Reconvenção e revelia

    Se o autor reconvindo não contesta a reconvenção, é possível a admissão de veracidade dosfatos apresentados pelo réu reconvinte? O Supremo Tribunal Federal, no Recurso Extraordinárion. 87.963 entendeu que não podem ser admitidos como verdadeiros (decisão em conformidadecom a lição de Frederico Marques[43]). Já o acórdão contido na RTJRJ vol. 120, p. 385 foi emsentido contrário, em consonância com o que preleciona Arruda Alvim[44].

    O entendimento do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul pode ser resumido através da

    ementa a seguir transcrita:

    “Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Nona Câmara Cível. Processual civil. Reconvenção.Revelia. Embora, em princípio, a ausência de contestação à reconvenção acarrete revelia, talnão ocorre se a reconvenção estiver em contradição com os fatos articulados pelo reconvindona inicial. Agravo desprovido. (Agi n. 599118361. Relatora Des. Rejane Maria Dias de Castro Bins,julgado em 28 ago. 1999.)

    5.2.3 Reconvenção de reconvenção

    O cabimento de reconvenção de reconvenção também é objeto de discussão. FredericoMarques[45] e Arruda Alvim[46], em função das razões da existência da reconvenção ‐ que são aeconomia processual e a necessidade de evitar decisões contraditórias) negam a possibilidade,mas ela tem sido admitida por parte da doutrina e dos tribunais.

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    5.3 Ação declaratória incidental

    A ação declaratória incidental decorre da necessidade de que seja proferida sentença relativa aalgum ponto que tenha se tornado controvertido no processo, que o julgador deva apreciarpara que possa se manifestar quanto ao pedido formulado pela parte (vale dizer, questãoprejudicial)[47], apto a existir na condição de ação autônoma, para que sobre ele possa incidir acoisa julgada material (artigo 470 do Código de Processo Civil)[48], que possa influenciar emoutra causa.

    O prazo para apresentação é, para o réu, idêntico ao concedido para contestação e, para oautor, até dez dias após ser intimado desta. Contudo, existe acórdão admitindo que o prazoseria somente para o autor, pois o réu poderia propor a ação declaratória incidental a qualquermomento[49].

    Tal como a reconvenção, a ação declaratória incidental exige identidade de procedimento ecompetência do juízo das duas causas, e os requisitos da petição inicial expostos no artigo 282do Código de Processo Civil. Também deve permanecer nos autos da principal e ser julgada namesma ocasião que esta[50].

    A possibilidade de ação declaratória incidental no procedimento sumário é controvertida.

    Em causa em que o réu seja revel, a ação declaratória incidental somente será admitida se aoréu for oportunizada a sua defesa, ainda que ela seja apresentada por curador.

    Sobre a ação declaratória incidental não incide o disposto no artigo 319 do Código de ProcessoCivil.

    6 BREVE ANÁLISE DA DEFESA DO RÉU EM OUTROS PROCEDIMENTOS

    6.1 Da defesa do réu em ação cautelar

    A defesa do réu na ação cautelar é admitida, conforme prevê o art. 802 do Código de ProcessoCivil.

    Porém, o cabimento de defesa na ação cautelar de asseguração de prova é controvertida nadoutrina. Humberto Theodoro Júnior admite a possibilidade de apresentação de contestaçãoneste caso, ao contrário do que sustentam Galeno Lacerda e Carlos Alberto A. de Oliveira[51].

    No procedimento cautelar, não cabe reconvenção ou ação declaratória incidental e o prazo paraapresentação de contestação é de cinco dias, que abrange defesa processual e substancial.

    A defesa substancial não servirá para demonstração de pretensão material, mas paradescaracterizar o fumus boni iuris e o perigo na demora, e a revelia somente abrange os fatosque se referem aos requisitos da ação cautelar.

    6.2 Da defesa do réu em ação de execução e em embargos

    Na ação executiva de título extrajudicial, a citação do réu é para realizar o pagamento daimportância indicada na petição inicial ou garantir o juízo, sob pena de penhora de bens hábeisà satisfação do pedido e seus acréscimos.

    A “defesa” poderá ocorrer por duas vias: ou o executado utiliza‐se da estreita via da exceçãopré‐processual (também conhecida como exceção de pré‐executividade), alegando e, se for ocaso, comprovando (documentalmente) na mesma oportunidade vícios relativos a existência,

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    liquidez e exigibilidade do título (não obrigatório na ação de execução, onde não é correto falarde revelia ou presunção de veracidade de fatos), ou, da via incidental autônoma (ação deembargos à execução), alegando a matéria especificada no artigo 745 do Código de ProcessoCivil.

    A defesa na ação de embargos à execução ocorre através de impugnação (após a intimação doembargado, através de seu procurador). Se esta não for apresentada pelo embargado, ostribunais vêm afirmando que não há incidência do disposto no art. 319 do Código de Processo

    Civil.

    6.3 Algumas hipóteses legais de restrição ou eliminação da defesa do réu

    Em alguns casos, a defesa do réu fica limitada vertical ou horizontalmente por determinaçãolegal, como ocorre nas hipóteses descritas abaixo.

    Na ação de verificação de conta (prevista no art. 1º do Decreto‐lei n. 7.661 de 1945), o réulimita‐se a exibir os seus livros em juízo e a permitir que sobre eles seja realizada perícia. Olaudo é apresentado pelos peritos e o julgador, por sentença, declara o exame das contas,

    constituindo‐se, desta forma, título hábil à propositura de pedido de falência, em que há aconcessão de oportunidade de defesa do réu.

    Na ação visando à anulação e substituição de títulos ao portador, quando ocorre, por exemplo,extravio. Acolhendo‐se o pedido do autor, o sacado, réu naquela ação, tem a obrigação deemitir outro título em substituição ao extraviado. Não pode apresentar defesa alegandoquestões que somente poderiam ser apreciadas em ação plenária (em que o credor buscasse asatisfação do crédito contido no título), como, por exemplo, a inexistência da obrigaçãomaterial (o que se denomina “contraditório eventual”, que, se ocorrer, será em outra relaçãoprocessual).

    O art. 20 do Decreto‐lei 3.365, de 21 de junho de 1941, prescreve que nesta espécie de ação,“a contestação só poderá versar sobre vício do processo judicial ou impugnação do preço” (oque se pode chamar de “contraditório invertido”: o réu na desapropriação, para poder utilizaroutras matérias de defesa, transforma‐se em autor em ação diversa).

    A Lei n. 6.830 de 1980, em seu artigo 16, parágrafo 3º, também restringe a matéria passível deapreciação dos embargos à execução fiscal. O embargante não pode obter através dela acompensação de créditos. Tal matéria deve ser objeto de ação distinta.

    Na ação de consignação em pagamento, a resposta do réu está delimitada no art. 896 do Códigode Processo Civil.

    Na conversão da separação judicial em divórcio, o cônjuge réu somente pode alegar comodefesa as matérias previstas no parágrafo único do art. 36 da Lei n. 6.515 de 1977 (sem prejuízoda matéria prevista no art. 301 do Código de Processo Civil).

    Nas ações possessórias, não é admissível discussão a respeito da propriedade.

    CONCLUSÃO

    Como visto, a defesa do réu não é obrigação, mas ônus imposto ao mesmo, que sofre asconseqüências da relação processual, defendendo‐se ou não, desde que cientificado daexistência da ação.

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    A defesa pode ocorrer através do oferecimento de contestação que ataque as relações tantoprocessual quanto substancial, a critério do réu.

    Para que a contestação seja apresentada, a lei fixa prazo que deve ser observado, sob pena derevelia.

    A contestação pode ser retificada ou aditada dentro do prazo concedido para tanto, em quepese a divergência jurisprudencial e doutrinária a respeito da matéria.

    Na contestação, o réu deve apresentar toda a matéria de defesa para ensejar a improcedênciados pedidos formulados contra ele, sob pena de preclusão.

    O réu também pode impugnar o valor atribuído à causa pelo autor, apresentar incidente defalsidade, valer‐se da nomeação à autoria, chamar ao processo e denunciar alguém à lide.

    Também está autorizado a propor reconvenção e ação declaratória incidental, obedecidos osrequisitos legais.

    Em determinadas ações, a defesa do réu não é “ampla”: as limitações foram abordadas no item

    6.3 e decorrem essencialmente do procedimento utilizado para veiculação da ação. A defesa doréu não fica inviabilizada, porque o sistema processual admite o contraditório diferido,eventual e invertido, que podem ocorrer em outras ações, não abordadas neste trabalho, faceaos seus estritos limites.

    OBRAS CONSULTADAS

    1 ALVIM, Arruda. Manual de direito processual civil. V. 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,2000.

    2 BAPTISTA DA SILVA, Ovídio A. Curso de processo civil. V. 1 e III. 4. ed. São Paulo: Revista dosTribunais, 1998.

    3 CALAMANDREI, Piero. Direito processual civil. V. 1. Trad. por Luiz Abezia e SandraBarbery. Campinas: Bookseller, 1999.

    4 _____. Instituciones de derecho procesal civil. V. II. Trad. por Santiago Sentís Melendo.Buenos Aires: EJEA, 1973.

    5 CARNEIRO, Athos Gusmão. Jurisdição e competência. São Paulo: Saraiva, 1997.

    6 CHIOVENDA, Giuseppe. Instituições de direito processual civil. Trad. por J. GuimarãesMenegale. V. 1. 2. ed., São Paulo: Saraiva, 1965.

    7 COSTA, José Rubens. Manual de processo civil. V. II. São Paulo: Saraiva, 1995.

    8 FABRÍCIO, Adroaldo Furtado. A ação declaratória incidental. Rio de Janeiro: Forense, 1976.

    9 GIANESINI, Rita. Da revelia no processo civil brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1977.

    10 GRECO FILHO, Vicente. Direito processual civil brasileiro. V. 2. São Paulo: Saraiva, 1996.11 MARQUES, José Frederico. Manual de direito processual civil. V. 2. São Paulo: Saraiva, 1974.

    12 MOREIRA, José Carlos Barbosa. O novo processo civil brasileiro. 18. ed. Rio de Janeiro:Forense, 1996.

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    13 PALAIA, Nelson. Técnica da contestação. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1997.

    14 PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Comentários ao código de processo civil. Tomo IV.Rio de Janeiro: Forense, 1974.

    15 SANTOS, Cezar. Contestação. In: Digesto de processo. V. 2. Rio de Janeiro: Forense, p. 232‐242, 1982.

    16 SCHÖNKE, Adolfo. Derecho procesal civil. Barcelona: Bosch, 1950.

    17 TESHEINER, José Maria Rosa. Elementos para uma teoria geral do processo. São Paulo:Saraiva, 1993.

    18 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. V. 1. 32ª ed. Rio de Janeiro:Forense, 2000.

    19 TUCCI, José Rogério Cruz e. Temas polêmicos de processo civil. São Paulo: Saraiva, 1990.

    [1] Tal hipótese autoriza a extinção do processo “com julgamento do mérito”, conforme artigo269 do Código de Processo Civil. Ele difere da confissão porque naquele caso o réu podeinsurgir‐se quanto aos fatos narrados pelo autor, mas simples manifestação da intenção desujeição ao pedido do autor (Ovídio A. Baptista da Silva, Curso de processo civil. V. 1. 4. ed. SãoPaulo: Revista dos Tribunais, 1998, p. 334). Ademais, a confissão pode ser aplicada tanto ao réuquanto ao autor, ao contrário do reconhecimento da procedência do pedido.

    [2] “A presença não é elemento essencial: quem não comparece ou quem comparece e não

    contesta sofre os efeitos da comunicação que lhe foi feita.” Pontes de Miranda, Comentáriosao código de processo civil. Tomo IV. Rio de Janeiro: Forense, 1974, p. 150.

    [3] Idem, ob. cit., p. 153.

    [4] “La defensa procesal sólo puede conducir a que se desestime da demanda comoinadmisible, solamente, por tanto, a una sentencia procesal.” Adolfo Schönke, Derecho

     procesal civil. Barcelona: Bosch, 1950, p. 180.

    [5] Pressupostos processuais, segundo Nelson Palaia (Técnica da contestação. 5. ed. São Paulo:

    Saraiva, 1997, p. 16 e seguintes) são de constituição (demanda, jurisdição e capacidadepostulatória), de validade (competência, imparcialidade, capacidade processual, petição inicialapta e citação) e de invalidade (coisa julgada, litispendência e perempção) apesar de muitosdeles já constarem em outros incisos do art. 301 do Código de Processo Civil, que não o quetrata de pressupostos processuais.

    [6] Conforme preleciona Arruda Alvim, Manual de direito processual civil. V. 2. 7. ed. São Paulo:RT, 2000, p. 293‐294).

    [7] Ob. cit., p. 241. No mesmo sentido é a ementa publicada na RJTJESP v. 130, p. 338, com

    ressalva de possibilidade de ajuizamento de ação com idêntico fim contra o autor. José RubensCosta afirma que não deve ser admitido o aditamento, porquanto o exercício do direito decontestar já teria sido exercido (ob. cit., p. 441).

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    [8] “Não ocorre a preclusão consumativa, quando, ainda no prazo da resposta, contestação ereconvenção são ofertadas, embora a reconvenção tenha sido entregue depois dacontestação”. Superior Tribunal de Justiça. 3ª Turma. REsp n. 132.545‐SP, rel. min. WaldemarZveiter, j. 19.2.1998. DJU 27.4.1998, p. 155. No mesmo sentido o acórdão publicado na RT vol.754, p. 243.

    [9] Ob. cit., p. 299.

    [10] Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil. V. 1. 32ª ed. Rio de Janeiro:Forense, 2000, p. 331.

    “Pode‐se agora compreender também a diferença entre as exceções de mérito (ou exceçõessubstanciais) e as exceções de rito ou de procedimento (ou exceções processuais); enquantocom as primeiras o demandado se dirige a ‐ Exceções substanciais e Exceções processuais ‐negar a ação, com as segundas o demandado tenta fazer declarar que, por algum defeito darelação processual, o juiz não pode neste processo, entrar e decidir sobre a ação”. PieroCalamandrei, Direito processual civil. V. 1. Trad. por Luiz Abezia e Sandra Barbery. Campinas:Bookseller, 1999, p. 283.

    [11] Os conceitos expostos são singelos, podem ser objeto de discussão mais profunda(principalmente no que diz respeito aos conceitos de coisa julgada e litispendência, e nãoserão tratados aqui pelos argumentos expostos na introdução.

    [12] Athos Gusmão Carneiro, Jurisdição e competência. São Paulo: Saraiva, 1997, p. 66.

    [13] Não é o caso neste momento de entrar na discussão a respeito da extensão e alcance daexpressão “condições da ação”. Apenas é feita referência as determinações contidas no Códigode Processo Civil no que a elas se refere. Porém, é necessário salientar que José Tesheiner

    (Elementos para uma teoria geral do processo. São Paulo: Saraiva, 1993, passim) mencionaoutras “condições da ação”, que são: a comprovação do exercício da pretensão ‐ tal comoocorre com a exigência de notificação prévia em obrigações não submetidas a termo ‐,comprovação de ato ligado ao exercício da pretensão ‐ como o depósito preparatório da ação ‐,e a juntada de documento considerado indispensável ao seu ajuizamento (como o título queinstrui ação de execução).

    [14] Tal ônus também é do autor quando responde a oposição de fatos modificativos, extintivose impeditivos de direitos por parte do réu, como dispõe o artigo 326 do Código de ProcessoCivil.

    Como salienta Schönke, “Es de hacer notar que el demandado por razón del deber decolaboración há de pronunciarse sobre los hechos afirmados por el demandante, pues loshechos no discutivos expresamente son de estimar como reconocidos si no se deduce de lasrestantes manifestaciones del demandado la intención de querer discutirlos.” Derecho procesalcivil. Barcelona: Bosch, 1950, p. 180.

    [15] A conseqüência principal da incidência do princípio da eventualidade é a preclusão, que“Do ponto de vista objetivo, é fato impeditivo, que se destina a garantir o avanço progressivo

    da relação processual, obstando o seu recuo para as fases anteriores. Subjetivamenteconsiderada, é a perda de uma faculdade ou de um direito processual, por não ter sido exercidono prazo e no tempo determinados ou por se haver esgotado após seu exercício.” Cezar Santos.Contestação. In: Digesto de processo. V. 2. Rio de Janeiro: Forense, p. 233, 1982.

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    Como salienta Barbosa Moreira (O novo processo civil brasileiro. 18. ed. Rio de janeiro: Forense,1996, p. 47) na esfera do direito substancial após a contestação preclui a possibilidade dealegação do benefício de ordem por parte do fiador contra quem cobra o débito, conformeexposto no artigo 1.491 do Código Civil.

    [16] Na ação de desapropriação, por exemplo, o julgador deve examinar, ainda que o réu sejarevel, a regularidade dos atos administrativos tendentes à desapropriação, bem como devevaler‐se dos trabalhos de perito de sua confiança para avaliação do bem.

    [17] Ob. cit., p. 161.

    [18] No tocante a questão relativa a argüição de ofício e em qualquer grau de jurisdição, não sepode olvidar do disposto nas súmulas números 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal, queexigem o prequestionamento da matéria para que ela possa ser apreciada por referido Tribunal.No Recurso Extraordinário n. 91.126, da 1ª Turma, não houve conhecimento da alegação decoisa julgada apresentada somente nas razões daquele recurso. A alternativa que se impõe,portanto, é o ajuizamento de ação rescisória (artigo 485, inciso IV do Código de Processo Civil).

    [19] Mesmo porque as “exceções” de incompetência absoluta e impedimento não sãoconsideradas como verdadeiras “exceções” (a de suspeição possui caráter misto).

    [20] Instituições de direito processual civil. Trad. por J. Guimarães Menegale. V. 1. 2. ed., SãoPaulo: Saraiva, 1965, p. 334‐335.

    [21]  Apud  Cruz e Tucci, ob. cit., p. 6. Carnelutti, ao contrário de Vittorio Denti, Liebman e deCapelletti, salienta que o pagamento, comprovado nos autos e não alegado em contestaçãopelo réu, não pode ser conhecido pelo julgador, porque não estaria sendo observada aigualdade das partes no processo (idem, p. 7‐9).

    [22] No tocante a compensação cabe referir que, para poder ser alegada em contestação, devereferir‐se a crédito líquido e certo. Caso contrário, somente a compensação somente épossível através de reconvenção, como demonstra a seguinte ementa: “Tribunal de Justiça doRS. Sétima câmara cível. Cobrança. Compensação. Juros moratórios. A compensação dá‐se emdividas liquidas e certas, segundo CC‐1010. Não basta a simples alegação de contra‐credito comomatéria de defesa. É preciso que, através de reconvenção, seja reconhecido, fixado o"quantum" e estabelecida a concorrência das obrigações. Nos termos legais do CPC‐293, os juroslegais integram o pedido principal, não precisando a parte formular pedido especifico. Apelodesprovido.” (APC n. 595097411, Relator Des. Ulderico Cecatto, julgado em 13 dez. 1995)

    [23] Que, para Barbosa Moreira (ob. cit., p. 46), é exceção material.

    [24] Na JTJ vol. 182, p. 267 consta ementa de acórdão que não admitiu a oposição de exceçãode incompetência por parte do autor, sob fundamento de que tal conduta “equivaleria ademandar consigo mesmo”.

    [25] Os tribunais vêm admitindo a oposição de exceção de incompetência relativa comopreliminar em contestação, apesar da advertência da doutrina (especialmente de Arruda Alvim,ob. cit., p. 310) a respeito de que tal entendimento seria equivocado.

    [26] Suspende inclusive o prazo para contestar, cuja contagem tem continuidade pelo temporestante ao seu término, como consta no artigo 180 do Código de Processo Civil, (1) na exceçãode incompetência, a partir da data em que a parte for intimada da rejeição da exceção ou, se

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    acolhida, da data em que a parte for intimada “do recebimento dos autos pelo órgãocompetente”; (2) na exceção de suspeição ou impedimento, da data em que houver intimaçãodo recebimento dos autos pelo juízo originário. José Carlos Barbosa Moreira. Ob. cit., p. 52.

    [27] No procedimento sumário as exceções são opostas na ocasião da audiência.

    [28] Conforme preleciona Vicente Greco Filho, Direito processual civil brasileiro. V. 2. SãoPaulo: Saraiva, 1996, p. 138. Arruda Alvim (ob. cit., p. 308) completa a lição a respeito daexceção de suspeição advertindo: “Entendemos que o advogado poderá, para argüir suspeição,munir‐se de procuração com poderes especiais, pois muitas das hipóteses que possibilitam talargüição, desde que não comprovadas, podem configurar crime de ação penal privada.”

    [29] As preliminares são alegações cujo conhecimento deve ser anterior à outras. Elas devemobedecer um critério de colocação em contestação de ordem lógica e eliminatória, de modoque, por exemplo, uma preliminar relativa a erro no procedimento (falta de pressupostoprocessual) deve anteceder a de falta de interesse de agir (não existência de “condição daação”) que, por sua vez, precede a de prescrição.

    [30] A questão relativa à necessidade de intimação do réu da sentença que aprecia o pedidocontra ele formulado é controvertida na doutrina. Calmon de Passos afirma que sim, o que seriacoerente com o sistema processual brasileiro e estrangeiro. Já Humberto Theodoro Júnior nãovisualiza tal necessidade (Ob. cit., p. 349). Ovídio A. Baptista da Silva. Ob. cit., p. 333‐334.

    O Tribunal de Alçada do Rio Grande do Sul já decidiu no sentido de que não há obrigatoriedadeda intimação da sentença, como demonstra a seguinte ementa: “Embargos à execução desentença. É de ser deferido o benefício da assistência judiciária gratuita, visto que tal ocorre

     por mero pedido da parte, consoante lei 1060/50. (...) Irresignação contra suposta ausência deintimação da sentença exeqüenda não dá margem a interposição de embargos a execução de

    sentença e, mesmo que desse, impossível o acolhimento da tese, tendo em vista que revel oembargante e contra esse os prazos correm independentemente de intimação. Apelo provido

     parcialmente.” (APC n. 198052490, 20ª Câmara Cível. Relator Des. Francisco José Moesch,julgado em 26 ago. 1998)

    [31] Ou observar o disposto no artigo 130 do Código de Processo Civil, ocasião em que definiráas provas que devem ser produzidas.

    [32] Há decisões nos tribunais admitindo que a revelia não produz efeitos quando a “FazendaPública” (União Federal) é parte.

    [33] No mesmo sentido: Tribunal de Alçada do RS. Terceira câmara cível. “Processual civil.Direito privado. Contrato de seguro. Inaplicáveis os efeitos da confissão ficta frente a reveliade uma das partes rés se a outra, reconhecido o litisconsorte, contestou a ação. Aplicação doart‐320, inc.. I, do CPC. O contrato de seguro define‐se pela cobertura de dano futuro, nãocobrindo dano pretérito a contratação. Hipótese fática que não se enquadra noreconhecimento da devida indenização porque a causa do dano e pretérita, mas esse ocorre

     posteriormente ao pacto de seguro. Apelo provido”. (APC n. 197283492, Relatora Des. ElaineMacedo, julgado em 22 abr. 1998)

    [34] Ob. cit., p. 342.

    [35] Rita Gianesini, Da revelia no processo civil brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais,1977, p. 93.

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    [36] Conforme consta em ementa transcrita na RTJE vol. 158, p. 162: “O art. 5º, inciso LV, da CFnão produziu nenhuma alteração no instituto da revelia. Deixando de apresentar defesa noprazo legal, viável é o julgamento antecipado, a teor do disposto nos arts. 322, 324 e 330, II, doCPC”.

    [37] Tribunal de Alçada do RS. Décima sétima câmara cível. “Ação de busca e apreensãoconvertida em depósito. Contestação intempestiva com juntada de documento que demonstrao pagamento do débito. Admissibilidade da prova. Documento junto com contestação

    intempestiva deve ser considerado pelo valor que possa ter na busca da verdade real,independente do conhecimento das razões da resposta. Ademais, a teor do preceituado peloart. 322 do CPC, nada impede que o revel produza prova documental, em especial consideradaa relatividade dos efeitos da revelia e o livre convencimento do julgador. Provando taldocumento o pagamento integral do débito, cumpre o réu o ônus que lhe remete o art. 333, II,do CPC, não o desconstituindo mera alegação de que o pagamento era pro solvendo, emcheque devolvido por insuficiência de fundos. Recurso improvido.” (Apelação cível n.197218233, relator Des. Fernando Braf Henning Júnior, julgado em 9 jun. 1998)

    [38] Vide RT vol. 521, p. 267 e RF vol. 295, p. 307. Na ementa transcrita na RF vol. 269, p. 232,

    ficou decidido que o réu não pode produzir provas.

    Recente decisão do Superior Tribunal de Justiça merece transcrição:

    Superior Tribunal de Justiça. Quarta turma. “Processo civil. Revelia. Contestação intempestiva.Requerimento de provas pelo réu revel. Possibilidade. Limites. Presunção relativa deveracidade dos fatos afirmados na inicial. CPC, arts. 322, 319, 320 e 330. Julgamento antecipadoda lide. Recurso desacolhido. I ‐ A presunção de veracidade dos fatos afirmados na inicial, emcaso de revelia, é relativa, devendo o juiz atentar para a presença ou não das condições daação e dos pressupostos processuais e para a prova de existência dos fatos da causa. Dessemodo, pode extinguir o feito sem julgamento de mérito ou mesmo concluir pelaimprocedência do pedido, a despeito de ocorrida a revelia. II ‐ A produção de provas visa à

     formação da convicção do julgador acerca da existência dos fatos controvertidos, conforme omagistério de Moacyr Amaral Santos, segundo o qual ‘a questão de fato se decide pelas provas.Por estas se chega à verdade, à certeza dessa verdade, à convicção. Em conseqüência, a provavisa, como fim último, incutir no espírito do julgador a convicção da existência do fato

     perturbador do direito a ser restaurado’ (Prova Judiciária no Cível e Comercial, vol. I, 2. ed.,São Paulo: Max Limonad, 1952, n. 5, p. 15). III ‐ Comparecendo antes de iniciada a fase

     probatória, incumbe ao julgador sopesar a sua intervenção e a pertinência da produção das

     provas, visando evidenciar a existência dos fatos da causa, não se limitando a julgar procedenteo pedido somente como efeito da revelia. IV ‐ A produção de provas requeridas pelo revellimita‐se aos fatos afirmados na inicial. V ‐ Sem o cotejo analítico entre o acórdão impugnado eos arestos trazidos a confronto, não se caracteriza a divergência jurisprudencial hábil a ensejar o acesso à instância especial. Decisão: por unanimidade, não conheceram o recurso”. (Recursoespecial n. 211851/SP. Relator Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira. RSTJ vol. 124, p. 419. Julgadoem 10 ago. 1999, publicado no Diário da Justiça em 13 set. 1999, p. 71)

    [39] No procedimento sumário o réu pode deduzir pedido contra o autor com fundamento nos

    fatos narrados na petição inicial. Referido pedido deve constar na própria contestação, o quelhe confere caráter dúplice, segundo o disposto no §1º do artigo 278 do Código de ProcessoCivil.

    Não é admissível reconvenção na ação de alimentos, em razão do seu procedimento, nem emoutras ações dúplices e ações executivas.

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    O Superior Tribunal de Justiça, no Recurso Especial n. 222.937‐SP (Rel. Min. Nancy Andrighi,julgado em 9 maio 2001), decidiu, por maioria, que é admissível a reconvenção noprocedimento monitório, sob fundamento de que, havendo oposição de embargos monitórios,há “conversão” do procedimento da monitória em ordinário.

    [40] Exemplo consta na RT vol. 624, p. 177 (trata‐se de hipótese admitida por Arruda Alvim, ob.cit., p. 318). A posição de José Rubens Costa a respeito merece ser citada: “Sem dúvida que oreconvinte está obrigado a formular o seu pedido em peça autônoma, separada da contestação.

    Descumprida a exigência processual, a melhor solução será que o julgador determine acorreção, através de reprodução da peça contestação/reconvenção em duas. (...) Pelosmesmos motivos, embora com erro de forma, se aceita exceção de incompetência relativa,impedimento ou suspeição na peça contestação (sic) (RT, 605:30; inadmitindo e considerandoerro grosseiro JTJSP, 106:295)”. Manual de processo civil. V. II. São Paulo: Saraiva, 1995, p. 428.

    [41] Necessário, para tanto, referir ensinamento de Frederico Marques (Manual de direito processual civil. V. 2. São Paulo: Saraiva, 1974, p. 95‐96): “Não nos parece, ao contrário do queafirma o eminente processualista Calmon de Passos, que o reconvinte possa litisconsorciar‐seativamente com quem não seja réu, para contra‐atacar o autor. Nem tampouco, dirigir

    a reconventio contra este e um terceiro. A estruturação do simultaneus processus, comocumulação objetiva, leva imperativamente a essa conclusão, visto que, além disso, não hácitação do reconvindo”.

    [42] No que concerne a compensação, a lição de Schönke é oportuna: “La oposición de lacompensación no conduce a la litispendencia del crédito alegado para la compensación, y portanto no se excluye la posibilidad de ejercitarlo em outro procedimiento.” Ob. cit., p. 181.

    [43] “Como não existe citação do reconvindo, não há que falar em revelia deste, em virtude dafalta de contestação. Ocorrerá, isto sim, descumprimento de ônus sobre a impugnaçãoespecífica dasquaestiones facti. Nem de outro modo seria possível entender‐se, ante os laçosde conexão que existem entre as duas ações ‐ a conventio e a reconventio”. Manual de direito

     processual civil. V. 2. São Paulo: Saraiva, 1974, p. 94‐95.

    [44] “Caso, entretanto, o autor‐reconvindo não impugne a reconvenção, não poderá alegar,depois do prazo da impugnação, quaisquer outros fatos que porventura fossem úteis à rejeiçãoda reconvenção. Pode‐se, ademais, indagar se os fatos alegados pelo réu reconvinte serãoreputados verdadeiros, naquilo que não contrariem os alegados pelo autor reconvindo da causaprimeira. Afigura‐nos que sim. Terá incidência o art. 319, só tendo em vista os fatos não

    comuns à ação ou à defesa, como – v.g., na hipótese de reconvenção não impugnada.” Ob. cit.,p. 338‐339.

    [45] Ob. cit., p. 95.

    [46] Ob. cit., p. 315.

    [47] “Desde que o conteúdo da ação declaratória incidental sempre é uma controvérsia emtorno da relação jurídica cuja existência ou inexistência condiciona o julgamento da lide, diz‐seque aquela controvérsia envolve uma questão que, relativamente à causa principal, definida

    na res in iudicium deducta, é prejudicial.” Adroaldo Furtado Fabrício, A ação declaratóriaincidental. Rio de Janeiro: Forense, 1976, p. 59.

    [48] Cabe ressaltar que é vedada a apresentação de ação declaratória incidental em ação quetramite sob procedimento sumário de acordo com o que dispõe o inciso I do artigo 280 doCódigo de Processo Civil. O TJRGS não admite ação declaratória incidental em inventário

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    (RJTJRGS vol. 150, p. 538). Há divergência nos Tribunais quanto ao cabimento de açãodeclaratória incidental em ação de execução e embargos (no REsp n. 89.012, julgado pela 3ªTurma do Superior Tribunal de Justiça em 10.03.1998 não foi admitido em ação de execução,enquanto que no REsp n. 11.171, da mesma Turma, julgado em 12.08.1991, foi consideradoviável).

    Como Salienta Arruda Alvim, “O interesse de agir, na ação declaratória incidental, encontraseu pressuposto na contestação à relação prejudicial, enquanto fundamento, e reside na

    vontade do que propõe a ação declaratória incidental de que a autoridade da coisa julgadapasse a pesar também sobre a “fundamentação” da sentença, transformada aquela em relação( jurídica) prejudicial que deixará então de ser fundamento e se terá constituído em lide. Écerto que, pesando a autoridade de coisa julgada sobre a relação prejudicial, haverá coisajulgada, igualmente sobre a relação subordinada, dê‐se pela sua existência, total ouparcialmente, ou quando seja tida como relação prejudicada, propriamente dita. É, assim, uminteresse que existe, potencialmente, tanto para o autor, quanto para o réu, o da propositurada ação declaratória incidental. Ob. cit., p. 295.

    [49] A ementa consta na Revista Forense, vol. 281, p. 268.

    [50] Na RJTJRGS vol. 161, p. 380 consta ementa neste sentido.

    [51] Ovídio A. Baptista da Silva. Manual... V. III, p. 116.

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    Editores: José Maria Tesheiner (Prof. Dir. Proc. Civil PUC‐RS) | Mariângela Guerreiro Milhoranza (Profª Dir. UCS)

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